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Método de análise e solução de problemas (MASP) SST Dondoni, Danielle Calazans Método de análise e solução de problemas (MASP) / Danielle Calazans Dondoni Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 9 3 Método de análise e solução de problemas (MASP) Apresentação Nesta unidade, aprenderemos sobre o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP). A sobrevivência das empresas no mercado competitivo vai além de ofertar um produto de qualidade. É necessário otimizar o processo produtivo, visando a eliminação e/ou mitigação dos problemas. O uso de ferramentas e métodos adequados permite a análise, manutenção e melhoria dos processos. Nesse contexto, aprenderemos sobre o MASP, que prescreve como um problema deve ser resolvido, fundamentado em um caminho ordenado de etapas e tarefas. O controle da qualidade total O conceito de qualidade tem mudado ao longo dos anos, estando interligada aos fatos que impactaram o mundo – como as revoluções e guerras – e também melhorias cotidianas, obtidas com a constante evolução tecnológica que temos vivenciado. Com a globalização, o acesso à informação permite ao consumidor realizar pesquisas e, de posse dos dados, escolher o produto ou serviço que melhor atenda sua necessidade. Assim, para se adequar a esse mercado cada vez mais competitivo, as empresas precisam oferecer produtos de qualidade. Atualmente, não é possível se preocupar com esse requisito apenas considerando o produto acabado. Deve-se controlar desde o fornecimento até as características requeridas das matérias-primas, além do planejamento e controle da produção e distribuição. A utilização do Controle da Qualidade Total e suas ferramentas auxilia as empresas na busca pela melhoria contínua, de modo que, qualquer falha que tenha ocorrido em uma das etapas do processo de produção ou fornecimento de serviços, seja tratada adequadamente. Vamos relembrar a definição de Total Quality Control (TQC), em português, Controle da Qualidade Total. De acordo com Campos (2004, p. 15), “TQC é o controle exercido por todas as pessoas para a satisfação das necessidades de todas as 4 pessoas”. Para o autor, o Controle da Qualidade Total pode ser entendido com a soma de dois termos: Controle da Qualidade Total = Controle Total + Qualidade Total No conceito de Qualidade Total, estão inseridos cinco atributos ou dimensões: qualidade, custo, atendimento, moral e segurança (CAMPOS, 2004). Vejamos no quadro a seguir uma relação desses componentes da Qualidade Total e as pessoas atingidas. Componentes da Qualidade Total Dimensões da Qualidade Total Item avaliado Pessoas atingi- das Qualidade Total Qualidade Produto/Serviço Cliente, vizinho Rotina Custo Custo Cliente, acionista, empregado e vizinho Preço Entrega Prazo certo ClienteLocal certo Quantidade certa Moral Empregados Empregado Segurança Usuários Cliente, empregado e vizinho Fonte: Adaptado de Campos (2004). 5 Para alcançar a Qualidade Total, é necessário avaliar os resultados de cada uma das dimensões para determinar se foram satisfatórios ou não. Como exemplo, podemos citar a contabilização do número de reclamação de clientes ou atrasos na entrega de um produto/serviço. Quando um resultado estiver fora do especificado, devemos realizar o controle, isto é, determinar as causas e agir (CAMPOS, 2004). Qualidade Total é o verdadeiro objetivo de qualquer organização humana: satisfação das necessidades de todas as pessoas. Controle Total é o controle exercido por todas as pessoas da empresa, de forma harmônica (sistêmica) e metódica - baseada no ciclo PDCA (CAMPOS, 2004). Saiba mais O ciclo PDCA Na definição de controle total, surgiu um termo novo: ciclo PDCA. Você o conhece? Antes de iniciarmos o estudo desse ciclo, é necessário adicionarmos duas definições que nos acompanharão. A primeira é método e a segunda é ferramenta. Segundo Campos (2004, p. 209), método “[...] é a sequência lógica para atingir a meta desejada”; enquanto ferramenta “[...] é o recurso utilizado no método”. Nesse contexto, dizemos que o PDCA é um método para realizar o controle. Vamos aprender mais sobre ele? O ciclo PDCA (do inglês Plan, Do, Check, Act, e traduzido para português como Planejar, Fazer, Checar e Agir) é o método gerencial mais utilizado para controle e melhoria de processos. Foi desenvolvido na década de 1930, pelo americano Walter A. Shewhart, e divulgado na década de 1950 por seu discípulo, William E. Deming. Por isso, também é conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming (NEVES, 2007; CARVALHO, 2012). 6 Veja, a seguir, algumas características desses dois gurus da qualidade, apresentadas por Noblat et al. (2015, p. 5): • Walter Andrew Shewhart (1891-1967) foi um físico, engenheiro e estatístico norte-americano que desenvolveu controles estatísticos de qualidade. Trabalhou como engenheiro para a Western Eletric e a companhia de telefones Bell, em que desenvolveu ferramentas estatísticas para examinar e corrigir processos organizacionais. • William Edwards Deming (1900-1993) foi um estatístico norte-americano que se notabilizou na área da melhoria de processos produtivos nos EUA e no Japão, em que lecionou para altos executivos sobre como utilizar a análise de variantes e teste de hipóteses na melhoria de projetos, qualidade de produtos e sistemas de vendas. É considerado um dos principais inspiradores do desenvolvimento da indústria e da economia japonesa no século XX. Curiosidade Uma das aplicações mais usuais do ciclo PDCA é na análise e solução de problemas, permitindo a realização do controle da qualidade em toda a empresa (MARSHALL JÚNIOR et al., 2010). Vale ressaltar que esse ciclo também traduz o conceito de melhoramento contínuo, ou seja, é um processo sem fim. Uma definição de melhoramento contínuo é dada por Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 22): No melhoramento contínuo, não é a taxa de melhoramento que é importante, é o momentum de melhoramento. Não importa se melhoramentos sucessivos são pequenos, o que de fato importa é que a cada mês (ou semana, ou trimestre, ou qualquer que seja o período adequado) algum melhoramento tenha de fato ocorrido. O ciclo PDCA divide-se em quatro etapas básicas e seis fases, conforme mostrado na figura a seguir: 7 O ciclo PDCA Atuar corretivamente Verificar os resultados da tarefa executada A (A ctio n) P (Plan) Definir os métodos que permitirão atingir as metas propostas Definir as metas D ( Do ) Educar e treinar Executar a tarefa (coletar dados) Fonte: Campos (2004). Agora que já estudamos um pouco as definições, vamos entender cada etapa desse método? 1. Plan (P) O planejamento é a etapa mais complexa e que exige maior esforço. Inicia-se pela coleta e análise de dados de um setor ou procedimento a fim de formular um plano que promova uma melhoria. Nessa etapa, são definidos os itens de controle a serem acompanhados, bem como a faixa padrão aceitável. Também são definidos os métodos para atingir as metas preestabelecidas, o procedimento padrão para que se mantenham os resultados do processo. 2. Do (D) O Do (fazer) é a etapa de implementação do método. Para alcançar as melhorias propostas no plano detalhado na etapa anterior, é necessário, antes do início da operação, educar e treinar todos os executantes, além de realizar treinamento na coleta de dados e verificar, periodicamente, se a execução está conforme os procedimentos-padrão (auditoria). 3. Check (C) A terceira etapa é a verificação, na qual avaliam-se os resultados das tarefas executadas e, a partir dos dados coletados, verifica-se se o processo está de acordo com o planejado e se resultou na melhoria desejada. 8 4. Action (A) Partindo das análises realizadas na etapa de verificação, dois caminhos podem ser seguidos. Caso as metas tenham sido alcançadas ou tenham atuado de forma corretiva sobre causas que não permitiam manter os resultadosdentro da faixa- padrão, os procedimentos atuais são mantidos. No entanto, caso tenha ocorrido alguma anomalia no resultado estabelecido, é necessário comunicar, registrar e propor ações corretivas. Com o término do Action, a próxima fase é um retorno à Plan. É comum denominar essa conexão da última com a primeira fase de “rodar o PDCA” ou “girar o ciclo”. A ideia principal é de que a empresa não pare de buscar a melhoria ou revisar suas atividades. O ciclo PDCA será efetivo quando estiver na rotina de todos os colaboradores, desde o operador até a alta direção. MASP Os japoneses desenvolveram, na década de 1960, o Quality Control Story (QC Story), uma metodologia de solução de problemas efetiva e amplamente utilizada pelas empresas (HENRIQUES, 2013). No Brasil, a introdução do QC Story foi realizada por Vicente Falconi Campos, que publicou um apêndice com a descrição do método em seu livro “TQC - Controle da Qualidade Total no estilo japonês”, em 1992. Portanto, a versão do QC Story no Brasil é chamada de Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) (HENRIQUES, 2013). Fechamento Nesta unidade, destacamos que a gestão da qualidade dentro de uma organização envolve todos os colaboradores, isto é, não está relacionada a apenas um setor ou uma gerência. Quando implementada e seguida por todos, permite o crescimento sustentável da empresa. Nesse contexto, conseguimos analisar ferramentas, como ciclo PDCA, MASP, e TQC, e observar como elas auxiliam as empresas na busca pelas excelências em processos, ou seja, na busca constante por melhorias. 9 Referências CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total. Nova Lima: INDG, 2004. CARVALHO, M. M.; PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: Teoria e casos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2012. HENRIQUES, L. M. Aplicação do MASP no desenvolvimento de programas de prevenção de acidentes ferroviários. 78 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013. Disponível em: www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2012_3_Luiza.pdf. Acesso em: 5 out. 2020. MARSHALL JÚNIOR, I. et al. Gestão da Qualidade. 10. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2010. NEVES, T. F. Importância da utilização do ciclo PDCA para garantia da qualidade do produto em uma indústria automobilística. 56 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2007. Disponível em: www.ufjf.br/ep/ files/2009/06/tcc_junho2007_thiagoneves.pdf. Acesso em: 5 out. 2020. NOBLAT, P. L. D.; BARCELOS, C. L. K.; SOUZA, B. C. G. Análise e melhoria de processos, metodologia MASP. Módulo 1 – Fundamentos e Conceitos. Brasília: Escola Nacional de Administração Pública, 2015. Disponível em: https://repositorio. enap.gov.br/bitstream/1/2174/1/MASP%20-%20Módulo%20(1).pdf. Acesso em: 5 out. 2020. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. http://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2012_3_Luiza.pdf http://www.ufjf.br/ep/files/2009/06/tcc_junho2007_thiagoneves.pdf http://www.ufjf.br/ep/files/2009/06/tcc_junho2007_thiagoneves.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/2174/1/MASP%20-%20Módulo%20(1).pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/2174/1/MASP%20-%20Módulo%20(1).pdf
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