Buscar

EXCELENTÍSSO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE XXX

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA X VARA CÍVEL DO FORO DE X DA COMARCA DE X – ESTADO X. 
PATRÍCIA..., nacionalidade, modelo profissional, estado civil, portadora da Cédula de Identidade RG n.º ..., inscrita no CPF/MF sob n.º ..., residente e domiciliada à ..., nº..., CEP ..., bairro, cidade, estado, cujo endereço eletrônico é ...@..., por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, conforme mandato anexo, com endereço profissional para receber todas as informações processuais na ... n. ..., bairro ..., cidade ..., estado ..., CEP..., integrante do escritório..., inscrito no CNPJ n. ..., cujo endereço eletrônico é ...@... vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos Art. 5º, inciso X da Constituição Federal, com junção aos artigos 319 propor a presente
AÇÃO DE PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, ESTÉTICO E MATERIAL
Em face de Paulo ..., nacionalidade, dentista, portadora da Cédula de Identidade RG n.º ..., inscrita no CPJ/ME sob n.º ..., residente e domiciliada à ..., nº..., CEP ..., bairro, cidade, estado, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.
I. DOS FATOS
 A Requerente, modelo profissional, fechou contrato de trabalho com uma empresa de produtos de higiene bucal e querendo proporcionar um sorriso mais bonito através de foto e filmagem procurou o Requerido para execução do procedimento de clareamento dental, mas mal sabia a Autora que o desejo de perfeição iria se tornar um de seus maiores dissabores e traumas.
Na primeira consulta, o Requerido garantiu que os dentes da Requerente ficariam com o branco profundo desejado e que o procedimento era simples e de pronta recuperação, inclusive ela poderia trabalhar no mesmo dia em que o procedimento fosse realizado. 
Entretanto, durante o procedimento, a Requerente teve queimaduras graves, em todo o rosco e dentro da boca, sendo necessário levá-la às pressas ao hospital, onde ficou internada por uma semana.
Destarte que durante o período internada, a Requerente perdeu parte do lábio, sofreu com as dores horríveis da queimadura e foi impossibilitada de efetuar o seu trabalho como modelo. 
Após a alta médica, foi necessária continuidade ao tratamento das queimaduras, com exames, medicações e consultas médicas periódicas. 
Conforme mencionado a Requerente é modelo profissional e tal fato fez com que ela ficasse afastada do trabalho e perdesse inúmeros contratos já fechados, sem contar possíveis futuros trabalhos que foram prejudicados, causando grande abalo psicológico, necessitando de acompanhamento psiquiátrico porque não consegue sequer olhar no espelho. 
O dano sofrido não foi só material, mas estético e moral, tendo em vista as queimaduras que foram causadas em seu rosto e a perda de uma parte do lábio.
II. DO DIREITO
2.1 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Trata-se de AÇÃO DE PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, ESTÉTICO E MATERIAL, onde a Requerida que trabalha com sua aparência física fica prejudicada por erro odontológico. 
Inicialmente, vale ressaltar que a relação jurídica existente entre as partes é de consumo, uma vez que a Autora se enquadra no conceito de consumidor previsto no artigo 2º, caput, do Código de Defesa do Consumidor e o Réu na definição de fornecedor do artigo 3º do mesmo permissivo legal, razão pela qual postula de plano pela inversão do ônus da prova, faculdade prevista no artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor.
Tendo em vista que o Requerido está em posse dos prontuários odontológicos da Requerente, e que tais documentos são de enorme importância para o convencimento do douto Magistrado e para o esclarecimento dos fatos, apesar das provas que instruem a presente, requer sejam as Demandadas compelidas a juntar esses prontuários e demais documentos da Demandante na primeira oportunidade, sobretudo porque eles também serão relevantes para a perícia a ser realizada, o que desde já se requer.
Pelo exposto, requer e se espera o deferimento da inversão do ônus da prova obrigando-se que o Requerido junte com a contestação TODOS os documentos relativos ao tratamento dentário da Requerente, sob pena de multa diária a ser arbitrada pelo ilustre Julgador.
2.2 DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DO DEVER DE REPARAR PELO DANO MATERIAL
Cumpre trazer à baila que a presente trata de reparação de dano causado a partir de ato ilícito cometido pelo Requerido, sendo tal conduta vedada conforme redação do artigo 186 do Código Civil.
Desta feita é indiscutível a obrigação de indenizar àquele que sofreu o peso da imprudência, negligência ou imperícia, como preceituam os artigos abaixo do mesmo diploma legal. Sem embargo, o Código Civil elucida ainda os danos específicos à saúde, in verbis:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. (Grifei)
Lembremo-nos também dos ditames do artigo 927, do CC:
Art. 927.Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Os danos materiais sofridos foram inúmeros, por ser modelo profissional, a Requerente perdeu diversos contratos de trabalho, além de ter tido as despesas cobradas pelos medicamentos, exames, tratamentos e consultas médicas, conforme documentos comprobatórios anexados. 
2.3 DO DANO MORAL
O prejuízo causado à Autora supera o dano material.
Insta consignar que a todo momento a Requerente se recorda do fatídico dia em que seu rosto foi queimado e houve a perda de uma parte do lábio, seja ao olhar no espelho ou qualquer pessoa que olhe para a Requerida consegue ver que houve graves queimaduras em seu rosto. 
Sendo relativo a prejuízo estético e moral o quadro em tela, considerando que o direito à imagem e a indenização por dano imaterial são amparados pela Constituição Federal em seu artigo 5°, incisos V e X, se faz cristalina e extremamente viva no dia a dia da Autora a memória das queimaduras, como já relatado acima.
Cumpre salientar que o dano moral e o estético podem perfeitamente ser percebidos de forma cumulada uma vez que o dano estético permanente cinge parte do lábio perdida e o dano moral do constrangimento permanente, do desgaste psicológico que a faz pensar constantemente que já não tem mais o rosto que possuía. 
2.4 DO DANO ESTÉTICO
“É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.”
Esse é o teor da Súmula 387 do STJ.
Segundo o entendimento firmado, cabe a acumulação de ambos os danos quando, ainda que decorrentes do mesmo fato, for possível a identificação separada de cada um deles.
Em um dos recursos que serviu de base para a edição da Súmula 387, o STJ avaliou um pedido de indenização decorrente de acidente de carro em transporte coletivo. Um passageiro perdeu uma das orelhas na colisão e, em consequência das lesões sofridas, ficou afastado das atividades profissionais. Segundo o STJ, presente no caso o dano moral e estético, deveria o passageiro ser indenizado de forma ampla. 
Partindo-se da ideia de que o dano deformante à integridade física não é igual a qualquer outro tipo de dano moral, constituindo a mais grave e mais violenta das lesões à pessoa, pois além de gerar sofrimento pela transformação física, gera um outro dano moral, que é o dano moral à imagem social, pode-se pensar na possibilidade de cumular estes dois tipos de dano no caso em comento.
O legislador, na Constituição Federal, quando especificouas três espécies de dano no art. 5º, V (dano patrimonial, moral e à imagem) não incluiu o dano à imagem
dentro do dano moral. Sendo assim, o dano à imagem é uma espécie de dano autônoma, o que justifica seu pedido nos autos.
 Quando o dano estético compromete a aparência, também fica comprometida a imagem social da pessoa lesada ou o modo pelo qual os outros a vêm, fazendo a se sentir bem ou não.
Com base neste raciocínio, pode-se admitir a possibilidade de cumulação do dano estético com o dano moral e até mesmo com o dano patrimonial ou material. 
III. DO PEDIDO
Por todo o exposto, requer seja a presente ação recebida e processada em sua totalidade pelo respeitável juízo, imputando condenação do Requerido conforme os pedidos abaixo, requerendo:
a) A inversão do ônus da prova na forma do artigo 6°, VIII, do CDC, obrigando-se que o Requerido junte com a contestação, ou na primeira oportunidade, TODOS os documentos relativos ao tratamento dentário da Requerente, sob pena de multa diária a ser arbitrada pelo ilustre Julgador.
b) Seja declarada a responsabilidade objetiva do Requerido, para que arque com TODOS os prejuízos causados à Autora, o que restará comprovado através das provas requeridas, das que instruem a presente e da perícia a ser designada.
d) Conforme a fatura do cartão de crédito anexada com os valores saldados pela Requerente, verifica-se o pagamento de R$XXX, que deverá ser ressarcida pelo
Requerido à Autora, na medida dos serviços prestados em razão da falha cometida
Pelo Réu. 
e) Seja arbitrado o montante de XXX salários mínimos a título de indenização pelo dano moral perpetrado pelo Réu, o que equivale hoje ao valor de R$ XXX. 
f) A indenização pelo dano estético sofrido na ordem de XXX salários mínimos, o que equivale hoje ao valor de R$ XXX a ser arbitrado pelo ilustre Magistrado.
g) Conforme os adventos trazidos pelo art. 319, inciso VII do atual CPC, manifesta a Autora interesse em audiência de conciliação.
h) Seja o Requerido condenado ao pagamento de todas as despesas processuais e honorários advocatícios à base de 20% (vinte por cento).
i) A produção de prova por todas as formas em direito admitidas, ainda que não expressas explicitamente em legislação, reiterando a necessidade de prova pericial.
j) A citação do Requerido por carta AR, enviada ao endereço do Requerido, para que componha a lide e apresente oportunamente contestação e demais documentos
requeridos acima sob pena dos efeitos da revelia.
	Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pelos documentos que acompanham a presente, documentos novos, depoimento pessoal do réu, oitiva de testemunhas a ser oportunamente arroladas, perícias, e demais meios que se fizerem necessários ao longo da demanda. 
 
Dá-se a causa o valor de R$.... apenas para efeito de alçada.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, XX de XX de XX.
Advogado XX
OAB XX

Continue navegando