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II - Emoção |Processos Psicológicos Básicos|

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DESCRIÇÃO
O múltiplo conceito da emoção e do sentimento, assim como as perspectivas e abordagens
psicológicas que alicerçam os diversos componentes relacionados ao tema.
PROPÓSITO
Ampliar a compreensão sobre o desenvolvimento emocional, os sentimentos, as habilidades
socioemocionais e suas inúmeras condições (individuais e contextuais) por meio de
pressupostos teóricos e metodológicos é essencial para os profissionais da área da saúde e da
educação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer conceitos básicos sobre as emoções e os sentimentos
MÓDULO 2
Analisar a importância do desenvolvimento das emoções e a expressão dos sentimentos em
todo o ciclo de vida
INTRODUÇÃO
O estudo das emoções e dos sentimentos envolve uma proposta reflexiva sobre a construção
do conhecimento em Psicologia. O tema aponta para uma diversidade de exigências em
termos conceituais e metodológicos necessárias para a sua compreensão, além de despertar
interesse em profissionais de diversas áreas, tais como a saúde e a educação. As emoções
podem ser compreendidas por uma variedade de componentes e não estão restritas a
definições que contemplem somente aspectos envolvendo cognição, sistemas neurofisiológicos
ou a influência constitutiva do ambiente sociocultural. Os teóricos da emoção podem divergir
em inúmeros aspectos sobre sua definição e suas causas, mas concordam que ela tem
dimensões relativas à quantidade e qualidade/valência.
No que diz respeito aos sentimentos, diferentemente das emoções, eles se referem a estados
afetivos e possuem uma dimensão subjetiva e cognitiva. Aqui, o que está implicado é a
experiência pessoal revelada na maneira como a pessoa percebe os estados afetivos e os
comunica aos demais, o que leva à autorreflexão e à reavaliação de eventos emocionais. Além
da dimensão biológica e evolutiva (emoção) e também da dimensão subjetiva (sentimentos), os
estados afetivos contam com uma dimensão social, pois são orientados por regras
compartilhadas que influenciam a intensidade com que eles devem ser sentidos, a situação à
qual devem ser dirigidos e a sua duração.
MÓDULO 1
 Reconhecer conceitos básicos sobre as emoções e os sentimentos
EMOÇÃO
No sentido etimológico da palavra, emoção se origina da palavra em latim ex movere, que quer
dizer “em movimento”. E por qual motivo psicólogos, educadores e demais profissionais se
dedicam a entender do que se tratam as emoções? É possível que uma das respostas esteja
voltada para a compreensão de aspectos humanos como as condições fisiológicas, mentais e
comportamentais, que são relevantes tanto para o desenvolvimento quanto para as relações
humanas.
A discussão sobre emoção reúne estudos indicando que não existe uma separação estrita
entre componentes somáticos (ou seja, a vivência emocional experimentada no corpo),
componentes cognitivos e seus processos avaliativos e de outras ordens. Várias teorias
convergem para modelos nos quais se admitem componentes universais (IZARD, 2010).
Todavia, é salutar mencionar que a experiência vivida frequentemente gera um significado
particular para cada pessoa.
O desenvolvimento emocional ocorre com base em uma disposição biológica, mas também por
intermédio da interação social. Ao que parece, é mais importante que as investigações
explorem ainda mais a imbricação de aspectos genéticos e ambientais e o modo como esses
fatores interagem do que a discriminação entre o que é considerado inato e aquilo que é
aprendido.
 EXEMPLO
As crianças têm predisposições genéticas que vão sendo moduladas pelo ambiente. Isso
significa que a criança nasce com uma herança genética e, ao longo do tempo, continua
interagindo com seus pais ou cuidadores, que lhe ensinam habilidades sociais e emocionais
para que ela possa lidar com situações e com outras pessoas de seu meio social.
Acredita-se que o termo emoção possa ser identificado como algo simples de entender, porque
no vocabulário usual, nas circunstâncias do dia a dia, é mencionado frequentemente: “o
passeio foi emocionante...”, “me emocionei com esta música” ou “minha mãe é emotiva”. Essas
frases dizem respeito a sensações e percepções que temos diante de um evento que provoque
emoção. Contudo, a emoção é definida na literatura como complexa e multidimensional,
denotando alterações fisiológicas e psicológicas que são experimentadas desde o ventre
materno e que vão se desenvolvendo, podendo se adaptar ou não ao meio ao longo de todo o
ciclo vital.
Uma das primeiras e importantes referências na Psicologia que se debruçou nos estudos sobre
as emoções foi William James , que, em seu ensaio de 1890, explica que os indivíduos
primeiramente percebem o estímulo, o que leva a uma reação do organismo. E a percepção
desse movimento das vísceras seria, então, o próprio sentimento. Segundo o exemplo do
autor, nós não correríamos porque sentimos medo, mas, sim, sentimos medo e, por essa
razão, começaríamos a correr (JAMES, 2008).
WILLIAM JAMES
William James (1842-1910) foi um importante psicólogo e filósofo americano, considerado um
dos principais pensadores do século XIX e também um dos fundadores da psicologia funcional.
 COMENTÁRIO
Em outras palavras, segundo James, primeiro pensamos e depois reagimos. Aqui percebemos
uma dicotomia entre cognição e emoção, que segue aquela velha divisão entre corpo e mente,
na qual os elementos psíquicos são mantidos separados dos fisiológicos.
Contudo, a perspectiva de James foi contestada e novas abordagens surgiram para explicar o
fenômeno emocional. As contribuições evolucionistas, cognitivistas e sociais também
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trouxeram uma amplitude de entendimentos voltados ao tema.
As emoções, ou os processos emocionais, já estiveram à margem dos estudos da ciência
psicológica e foram preteridos como objeto de pesquisa tanto pelo behaviorismo quanto pela
revolução cognitiva. Os estados mentais e subjetivos eram considerados como desqualificados
na primeira metade do século XX. Contudo, o estudo sobre as emoções passou,
progressivamente, a ser objeto de interesse da Psicologia científica após a década de 1960.
Se, antes, as emoções haviam sido relegadas a um plano secundário, atualmente, elas têm se
tornado protagonistas no campo dos estudos científicos, principalmente pela Psicologia
Evolucionista e pelas Neurociências.
CLASSIFICAÇÃO DAS EMOÇÕES
Sabemos que existem muitas emoções, que elas são universais e é relevante destacar aquelas
que são conhecidas como emoções básicas ou primárias. Ekman (1999) considera que as
emoções básicas possuem sinais universais que as diferenciam das demais e revela ainda
algumas particularidades que as distinguem, quais sejam:
Uma fisiologia característica, evidenciada por padrões específicos de ativação do sistema
nervoso autônomo.
Uma avaliação automática do evento que provoca a emoção.
A presença em outros primatas.
Uma experiência subjetiva peculiar.
Outra contribuição relevante encontrada na literatura se refere aos estudos de Izard (2010),
que propôs um modelo teórico para a compreensão das emoções. Esse modelo se chama DET
(Differencial Emotions Theory) e nele estão prescritas as definições para os conceitos de
emoções básicas e sentimentos.
As emoções básicas são aquelas que têm uma essência neurobiológica antiga, fruto da
evolução, assim como um componente referente ao sentimento e à sua capacidade para se
expressar por meio de expressões corporais. São consideradas emoções básicas a alegria, a
tristeza, a raiva e o medo.
Podemos destacar algumas características importantes dessas emoções citadas previamente:
ALEGRIA
Pode ser expressa, principalmente, pelo sorriso e por gestos corporais bem abertos.
Está relacionada à felicidade, à empolgação, ao entusiasmo e ao alto astral.
É uma maneira de expressar como se sente em situações agradáveis e desejáveis para
si e para os outros.
A alegria pode manter a saúde e facilitar as relações sociais.

TRISTEZA
Pode ser expressa pelo choro, pelo declínio da vocalizaçãoe pelo corpo.
Está relacionada a experiências de perda, abandono, desvalorização, incapacidade e não
aceitação dos outros.
Ela nos faz refletir sobre nossas vivências, nossos comportamentos e nossas escolhas.
Quando experimentada em doses elevadas e frequentes, pode conduzir à depressão.
Além da alegria e da tristeza, podemos ressaltar também particularidades das emoções raiva e
medo, que vamos observar a seguir:
RAIVA
Pode ser expressa de maneira expansiva, com forte vocalização e intensa expressão
corporal.
É possível sentir fúria, irritação, inveja e rancor.
É uma maneira de nos proteger contra quem nos ataca e ofende, ou de expressar um
sentimento de injustiça. Quando manifestamos raiva de maneira adequada, nos sentimos
melhor, com mais autoestima e autonomia. O alerta é para o excesso dessa emoção, que
pode provocar comportamentos agressivos e antissociais.

MEDO
Pode ser expressa com os olhos "saltados" e o retraimento corporal.
É possível se sentir desprotegido, frágil, vulnerável, inseguro ou exposto.
O medo preserva nossa vida e ativa nossa capacidade de nos defender ou fugir. Alerta:
sentir medo demais de coisas que não podemos controlar pode nos trazer danos,
impedindo certos enfrentamentos necessários. Já a falta de medo pode nos machucar e
pôr a nossa vida em risco.
Agora que apresentamos algumas características das emoções básicas, é relevante
mencionarmos também as emoções morais. Sabemos que, ao longo da vida, vamos
aprendendo a sentir culpa, vergonha e orgulho no convívio social. A consciência dessas
emoções emerge por volta dos dois anos e meio de idade e está associada a fatores
maturacionais e cognitivos.
A percepção de atos tidos como certos e/ou errados pode determinar o desenvolvimento de
processos socioemocionais. Essa seria uma forma inicial de expressão da moralidade, que
envolve componentes afetivos, cognitivos e comportamentais, todos os três importantes para o
desenvolvimento das habilidades sociais já na tenra infância.
A vergonha e a culpa se referem a afetos vivenciados como negativos, somados a uma
autoavaliação de que algo de errado foi feito, geralmente relacionado a situações
interpessoais.
A CULPA
A culpa, por exemplo, pode gerar um comportamento de agitação, durante o qual o indivíduo
sente remorso, tensão, ansiedade e necessidade de reparação de algum comportamento
percebido como uma violação moral.

A VERGONHA
Já a vergonha envolve sentimentos de desamparo, influenciando na avaliação negativa que o
indivíduo pode fazer de si mesmo. Trata-se de um comportamento de submissão que pode
motivá-lo a se esconder ou a se retirar de eventos sociais.
Todas as emoções são consideradas importantes, pois nos conectam com a nossa vida e com
os outros. Elas podem ser vivenciadas de maneira positiva ou negativa e podem ainda ser
adaptativas ou não ao contexto sociocultural e às expectativas do ambiente, tais como a casa,
a escola ou o trabalho.
 ATENÇÃO
É importante termos conhecimento sobre as emoções e também aproveitarmos as
experiências para podermos adaptar a vivência de cada uma delas. São muitas as maneiras de
se expressar as emoções, e elas são sinais elementares tanto para nós mesmos quanto para
os outros sobre como lidamos com as circunstâncias de nossas vidas.
Para o teórico Henri Wallon (1975), a emoção é tanto biológica quanto social e, segundo ele,
ela garante a nossa sobrevivência. O bebê, ao chorar, manifesta algum tipo de desconforto, o
que provoca uma resposta imediata do adulto, que logo se prontifica a atendê-lo para oferecer
determinado suporte que possa sanar esse incômodo, ou para oferecer algum estímulo capaz
de promover seu bem-estar geral.
HENRI WALLON
Henri Wallon (1879-1962) foi um grande filósofo, médico, psicólogo e político francês com
importantes contribuições em todos esses campos do saber, incluindo a área da Educação.
Assim como Wallon contribuiu para estudos e trabalhos de psicólogos e profissionais da
educação, investigando as emoções e a implicação nos processos de aprendizagem, Goleman,
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baseado nas referências de Gardner, aprofundou-se no conceito da inteligência emocional, na
década de 1990, e o definiu como sendo a capacidade de o indivíduo monitorar as emoções e
os sentimentos de si mesmo e dos outros, utilizando essa informação para guiar seus
pensamentos e suas ações.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUAS
IMPLICAÇÕES
Para Goleman, a inteligência emocional é vital para que as pessoas alcancem as competências
necessárias para terem sucesso no trabalho. Esse conceito também foi muito incorporado
pelos educadores, pois acredita-se que a temática auxilie nos processos de aprendizado social
e emocional, fazendo parte do currículo escolar de muitas escolas atualmente.
 SAIBA MAIS
Muitos foram os programas de formação de professores lançados no mundo e também aqui no
Brasil que visavam prepará-los para a transmissão aos seus alunos da importância das
conversações na resolução de problemas e conflitos, tratando, portanto, de elementos
fundamentais que compõem as emoções e os sentimentos.
No que diz respeito à base teórica dos programas, três deles (Liv, Second Step e SBie) se
utilizam do conceito de inteligência emocional de Goleman. O programa Semente não
especificou a sua base teórica. Por sua vez, o programa Amigos do Zippy atua com o conceito
de coping, especialmente com as habilidades na regulação das emoções. Já o programa
Escola da Inteligência está fundamentado na Teoria da Inteligência Multifocal, de Augusto Cury.
Para ampliar o conhecimento sobre as iniciativas citadas, segue um quadro que descreve os
programas e indica quem são os atores capacitados e as idades e séries das crianças e/ou dos
adolescentes envolvidos:
Programa Participantes capacitados
Série e idades
contempladas
Escola da
Inteligência
Professores, alunos e familiares – São
beneficiados com mais qualidade de vida e
bem-estar psíquico.
Da educação
infantil ao ensino
médio.
 
Amigos do
Zippy
Professores – A filosofia de implementação
do programa foca a capacitação dos
educadores, promovendo seu
desenvolvimento emocional e o consequente
impacto desse desenvolvimento em suas
classes e no ambiente escolar como um todo.
O programa foi
desenvolvido
especificamente
para crianças de
seis a sete anos
de idade, com
qualquer aptidão.
PATHS Professores.
Pré-escola/jardim
de infância; 1º ao
6º ano do ensino
fundamental
Second
Step
Disponibilizam um kit de treinamento para a
equipe Staff-Training Toolkit (kit de
ferramentas para treinamento de pessoal). Há
Pré-escolar (Pre-K
/ 4 a 5 anos);
Elementary (K-5
materiais que podem ser disponibilizados
para os educadores, diretores das escolas e
pais.
até a 5ª série);
Middle School (6ª
a 8ª série).
Laboratório
de
Inteligência
de Vida
(LIV)
Professores e funcionários que atuam com os
alunos.
 
Da educação
infantil ao ensino
médio.
Programa
Semente
Professores da própria escola são
capacitados por meio de um programa de
educação continuada disponível em um
portal.
Da educação
infantil ao ensino
médio.
Projeto
SBie nas
Escolas
Todas as pessoas da escola que têm contato
com a criança (direção, professores, reunião
com pais).
Da educação
infantil ao ensino
médio.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Tabela: Programas de competências emocionais. 
Adaptação do grupo de pesquisa DESEP, sob coordenação da Professora Deise Mendes –
UERJ.
Os programas citados são comercializados sobretudo nas escolas de rede privada, que
investem semanalmente em aulas ou encontros entre professores e alunos. Algumas ainda
estendem a formação com reuniões voltadas aos pais, de modo que todos possam ser
conscientizados sobre a importância do desenvolvimento das emoções e dos sentimentos para
a obtenção de bem-estar e a conquista de maior sucesso escolar.
Se as crianças passaram a ir à escola cada vez mais cedo e precisaram aprendera se
relacionar com seus pares, isso quer dizer que elas, desde bem pequenas, têm de ser capazes
de perceber mudanças de excitação emocional e processar informações para saber enfrentá-
las. Essas informações não só podem gerar reações, mas também precisam ser
compreendidas pelas crianças. É importante que essas últimas percebam o que provocou a
excitação emocional, qual foi o evento causador dela e suas possíveis consequências.
 SAIBA MAIS
Outro ponto que ainda é debatido é a importância de a criança desenvolver a habilidade de
avaliar as emoções de outras pessoas a partir de pistas das situações vivenciadas. Tal
habilidade, segundo esses autores, é essencial para as crianças lidarem com seu meio social
desde cedo e está relacionada a indicadores de bem-estar social e emocional. Conhecer ou
saber identificar circunstâncias de determinado evento emocional auxilia na interpretação das
informações que estão sendo apresentadas e isso varia de acordo com a idade e as influências
culturais, entre outros fatores.
Não só as crianças, mas também os adultos precisam desenvolver habilidades para lidar com
suas próprias emoções e as das demais pessoas. Isso é importante para o bem da convivência
social e também para lidar com os desafios gerais que podem ocorrer em qualquer
circunstância ao longo da vida.
As crianças e seus cuidadores, sejam eles os pais ou professores, também precisam
reconhecer as emoções e saber lidar com elas quando se manifestam, identificando-as e
regulando-as sempre que necessário, com o intuito de promoverem saúde mental para si
mesmos e para o ambiente de convivência.
Sabemos que muitas circunstâncias nos levam a lidar com desafios nem sempre fáceis de
serem gerenciados. Contudo, devemos ter em mente que há profissionais que podem nos
auxiliar no processo de compreensão das emoções. Eles nos ajudam a lidar com situações
difíceis que nos causam estresse e também aquelas que nos exigem determinado
enfrentamento ou tomada de decisão, requerendo, sobretudo, o aprimoramento da habilidade
de regulação emocional.
SENTIMENTOS
Os sentimentos são, por definição, a experiência mental que nós temos daquilo que está
ocorrendo no corpo. É um mundo que se segue após a experiência emocional, ainda que seja
muito rapidamente, em milissegundos. As emoções são visíveis no corpo; os sentimentos, não.
Nós os temos sem que eles sejam diretamente acessíveis ao outro que nos observa. Por isso,
o sentimento pode ser disfarçado, enquanto a emoção, não.
William James (2008) afirmava que primeiro se percebe o estímulo, que desencadeia uma
reação do organismo. A percepção desse movimento das vísceras seria, então, o próprio
sentimento. Ao se dedicar aos estudos do papel das emoções e dos sentimentos no
funcionamento cognitivo em pacientes com lesões cerebrais, Damásio (2003) encontrou em
todos eles uma importante redução da atividade emocional, o que o levou à conclusão de que
existiria uma significativa interação entre a razão e as emoções.
Os sentimentos emergem das mais variadas reações homeostáticas e traduzem o estado da
vida na linguagem do espírito. Damásio (2003) pontua ainda que o sentimento se refere a uma
percepção de um estado do corpo somado à assimilação de certo modo de pensar ou avaliar
uma situação. Ao que parece, a manifestação do sentimento no cérebro conduz à elaboração
do pensamento.
No que diz respeito às investigações de Piaget (1994), os sentimentos atuam como motor
impulsionando a ação. Piaget considera também as tendências e a vontade como
componentes que orientam a assimilação, acomodação e adaptação da afetividade humana. O
autor explica que um indivíduo, por “interesse”, guiado pelo sentimento, pode frear uma ação
considerada socialmente reprovável. Diante dessa lógica, quando alguém deixa de roubar por
medo de ser preso, pode estar seguindo um interesse pessoal dirigido por uma emoção
acompanhada do sentimento que reflete o medo.
Ao que parece, o sentimento é uma consequência da emoção com particularidades mais
duradouras. A emoção é experimentada e avaliada por meio das funções executivas como o
pensamento e a memória, e ainda sofre influência de elementos como a funcionalidade do
humor, além do contexto vivencial. Diferentemente das emoções, os sentimentos são mais
vivenciados de maneira privada.
De acordo com abordagens psicopedagógicas, acredita-se que a afetividade que abrange
sentimentos e emoções seja relevante para uma aprendizagem significativa. Para Wallon
(1975), a dimensão da afetividade é um instrumento de sobrevivência inerente ao homem. Se
para Piaget a afetividade é uma energia impulsionadora das ações do sujeito, para Wallon a
afetividade é um componente permanente da ação.
Ainda de acordo com Wallon (1975), em todos os estágios do desenvolvimento humano a
afetividade se desenvolve e se manifesta em maior ou menor grau, considerando a interação
indispensável a esse processo para a formação do indivíduo como ser social, cultural e
inserido, de fato, em seu contexto de interação.
Nos estudos mais recentes da Psicologia, encontra-se uma perspectiva que ganhou destaque
nas últimas décadas, a chamada Psicologia Positiva, que considera a expressão dos
sentimentos e também das emoções como necessária e essencial às nossas vivências
relacionais.
A Psicologia Positiva indica, de maneira especial, a concentração de elementos de promoção
de saúde e bem-estar, de pontos fortes, positivos e funcionais no desenvolvimento humano.
 ATENÇÃO
Vale salientar que todos os aspectos integrantes do ser humano, sejam eles funcionais ou não,
mostram-se relevantes para compreendermos os fatores de saúde e de adaptação ao meio,
além das reações frente aos episódios emocionais e das relações sociais que o indivíduo
encontra ao longo de sua vida.
Dessa forma, é imprescindível esclarecer que a Psicologia Positiva entende que devem ser
observadas as limitações e tudo aquilo que não parece adaptativo para o indivíduo, mas o foco
de atuação para auxiliar o desenvolvimento e a formação humana é amplificar suas forças, não
apenas corrigir suas fraquezas.
É importante destacar os fenômenos ocorridos nos últimos tempos em relação à pandemia da
covid-19 como um desafio sanitário do século XXI para todo o mundo. Essa situação trouxe
inúmeros impactos não só para a saúde da população, mas também para as questões de
ordem política educacional e socioeconômica.
Dessa forma, não se pode deixar de mencionar os efeitos gerais de saúde que também
atingiram pontos sensíveis no que diz respeito às emoções e aos sentimentos dos indivíduos.
As pessoas sofreram com os sintomas da doença, que também sobrecarregou a esfera afetiva.
Podemos refletir sobre as perdas, o luto, o medo do adoecimento e da morte, a preocupação
constante do contato social e os impedimentos de todo tipo de convivência que trouxeram
novos hábitos e rotinas de vida.
Sabemos que há toda uma construção social na narrativa da covid-19. Sendo assim, é possível
compreendermos que as informações chegaram aos indivíduos, que, por sua vez, as
assimilaram e enfrentaram as atribulações influenciados pelo contexto social no qual viviam.
Mas eles também o fizeram motivados por aspectos particulares, pois cada um traz consigo
sua história, suas vivências e circunstâncias.
Em meio à pandemia, os indivíduos experimentaram tristeza, raiva e medo, e essas emoções
não estiveram sozinhas, pois foram seguidas de sentimentos. As pessoas avaliavam,
pensavam e percebiam tudo o que acontecia e atingia a saúde integral. Elas também
vivenciaram a negação da doença, o reconhecimento dela, a preocupação em relação ao
posicionamento do governo e precisaram fazer inúmeros enfrentamentos diante da pandemia,
pois os cuidados, o tratamento, o entendimento sobre as melhores práticas de higiene e a
necessidade de enfrentar os desafios gerais exigiram esforço, vontade, além de outras atitudes
e comportamentos para superar toda a adversidade.
 RESUMINDO
Em síntese,percebemos que no âmbito das emoções que vão sendo desenvolvidas desde a
tenra infância, sejam elas básicas, morais ou sociais, também vão surgindo e sendo
experimentados os sentimentos, aprendidos gradualmente ao longo do nosso ciclo vital. Cabe
ressaltar que esses últimos emergem na infância, no entanto, ao longo do desenvolvimento, é
não apenas possível, mas também importante que o indivíduo possa aprimorar as
competências e as habilidades nessa área.
A seguir, vejamos um quadro ilustrando as emoções e os sentimentos:
Emoções básicas Emoções morais Sentimentos
Alegria Culpa Indignação
Tristeza Vergonha Esgotamento
Raiva Orgulho Elevação
Medo Humilhação Receio
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Tabela: Emoções e Sentimentos. 
Adaptado de Roberta Curvello.
OS SENTIMENTOS: CONCEITO,
IMPORTÂNCIA E DESENVOLVIMENTO
Neste vídeo, a especialista Julia Teixeira reflete sobre o complexo sistema de sentimentos
segundo diversos autores e sua importância na compreensão e no estudo do comportamento.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Emoção
Classificação das emoções
A inteligência emocional e suas implicações
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Analisar a importância do desenvolvimento das emoções e a expressão dos
sentimentos em todo o ciclo de vida
EMOÇÕES ABORDADAS EM ALGUMAS
PERSPECTIVAS PSICOLÓGICAS
A emoção representa uma dimensão essencial na natureza humana, parte da herança
filogenética (história da evolução de uma espécie ou qualquer outro grupo) e da adaptação da
espécie em seu ambiente físico e social. Dependendo do nicho de desenvolvimento em que se
experimentam particularidades das crenças dos cuidadores, costumes e rotinas de cuidado, o
indivíduo precisa responder às circunstâncias que o cercam, vivenciando muitos episódios
emocionais inerentes ao seu desenvolvimento.
A Psicologia Evolucionista explica que os comportamentos relacionados às emoções revelam,
dentre outros aspectos, a proteção contra rivais e predadores no que diz respeito à obtenção
do alimento, na procura por parceiros sexuais e no cuidado com a prole (FRIDJA, 2008). As
emoções possuem, ainda, relevante função na comunicação interpessoal, evidenciada por
pistas nas expressões faciais, vocais e corporais (IZARD, 2010).
 EXEMPLO
Diante de uma situação que provoque a necessidade de fugir ou lutar com um predador
potencialmente perigoso, por exemplo, o organismo precisa ativar programas que possibilitem
a fuga ou luta diante do predador e desativar outros envolvidos na busca pelo alimento. Assim,
a operação de um programa envolve a ativação e desativação de outros, conjuntamente. Para
fugir de um predador, é vital para o organismo que a sua energia seja mobilizada para os
músculos. Dessa forma, é necessário que os programas e subprogramas da mente humana
sejam orquestrados de tal maneira que haja uma coordenação entre eles, para que possam
lidar com o desafio adaptativo que está sendo enfrentado.
As emoções estão envolvidas em uma classe especial de programas tida como responsável
pela consecução da coordenação dos diversos processos envolvidos no enfrentamento de uma
demanda, dirigindo as atividades e interações de subprogramas que regem percepção,
atenção, memória, motivação, reações fisiológicas, aprendizagem, entre muitos outros
(TOOBY; COSMIDES, 2008). Tendo isso em vista, a abordagem evolucionista concebe as
emoções como mecanismos superordenados, delineados para regular a atividade de outros
programas na solução de um problema adaptativo.
DESENVOLVIMENTO DAS EMOÇÕES
Izard (2010) considera as emoções como resultado da interação de sistemas integrados, cujas
propriedades servem a funções adaptativas. De acordo com esse autor, em sua teoria das
emoções diferenciais ou distintas enraizada nos pressupostos do darwinismo, emoções como
alegria, raiva, medo e tristeza emergem no início da ontogênese, com a maturação de
circuitos neurais, independentemente do desenvolvimento cognitivo.
ONTOGÊNESE
A ontogênese se refere ao período de desenvolvimento de um indivíduo durante todo o seu
ciclo de vida, podendo incluir seu período embrionário.
Consolidando as concepções acerca desses elementos, Lewis (2010) propõe um modelo de
desenvolvimento emocional constituído de algumas fases principais.
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1
Nos primeiros seis meses de idade emergem as emoções primárias como alegria, tristeza,
medo e raiva. Processos cognitivos desempenham um importante papel na emergência dessas
primeiras emoções, apesar de serem limitados.
Na segunda metade do segundo ano de vida surge uma nova capacidade cognitiva que
permite a emergência da consciência ou autoconsciência, permitindo o aparecimento de outras
emoções como o constrangimento e a empatia, chamadas de emoções autoconscientes.
2
3
Por volta dos dois anos e meio a três anos de idade ocorre um segundo marco cognitivo,
sublinhado pela capacidade da criança de avaliar seu comportamento frente a um padrão. A
partir daí, surgem as emoções ditas morais, tais como o orgulho, a culpa e a vergonha.
Essas emoções requerem que a criança tenha um senso de si mesma e seja capaz de
comparar seu próprio comportamento a parâmetros estabelecidos por seus cuidadores e, num
sentido mais amplo, pelo meio sociocultural em que vive. Se a criança falha diante de um
padrão, ela está suscetível a sentir vergonha, culpa ou remorso. Se obteve sucesso, está
propensa a sentir orgulho.
4
5
Dando seguimento a essa lógica, por volta dos três anos de idade, de acordo com a
perspectiva desenvolvimentista de Lewis (2010), a vida emocional de uma criança se torna
altamente diferenciada. Nessa fase, a criança terá atingido um sistema emocional elaborado e
complexo. Enquanto a vida emocional dos três anos de idade continuará a ser elaborada e se
expandirá, a estrutura básica necessária para essa expansão já terá sido consolidada.
Novas experiências, significados adicionais e capacidades cognitivas mais elaboradas servirão
para aprimorar e elaborar a vida emocional da criança, segundo Lewis (2010). Entretanto, por
volta dos três anos de idade, a criança já apresenta aquelas emoções que uma concepção
darwinista caracterizou como únicas para a nossa espécie – as emoções da autoconsciência, o
que indicaria que a principal atividade de desenvolvimento foi alcançada.
No que diz respeito à compreensão do desenvolvimento emocional, a abordagem
evolucionista, tal como a perspectiva sociocultural, pontua que é esperado que as crianças
aprendam a expressar e a manejar suas emoções a partir de comportamentos que estejam em
conformidade com as especificidades de sua cultura.
Particularmente na infância, cabe ressaltar o importante papel cumprido pelos pais ou
cuidadores primários nesse processo de interação com seu meio de convivência. Esse
processo é gradual, dinâmico, cercado de perspectivas em relação às crenças, aos costumes
culturais, às práticas de parentalidade e de cuidado com crianças de maneira geral. Nesse
sentido, uma perspectiva sociocultural ao estudo das emoções ressalta o olhar necessário às
diversidades provenientes do meio social e da cultura.
 SAIBA MAIS
As emoções têm merecido atenção destacada também nos estudos das Neurociências, que as
percebem como fenômenos intimamente relacionados a outros processos mentais e que fazem
parte de uma grande arquitetura da mente humana. LeDoux (1996) compreende emoção e
cognição como funções mentais interativas, que funcionam em um espaço psíquico e neural.
Segundo Damásio (2003), uma emoção pode ser ativada como reação automática a um
estímulo emocionalmente competente. Quando se ativa uma emoção, explica o autor, prepara-
se o organismo para adaptar-se e atingir o bem-estar satisfatório. Ocorrem, assim,
consequências imediatas no estado corporal e nas estruturas cerebrais que correspondem à
emoção. Tal ativação responde a algum fator que foi uma espécie de provocador ou eliciador
da emoção. O organismo, no caso de umacriança, se ajusta conforme aprendeu pela
expressão emocional na relação com pais ou cuidadores, pela compreensão das emoções já
experimentadas, bem como pelas influências e interferências do contexto sociocultural mais
amplo.
A criança possui uma rede relacional que muitas vezes pode não somente contar com o auxílio
dos pais no que diz respeito às rotinas de cuidado, mas com avós, outros familiares, pessoas
do bairro, da comunidade e dos grupos sociais em geral que, de alguma forma, também
transmitem maneiras de lidar com as emoções e os sentimentos.
As pessoas podem tanto validar, permitir e compreender as emoções positivamente, como
também inibir e rejeitar certas vivências emocionais. Há sistemas culturais que pensam que
determinadas emoções como a raiva e a tristeza devem ser inibidas. Todavia, tais emoções
são tão importantes como a alegria, o medo e o orgulho. Todas têm motivo de ser expressas e
sentidas. O que se deve orientar é a maneira de lidar com cada uma delas.
 Há padrões socioculturais de gênero que estabelecem a expectativa de que meninos não
chorem e que meninas devam ser doces e meigas.
ABORDAGEM COGNITIVISTA
A abordagem cognitivista não discorda totalmente da origem evolutiva e da influência das
alterações fisiológicas, porém ela destaca a avaliação da situação como a principal
característica da emoção. Tal avaliação se refere a uma atividade cognitiva consciente ou
inconsciente por parte do indivíduo.
Sabe-se que as emoções não são compreendidas como uma reação única, mas como um
processo que envolve múltiplas variáveis. Devemos entendê-las em uma condição complexa e
momentânea que podem emergir nas experiências afetivas, provocando alterações no
funcionamento fisiológico e psicológico, despertando no indivíduo possibilidades de ação.
Denham (1998) sublinha a importância das emoções e da competência emocional na vida das
crianças, além da necessidade de desenvolverem, desde cedo e ao longo do ciclo vital, um
conjunto de habilidades emocionais que incluem expressar, compreender e regular suas
emoções. A autora pontua que crianças pequenas já são consideradas hábeis em muitos
aspectos da competência emocional.
Conforme a concepção de Denham (1998), as mencionadas habilidades são entendidas como
importantes pilares das competências emocionais.
As expressões dizem respeito a gestos não verbais, demonstração de envolvimento empático,
saber demonstrar emoções autoconscientes e expressar um estado emocional que pode até
ser diferente do que esteja ocorrendo internamente.
A compreensão emocional implica o discernimento do próprio estado emocional e o das
demais pessoas, bem como saber utilizar o vocabulário das emoções de maneira apropriada.
A regulação emocional está relacionada ao indivíduo saber lidar com situações emocionais
adversas e conseguir utilizar de maneira adequada as estratégias para se autorregular.
A regulação emocional é compreendida como uma competência emocional. Tal
competência se mostra essencial para o desenvolvimento saudável e o bem-estar psicológico
do indivíduo, uma vez que ele tem que lidar com diversos desafios em seu contexto
sociocultural. O suporte de adultos nos esforços de regulação emocional de crianças e as
diferenças na socialização emocional delas devem ser explorados a fim de proporcionar uma
compreensão mais ampla desse fenômeno.
Desde o início da ontogênese, crianças manifestam gestos, expressões emocionais e mostram
sinais do seu estado emocional para seus cuidadores, os quais reagem com respostas
ajustadas aos sinais e às manifestações de necessidades expressas pelas crianças. Nessa
dinâmica de interações sociais, envolvendo conteúdos emocionais tanto da criança quanto de
seus cuidadores, a regulação emocional vai sendo engendrada.
Vale destacar que o processo de desenvolvimento das habilidades de regulação emocional é
gradual e, em certo sentido, se dá ao longo de toda a vida. Na infância, particularmente desde
o nascimento e durante os primeiros anos, pressupõe-se a passagem de um mecanismo quase
exclusivamente externo, com um adulto promovendo e auxiliando a regulação do bebê, para
uma regulação interna ou autorregulação da criança, que vai sendo conquistada.
OS COMPONENTES DAS HABILIDADES
EMOCIONAIS
Vamos salientar aqui três componentes – expressão, compreensão e regulação – como
importantes para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais.
A expressão das emoções diz respeito ao envio de mensagens afetivas. Considerando o
início das manifestações dessa habilidade na infância, essas emoções devem estar em
consonância com os objetivos da criança e com o contexto social. Desde muito cedo, as
crianças já apresentam expressões faciais de algumas emoções básicas.
Vale a pena salientar a importância de as crianças manifestarem suas expressões para
comunicar seus afetos. Desse modo, elas podem demonstrar aos adultos o que estão sentindo
em seu estado emocional interno, tendo em vista os aspectos de linguagem verbal ainda
inexistentes ou em desenvolvimento. As expressões faciais estão envolvidas nas relações de
apego por meio das pistas emocionais contidas nas expressões faciais tanto do bebê quanto
de seus cuidadores, que podem responder e atender, ou não, às necessidades apresentadas
pela criança.
No que se refere à compreensão emocional, cabe ressaltar sua relevância para que o
indivíduo, desde a infância, possa compreender o que são as emoções, como atuam nas
circunstâncias que o cercam e as diferenças entre as pessoas para lidar com os episódios
emocionais. Essa habilidade da compreensão emocional é essencial na construção de um
significado para as emoções, significado esse que é compartilhado com outros membros de
seu grupo social e cultural.
Com o desenvolvimento da compreensão emocional é possível para a criança aprender
gradualmente a rotular diversas expressões emocionais, identificar as situações deflagradoras
de emoções, inferir causas e consequências de respostas emocionais específicas e, ainda,
utilizar da linguagem emocional para descrever as suas próprias experiências emocionais.
Com relação à regulação emocional, as crianças, mesmo as muito pequenas, necessitam
lidar com desafios causados pelas emoções e, para isso, devem considerar o manejo delas
mediante a regulação “para baixo” (diminuindo a intensidade de sua expressão) ou “para cima”
(aumentando a intensidade de sua expressão).
Resumindo, vejamos a seguir um consolidado de informações básicas que podem ajudar
nesse entendimento:

EXPRESSÃO EMOCIONAL
Habilidade relacionada à capacidade de expressarmos nossas emoções na face, na
vocalização e nos gestos corporais.
COMPREENSÃO EMOCIONAL
Habilidade relacionada à nossa capacidade de compreendermos as emoções que diariamente
vivenciamos, bem como aquelas experimentadas pelos outros.


REGULAÇÃO EMOCIONAL
Habilidade relacionada à nossa capacidade de gerenciarmos as emoções vivenciadas como
positivas ou negativas, adaptando, por exemplo, sua intensidade.
As habilidades que vão sendo aprendidas podem ser adaptadas de acordo com as situações
ou os episódios emocionais, levando em consideração o contexto de interação do indivíduo.
Elas são importantes desde o desenvolvimento na infância e os resultados escolares, mas
também em outros estágios do desenvolvimento, tais como a adolescência e a vida adulta,
tendo em vista as necessidades socioemocionais gerais.
Assim, tal como as crianças precisam se relacionar na escola com professores e com outros
pares, atendendo a expectativas provenientes da instituição, o adulto também vivencia suas
experiências no universo organizacional cercado de anseios em relação às competências que
requerem bem-estar psicológico, facilidade na relação interpessoal e na capacidade de lidar
com desafios em geral.
DESENVOLVIMENTO, ESTRATÉGIAS E
IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO
EMOCIONAL
Ao longo da ontogênese, e durante todo o ciclo vital, a habilidade de regulação emocional se
desenvolveconsiderando a experiência individual e o contexto de interação, como pontua
Ponciano (2016). A autora explica que a habilidade ou a capacidade de regulação emocional é
alcançada tendo em vista as seguintes características do processo de regulação emocional:
Varia de processos automáticos / inconscientes a controlados / conscientes.

Tem efeitos em processos geradores da emoção.

Pode ser intrínseco ou extrínseco.

Pode ser com foco nas emoções, considerando suas valências.
 SAIBA MAIS
Ainda de acordo com Ponciano (2016) e considerando as características da regulação
emocional, devem ser levadas em conta diferentes estratégias nesse contexto, não havendo,
necessariamente e de modo fixo, aquelas que são boas ou más. Como essa autora discute, o
mais importante é que as estratégias empregadas sejam adaptativas, voltadas para a situação
que se apresenta e que, no caso da autorregulação, possam trazer benefícios ao indivíduo e
ao contexto de interação no qual ele está imerso.
Os sistemas de autorregulação têm aspectos que incluem atenção, autoestima e recursos
cognitivos, tais como a inteligência, o enfrentamento, o autocontrole, dentre outros que são
influenciados pelas pessoas e pelo contexto. Com isso, o indivíduo se autorregula e monitora
suas ações com uma rede de fatores mediados socialmente e pela família, com base em um
conjunto de necessidades, objetivos e desejos.
O envolvimento com o outro não é a única via de regulação emocional na infância. Crianças
bem pequenas são capazes de autorregularem suas emoções em alguns momentos e com
certa autonomia. Bebês com seis meses de vida reduzem sua excitação emocional, por
exemplo, desviando a atenção de um foco específico para outro, ou apenas fechando os olhos
para se acalmarem, utilizando, assim, o autoconforto para regular a emoção. Outra importante
estratégia que os bebês utilizam nesse estágio de desenvolvimento é a autodistração, que
consiste no desvio do olhar para um estímulo intenso, ou um estímulo inconsistente para
regular sua excitação emocional. A autodistração é uma estratégia que tende a aumentar sua
incidência no decorrer do desenvolvimento das crianças.
Por volta do primeiro ano de idade, os bebês apresentam uma variedade de expressões
emocionais. A maneira como os pais nomeiam e lidam com essas expressões influencia,
consideravelmente, o sucesso do processo de regulação emocional (GROSS, 2015). Esse
autor pontua também que tão importante quanto as expressões de emoções é a sua
compreensão, uma vez que essa capacidade influencia o processo de regulação emocional.
A partir do segundo ano de vida percebemos a ocorrência da autodistração, já manifestada nos
primeiros meses como a mais eficaz estratégia de regulação emocional perante situações de
frustração e de medo. Com os avanços nos processos sociocognitivos, motores, e com o
desenvolvimento da linguagem, se estabelece uma diversidade de possíveis estratégias de
autorregulação mais sofisticadas e mais eficazes (GROSS, 2015).
Crianças em torno de três a cinco anos de idade já demonstram uma competência mais
complexa do que os bebês e que as crianças menores para regular suas emoções. Sugere-se
que esse ganho tenha relação com a sofisticação do pensamento e das habilidades de
processamento representacional. Nessa fase do desenvolvimento as crianças tendem a
internalizar mais as regras, começam a manejar melhor sua experiência emocional e
reconhecem mais facilmente as pistas de emoções dos outros.
Ao longo da infância, as emoções vão se desenvolvendo e se tornando mais aprimoradas
(DENHAM, 1998; LEWIS, 2010). As crianças vão adquirindo maiores habilidades na
expressão, na compreensão e na regulação de emoções e, aos poucos, essas competências
emocionais se ampliam de modo articulado (DENHAM, 1998).
Denham (1998) explica que crianças de três a cinco anos e até mesmo as mais velhas vão, de
maneira gradativa, se tornando mais hábeis em diferentes competências emocionais, a saber:
1
Na consciência da experiência emocional.
No discernimento do estado emocional de si mesmo e dos outros.
2
3
No uso do vocabulário das emoções.
No entendimento das emoções dos outros.
4
5
Na regulação de emoções angustiantes e estressantes.
Na compreensão da diferenciação do estado emocional interno e externo.
6
7
Na consciência da relação social definida pela comunicação das emoções.
As aquisições mencionadas anteriormente dependem da experiência, que é individual, e do
desenvolvimento da criança. Gradualmente, as crianças vão desenvolvendo essas habilidades
de acordo com o seu contexto sociocultural e as possibilidades de interação social.
A regulação emocional é uma ferramenta que organiza processos atencionais, facilita
estratégias, dá poder às ações, auxilia na superação de obstáculos e mantém o bem-estar.
Não é a valência de uma emoção, mas os processos complexos pelos quais as emoções se
relacionam com fatores cognitivos e comportamentais que levam aos resultados do
desenvolvimento.
Ao que parece, há diferenças individuais no que se refere à reatividade, e isso pode influenciar
a relação com os cuidadores.
Crianças pequenas reativas e irritadiças podem gerar intensas e numerosas interações com
seus cuidadores. Além disso, crianças pequenas mais reativas a eventos, tanto desagradáveis
quanto agradáveis, podem fornecer aos cuidadores mais informações sobre seu nível ideal de
estimulação.
 ATENÇÃO
Cabe ressaltar, contudo, que somadas às diferenças individuais, há de se levar em conta as
características do ambiente sociocultural no qual a criança se desenvolve.
Compreender e regular as emoções reduz a probabilidade de comportamento agressivo
e diminui o risco de psicopatologias. As práticas parentais são sensíveis à cultura e
exercem grande impacto no desenvolvimento da competência emocional das crianças.
A educação sobre as emoções, as reações dos pais em relação às emoções dos filhos, as
ações de encorajamento ou não à manifestação emocional pelas crianças, o ensino de
alternativas para lidar com as emoções e de estratégias de regulação emocional são alguns
dos exemplos que fazem parte da prática parental referente à regulação emocional.
A reação de suporte dos pais vai ao encontro de efetivas possibilidades dos filhos de
conseguirem resolver problemas. Tal suporte pode promover conforto e encorajamento aos
filhos. Essa reação pode ser entendida como uma atitude que tende a ampliar as habilidades
para manejar a experiência emocional e desenvolver um repertório vasto de estratégias
regulatórias. As reações de não suporte dos pais que habitualmente punem, desmerecem e
desvalorizam a expressão das emoções dos filhos tornam pobre a regulação emocional,
podendo aumentar, assim, os traços de labilidade.
Muitas são as dimensões envolvidas na experiência emocional e que merecem constante
investigação de como se articulam os processos de regulação emocional, tendo em vista as
influências ambientais e socioculturais. Além disso, as estratégias de regulação emocional
podem apresentar variadas modalidades que se estabelecem tendo em vista o nicho de
desenvolvimento, bem como as características individuais das crianças e dos próprios pais.
Assim, estratégias parentais consideradas mais acolhedoras podem favorecer o bem-estar
psicológico e o desenvolvimento adequado da regulação emocional das crianças.
 COMENTÁRIO
Parece fazer sentido pensar que, por meio das estratégias de regulação emocional usadas em
relação a si próprios, os indivíduos tentem manejar suas emoções, incluindo o momento em
que as expressam e as vivenciam (GROSS, 2015). Diante disso, influenciam também a
maneira com que os outros vivenciam suas emoções.
Tomar conhecimento das emoções, assim como das várias estratégias possíveis de regulação
emocional, permite que mães e pais possam alcançar manejos eficazes no das emoções dos
filhos. A experiência passada usada na regulação de determinadas emoções também se torna
relevante tantoquanto o treinamento de estratégias específicas, pois aumenta a probabilidade
de sucesso na abordagem da regulação.
O conhecimento, a experiência e o treino das habilidades de regulação emocional são
oportunidades para pais e filhos expressarem adequadamente suas emoções de acordo com o
que é esperado no ambiente de convivência social. É plausível que as respostas calorosas às
emoções (como, por exemplo, tomar conhecimento delas, compreender sua importância no
desenvolvimento global e utilizar estratégias adequadas à sua regulação) sejam uma opção
considerável para as habilidades inerentes às competências socioemocionais.
Além do conhecimento e da experiência em relação à regulação emocional, parece pertinente
que mães e pais consigam adaptar maneiras favoráveis e flexíveis para a socialização
emocional dos filhos. Para tanto, é válido que os cuidadores possam ajustar o próprio manejo
emocional, adaptando suas habilidades emocionais autorregulatórias.
Há diversos fatores importantes a serem investigados no engajamento da regulação emocional
entre pais e filhos. Muitas são as dimensões envolvidas na experiência emocional e que
merecem constante investigação de como se articulam os processos de regulação emocional,
tendo em vista as influências ambientais e socioculturais. Além disso, as estratégias de
regulação emocional podem apresentar variadas modalidades que se estabelecem tendo em
vista o nicho de desenvolvimento, bem como as características individuais das crianças e dos
próprios pais. Assim, estratégias parentais consideradas mais acolhedoras podem favorecer o
bem-estar psicológico e o desenvolvimento adequado da regulação emocional das crianças.
De modo a facilitar o entendimento sobre as estratégias de regulação emocional consideradas
favoráveis no que diz respeito ao suporte que os pais ou cuidadores podem utilizar em relação
a seus filhos, apresentamos o quadro sintético a seguir:
Estratégias de RE
Reação dos
pais
Como pode ocorrer?
Reavaliação
cognitiva
Os pais se
envolvem na
reação da
criança, que
manifesta uma
expressão
emocional.
Os pais podem ajudar a criança a avaliar
e reinterpretar a situação emocional de
maneira diferente da experimentada por
ela. Eles podem indicar propósitos ou
perspectivas diferentes diante do episódio
emocional.
Redirecionamento
atencional
Os pais se
envolvem na
reação da
criança, que
manifesta uma
expressão
emocional.
Os pais podem mostrar um objeto ou
brinquedo existente na casa, conversando
ou contando uma história que possa
interessar à criança, ou fazendo-a lembrar
um evento que tenha sido importante ou
marcante.
Conforto físico
Os pais se
envolvem na
reação da
criança, que
manifesta uma
expressão
emocional.
Pegar no colo, verbalizar frases como
“está tudo bem”, fazer carinho/afago, ou
ter comportamentos que denotem suporte
de calma e calor humano como dar as
mãos e abraçar.
Supressão
emocional
Os pais não se
envolvem na
reação da
criança, que
manifesta uma
expressão
emocional.
É possível que os pais não se engajem,
podendo desvalorizar, inibir ou até mesmo
menosprezar a situação emocional.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Adaptado de Roberta Curvello.
Gross (2015) menciona que na literatura científica encontram-se estudos sobre a regulação
emocional referindo-se somente aos processos intrínsecos, outros focados nos processos
extrínsecos e alguns estudos focalizando ambos os processos.
Parte deles está centrada na vida adulta e abrange, na maioria das vezes, processos
intrínsecos, investigando a autorregulação. Por outro lado, há os que exploram os processos
extrínsecos, evidenciando os cuidados na primeira infância, quando os outros, sejam eles os
pais ou cuidadores em geral, auxiliam no desenvolvimento das habilidades de regulação
emocional.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar a influência da interação social e do contexto, uma vez que as reações dos
adultos percebidas pelas crianças direcionam as respostas emocionais que elas exibem.
A necessidade de compreender as estratégias de regulação emocional de pais dirigidas a si
próprios e ao apoio aos filhos está diretamente relacionada à importância de seu papel como
agentes privilegiados de socialização emocional de filhos ainda crianças e ao impacto da
parentalidade, sobretudo no início do desenvolvimento emocional infantil.
Pais e educadores não direcionam ou tecem essas oportunidades de maneira unilateral. A
criança participa ativamente dos processos de socialização, não apenas sendo impactada em
seu desenvolvimento global e particularmente no de sua regulação emocional, mas também
influenciando as reações emocionais dos adultos, além dos seus modos de agir e de pensar.
Assim, seguem sendo engendradas as formas com que ela aprende a lidar com as suas
emoções e as de outras pessoas.
Compreendemos que há uma dinâmica bidirecional no processo de socialização emocional. A
criança manifesta suas expressões e estados emocionais, desenvolvendo suas capacidades
autorregulatórias. Ao mesmo tempo, recebe influências e suporte por meio de estratégias de
regulação emocional de adultos, pais e educadores, para construir e vivenciar ativamente sua
experiência emocional e, desse modo, se desenvolver emocionalmente.
Acreditamos na necessidade de se desenvolver formas de suporte e promoção de
conhecimento aos professores em relação à habilidade de regulação emocional,
particularmente diante de eventos estressores. No momento em que um aluno está sob
estresse, boa parte de seu funcionamento cerebral se volta a necessidades de sobrevivência,
tais como a defesa e a busca de atenção. É importante entender a relevância de os
educadores terem alguma ideia de como funciona esse mecanismo, de forma a procurarem
evitar a inserção de estresse, a perceberem a necessidade da regulação emocional e usarem
esse conhecimento para melhorar a aprendizagem dos alunos.
As investigações mais atuais têm indicado que a regulação da emoção tem um lugar valioso na
sala de aula, pois permite que o indivíduo possa ter algum controle sobre seu comportamento.
Ela também possibilita que alunos e professores administrem as experiências emocionais
vivenciadas como negativas e promovam experiências emocionais vivenciadas como positivas.
O emprego de estratégias de regulação da emoção pode manter o bem-estar individual e
melhorar o funcionamento interpessoal (GROSS, 2015).
 SAIBA MAIS
Existem estratégias que focam a respiração e também aquelas que direcionam o pensamento
para outras coisas ou para deliberadamente se distrair utilizando metas de atenção com uma
função psicológica orientada. Há variadas estratégias que podem favorecer a regulação
emocional e os professores podem facilitar esse processo. Eles podem demonstrar para os
alunos os eventos emocionais, seus eliciadores, suas consequências e como esses eventos os
fazem se sentir. Dessa maneira, professores e alunos podem aprender melhores formas de
atingir o bem-estar socioemocional.
É possível melhorar a regulação emocional na sala de aula falando sobre as emoções. Os
professores podem aprender e ensinar sobre conteúdos de compreensão e regulação
emocional, além de dar apoio por meio de um ambiente que proporcione a meditação e as
práticas de mindfulness.
Práticas de mindfulness podem favorecer o bem-estar, o comportamento não reativo, ajudam
a lidar melhor com desafios e a ter uma escolha mais consciente de pensamentos, reações e
emoções. Como outras práticas, elas também podem estimular maneiras criativas e favoráveis
ao trabalho dos educadores na rotina escolar, especialmente na promoção do bem-estar e do
desenvolvimento adequado da regulação emocional das crianças, de acordo com o contexto
sociocultural.
As oportunidades de socialização emocional entre as crianças e os cuidadores, sejam eles pais
ou educadores, são dinâmicas, bidirecionais e vão se constituindo ao longo do
desenvolvimento. Todos os agentesenvolvidos nesse processo vão aprendendo gradualmente
a regular as emoções e a desenvolver suas competências emocionais, consideradas
importantes para o bem-estar psicológico, para as relações sociais e para o sucesso
acadêmico da criança.
O DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS
DE REGULAÇÃO EMOCIONAL
Neste vídeo, a especialista Julia Teixeira reflete sobre a importância e as diferentes formas
como acontece o desenvolvimento de estratégias de regulação emocional nas crianças.
OS PROCESSOS EMOCIONAIS NO
TRABALHO
É valido explorar não somente a socialização emocional entre os cuidadores e as crianças,
mas também como as emoções são experimentadas pelos adultos sem o desdobramento
particular da parentalidade. Há estudos voltados para a influência das emoções na rotina de
trabalho, outros sobre a regulação alimentar e também alguns sobre particularidades da
terceira idade.
Sabemos que as emoções podem ser entendidas pela valência (positiva ou negativa), pois é
dessa maneira que elas são orientadas na literatura internacional. Contudo, também podemos
compreendê-las como experiências possíveis de serem vivenciadas de maneira positiva e
negativa.
Desse modo, ressaltamos a ideia de que todas as emoções são relevantes, mas elas podem
ser experimentadas de maneiras diversas ou até mesmo diametralmente opostas, a depender
do contexto e da situação ocorrida no episódio emocional.
Com isso, destacamos que a esfera afetiva tem sua importância no universo do trabalho por
causa das interações humanas, pela maneira que as emoções e os sentimentos são
interpretados quando são experimentados pelos outros. Tal interpretação gera efeitos diversos
no ambiente e no clima organizacional, e também na forma como se estabelecem os conflitos.
Muitas foram as pesquisas realizadas no mundo e aqui no Brasil envolvendo a repercussão
das emoções no trabalho e as implicações causadas por fatores como o sexo, o poder e os
aspectos de cultura em geral.
Muitas indagações foram realizadas, por exemplo:
Atribui-se mais emoções positivas ao empregador do que ao empregado?
A experiência de trabalho como supervisor ou empregado em cada país influencia as
emoções desses profissionais em seus diferentes cargos?
Diferenças de sexo e de hierarquia profissional (líder ou liderado) influenciam as emoções
no trabalho?
Tais perguntas exploram metodologicamente repercussões, influências e interferências das
emoções nas relações e nos processos de trabalho. O investimento das organizações em
pesquisas nessa temática pode contribuir para a saúde mental dos trabalhadores,
conseguindo, ainda, facilitar o desempenho das funções de trabalho e conduzir a melhores
resultados.
Pesquisar as relações humanas e a influência das emoções no dia a dia do trabalho é de suma
importância para levar os indivíduos a refletirem sobre suas próprias emoções e as dos
demais. As pesquisas podem ainda ampliar a consciência e a percepção quanto à necessidade
de se regular as emoções, além de promover bem-estar e fomentar estratégias favoráveis de
autocuidado.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar que as intervenções no plano emocional devem alcançar homens e mulheres,
líderes e liderados, jovens profissionais e os de posição mais elevada. Dessa forma, elas
podem contemplar ações preventivas e também aquelas que, por alguma razão peculiar,
necessitem de suporte específico e de mudanças na maneira de lidar com os desafios que
envolvam os sentimentos e as emoções dos indivíduos.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
As emoções abordadas em algumas perspectivas psicológicas
O desenvolvimento das emoções
Abordagem cognitivista
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao estudar ou pesquisar sobre as emoções precisamos compreender que elas são
multidimensionais e que sofrem repercussões de intensidade, valência, da cultura ou do
contexto de interação. As emoções podem ter força instantânea quando experimentadas em
um momento determinado, mas também podem ter duração prolongada quando encontramos
dificuldades para realizar a sua regulação.
As emoções são vivenciadas somaticamente, ou seja, o corpo reage ao que lhe acontece. No
entanto, elas também são vividas num processamento mental porque, dentre outras funções
executivas envolvidas, também é feita uma avaliação interna. As emoções transcorrem em um
plano evolucionista, pois se adaptam de acordo com as circunstâncias do ambiente e do
tempo; mas também são sociais, porque ocorre uma construção entre os grupos de interação
do indivíduo. Vale destacar que crianças pequenas não se apropriam somente das
capacidades autorregulatórias dos pais, mas suas capacidades para regulação emocional
emergem de múltiplas características que vão desde as respostas emocionais dos pais até as
suas próprias expressões emocionais.
Além das relações entre os cuidadores e as crianças, sabemos que em qualquer idade o
indivíduo experimenta as emoções, reagindo e se utilizando de variadas estratégias e
influenciado por múltiplos aspectos, a depender do contexto e da cultura em que vive.
 PODCAST
Agora, a especialista Julia Teixeira falará sobre como o psicólogo pode reconhecer e trabalhar
as estratégias de regulação emocional em diversos contextos da sua prática profissional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DAMÁSIO, A. Looking for Spinoza: joy, sorrow and the feeling brain. Harcourt, New York, NY,
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EXPLORE+
Pesquise na internet o artigo intitulado Razão, emoção e ação em cena: a mente
humana sob um olhar evolucionista, de Angela Donato Oliva, Emma Otta e outros
colaboradores, publicado na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, em 2006.
Entre no site da Escola da Inteligência e leia o texto Programa Escola da Inteligência:
desenvolva a educação socioemocional em seu colégio. O programa foi idealizado
pelo médico, psiquiatra e escritor Dr. Augusto Cury e é aplicado em muitas escolas no
Brasil.
CONTEUDISTA
Roberta Curvello

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