Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Clara INFECÇÕES CONGÊNITAS Existem 3 mecanismos que podem levar a um quadro de infecção no período neonatal: • Via transplacentária – mulher é infectada durante a gravidez ou tem reativação de alguma infecção nesse período, transmitindo para o feto por via hematogênica transplacentária • Via ascendente ou durante a passagem pelo canal de parto – os agentes que colonizam o canal podem ascender à cavidade uterina ou infectar o RN durante o nascimento, também pode ocorrer pelo contato com secreções maternas que contenham o agente infeccioso • Infecção adquirida na comunidade ou no hospital – O RN, após o nascimento pode ser infectado durante a permanência hospitalar ou após a alta (na comunidade) As infecções congênitas são infecções transmitidas a feto intraútero por via hematogênica transplacentária Em algumas doenças a transmissão só será possível se a infecção aguda ocorrer durante a gestação e em outras a infecção materna pode ter ocorrido antes da concepção e ainda sim haverá risco de transmissão para o feto. O momento da gestação em que a infecção é contraída tem impacto no risco de transmissão e na gravidade das manifestações apresentadas pelo RN. No início da gestação tem: • Menor transmissibilidade • Maior repercussão de gravidade clínica No final da gestação tem: • Maior transmissibilidade • Menor repercussão de gravidade clínica As infecções congênitas podem ser, principalmente: • Toxoplasmose congênita • Sífilis congênita • Citomegalovírus congênito • HIV TOXOPLASMOSE CONGÊNITA ➔ Agente etiológico: Toxoplasma gondii. ➔ Transmissão: Mãe tem infecção aguda na gestação, podendo raramente ocorrer após a reinfecção ou reagudização de infecções prévias ➔ Quadro clínico: A maioria das crianças infectadas são assintomáticas Tríade de Sabin: • Coriorretinite • Calcificações intracranianas • Hidrocefalia ➔ Diagnóstico: Infecção materna: Métodos sorológicos baseados na detecção de anticorpos específicos anti-T gondii são os mais usados Teste de avidez de IgG: estima o momento em que a infecção ocorreu na gestante ➔ Baixa avidez: • Não necessariamente indica infecção aguda, ou seja, que ocorreu a menos de três a quatro meses. • Pode durar até um ano. • Não deve ser utilizado isoladamente para diagnóstico de toxoplasmose aguda gestacional ➔ Avidez intermediária: • Não permite nenhuma conclusão • Deve ser repetido ➔ Alta avidez: • Anticorpos produzidos há mais de 12 a 16 semanas – Infecção crônica (mais de 3-4 meses de evolução) • Antes de 16 semanas: Infecção ocorreu antes da concepção • Após 16 semanas: Infecção adquirida no mínimo 3-4 meses antes, não descartando a infecção adquirida na gestação ➔ Definição de casos de toxoplasmose gestacional: Caso suspeito: • Gestante com anticorpo IgM reagente ou indeterminado • Gestante com história clínica compatível com toxoplasmose • Gestante com ultrassonografia obstétrica ou exames de imagem sugestivos para toxoplasmose congênita • Qualquer gestante identificada em situações de surto de toxoplasmose Caso provável: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • Anticorpos IgM e IgG reagentes com baixa avidez de IgG ou avidez intermediária em qualquer idade gestacional • Títulos ascendentes de anticorpos IgG em amostras seriadas com intervalo mínimo de duas semanas e IgM reagente Maria Clara • Primeira sorologia realizada após 16 semanas de idade gestacional que apresente resultado para anticorpo IgG em níveis elevados (acima de 300UI/dl ou de acordo com a metodologia utilizada) e IgM reagente Caso confirmado: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • Soroconversão de anticorpos IgM e IgG durante a gestação • Detecção de DNA do parasita em amostra de líquido amniótico, em tecido placentário, fetal ou de órgãos (exame anatomopatológico, cultivo de tecido e bioensaio) • Mãe de criança que teve toxoplasmose congênita confirmada. Caso descartado: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • IgG reagente mais de três meses antes da concepção (considera-se IgM residual, portanto, infecção crônica anterior à gestação) • Teste de avidez de IgG alto coletado até 16 semanas de gestação • Duas amostras de IgG negativas (coletados com intervalo de duas a três semanas), apesar de IgM reagente (resultado falso-positivo para IgM, portanto, considerar gestante suscetível). Infecção fetal: Em casos de infecção materna aguda comprovadamente adquirida durante a gestação é recomendado investigar infecção fetal, sendo a técnica PCR usando amostras de líquido amniótico a mais indicada A USG obstétrica não confirma diagnóstico, mas fornece dados que podem sugerir, como: • Dilatação ventricular uni ou bilateral • Calcificações intracranianas ou intra-hepáticas • Ascite, hepatoesplenomegalia, derrames pericárdicos ou pleural • Hidropsia fetal • Alterações placentárias Infecção no RN Pode ser diagnosticada pelo: • Isolamento do T.gondii no sangue ou líquidos corporais • Detecção do parasito pela PCR • Demonstração de cistos na placenta ou tecidos do RN • Exames sorológicos (é dificultada pela presença de anticorpos maternos IgG, que podem persistir até 12m) Na criança não infectada: redução dos níveis de IgG em até 50% por mês, desaparecendo entre seis e 12 meses. A soronegativação deve ser confirmada com novo exame, colhido após dois meses de intervalo. O aumento ou persistência de IgG após 12 meses de vida sugere infecção congênita. ➔ Definição de toxoplasmose congênita: Caso suspeito: • RN ou lactente menor que seis meses, cuja mãe era suspeita, provável ou confirmada • RN ou lactente menor que seis meses com clínica compatível para toxoplasmose e IgG reagente • RN ou lactente menor que seis meses com exames de imagem fetal ou pósparto compatível com toxoplasmose e IgG reagente. Caso provável: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • IgM e/ou IgA indeterminados ou não reagentes até seis meses de idade e IgG em títulos estáveis • Evoluiu ao óbito antes de realizar exames confirmatórios • Manifestações clínicas ou exames de imagem compatíveis com toxoplasmose congênita e IgG reagente com IgM ou IgA não reagentes e que não tenham coletados exames laboratoriais que excluam outras infecções congênitas antes de completar 12 meses de idade • As crianças assintomáticas em investigação, durante os primeiros 12 meses de idade Caso confirmado: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • Presença de DNA de Toxoplasma gondii no líquido amniótico da mãe ou em tecidos fetais, líquor, sangue ou urina da criança • Resultado de IgM ou IgA e IgG reagente até seis meses de vida • Níveis séricos de IgG em elevação em pelo menos duas amostras seriadas com intervalo mínimo de três semanas durante os primeiros 12 meses de vida • IgG persistentemente reagente após 12 meses de vida • Retinocoroidite e/ou hidrocefalia e/ou calcificação cerebral com IgG reagente afastadas outras infecções congênitas e mãe com toxoplasmose confirmada na gestação. Caso descartado: Caso suspeito + uma das seguintes situações: • Negativação dos títulos de IgG antes de 12 meses de idade • Nas crianças que receberam tratamento, a soronegativação só deve ser considerada definitiva no mínimo após dois meses da suspensão das drogas antiparasitárias • Negativação dos títulos de IgG após 12 meses de idade. Todo RN com suspeita de toxoplasmose congênita deve ser submetido à investigação completa: Maria Clara ➔ Tratamento: Gestante e do feto: • Infecção aguda na gestante suspeita ou confirmada: espiramicina • Infecção no feto suspeita ou confirmada: sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. RN: Esquema tríplice (pirimetamina + sulfadiazina, associadasao ácido folínico) • Todas as crianças com toxoplasmose congênita confirmada devem receber tratamento durante os primeiros 12 meses de vida, independentemente da presença de sinais/sintomas • Sulfadiazina: 100mg/kg/d por VO, 12/12h por 1 ano • Pirimetamina: 1mg/kg/d por VO, dose diária por 2-6 meses, dependendo da intensidade do acometimento – seguir 1mg/kg, 3x na semana até 1 ano do uso do medicamento • Ácido folínico: 10mg, VO, 3x por semana – sempre usado durante o uso de pirimetamina (previne os efeitos dela) • Prednisona ou prednisolona: 1mg/kg/dia, VO, 12/12h – se houver retinocoroidite em atividade e/ou proteinorraquia >1000mg/dl SÍFILIS CONGÊNITA ➔ Transmissão: espiroqueta do Treponema pallidum Passível de ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio da doença materna ➔ Quadro clínico: Maioria são assintomáticos ao nascimento, apenas casos mais graves nascem com sinais/sintomas ➔ Sinais mais comuns: • Hepatomegalia • Icterícia • Corrimento nasal (rinite sifilítica) • Rash cutâneo • Linfadenopatia generalizada • Anormalidades esqueléticas 2 estágios: • Sífilis congênita precoce (até 2 anos) • Sífilis congênita tardia (após os 2 anos) ➔ SÍFILIS CONGÊNITA PRECOCE Lesões cutâneas e mucosas: • Pênfigo palmoplantar: lesões maculopapulares, eritematosas ou aspecto acobreado. Ricas em treponemas. Bastante sugestivo do diagnóstico. • Condiloma plano • Rinite (coriza sifilítica): frequentemente é a 1° manifestação • Alterações ectodérmicas Lesões ósseas: • Osteocondrite: lesões metafisárias acometendo úmero, fêmur e tíbia, são dolorosas (pseudoparalisia de Parrot). • Periostite: várias camadas de periósteo em formação, acomete ossos longos e ossos do crânio Lesões viscerais: • Hepatomegalia • Esplenomegalia • Sindrome nefrótica ou nefrítica • Pneumonia alba Lesões oculares: • Coriorretinite: “sal e pimenta” • Glaucoma, catarata e uveite “Sal e pimenta” Lesões hematológicas: • Anemia hemolítica; leucopenia, leucocitose com monocitose, plaquetopenia • Linfadenopatia (epitroclear) Outras lesões: • Miocardite, sindrome disabsortiva, desnutrição. • Funisite necrotizante (patognomonico) Maria Clara Funisite necrotizante ➔ SÍFILIS CONGÊNITA TARDIA: Sequelas de periostite: • Bossa frontal e fronte olímpica • Tibia em sabre. Anormalidades dentárias: • Dentes de Hutchinson • Molares em formato de amora Face: • Maxilar curto • Nariz em sela • Rágades • Articulação de Clutton • Ceratite intersticial • Lesão do 8° par craniano (surdez e vertigem) • Hidrocefalia • Retardo mental Tíbia em sabre Dentes em hutchinson Nariz em sela ➔ Avaliação complementar: Reações sorológicas Testes não treponêmicos: VDRL VDRL: • Reativo para IgM e IgG • Significado quando o título for maior que o materno em pelo menos 2 diluições • Resultado negativo não exclui a doença. Testes treponêmicos: TPHA, FTA-Abs, EQL, ELISA ou Testes rápidos – Não usados em < 18m Outros exames Avaliação do líquor: • Realizar em todos os casos de sífilis congênita • Parâmetros: VDRL, celularidade e proteina. • VDRL positivo e/ou Leucocitose (cels > 25 leuc./mm³) e/ou proteinas > 150mg/dl: neurossífilis Raio X de ossos longos Hemograma: Avaliar plaquetas antes da realização da punção lombar Transaminases (TGO e TGP): Podem estar elevadas Bilirrubinas: Icterícia Eletrólitos: Distúrbios hidroeletrolíticos Avaliação oftalmológica NEUROSÍFILIS: • Infecção do SNC pelo T. pallidum • Pode ser sintomática ou assintomática • Ocorrência mais provável em crianças que nascem sintomáticas ➔ Tratamento: Penicilina Benzatina: 50.000UI/Kg, IM, dose única. Penicilina Procaína: 50.000UI/Kg, IM, por 10 dias. Penicilina Potássica/Cristalina: 50.000 UI/Kg, EV, de 12/12h (com menos de 1 semana de vida) e de 8/8h (com mais de 1 semana de vida), por 10 dias. Tratamento no período pós-neonatal: • • Penicilina Potássica/Cristalina: 50.000 UI/Kg, EV, de 4/4 a 6/6h, por 10 dias. Tratamento adequado para sífilis materna: • Penicilina benzatina • Início do tratamento até 30 dias antes do parto • Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico • Respeito ao intervalo recomendado entre as doses • Avaliação quanto ao risco de reinfecção • Documentação de queda do título do teste não treponêmico em pelo menos 2 diluições em 3 meses, ou de 4 diluições em 6 meses após conclusão do tratamento. É preciso reiniciar o tratamento se houver atraso na dose por mais de 24h. (Fluxograma de tratamento está no final do resumo) ➔ Seguimento: Maria Clara Habitual na rotina de puericultura VDRL: 1,3,6,12 e 18m – interrupção caso 2 testes consecutivos não reagentes Espera-se que teste não treponêmicos declinem aos 3 meses de idade, devendo ser não reagentes aos 6 meses, nos casos de crianças que não foram infectadas ou adequadamente tratadas Nos casos de LCR alterado: repetir coleta a cada 6 meses até normalização Acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico semestrais por 2 anos ➔ Critérios de falha no tratamento: • Persistência de titulação reagente aos 6 meses de idade e/ou • Aumento de titulações do teste não treponêmico em 2 diluições. CITOMEGALOVIROSE CONGÊNITA Membro da família Herpesviridae. Propriedades biológicas de latência e reativação. Tanto a infecção materna primária quanto a não primária (reativação ou reinfecção), podem causar infecção no feto e no RN Maior risco de transmissão vertical: infecção primária. ➔ Quadro clínico: Maioria são assintomáticas ao nascer RCIU Petéquias Hepatoesplenomegalia Icterícia Microcefalia Prematuridade Calcificações intracranianas (tipicamente periventriculares) Surdez neurossensorial (sequela mais comum) Coriorretinite ➔ Diagnóstico: 3 formas de identificação Isolamento viral em cultura de fibroblastos humanos: • Padrão-ouro tradicional • Amostra de urina e saliva • Resultado positivo em 5 a 7 dias • Resultado negativo após período de 1 mês. Detecção do DNA viral pela reação em Cadeia da Polimerase (PCR): • Amostra de urina e saliva • Resultados mais rápidos. Sorologia: • IgM anti-CMV e IgG anti-CMV • Papel limitado • Presença de IgM no RN: sugestivo de infecção congênita. Deve ser sempre confirmado pelo isolamento viral na urina ou saliva • Ausência de IgM: não exclui o diagnóstico. • Interpretação de IgG: Ac maternos x Ac RN ➔ Avaliação complementar: Fundoscopia: ao nascimento, 12 e 60 meses BERA: Nascimento – 3 anos, a partir dessa idade faz audiometria infantil a cada 6m até os 6 anos TC de crânio: Nascimento e, se alterada, repetir de acordo com a necessidade Exames laboratoriais: hemograma, BTF, enzimas hepáticas, avaliação do LCR (celularidade, proteinorraquia, glicorraquia e pesquisa do DNA do CMV – realizada em todas as crianças sintomáticas) ➔ Tratamento: Objetivo de melhorar o prognóstico auditivo a longo prazo Critérios de inclusão para o tratamento: • RN sintomáticos com evidências de envolvimento do SNC incluindo calcificações intracranianas, microcefalia, atrofia cortical, surdez neurossensorial, líquor anormal e coriorretinite. • RN com quadro de síndrome sepsis-like viral, pneumonite intersticial por CMV, excluídas outras etiologias. • Crianças com imunodeficiência primária, independentemente do grau de sintomas. • Idade inferior a um mês na ocasião do diagnóstico. Drogas: O tratamento deve ser iniciado nos primeiros 30 dias de vida • Ganciclovir 8-12mg/kg/d de 12/12h, EV • Valganciclovir 16mg/kg/d 12/12h, VO Maria Clara • A duração do tratamento é de 42 dias (um dos dois medicamentos) Efeitos adversos: • Anemia, neutropenia, trombocitopenia e, menos comumente, elevação de enzimas hepáticas,uréia e creatinina. • Tremores, flebite, náuseas, vômitos, erupção cutânea e febre. Contraindicações do uso da droga ou modificações da dose quando já estiver em uso: • Neutropenia ( 2,0 mg/dl • Creatinina séria > 2,0mg/dl • Se essas alterações persistirem por mais de uma semana ou piorarem, a droga deverá ser suspensa até a normalização dos parâmetros laboratoriais. Controle laboratorial durante o tratamento: • Hemograma completo, uréia e creatinina, TGO, bilirrubinas totais e frações, nos dias 3, 5, 7, 10, 14, 17, 21, 28, 35, 42 e 49 de tratamento. • Monitorização da virúria: coleta de urina para isolamento viral e PCR nas semanas 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 12. • Líquor antes do início do tratamento e, se alterado, repetir no dia 4 ➔ Prevenção: Higienização das mãos após contato com secreções de crianças; não compartilhar talheres; evitar contato com pessoas portadoras febris; reduzir o número de parceiros sexuais; usar preservativos de barreira. Uso de hemoderivados leucodepletados para todos os RN, de preferência com doador único para os RNPT< 30 sem e PN < 1500 g. Lactantes com CMV positivo, deve-se: manter o aleitamento em RN> 32 semanas de gestação; em RNPT < 32 sem ou imunodeficientes, interromper o aleitamento materno (leite cru) durante as primeiras 8 semanas de vida (período de eliminação do CMV pelo leite materno) RN EXPOSTO AO HIV A maioria das infecções pelo HIV em crianças ocorre por transmissão vertical: gestação, intraparto e após o parto • 65% ocorrem durante o trabalho de parto e no ato do parto. • 35% ocorrem intra-útero. • 7% a 22% pós-parto (aleitamento materno). Com programas de prevenção, a taxa de transmissão vertical do vírus reduziu para menos de 2% ➔ Abordagem da gestante com HIV: Toda gestante deverá ser testada para HIV (teste rápido) no momento da admissão para o parto AZT (Zidovudina) deve ser administrado no início do trabalho de parto ou até 3 horas antes da cesárea, até o clampeamento do cordão umbilical ➔ Cuidados com o RN na sala de parto e pós-parto imediato: Realizar o parto empelicado, mantendo as membranas corioamnióticas integras Clampeamento imediato do cordão após o nascimento, sem ordenhar Imediatamente após o nascimento, realizar o banho com água morna e sabão, ainda na sala de parto. Se não for possível, limpar com compressas macias, de forma delicada para não lesionar a pele, todo o sangue e secreções maternas no RN e realizar o banho assim que esteja estável. Somente após a remoção de secreções maternas pode-se administrar medicações injetáveis. Se necessário, aspirar delicadamente o conteúdo gástrico de líquido amniótico. Colocar o RN junto à mãe o mais breve possível, garantindo o vínculo mãe-filho Coletar a primeira CV de HIV do RN. Classificar o RN como baixo ou alto risco para definição de indicação de ARV. A amamentação deve ser contraindicada. Iniciar a profilaxia de acordo com a classificação, preferencialmente antes de 4 horas de vida. É recomendado o alojamento conjunto, com o intuito de fortalecer o vínculo mãe-filho. Iniciar precocemente (ainda na maternidade ou na primeira consulta ambulatorial) o monitoramento laboratorial em todas as crianças expostas, considerando a possibilidade de eventos adversos aos ARV utilizados pela mãe ➔ Profilaxia antiretroviral no RN exposto ao HIV: Baixo risco: Critérios: Uso de TARV desde a primeira metade da gestação + CV-HIV indetectável a partir da 28° semana (3° trimestre) Sem falha na adesão à TARV • Zidovudina (AZT) por 28 dias. Alto risco: Mãe sem pré-natal Mãe sem TARV durante a gestação Mãe com início de TARV após a 2° metade da gestação Mães com indicação para profilaxia no momento do parto e que não a receberam Maria Clara Mães com infecção aguda de HIV durante a gestação ou aleitamento Mães com CV-HIV detectável no 3° trimestre, recebendo ou não TARV Mães sem CV-HIV conhecida Mães com TR de HIV + no momento do parto (sem diagnóstico ou seguimento prévio). • Alto risco > 37 semanas: AZT + Lamivudina (3TC) + (Raltegravir)RAL por 28 dias • Alto risco < 37 semanas: AZT + 3TC por 28 dias e NVP por 14 dias • < 34 semanas independente do risco: AZT por 28 dias Criança sem condições de receber por VO, pode ser utilizado o AZT injetável (75% da dose VO). ➔ Seguimento laboratorial da criança exposta: Monitoramento dos efeitos adversos à exposição intra-uterina e pós natal aos ARV (antiretrovirais): • Hemograma • TGO, TGP, BTF, FA e GGT • Glicemia • Checar sorologias maternas • Carga viral ao nascimento e após com 14 dias de vida. • Crianças sintomáticas ou que permanecem internadas solicitar sorologias para TORCHs (Toxoplasmose – Outras doenças – Rubéola – Citomegalovírus – Herpes.) CV-HIV detectável -> Nova coleta imediata CV-HIV indetectável -> Nova coleta em 14 dias de vida e 2 e 8 semanas após o término da profilaxia ➔ Profilaxia de prevenção primária para pneumonia por Pneumocystis jiroveci Recomendada para todas as crianças expostas ao HIV Sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) A partir de um mês de vida até que tenham 2 CV indetectáveis. Mantida somente para crianças infectadas até 1 anos de idade. Dose: 750mg de SMX/m²/dia, em 1 ou 2x ao dia, 3x/semana em dias alternados Maria Clara FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO DA SÍFILIS REFERÊNCIAS: Aula ministrada pela professora Mariani Giffoni Rotinas de Neonatologia do Hospital Infantil Albert Sabin – HIAS, 2017. Protocolo Clínico e Diretrizes Para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente transmissíveis (IST), Ministério da Saúde, Brasília-DF, 2019. CLOHERTY, J.P.; EICHENWALD, E.C.; STARK, A.R. Manual de Neonatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p. 706-723 Tratado de pediatria / organização Sociedade Brasileira de Pediatria. - 5. ed. - 45 Barueri [SP] : Manole, 2022. v1 781-798. Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita. Nota técnica Nº 14/2020 COSMU/CGCIVI/D APES/SAPS/MS
Compartilhar