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INSTALAÇÕES PREDIAIS Fernanda Delmutte de Andrade Instalações contra incêndio Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os elementos dos sistemas de prevenção de incêndio. Projetar espaços para sistemas de prevenção de incêndio. Construir vistas e isométricos dos sistemas de prevenção de incêndio. Introdução Até meados de 1970, não havia, no Brasil, regulamentações específicas sobre o combate a incêndios; estas surgiram somente após incêndios de grandes proporções, como os ocorridos nos edifícios Joelma e Andraus. Os sistemas de prevenção de incêndio consistem em soluções adotadas tanto no projeto da edificação, nas rotas de fuga e na compartimentação vertical e horizontal, por exemplo, quanto na utilização de elementos específicos como extintores, entre outros. Em relação à representação gráfica dos sistemas de prevenção de incêndios, os projetos são repre- sentados por meio de vistas e isométricos. Neste capítulo, você vai estudar os sistemas de prevenção de incêndio e os projetos de espaços para sistemas de prevenção, verificando como construir vistas e isométricos dos sistemas de prevenção de incêndio. Sistemas de prevenção de incêndio No Brasil, até 1970, não havia legislação específi ca sobre incêndios, e estes eram vistos como um problema que fi cava a cargo dos Corpos de Bombeiros. As regulamentações eram esparsas, presentes em códigos de obras de cada mu- nicípio. Regulamentações específi cas foram criadas após ocorrerem incêndios de grandes proporções que deixaram muitas vítimas, como os ocorridos nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, conforme aponta Negrisolo (2011). O incêndio no edifício Joelma foi o segundo grande incêndio em edifícios elevados no Brasil. Ocorrido em fevereiro de 1974, no centro da cidade de São Paulo, deixou 179 mortos e 320 feridos. Não havia escadas de segurança, o que fez com que algumas pessoas se jogassem da fachada do prédio. Tais imagens causaram grande comoção. Pouco tempo depois, as autoridades competentes passaram a estabelecer procedi- mentos de segurança e prevenção contra incêndio. Fonte das imagens: Negrisolo (2011, p. 17). Uma semana após a tragédia, em 7 de fevereiro de 1974, a Prefeitura de São Paulo publicou o Decreto nº. 10.878 que instituiu normas especiais de segurança. Posterior- mente outras ações foram tomadas não só em São Paulo, mas no restante do país, conforme Negrisolo (2011). Em 2013, outra tragédia culminou em novas discussões sobre as medidas protetivas contra incêndios: o incidente na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Instalações contra incêndio2 Lei Kiss Em janeiro de 2013, um incêndio em uma casa noturna, a boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, fez 242 vítimas fatais e deixou mais de 600 feridos. A boate apresentava inconsistências no sistema de prevenção e combate a incêndio, e não houve fiscalização por parte do poder público para verificar a eficiência dos sistemas e materiais instalados, bem como as condições de segurança do estabelecimento. Em resposta à tragédia e às condições de segurança, foi criada a Lei Complementar nº. 14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul, além de outras providências, conforme Nascimento (2016). Mesmo estando em debate há muitos anos, só em 2017 foi aprovada uma legislação federal sobre incêndio, a Lei Federal nº. 13.425, de 30 de março de 2017 (BRASIL, 2017), que estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público. Essa Lei altera as Leis nº. 8.078, de 11 de se- tembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e dá outras providências (BRASIL, 2017). Segundo Kaneshiro (2006), os sistemas de proteção contra incêndio podem ser divididos em sistemas preventivos e defensivos. Os sistemas preventivos consideram aspectos estruturais, tecnológicos e organizacionais, enquanto os sistemas defensivos envolvem o combate ao fogo e as ações de resgate. O esquema da Figura 1 apresenta a estrutura da proteção contra incêndio. 3Instalações contra incêndio Figura 1. Estrutura da proteção contra incêndio. Fonte: Adaptada de Kaneshiro (2006, p. 18). Proteção contra incêndio Proteção contra incêndio defensiva Proteção técnica contra incêndio • Sistema de alarme contra incêndio • Extração de fumaça e calor • Extintores • Rede privada de hidrantes • Sinalização de emergência • Sprinklers • Comportamento do prédio e dos materiais de construção sob condições de fogo • Bombeiros • Rede pública de hidrantes • Instruções aos ocupantes • Regulamentações de proteção contra incêndio • Regulamentações industriais • Rotas de fuga • Fornecimento de água para bombeiros Proteção pública contra incêndio Organização da proteção contra incêndio Proteção estrutural contra incêndio Proteção contra incêndio preventiva Alguns elementos, como extintores, hidrantes e portas corta-fogo, são utilizados nos projetos de prevenção e combate a incêndios. Na Figura 2 podemos observar uma porta corta-fogo e seus respectivos componentes. Instalações contra incêndio4 Figura 2. Porta corta-fogo. Fonte: Adaptada de Negrisolo (2011, p. 223). Porta Corta-fogo Fechamento deve proporcionar selagem à passagem de fumaça Maçanetas e fechaduras devem possuir as mesmas características das portas Painéis de vidro devem ter a mesma resistência ao fogo O batente deve ter as mesmas característucas de resistência da porta Dobradiças devem ter sido testadas conjuntamente com as portas Dispositivo de fechamento automático Seito et al. (2008) destacam alguns sistemas de combate a incêndio, como o combate por extintores portáteis, que podem ser à base de água ou de agentes gasosos. No Brasil, o uso de extintores é regulado pela NBR 15808 — Extin- tores de incêndio portáteis — e pela NBR 15809 — Extintores de incêndio sobre rodas. 5Instalações contra incêndio Atente-se para algumas recomendações quanto à utilização de extintores: agir com firmeza e decisão, sem se arriscar demais; manter a calma e afastar as pessoas; desligar os circuitos elétricos envolvidos; constatar não haver risco de explosão; usar o agente extintor correto; observar para que não haja reincidência dos focos. Fonte: RISCOS… ([2018], documento on-line). Espaços para sistemas de prevenção de incêndio Os projetos de edifi cações e as edifi cações já existentes precisam se adequar às normas de segurança contra incêndio, de modo a prover espaços de pre- venção. Em relação aos espaços para sistemas de prevenção de incêndio em edifi cações, Seito et al. (2008, p. 56) trazem alguns requisitos funcionais que devem ser previstos no projeto; nesse sentido, tais espaços devem: a) dificultar a ocorrência do princípio de incêndio; b) ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação generalizada do ambiente; c) possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a inflamação generalizada ocorra; d) instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, dificultar a propagação para outros ambientes; e) permitir a fuga dos usuários do edifício; f) dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes; g) manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total; h) permitir operações de natureza de combate ao fogo e de resgate/salvamento de vítimas. Segundo Seito et al. (2008), um projeto arquitetônico, sob o aspecto de segurança contra incêndio, deve prever a inserção de medidas de proteção passiva, a fim de evitar o início de um incêndio ou que o mesmo se alastre, uma vez iniciado. Dentre as medidas passivas, os autores consideram alguns elementos específicos dos projetos, como o pavimentode descargas e os Instalações contra incêndio6 subsolos, a circulação interna, a compartimentação e as especificações de materiais de revestimento e acabamento. Em relação ao pavimento de descarga e aos subsolos, cabe considerar que o pavimento térreo, na maior parte dos projetos, atua como andar por onde são recebidos insumos. Sendo a saída do edifício e o local de acesso para as equipes de salvamento, esse pavimento necessita de atenção especial. As rotas de fuga devem estar sinalizadas e possuir iluminação de emergência, e suas portas devem abrir no sentido do fluxo de saída (Figura 3); se possível, o acesso das equipes de salvamento deve ser diferente do fluxo de saída, a fim de não gerar conflitos. As rotas de fuga devem ser executadas com materiais de revestimento incombustíveis ou com baixos índices de propagação de chamas e de desenvolvimento de fumaça e calor. Além dessas condições, em edifícios de múltiplos pavimentos com subsolo (pavimentos enterrados), é necessário que as escadas do térreo sejam descontinuadas. Tal descontinuidade objetiva impedir que um incêndio iniciado no subsolo se propague para os pavimentos superiores e também evitar que ocorram deslocamentos desnecessários em situações de emergência, conforme Seito et al. (2008). Figura 3. Abertura das portas no sentido do trânsito de saída. Fonte: ABNT (2001, p. 6). Quanto à circulação interna, as áreas que fizerem parte de rotas de fuga devem proporcionar o rápido escoamento dos ocupantes da edificação por meio de um dimensionamento adequado, ou seja, considerando a quantidade de usuários da edificação, conforme estabelece a NBR 9077. As circulações horizontal e vertical correspondem aos corredores e às escadas de uso co- mum; tais espaços devem prever a instalação de iluminação e sinalização de 7Instalações contra incêndio emergência, além de sinalização que indique a saída, ainda de acordo com Seito et al. (2008). No que compete à compartimentação, tanto a horizontal quanto a vertical objetivam impedir a propagação do fogo entre ambientes e pavimentos. Comu- mente é realizada por componentes e sistemas construtivos, como paredes de alvenaria, lajes de concreto, portas e janelas, entre outros. A compartimentação horizontal (Figura 4) propõe-se a dividir a edificação em várias células no plano horizontal, a fim de impedir que o fogo se propague para ambientes adjacentes no mesmo pavimento. Quaisquer aberturas nas paredes de compartimentação devem receber dispositivos de vedação do tipo corta-fogo, conforme apontam Seito et al. (2008). Figura 4. Detalhes construtivos da compartimentação horizontal. Fonte: Adaptada de Seito et al. (2008, p. 172). afastamento horizontal entre aberturas SETOR COMPARTIMENTADO SETOR COMPARTIMENTADO SETOR COMPARTIMENTADO pa re de d e co m pa rt im en ta çã o saída de emergência saída de emergência saída de emergência afastamento horizontal entre aberturas janela Porta corta-fogo de correr NBR-11711 prolongamento da parede de compartimentação para área externa (aba) P.C.F 90 P.C.F 90 Quanto à compartimentação vertical, esta consiste em dividir a edificação em pavimentos de modo a evitar que o fogo se propague para os demais. As lajes do piso e da cobertura devem ser projetadas para suportar o fogo, a fim de evitar sua propagação ou colapso. Há também a compartimentação vertical de fachadas, que objetiva impedir que chamas que venham a sair por aberturas de um pavimento atinjam outros. Tal compartimentação pode ser realizada por elementos como parapeitos, vigas ou prolongamentos de lajes com resistência ao fogo, segundo Seito et al. (2008). A Figura 5 apresenta dois tipos de compartimentação vertical. Instalações contra incêndio8 Figura 5. À esquerda, modelo de compartimentação vertical externa; à direita, modelo de compartimentação vertical externa por aba. Fonte: Seito et al. (2008, p. 173). PEITORIL PEITORIL ELEMENTO RESISTENTE AO FOGO ELEMENTO RESISTENTE AO FOGO PEITORIL VERGA VERGA VERGA ENTREPISO ENTREPISO ENTREPISO ABA ABA ABA ENTREPISO ENTREPISO Outro fator importante de proteção são os materiais de acabamento e revestimento. No momento da especificação, deve-se considerar que materiais combustíveis podem produzir e propagar chamas, calor e fumaça rapidamente em caso de princípio de incêndio, conforme apontam Seito et al. (2008). Além das medidas de proteção passiva, há também as medidas de proteção ativa, complementares às passivas. Elas são compostas, basicamente, por equipamentos e instalações prediais a serem acionados em caso de emergência, de forma manual ou automática. Dentre os principais sistemas, destacam-se, conforme Seito et al. (2008, p. 56): - Detecção e alarme manual ou automático de incêndio. - Extinção manual e/ou automática de incêndio. - Iluminação e sinalização de emergência. - Controle de movimento de fumaça. Vistas e isométricos dos sistemas de prevenção de incêndio O Centro de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Norma Técnica 1/2015, apresenta 9Instalações contra incêndio diretrizes para a apresentação de projetos técnicos voltados à prevenção e ao combate de incêndios, conforme a defi nição a seguir: Projeto Técnico: Conjunto de peças gráficas ou digitais necessárias para a defi- nição das características principais das medidas de segurança contra incêndio e pânico, composto de plantas de segurança, seções, elevações, detalhes e perspec- tivas isométricas e, inclusive, das especificações de materiais e equipamentos. (ESPÍRITO SANTO, 2015, p. 2). A fim de apresentar exemplos das referidas peças gráficas, veremos na sequência algumas figuras que representam tais elementos. A Figura 6 traz um desenho em perspectiva isométrica da instalação de um sistema de hidrante. Figura 6. Desenho em perspectiva isométrica de um sistema de hidrante. Fonte: Adaptada de Rondônia (2017, p. 147). Bomba e reserva de incêndio Tubulação Acionamento por pressostato Registro de recalque Em uma operação de combate a incêndio, o Corpo de Bombeiros pode utilizar o sistema de hidrantes; por esse motivo, eles devem ser instalados em todos os andares (no caso de edifícios altos) e em local protegido dos efeitos do incêndio, próximo às escadas de segurança (RONDÔNIA, 2017). Na Figura 7, podemos observar um projeto de compartimentação horizontal, no qual são representadas portas e paredes corta-fogo. Instalações contra incêndio10 Figura 7. Modelo de compartimentação horizontal. Fonte: Rondônia (2017, p. 257). Outra importante peça gráfica é a planta de emergência, que deve ser disponibilizada em todos os andares de uma edificação; nela são indicadas as rotas de fuga e a localização dos extintores e dos botões de alarme de incêndio. Nas Figuras 8 e 9, podemos observar dois exemplos de plantas de emergência: uma para a parte interna da edificação e outra para a parte externa. 11Instalações contra incêndio Figura 8. Planta de emergência interna. Fonte: Santa Catarina (2014, p. 9). Instalações contra incêndio12 Figura 9. Planta de emergência externa. Fonte: Santa Catarina (2014, p. 10). Em relação aos elementos apresentados nas plantas de emergência, sendo tais elementos hidrantes, extintores e alarmes, cada um deve obedecer a padrões específicos de instalação nas edificações. Conforme a Instrução Técnica nº. 20/2018 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de 13Instalações contra incêndio São Paulo (CB PMESP), que dispõe sobre sinalização de emergência: “Os diversos tipos de sinalização de emergência devem ser implantados em função de características específicas de uso e dos riscos, bem como em função de necessidades básicas para a garantia da segurança contra incêndio e pânico na edificação” (SÃO PAULO, 2018, p. 4). Na Figura 10, podemos observar alguns exemplos de sinalização expostos na referida Instrução Técnica. Figura 10. Exemplos de instalação de sinalização.Fonte: São Paulo (2018, p. 24). Instalações contra incêndio14 Um elemento importante na sinalização de emergência é o uso das cores, divididas em cores de contraste e cores de segurança, conforme a Instrução Técnica nº. 20/2018 do CB PMESP (SÃO PAULO, 2018, p. 10): Aplicação das cores de segurança: a. vermelha: utilizada para símbolos de proibição, emergência, e identificação de equipamentos de combate a incêndio e alarme; b. verde: utilizada para símbolos de orientação e salvamento; c. preta: utilizadas para símbolos de alerta e sinais de perigo (Grifos do autor). Já as cores de contraste são a branca e a amarela, para sinalização de proi- bição e alerta, respectivamente. “Essas cores têm a finalidade de contrastar com a cor de segurança, de modo a fazer com que esta se sobressaia. As cores de contraste devem ser fotoluminescentes, para a sinalização de orientação e salvamento e de equipamentos” (SÃO PAULO, 2018, p. 10, grifos do autor), ainda conforme o CB PMESP. A seguir, no Quadro 1, podemos observar exemplos de sinalização utilizando cores de segurança. 15Instalações contra incêndio Fonte: Adaptado de São Paulo (2018). Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação E1 Alarme sonoro Símbolo: quadrado Fundo: vermelho Pictograma: fotoluminescente Indicação do local de acionamento do alarme de incêndio. E2 Comando manual de alarme ou bomba de incêndio Ponto de acionamento de alarme de incêndio ou bomba de incêndio. Deve vir sempre acompanhado de uma mensagem escrita, designando o equipamento acionado por aquele ponto. E3 E4 Telefone ou interfone de emergência Indicação da posição do interfone para comunicação de situações de emergência a uma central E5 Extintor de incêndio Símbolo: quadrado Fundo: vermelho Pictograma: fotoluminescente Indicação de localização dos extintores de incêndio Quadro 1. Sinalização de equipamentos de combate a incêndio e alarme Instalações contra incêndio16 No Quadro 2 podemos observar exemplos de aplicação das cores de contraste. Fonte: Adaptado de São Paulo (2018). Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação 01 Obstáculo Símbolo: retangular Fundo: amarelo Listras pretas inclinadas a 45° Nas paredes, pilares, vigas, cancelas, muretas e outros elementos que podem constituir um obstáculo à circulação de pessoas e veículos. Utilizada quando o ambiente interno ou externo possui sistema de iluminação de emergência. 02 Obstáculo Símbolo: retangular Fundo: fotolumi- nescente Listras vermelhas inclinadas a 45° Nas paredes, pilares, vigas, cancelas, muretas e outros elementos que podem constituir um obstáculo à circulação de pessoas e veículos. Utilizada quando o ambiente possui iluminação artificial em situação normal, porém não possui sistema de iluminação de emergência. Quadro 2. Exemplos de sinalização utilizando cores de contraste 17Instalações contra incêndio Neste capítulo, você aprendeu a reconhecer os sistemas que compõem o Plano de Prevenção de Incêndio (PPCI) que são pertinentes à arquitetura das edificações e também verificou o projeto de espaços para sistemas de prevenção e a utilização dos materiais e das sinalizações. Por meio desses elementos de projeto e de atitudes e instalações que visam à prevenção, é possível tornar as edificações mais seguras e eficazes para combater danos que poderiam, em casos mais extremos, comprometer muitas vidas. 1. Incêndios de grandes proporções, como os ocorridos nos edifícios Andraus e Joelma em meados de 1970, na cidade de São Paulo, trouxeram mudanças significativas às medidas de proteção e combate a incêndio. Assinale a alternativa correta sobre essas mudanças. a) Tais incêndios não foram relevantes para as medidas de proteção e combate a incêndio no Brasil, uma vez que ocorreram em São Paulo, somente. b) O incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 2013, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ocasionou mudanças significativas nas medidas de proteção e combate a incêndio no Brasil, devido à sua proporção. Os incêndios ocorridos nos edifícios Joelma e Andraus não trouxeram quaisquer mudanças. c) Até meados de 1970, os incêndios eram vistos como um problema que ficava a cargo dos Corpos de Bombeiros, e havia regulamentações esparsas, presentes em códigos de obras de cada município. Regulamentações específicas vieram após incêndios de grandes proporções, como os ocorridos nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo. d) Os incêndios ocorridos nos edifícios Andraus e Joelma trouxeram mudanças somente para São Paulo, uma vez que ambas as tragédias ocorreram nessa cidade. Em relação ao restante do país, até 2018 não há registro de legislação específica. e) O Brasil nunca foi palco de incêndios de grandes proporções e, por esse motivo, nunca surgiu a necessidade de legislações específicas. 2. Segundo Kaneshiro (2006), os sistemas de proteção contra incêndio podem ser divididos em sistemas preventivos e defensivos. Acerca de tais sistemas, assinale a alternativa correta. a) Os sistemas preventivos consideram aspectos estruturais, tecnológicos e organizacionais, enquanto os sistemas defensivos envolvem o combate ao fogo e as ações de resgate. Instalações contra incêndio18 b) Os sistemas preventivos envolvem o combate ao fogo e as ações de resgate, enquanto os sistemas defensivos consideram aspectos estruturais, tecnológicos e organizacionais. c) Os sistemas preventivos ficam a cargo do Corpo de Bombeiros de cada município, pois consistem em ações de combate, enquanto os sistemas defensivos consistem em ações de resgate. d) Os sistemas preventivos dizem respeito ao projeto de incêndio, que consiste, unicamente, na disposição de hidrantes e extintores na edificação, enquanto os sistemas defensivos consistem, unicamente, no uso dos dispositivos ofertados pelos sistemas preventivos. e) Os sistemas preventivos e defensivos consistem, ambos, somente na disposição de hidrantes e extintores. O que os diferencia é o fato de que os preventivos são executados pelo Corpo de Bombeiros e os defensivos, pelos usuários da edificação. 3. Seito et al. (2008) trazem, em relação aos espaços para sistemas de prevenção de incêndio em edificações, alguns requisitos funcionais que devem ser previstos no projeto. Assinale a alternativa que apresenta três dos referidos requisitos funcionais apresentados pelos autores. a) Dificultar a ocorrência do princípio de incêndio; permitir a fuga dos usuários do edifício após ocorrido qualquer incêndio; inutilizar a edificação, com a posterior implosão da mesma. b) Dificultar a ocorrência do princípio de incêndio; ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação generalizada do ambiente; possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a inflamação generalizada ocorra. c) Instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, deve-se facilitar sua propagação para outros ambientes, a fim de que o ambiente onde o incêndio teve início permaneça ileso; garantir a permanência segura dos usuários do edifício; manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total. d) Garantir a permanência segura dos usuários na edificação, uma vez que a fuga apresenta grande risco à vida; dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes; manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total. e) Permitir a fuga dos usuários da edificação; dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes; após ocorrido o incêndio, deve-se inutilizar a edificação, com a posterior implosão da mesma. 4. O projeto arquitetônico deve viabilizar a fuga dos usuários da edificação em caso de incêndios; para tanto, é importante alguns cuidados na elaboração da 19Instalações contra incêndio circulação interna. Sobre a circulação interna das edificações,assinale a alternativa correta. a) A circulação interna das edificações deve ser orientada para fugas rumo às coberturas em caso de incêndios, pois este é o único lugar possível para resgate de vítimas. b) Quanto à circulação interna, esta considera as circulações horizontal e vertical, que, por sua vez, correspondem a elevadores e esteiras rolantes, respectivamente. c) Quanto à circulação interna, as áreas que fizerem parte de rotas de fuga devem proporcionar o rápido escoamento dos ocupantes da edificação por meio de elevadores, pois estes são seguros. d) As circulações horizontal e vertical que compõem a circulação interna de uma edificação devem ser conectadas a edifícios vizinhos, a fim de proporcionar o abrigo das vítimas de um incêndio. e) Quanto à circulação interna, as áreas que fizerem parte de rotas de fuga devem proporcionar o rápido escoamento dos ocupantes da edificação por meio de um dimensionamento adequado, ou seja, considerando a quantidade de usuários da edificação. 5. Segundo Seito et al. (2008), um projeto arquitetônico, sob o aspecto de segurança contra incêndio, deve prever a inserção de medidas de proteção passiva, a fim de evitar o início de um incêndio ou que o mesmo se alastre, uma vez iniciado. Dentre as medidas passivas, os autores consideram alguns elementos de projeto específicos, como o pavimento de descargas e os subsolos, a circulação interna, a compartimentação e as especificações de materiais de revestimento e acabamento. Sobre os materiais de acabamento e revestimento, assinale a alternativa correta. a) Os materiais de acabamento e revestimento são irrelevantes em relação aos sistemas de incêndio, uma vez que são meramente decorativos. b) No momento da especificação dos materiais de acabamento e revestimento, deve-se considerar que materiais combustíveis podem produzir e propagar chamas, calor e fumaça rapidamente em caso de princípio de incêndio. c) No momento da especificação dos materiais de acabamento e revestimento, deve-se considerar o uso de materiais combustíveis, que possam propagar o fogo de modo que este se extinga mais rápido. d) Os materiais de acabamento e revestimento não devem ser empregados em edificações que objetivam combater e prevenir incêndios. e) No momento da especificação dos materiais de acabamento e revestimento, deve-se considerar que materiais não combustíveis podem fazer com que o incêndio se propague mais rapidamente. Instalações contra incêndio20 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 9077: saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.cnmp.mp.br/portal/ images/Comissoes/DireitosFundamentais/Acessibilidade/NBR_9907_Sa%C3%ADdas_ de_emerg%C3%AAncia_em_edif%C3%ADcios-2001.pdf>. Acesso em: 29 out. 2018. BRASIL. Lei nº 13.425 de 30 de março de 2017. Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público; altera as Leis n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil; e dá outras providências. Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13425. htm>. Acesso em: 29 out. 2018. ESPÍRITO SANTO (Estado). Corpo de Bombeiros Militar. Centro de Atividades Técni- cas. Norma técnica 01/2015: procedimentos administrativos: parte 2: apresentação de projeto técnico. 2015. 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Acesso em: 29 out. 2018. Instalações contra incêndio22 Conteúdo:
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