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Anotações & Slides_Psicologia Grupal
08.08
GRUPISMO
Mancia, L. (2003). Grupismo: o risco da ignorância.
“Me ensina uma técnica para trabalhar a confiança?” “Apliquei uma dinâmica no grupo X” 
Vítimas X Sujeitos de um processo.
●Crítica aos profissionais: focalizar o olhar apenas no grupo, para o grupo e pelo grupo, perdendo de vista o contexto em que está inserido e a influência que sofre do meio afetando seu desempenho. 
●Grupismo: análise ingênua que atribui ao grupo toda e qualquer responsabilidade pelo que acontece em seu funcionamento, desconsiderando fatores extrínsecos e exigindo uma resposta favorável do grupo por meio da aplicação de técnicas. 
Técnica e Processo na Dinâmica de Grupo 
●Dinâmica de grupo: campo de pesquisa dedicado a obter conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das leis de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com os indivíduos, outros grupos e instituições mais amplas. (Ex: jogo de futebol - campo, onde tudo acontece) 
●Técnica: dispositivo que o facilitador usa para estimular o grupo à ação, auxiliando o grupo a minimizar resistências, ampliando sua consciência de como está funcionando. (Ex. conceitos treinados: passe, defesa, ataque)
●Processo: resultado da interação dos sujeitos e da entidade grupo com sua tarefa básica, considerando aspectos objetivos e subjetivos que o grupo produz. (Ex: como cada jogador reage diante dessas técnicas e como aparece em conjunto)
 Variáveis extrínsecas e intrínsecas que geram o processo 
Essas variáveis caracterizarão o funcionamento da dinâmica do grupo e gerarão seu processo. 
● Variáveis extrínsecas: ligadas ao contexto social e à instituição em que este grupo está inserido, moldado por uma estrutura, um conjunto de políticas de gestão, normas e cultura própria. 
● Variáveis intrínsecas: ligadas diretamente ao grupo como composição, estilo de liderança, tamanho, objetivo, normas, valores, capacidade cognitiva, produção de subjetividade, etc.
 
Se a Dinâmica de Grupo preocupa-se em estudar o funcionamento que se dá a partir dessas questões, porque tem sido confundida com Técnica de Grupo? 
 Conhecimento ingênuo baseado na relação de causa e efeito buscando “fazer o grupo produzir”: nesse caso a técnica é um fim em si mesmo, onde o grupo “tem que” se adequar a ela em detrimento do que ocorre em seu processo. 
É comum facilitadores que, em nome de seguir um planejamento prévio, perdem o olhar crítico do que ocorre com o grupo e ao seu redor. 
A escolha e aplicação das técnicas: 
Considerar: 
 ●Conhecimento e abordagem teórica do facilitador (Ex: grupoterapia pode utilizar-se de interpretações). 
 ●Momento do grupo e fase em que se encontra: facilitador deve ter o conhecimento de grupos e terapia pessoal – a escolha da técnica precisa estar de acordo com a demanda emergente do grupo. 
●Estilo pessoal do facilitador: Risco da mensagem velada de dissonância.
 Portanto... 
-O uso de técnicas de dinâmicas de grupos não é simples: são escolhas feitas por um facilitador que passam por questões teóricas, metodológicas, processuais e, sobretudo, éticas. 
-Técnicas frente ao processo grupal: o processo se dá no entrelaçar das relações interpessoais e da formação da identidade grupal. 
-Um grupo traz aspectos tangíveis e concretos (região de luz), bem como aspectos intangíveis e abstratos frente a seus objetivos (região de sombra). 
-Trabalho no nível do processo: encorajar um grupo a traduzir em palavras e ações o que se concentra na região da sombra. 
-Trabalhar as variáveis extrínsecas e intrínsecas para não incorrer no erro do grupismo.
“A intervenção no processo grupal visa contribuir para que o grupo seja capaz de entender e apropriar-se destes mecanismos, reconhecendo-os como sendo sua forma de funcionar e, a partir daí, agir sobre seu próprio processo de mudança”
Não é simplesmente aplicar uma técnica, uma sobreposição para um grupo→isso tem uma dinâmica diferente
· Me ensina uma técnica para trabalhar no grupo x, aplicar técnica x no grupo?→ideia de poder, hierarquia→com lugares assimétricos→o facilitador pode facilitar esse processo→mas não com essa ideia de causa e consequencia→aplicar uma técnica vai resultar nisso ou naquilo
· Vítima x sujeito→ideia de um suposto saber→o sujeito é não passivo, é ativo→a dinâmica que vai estabelecendo vai possibilitar caminhos→não nessa ideia de receber técnicas, como se eles não influenciassem
· Cada grupo se estabelece de uma forma
CRÍTICA: focalizar o olhar apenas no grupo→no grupo e pelo grupo, perdendo em o contexto que está inscrito→a influência do meio afeta o desempenho
GRUPISMO: análise ingênua que atribui ao grupo toda e qualquer responsabilidade pelo que acontece no seu funcionamento→a gente precisa considerar os efeitos do meio→o grupismo não leva em consideração o contexto
· Os grupos tem vários atravessamentos institucionais→não é uma mera aplicação de técnicas→existe uma técnica, um método de trabalho
· A partir da escuta e do não dito→a dinâmica pode ir mudando→sutilezas do comportamento verbal e não verbal→o temperamento tem essa função de questionar→coordenador do grupo tem essa função→trazer algo para desfazer o “elefante branco”
TÉCNICA E PROCESSO: quando a gente fala em dinâmica, fala dessas pessoas, não na técnica que “ vou aplicar”
DINÂMICA DE GRUPO: como o grupo se interrelaciona→como os indivíduos se interrelacionam entre si dentro do contexto
TÉCNICA: dispositivo que o facilitador usa→para minimizar as resistências
PROCESSO: resultado da interação dos sujeitos considerando aspectos objetivos e subjetivos→de que forma o conhecimento técnico aparece no processo
FORMAÇÃO DO GRUPO: ?
· Grupo pode não ter função terapêutica, mas acaba tudo uma função terapêutica→temática surge a partir do grupo
PAPEL DO COORDENADOR: perceber o que surge desse grupo→não tamponar as demandas dos participantes para impor as minhas demandas
VARIÁVEIS EXTRÍNSECAS E INTRÍNSECAS: não funciona por causa e consequência→caracterizam o funcionamento da dinâmica do grupo e geram seus processos
EXTRÍNSECAS: ligadas ao contexto local e à instituição, conjunto de políticas, gestão e cultura próprias
INTRINSECAS: ligadas diretamente ao grupo como composição – produção de subjetividade, estilo de liderança, tamanho, objetivo, normas, valores→ estilo de liderança faz diferença, assim como a abordagem teórica→não tem como interpretar o grupo de forma isolada
SE A DINÂMICA DE GRUPO PREOCUPA-SE EM ESTUDAR O FUNCIONAMENTO, PORQUE TEM SIDO CONFUNDIDA COM TÉCNICA DE GRUPO? 
· Conhecimento ingênuo baseado na relação de causa e efeito, buscando fazer o “grupo produzir”; o grupo tem que se “adequar a ela em detrimento do seu processo”
· É comum que em nome de seguir um planejamento prévio, percam o olhar crítico→prestar atenção no que está latente→técnica é uma ferramenta, não um fim em si mesmo
A ESCOLHA E APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS
· Estilo e abordagem teóricas são consideradas
· Considerar
- conhecimento e abordagem teórica do facilitador
- momento do grupo e fase em que se encontra→prevê conhecimento de grupos e terapia pessoal→eu poder escutar vai depender de ter sido escutado
- estilo pessoal do facilitador→risco de mensagem velada de dissonância
· Escutar o que vem de grupos e aí propor técnicas e intervenções
· Impasse entre o estilo do facilitador e o que está inserido no grupo
PORTANTO
· O uso de técnicas de dinâmicas não é simples→escolhas feitas passam por questões teóricas e metodológicas técnicas frente ao processo grupal: o processo se dá no entrelaçar das relações interpessoais e de formação de identidade grupal
· Importância da terapia pessoal: eu poder reconhecer meus limites e se posso ou não dar conta→questão ética
· Um grupo passa por aspectos tangíveis (regiões de luz), bem como intangíveis (regiões de sombra)
· Trabalho no nível do processo: encorajar o grupo a traduzir em palavras e ações o que está na região da sombra→tem algo não dito, algo que está inconsciente, o processo de dar-se conta está em processo e todos sentem a ...→encorajar o grupo a falar e pensarsobre isso
· Trabalhar as variáveis intrínsecas e extrínsecas para não cair no “grupismo”→reducionismo, se ater à aplicação de técnicas→”a aplicação do processo grupal visa contribuir para que o grupo seja capaz de apropriar-se desse mecanismo, reconhecendo-o como sua forma de...”
· Grupos operativos x Grupos terapêuticos→técnica individual e grupal é diferente→todos os grupos que a gente se coloca leva alguma coisa→são objetivos diferentes→ ? é mais grupo operativo; alcoólicos anônimos é mais grupo terapêutico
15.08
Grupoterapias: uma visão histórico-evolutiva e principais referenciais teórico-técnicos 
Zimerman, D. (2000). Uma visão histórica-evolutiva das grupoterapias: principais referenciais teóricos-técnicos. In D. Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias (pp. 66-88). Porto Alegre, RS: Artmed. 
Zimerman, D. (2000). Importância e conceituação de grupo. In D. Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias (pp. 82-87). Porto Alegre, RS: Artmed.
Agrupamento: interesses comuns 
Grupo: interesses em comum
Requisitos que caracterizam um grupo 
• Não é o somatório de vários indivíduos; 
• Tem leis e mecanismos próprios; 
• Reunidos em torno de uma tarefa e objetivo em comum; 
• Tamanho: preservar comunicação (visual, auditiva, verbal, conceitual); 
• Enquadre; 
• Interação afetiva/emocional entre os membros. 
• Se manifesta como uma totalidade (quebra-cabeças). 
• Necessário que fique claramente preservadas as identidades específicas de cada um dos componentes. 
• Existência de uma interação afetiva. 
• Duas forças contraditórias: coesão (pertinência – “vestir a camisa”, pertencência – “meu grupo”) e desintegração (capacidade de perder indivíduos e absorver outros). 
• Campo grupal dinâmico em que se gravitam fantasias, ansiedades, identificações, papéis, etc.
Alguns conceitos
 – CAMPO GRUPAL 
Funcionamento em dois planos 
• Intencionalidade cs: grupo de trabalho 
• Fatores ics 
Diferentes fenômenos 
• Resistência/Contraresistência 
• Transferência/Contratransferência 
• Actings 
• Identificações 
Ansiedades→Persecutórias, depressivas, confusional, engolfamento, perda do amor, etc
Mecanismos de defesa
Comunicação Verbal e não verbal
Papéis
Ressonância 
Fenômenos no campo grupal 
• Fator sociocultural: somente altera o modo de agir mas não a natureza do reagir (ex: culpa, medo e vergonha) 
• Necessária distinção entre a simples emergência de fenômenos grupais (os fenômenos se reproduzem em todos os grupos independente da finalidade) e aquilo que se constitui como um processo grupal terapêutico (necessita de um enquadre apropriado e é específico dos grupos terapêuticos). 
• Necessidade de uma coordenação (estar equipado com uma logística e recursos definidos). 
• Por ainda não haver uma unificada e sólida teoria da dinâmica de grupos, os grupoterapeutas combinam os conhecimentos sobre a dinâmica do campo grupal com a de uma determinada escola.
Múltiplas vertentes: 
➢empírica, ➢psicodramática, ➢sociológica, ➢filosófica, ➢operativa, ➢institucional, ➢comunitária, ➢comunicacional, ➢gestáltica, ➢sistêmica, ➢comportamentalista, ➢psicanalítica. 
Psicologia grupal é resultante da confluência das contribuições provindas da Teoria Psicanalítica e das Ciências Sociais, por meio dos ramos da Sociologia, Antropologia Social e Psicologia Social. 
Principais referenciais teórico-técnicos
Joseph Pratt (1872–1956)→Empírica: Intuição e experimentação
• Americano, Médico Tisiologista. 
• 1ª experiência clínica de atendimento grupal, com pacientes tuberculosos: 
• Consistia em uma aula sobre a higiene e problemas sobre a tuberculose 
• “Função continente” – acolhimento, estrutura familiar-fraternal. 
• Excelentes resultados na aceleração da recuperação física. 
• Modelo dos Alcoólicos Anônimos. 
Jacob Levi Moreno (1892-1974)→Psicodrama
 • Médico judeu, romeno
• Descobriu os efeitos terapêuticos do teatro espontâneo dando origem ao psicodrama clássico
• 1910 – encenações com crianças em parques de Viena 
• 1913 - trabalhou com grupos e dramatizações com prostitutas e presos. 
• 1930 - criou a expressão “terapia de grupo”. 
•Fundou em Viena o “Teatro de Improvisação” – hoje, psicodrama 
Kurt Lewin (1890-1947)→Sociológica
• Psicólogo alemão 
• 1936, criação da expressão “Dinâmica de Grupo” 
• Visão sociológica: integra as experiências sociais à dos grupos 
• Criou laboratórios para descobrir as leis grupais gerais e diagnosticar uma situação grupal específica. 
• Estudos sobre as “maiorias” e “minorias” (especialmente judeus) → minorias ignoradas influenciam e são influenciadas pelo grupo 
Jean Paul Sartre (1905-1980) Filosófico-existencial 
• Filósofo, escritor e crítico francês. 
• Ocupava-se com as questões da liberdade e das responsabilidades individual e coletiva, bem como o jogo dialético entre ambas. 
• Estudou a formação da “totalidade grupal” → comportamento como unidade não absoluta 
• Indivíduos comportam-se a partir das leis grupais e do mundo interno de cada um 
Pichon Rivière (1907-1977)→Grupos Operativos 
• Psicanalista argentino. 
• Partiu de seu Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO) 
• Aprofundou o estudo dos fenômenos que surgem no campo dos grupos não terapêuticos – ao operar numa tarefa objetiva. 
Elliott Jacques (1917-2003)→Institucional 
• Psicanalista de formação kleiniana. 
• Estudou as organizações institucionais. 
• Concebe que as instituições se estruturam como defesas contra as ansiedades persecutórias e depressivas. 
• Enfatiza as fantasias inconscientes, jogo das identificações projetivas, entre membros das instituições – responsáveis pelas distribuições dos papéis e posições. 
Maxwell Jones (1907-1990)→Grupos Comunitários 
• Criador do conceito de Comunidade terapêutica. 
• Potencial terapêutico que emana dos diferentes grupos presentes em uma instituição assistencial → ambientoterapia 
• Ambiente terapêutico: recuperação do indivíduo através de um processo de reinserção e reeducação social. 
• Aprendizagem social: resulta da interação interpessoal após a análise em grupo de seus conflitos e crises. 
David Liberman (1920-1983)→Comunicacional-interacional 
• Psicanalista argentino 
• Processo da semiótica, sintaxe e a semântica da normalidade e da patologia da comunicação – tanto verbal quando não verbal. 
• Estudou os diferentes estilos linguísticos que permeiam as inter-relações humanas. 
Frederik Perls (1893-1970)→Gestalt 
• Médico Alemão. 
• Fundou a Gestalt-terapia 
• Baseia-se no fato de que o grupo se comporta como um catalizador: a emoção de um desencadeia emoções nos outros e a emoção de cada um é amplificada pela presença dos outros. 
• Tomada de consciência do comportamento nãoverbal dos elementos do grupo. 
Teoria Sistêmica 
• Base da moderna terapia de família. 
•Concebe a família como um sistema: seus diversos componentes se dispõem em uma combinação e hierarquização de papéis que visa a manter o equilíbrio do grupo. 
Teoria Cognitivo Comportamental 
• Preconiza a relevância de que o paciente deva ter um claro conhecimento da sua conduta consciente em relação ao seu grupo social. 
• São utilizadas várias técnicas de reeducação. 
Teoria Psicanalítica 
• Freud • Foulkes • Bion • René Kaës
 “A oposição entre psicologia individual e psicologia social ou das massas, que à primeira vista pode parecer muito significativa, perde boa parte de sua agudeza se a examinamos mais detidamente. (...) portanto a psicologia individual é também, desde o início, psicologia social, num sentido ampliado, mas inteiramente justificado” (Freud, 1921/2011) 
Sigmund Freud (1856-1939) 
• Assinalou que a psicologia individual e a psicologia social não diferem em sua essência. 
• Trouxe várias contribuições específicas à psicologia dos grupos em 5 trabalhos: 
➢ As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1910): “o êxito que a terapia passa a ter no indivíduo haverá de obtê-la igualmente na coletividade”. 
➢ Totem e Tabu (1913): por intermédio do ics a humanidade transmite suas leis sociais, assim como estas produzem a cultura. 
➢ Psicologia das massas e análise doego (1921): faz uma revisão sobre a teoria das multidões, os grandes grupos artificiais (Igreja e Exército), os processos identificatórios, lideranças e forças que influem na coesão e desagregação do grupo. 
➢ O Futuro de uma ilusão (1927): origem, desenvolvimento e futuro da religião 
➢ Mal-estar na civilização (1930): grupos se organizam de tal forma que se unem em detrimento de um grupo externo como “rival”. 
Foulkes (1898-1976) 
• 1948: inaugurou a prática da psicoterapia de grupo. 
• Enfoque gestáltico: o grupo se organizava como uma nova totalidade, diferente da soma dos indivíduos. 
• Considerado o líder mundial da psicoterapia analítica de grupo. 
• “grupo se comporta como uma rede, tal qual como o cérebro, onde cada paciente, como cada neurônio, é visto como um ponto nodal”.
Principais contribuições originais: 
• O grupo em si como principal veículo e instrumento terapêutico.
• Matriz grupal – gera processos novos em cada um.
• Processo de Ressonância – fato trazido ressoa nos demais e estabelece uma comunicação inconsciente entre todos. 
• Sala de espelhos – aspectos individuais refletidos nos demais membros do grupo
Wilfred Bion (1897-1979) 
• Segunda Guerra Mundial – identifica distúrbios emocionais como principal causa de inativação dos militares. • Forças armadas propunham programas de readaptação.
• Bion observou conluio inconsciente entre os pacientes, o corpo médico e a instituição hospitalar. Utiliza o recurso grupal no hospital militar com a duração de seis semanas.
• Seleção dos oficiais – técnicas que permitiam observar os tipos de liderança. 1948 – organizou os seus grupos unicamente terapêuticos. 
Principais conceitos de Bion 
• Mentalidade Grupal: unanimidade de pensamento e de objetivo, transcendendo aos indivíduos e se instituindo como uma entidade à parte. 
• Cultura do Grupo: Resulta da oposição conflitiva entre as necessidades da “mentalidade grupal” e as de cada indivíduo em particular. 
• Valência: termo extraído da Química (o número de combinações que um átomo estabelece com outros) e que designa a aptidão de cada indivíduo combinar com os demais, em função dos fatores inconscientes de cada um. 
• Cooperação: Interação sob a égide da razão; própria do funcionamento de um “grupo de trabalho”.
• Grupo de Trabalho (GT): todo grupo opera sempre em dois níveis que são simultâneos, opostos e interativos, embora bem delimitados entre si. Um nível é o que ele denomina como “grupo de trabalho”, o outro é o “grupo de base” (ou de “pressupostos básicos”). GT está voltado para os aspectos conscientes de uma determinada tarefa combinada por todos os membros do grupo.
 •Grupo de (Pré)Supostos Básicos (SB): Funciona nos moldes do processo primário do pensamento e, portanto, obedece às leis do inconsciente. Essas modalidades de supostos básicos não se contrapõem entre si; pelo contrário, podem coexistir em um mesmo grupo e se alternarem no surgimento. São 3 supostos básicos:
 1) dependência: funcionamento primitivo; elege um líder carismático em busca de proteção e segurança; vínculo mais parasitário/simbiótico. 
2) luta e fuga: ics grupal dominado por ansiedades persecutórias; luta ou fuga diante de situações novas ou dificuldades; elege um líder com características paranoides e/ou tirânicas. 
3) acasalamento/pareamento: grupo espera a vinda de um “Messias” que irá salvá-lo das dificuldades, depositando essa esperança em uma pessoa, uma ideia ou um acontecimento; organiza-se com defesas maníacas; elege um líder com características messiânicas ou místicas. 
René Kaës 
• Década de 60: primeiros trabalhos sobre a dinâmica dos grupos por psicanalistas como René Kaës e Didier Anzieu. 
• Importantes conceitos: 
1. “Ilusão Grupal”: sensação do grupo por si só completar as necessidades de cada um e de todos 
2. “Aparelho Psíquico Grupal”: em toda situação grupal os processos inconscientes são os mesmos - mesmas instâncias que o individual, mas não dos mesmos princípios de funcionamento. 
3. As grupoterapias passam a ter uma identidade própria. 
4. Aos 15 anos Kaës fundou um cineclube para crianças e organizou muitas atividades culturais em grupos. 
5. Foi aluno de Didier Anzieu com quem começou a fazer psicodrama e recebeu forte influência. 
Principais conceitos de Kaës 
• Ancoragem”: importante processo de fixação e de representação psíquica. Um dos processos mais importantes da construção do psiquismo. 
• Kaës empresta 3 significados às funções da ancoragem: 
1. como forma de apoio (relacionado a função continente), 
2. como um modelo (ligado aos processos identificatórios) 
3. como uma forma de inscrição no psiquismo da criança com as respectivas transcrições de primitivas experiências emocionais, que determinam as características singulares, únicas e irrepetíveis do sujeito. 
• Pacto denegativo: duas ou mais pessoas mantém um conluio inconsciente para manter a “denegação” de tudo aquilo que está reprimido e que o grupo conluiado entre si não quer tomar conhecimento. 
• Intertransferência: nas terapias grupais realizadas por dois terapeutas, considerar o que se reatualiza e se cria entre os analistas pelo efeito do vínculo. Podem apresentar-se diversas configurações da transferência. 
Agrupamento→interesses comuns X Grupo→interesses em comum
· Por mais que o grupo tenha um coordenador, um líder, em determinado momento surge outro
· Livro: traz o exemplo da orquestra
-agrupamento→antes de começar o concerto→grupo ensaiando como precisa, sozinho
-campo→quando o concerto começa, se configura um grupo→em interação entre si, algo coeso, harmônico
REQUISITOS QUE CARACTERIZAM UM GRUPO
· Não é um somatório de vários indivíduos→ideia de figura de fundo→Gestalt→o todo é diferente da soma das partes→as partes vão formando um elemento maior→diferente dos grupos na clínica→por mais que traga grupos primordiais, vou trabalhar questões que são de de indivíduos→vou olhar o todo grupal
· Tem leis e mecanismos próprios→os mecanismos de defesa, identificação, projeção vão funcionar de maneira diferente→cada um pode assumir um papel em determinado momento→são dinâmicos→papéis podem oscilar→vão alternar ao longo do tempo→num grupo operativo, de trabalho, isso pode acontecer
· Reunidos em torno de um objetivo em comum→ex: um grupo terapêutico→objetivo em comum é a transformação→p.e. psicoeducação→falar do transtorno→vai mudando ao longo do tempo com mas com objetivo em comum→algo que uma em torno dessa tarefa
· Tamanho: preservar comunicação (visual, auditiva, verbal, conceitual)→ex: um CONGRESSO não se configura um grupo→então, se faz GTs→ali sim, pode configurar um grupo→que tem uma atividade em comum, em prol de alguma coisa
· ENQUADRE→combinações→vai dando um contorno concreto, mas também vai dando um contorno interno→posso ter uma recombinação, uma mudança de enquadre→no meio do caminho, pode haver rearranjos
· INTEGRAÇÃO AFETIVA/EMOCIONAL ENTRE OS MEMBROS→requisito para se configurar um campo grupal→podem haver hostilidades, mas é papel do coordenador identificar e nomear→trazer isso para a consciência→poder perceber o que está perpassando
· SE MANIFESTA EM UMA TOTALIDADE (quebra-cabeças)→cada pecinha é essencial para a gente ter esse todo→cada uma dessas partes são essenciais para que a gente tenha essa visão do todo→funcionamento se dá em relação ao todo
· NECESSÁRIO QUE FIQUE PRESERVADA AS IDENTIDADES ESPECÍFICAS DE CADA UM→é importante preservar as identidades, mas existe uma identidade grupal
· EXISTE UMA INTERAÇÃO AFETIVA
· DUAS FORÇAS CONTRADITÓRIAS→Zimermman traz esses conceitos de Bion→caminham juntos→coesão e desintegração 
Coesão ─ pertinência
 ─ vestir a camisa
 ─ pertencência
Desintegração ─ capacidade de perder indivíduos e absorver outros
 ─ como o grupo vai flexibilizar os movimentos dos membros
 ─ características específicas perpassam pelo imaginário
· CAMPO GRUPAL DINÂMICO EM QUE SE GRAVITAM FANTASIAS, ANSIEDADES, IDENTIFICAÇÕES (viés inconsciente de desejos→projeçõescomo funcionamento→tem influência de MK→que fala de mecanismos de defesa→identificação projetiva→sempre terão pulsões circulando), PAPÉIS (dinâmico, não é estanque→”eu assumo esse papel e não consigo me mover”→observador/porta-voz/líder→percebo as dinâmicas, movimentações e faço denúncias→carga emocional grande)
· Se eu trago para a consciência e consigo nomear, outras pessoas vão se percebendo
ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DENTRO DA DINÂMICA GRUPAL
· funcionamento em dois planos→ intencionalidade CS/fatores ICS→tudo o que o campo nomear, como o enquadre, a identidade grupal→aspecto consciente→também é importante trabalhar questões que não nomeadas, mas estão latentes→fatores inconscientes tem a ver com o que perpassa o grupo
· diferentes fenômenos→resistência/transferência/contratransferência
· actings→pode ser uma atuação no grupo ou fora→p.e.destoar do grupo→denuncia situações complicadas
· identificacões
· ansiedades→diferentes ansiedades que perpassam os grupos→alguns grupos se reúnem a partir de ansiedades persecutórias→Freud siz que existem grupos que se reúnem desde que eu possa odiar um grupo externo→ansiedades persecutórias
· mecanismos de defesa
· comunicação verbal e não verbal→escuta de ambos os comportamentos
· papéis
· ressonância→fala como um membro do grupo vai afetar outro→exemplo: mesa de sinuca, tacada na bola branca, espalha as outras→isso é ressonância→algo que atinge um grupo afeta os demais
FENÔMENOS DO CAMPO GRUPAL
· fator sociocultural: altera o modo de agir, mas não a natureza do reagir→ex: culpa, medo e vergonha→exemplo: uma menina nos anos 60 com vergonha de contar que já teve relações no grupo; diferente dos anos 80 que uma menina tinha medo, culpa, vergonha se ainda era virgem→dentro do grupo leva em consideração a cultura que o grupo está inserido
· necessária distinção entre a simples emergência de fenômenos grupais (os fenômenos se reproduzem em todos os grupos, independente da finalidade (processo grupal necessita um enquadre adequado e é específico de grupos terapêuticos-aquilo que vou poder trabalhar)
· ≠ grupo operativo (tem essa finalidade: preciso dar conta da tarefa) / 
≠ grupo de trabalho (mais objetivo, sem espaço para outras demandas; finalidade pontual, objetivo) 
≠ grupo terapêutico (o processo não tem como definir a priori→tenho idéias mas não tenho como dizer como vai ser esse processo)
· Necessidade de uma coordenação (estar equipado com uma logística e recursos definidos)
· Por não haver uma unificada e sólida teoria da dinâmica de grupos, os grupoterapeutas combinam os conhecimentos sobre a dinâmica do campo grupal com a de uma determinada escola→conceitos, técnicas, teorias, para dispor de uma visão de campo grupal
· Formação de grupos terapêuticos→base analítica
· Perfil de grupoterapeutas
CONTRIBUIÇÕES
Teoria psicanalítica
Ciências sociais
Antropologia social
Psicologia social
↓
Cada vertente vai privilegiar um aspecto da dinâmica dos processos grupais
JOSEPH PRATT 1872-1956
- como uma psicoeducação
- corrente empírica
- fundamento: intuição e experimentação
- primeira experiência com pacientes tuberculosos→saber mais noções de higiene e a (sobre) a doença→resultado: aceleração da recuperação física
- aqui, o empirismo não é científico, é por observação
- função continente: acolhimento, estrutura familiar – fraternal
- AA: alcoólicos anônimos→função mais empírica: compartilha experiências→ estar no grupo retroalimenta
JACOB LEVY MORENO 1892-1974
- mobiliza afetos
- descobriria efeitos terapêuticos do teatro espontâneo, dando origem ao psicodrama clássico
- 1910: encenações com crianças nos parques de Viena→as crianças fazem muito isso
- 1913: trabalhou com grupos e dramatizações
- Humanismo: encenação x TCC: roleplay, fazer de conta que estou nesse papel
- 1930: criou a expressão “terapia de grupo”
- fundou em Viena “O Teatro de Improvisação”→hoje “Psicodrama”
- empresta recursos como um ego auxiliar→pessoa se ensaia para outros papéis
KURT LEWIN 1890-1946
- 1936: criou a expressão dinâmica de grupo→ideia do processo do que perpassa o grupo
- visão sociológica: integra as experiências sociais às dos grupos→nos diferentes grupos sociais macrogrupos, para grupos menores (como grupos terapêuticos)
- criou laboratórios para descobrir as leis grupais gerais e diagnosticar uma situ ação grupal específica
- estudos sobre as maiorias e minorias→minorias ignoradas influenciam e são influenciadas pelo grupo→autor que se usa para leitura de minorias→leitura mais social
SARTRE 1905-1980
- filósofo existencial
- ocupava-se da vertente individual e coletiva, bem como o jogo dialético entre eles
- “totalidade grupal”→não é absoluta→preciso levar em consideração pequenas partes
- indíviduo se comporta a partir das leis grupais e do mundo interno→questões as mais diversas, seja traumática ou de um transtorno específico→vai aparecer aquele grupo→como se relaciona com os membros e a unidade grupal
PICHÓN-RIVIERE 1907-1977
- partiu do ECRO→esquema conceitual referencial operativo→aprofundando estudos dos fenômenos que surgem no campo dos grupos não terapêuticos→ao operar uma tarefa objetiva→ex: RH com processos se perdendo→precisa trabalhar a comunicação, é específico
ELIOTT JACQUES 1917-2003
- formação kleiniana→vários autores que trabalham com grupos tem a inflência de MK→relações objetais→transpõem essas relações para o grupo→mais conceitos de Klein, como identificação projetiva
- concebe que as instituições se estruturam como defesas contra as ansiedades persecutórias→essas instituições totalitárias, que excluem o sujeito como, como os manicômios, eram discriminatórias→ideia que excluo do grupo aqueles que julgo como ameaçadores, inimigos
- enfatiza as fantasias inconscientes→jogo das identificações projetivas→jogo de poder nas instituições
MAXWELL JONES 1907-1990
- criador: comunidade terapêutica
- ambientoterapia
- potencial terapêutico que emerge dos diferentes grupos presentes em uma instituição assistencial
- ambiente terapêutico→recuperação do indivíduo através de um processo de reinserção e reeducação social→tanto crianças regressivas quanto pacientes adultos que se desorganizam→proporcionam ambientes terapêuticos para se reorganizar
- aprendizagem social→interesse interpessoal/situações de crise
DAVID LIBERMAN	
- semiótica, sintática, semântica→estudo dos signos e sinais dentro do que é considerado normal e patológico→dentro do contexto, tanto do verbal quanto do não verbal→a escuta é principalmente através do não dito, ou porque está no nível latente, ou porque não pode ser dito por um fenômeno de resistência
- estudou os diferentes estilos lingüísticos nas relações interpessoais
FREDERIK PERLS 1897-1970
- fundou a Gestalt Terapia
- grupo como catalisador: a emoção de um desencadeia emoções→amplificado pela presença dos outros
- tomada de consciência→um objetivo do grupo é poder tomar consciência→se apoderar do que acontece no funcionamento grupal→tomar consciência do que não é dito
TEORIA SISTÊMICA
- base da terapia moderna de famílias
- família como sistema→seus componentes se dispõem em uma organização e hierarquização de papéis que visa manter o equilíbrio do grupo→às vezes mexe num equilíbrio homeostático
- o grupo também tem isso, às vezes tem um conluio→não necessariamente saudável→tem assuntos que não são tocados, que a gente não fala→mexer nisso desacomoda
TCC
- conhecimento da conduta consciente em relação ao seu grupo social
- são utilizadas várias técnicas de reeducação
FREUD
- psicanálise individual e social não diferem em sua essência
- contribuições específicas em 5 trabalhos
1. As perspectivas da terapêutica psicanalítica 3. Psicologia das massas e análise do ego 5. Mal estar na civilização
2. Totem e tabu 4. O futuro de uma ilusão 
- Psicologia das massas: grandes grupos→como ele funciona dentro de um grupo com massa→ex. estádio de futebol→parece que porque o indivíduo está numa massa pode tudo→o quanto o comportamento do sujeito na massa sesobressai→parece que tem uma autorização→nós temos em nós esse caráter agressivo→temos pulsões→mas parece que nessa é permitido
- Mal estar na civilização→tudo o que a gente precisa abrir mão nos processos civilizatórios→abrir mão das pulsões→que em alguma medida é um sacrifício→nas religiões tem muito isso→a punição→nas guerras isso fica claro→na questão das minorias também→me reúno entre iguais para lidar com meu ódio→esses grupos se reúnem não por amor, mas por um ódio em comum
FOULKE
- influencia de .... e de Gestalt
- 1948: inaugura a prática da psicoterapia de grupo
- grupo se comporta como na rede, tal qual o cérebro, onde cada paciente, como cada neurônio, é visto como um ponto nodal
Contribuições
- grupo em si como principal veículo e instrumento terapêutico
- matriz grupal→gera processos novos em cada um→reproduz, proporciona esses processos
- processo de ressonância→fato trazido ressoa nos demais→estabelece comunicação inconsciente
- sala de espelhos→um aspecto individual meu é refletido nos demais membros do grupo
WILFRED BION
- analisado por MK→influência direta
- Segunda Guerra Mundial→homeostase baseada na insegurança→conluio inconsciente entre pacientes, corpo médico e a instituição hospitalar→um conluio para que não voltassem ao front
- utiliza o recurso grupal no hospital militar com a duração de 6 semanas→mexe com o clima→tem um efeito no todo da instituição
- seleção de pessoal para ocupar cargos altos→oficiais→demanda→processo era extenso, por isso surge o zuleger→propunha técnicas de grupo sem líder para ver quem se sobressai e quem o grupo elege como líder→técnica do grupo sem líder→papéis emergem nos grupos
- passou a trabalhar com grupos unicamente terapêuticos
Principais conceitos 
- mentalidade grupal→
- cultura do grupo→resulta da oposição conflitiva entre as necessidades de mentalidade grupal e as de cada indivíduo
- valência→aptidão de cada indivíduo combinar com os demais em função dos fatores inconscientes de cada um
- grupo de trabalho x grupo de base
- grupo de pressupostos básicos (SB)
1. dependência→ex. Jesus→funcionamento primitivo, elege líder carismático, vínculo mais simbólico
2. luta e fuga→inconsciente grupal dominado por ansiedades persecutórias→elege líder com características paranóides/tirânicas
RENÉ KAES
- década de 60: primeiros trabalhos de René Kaes e Didier Anzier
- ilusão grupal→o que grupo por si só completa as necessidades de cada um
- aparelho psíquico grupal: processos inconscientes são os mesmos→mesmas instâncias do individual
- grupoterapias tem identidade própria→diferenças expressivas dentro de cada grupo
- 15 anos fundou um cineclube para crianças (?)
- aluno de Didier Anzier
Conceitos
- ancoragem: processo de fixação e interpretação psíquicas→3 significados
1. apoio→ligado à função continente
2. modelo→ligado aos processos identificatórios
3. forma de inscrição
- pacto denegativo→conluio inconsciente para manter a denegação do que está reprimido→”não falar sobre isso”
- intertransferência
22.08
MODALIDADES GRUPAIS
Zimerman, D. (2000). Modalidades grupais. In D. Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias. (pp. 88-96). Porto Alegre, RS: Artmed. 
Classificação e estruturação de grupos 
Zimerman, D., & Osório, L. C. (1997). Classificação geral dos grupos. In D. Zimerman & L. C. Osório (Ed.), Como trabalhamos com grupos (pp. 75- 82). Porto Alegre, RS: Artmed.
MODALIDADES GRUPAIS 
· Como se processam na prática?
· Quais são os seus objetivos?
· Para quem se destinam? 
· Quem pode praticar as técnicas grupais? 
“Os fenômenos grupais são sempre os mesmos em qualquer grupo, variando as respostas as perguntas feitas, e essa variação é que irá determinar a finalidade e, portanto, a modalidade grupal” 
 ➢ Mesmo nome – atividades diferentes . 
➢ Necessidade de uma classificação do ponto de vista : vertente teórica, tipo do setting instituído, finalidade, tipo de integrantes, tipo de vinculo com o coordenador, etc . 
 CATEGORIAS DE ACORDO COM A TÉCNICA E COM O VÍNCULO 
1. Pelo Grupo→O grupo orbita em torno do terapeuta. Recurso da sugestão e identificação com o líder. Pacientes regressivos. “Grupo Pratt” ou “Grupo de Apoio”. 1
2. Em Grupo→Tratamento individual feito na presença dos demais. Assinalamentos e interpretações são dirigidas separadamente a cada paciente. 
3.Do Grupo→Enfoque interpretativo sempre dirigido ao grupo em sua totalidade como uma nova individualidade. 
4. De grupo→Privilegia as individualidades e a partir delas abrange a generalidade. 
5. Com o Grupo→Cada paciente tem liberdade de exercer uma capacidade interpretativa para seus pares e junto com eles. Introjetam a “função psicanalítica” do grupoterapeuta.
 CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE ACORDO COM AS FINALIDADES
GRUPOS OPERATIVOS 
 Extremamente abrangente na aplicação dos postulados.
 Pichon Rivière (desde 1945 introduziu, sistematizou e divulgou): 
▪ Esquema conceitual referencial operativo (ECRO): Fatores cs e ics que se manifestam em três áreas: mente, corpo e mundo externo. 
▪ Principais conceitos: teoria dos vínculos, formação de papéis, esquema corporal, modelo do “cone invertido”, “prétarefa” e a noção dos “três D”. 
▪ Coordenador: atividade deve ficar centralizada na tarefa proposta – intervenções de ordem interpretativa somente em situações de ameaça a integração e evolução. 
GRUPOS OPERATIVOS VOLTADOS AO ENSINO-APRENDIZAGEM. 
Ideologia: ’aprender a aprender”, de modo que “mais importante do que encher cabeças é formar cabeças”. 
GRUPOS INSTITUCIONAIS: 
Utilizados em escolas entre pais, mestres e alunos visando debates e encontrar uma ideologia comum humanística. Também em associações de classe, como em sindicatos, Exército e Igreja. Também em empresas no intuito de aumentar o rendimento. 
GRUPOS COMUNITÁRIOS: 
▪ Diferentes grupos dentro de uma comunidade (adolescentes, líderes comunitários, etc ) 
▪ Coordenador de diferentes áreas →desde que fique dentro da tarefa, considerando seus limites. 
GRUPO DE REFLEXÃO: 
▪ Re-flexão: sugere que cada um e todos do grupo façam uma renovada e continuada flexão de si próprios, assumindo suas responsabilidades. A palavra também indica a propriedade de um espelho onde cada um pode refletir-se de forma especular nos demais e vice-versa. 
▪ Uma das modalidades de Grupo Operativo e segue as regras básicas deste. 
▪ Serve como importante instrumento para a área de ensino-aprendizagem – aliar ao propósito da informação o da formação – aquisição de atitudes internas. 
▪ Mesmo não sendo uma forma de psicoterapia analítica exerce uma ação terapêutica. 
▪ Trabalha-se com as seguintes funções do Ego: percepção, pensamento, conhecimento e comunicação. 
▪ Linguagem verbal e pré-verbal: actings,somatizações → capacidade de verbalização deve ser desenvolvida. 
▪ Ex: Estudantes, profissionais de diversos cursos de especialização, equipes multidisciplinares. 
GRUPOS TERAPÊUTICOS
GRUPOS DE AUTOAJUDA 
➢ Largo âmbito de áreas beneficiadas. 
➢ Inequívoca comprovação de sua eficácia. 
➢ Compostos por pessoas portadoras de uma mesma categoria de necessidades: 
▪ Adictos; 
▪ Cuidados primários de saúde (preventivo, diabetes, tuberculose, etc); 
▪ Reabilitação (infartados, etc); 
▪ Sobrevivência Social (estigmatizados); 
▪ Suporte (doenças crônicas, terminais, etc); 
▪ Problemas sexuais e conjugais.
GRUPOS PSICOTERÁPICOS PROPRIAMENTE DITOS
Corrente psicanalítica 
Corrente Psicodramática 
Teoria Sistêmica 
Corrente Cognitivo-comportamental
 
CORRENTE PSICANALÍTICA 
▪ Abriga muitas escolas. 
▪ Fenômenos provindos de um Inconsciente Dinâmico. 
▪ Da mesma forma como nas individuais, as grupoterapias podem funcionar por um período de tempo longo ou curto, uma finalidade de insight destinado a mudanças, limitar-se a benefícios terapêuticos menos pretenciosos ou, ainda, manter um estado de equilíbrio (em psicóticos, por ex.)
▪ Requer uma variabilidade de enquadres, o que também vai determinar uma especificação técnica.
CORRENTE PSICODRAMÁTICA 
▪ Ainda conserva o mesmo eixo fundamental constituído pelos seguintes seis elementos: cenário, protagonista,diretor, Ego auxiliar, público e a cena a ser apresentada.
▪ Papel do coordenador é central. 
▪ Utiliza algumas técnicas em etapas definidas, que não são estanques: 
Técnica da dupla: reconhecimento da indiferenciação eu X outro. 
Técnica do espelho: o protagonista sai do palco e assiste à reapresentação que o ego auxiliar faz dele. 
Técnica da inversão dos papéis: desenvolver o sentimento de consideração pelos demais. 
TEORIA SISTÊMICA 
▪ Parte do princípio de que os grupos funcionam como um sistema. 
▪ Qualquer modificação de um dos elementos irá afetar o sistema como um todo. 
▪ Vem tendo expansão significativa e possui seus referenciais específicos. 
▪ Seus praticantes também podem utilizar o respaldo oferecido pelos conhecimentos psicanalíticos, assim como algumas técnicas de dramatização. 
CORRENTE COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
▪ São valorizadas as expectativas que o sujeito sente-se na obrigação de cumprir, a qualificação dos seus valores, as significações que ele empresta aos seus atos e crenças, bem como a sua forma de adaptação à cultura vigente. ▪ Técnica terapêutica visa 3 objetivos:
1. Reeducação das concepções errôneas – nível consciente 
2. Treinamentos de habilidades comportamentais 
3. Modificação no estilo de viver 
▪ Está sendo utilizada no tratamento de drogaditos em geral, ou nos casos de adições sem drogas, por exemplo, no tratamento em grupo com obesos. 
▪ É de fundamental importância que haja o desenvolvimento das funções do Ego consciente, tais como: antecipar, prevenir, modificar, além de situações que implicam risco de reincidência. 
CLASSIFICAÇÃO
Operativos
↓
- ensino-aprendizagem (Técnica: grupos de reflexão)
-institucionais (empresas, escolas, igrejas, exército)
- comunitários (programas de saúde mental)
Terapêuticos
↓
- de auto-ajuda
- área médica em geral (diabéticos, idosos, etc)
- na área psiquiátrica (anônimos, pacientes border)
- psicoterápicos (base psicanalítica, psicodrama, abordagem múltipla, teoria sistêmica, TCC)
· Quando algo no grupo aparece→transferência/resistência/processo agressivo→aí é preciso fazer intervenções→trazer à tona o processo reflexivo
· Quando se fala em grupo, dificilmente se tira do grupo→se traz para o grupo→fazer com que se possa pensar→poder falar sobre aquilo ali
· Questões grupais surgem e se atravessam→gestor precisa entender questões técnicas e também grupais→o todo não é a soma das partes→não é pegar aqui e jogar ali→precisa de um todo coeso
· seminário→ver perfil de liderança→líder pode ser mais rígido ou promover mais autonomia
· cada membro que entra ou sai provoca um efeito nos demais
GRUPOS OPERATIVOS
· Pichon-Riviére (desde 1945)
· Esquema conceitual operativo (ECRO)→fatores cs e ics se manifestam em 3 áreas: mente/corpo/mundo externo
CONCEITOS
- teoria dos vínculos
- formação de papéis
- esquema corpo
- modelo de cone invertido
- pré-tarefa→grupo está em contemplação e precisa de uma pré-tarefa para movimentar
- noção dos 3 D
Coordenador
↓
Atividade centrada na tarefa proposta→fenômenos só vão ser trazidos se estiverem atravessando a tarefa→foco na tarefa
CRÍTICA: vão surgir processos que não estão atrapalhando, mas as pessoas se sentem incomodadas→se não for falado, trabalhado, fica solto→nos grupos operativos, só vai ser discutido se estiver atrapalhando a tarefa
GRUPOS OPERATIVOS VOLTADOS AO ENSINO-APRENDIZAGEM
↓
Aprender a aprender→mais importante que encher cabeças é formar cabeças→maneira de ensinar de modo que as pessoas realmente aprendem
· Grupo operativo voltado para o ensino-aprendizagem ou institucional→membros do grupo exercem influência também no setting→pensar sempre: ao que o grupo se propõe→grupos mais de apoio, por exemplo, como NA tem essa ideia de roda de conversa, acolhimento
· Bullying na escola→pode ser um grupo operativo
GRUPOS INSTITUCIONAIS
↓
Utilizados em escolas→pais, professores→diferentes grupos com uma ideia em comum→associações de classe, exército e igreja→também em empresas, para aumentar o rendimento→para que a tarefa seja executada da melhor maneira possível
GRUPOS COMUNITÁRIOS
↓
Diferentes grupos dentro de uma comunidade→pode observar grupos de crianças na pracinha→como se organizam→muitas vezes, um se coloca no papel de líder→organiza as brincadeiras, etc
- o coordenador pode ser de diferentes áreas, não um psicólogo
- o limite vai ser ficar dentro da tarefa→dentro dos limites→poder reconhecer o limite e saber que ali não vou poder intervir→poder se reconhecer no limite 
GRUPO DE REFLEXÃO
↓
reflexão→sempre que cada um do grupo e todos focam numa continuada reflexão de si próprios, assumindo suas responsabilidades→também indica a propriedade de um espelho, onde cada um pode refletir –se de forma especular nos demais e vice-versa
- característica um pouco mais madura→a partir de se ver nos outros membros, há essa interação→não é um grupo voltado para o líder
- uma modalidade de grupo operativo→voltado para a tarefa
- serve como instrumento para a área de ensino-aprendizagem→aquisição de atitudes internas→um refletir o outro: horizontalidade
- não é psicoterapia mas exerce uma ação terapêutica
- trabalha-se com as seguintes funções do ego: percepção, pensamento, conhecimento, comunicação
- conhecimento está mais voltado para a área de ensino-aprendizagem
- linguagem verbal e pré-verbal→a linguagem pré verbal fala de actings ou atuações→capacidade de verbalização deve ser desenvolvida→trazer para o grupo para que se possa falar sobre isso→que não precisa dizer através do ato→palavra de forma mais elaborada
GRUPOS TERAPÊUTICOS
↓
Tem uma finalidade terapêutica→diferentes formações
GRUPOS DE AUTOAJUDA
↓
não é um tratamento, mas tem efeito terapêutico→efeito de descarga, falar sobre o que me angustia→o efeito terapêutico é a troca de experiências
- largo âmbito de áreas beneficiadas
- inequívoca comprovação de sua eficácia
- compostos por pessoas de uma mesma categoria de necessidades→algo em comum que faz com que se unam
· Adictos
· Cuidados primários de saúde→é preventivo→psicoeducação sobre a doença (p.e. diabetes)→é uma técnica para disseminar a info→não tem a característica de ensinar→diferente de um ensino mais formal
· Reabilitação (p.e. infartados)
· Sobrevivência social (estigmatizados→que sofrem preconceito→e. LGBT)
· Suporte (doenças crônicas, terminais, etc)
· Problemas sexuais e conjugais
GRUPOS PSICOTERÁPICOS PROPRIAMENTE DITOS
↓
Coordenados por profissionais a partir de perspectivas teóricas
CORRENTE PSICANALÍTICA
↓
- abriga muitas escolas (ex. Pichon, Bion, Zimermman)
- fenômenos provindos de um ICS dinâmico→pressuposto comum da psicanálise→aquilo que está latente no grupo→não é só comunicar algo que percebo mas como fazer intervenções que vão trabalhar isso
- podem funcionar por um membro longo ou curto→finalidade de insight destinado a mudanças, benefícios terapêuticos menos pretenciosos ou manter um estado em equilíbrio→p.e. psicótico entrar em crise menos vezes
- requer uma variabilidade de enquadres, o que vai determinar uma especificidade→aonde este grupo está inserido→vai estar dentro de um hospital? Cuidados paliativos?grupo psicoterapêutico aberto?→pessoas convocadas a estar alio desejo também configura enquadre
CORRENTE PSICODRAMÁTICA
↓
Ainda conserva o mesmo eixo fundamental constituído pelos seguintes seis elementos:
· Cenário
· Protagonista
· Diretor
· Ego auxiliar
· Público
· Cena
- o papel do coordenador é central→cena não se dá de maneira espontânea→coordenador indica técnicas
- utiliza algumas técnicas em etapas definidas que não são estanques
- técnica da dupla: reconhecimento→identificação eu x outro→duplo no sentido do que eu vejo em mim e no outro
- técnica do espelho: o protagonista sai do palco e assiste à representação que o ego auxiliar faz dele→sai do palco e olha de fora
- técnica da inversão de papéis: desenvolver o sentimento de consideração pelos demais→tem técnicas mais diretivas, tanto que tem o diretor, diferente de grupo psicanalítico, que tem uma associação livre→se recria uma cena
TEORIA SISTÊMICA
↓
Todos os grupos formam um sistema→qualquermodificação de um dos elementos afeta todo o resto→alguém funcionando de forma disfuncional afeta o todo
- vem de uma expansão significativa e possui seus referenciais específicos
- seus praticantes também podem utilizar o respaldo oferecido pelos conhecimentos psicanalíticos, assim como algumas técnicas de dramatização
CORRENTE COGNITIVO COMPORTAMENTAL
↓
São valorizadas as expectativas que os sujeitos sentem-se na obrigação de cumprir,a qualificação dos seus valores, as significações que ele empresta aos seus atos e crenças, bem como na sua forma de adaptação à cultura
- visam três objetivos:
1. Reeducação das concepções errôneas – nível consciente 
2.Treinamentos de habilidades comportamentais 
3. Modificação no estilo de viver
- está sendo utilizada no tratamento de drogaditos em geral, ou nos casos de adições sem drogas, por exemplo, no tratamento em grupo com obesos
- é de fundamental importância que haja o desenvolvimento do ego para antecipar, prevenir, modificar→p.e, no uso de drogas é esperado que haja recaídas
Para o trabalho:
- estudantes, profissionais
- o que chama atenção
- de que se forma se relaciona
- quem é o líder→observação do grupo
- uma das características para formar um grupo é que as pessoas se enxerguem
- temática que vai perpassar o grupo vai depender do tipo de grupo, p.e. se é de um transtorno específico será perpassado por determinados aspectos, crianças na escola de outro
- ideia é olhar, essa escuta e o link entre teoria e prática
12.09
FUNÇÃO CONTINENTE & ENQUADRE
Green, A. (1986/2009). O trabalho do negativo. Porto Alegre: Artmed.
 Zimerman, D. (2000). A função “continente” do grupo. In D. Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias (pp. 97-102). Porto Alegre, RS: Artmed
Zimerman, D. (2000). Enquadre (setting) grupal. In D. Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias (pp. 144-151). Porto Alegre, RS: 
A função continente do grupo
Psicanálise e a função de maternagem 
● Holding (Winnicott) X Continência (Bion) 
● Continência: a mãe (ou terapeuta): 
a. acolhe a carga das identificações projetivas (necessidades, angústias). 
b. decodifica o significado do conteúdo colocado nela 
c. empresta a essa experiência emocional um significado, sentido e um nome. 
d. Devolve a angústia projetada devidamente compreendida e significada em um ritmo apropriado às condições da criança. 
Rêverie e Função Alfa (Bion) 
● Rêverie: vem de rêve - em francês, sonho. 
○ atitude de acolhimento sem ideias preconcebidas.
 ○ atitude interna da mãe em relação às angústias nela depositadas. 
○ acolhimento, independentemente do que vier, de maneira amorosa. 
● Função Alfa: 
○ Função da mãe em “emprestar” sua capacidade egóica à criança: perceber, pensar, conhecer para que a criança possa desenvolver sua própria capacidade de continência.
Função “Continente” 
● Alude a um processo ativo, diferente de recipiente (depósito passivo).
 ● Aspecto desafiador da função continente: suportar a projeção de carga agressiva desqualificatória. 
● Necessário: Paciência e Capacidade Negativa (Bion). 
Paciência:
■ Exige que o analista suporte “a dor de uma espera” - processo ativo dentro do analista.
■ Dar tempo para a manifestação de seu desespero e insatisfação – não fazer interpretações prematuras para tranquilizar o paciente 
Capacidade Negativa:
▪ Condição do terapeuta de conter suas próprias angústias decorrentes de não saber o que se passa. 
▪ Horror ao vazio: odiamos estar ignorantes. 
▪ Interpretações na tentativa de aliviar sua própria angústia preenchendo o vazio. 
▪ Ânsia de não frustrar o paciente com interpretações prematuras. 
▪ Sem memória, sem desejo e sem compreensão.
Características da noção de “continente” 
● Alude ao significado de continente geográfico: função delimitadora entre partes que compõem o psiquismo e fronteiras entre o sujeito e demais pessoas. 
● Entre o continente e o conteúdo há um ”espaço interobjetal” (para Winnicott, “espaço transicional”). 
● A inveja e o ódio da criança/paciente pode impedir que uma mãe (terapeuta) exerça sua função de continente. 
● Necessidade da mãe (terapeuta) conter projeções, angústias e aspectos superegoicos. 
● Mas também de poder reconhecer e aceitar os intentos criativos, reparatórios e de preocupação que a criança tem por ela. 
● Risco da troca de lugares: mãe que atribui ao filho a função continente das angústias (frequentemente contra o pai). 
● No tratamento, falhas na função continente podem ser reproduzidos – importante reconhecer as condições do paciente para interpretações. 
● Terapeuta: discriminar sua capacidade de continência para determinados aspectos.
Grupo como um continente 
● Função continente - especial relevância nas situações grupais: necessário acolhimento dos demais.
● Relação entre “continente” e “conteúdo” daquilo que foi projetado nele: ○ Ex: Criança assolada por angústia de aniquilamento com forte temor de morrer, pede socorro por meio do choro: 
1. Mãe ausente física ou afetivamente: ausência de continente materno, desqualifica a angústia da criança que entra em estado de desesperança. 
2. Mãe amorosa, porém ansiosa: ausência de continente materno, toma medidas precipitadas por não saber o que se passa. Aumento da angústia – projetada pela mãe. 
3. Mãe normalmente afetuosa: funciona como continente, leva ao colo e nomeia.
Função continente que o próprio grupo exerce: 
● Setting (enquadre) grupal por si só se constitui como continente por meio de suas regras e leis: limite, realidade exterior, assimetria. 
● Grupoterapeuta: acolher e conter o intenso jogo de identificações projetivas e devolvê-las de forma ressignificada. 
● Cada paciente adquire a capacidade de ser continente de suas próprias angústias e também de seus pares. 
● Próprio grupo como entidade abstrata: condição de pertencência, sentir que pode contar com os demais. Grupo como um novo continente. 
Enquadre (Setting) 
O que é um enquadre? 
• Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo terapêutico. 
• As Regras do Jogo: horários, honorários, local, grupo fechado ou aberto, frequência e duração das sessões, férias, etc. 
• Está sob contínua ameaça de ser desvirtuado: cenário ativo da dinâmica do campo grupal. 
• Importante fator terapêutico: possibilita aparecer aspectos infantis na transferência e ao mesmo tempo usar sua parte adulta para ajudar no crescimento. 
• Modelo de um provável novo funcionamento parental: requer do terapeuta firmeza (não rigidez) e acolhimento. 
• Pessoa real do analista: sua estrutura psíquica, empatia, conteúdo e forma de interpretações contribuem nos significados e rumos da análise. 
Funções do Setting 
• Estabelecer um aporte da realidade exterior, com suas inevitáveis privações e frustrações. 
• Ajudar a definir a predominância do princípio de realidade sobre o princípio do prazer. 
• Prover a necessária delimitação entre o “eu” e os “outros”: diferenciação, separação e individuação. 
• Definir a noção de limites e das limitações por vezes borradas pela onipotência da parte “parte psicótica da personalidade” sempre existente. 
• Desfazer fantasias: ilusão de simetria e de similaridade com o analista (em crenças e capacidades).
• Reconhecer que é unicamente sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting, que o analisando (tal como a criança do passado) pode desenvolver a capacidade de simbolizar e pensar. 
Funções do setting
Analista auxilia a dar um novo significado a experiência que o paciente tão sofridamente reexperimentou→Criação de um NOVO espaço onde o analisando terá a oportunidade de reexperimentar com o seu analista a vivência de antigas experiências emocionais conflituosas→Experiências significadas pelos pais do passado e mal solucionadas pela criança de ontem que habita o adulto de hoje.→Paciente sujeitou-se ao longo de sua vida a uma série de expectativas, ordens e ameaças que um dia vieram de fora, mas hoje estão sedimentadas dentro.→Oportunidade de reviver com o analista fortes emoções, os resultados podendo ser bem diferentes daqueles que imaginavae já estava condicionado.→Apesar dos sentimentos, atos e verbalizações significados pelo paciente como perigosos, o setting segue inalterado: o analista não está destruído e não retalia.→Analista auxilia a dar um novo significado a experiência que o paciente tão sofridamente reexperimentou. 
Enquadre Grupal – Principais elementos 
Deve sempre preservar ao máximo a constância das combinações feitas. 
Principais elementos na configuração do setting grupal
• Se o grupo é homogêneo 
• Se é grupo fechado ou aberto 
• Número de participantes 
• Número de sessões 
• Tempo de duração da sessão 
• Simultaneidade com outros tratamentos 
• Participação ou não de um observador ou coterapeuta 
↓ ↓
Grau de ansiedade em que o grupo trabalha Atmosfera grupal
Regras: 
• Associação livre (Regra fundamental) 
• Abstinência 
• Neutralidade 
• Atenção flutuante 
• Amor à verdade 
• Sigilo 
Regra da livre associação de ideias: fenômeno da ressonância 
• “Dizer tudo que lhe viesse à cabeça” 
• Direito em falar tudo o que quiser (ou não falar), sendo estimulado para que ele próprio encontre os elos associativos entre o que diz, pensa e faz. 
• Inevitáveis restrições impostas pelo setting grupal: delimitação do tempo e do espaço de cada um para com os demais. 
• Modificação da regra fundamental em grupoterapias: o fluxo de pensamentos e os sentimentos partem livremente dos indivíduos, mas as cadeias associativas se processam num intercâmbio entre a totalidade grupal. 
• Ressonância (Foulkes): como um jogo de bilhar – a comunicação que é trazida por um membro ressoa em um outro, o qual vai transmitir afeto equivalente porém embutido em embalagem diferente. 
• Função do grupoterapeuta: discernir o tema comum do grupo.
Regra da Neutralidade 
• Terapeuta não ficar envolvido nas redes de emoções dos pacientes. 
• Não se trata de um espelho frio: valoriza que se mantenha um intercâmbio afetivo com seus pacientes, desde que fique bem claro que não pode haver um comprometimento no enquadre grupal (assimetria). 
• Risco de tomar partido por algum dos participantes (comum com terapia de casais) – possível identificação com algum membro (introjeção) ou identificar os outros com personagens de seu próprio mundo interno (projeção). 
Regra da Abstinência 
• O terapeuta deve se abster de gratificar os pedidos provindos dos pacientes nos casos em que estes visam à busca de gratificações externas, como uma forma de compensar as carências internas. 
• A melhor maneira de um terapeuta atender às necessidades dos pacientes é entendendo como, o porquê, e o para que das mesmas. 
• Ex: pedido de troca de horário. 
Regra do amor à verdade 
• Objetivo maior de qualquer tratamento psicanalítico: aquisição de um sentimento de liberdade interna. 
• Inevitável uso de recursos defensivos frente a verdades penosas. 
• Desvantagem: ocultar-se na situação grupal, favorecendo um comportamento de ir na “carona dos demais”. 
• Vantagens: os participantes do grupo desvelam uns aos outros. 
• Imprescindível a veracidade e autenticidade do grupoterapeuta como modelo de identificação. 
Regra do Sigilo 
• Fundamental para o bom andamento de uma grupoterapia – condição dos participantes de conter-se (carga ansiosa que leva a atuação). 
• Muitos grupoterapeutas estabelecem a regra desde o início, outros deixam livre e trabalham se surgir alguma situação. 
• Alternativas: rigor na seleção e a condição do terapeuta de perceber as angústias para assim interpretá-las. 
• “Todo acting sempre resulta como uma forma de ‘agir’ tudo aquilo que não foi compreendido, nem lembrado, pensado e verbalizado”.
Função “continente” do setting 
“Rêverie” conforme Bion ou “Holding” conforme Winnicott.→O desenvolvimento do grupo segue as mesmas etapas evolutivas de todo ser humano (desintegração & integração)
Função “continente” do setting 
Mero aglomerado de partes soltas e sem coesão entre si. Sensações parciais, difusas e indiferenciadas. 
Mãe suficientemente boa: organizadora das sensações e contenedora das angústias. 
Grupoterapeuta: função de sustentação e continência. 
Situação de integração, pertencência e pertinência. 
Exemplo clínico – Ressonância 
A transcrição da vinheta que segue pode servir de exemplo de como se processa o fenômeno da ressonância grupal. 
A presente sessão segue-se a um período crítico do grupo, desde que o último reajuste de honorários foi considerado excessivo, sendo que, além disso (ou por causa disso), houve a recente desistência de um membro. 
Álvaro: Conversei com o R (é um paciente de um outro grupo do mesmo terapeuta). Fiquei muito desesperançado, porque ele me fez comentários muito negativos a respeito do nosso doutor (dá alguns detalhes). 
Berta: (ao responder, de forma irritada, à pergunta de por que, fora de seus hábitos, ela está com óculos escuros). Não estou com nenhum problema nos olhos. Os óculos negros são para me proteger da luz forte que vem da janela, porque até agora o doutor não providenciou uma cortina para nós. 
Célia: Pois eu estou impressionada é com coisas mais sérias, como é o fato que eu fiquei sabendo ontem, do suicídio de um psiquiatra. Que horror, que coisa mais louca, logo um psiquiatra... 
Álvaro: (após o grupo ter discutido a informação de Célia) Além de tudo de ruim que está acontecendo, minha mulher deu agora para manifestar uma repulsa por qualquer aproximação que tento fazer com ela.
Dina: Eu tenho o mesmo problema em relação ao Z (seu companheiro). Ele parece muito amoroso comigo, então me encho de entusiasmo, e ele volta a desaparecer por um longo tempo (dá detalhes).
Ernesto: (em tom indignado, faz um comovido discurso contra a passividade de Dina que se deixa usar e abusar pelo amante.) 
A sessão prossegue neste diapasão até o seu final, com o grupoterapeuta sentindo-se “perdido em meio a um caos, com assuntos tão diferentes, sendo que nenhum deles tinha relação com os outros”. 
Comentários 
 De fato, não é difícil perceber que há uma clara ressonância entre o que se passava no nível préconsciente de todos eles. Álvaro abre a sessão atacando (indiretamente) o terapeuta e se dizendo desesperançado (com o mesmo). Berta reforça o protesto, aludindo à falta de cuidados protetores do terapeuta contra “a luz demasiado forte” (os fatos precedentes a essa sessão, e que o grupo está considerando como fortes demais). Célia, como que seguindo um mesmo fluxo associativo, mostra um receio de que o grupoterapeuta (o psiquiatra de seu relato) seja frágil, que não aguente a carga agressiva, e que se “suicide” (morra junto com a morte do grupo). Álvaro, quando associa que a sua mulher repudia suas tentativas de aproximação, está reiterando a sua mensagem de que o grupo tenta uma aproximação com o terapeuta, porém sente um repúdio deste (é como eles estão significando o reajuste).
 A ressonância prossegue e atinge o seu clímax com o protesto indignado de Ernesto, que complementa o dos demais, em relação à pessoa do terapeuta, com quem estão revivendo — transferencialmente (e contratransferencialmente) — as antigas e profundas queixas de cada um deles, diante de um pai ou mãe que, ao mesmo tempo que os cuidou e amou (como no relato de Dina), também os maltratou e abandonou. 
FUNÇÃO CONTINENTE
Holding (Winnicott) X Continência (Bion) 
Holding→sustentação física e emocional dos cuidados da mãe
Continência→função ativa da mãe que promove transformações no psiquismo da criança
● Continência: a mãe (ou terapeuta):
 a. acolhe a carga das identificações projetivas (necessidades, angústias).
 b. decodifica o significado do conteúdo colocado nela 
c. empresta a essa experiência emocional um significado, sentido e um nome. 
d. Devolve a angústia projetada devidamente compreendida e significada em um ritmo apropriado às condições da criança. 
Rêverie e Função Alfa (Bion) 
● Rêverie: vem de rêve - em francês, sonho. 
○ atitude de acolhimento sem ideias preconcebidas. 
○ atitude interna da mãe em relação às angústias nela depositadas. 
○ acolhimento,independentemente do que vier, de maneira amorosa. 
● Função Alfa: 
○ Função da mãe em “emprestar” sua capacidade egóica à criança: perceber, pensar, conhecer para que a criança possa desenvolver sua própria capacidade de continência.
Função continente
- processo ativo
- aspecto desafiador→suportar a projeção→carga agressiva desqualificatória→necessário: paciência e capacidade negativa (Bion)
Paciência
- exige que o analista suporte a “dor da espera”
- dar tempo à manifestação de seu desespero→não fazer interpretações prematuras para tranqüilizar o paciente
Capacidade negativa
- tem a ver com a capacidade de silenciar→condição de conter suas angústias de não saber o que se passa→o positivo é como nossa foto, é o que é revelado; o negativo é o outro lado→interpretações na própria angústia, preenchendo o vazio→ânsia de não frustrar o paciente com interpretações prematuras→risco de não saber o que é meu e o que é do outro→silenciar o saber prévio→horror ao vazio: odiamos estar ignorantes→quando na frente de alguém ou alguéns. E nesse sentido, preciso tolerar→ir para a sessão sem memória, sem desejo e sem compreensão→sem saber prévio
CARACTERÍSTICAS DA NOÇÃO DE “CONTINENTE”
· Alude ao significado de continente geográfico: função delimitadora entre partes que compõem o psiquismo e fronteiras entre o sujeito e demais pessoas
- função delimitadora do limite→função simbólica do poder conter→fronteira entre as pessoas→alguém do grupo me invade→o que fazer?
· Entre o continente e o conteúdo há um ”espaço interobjetal” (para Winnicott, “espaço transicional”).
- entre continente e conteúdo há é um espaço interobjetal→espaço transicional→espaço de elaborar angústias por meio do brincar→só é possível a separação da mãe se ele tem esse espaço→espaço transicional de criação→criar ideia de que a função continente pode estar dentro deles
· A inveja e o ódio da criança/paciente pode impedir que uma mãe (terapeuta) exerça sua função de continente
- inveja/ódio pode impedir que uma mãe (terapeuta) exerça sua função continente→ “dar nos dedos do paciente”→não consigo metabolizar, separar o que é meu e do outro→o paciente pode expressar o seu ódio→é nosso papel exercer esse papel de forma não identificada→se identificar, o terapeuta faz acting
· Necessidade da mãe (terapeuta) conter projeções, angústias e aspectos superegoicos.
· Mas também de poder reconhecer e aceitar os intentos criativos, reparatórios e de preocupação que a criança tem por ela.
- necessidade de mãe/terapeuta conter projeções, angústias e aspectos superegóicos
- normalmente, os aspectos que mais se atravessam são os hostis, mas também preciso conter os amorosos
- também reconhecer aceitar os intentos criativos, reparatórios e de preocupação
· Risco da troca de lugares: mãe que atribui ao filho a função continente das angústias (frequentemente contra o pai).
- risco de troca de lugares→mãe que atribui ao filho a função das angústias (contra o pai)→conluio→mãe espera que a criança contenha as angústias dela
- sistêmica: “crianças parentalizadas”→assumem algo que não é dela
- Ferenczi: bebê sábio→cresce sem conteúdo ali dentro→risco que os papéis se invertam→a gente precisa assumir esse papel continente
· No tratamento, falhas na função continente podem ser reproduzidos – importante reconhecer as condições do paciente para interpretações.
- no tratamento, falhas na função continente podem ser reproduzidos→reconhecer as condições do paciente
· Terapeuta: discriminar sua capacidade de continência para determinados aspectos
- terapeuta: discriminar sua capacidade de continência para determinar aspectos→poder prestar atenção nos aspectos amorosos e hostis→saber o que fazer, lidar→importante discriminar nossas capacidades
· Capacidade de dar continência
GRUPO COMO CONTINENTE
↓
A ideia é que o próprio grupo funcione como continente→grupo: espaço de acolhimento→grupo como continente que (?) angústias
- relação entre continente e conteúdo→criança assolada por angústia de aniquilamento→criança não tem representação palavra, então chora
1. mãe ausente: desqualifica a angústia da criança→entra em estado de desesperança
2. mãe amorosa mas ansiosa→exerce função meio continente, é amorosa mas toma medidas precipitadas→não se pergunta “por quê?”→ex: bebê chorando porque tem fome, mãe acha que está com frio→não tem percepção eu/outro
- terror sem nome→angústia não reconhecida enquanto de outra pessoa,é atravessada pelas questões da mãe
3. mãe normalmente afetuosa: mãe suficientemente boa de Winicott→funciona como um continente, leva ao colo e nomeia→criança não representa, precisa de alguém que faça isso→tem a ver com holding, poder conter→criança com autismo: muitas vezes tem que fazer contenção literal, abraçar, conter e dar uma fronteira, um limite para ela
FUNÇÃO CONTINENTE DO GRUPO
↓
Dar enquadre, borda é organizador
↓
SETTING→por si só se constitui como continente e estabelece limites com realidade exterior
- assimetria≠de hierarquia →assimetria é o que se espera dentro de uma terapia→está num lugar assimétrico→não pela lógica de poder, mas pela função
- terapeuta→acolher e conter o jogo de identificações
- cada paciente adquire a capacidade de ser continente de suas angústias e seus ...→poder conter é poder conter sem atuar
- grupo como entidade abstrata: condição de pertencência, sentir poder contar com os demais
- metabolizar é a ideia da função continente→a partir do que recebo, posso processar pelo meu psiquismo→não por descarga
- “tô vendo aqui tu ficou, imagino como tu ficou lá”→vai criando condição de poder falar sem reviver
ENQUADRE
- o que é? Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo
- regras do jogo: horários, honorários, local, grupo fechado e aberto
- se relaciona com função continente, porque vai dando esse contorno→não saber as regras desorganiza→a ideia do enquadre é poder conter
- mudança no enquadre pode ter impacto→cada alteração é um recontrato→cada alteração vai gerar um novo impacto→a gente já combina desde o início porque fazer recombinações constantes pode ‘travar” o tratamento 
- está sob continua ameaça de ser desvirtuado
- importante fator terapêutico: possibilita aparecer aspectos infantis na transferência e, ao mesmo tempo, usar sua parte adulta para ajudar no crescimento
- movimento resistencial→pacientes fazem movimento de burlar as regras→isso ameaça o enquadre→a gente estabelece o enquadre para que ele seja burlado→enquadre possibilita que resistências apareçam→isso é passível de ser trabalhado→”esquecer a sessão” não é só um esquecimento se a gente tá trabalhando com aspectos inconscientes
- modelo de um provável funcionamento parental: requer do terapeuta firmeza (não rigidez) e acolhimento→poder falar daquilo que está a ser acolhido→aquilo que tinha na sessão continente: estabelecer limites→enquadre também é isso
- pessoa real do analista: sua estrutura psíquica, empatia, conteúdo e forma de interpretações contribuem nos significados e rumos de análise
- trabalhar o que aparece nesse enquadre→aporte de realidade exterior, com suas inevitáveis privações e frustrações
- provar a necessária delimitação entre o eu e o outro→Winicott→criança precisa do espaço transicional para ir se separando da mãe e tem seu espaço de criação→para ir criando bordas e ir se constituindo como eu.
- nas definições de grupo alguns autores trazem que é importante que as identidades de grupo fiquem diferenciadas
- todos tem um núcleo psicótico que funciona pelo princípio do prazer→essa lei vai dando limite, barrando que essa onipotência se manifesta
- setting tem a função de desfazer algumas fantasias→ilusão de se identificar e querer ser igual→ilusão de simetria e similaridade→achar características nos terapeutas que sejam iguais às minhas
- reconhecer que é unicamente sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting que o analisando, tal como criança no passado, pode desenvolver a capacidade de simbolizar e pensar→a partir das quebras no enquadre e frustrações posso construir esse espaço de crescimento→tambémtem a ver com espaço transicional, potencial de transformação
- jogo dialético entre o individual e o grupal
FUNÇÕES SOBRE O SETTING
- criação de um novo espaço para reexperimentar a vivência de antigas vivências→não são só as combinações concretas proporcionadas pelo enquadre
- experiências significadas pelos pais do passado e mal solucionadas pelas pessoas
- paciente sujeitou-se ao longo de sua vida a uma série de expectativas, ordens e ameaças→um dia vieram de fora, mas hoje estão sedimentadas dentro.
- em grupos diferentes, vou ser diferente→é a mesma pessoa em contextos diferentes→não é uma dissociação
- oportunidade de reviver com o analista fortes emoções, os resultados podendo ser bem diferentes daqueles que imaginava
- apesar dos sentimentos e verbalizações, o setting permanece inalterado→o analista não está destruído→mesmo com todas as projeções, o analista se mantém inteiro→mesmo com os ataques
- analista auxilia a dar um novo significado à experiência que o paciente, tão sofridamente reexperimentou
ENQUADRE GRUPAL
- deve sempre preservar ao máximo as combinações feitas
- elementos:
● se é homogêneo/heterogêneo
● se é fechado/aberto
● número de participantes→nem muito grande, nem muito pequeno
● número de sessões
● tempo de duração das sessões
● simultaneidade com outros tratamentos
● participação ou não de um observador ou grupoterapeuta
Pontos:
- Grau de ansiedade que o grupo trabalha→o terapeuta poder se apropriar o que perpassa o grupo como um todo
- Atmosfera grupal→como o grupo está aberto ou não→num grupo operativo, isso aparece mais→é um grupo mais preparado para a tarefa ou mais voltado para a pré-contemplação
REGRAS
1. Associação livre→regra fundamental→em contrapartida, o terapeuta tem que estar em atenção flutuante
2. Abstinência→terapeuta deve se abster de justificar os pedidos provindos dos pacientes nos casos em que estes venham em busca de satisfações externas→a melhor maneira de um terapeuta é entender como, porque e para que→ex: troca de horário→o que isso está me dizendo?
3. Neutralidade→não ficar envolvido na rede de emoções dos pacientes→a ideia é que possa me enxergar, não me enredar→não se trata de um espelho frio→valoriza que se mantenha em intercâmbio afetivo desses pacientes, desde que fique bem claro que não pode haver comprometimento no enquadre grupal→assimetria
4. Regra do amor à verdade→tem a ver com poder ir fomentando esse sentimento de liberdade interna→autonomia
- inevitável uso de recursos defensivos, frente a verdades penosas
- desvantagem: ocultar-se na situação grupal, favorecendo um comportamento de “ir na carona dos demais”
- vantagem: os participantes do grupo desvelam uns aos outros→processo de identificação de ressonância que tem algo a ver com outros membros do grupo→a gente serve como modelo de identificação→risco de cair na onipotência→aquilo que Bion falava de “um desejo”→não é o que quero→mas poder se emprestar como um modelo de identificação
 5. Regra do sigilo→fundamental para o bom andamento da grupoterapia→condição da participação de conter-se e manter sigilo→conter o que é trabalhado no grupo→função continente
- nas questões de enquadre, é importante deixar os combinados claros→é sempre mais fácil retomar uma combinação do que fazer uma nova
- todo acting sempre resulta como uma forma de “agir” tudo aquilo que não foi lembrado
→rigor na seleção
→condição do terapeuta de perceber as angústias
19.09
PAPÉIS
Zimerman, D. (2000). Papéis e lideranças. In D., Zimerman, Fundamentos básicos das grupoterapias (pp. 137-143). Porto Alegre, RS: Artmed.
Papéis e lideranças 
● Sempre há uma distribuição complementária de papéis e posições. 
● Em cada papel se condensam as expectativas, necessidades e crenças irracionais de cada um e que compõem a fantasia básica inconsciente comum ao grupo. 
● Boa evolução grupal: quando papéis adquirem plasticidade. 
● Importante porque o sujeito executa os mesmos papéis em outras áreas. 
● Estar atento: fixação e estereotipia de papéis patológicos.
 Papéis que mais comumente são atribuídos e assumidos: 
Bode expiatório 
● Toda “maldade” direcionada em um indivíduo: servirá como depositário podendo até vir a ser expulso. 
● Busca de novo bode. 
● Bobo da corte - ao invés da expulsão é conservado pois diverte a todos. 
● Sistêmica: paciente identificado. 
● Macrossociologia: minorias raciais, religiosas e políticas. 
● Terapeuta precisa reconhecer e manejar. 
Porta-Voz
● Mostra manifestamente o que o restante do grupo pode estar sentindo. 
● Pode aparecer além da voz: silêncios, actings… 
● Comum: indivíduo contestador - cabe ao terapeuta discriminar se é algo obstrutivo ou construtivo. 
Radar 
● Indivíduo mais regressivo do grupo. 
● Ex: border em um grupo neurótico. 
● Paciente-radar: capta os primeiros sinais de ansiedade. 
● Caixa de ressonância: não tem condições de processar simbolicamente o que captou e expressa em sua própria pessoa por meio de somatizações, abandonos, crises explosivas... 
Instigador 
● Provoca perturbação no campo grupal por meio de intrigas. 
● Consegue dramatizar no mundo exterior a reprodução da mesma configuração de seu grupo interior. 
Atuador pelos demais 
● O grupo delega a um indivíduo a função de executar o que lhes é proibido. 
● Dupla mensagem pelo grupo: críticas e estímulos. 
● Ex: infidelidade conjugal, hábitos extravagantes, sedução ao terapeuta... 
Sabotador 
● Visa obstaculizar o andamento exitoso do grupo por meio de inúmeros recursos resistenciais. 
● Indivíduo portador de uma excessiva inveja e defesas narcisistas.
Vestal
 ● Zelar pela moral e bons costumes. 
● Exagero ideológico: obstrui qualquer movimento de criatividade inovadora.
● Risco de ser assumido pelo próprio grupoterapeuta. obstrutor 
● Impedir que o grupo desenvolva determinado assunto que provoca certa angústia geral. 
● Desvio de assuntos provocando uma situação engraçada. 
Apaziguador 
● Aparece com grande frequência. 
● Membro do grupo com muita dificuldade com situações tensas. 
● Algodão entre os cristais. 
● Cabe ao terapeuta: ○ assinalar o temor a agressão (que habita a todos). ○ oportunidade de reexperimentar experiências mal resolvidas (possibilitar novas significações e uma maneira sadia de enfrentar a agressividade). 
Líder 
● Surge em dois planos: um designado ao grupoterapeuta e outro que surge do grupo. 
● A liderança exige matizes muito diferenciados: ○ líderes construtivos ○ líderes negativos - prevalece um narcisismo destrutivo. lideranças 
● Lideranças em macrogrupos x lideranças em microgrupos. 
Freud (1921): Psicologia das massas e análise do Ego - descreve 3 tipos de formação de lideranças: 
○ Turbas primitivas: sujeito perde sua identidade, absorvido por uma massa. Perde seus valores pessoais para seguir o líder (hoje: carismático em fase evolutiva regressiva). 
○ Igreja: Fenômeno introjetivo em que todos os fiéis incorporam um mesmo líder - identificação generalizada com um líder abstrato.
○ Exército: a liderança se processa por meio da projeção, na pessoa do comandante, aspirações ideais de cada um dos comandados. 
Bion 
● Qualquer grupo tem uma necessidade implícita de que sempre haja uma liderança. 
● Grupos sem líder: em pouco tempo se formavam novas lideranças. 
● Diferente de Freud, o líder é um emergente do grupo - logo, na patologia das instituições/grupos, a liderança pode ser a manifestação de um sintoma e não a causa. 
● 3 tipos de inconscientes supostos básicos: Dependência, Luta e Fuga e Acasalamento. 
● Na prática se observa uma frequente flutuação desses supostos. 
Pichon Rivière 
● Importante psicanalista argentino. 
● Criador de conceitos originais como “Grupos Operativos” descreve 4 tipos de lideranças: 
○ Autocrática: geralmente exercida por pessoas obsessivas que não sabem fazer pleno uso de sua liberdade. 
○ Democrática: definição de papéis e funções, num claro reconhecimento de limites. 
○ Laissez-faire: estado de negligência, assim consiste numa falta de continente para angústias, dúvidas e limites. Possibilidade de actings malígnos.○ Demagógica: Falso-self (frases retóricas) - provoca decepções e sentimentos de desconfiança. Impostor - Mistura todos os anteriores: Aparência democrática, recurso demagógico, estrutura autocrática e resultado laissez-faire. 
Importante: 
● Liderar: diferente de mandar 
● Complementaridade dos papéis: assim como todo indivíduo se comporta como um grupo, todo grupo se comporta como uma individualidade. 
● Teoria estrutural da mente: componentes do grupo representando id, ego e superego (risco de o grupo depositar no terapeuta as funções do ego). 
● Indicador de evolução: alternância e modificação dos papéis
PAPÉIS E LIDERANÇAS 
- mecanismos inconscientes
- sempre há uma distribuição complementária de papéis e posições
- importante porque o sujeito executa os mesmos papéis em outras áreas
- estar atento: fixação e estereotipia de papéis patológicos→boa evolução grupal: papéis adquirem plasticidade→identificamos esses papéis e lideranças em quaisquer grupos
PAPÉIS
1. Bode expiatório
2. Porta-voz→pode ser construtivo ou obstrutivo
3. Radar→indivíduo mais regressivo do grupo→ele fica ligado em tudo, mas não de forma consciente→borderlines, pacientes mais psicóticos→acabam captando as angústias, as ansiedades do grupo, mas, ao contrário do porta-voz, ele não vai conseguir processar isso simbolicamente e não vai conseguir expressar→ ele vai trazer isso, mais por atuação: tudo o que não é simbolizado é descarregado por meio de atos→ex. se cortar, sair com o carro a 200 km/h→meio de um acting ou uma somatização→ex. crises explosivas, impulsividade
4. Instigador→pode ser construtivo ou obstrutivo
5. Atuador pelos demais→o grupo delega a um indivíduo a função de executar o que é proibido→via do proibido (uma atuação)→dupla mensagem pelo grupo: críticas e estímulos
6. Sabotador→visa obstaculizar o andamento exitoso do grupo por meio de inúmeros recursos resistênciais→indivíduo portador de uma excessiva inveja e defesas narcisistas→comunica algo do funcionamento grupal→escuta que preciso fazer: o que está por trás do que o sujeito está me comunicando→qual o sentido→ex. pessoa que falta a muitos encontros→isso pode dizer de uma resistência
7. Vestal→zelar pela moral e bons costumes→exagero ideológico: obstrui qualquer movimento de criatividade inovadora→pessoa mais superegóica→rigidez no comportamento que impede que o grupo saia de seu funcionamento→risco de ser assumido pelo próprio grupoterapeuta→principalmente se inseguro do seu lugar→se enche de regras, como se o enquadre fosse salvar→não é só na grupoterapia que esse papel vai surgir→pode ser no indívíduo→por exemplo, alguém revela um relacionamento extra-conjugal→”mas não pode”
8. Obstrutor→impedir que o grupo desenvolva determinado assunto que provoca certa angústia geral→desvio de assuntos provocando uma situação engraçada→também é um movimento resistencial
Sabotador ≠ Obstrutor 
 ↓ ↓
Motivação narcisista→acaba com aquilo Não é narcisista→atrapalha, obstrui, obstaculiza
9. Apaziguador→um pouco o oposto, colocando panos quentes→aparece com grande frequência→membro com muita dificuldade de lidar com situações tensas→”algodão entre os cristais”→protege para que cristais não se toquem→vai tentando desviar→cabe ao terapeuta (dirijo a agressividade para fora, não tolero)→assinala o temor à agressão (que habita a todos)→oportunidade de reexperimentar experiências mal resolvidas (possibilitar novas significações e uma maneira sadia de enfrentar a agressividade→não consegue tolerar a agressividade→o que surge de fantasias que a pessoa quer apaziguar→não consegue expressar sentimentos hostis→poder recriar e ressignificar experiências→às vezes são pessoas que não conseguem expressar sentimentos de afeto→mas o apaziguador não, ele se dirige à raiva→não vir à tona para não entrar em contato
10. Líder→surge em dois planos: do grupo + designado ao grupoterapeuta→liderança exige matizes muito diferenciadas: líderes construtivos/líderes negativos (prevalece um narcisismo destrutivo)→Bion: líder messiânico, líder por acasalamento→se coloca em lugar onipotente (“eu que salvo”→não sou eu que “salvo o grupo”, que vou resolver as angústias e os sintomas→é um trabalho em grupo, em conjunto→aspecto narcísico: se o grupo andar, não vai mais depender de mim
LIDERANÇAS
- Lideranças em microgrupos x lideranças em macrogrupos
- Freud (1921) Psicologia das Massas e Análise do Ego→descreve 3 tipos de formação de lideranças
1. turbas primitivas→sujeito perde sua identidade, absorvido por uma massa→perde seus valores pessoais para seguir o líder (hoje: carismático em forma evolutiva regressiva)
2. igreja→fenômeno introjetivo em que todos os fiéis incorporam um mesmo líder→identificação generalizada em um líder abstrato→membros introjetam→eu ideal→desprovido de aspectos negativos
3. exército→a liderança se processa por meio de projeção, na pessoa do comandante; aspirações idéias de cada um dos comandados→membros projetam→tem um líder e ele vai me guiar→elejo um ideal do eu
↓
Pensar nas diferentes lideranças através da cultura e como a gente introjeta isso através dela
- Bion→um grupo sempre precisa de uma liderança→Freud diz que o líder emerge do grupo→a liderança pode ser a manifestação de um sintoma e não a causa→o grupo se organiza de maneira patológica e, por isso, emerge aquele líder→três tipos de inconscientes supostos básicos
1. dependência
2. luta e fuga
3. acasalamento→um par, uma dupla, que vai nos salvar
↓
Na prática, se observa uma freqüente flutuação desses pressupostos
- Pichon→criador do conceito de grupos operativos→4 tipos de lideranças
1. autocrático: pessoas obsessivas que não sabem fazer pleno uso de sua liberdade→dificuldade de autonomia e criticidade que pode emergir no grupo
2. democrática: definações de papéis e funções claras, num claro reconhecimento dos limites
3. laissez-faire: estado de negligência, não tem uma clareza do papel de cada um→divisão de papéis fica borrada→possibilidade de actings malignos: explosões, alguém ser expulso→se não tenho limites, esse líder não vai exercer a função continente
4. demagógica: falso-self→mistura as anteriores na figura de um impostor→constrói uma ideia de líder que não sou→provoca decepções, sentimentos de desconfiança→não pode conter, não se sustenta→não é genuíno→mistura as anteriores: aparência democrática, recurso demagógico, estrutura autocrática e resultado laissez-faire
- liderar ≠ mandar→por isso, não necessariamente vai ser assumido pelo grupoterapeuta, muitas vezes outro membro assume esse papel
- complementaridade dos papéis→assim como todo indivíduo se comporta como um grupo, todo grupo se comporta como uma individualidade
- se cada indivíduo carrega dentro de si diferentes grupos, esses papéis vão aparecer no grupo terapêutico
- teoria estrutural da mente→segunda tópica→Id Ego e Superego (risco de o grupo depositar no terapeuta as funções do ego)→p.e. atuador: representante do id→faz o que é proibido para satisfazer pulsões
- indicador da evolução: alternância e evolução de papéis
● terapeuta muda de lugar: muda de lugar→≠ grupos vão exigir ≠ papéis
● é natural e esperado que apareçam hostilidades→que esses papéis circulem
● grupo coeso tem internalizada função psicanalítica do terapeuta→consegue internalizar, problematizar e mudar: maneira rígida do líder→pode flexibilizar→já internalizou a função
- processos de reanálise
- Freud→ para alta, tem que estar com capacidade de poder trabalhar e poder amar→as coisas irem adiante→andar com as próprias pernas

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