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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 5 – mod XIV Distúrbios respiratórios do RN As síndromes e doenças respiratórias, transitórias ou em progressão, estão entre as condições neonatais que mais frequentemente demandam admissão em unidade neonatal de cuidados progressivos (intensivos e intermediários), principalmente relacionadas a prematuridade, infecções (sepse e pneumonia), síndrome hipóxico-isquêmica e malformações pulmonares e cardíacas complexas. Atraso ou incapacidade do recém-nascido (RN) para realizar a transição fisiológica da vida intrauterina à extrauterina resulta em síndromes respiratórias, assim sumarizadas: Retardo na reabsorção do líquido alveolar e deficiência relativa de surfactante: taquipneia transitória do RN. Deficiência de surfactante: síndrome da angústia respiratória. Infecção: pneumonia ou sepse precoce. Pressão pulmonar persistentemente alta: hipertensão pulmonar persistente. Compressão pulmonar externa: síndrome de escape de ar. Pulmões hipoplásicos: hérnia diafragmática ou oligodrâmnio prolongado a partir do segundo trimestre. Os resultados da melhoria da qualidade do cuidado perinatal obstétrico e neonatal, particularmente relacionados ao controle de condições adversas na gestação e ao uso de corticoide antenatal na iminência de parto pré-termo, e no período neonatal, a instituição de suporte respiratório, monitoramento cardiorrespiratório, abordagem das complicações /farmacológica / cirúrgica de malformações, REDUZIRAM O RISCO DE MORTE. Entretanto as complicações neonatais continuam sendo um desafio na assistência principalmente dos RN pré-termo. ABORDAGEM DO RN C/ SIND. RESPIRATÓRIA A maioria das causas de síndrome respiratória no período neonatal é pulmonar, diagnostico diferencial infecções, cardiopatias congênitas, causas metabólicas, hipoglicemia, policitemia, hematológicas e causas de origem do SNC (síndrome hipóxico-isquêmica e hemorragias). Diagnóstico se baseia: causas mais comuns, IG (pré- termo / termo), história perinatal e evolução do quadro clínico ANAMNESE 1. Fatores mais frequentemente associados aos quadros de sinais respiratórios: Prematuridade (níveis). RN grande para idade gestacional, filho de mãe diabética (GIG/FMD). Não uso de corticoide antenatal em situações indicadas. Colonização vaginal e retal pelo Streptococcus do grupo B. História de perda de filho anterior com sofrimento respiratório. Cesárea eletiva sem indicação médica. Bolsa rota por período maior que 18 horas. Corioamnionite (taquicardia materna, taquicardia fetal, febre materna, dor suprapúbica, líquido amniótico fétido). Crescimento intrauterino restrito. Sofrimento fetal agudo. Líquido amniótico meconial. 2. Início dos sinais clínicos 3. Evolução do quadro respiratório e sistêmico. 4. Causas: - O exame físico, inicial e evolutivo, é fundamental para todos os RN para definir e monitorar a evolução da doença, ele mostra as informações imediatas do estado clínico e sua resposta às intervenções. O atraso dos exames laboratoriais e de imagem não devem postergar as condutas terapêuticas indicadas. O exame clínico e os complementares podem apresentar variação de acordo com a IG. MONITORAMENTO DE SINAIS VITAIS Saturação de oxigênio (avaliação contínua), FR, FC, PA, temperatura corporal, gases arteriais, quando indicado. OBSERVAÇÃO ESTADO DO BEBÊ conforto, cor, perfusão, movimentos, esforço respiratório, frequência respiratória, nível de interação com o ambiente. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 SINAIS DE DIFICULDADE RESPIRATÓRIA taquipneia, padrão respiratório irregular, uso de musculatura acessória da respiração com movimentos de aletas nasais, gemidos expiratórios, retrações dos espaços intercostais (quadros leves), associando-se subcostal (moderados) e esternal (graves), movimentos respiratórios paradoxais e gaspings. Temos 2 escores para avaliar: Silverman-Andersen: Soma dos valores atribuídos a cada um dos cinco parâmetros avaliados. Cada parâmetro recebe uma pontuação de zero a dois. Escore 0 indica ausência de retrações, e 10, o grau máximo de retrações torácicas. Escore > 4 indica dificuldade respiratória moderada-grave. A pontuação > 8 indica insuficiência respiratória grave, necessitando de conduta urgente devido à iminência de falência respiratória. Escore é muito útil para orientação da tomada de decisão diante de RN com desconforto respiratório. Avaliação inicial e sequencial acompanhar a evolução do quadro e a resposta clínica às intervenções terapêuticas. Método fácil, de baixo custo, não invasivo, de aplicação rápida e que oferece informação confiável. Downes 6 variáveis, pontuadas de 0 a 2, utilizado para avaliar a gravidade e evolução do quadro O escore seriado é útil na identificação do RN com necessidade de transferência para unidade neonatal de maior complexidade. Leve: escore < 5, com resolução nas primeiras 4 horas pós-nascimento. Moderado: escore de 5 a 8, início ao nascimento ou poucas horas após, sem resolução nas primeiras 4-6 horas de vida. Essas crianças têm risco de evoluírem com piora do quadro e é preciso incluir infecção no diagnóstico diferencial. Grave: escore > 8, episódios de apneia. Esses RN provavelmente já estão em suporte ventilatório. Na ausência da prematuridade, outras causas precisam ser descartadas AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA radiografia de tórax é fundamental e deve ser interpretada juntamente com os citados anteriormente. MAS as intervenções não devem ser postergadas pela demora do exame radiológico. AVALIAÇÃO LABORATORIAL solicitados de acordo com os diagnósticos diferenciais. Sd. do desconforto respiratório – Doença da Membrana Hialina - É a principal causa de morbidade e mortalidade associada à prematuridade, especialmente com o aumento da sobrevida dos RNPT extremos. É também chamada doença da deficiência do surfactante. - A incidência aumenta quanto maior o grau de prematuridade: 60%, em RNPT < 28 semanas; 30%, nos de 28 a 34 semanas; e menos de 5%, nos nascidos > 34 semanas. - O principal fator de risco é a prematuridade porque o surfactante é produzido somente a partir do final do 2 trimestre ou início do 3trimestre da gestação. Outros fatores de risco incluem diabete melito materno, sepse, hipoxemia, acidemia e hipotermia. Acomete com maior frequência o sexo masculino. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - Principal fator é a imaturidade pulmonar, caracterizada por deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante e desenvolvimento estrutural incompleto do pulmão. - A síntese de surfactante pelos pneumócitos tipo II do epitélio alveolar inicia e aumenta progressivamente a partir da 20a semana de gestação, atingindo o pico por volta da 35a semana. O surfactante é constituído basicamente por lipídios (90%) e proteínas (10%). A fosfatidilcolina saturada (dipalmitoilfosfatidilcolina) é o principal componente tensoativo e tem a função de diminuir a tensão superficial alveolar durante a expiração. - A deficiência ou inativação do surfactante ocasiona aumento da tensão superficial e atelectasia alveolar progressiva, diminuição da capacidade residual funcional e da complacência pulmonar, prejuízo na EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 relação ventilação/perfusão com shunt intrapulmonar, resultando em hipoxemia, hipercapnia e acidose. - Hipoxemia e acidose vasoconstrição e hipoperfusão pulmonar aumento da pressão nas artérias pulmonares com shunt direito-esquerdo agravando a hipóxia e a acidose. - Os portadores de SDR possuem pulmões estruturalmente imaturos, em geral no estágio canalicular ou sacular do desenvolvimento pulmonar. Ainda não existem os verdadeiros alvéolose as vias aéreas terminais são tubulares, com paredes espessas e distantes dos capilares; o interstício é abundante e com pequena quantidade de tecido elástico e conectivo; e, a área de superfície para troca gasosa é limitada. - Como a membrana alvéolo-capilar ainda é muito permeável, ocorre extravasamento de líquido e proteínas para o interstício e para a luz alveolar, o que provoca inativação do surfactante e contribui para hipoxemia, hipercapnia e acidose. QUADRO CLÍNICO - Ao nascer ou imediatamente após, desconforto respiratório progressivo caracterizado por colabamento alveolar progressivo, gemência, retrações, taquipneia, batimento de asa de nariz, cianose, aumento do requerimento de oxigênio e apneia. - Quando piora, ocorre nas primeiras horas de vida, podendo persistir por 3d e melhorar gradualmente. DIAGNÓSTICO - A evolução da doença é modificada por corticoterapia materna antenatal, assistência ao nascimento e uso precoce de suporte ventilatório (CPAP precoce), e surfactante exógeno. - GASOMETRIA ARTERIAL mostra hipercapnia, hipóxia e, eventualmente, acidose metabólica. - RADIOGRAFIA DE TÓRAX infiltrado reticulogranular difuso, em geral homogêneo e simétrico, resultante de atelectasia alveolar e componente de edema pulmonar associado. Imagens de vidro fosco com broncogramas aéreos são raramente observadas. (Por conta do início imediato de CPAP e surfactante) - Observar o padrão granular dos pulmões, broncograma aéreo e o esôfago preenchido com ar. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO - A assistência em sala de parto consiste em dar suporte à transição cardiorrespiratória, evitando intervenções que possam causar danos. - Cuidados essenciais: clampeamento tardio do cordão umbilical nos pré-termos vigorosos; utilização de CPAP precoce (tubo nasal ou nasofaringe); emprego de ventilação com pressão positiva gentil, uso racional de oxigênio para atingir a saturação desejável; prevenção de entubação traqueal e instituição de medidas para prevenir a hipotermia. ** Suporte ventilatório + terapia adjuvante + administração de surfactante. - Surfactante pode ser natural (extraído do pulmão de animais), naturais modificados, artificiais (menor risco de contaminação. Ventilação mecânica invasiva convencional: ph art < 7,2, PaCO2> 60 mmHg, PaO2 <50 com FiO2 >70% no CPAP, apneia persistente. Ventilação mecânica invasiva de alta frequência: doença de memb hialina que não responde à ventilação de alta freq, sd da asp meconial, enfisema, pneumotórax. PREVENÇÃO Identificar causas de gestação de alto risco (prematuridade pré-natal adequado) Casos de risco providenciar transporte seguro p/ hospital maternidade, que respondas as demandas clínicas do futuro RN. Administração de corticosteroide em mulheres com risco aumentado de parto pré-termo aumenta a sobrevida e reduz a incidência de SDR e outras complicações da prematuridade. Inicia 48h antes do parto (betametasona). Surfactante profilático: para neonatos < 1000g na sala de parto após intubação e estabilização. Síndrome da Aspiração de Mecônio - A presença de mecônio no líquido amniótico ocorre em 10 a 15% das gestações, mais frequentemente em idades gestacionais pós-termo, alcançando 30 a 40% às 42 semanas. - A presença de sofrimento fetal e condições IU adversas, como insuficiência placentária, interrupção do fluxo placentário fetal, aumentam o risco de relaxamento do esfíncter anal em resposta à hipóxia liberação de mecônio, gasping e aspiração pulmonar meconial, antes do nascimento ou no processo do nascimento. - A incidência de SAM diminuiu, ao longo do tempo, acometendo atualmente cerca de 1% dos RN com líquido amniótico meconial, consequente a melhores práticas obstétricas. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - Ambas são complexas, multifatoriais e com vários processos fisiopatológicos encadeados. - A asfixia grave (sofrimento fetal) induz movimentos respiratórios fetais do tipo gasping e aspiração de líquido amniótico contendo mecônio, podendo causar obstrução completa ou parcial das vias aéreas. A obstrução completa acarreta atelectasia da área pulmonar distal, e a obstrução parcial gera um mecanismo de válvula que permite a entrada de ar, mas dificulta sua saída, resultando em áreas de hiperinsuflação. Ocorre prejuízo na relação ventilação/perfusão, com consequente hipóxia, hipercapnia e acidose. Por outro lado, há evidências de que o mecônio é um ativador potente de mediadores inflamatórios, incluindo citocinas, complemento e prostaglandinas, determinando um processo inflamatório sistêmico, com consequente inibição da síntese e da atividade do EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 surfactante, bem como apoptose das células epiteliais pulmonares. Além de vasoconstrição das artérias pulmonares, resultando em hipertensão pulmonar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - RN nascem deprimidos, exibem sinais físicos de pós- maturidade e possuem pele, unhas, cordão umbilical e vérnix caseoso impregnados por pigmento amarelo esverdeado. - Apresentam dificuldade respiratória de graus variados, a partir do nascimento, com cianose, gemência, retrações, taquipneia importante e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax. Na ausculta pulmonar pode haver estertores e roncos. DIAGNÓSTICO - GASOMETRIA revela hipoxemia de grau variável. Nos casos leves, a hiperventilação pode levar a alcalose respiratória, e, nos casos graves, observa-se acidose respiratória e metabólica. - RADIOGRAFIA DE TÓRAX tipicamente se observam áreas de atelectasia com aspecto nodular, grosseiro e irregular, contrastando com áreas de hiperinsuflação. Pode haver envolvimento pulmonar difuso, e, nos casos mais graves, opacificação quase total dos pulmões. - Pneumotórax ocorre em 15 a 30% dos casos, podendo haver também pneumomediastino. O desaparecimento das imagens radiológicas pode levar dias a semanas. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Na reanimação neonatal de RNs com mecônio, não se indica intubação de rotina. Porém, se o RN nasce banhado em mecônio e deprimido (hipotonia, apneia, bradicardia ou acidose metabólica), a intubação orotraqueal seguida de aspiração da traqueia é procedimento prioritário. - Tratamento pós-natal: Cuidados Gerais: manutenção de temperatura, glicemia, restrição de líquidos, manutenção de Ht acima de 40%. Oxigenação Ventilação: através de CPAP nasal, com identificação necessária de FiO2> 40% ou por ventilação mecânica invasiva se houver doença pulmonar grave. Antibioticoterapia: controverso, usado em casos mais graves. Pois o padrão radiológico e o curso da doença não permite uma distinção totalmente confiável de um quadro de pneumonia bacteriana. Usa-se: ampicilina + gentamicina. Surfactante: o mecônio inativa surfactante endógeno. Administração por meio de tubo orotraqueal. Tratamento de HAP persistente. - O prognóstico não depende somente da doença pulmonar, mas da gravidade e da duração da asfixia perinatal. Podem ocorrer complicações como encefalopatia hipóxico-isquêmica (46%), disfunção miocárdica / choque (22%) e hipertensão pulmonar (17%). Crianças C/ SAM grave hiper-reatividade brônquica e anormalidades do neurodesenvolvimento PREVENÇÃO - Condutas obstétricas p/ prevenção consistem em monitorização intraparto e evitar a pós-maturidade, que está associada a risco aumentado de SAM. Procedimentos como a aspiração intraparto rotineira da oro e nasofaringe e a laringoscopia com aspiração traqueal rotineira em RN não previnem a SAM e, portanto, não indicados na rotina Taquipneia transitório do RN (TTRN) INTRODUÇÃO - É uma condição benigna que ocorre em cerca de 1 a 2% de todos os nascimentos, acometendo RNT precoce e RNPT tardio que apresentam dificuldade respiratória logo após o nascimento e, em muitosdos casos, existe associação com realização de cesárea eletiva sem trabalho de parto prévio. - Sua causa ainda é discutida, porém três fatores estão associados: atraso na absorção de líquido intra- alveolar fetal, deficiência leve de surfactante e pequeno grau de imaturidade pulmonar. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - O pulmão fetal possui líquido que ajuda no desenvolvimento IU. Antes de nascer, grande parte já é reabsorvida e outra parte eliminada pelas VAS no momento da passagem pelo canal do parto. - A “secagem completa” conclui-se após 6h pós-parto. Nesse período, pode ocorrer o desconforto respiratório. FATORES DE RISCO MATERNOS parto antes 39 semanas, cesárea eletiva sem trabalho de parto (2-6X +risco), diabetes gestacional e asma materna. A incidência é inversamente proporcional à IG e afeta aproximadamente 10% dos RN entre 33 e 34 semanas, aproximadamente 5% entre 35 e 36 semanas e menos de 1% em RNT. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Inicia-se nos primeiros minutos após o nascimento, sinais de desconforto respiratório, como: taquipneia (FR>60min), batimento de asa do nariz, gemência, retrações intercostais, subcostais e supraesternais, crepitações, diminuição e murmúrio vesicular, ou, ainda, podem apresentar ausculta respiratória normal. - Geralmente apresenta evolução benigna e autolimitada (12-24h), mas alguns RN evoluem com fadiga respiratória e necessitam dos cuidados intensivos. **Quadro transitório: sinais clínicos se resolveram dentro de 2h de vida. DIAGNÓSTICO - Na abordagem inicial, avaliar a necessidade de hemograma completo, hemocultura e proteína C reativa (PCR). - O principal diagnóstico diferencial, quando tem FR para infecção, é a sepse neonatal precoce, quadro de evolução fulminante e alta letalidade. Se o quadro EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 persistir, realizar avaliação cardiológica, incluindo medida das saturações pré e pós-ductal, e medidas de pressão arterial nos quatro membros. GASOMETRIA pode mostrar hipoxemia e hipocapnia em função da taquipneia. A hipercapnia é um sinal de fadiga ou alguma possível intercorrência. RADIOGRAFIA característico mostra hiperinsuflação pulmonar, infiltrado difuso geralmente do hilo para a periferia (estrias peri-hilares proeminentes), leve a moderado aumento de área cardíaca, presença de líquido nas fissuras interlobares (cisurite), marcas proeminentes da vasculatura pulmonar, inversão da cúpula diafragmática, herniação intercostal e derrame pleural. - O ecocardiograma pode ser considerado para descartar defeitos cardíacos congênitos em pctes com cianose ou taquipneia persistente por mais de 3 a 4 dias. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Suporte: oferta de oxigênio (FiO< 40%) por cateter nasal ou CPAP. Se a FR for > 60 irpm alimenta-se RN com sonda orogástrica, pois a taquipneia pode levar à incoordenação da respiração e deglutição, favorecendo broncoaspiração de leite. Não indicado uso de antibióticos ou diuréticos. Pneumonia neonatal INTRODUÇÃO - O maior risco de morte por pneumonia na infância é no PERÍODO NEONATAL. Muitas vezes, as pneumonias congênitas e neonatais são difíceis de serem identificadas e tratadas e são caracterizadas por apresentações clínicas eventualmente inespecíficas. Em muitas ocasiões, as defesas do sistema respiratório podem estar comprometidas no feto e no RN, levando a um aumento da suscetibilidade à infecção, e os pulmões representam o sítio mais comum da sepse neonatal. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - A fisiopatologia está diretamente relacionada ao dano direto do patógeno ou toxinas produzidas por ele ou ainda devido às respostas inflamatórias do hospedeiro. Pneumonia bacteriana congênita ou precoce - Caracterizada por transmissão vertical (mãe-feto), por via transplacentária (hematogênica) ou periparto (infecção ascendente ou aspiração de líquido amniótico infectado). - O estreptococo do grupo B patógeno + importante no que se refere à pneumonia neonatal e sua transmissão é adquirida pelo trato genital durante o trabalho de parto. RN de mães colonizadas, principalmente os RNPT, são cerca de 10 a 15 vezes mais suscetíveis a desenvolver a doença invasiva precoce. Entretanto, somente 1 a 2% dos filhos vão apresentar sepse neonatal precoce e/ou pneumonia. É importante ressaltar que a pneumonia pelo estreptococo B, muitas vezes, radiologicamente e clinicamente, é indistinguível da SDR. - Escherichia coli, prevalente nas infecções de trato urinário materno, é causa importante de sepse neonatal precoce, quando a gestante apresenta infecção urinária e/ou pielonefrite no período próximo ao parto. Pneumonia adquirida pós-natal ou tardia - O risco de pneumonia adquirida após admissão na UTIN será determinado pelas taxas de infecção nosocomial e pelas práticas clínicas de cada unidade. - As infecções nosocomiais são um importante problema enfrentado pelos pré-termos em assistência ventilatória devido à SDR, com longa permanência hospitalar e separados de suas mães. - O barotrauma e a hiperóxia necessários no tratamento desses pctes são responsáveis pela perda da capacidade ciliar das vias aéreas, diminuição da capacidade bactericida dos macrófagos alveolares e pela progressão da metaplasia escamosa observada ao longo da via aérea, alterando os mecanismos de defesa do pulmão e facilitando a colonização bacteriana secundária e as infecções relacionadas à assistência à saúde. Outros agentes - Pneumonias virais não são frequentes no período neonatal, à exceção dos surtos sazonais de bronquiolite, em que o vírus sincicial respiratório é o principal responsável. Alguns vírus do grupo TORCH merecem ser lembrados como diagnóstico diferencial. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Taquipneia, apneia, retrações intercostais e subcostais, batimentos de asas de nariz, gemência e cianose + sinais inespecíficos, instabilidade térmica, icterícia, distensão abdominal e apneia. DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO pode apresentar bastante diversidade, incluindo desde áreas de opacificação uni ou bilateral até um padrão reticulogranular difuso com broncogramas aéreos semelhantes ao observado na SDR Deve-se suspeitar de pneumonia neonatal em qualquer RN com desconforto respiratório acompanhado de hemocultura + ou de 2 ou mais dos critérios abaixo; Fatores de risco p/ sepse neonatal. Sinais clínicos de sepse: intolerância alimentar, letargia, hipotonia, hipo ou hipernatremia, distensão abdominal. Alterações radiológicas persistentes> 48h: infiltrado nodular grosseiro ou granular fino, consolidação, broncogramas aéreos, edema pulmonar. (FAZER EXAME SERIADO P/ COMPARAR) Triagem laboratorial + para sepse: escore de Rodwell > ou igual a 3. TRATAMENTO - O uso de penicilina ou ampicilina intraparto reduz consideravelmente a taxa de colonização do RN e incidência de sepse neonatal precoce. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 Antibioticoterapia, suporte respiratório e hidreletrolítico, quando necessário. - Geralmente se utilizam ampicilina e um aminoglicosídeo nos casos precoces de início até 72 horas; em de pneumonias de início tardio, o tratamento deve ser adaptado para cada unidade neonatal, de acordo com a microbiota prevalente de cada local. Hipertensão Arterial Pulmonar INTRODUÇÃO - É uma síndrome caracterizada por alta resistência na circulação pulmonar, shunt da direita para a esquerda (pelo canal arterial e/ou forame oval) e cianose. - Pode ser decorrente de uma forma primária quando há alteração intrínseca nos vasos) ou de uma forma secundária a várias patologias, ocasionando o aumento da resistência vascular. - A manifestação clínica pode ser aguda, decorrente de alterações na transição fisiológica da vida intra para a extrauterina, ou crônica, cujoquadro clínico depende da etiologia. A incidência varia entre 1 e 2 por mil nascidos vivo e a mortalidade chega a ser 10% em países desenvolvidos.. A HAPRN pode acometer especialmente os RNT, mas RNPT também podem ser acometidos. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Má adaptação - Ocorre em função de uma vasoconstrição da rede arterial pulmonar, com estrutura anatômica normal. Trata-se de um fenômeno funcional encontrado em várias situações clínicas, que liberam mediadores que interferem na contração e relaxamento das arteríolas. Por ser uma alteração funcional, é reversível, na maioria das vezes. Remodelação da vasculatura pulmonar - Observa-se uma muscularização aumentada se estendendo à zona das arteríolas intra acinar, que compreende os vasos que acompanham os bronquíolos respiratórios e ductos alveolares, e dependendo da gravidade da doença, pode atingir os da parede alveolar. - A remodelação ocorre durante a gestação, e a transição natural com o relaxamento vascular esperado ao nascimento não é evidenciado. Artérias em número diminuído - É observado nos quadros de hipoplasia pulmonar ou hérnia diafragmática, nos quais o desenvolvimento da vasculatura pulmonar está diminuído. Presente nas compressões mecânicas e na má formação da rede capilar alveolar. Obstrução ao fluxo - Presente nos quadros de aumento da viscosidade sanguínea e nas malformações cardíacas com hipofluxo sanguíneo pulmonar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Desconforto respiratório logo no nascimento ou nas primeiras horas de vida. Caracterizado por taquipneia, retrações intercostais e subcostais, gemidos, batimentos das asas de nariz e cianose. - ↓ da saturação ao simples manuseio: labilidade. - Hiperfonese da B2, sopro de regurgitação tricúspide. DIAGNÓSTICO ECOCARDIOGRAMA essencial, pois permite a estimativa da pressão pulmonar e exclusão de cardiopatias. Observar gradiente de PaO2 entre o leite pré-ductal (a. radial D) e o pós-ductal (extremidades inferiores). Duas amostras sanguíneas exibindo diferença entre a PaO2> 20 mmHg ou uma diferença de saturação> 5-10% entre os vasos pré e pós ductais, sugerem fortemente dx de shunt D -> E. RADIOGRAFIA mostra poucos achados que justifiquem a hipóxia. TRATAMENTO Direcionado para doença de base (ex: asfixia, hipoglicemia, policitemia) e melhora da oxigenação. - Geralmente a hipóxia é irresponsiva à administração de oxigênio através do capacete de oxigênio (mesmo quando a FiO2 é igual a 100%), sendo que a intubação orotraqueal é a opção de escolha para a maioria dos casos. Agentes inotrópicos (dopamina, dobutamina, epinefrina e milrinona) são empregados em casos que evoluem com choque ou hipotensão. Hidrocortisona: usada em suspeita de insuficiência adrenal associada. Óxido Nítrico (NO): usado em forma de gás. Tempo total de duração da inalação do NO é de 5 dias, com redução progressiva da dose a partir das primeiras 24h. Uma descontinuação precoce pode gerar quadro de hipertensão rebote. RNs que não respondem à terapia com NO, pode ser feita infusão venosa de prostaciclina. Em casos de policitemia, quando o Ht > 65%, recomenda-se exsanguineotransfusão parcial, com obj de diminuir o Ht de 50-55%.
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