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O Sistema Único de Saúde (SUS) é um programa público que atua em todo o país baseado na mesma doutrina e forma de organização determinadas de acordo com a Constituição Brasileira. Este é apenas um dos pilares do sistema, que também se baseia na Lei n° 8.080/1990, que regula a forma de ação da organização, e na Lei n° 8.142/1990 que estabelece a participação pública no SUS e a distribuição de recursos financeiros. A Lei Orgânica da Saúde (n° 8.080/1990) é quem regulamenta e define a forma de organização do SUS, sendo divididas as responsabilidades e atribuições de acordo com as esferas dos órgãos Federal, Estadual e Municipal. Esta divisão é conhecida como a diretriz de descentralização, atuando de forma coerente com a concepção do Estado Federativo ao qual o país se define, de forma que promova descentralização política, de serviços e administrativa. Desta maneira o poder é distribuído a partir da União para promoção de ações preventivas e de recuperação de acordo com o âmbito e recursos individuais dos órgãos. Outra diretriz importante é a de regionalização e hierarquização da rede de serviços, principalmente considerando a expansão territorial do Brasil. Este conceito é extremamente importante para formação de perfis populacionais, indicadores epidemiológicos locais e perfis de condição de vida e suporte social, permitindo que cada esfera da saúde possa priorizar suas ações de acordo com as necessidades da população de cada local específico. Este também conta com a organização por hierarquias dos níveis de complexidade das necessidades em cada região, portanto cada esfera determina o seu grau de estrutura básica de acordo com o levantamento de perfis populacionais da sua região. Neste ponto devemos destacar a importância da formação de convênios entre as esferas municipais para promover uma rede de serviços que garanta o atendimento das demandas populacionais independente da sua prevalência regional. Para garantia do cumprimento de tais diretrizes, foi criada uma nova que diz respeito a participação da comunidade através de instâncias colegiadas em todas as esferas de governo. Os conselhos de saúde e as conferências de saúde são, em geral, reuniões de caráter permanentes que deliberam as políticas públicas aplicáveis ao SUS de acordo com a situação da saúde em cada uma de suas áreas de atuação. Estas organizações têm seus princípios próprios e discutem ações de melhoria para a saúde pública, tendo suas decisões sendo levadas para homologação com gestores do SUS em cada esfera de governo, também atuando como uma forma de descentralização por colocar parte do poder na mão da população. Além das diretrizes, o SUS conta com 3 princípios filosóficos, idealistas e cognitivos, definidos pela Constituição Federal de 1988 que atuam como preceito moral para a população. O primeiro deles é o Princípio de Universalidade que determina que a “Atenção à Saúde” é direito de todos os cidadãos e dever do Estado garantir através de políticas sociais e econômicas a sua promoção, proteção e recuperação, por quaisquer meios de ação e educação pública. Desta forma as esferas do governo podem investir seus recursos financeiros nos locais mais carentes ou populosos de acordo com os perfis de epidemiologia regionais, permitindo que todos tenham acesso a saúde básica. Também se inclui neste princípio a manutenção das condições de vida da população para possibilitar boas condições de saúde, como as ações de limpeza de ruas, tratamento da água, saneamento básico e controle de pragas urbanas e rurais. Outro princípio é o de Equidade, fruto da maior problemática histórica no Brasil que é a desigualdade social, que promove iniquidades no acesso a saúde e medidas educativas de prevenção. Apesar de não ser um princípio fundacional do SUS, esta determinação garante que o Estado possa se atentar às necessidades individuais e coletivas e focar os investimentos aonde a população é mais carente. No entanto deve-se levar em consideração que a distribuição desigual das riquezas no Brasil impede que todos os cidadãos sejam tratados de forma igualitária, pois as condições de vida são muito diferentes de acordo com a condição financeira de cada pessoa, portanto este princípio diz respeito a tratar desigualmente o desigual de acordo com sua necessidade. Por fim o Princípio de Integralidade é definido como a garantia de um atendimento integral com ações desde a prevenção até a assistência curativa, priorizando a educação pública para evitar a exposição à doença, mas promovendo um tratamento respeitoso, digno, empático e com qualidade desde a anamnese até a recuperação do paciente. Esta integralidade também atua como um eixo prioritário para o estímulo à Medicina Integral e especialização dos profissionais para garantir a melhor qualidade de atendimento. Conhecendo os fundamentos do Sistema Único de Saúde é possível entender como sua existência é vista como uma das melhores criações do Estado Brasileiro, sendo inclusive muito superior idealmente quando comparada aos sistemas de assistência à saúde de países de primeiro mundo como a Inglaterra. No entanto apesar de seus ideais bem definidos na constituição, muitos destes princípios e diretrizes não são completamente satisfeitos devido à sobrecarga do SUS, pois este não recebe recursos suficientes para atender a população carente, que é maioria no país. A demora para conseguir um atendimento e a sobrecarga de trabalho dos profissionais da saúde promove um descontentamento geral e uma crise do sistema de assistência pública.
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