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Carla Bertelli – 4° Período – çõ í ó í ó A Síndrome Nefrótica pode surgir como doença renal primária (idiopática) ou ocorrer em associação a qualquer um dos vários distúrbios sistêmicos ou doenças hereditárias. As doenças glomerulares primárias mais comuns consistem na nefropatia membranosa, glomeruloescleroses segmentar e focal, doença por lesão mínima e glomerulonefrite membranoproliferativa. Epidemiologia – Nos EUA, o diabetes melitos constitui a principal causa. Cerca de 33% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 2, com pelo menos 25 anos de duração desenvolveram síndrome nefrótica, levado à insuficiência renal. Outras doenças sistêmicas também podem resultar em síndrome nefrótica, como lúpus eritematoso sistêmico, amiloidose e leucemia. ê – Reflete lesão não inflamatória da parede capilar glomerular. A doença glomerular subjacente resulta em proteinúria, que ocorre em consequência da alteração na seletividade da carga ou de tamanho da parede capilar glomerular, o que aumenta a permeabilidade glomerular às proteínas plasmáticas. A albumina é a principal proteína perdida na urina, porém pode ocorrer perda de outras proteínas transportadoras de hormônios, como a proteína de ligação da Vitamina D, transferrina e inibidores da coagulação. A síndrome nefrótica se manifesta classicamente com proteinúria maciça, hematúria mínima, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia, edema e hipertensão. Se não for estabelecido o diagnóstico ou se não for instituído tratamento, algumas dessas síndromes irão progressivamente lesar um número de glomérulos suficiente para causar uma queda na TFG, levando à disfunção renal. Diversos estudos observaram que quanto mais alta a excreção de proteína na urina de 24 horas, mais rápido será o declínio da TFG. As terapias para várias causas de síndrome nefrótica são assinaladas adiante com os títulos de cada doença. Em geral, todos os pacientes com hipercolesterolemia secundária à síndrome nefrótica devem ser tratados com agentes redutores dos lipídeos, visto que correm maior risco de doença cardiovascular. O edema secundário à retenção de sal e água pode ser controlado com o uso criterioso de diuréticos, evitando-se a depleção do volume intravascular. As complicações venosas secundárias ao estado de hipercoagulabilidade associado à síndrome nefrótica podem ser tratadas com anticoagulantes. As perdas de várias proteínas séricas de ligação, como a globulina de ligação à tiroxina, são responsáveis por alterações nos testes funcionais. Por último, foi considerada a hipótese de que a própria proteinúria é nefrotóxica, e que o seu tratamento com inibidores do sistema renina-angiotensina pode reduzir a excreção urinária de proteína. Segundo o Livro Bogliolo, Síndrome nefrótica (SN), que resulta de alterações na permeabilidade glomerular por lesões estruturais ou anormalidades funcionais, caracteriza-se por proteinúria maciça (> 3,5 g/24 horas), hipoproteinemia, especialmente hipoalbuminemia (< 3,0 g/dL), edema generalizado, lipidúria e hiperlipidemia. Proteinúria é o principal componente da SN e resulta da perda de proteínas plasmáticas nos glomérulos. Hipoalbuminemia deve-se sobretudo a proteinúria, mas também a hipercatabolismo proteico e alterações na síntese de proteínas. Edema, que é causado principalmente por redução da pressão oncótica do plasma (hipoalbuminemia), pode ser intenso e difuso, incluindo hidroperitônio e hidrotórax (anasarca). Redução do fluxo sanguíneo renal, aumento na reabsorção tubular de Na+ e diminuição do volume urinário também contribuem para o edema. Quando o edema é considerável, surge hiperaldosteronismo secundário a redução do compartimento intravascular, por estimulação de receptores de volume (arco aórtico, átrio esquerdo); há ainda ativação do sistema nervoso simpático e diminuição de fatores natriuréticos, como os peptídeos atriais. A aldosterona aumenta a reabsorção de Na+ nos túbulos distais e a eliminação de K+ e H+. Hiperlipidemia associa-se a aumento na síntese de lipoproteínas pelo fígado (albumina e lipoproteínas são sintetizadas no fígado pelos mesmos estímulos; com a perda renal de albumina, surge estímulo para maior síntese de albumina, o que resulta em maior produção também de lipoproteínas); elevam-se os níveis plasmáticos de colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas de muito baixa e baixa densidades. Com a hiperlipidemia e o aumento da permeabilidade dos glomérulos para lipoproteínas, ocorre lipidúria. Perda proteica urinária reduz imunoglobulinas e componentes do complemento, o que aumenta o risco de infecções, particularmente por Carla Bertelli – 4° Período pneumococos e estafilococos. Pode haver hipercoagulabilidade sanguínea, por aumento da filtração de fatores anticoagulantes, o que pode levar a trombose da veia renal. Anemia deve-se a eliminação urinária de ferro fixado à transferrina, que possui baixo peso molecular (76 kD). Em alguns pacientes, pode haver perda apenas de proteínas de baixo peso molecular (proteinúria seletiva) ou de peso molecular variável, como as globulinas (proteinúria não seletiva); no primeiro caso, o prognóstico e a resposta terapêutica são melhores. - As principais causas de síndrome nefrótica são glomerulopatias primárias, como lesão histológica mínima. As principais causas de síndrome nefrótica são glomerulopatias primárias, como lesão histológica mínima, glomerulopatia membranosa e glomeruloesclerose focal; as doenças sistêmicas mais envolvidas são lúpus eritematoso sistêmico, diabetes melito e amiloidose. çõ í – Espectro de achados que vão desde proteinúria assintomática até a apresentação mais comum de edema, o qual aparece inicialmente nas áreas periorbital e escrotal. Se o edema for grave e generalizado apresenta-se como anasarca. ó – No exame de urina, as tiras reagentes para análise urinária frequentemente revelam proteinúria de 3 a 4 cruzes e coleta de urina de 24h com >3,5g de proteína/1,73m2. A proteinúria também pode ser estimada a partir de uma única amostra de urina, calculando a razão entre a proteína urinária total em mg/dl e a creatinina urinária em mg/dl. Tipicamente, o sedimento urinário apresenta poucas células ou cilindros. Podem-se verificar lipídeos no sedimento urinário, os quais podem estar retidos em cilindros, livres na urina ou contidos na membrana plasmática de células epiteliais degeneradas, com a designação de corpúsculos gordurosos ovais. Na luz polarizada, os lipídios nos corpúsculos gordurosos ovais aparecem como ‘’Cruz de Malta’’ Bioquímica do Sangue – Diminuição da albumina sérica, diminuição da proteína sérica total e hiperlipidemia. Os pacientes podem apresentar elevações da ureia sanguínea e creatinina, porém a TFG pode estar normal. Alguns pacientes podem manifestar anemia, velocidade de hemossedimentação elevada, hipocalemia e deficiência de vitamina D. Outros exames laboratoriais podem incluir eletroforese das proteínas séricas e eletroforese de proteínas urinárias para avaliação de mieloma ou amiloidose, e anticorpo antinuclear FAN na avaliação do LES. Outros exames são sorologia para sífilis, HIV, complemento, crioglobulina e provas de função tireoidiana. Exames Especiais - As indicações e benefícios da biopsia renal permanecem con- troversos. Entretanto, trata-se do procedimento-padrão para estabelecer a causa da proteinúria em adultos. A biopsia é fre- quentemente recomendada quando existe dúvida na etiologia da proteinúria na faixa nefrótica, antes de iniciar a administração de agentes citotóxicos, nos casos em que múltiplas doenças que contribuem para o quadro clínico confundem o diagnóstico, ou quando a evolução clínica do paciente difere da esperada. Em geral, a biopsia renal pode ser realizada para ajudar nas decisões de tratamento, como, por exemplo, se é necessário interrompero tratamento devido à ausência de parênquima renal passível de recuperação. çõ ▪ Hiperlipidemia – Consequência da maior síntese e menor catabolismo das frações lipídicas ▪ Trombose – Anormalidades no sistema de coagulação, perdas urinárias de antitrombina III, proteína C e S, fatores IX, XI e XIII. ▪ Deficiência de Vitamina D e Hipocalcemia ▪ Infecção - Os pacientes com síndrome nefrótica apresentam perdas urinárias de imunoglobulinas e deficiências na cascata do complemento, o que resulta em maior suscetibilidade às infecções ▪ Hipoalbuminemia - Os níveis séricos de albumina ficam baixos na hipoalbuminemia secundária a perdas na urina e ao maior catabolismo da albumina. ▪ Desnutrição ▪ Anemia A DLM costuma manifestar-se como uma doença renal primária, mas pode estar associada a várias outras condições, incluindo doença de Hodgkin, alergias ou uso de anti-inflamatórios não esteroides; uma nefrite intersticial significativa frequentemente acompanha os casos associados ao uso de anti-inflamatórios não esteroides. Na biópsia renal, a DLM não demonstra nenhuma lesão glomerular evidente à microscopia óptica, e é negativa para depósitos à imunofluorescência ou, ocasionalmente, revela pequenas quantidades de IgM no mesângio. Há o apagamento de pedicelos que sustentam os podócitos epiteliais, com enfraquecimento dos poros da membrana da fenda. A DLM manifesta-se clinicamente com o aparecimento súbito de edema e síndrome nefrótica acompanhada por um sedimento urinário acelular. A excreção urinária Carla Bertelli – 4° Período média de proteína em 24 horas é de 10 g com hipoalbuminemia grave. Padrão de lesão renal caracterizado por cicatrizes glomerulares segmentares envolvendo apenas alguns glomérulos. Os achados clínicos da GESF se manifestam em grande parte como proteinúria. A patogênese da GESF provavelmente é multifatorial. Os possíveis mecanismos incluem um fator de permeabilidade circulante mediado por células T, níveis aumentados do receptor de urocinase solúvel, proliferação celular e síntese da matriz mediadas por TGF-β, bem como anormalidades dos podócitos associadas a mutações genéticas A nefrite membranosa idiopática (NMI) é rara na infância e constitui a causa mais comum de síndrome nefrótica nos idosos. Em 20 a 30% dos casos, a GNM é secundária e está associada a uma neoplasia maligna (tumores sólidos de mama, pulmão, cólon), infecção (hepatite B, sífilis, malária, esquistossomose), ou a doenças reumatológicas, como lúpus, artrite reumatoide, doenças de IgG4, ou exposição a medicamentos e substâncias A nefropatia diabética é a causa isolada mais comum de doença renal crônica nos Estados Unidos, sendo responsável por 45% dos pacientes que recebem terapia de substituição renal, além de ser um problema que está crescendo rapidamente em todo o mundo. O aumento dramático do número de pacientes com nefropatia diabética reflete o aumento epidêmico na obesidade, na síndrome metabólica e no diabetes melito tipo 2. Cerca de 40% dos pacientes com diabetes tipo 1 ou 2 desenvolvem nefropatia, mas, em função da prevalência mais alta do diabetes tipo 2 (90%) em comparação com o tipo 1 (10%), a maioria dos pacientes com nefropatia diabética tem doença tipo 2. As lesões renais são mais comuns nas populações negras, americanas nativas, polinésias e maori. Os fatores de risco para o desenvolvimento de nefropatia diabética incluem hiperglicemia, hipertensão, dislipidemia, tabagismo, história familiar de nefropatia diabética e polimorfismos gênicos que afetam a atividade do eixo renina-angiotensina- aldosterona. Dentro de 1 a 2 anos após o início do diabetes clínico, surgem alterações morfológicas no rim. O espessamento da MBG é um indicador sensível da presença de diabetes, mas se correlaciona de maneira precária com a presença ou ausência de uma nefropatia clinicamente significativa. As discrasias de plasmócitos que produzem um excesso de imunoglobulina de cadeias leves às vezes resultam na formação de depósitos glomerulares e tubulares que causam proteinúria maciça e disfunção renal; o mesmo é válido para o acúmulo de fragmentos proteicos séricos de amiloide A observado em várias doenças inflamatórias. Essa grande população de pacientes proteinúricos sofre de doença por depósito glomerular. Constitui casos de doença por depósito de cadeias leves, amiloidose renal e glomerulopatia fibrilar imunotatoide. A doença de Fabry é um erro inato ligado ao X do metabolismo da globotriaosilceramida, secundário a uma atividade deficiente de α-galactosidase A lisossomal, resultando em armazenamento intracelular excessivo de globotriaosilceramida. Os órgãos afetados incluem o endotélio vascular, o coração, o cérebro e os rins. Classicamente, a doença de Fabry manifesta-se na infância em meninos com acroparestesias, angioceratoma e hipoidrose Lerma, Edgar, V. et ai. ATUAL: Nefrologia e Hipertensão .Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2011. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. Jameson, J., L. et ai. Medicina interna de Harrison - 2 volumes . Disponível em: Minha Biblioteca, (20ª edição). Grupo A, 2019.
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