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Transtornos de Ansiedade 1 Transtornos de Ansiedade Definição Transtornos que decorrem de ansiedade excessiva, prolongada, causam sofrimento e podem estar associados a prejuízos importantes na vida. Envolvem antecipação de ameaça futura, são altamente comórbidos e incluem aspectos dimensionais. Transtornos de Ansiedade 2 Transtorno do pânico Sintomas crises súbitas e imprevisíveis palpitações sudorese tremores falta de ar ou sufocamento dor no peito náusea ou desconforto abdominal tontura, instabilidade ou desmaio desrealização (sentimento de que o mundo que está acontecendo não é real) ou despersonalização (paciente não está controlando as próprias ações) medo de enlouquecer medo de morrer Dura poucos minutos, ocorre de forma inesperada e para o diagnóstico é necessário pelo menos a ocorrência de 2 crises! Diagnóstico diferencial Doenças cardiovasculares: angina, prolapso de mitral, IAM, ICC Doenças pulmonares: asma, embolia Doenças neurológicas: epilepsia, infecção, tumores, AVC Doenças endócrinas: hipertireoidismo, DM, hipoglicemia, feocromocitoma Intoxicações: anfetaminas, alucinógenos, cannabis, nicotina, cocaína, cafeína Abstinência: álcool, sedativos, opioides Outras: deficiência B12, infecções, labirintopatias Agorafobia Transtornos de Ansiedade 3 Sintomas Medo ou ansiedade a cerca de 2 / + das seguintes situações: 1. Uso de transporte publico 2. Permanecer em espaços abertos 3. Permanecer em locais fechados 4. Permanecer em fila ou ficar sozinho em multidão 5. Sair de casa sozinho São situações de onde possa ser difícil (ou embaraçoso) escapar ou onde o auxílio pode não estar disponível, na eventualidade de ter um ataque de pânico inesperado ou predisposto pela situação. As situações são evitadas ou suportadas com intenso sofrimento ou exigem companhia. Fobia específica Medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional A exposição ao estímulo fóbico provoca ansiedade desproporcional A situação é evitada ou suportada com intenso sofrimento Interfere com o funcionamento do indivíduo Não é explicada por outro transtorno Tipos: animal, ambiente natural, situacional, sangue-injeção Prevalência de 7-9% Mais prevalente em mulheres Transtorno de Ansiedade Generalizada Sintomas - DSM-5 Ansiedade e preocupações excessivas com vários eventos ou atividades na maior parte dos dias durante um período de pelo menos 6 meses. Difícil de controlar, causa sofrimento, compromete áreas importantes da vida e associada com 3 ou mais dos sintomas: Transtornos de Ansiedade 4 1. Tensão muscular 2. Irritabilidade 3. Dificuldade para dormir 4. Inquietação (nervos á flor da pele) 5. Fatigabilidade (cansar-se com facilidade) 6. Dificuldade de concentração e presença de “brancos” na mente 💡 A grande diferença entre pânico e TAG é o tempo: pânico são crises que duram até 10 minutos, já a ansiedade não, ela se prolonga por pelo menos 6 meses. Caso Transtornos de Ansiedade 5 Dados vêm demostrando que, já durante esse período da pandemia da COVID-19, a incidência de transtornos psiquiátricos tem aumentado. Além disso, espera-se a denominada “quarta onda”, período pós-pandemia caracterizado por um aumento desses transtornos, provocado pelas mudanças bruscas, pelo medo, pelas perdas financeiras e pelo distanciamento físico e isolamento social, o que irá gerar consequências sobre a saúde mental da sociedade como um todo. Dentre os sintomas mais comuns nesse momento, os de ansiedade são dos mais relatados. Sobre os transtornos de ansiedade, pode-se corretamente afirmar que: A) Raramente, durante um ataque de pânico, um paciente refere taquicardia, sensação de falta de ar, dor ou desconforto torácico e medo de morrer. B) A fluoxetina deve ser iniciada na dose de 20 mg/dia para o tratamento farmacológico do transtorno de pânico. C) Na agorafobia, o indivíduo apresenta medo ou evita algumas situações (como permanecer em espaços abertos ou locais fechados, por exemplo) devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar caso desenvolva sintomas de ansiedade. D) Para o transtorno de ansiedade social, a bupropiona é um dos medicamentos com eficácia comprovada. Resposta C. A - frequentemente B - antidepressivos começam com doses menores para tratar ansiedade e vão aumentando lentamente D - bupropiona aumenta o nível de ansiedade Transtorno Obsessivo-Compulsivo Sintomas obsessões – pensamentos compulsões – ação Caso Transtornos de Ansiedade 6 Um jovem de 17 anos refere que ouve “vozes” dentro da sua cabeça que mandam dar 3 passos para trás a cada vez que visualizar um carro vermelho; essas “vozes” também mandam repetir “não, não, não” diante de notícias catastróficas que ouça, a fim de evitar que essas situações noticiadas aconteçam com ele ou membros de sua família. Diante do caso exposto, qual o diagnóstico pensado pelo psiquiatra que atendeu este paciente, bem como a terapêutica indicada? A) esquizofrenia paranoide; haloperidol 10 mg/d B) transtorno de ansiedade generalizada; paroxetina 20 mg/d C) transtorno obsessivo-compulsivo; fluoxetina 40 mg/d D) esquizofrenia simples; risperidona 6 mg/d E) transtorno obsessivo-compulsivo; amitriptilina 50 mg/d Resposta C. Não é um caso de transtorno psicótico, o que ele tem não é uma alucinação auditiva. Ele tem uma compulsão que leva a uma obsessão. Poderia ser paroxetina também, mas não entra como TAG e exclui a B. Fobia Social Sintomas Medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho no qual a pessoa é exposto a possível avaliação por outra pessoa. O indivíduo teme agir de modo humilhante ou embaraçoso A exposição à situação social provoca ansiedade A pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional A situação é evitada ou suportada com intenso sofrimento Prevalência de 7% em 12 meses. Inicio na adolescencia (varia 8-15 anos) Mais comum em mulheres Pode ser reforçado por situações estressantes Caso Transtornos de Ansiedade 7 Clara é uma mulher de 20 anos que, apesar de sempre ter tido um bom histórico escolar, decidiu não entrar na faculdade por causa de sua ansiedade. Foi levada ao psiquiatra pela sua mãe e, durante a consulta, estava relutante em falar de si mesma. Dizia estar constantemente tensa e só em casa sentia-se à vontade. Tinha muita dificuldade de conversar com pessoas fora do seu círculo familiar, geralmente por começar a suar profusamente e ter taquicardia. Ficava particularmente ansiosa na companhia de pessoas da mesma idade ou de pessoas que ela considerava “muito importantes”. Tinha poucos amigos com quem se sentia à vontade. Tremia ao ter que assinar ou preencher formulários quando estava sendo observada. Tinha muita vontade de namorar e sair com os amigos. As pessoas do seu círculo de convivência a achavam muito doce e educada. No entanto, evitava sair com eles para restaurantes, pois começava a passar mal (tendo tontura, palpitações, fôlego curso) quando tentava comer com pessoas estranhas por perto que lhe pudessem observá-la. Era vista pelas outras pessoas como “caseira”, não por gostar de ficar em casa o tempo todo, mas pelo constante medo de passar vexame na frente de outras pessoas. Clara negou abuso de drogas e negou eventos traumáticos que antecedessem o surgimento dos sintomas. Nesse caso, qual é o provável diagnóstico? A) transtorno de personalidade antissocial B) transtorno de personalidade paranoide C) transtorno de ansiedade generalizada D) transtorno de ansiedade do tipo fobia social Resposta D. A - pessoas que infringem normas da sociedade B - ela não acha que está sendo perseguida C - não tem os sintomas por 6 meses como dificuldade de relaxamento, insônia e outros Transtorno de Estresse Pós-Traumático Sintomas após um evento ameaçador Transtornos de Ansiedade 8 recordação de revivescência pesadelos baseados no tema comportamento evitativo se desenvolve de 30 dias a 6 meses antes de 30 dias - transtorno de estresse agudo Depressão X TEPT:evento traumático, revivescência, evitação, não é comum anedonia Caso Mulher de 63 anos procura o médico para consulta de rotina do tratamento da hipertensão arterial. Durante a consulta, por várias vezes, os olhos se enchem de lágrimas e se mostra um pouco agitada. Ao ser questionada sobre esse fato, ela conta que o filho mais novo casou e foi morar em outra casa há mais ou menos 10 dias e que está saudosa. Conta ainda que, no dia do casamento, ao chegarem em casa, ela e o marido foram assaltados, sendo levados deles o carro e grande parte dos presentes recebidos. Desde então, não consegue dormir direito, não quer mais sair de carro e prefere mesmo é ficar em casa. O diagnóstico mais plausível nesta situação é: A) fobia social B) episódio depressivo C) transtorno de ajustamento D) transtorno do estresse pós-traumático E) transtorno do pânico Resposta D. Síndrome de Burnout Sintomas fenômeno ligado ao trabalho estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso Transtornos de Ansiedade 9 exaustão ou esgotamento de energia aumento do distanciamento mental do próprio trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho redução da eficácia profissional nervosismo cansaço excessivo físico e mental prostração dor de cabeça e musculares frequentes problemas gastrintestinais insônia dificuldade de concentração sentimentos de fracasso, incompetência e insegurança negatividade constante isolamento Tratamento Antidepressivos Primeira escolha Boa tolerabilidade Trata depressão e ansiedade comórbidas Doses semelhantes para tratamento da depressão Melhora dos sintomas 6-8 semanas Considera-se uma resposta ao fármaco quando houver melhora de 50% Remissão é MAIS demorada, após 6 meses ou mais Tratamento ocorre por 1-2 anos após verificação da resposta Iniciar com dose baixa e progredir mais lentamente Transtornos de Ansiedade 10 Inibidor seletivo de recaptação de serotonina Inibição potente e seletiva do transportador de serotonina Fluoxetina (20-80 mg) Sertralina (50-200mg) Escitalopram (10-20mg) Paroxetina(10-30 mg) Fluvoxamina (50-300mg) Inibidor de recaptação de serotonina e de noradrenalina Inibição dos transportadores de serotonina e noradrenalina Venlafaxina (37,5mg – 300mg) Desvenlafaxina (50-400mg) Duloxetina (30-90mg) Benzodiazepínicos (ex: clonazepam) Auxiliam no tratamento inicial e nunca são usados de forma isolada Podem ser colocados como potencializadores no tratamento crônico Cuidado para dependência química Prescrição por tempo limitado Importantes para bloquear ataques de pânico Ligam-se ao sitio BZD e potencializam a ligação do GABA ao receptor GABA A, aumentando a entrada de cloreto no neurônio Clonazepam (0,25 SL; 0,5 – 2 mg) Diazepam (5-10 mg) Lorazepam (0,5-2 mg) Alprazolam (0,25 – 2 mg) Ligantes alfa 2 delta Diminuição do influxo de Cálcio e Inibem ação excitatória do GLU Pregabalina (150-450 mg) Transtornos de Ansiedade 11 Gabapentina (300-600 mg) 💡 Pode associar: buspirona, mirtazapina, trazodona, antipsicóticos atípicos, hipnóticos Betabloqueadores como o propranolol podem ser utilizados para fobia social antes de um evento no qual o paciente passará por exposição - controle da FC e dos sintomas adrenérgicos fazendo com que a situação se torna mais controlável Terapia cognitivo-comportamental Pode ser utilizada como adjuvante do tratamento ou em casos leves pode ser até utilizada de forma isolada. Técnicas que incluem: identificar pensamentos ou comportamentos disfuncionais, automonitoramento de pensamentos negativos Identificação da relação entre pensamentos, crenças e sentimentos subjacentes que resultam em certos comportamentos Identificar e aprender padrões de pensamentos funcionais e adaptativos, teste de realidade dos pressupostos básicos mantidos pela pessoa sobre si mesma, o mundo e o futuro.
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