Prévia do material em texto
DIREITO PREVIDENCIÁRIO AULA 05 – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PROFESSORA CRISTINA BARBOSA RODRIGUES Salário de Contribuição Salário de Contribuição É o valor básico sobre o qual será estipulada a contribuição do segurado. É a base de cálculo da contribuição, que sofrerá a incidência de uma alíquota (percentual), para definição do valor a ser pago à Previdência. O salário de contribuição servirá de parâmetro para compor o salário de benefício (base de cálculo da maioria dos benefícios) O salário de contribuição varia de acordo com o tipo de segurado: Segurado empregado e trabalhador avulso – o salário de contribuição corresponderá à totalidade das remunerações recebidas em uma ou mais empresas a que prestem serviços – Artigo 28, I da Lei 8212/91. Empregado doméstico – o salário de contribuição é a remuneração recebida pelo trabalho doméstico. Contribuintes individuais – o salário de contribuição é a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês. Corresponde por exemplo, a tudo quanto recebeu durante o mês, a título de honorários, o advogado profissional liberal, observando-se os limites, mínimo e máximo, do salário de contribuição previstos em lei. Segurado facultativo – a base de cálculo de suas contribuições será o valor por ele declarado, observando-se os limites, mínimo e máximo, do salário de contribuição, previstos em lei. segurados especial - é o valor de sua receita bruta da produção rural. O salário de contribuição (a base de cálculo para as contribuições) possui um limite mínimo e um limite máximo determinado em lei:. Mínimo: o salário mínimo vigente . Máximo: definido anualmente mediante lei. SALÁRIO DE BENEFÍCIO SALÁRIO DE BENEFÍCIO O salário de benefício não é salário nem é benefício, é uma base de cálculo. Salário de Benefício é a base de cálculo utilizada para a apuração da Renda Mensal Inicial (RMI), o valor inicial, da maioria dos benefícios previdenciários. Art. 28 Lei 8213/91: O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade, será calculado com base no salário-de-benefício. O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício - artigo 29 § 2º Lei 8213/91. NOVA REGRA - REFORMA A nova regra geral de base de cálculo para os benefícios está prevista no art. 26 da EC 103/2019: Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de previdência social da União e do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Regime Geral de Previdência Social, ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência. BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE INCAPACIDADE TOTAL E TEMOPORÁRIA - Auxílio Doença (auxílio por incapacidade temporária) INCAPACIDADE PARCIAL PERMANENTE - Auxílio Acidente INCACIDADE PERNAMENTE - Aposentadoria Por Invalidez (Aposentadoria por Incapacidade Permanente) BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA AUXÍLIO-DOENÇA (Auxílio por Incapacidade Temporária) Art. 59 a 63 da Lei 8.213/91 O Auxílio-Doença é um benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS que comprove, em perícia médica, estar temporariamente incapaz para o trabalho em decorrência de doença ou acidente. Art. 59 nº Lei 8213/91. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Beneficiários Empregado Trabalhador avulso Empregado doméstico Contribuinte individual Contribuinte facultativo Segurado Especial AUXÍLIO DOENÇA - REQUISITOS Cumprir carência de 12 contribuições mensais; Salvo art. 26, II e art. 151 da lei 8.213/91: doenças consideradas graves, doenças profissionais, acidentes de trabalho e acidentes de qualquer natureza ou causa; Possuir qualidade de segurado; (caso tenha perdido, deverá cumprir metade da carência de 12 meses a partir da nova filiação à Previdência Social – Lei nº 13.846/2019) para ter acesso a esse benefício); Comprovar, em perícia médica, doença/acidente que o torne temporariamente incapaz para o seu trabalho; Incapacidade temporária - por mais de 15 dias consecutivos. Condição de Segurado Estar contribuindo para o RGPS. Ou Estar no período de graça. OBS: caso tenha perdido a qualidade de segurado, o trabalhador deverá cumprir metade da carência de 12 meses a partir da nova filiação à PrevidênciaSocial – Lei nº 13.846/2019) para ter acesso a esse benefício); CARÊNCIA O auxílio doença será devido ao segurado incapacitado para o trabalho que cumprir o período de carência de 12 (doze) contribuições mensais, ressalvadas as hipóteses de doenças que dispensam o cumprimento do prazo carencial. Art. 26 Lei 8.213/93. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:[...] II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar- se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; [...] A lista destas doenças encontra-se no artigo 151 da Lei 8.213/91, bem como na Portaria Interministerial MPAS/MS nº 2998/2001. Art. 151 Lei 8213/91. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Piaget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusãoda medicina especializada. O rol do art. 151 da Lei 8213/91 - não é exaustivo. Existe jurisprudência permitindo o enquadramento de outras causas incapacitantes no rol de dispensa de carência. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. GESTAÇÃO DE RISCO. DISPENSA DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. 1. Comprovada a existência de incapacidade em virtude de diagnóstico de gestação de risco, ainda que não expressamente prevista tal causa na legislação, é aplicável o art. 26, inciso II, da Lei 8213/91, eximindo a segurada de cumprimento do período de carência para a concessão do benefício. 2. Recurso da parte ré improvido. TRF-4 - RECURSO CÍVEL: 50030920220184047119RS 5003092-02.2018.4.04.7119, Relator: ALESSANDRA GÜNTHER FAVARO, Data de Julgamento: 10/04/2019, (PRIMEIRA TURMARECURSAL DO RS) INCAPACIDADE TEMPORÁRIA Doença /acidente, que acarrete incapacidade para o trabalho/ atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. *** Ou 15 dias intercalados nos últimos 60 dias pela mesma doença. Comprovação da Incapacidade Comprovação da Incapacidade Comprovaçãoda incapacidade: deve ser realizada em perícia médica do INSS. Obs.: O segurado poderá solicitar a presença de um acompanhante (inclusive seu próprio médico) durante a realização da perícia. Para tanto, é necessário preencher o formulário de solicitação de acompanhante e levá-lo no dia da realização da perícia. O pedido será analisado pelo perito médico e poderá ser negado, com a devida fundamentação, caso a presença de terceiro possa interferir no ato pericial. ( fonte: https://www.gov.br/inss/pt-br) DOENÇA PRÉ-EXISTENTE O auxílio-doença não será devido ao segurado que começar a contribuir para o INSS já portador de doença pré-existente. Exceto: se existir um agravamento da doença após as contribuições previdenciárias. Art. 59 da Lei 8213/91: § 1º Não será devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da doença ou da lesão. INÍCIO Termo inicial do auxílio-doença. O auxílio será devido ao segurado empregado a partir do 15º dia de incapacitação, sendo que os quinze dias iniciais incumbirão à empresa. Para os demais segurados, o benefício será devido a partir da incapacitação. O segurado tem o prazo de 30 (trinta) dias para pedir o benefício. Caso não o faça, apenas terá direito às prestações futuras por ventura devidas. Art. 60 Lei 8213/91: . O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. § 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. § 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. Término quando o segurado recupera a capacidade ou retorna ao trabalho ou conversão em aposentadoria por invalidez ou por ocasião do óbito; Suspensão : O benefício será suspenso se o segurado não comparecer à perícia médica periódica, ou se não se submeter ao tratamento de habilitação ou reabilitação profissional. Art. 62. Lei 8213/91 - O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. § 1º. O benefício a que se refere o caput deste artigo será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. ACUMULAÇÃO O auxílio-doença não pode acumular com aposentadorias, salário-maternidade e seguro desemprego. A previsão se encontra na Lei 8213/91: Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjuntodos seguintes benefícios da PrevidênciaSocial: I - aposentadoriae auxílio-doença;[...] IV - salário-maternidadee auxílio-doença; [...] Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morteou auxílio-acidente. Valor da Renda Mensal Inicial - RMI Segurado Especial - terá direito a um salário mínimo. Demais segurados – 91% do Salário de Benefício. Após o cálculo inicial do “Salário de Benefício”, os sistemas do INSS executam o último cálculo para obter o valor final que será pago mensalmente, aplicando-se o percentual de 91% sobre o salário de benefício apurado Reforma Previdenciária: - alteração da sistemática de cálculo ANTIGA FORMA DE CÁLCULO O valor do benefício de auxílio-doença corresponde a 91% do salário de benefício, que, por sua vez, era apurado através da média aritmética simples das 80% maiores contribuições de julho de 1994 até o mês anterior à data do afastamento. Ou seja, no passado, era necessário calcular o salário de benefício e, em seguida, aplicar a alíquota de 91 % sobre este valor. O salário de benefício para o auxílio doença consistia na média aritmética simples das 80 % maiores contribuições de julho de 1994 até o mês anterior à data do afastamento. João começou a trabalhar e recebeu durante 2 anos o salário de R$1.000,00 (mil reais). Logo após este período, mudou de empresa e passou a receber o salário de R$3.000,00 (três mil reais), durante 8 anos. Logo após o fim desses 8 anos, contraiu doença incapacitante. Neste caso, o salário de R$1.000,00 (mil reais) não será computado para fins de auxílio-doença, pois constitui as 20% menores contribuições. Logo, será aplicado o fator de 91% sobre o valor de R$3.000,00 (três mil reais), chegando-se ao valor do auxílio-doença. Valor da RMI: R$2.730,00 (dois mil setecentos e trinta reais). Exemplo do antigo cálculo: NOVA FORMA DE CÁLCULO O valor do benefício de auxílio-doença continua correspondente a 91% do salário de benefício, Mas agora é apurado através da média aritmética simples das 100% das contribuições de julho de 1994 até o mês anterior à data do afastamento. A principal diferença consiste na modificação do percentual da média. Antes, a média era de 80%, hoje, a média aritmética é de 100% das contribuições. EXEMPLO DO NOVO CÁCULO João começou a trabalhar e no primeiro emprego e recebeu durante 2 anos o salário de R$1.000,00 (mil reais). Logo após este período, mudou de empresa e passou a receber o salário de R$3.000,00 (três mil reais), durante 8 anos. Logo após o fim dos 8 anos, contraiu doença incapacitante. Neste caso, primeiramente é preciso calcular a média aritmética simples dos salários de contribuição dos 10 anos, que correspondente ao valor de R$2.600 (dois mil e seiscentos reais). Sobre este valor, incidirá a alíquota de 91%, chegando-se ao valor final de R$2.366,00. Valor Final: R$2.366,00. – Renda Mensal Inicial - RMI Além disso, a Renda Mensal Inicial - RMI não poderá ser superior à média aritmética simples dos últimos 12 salários contributivos. Art. 29 § 10, da Lei 8213/91. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de- contribuição existentes. Art. 33, da Lei 8213/91 A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor inferior ao do salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição, ressalvado o disposto no art. 45 desta Lei. Reajuste Art. 41-A, da Lei 8213/91 - O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Resumindo: Auxílio-doença Requisitos cumulativos: Carência de 12 meses, salvo os casos de dispensa (art. 26, II e art. 151 da lei 8.213/91); Qualidade de segurado; Incapacidade temporária para a atividade habitual. Forma de cálculo: 100% da média de todos salários de contribuição a partir de julho de 1994 multiplicada pelo coeficiente de 91% (100% média x 0,91). Peculiaridades – Segurado Recluso Art. 59, da Lei 8213/91 (...) § 2º Não será devido o auxílio-doença para o segurado recluso em regime fechado. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 3º O segurado em gozo de auxílio-doença na data do recolhimento à prisão terá o benefício suspenso. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 4º A suspensão prevista no § 3º deste artigo será de até 60 (sessenta)dias, contados da data do recolhimento à prisão, cessado o benefício após o referido prazo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 5º Na hipótese de o segurado ser colocado em liberdade antes do prazo previsto no § 4º deste artigo, o benefício será restabelecido a partir da data da soltura. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 6º Em caso de prisão declarada ilegal, o segurado terá direito à percepção do benefício por todo o período devido. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 7º O disposto nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º deste artigo aplica-se somente aos benefícios dos segurados que forem recolhidos à prisão a partir da data de publicação desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 8º O segurado recluso em cumprimento de pena em regime aberto ou semiaberto terá direito ao auxílio-doença http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm Números Em MARÇO DE 2021 mais de 277 mil benefícios por incapacidade na fila de análise do INSS, Fim! Obrigada! REFERÊNCIAS GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Atlas. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. São Paulo: Atlas. SANTOS, MARISA FERREIRA. Direito Previdenciário. SÃO PAULO: Saraiva SITE INSS - https://www.gov.br/inss/pt-br