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Fundamentos de ECONOMIA BRASILEIRA CRUZADA MARANATA FACULDADE BATISTA BRASILEIRA Andrea Brandão de Oliveira Kraus Diretora Geral Ruy César Evangelista Salles Diretor Acadêmico Marli Wandermurem Diretora de Regulação MATERIAL DIDÁTICO ÁTICO Produção Acadêmica Camila Jacobina Coordenadora Geral da Secretaria Fernanda Lordelo Coordenadora do Núcleo EAD Luciana Catarino Bandeira e Autoria Produção Técnica Camila Jacobina Análise Técnica Edson Neves Ilustrações Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da Faculdade Batista Brasileira. BRASILEIRA SUMÁRIO TEMA 1 – PRINCÍPIOS BÁSICO S DA CIÊNCIA ECONÔMICA Conteúdo 1 – O surgimento da economia 11 Conteúdo 2 – Os problemas econômicos fundamentais e os sistemas econômicos 13 Conteúdo 3 – Estrutura de mercado 20 TEMA 2 – PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Conteúdo 1 - Teoria elementar do funcionamento do mercado: oferta e demanda 29 Conteúdo 2 - Analisando o mercado: situação de equilíbrio, excesso de oferta e excesso de demanda 38 Conteúdo 3 - Elasticidades e suas aplicações 46 TEMA 3 – ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO Conteúdo 1 - Metas de política macroeconômica 57 Conteúdo 2 - Instrumento de política macroeconômica: fiscal e monetária 65 TEMA 4 – POLÍTICA CAMBIAL Conteúdo 4 – Política comercial e de renda 77 REFERÊNCIAS 87 Apresentação Prezados Alunos, Estamos dando início aos nossos estudos da disciplina Economia. Esta disciplina é muito interessante e, com certeza, vai agregar muito em suas formações profissionais e pessoais. Ela irá tratar da construção de trabalhos científicos. Vocês irão vislumbrar um mundo novo e passarão a entender muito mais o cenário acadêmico no qual estão sendo inseridos. Encarem esta disciplina como um desafio, como tantos outros que a vida oferece. Todo ser humano é capaz de qualquer coisa, quando se dispõe a realizar. Acreditem no potencial de vocês e vamos em frente! Boa Sorte! TEMA 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 11 TEMA 1 – PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA Vamos estudar neste temas assuntos interessantíssimos. Começaremos uma viagem sobre o mundo da economia desde os seus primórdios destacaremos as razões que levaram ao seu surgimento, o seu objeto de estudo assim como os problemas econômicos fundamentais. Trataremos também sobre as formas que a economia pode ser organizar que são s sistemas econômicos. O presente tema será concluído com o conteúdo agronegócio em que será destacado a estrutura dos sistemas agroindustriais. CONTEÚDO 1 – O SURGIMENTO DA ECONOMIA Durante muitos anos, até 1615 os conhecimentos oriundos da Ciência Econômica eram denominados simplesmente Economia, nome que permanece até os dias atuais, porém a partir desse primeiro ano, pela primeira vez, usou-se um nome mais extenso: Economia Política. Foi o autor francês Antoine de Montchrétien (1575 – 1621) quem acrescentou à palavra política a expressão economia, em seu celebre livro Taiti de l’économic politique, no qual afi rmou: “A ciência da aquisição da riqueza é comum ao Estado e a família. Porém, mais tarde o nome Economia Política foi muito criticado, sendo utilizados outros nomes como: crematística (do grego Khrema – riqueza – ciência), catalactica ( do grego Katallactein - ciência de trocas) e outros mais recentes, como economia nacional, economia social. Em fi m, a economia tem origem da palavra grega oikos, que signifi ca casa, fortuna, riqueza, e da palavra nomos (também grega), que quer dizer lei, regra ou administração. Adam Smith, economista escocês, é considerado o “pai da economia” a partir dos seus estudos a economia ganha caráter cientifi co e passa a ser conhecida como Ciência Econômica. Em sua publicação mais celebre o livro “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776, considerada uma das mais importantes obras do capitalismo destaca: A livre concorrência: Defendia que a economia deveria ser conduzida pelas forças naturais, sem a intervenção do Estado, esta sempre iria alcançar os melhores resultados, pois existiria uma “mão invisível” responsável por gerir tal situação. Teoria do teoria do Valor-Trabalho: O valor econômico de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho que, em média, é necessário para a produzi. Divisão do trabalho. A divisão do trabalho priorizando a especialização seria um poderoso fator evolucionário na economia. 12 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA Figura de Adam Smith disponível no endereço eletrônico: http://4.bp.blogspot.com/_fwT8XThRCGU/ SQD4WrenERI/AAAAAAAAEe0/C0tnR7853-U/s400/Adam_Smith.jpg acessado em 13/12/2010 Você sabia? Adam Smith nasceu em 5 de junho de 1923, faleceu em 1790 em Edimburgo era Escocês e além de economista era também fi lósofo Agora que já sabemos como foi defi nido o nome para a ciência que estamos estudando, precisamos entender porque a economia surgiu. O surgimento da economia respalda-se em duas premissas básicas, são elas: A escassez dos recursos A necessidade ilimitada do ser humano A restrição física dos recursos é algo incontestável, por outro lado a necessidade do ser humano é ilimitada, ou seja, o ser humano nunca está plenamente satisfeito, está sempre querendo algo mais. A insaciabilidade do ser humano potencializa o problema da escassez dos recursos, ou seja, não existem recursos sufi cientes para satisfazer as necessidades de toda a população, é exatamente por conta desta situação de difícil solução que sugue a economia. Enfi m a economia sugue para distribuir os recursos escassos da melhor forma possível em prol de gerar benefi cio para a sociedade. Vasconcelos (2002, p.20) defi ne economia da seguinte maneira: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade a fi m de satisfazer as necessidades humanas. TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 13 Pode-se dizer então, que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez, ou seja, como “economizar” recursos. A lei da escassez de recursos Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção, utilizados no processo produtivo para obter outros bens, destinado à satisfação das necessidades dos consumidores. Com base na lei de escassez de recursos, sabemos que os fatores de produção são limitados e as necessidades humanas ilimitadas, então, podemos concluir que a sociedade deve produzir, alocando da melhor maneira possível seus fatores de produção, objetivando a solução dos problemas econômicos fundamentais. CONTEÚDO 2 – OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS E OS SISTEMAS ECONÔMICOS. Vamos estudar neste item os problemas econômicos fundamentais e como eles podem ser conduzidos, paraisso vamos ter que analisar também como a economia se organiza, ou seja, os sistemas econômicos. 2.1 – Os problemas econômicos fundamentais Os problemas econômicos fundamentais surgem da necessidade de fazermos escolhas devido ao fato dos recursos serem escassos e as necessidades humanas ilimitadas. São eles: O que produzir Como produzir Para quem produzir Vasconcelos (2002) defi ne os problemas econômicos fundamentais da seguinte maneira: O que e quanto produzir. Dada a escassez de recurso de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidade de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas. Esse é um momento muito importante para você que é ou poderá ser um futuro empreendedor, nessa escolha deve ser levado em consideração o conhecimento do produto fi nal que vai ser produzido, como também, a oferta do produto na economia. Como produzir. A sociedade terá de escolher ainda, quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como vão ser produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão entre os métodos mais efi cientes em O que produzir Como produzir Como produzir Para quem produzirPara quem produzir 14 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA conformidade com o objetivo que se pretende alcançar. Nesse momento deve ser levando em consideração a quantidade de fatores de produção disponíveis para a produção do bem, a qualidade dos produtos produzidos pelos concorrentes, como também a quantidade de capital (recurso fi nanceiro) disponível para ser investido no empreendimento. Figura ilustrando uma produção disponível no endereço eletrônico: http://www.revistaportuaria.com.br/ arquivos/noticia_122001392948b7ef6914fb4.jpg em 13/10/2010. Para quem produzir. Essa é a hora de decidir sobre o público alvo, o público que se pretende atingir objetivando o escoamento da produção, ou seja, o público que efetivamente vai consumir os bens produzidos pela empresa. É de extrema importância conhecer o público alvo, para que o produto seja produzido na medida certa em prol de atender as necessidades dos consumidores. Vejamos um exemplo prático! O que produzir? Resposta: Soja Como produzir? Resposta: detalhamento de todo o processo para a produção. Qual a tecnologia utilizada? Qual será a mão-de-obra utilizada? Para quem produzir? Para o público interno e para exportação. Sendo assim, chegamos a seguinte conclusão: o objeto de estudo da economia é a escassez e o objetivo da economia é a análise dos problemas econômicos e formulação de soluções para resolvê-los, de forma a melhorar a qualidade de vida e bens estar da população. TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 15 Vasconcelos (2002, p.22) 2.2- A questão da organização da economia – sistemas econômicos A próxima questão é a seguinte: como a sociedade resolverá os problemas econômicos fundamentais? A resposta não é tão simples, afi nal dependerá da forma de organização econômica. Existem duas formas principais de organização econômica: Economia de mercado (tipo capitalista) Economia planifi cada (tipo socialista) Em uma economia de mercado, esses problemas são resolvidos predominantemente pelo mecanismo de preços atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas ou socialistas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país. Vejamos agora uma analise detalhada dessas duas formas as quais a economia pode se estruturar. 2.2.1 Analisando o funcionamento de uma economia de mercado As economias de mercado podem ser analisadas por dois sistemas: O sistema de concorrência pura Nesse sistema predomina o liberalismo, os produtores e consumidores possuem todo o poder de resolver os problemas econômicos fundamentais, sem a intervenção do governo como se fossem guiados apenas por uma “mão invisível” Vasconcelos (2002) afi rma que a fi losofi a do liberalismo econômico advoga a soberania do mercado, sem intervencionismo do Estado, esse nesse modelo, deve responsabilizar- se por questões não relacionadas diretamente com a economia como justiça, segurança e relações diplomáticas. O mercado seria o único condutor da economia e o responsável por resolver as questões econômicas fundamentais relacionadas a o que produzir, como e para quem produzir. 16 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA O sistema capitalista respalda-se em duas características básicas: Livre iniciativa: trata-se da possibilidade dos agentes econômicos tomarem decisões por conta própria, sem a interferência do Estado. Propriedade privada: é o direito que garante ao proprietário de um bem o poder de usar e dispor dele. Outra característica marcante do capitalismo é o individualismo, que consiste em os agentes econômicos procurarem resolver seus problemas individualmente, sem a intervenção do Estado e almejando exclusivamente o benefi cio próprio. Certamente, analisando as questões acima mencionadas e comparando-as com o sistema econômico adotado no Brasil, percebe-se quase todas as características são compatíveis, com a exceção da intervenção do Estado na economia. Esse modelo que mescla características do modelo capitalista puro com a interferência do governo é conhecido como sistema de economia mista que é o item a ser detalhado a segui. Pelo menos até início do século XX, prevaleciam nas economias ocidentais os sistemas de concorrência pura, onde não havia a intervenção do Estado na atividade econômica, porém, a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista, onde ainda prevalecem as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na alocação e distribuição dos recursos para a própria produção de bens e serviços. Sistema de economia mista A grande depressão também conhecida como Crise 1929 foi uma grande depressão econômica ocorrida nos EUA que gerou problemas tais como altas taxas de desemprego, queda acentuada do produto interno bruto (PIB) prejuízos na área industrial etc. essa crise se confi gurou em um grande marco na história da economia, isso porque com a crise foi constatado que o mercado sozinho não garante o equilíbrio automático da economia e nem o pleno emprego de seus recursos, deixando evidente a necessidade de uma atuação mais efetiva do governo na condução da atividade econômica. A partir desse marco histórico ganha destaque o sistema de economia mista e a teoria Keynesiana elaborada por John Maynard Keynes considerado o pai da macroeconomia, sua teoria é baseada na incapacidade do mercado sozinho resolver os problemas econômicos fundamentais e na maior participação do governo na economia. A teoria Keynesiana foi de grande valia para todos os campos da economia, bem como para a ampliação dos horizontes de estudo. Sendo assim, no sistema de economia mista as forças do mercado continuam em evidencia e são combinadas com atuação efetiva do Estado na condução dos TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 17 problemas econômicos fundamentais. O Brasil é um exemplo de país que tem seu sistema econômico organizado na forma de sistema capitalista. Curiosidades: Você sabia? John Maynard Keynes nascem em 5 de junho de 1883 em Cambridge na Inglaterra e faleceu aos 62 anos em 21 de abril de 1962 de um ataque cardíaco foi pioneiro na evolução da macroeconomia.Figura de Keynes disponível no endereço eletrônico: http://moaciralencarjunior.fi les.wordpress.com/2009/05/ keynes.jpg em 13/10/2010. O sistema econômico capitalista seja ele puro ou misto por ter como pilar de sustentação a ação individual, gera inevitavelmente uma série de contradições tais como: desemprego, fome, concentração de renda, pobreza etc. 2.1.2 Economia planifi cada Sistema socialista ou de economia centralizada, ou ainda economia planifi cada: é aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas. Nesse sistema prevalece à propriedade estatal dos meios de produção, o poder central distribui não só as tarefas da população como também os meios de produção, tanto materiais como fi nanceiro. No sistema socialista a maioria dos preços dos bens e serviços, salários e quotas de produção e de recursos são calculadas por esses órgãos, e não pela oferta e demanda no mercado. Cuba, exemplo de sistema socialista que “sobrevive” até os dias atuais, onde o governo tem a posse dos fatores de produção, determinando “quanto” e “o que” cada indivíduo, membro dessa sociedade, vai produzir. 18 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA Bandeira de cuba disponível no endereço eletrônico: http://www.gospelgospel.com.br/wp-content/uploads/ Cuba.gif em 13/10/2010 Diferentemente do que ocorre inevitavelmente no capitalismo, o socialismo é um modo de organização social que prima pela distribuição eqüitativa da riqueza e da propriedade, com o único objetivo de promover uma sociedade mais justa e equânime. Vasconcelos (2002) resume de uma forma bastante clara as diferenças entre os sistemas de economia de mercado e economia planifi cada . Segue: Propriedade publica (economia planifi cada) X propriedade privada (economia de mercado); Os problemas econômicos fundamentais são resolvidos são resolvidos pelo governo (economia planifi cada) ou pelo mercado (economia de mercado) 2.3 – Condição coeteris paribus Você sabe o que signifi ca condição coeteris paribus? Se você não sabe, vai precisar saber afi nal essa condição é de estrema importância para o estudo da ciência econômica. A economia por ser uma ciência social nos leva a uma situação por diversas vezes muito complexa, temos diversas variáveis infl uenciando um único fenômeno ao mesmo tempo. Por exemplo: a quantidade demandada de um bem é infl uenciada por diversos fatores tais como: preço, gosto, renda propaganda etc.essa situação difi culta um estudo especifi co sobre o efeito do preço sobre a quantidade demandada. Para que seja possível realizar o estudo de duas variáveis isoladas surge à condição coeteris paribus. Conceito: Podemos então defi nir condição coeteris paribus, como sendo uma expressão em latin, que signifi ca tudo o mais permanecendo constante. É utilizada com freqüência pelos economistas quando se pretende s estudar o efeito isolado de uma variável sobre a outra, sem considerar a infl uencia das demais variáveis sobre o fenômeno estudado. TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 19 Vamos simular um exemplo! Para sabermos o impacto de uma variação no preço sobre a procura de um determinado produto, vamos considerar que o efeito das outras variáveis não vão infl uenciar o processo, pois são consideradas constantes. Sendo assim, será analisado exclusivamente o impacto de um aumento do preço na quantidade demandada, pois estaremos sob a condição coeteris paribus . 2.4 Economia positiva X economia normativa Toda teoria respaldam-se em critérios que a tornam aceitável e válida pela comunidade cientifi ca, compostas de variáveis e hipóteses que ajudam a explicar alguns fenômenos. A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos relacionados à economia positiva e argumentos normativos relacionados à economia normativa. A economia normativa contem juízo de valor e é subjetiva, por outro lado a economia positiva representa um conjunto de conhecimentos objetivos, respaldada por fundamentados comprovados cientifi camente. Segundo Vasconcelos (2002, p.32) “os argumentos normativos refere-se ao que deveria ser, e os argumentos positivos ao que é”. Sobre a economia positiva e normativa Vasconcelos (2002, p.32) explica que: [...] quando dizemos que deveria ocorrer uma melhoria na distribuição de renda, expressamos um juízo de valor em que acreditamos, isto é, se é uma coisa boa ou má. Esse é um argumento da economia normativa. Já a economia positiva ajudará a escolher o instrumento de política econômica mais adequado para diminuir a concentração de renda (política salarial, política tributária etc.), procurando avaliar quais os aspectos positivos e negativos dessa política (impacto sobre gastos públicos etc.) Vejamos um exemplo! A produção de soja deve ser priorizada pelo governo devido a sua importância no cenário nacional. Observe que o exemplo acima citado é um argumento normativo, pois é subjetivo e envolve juízo de valor (opinião). A valorização da moeda nacional perante o dólar prejudica os exportadores de soja. Esse segundo argumento é positivo pois relaciona-se a um fato objetivo e com respaldo cientifi co. 20 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA CONTEÚDO 3 - ESTRUTURA DE MERCADO A determinação de preços e produção pode ocorrer sob diferentes condições de mercado. Fundamentalmente existem três variáveis principais que condicionam as diferentes estruturas de mercado são elas: Número de fi rmas no mercado; diferenciação do produto e existência de barreiras à entrada de novas empresas (VASCONCELOS, 2002). Formas de mercado; Concorrência perfeita Monopólio Concorrência monopolista (ou imperfeita) Oligopólio 3.1 Concorrência Perfeita: Vasconcelos (2002) afi rma que as principais hipóteses em um modelo um mercado de concorrência perfeita são as seguintes: Mercado atomizado: signifi ca mercado com inúmeros compradores e vendedores desta forma, um agente isolado não possui o poder de afetar o preço de mercado. Produtos homogêneos: Todos os produtores oferecem produtos homogêneos, ou seja, semelhantes não havendo diferenças de embalagem nem qualidade. Mobilidades de fi rmas: representa um mercado sem barreiras tanto os compradores quanto os produtores tem a possibilidade de entrar e sair do mercado a qualquer hora. Racionalidade: Tanto os produtores quanto os consumidores agem de forma racional os produtores visando a maximização dos lucros e os consumidores de sua satisfação. Transparência de mercado: todas as informações relevantes sobre o mercado são de domínio dos produtores e consumidores. Mobilidade de bens: existe completa mobilidade de produtos entre as regiões, ou seja, o custo de transporte não é levado em consideração, isso signifi ca dizer que: o consumidor do interior consome o produto pelo mesmo valor que o consumidor da capital. Concluindo: Em um mercado de concorrência perfeita... - As ações de um único comprador ou vendedor não tem efeito no preço de mercado; - Cada comprador e vendedor aceita o preço de mercado como dado. - Compradores e vendedores em mercados competitivos são chamados de TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 21 “aceitadores (tomadores) de preço”; - Compradores e vendedores têm que aceitar o preço determinado pelo mercado. Vocês devem está pensando que estas hipóteses listadas como característica de um mercado em Concorrência perfeitacompõe um cenário ideal, porem fora da realidade. É verdade essa situação é pouco provável, no entanto, é interressante começarmos o nosso estudo por elas, pois segundo Vasconcelos (2002, p.145) “Essas hipóteses representam uma base, um referencial para a construção de modelos mais próximos da realidade”. Você poderia me dizer um exemplo de uma empresa em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita? Trata-se essencialmente de produtos agrícolas, por isso são idênticos, pois podemos considerar que feijão é feijão, e arroz é arroz em qualquer lugar, logo, podemos citar como exemplo: A feira livre. Figura ilustrando uma feira disponível no endereço eletrônico: http://261studio.com/galeria/d/91920-3/ Feira+de+Caruaru.JPG em 13/10/2010 Maximização do lucro em uma fi rma de concorrência perfeita: A teoria econômica supõe que o objetivo de uma empresa, a curto prazo e a longo prazo, é maximizar o lucro. Senda assim esta irá procurar a atuar dentro de condições favoráveis visando o alcance deste principal objetivo. A empresa consegue alcançar o lucro máximo quando a sua receita marginal se iguala ao custo marginal, isto é, quando a receita adicional obtida pela última unidade vendida for igual ao custo adicional de produzir essa unidade. Rmg = Cmg → LT max. Conceitos: Custo marginal (Cmg) é o custo de se produzir uma unidade extra do produto. Receita marginal (Rmg) é a variação da receita total, dada uma variação na quantidade vendida. 22 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA Será que você ainda está com dúvida sobre a condição de lucro máximo? Vejamos uma explicação mais detalhada: Caso a empresa esteja produzindo uma quantidade de produto tal que a Rmg > Cmg, é interessante aumentar a produção, pois cada unidade produzida aumentará o lucro; Caso a empresa esteja produzindo uma quantidade de produto tal que a Rmg < Cmg, é interessante diminuir a produção, pois cada unidade produzida reduzirá o lucro; Portanto, a empresa encontrará o equilíbrio ao produzir uma quantidade que a Rmg = Cmg. Agora que já conhecemos as condições de um mercado em concorrência perfeita vejamos o seu estremo oposto o monopólio. 3.2 Monopólio A característica principal do monopólio é a existência de uma única fi rma. Sendo assim, tem-se que: Demanda total do mercado = demanda para a empresa. Vejam o gráfi co! Colocar o gráfi co pág. 161 Características de um monopólio - Enquanto uma fi rma competitiva é “tomadora de preço”, a fi rma monopolista é “fazedora de preço”; - Uma fi rma é considerada monopolista se: - É a única vendedora de um produto; - O produto não tem um substituto (similar). -A causa fundamental para o aparecimento dos monopólios são as barreiras para entrada de fi rmas no mercado. Essas barreiras são de três tipos: - Posse de um insumo chave; - Licença exclusiva dada pelo governo para a produção de um bem. Por que no monopólio, temos apenas uma empresa atuando nesse mercado? - Os custos de produção são tão altos que um único produtor é mais efi ciente que vários pequenos produtores; - Embora a posse de um insumo chave seja uma das razões para o aparecimento de monopólios, na prática, monopólios, raramente surgem por esses motivos; TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 23 - Patentes e direitos de propriedade são dois exemplos de licenças dada pelo governo autorizando que apenas uma única fi rma produza m um mercado; - Um monopólio natural existe quando uma única fi rma pode suprir um bem para todo um mercado de forma mais efi ciente que duas ou mais fi rmas; - O monopólio natural surge principalmente quando há ganhos de escala substanciais durante a produção; Vejamos alguns exemplos! Você sabia que nós somos clientes diretos de uma empresa situada em uma estrutura de monopólio? Podemos citar como exemplo: Coelba (distribuidora de energia do estado da Bahia), Energipe (distribuidora de energia do estado de Sergipe e a Embasa (distribuidora de água do estado da Bahia). Você entendeu a diferença entre Concorrência Perfeita e Monopólio? Podemos verifi car essa principais diferenças na tabela a seguir: Comparação entre os extremos: Concorrência perfeita X Monopólio Monopólio Concorrência Perfeita Único produtor É mais um de muitos produtores Possui uma curva de demanda com inclinação negativa Apresenta uma curva de demanda hori- zontal É “fazedora de preço” É “tomadora de preço” Reduz preço para aumentar as vendas Vende muito ou pouco ao mesmo preço 3.3 – Concorrência monopolista ou imperfeita A concorrência imperfeita ou monopolista trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio pelas seguintes características: • Muitas fi rmas vendendo produtos que são similares, mas não idênticos. • São mercados com alguns aspectos de competição e outros de monopólio Principais características: • Muitos vendedores Produtos diferenciados – a diferenciação dos produtos acontece via características físicas, embalagem, promoção de vendas, manutenção e atendimento pós venda e etc. • Livre entrada e saída 24 TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA • Existem muitas fi rmas competindo pelo mesmo grupo de consumidores: • Firmas podem entrar e sair do mercado sem restrição. Vasconcelos (2002) cita alguns exemplos de mercado de concorrência monopolística são eles: o mercado sabonetes, serviços médicos, odontológicos e etc. A concorrência imperfeita é um modelo mais realista que o de concorrência perfeita, que supõe produtos complementares homogêneos, idênticos, sem diferenciação. Você deve estar se perguntando como se dá essa diferenciação dos produtos. Essa diferenciação dos produtos dá-se via: embalagem, propaganda, atendimento, manutenção, pós-venda etc. Vasconcelos (2002) acrescenta ainda que como não existem barreiras para a entrada de fi rmas, a longo prazo há tendências apenas para lucros normais (RT = CT), como em concorrência perfeita, ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo atraem novas fi rmas para o mercado, aumento a oferta de produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão lucros normais, quando então cessa a entrada de concorrentes. 3.4 – Oligopólio A palavra oligópólio (vem do grego: oligos, poucos + polens, vender) se trata de uma forma amplifi cada do monopólio, só que nesse caso, um grupo de empresas vai ser responsável por promove o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços, como empresas de automobilistica, alumínio, montadoras de veículos, cimentos, laboratórios farmacêuticos, aviação e bancos. Vasconcelos (2002) defi ne oligopólio de duas formas: • Oligopólio concentrado: Existe um pequeno número de empresas no setor. Exemplo: indústria automobilística. • Oligopólio competitivo: Apenas um pequeno número de empresas domina o setor com muitas empresas. Exemplo: Parmalat, Brahma, Antarctica e Coca- cola no setor de bebidas, Bompreço e Gbarbosa no setor de supermercados. Devido à presença de empresas dominantes elas têm o poder de fi xar os preços de venda em seus termos. O Oligipólio, assim como monopólio, ocorre basicamente devido a exsitência de barreiras à entrada de novas empresas no setor, essas barreiras são devidas aos seguintes fatores: • Proteção de patentes • Controle de matéria-prima-chave • Tradição • Oligopólio puro ou natural TEMA - 1 PRINCIPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 25 Vasconcelos (2002) afi rma que no oligopólio, pode-se encontrar duas formas de atuação das empresas: • Concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções (forma de atuação pouco freqüênte); • Formam carteis (conluis, trustes).Cartel é uma organozação (formal ou informal) de de produtores de um setor, que determina a política para todas as empresas do cartel. O cartel fi xa preços e a repartição (cota) do mercado entre empresas. Existem dois tipos de cartel: Cartel perfeito Todas as empresas têm a mesma participação Cartel imperfeito Existem empresas lideres que fi xam os preços, as demais empresas concordam em seguir os preços da líder esse modelo é chamado de liderança de preços. O governo, por meio de leis, não permite que os preços da líder sejam fi xados muito baixos para que as demais empresas não sejam eliminadas. Vamos perceber através da ilustração a seguir como são caracterizadas as estruturas de mercado: Monopólio Oligopólio Competição Monopolística Competição Perfeita •Água •TV a cabo • Bola de tênis • Óleo cru • Livros • Cinemas • Trigo • Leite Número de Firmas? Tipo de Produto? Muitas firmas Uma firma Poucas firmas Produtos diferenciados Produtos idênticos TEMA 2 PRINCÍPIOS BASILARES DA MICROECONOMIA 29 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA TEMA 2 – PRINCIPIOS BASILARES DA MICROECONOMIA Vamos estudar agora a microeconomia, que é o ramo da Ciência econômica destinado a estudar o comportamento dos agentes econômicos tomados isoladamente. Analisando de uma forma mais específi ca pode-se dizer a microeconomia procura demonstrar: O comportamento dos indivíduos e das famílias, enquanto consumidores; O comportamento das organizações no que se refere às políticas de preços, previsões de demanda, faturamento e custos de produção; Acima de tudo a microeconomia trata de como os indivíduos, as famílias e as empresas decidem empregar seus recursos escassos. Trataremos neste tema sobre o funcionamento do mercado analisaremos a demanda e oferta, as condições de equilíbrio do mercado e a elasticidade-preço da demanda. Concluiremos o tema com a teoria da produção. CONTEÚDO 1 –– TEORIA ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO: OFERTA E DEMANDA Começaremos este item conhecendo o funcionamento do mercado, para isso, é de extrema importância estudarmos a demanda e a oferta. 1.1 Analise da demanda A demanda, também conhecida como procura, nada mais é do que a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em um dado período. Sendo assim, a demanda é um desejo, uma intenção dos consumidores em relação aos bens disponíveis na economia. Vamos agora refl etir um pouco sobre a demanda! O que pode infl uenciar e fazer com que um consumidor aumente a sua procura por determinado bem? Ou ainda, quais fatores podem desestimular o consumidor fazendo com que o mesmo passe a demandar uma quantidade menor de produtos? A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como: - Riqueza (e sua distribuição); - Renda (e sua distribuição); - Preço dos outros bens; - Fatores climáticos e sazonais; - Propaganda; - Hábitos, gastos, preferência dos consumidores; - Expectativa sobre o futuro; 30 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA - Facilidade de crédito. Função geral da demanda A função demanda é colocada como dependente das variáveis seguir: Qd = f(Pb, Ps, Pc, R, G) Qd – Quantidade demandada; Pb – Preço dos bens; Ps - Preço dos bens substitutos; Pc – Preço dos bens complementares; R – Renda do consumidor; G – Gastos hábitos e preferências do consumidor . Para estudar o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a demanda de um bem ou serviço não se pode esquecer de recorrer à situação coeteris paribus (todas as demais variáveis permanecendo constantes). 1.1.2 Relação entre o preço do produto e a quantidade demandada Para entendermos esta relação, vejamos agora uma situação comum do cotidiano do consumidor. Maria vai ao supermercado Cabe no seu Bolso, mensalmente, para comprar os mantimentos para abastecer sua casa. Ela sempre adquire quatro unidades de queijo que custam em média R$ 7,00 a unidade. Para a surpresa de Maria no presente mês, ela foi ao mesmo supermercado e o queijo que ela está acostumada a comprar sofreu um aumento, custando R$ 10,00. Qual será a reação de Maria? Provavelmente ela vai reagir negativamente, passando a consumir uma quantidade menor de queijo ou substituirá o mesmo por um outro produto semelhante. Vejamos agora uma situação inversa! Maria vai ao supermercado e para a sua felicidade o queijo que ela está acostumada a comprar por R$10,00 custa na promoção por R$ 4,50. Qual será a reação de Maria? Agora Maria vai reagir de uma forma positiva e tudo indica que ela irá consumir uma quantidade maior do produto. Concluindo: Todas as demais variáveis permanecendo constantes existem uma relação inversa entre a quantidade procurada de um produto e o seu preço. 31 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Vejamos a tabela a seguir Preço ($) do queijo Qtde Demandada das pessoas que freqüentam o supermercado Cabe no seu Bolso 4,50 50 6,00 45 7,00 40 8,50 35 10,00 30 Percebam que à proporção que o preço do queijo aumenta, a quantidade vendida de queijo diminui devido à queda da demanda. A curva da demanda é decrescente, mostrando que quanto maior for o preço do produto, menores quantidades serão demandadas pelos consumidores. Matematicamente, a demanda é dada pela expressão: Qd=f(p). 1.1.3 Relação entre a quantidade demandada e o preço de outros bens e serviços. Para estudarmos a relação entre a quantidade demandada e o preço de outros bens e serviços, precisamos conhecer a diferença entre os bens substitutos e os complementares. Bens substitutos ou concorrentes: O consumo de um bem substitui o consumo do outro. Vejamos um exemplo prático: João é um grande apreciador de carne e este item é consumido por ele com freqüência. O quilo da carne comprada por João custa em média R$ 14,50, contudo, no ultimo mês, o preço da carne sofreu o aumento e atualmente é vendido por R$ 17,00. Qual será a reação de João? Mesmo sendo um grande apreciador de carne João diminuiu o consumo de carne e aumentou a quantidade consumida de frango, afi nal carne e frango são produtos substitutos. P P1 ------ P2----------------------- D Q1 Q2 Q 32 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Observe a relação direta existente entre os bens substitutos. O aumento do preço da carne de boi gerou um aumento na quantidade demandada de frango. Vejam agora outros exemplos de produtos substitutos: • Manteiga e margarina; • Queijo e requeijão; • Presunto e mortadela etc. X Figura margarina disponível no endereço eletrônico: http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm38/ images/margarina.gif acessado em 13/10/2010 Figura manteiga disponível no endereço eletrônico: http://4.bp.blogspot.com/_O6GCs1wsr6w/ S8nD48spf6I/AAAAAAAAFmY/ugoNMnuRhB8/s1600/manteiga.jpg acessado em 13/10/2010 Bens complementares São bens consumidos em conjunto. Por exemplo, o aumento do preço dos automóveis deverá diminuir a procura por gasolina, coeteris paribus. Vejam agora outros exemplos de produtos complementares: • Carro e pneu; • Impressora e cartucho; • Pão e manteiga etc. Observe a relação indireta existente entre os bens complementares. O aumento do preço do carro irá diminuir a demanda por gasolina. 33 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Figura de carro disponível no endereço eletrônico: http://img81.imageshack.us/i/vvv630qi3.jpg/ acessado em 13/10/2010 1.1.4 Relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor. Para entendermosa relação entre a demanda de um bem e a renda precisamos entender três situações distintas: O bem normal O aumento da renda leva ao aumento da demanda de um bem. Essa situação é a que normalmente acontece por isso à nomenclatura normal para denominar o bem. Dentre os bens normais, podemos citar como exemplo alimentos, roupas, calçados etc. É natural que, com o aumento do poder aquisitivo, as famílias se alimentam e se vestem melhor. Observe a relação direta que existe entre os bens normais e a renda O bem inferior O aumento da renda leva à queda da quantidade demanda do bem. Esse exemplo se aplica aos produtos que quando o consumidor aumenta o poder aquisitivo perde o interesse. São os produtos de segunda categoria em geral. Veja o exemplo! Fernando consumia carne com osso por ter um preço acessível. No entanto, com a promoção que teve no seu emprego o seu salário dobrou com isso, Fernando passou a consumir um corte nobre de carne. Observe a relação inversa existente entre o a renda e o consume de carne de segunda que é considerada um bem inferior. 34 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Vejam alguns outros exemplos produtos inferiores: • Carne de segunda; • Farinha; • Cachaça; • Transporte coletivo etc. O bem perfeitamente inelástico O aumento da renda não gera impacto na quantidade demandada. Um bom exemplo são os remédios, pois o seu consumo está relacionado com o estado de saúde da pessoa e não com a sua renda. Sobre a relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor Vasconcelos (2002) conclui que a classifi cação depende da classe de renda á qual pertence os consumidores. Quanto mais elevada for a renda, maior será o número de bens a serem considerado inferiores. 1.1.5 Relação entre a demanda de um bem e o hábito dos consumidores. O hábito e o gosto dos consumidores é uma questão bastante subjetiva, no entanto, é sabido que a propaganda e as campanhas promocionais podem infl uenciar o hábito dos consumidores. Veja o exemplo! Uma campanha destacando a importância de beber leite provavelmente levará a um aumento da demanda de leite. Uma campanha esclarecendo os prejuízos que o fumo traz para a saúde provavelmente irá diminuir a demanda por cigarros. Observe o deslocamento das curvas. Campanha Beba mais leite P Leite Expansão ------------------------- D2 D1 Q leite 35 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Campanha: Fumar prejudica a saúde Atenção! Observe que em ambos os casos os preços são constantes o que está aumentando as quantidades demandadas são as campanhas publicitárias. 1.2 - Oferta de Mercado É a quantidade de bens e serviços que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Assim, como a demanda existem diversos fatores que infl uenciam a oferta. Vejamos alguns deles: • Preço do bem A relação entre o preço do próprio bem e a quantidade ofertada é direta, ou seja, quanto maior o preço maior a intenção do produtor em produzir. Vejamos um exemplo prático: Joana produz bolos para festas de aniversários, ela atribui R$50,00 como preço para os seus bolos. No entanto a esse preço não houve pessoas interressadas o que levou Joana a baixar o preço do bolo para R$ 40,00 mesmo assim poucas pessoas se interressaram e Joana foi obrigada novamente a baixar o preço. Vocês acham que essa queda dos preços vai estimular Joana a produzir mais ou menos? Figura de bolo. Disponível no endereço eletrônico: http://blog.cancaonova.com/pink/fi les/2009/01/ bolo_aniversario2.jpg acessado em 13/10/2010. P Cigarro ------------------------- D1 Retração D2 Q cigarro 36 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Essa pergunta é fácil de responder! A queda dos preços vai desestimular Joana o que provavelmente fará com que diminua a produção podendo até mesmo desistir da atividade e optar por outra. Se o mercado estivesse valorizando o produto fabricado por Joana, com certeza isso estimularia a mesma a produzir mais. Conclusão: Preço e quantidade ofertada possui uma relação diretamente proporcional. • Peço dos fatores de produção ou insumos Primeiro vamos deixar claro a diferença entre preço do bem e preço dos fatores de produção. O preço é o preço fi nal do produto que engloba o custo de produção mais a margem de lucro do produtor. Preço dos fatores de produção relaciona-se ao custo do produtor em produzir. A relação entre o preço do produto e a quantidade ofertada já vimos que é direta e com o preço dos fatores de produção qual é a relação? A relação é inversa afi nal nenhum produtor gosta de ter custo alto. Vejamos um exemplo! Carolina produz brigadeiro para vender na faculdade na hora do intervalo. Quando ela foi ao supermercado comprar os ingredientes para a sua produção, percebeu que o leito condensado, o principal fator para a produção de brigadeiro, estava na promoção, pela metade do preço. Qual será a reação de Carolina? Carolina será estimulada a aumentar a produção de brigadeiro. Conclusão: quanto menor o preço dos fatores de produção maior será a quantidade ofertada e quanto maior o preço dos fatores de produção menor será a produção. • Tecnologia A tecnologia infl uencia bastante na quantidade ofertada, pois quanto mais evoluída for a tecnologia, em determinado seguimento, mais efi ciente será a produção. Quanto tempo será que levada um sapateio para produzir um par de sapatos há duzentos anos atrás? E atualmente quantos pares de sapatos são produzidos nas fábricas? É fato que, atualmente, milhares de pares de sapatos são produzidos nas fabricas e o sapateiro de antigamente levava um considerável tempo na sua produção, devido à tecnologia adotada no processo atual, deixando-o mais efi ciente. 37 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Conclusão: A tecnologia e a oferta possuem uma relação diretamente proporcional. • Objetivos e metas dos empresários O volume da produção (da oferta também) é infl uenciado pelo desejo e estratégias montadas pelo produtor. Em linguagem matemática, podemos escrever a oferta por meio de uma função oferta: Qs = f( P, PFP, T, O etc), em que: Qs = Quantidade ofertada do bem; P = Preço do bem; PFP = Preço dos fatores de produção; T = Tecnologia; O = Objetivos e metas dos empresários. A oferta é representada pela letra “s” derivada do inglês supply (oferta). Lei da oferta: se o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem mais, coeteris paribus. Vejamos um exemplo prático observando a tabela a seguir: Preço $ Qtde Ofertada 1,00 1.000 3,00 5.000 6,00 9.000 8,00 11.000 10,00 13.000 À proporção que o preço foi aumentando, a quantidade ofertada também aumentou. Vejamos agora o gráfi co da oferta 1.2.1 Deslocamento da oferta P S P2----------------------------- P1 --------------- Q1 Q2 Q 38 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Assim como a demanda, a oferta também se desloca em um movimento de expansão e retração. Vejamos o exemplo: Exemplo 1: deslocamento (positivo) da oferta mediante o avanço da tecnologia no setor de calçado. Exemplo 2: deslocamento (negativo) da oferta mediante um aumento no preço do fator de produção terra. O aumento do preço da terra diminuirá a oferta de cana-de-açúcar, coeteris paribus, isso devido ao aumento dos custos de produção, retraindo a oferta.Atenção: Observe que, em ambos os casos, o preço permanece constante. O que está ocasionando o aumento da produção de sapatos é a tecnologia e o que está reduzindo a produção de cana-de-açucar é o preço da terra. CONTEÚDO 2 - ANALISANDO O MERCADO: SITUAÇÃO DE EQUILÍBRIO, EXCESSO DE OFERTA E EXCESSO DE DEMANDA Agora que já estudamos a demanda e a oferta isoladamente é a hora de estudarmos as duas simultaneamente, interagindo no mercado. No equilíbrio de mercado, a economia P s0 S1 ------------------------------ Deslocamento positivo expansão Q S1 S0 Deslocamento negativo retração -------------------- Q P 39 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA se encontra em repouso, no entanto, difi cilmente a economia se encontra neste almejado equilíbrio e por conta disso iremos analisar também as situações acima do equilíbrio (excesso de oferta) e o abaixo do equilíbrio (excesso de demanda). Vejamos a seguir. Figura balança disponível no endereço eletrônico: http://aliancataubate.com/blog/arquivos/2010/07/ balanca.jpg acessado em 13/10/2010 2.1 O Equilíbrio de Mercado de um Bem de Serviço Já vimos que a curva da demanda é decrescente e a da oferta é crescente. Colocando as duas no mesmo gráfi co, consegue-se visualizar o ponto de equilíbrio, que é o ponto onde a demanda e a oferta se interceptam. Em um mercado competitivo, o preço de um bem ou serviço é determinado pela interação entre a demanda e a oferta. O preço que torna a oferta igual a demanda denomina-se preço de equilíbrio. Em uma situação de equilíbrio toda a quantidade oferecida pelos produtores será comprada pelos consumidores. Características no ponto de equilíbrio: A um determinado preço a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada; Existe uma coincidência entre os desejos dos consumidores e dos produtores; A quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender; Este ponto é único e exclusivo, só ocorrendo em uma única situação; Não é facilmente atingido e demora a ser alcançado. Vejamos agora o exemplo gráfi co !!!! 40 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Vamos ver agora passo a passo um exemplo matemático Pd = 100 -2x Ps = 20-3x Primeiro passo: identifi car as equações Para identifi car a equação da demanda e a da oferta deve-se prestar atenção ao sinal do coefi ciente angular. Quando o sinal do coefi ciente angular for negativo é porque a equação é da demanda, quando for positivo é porque é da oferta. Lembrem que o sinal do coefi ciente angular é que determina o posicionamento da reta. Sendo assim: Pd = 100-2x (equação da demanda) Ps = 20+3x (equação da oferta) Segundo passo: igualar as equações Pd = Ps (calcula-se uma situação de equilíbrio) Encontramos a quantidade de equilíbrio, encontraremos agora o preço de equilíbrio. Terceiro passo: substituir a quantidade de equilíbrio (Xe) na equação da demanda ou na equação da oferta. P S E D Gráfico de equilíbrio de mercado Q 16 5 80 805 2320100 3202100 = = = +=− +=− Xe x x xx xx 41 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Ps = 20+ 3x Ps = 20 + 3 (16) Ps = 20 + 48 Ps = 68 Pd = 100 – 2x Pd = 100 – 2 (16) Pd = 100 – 32 Pd = 68 Percebam que encontramos valores iguais nas duas substituições, não foi coincidência, toda vez que estivermos em uma situação de equilíbrio teremos Pd = Ps Quarto passo: montar o gráfi co 2.2 - Excesso de oferta Excesso de oferta signifi ca muita oferta, ou seja, a quantidade que os produtores desejam vender é superior a que os consumidores desejam adquirir. Vejamos um exemplo! No mês de maio Joaquim produziu 100 bolsas de couro e vendeu apenas 70, acumulando 30 unidades em seu estoque, no mês de junho, novamente a produção foi de 100 bolsas e a demanda foi de apenas 20. Ao longo desses dois meses o Joaquim acumulou em seu estoque 110 unidades de bolsa. Joaquim está vivenciando uma situação de excesso de oferta. O que ocasiona um excesso de oferta? O excesso de oferta acontece quando o preço praticado encontra-se acima do equilibro. Para entender melhor esta situação é 11 P s 68 ---------------------- d 16 Q 42 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA necessário analisar a demanda e a oferta. Quando acontece um aumento de preço como reagem consumidores e produtores? • O produto se sentirá estimulado a aumentar sua produção • O consumidor reagira de uma forma negativa diminuindo o seu consumo. Desta forma, teremos a quantidade ofertada (xs) maior do que a quantidade demandada (xd). Algebricamente: Xs > Xd. Quando existir excesso de oferta surgirá pressão para que os preços caiam, pois: • Os vendedores percebem que não podem vender tudo o que desejam, seus estoques aumentam e para escoar a produção são obrigados a oferecer os seus produtos a preços menores. • Os compradores percebem a oferta em fartura e passam a questionar o preço. Em uma situação de excesso de oferta, o produtor é o agente econômico que está em desvantagem, pois está acumulando estoque, que signifi ca dinheiro parado, e terá que montar estratégias para reverter tal situação, baseadas geralmente na baixa dos preços ou na promoção de campanhas publicitárias em prol de seduzir o cliente. Figura liquidação: disponível no endereço eletrônico: http://jornale.com.br/mirian/wp-content/ uploads/2009/07/liquidacao.jpg acessado em 13/10/2010. Vejamos um exemplo matemático. Primeiro passo: Retomar o exemplo anterior Pd = 100-2x (equação da demanda) Ps = 20+3x (equação da oferta) Quantidade de equilíbrio encontrada: Xe = 16 Preço de equilíbrio encontrado: Pe = 68 Segundo passo: Estipular um preço acima do equilíbrio Dica: Para calcularmos uma situação de excesso de oferta é necessário estipular um preço acima do equilíbrio. Dica: Para calcularmos uma situação de excesso de oferta é necessário estipular um preço acima do equilíbrio. 43 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Como o preço de equilíbrio encontrado foi igual a 68 unidades monetárias, colocaremos agora o preço igual a 80. Terceiro passo: substituir o novo preço na equação da oferta para encontrar a quantidade ofertada. Ps = 20+3x (equação da oferta) Já encontramos a quantidade ofertada! Quarto passo: substituir o novo preço na equação da demanda para encontrar a quantidade demandada. Pd = 100-2x (equação da demanda) Já encontramos a quantidade demandada Quinto passo: analisar os valores calculados Percebam que quando colocamos um preço acima do equilíbrio (80) a quantidade ofertada aumentou (era 16 e passou para 20) e a demandada diminuiu (era 16 passou para 10).20 3 60 360 32080 32080 = = = =− += xs x x x x 10 2 20 220 )1(220 220 210080 210080 = = = −−=− −=− −=− −= xd x x x x x x 44 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA 2.3 Excesso de demanda Excesso de demanda signifi ca muita demanda, ou seja, a quantidade que os consumidores desejam comprar é superior a que produtores produziram. Vejamos um exemplo! Fátima vende em seu comércio 30 (trinta) unidades de álcool por mês. Conhecendo a demanda por este produto ao longo dos anos, ela sabe exatamente a quantidade que deve ser pedida ao fornecedor, de modo que não haja excesso de oferta, nem escassez do produto. Em 2009, com a pandemia do vírus H1N1, houve um aumento inesperado da demanda por álcool gel e o comércio de Fátima possuía apenas 30 unidades para ofertar (que acabaram em um dia). Em média, 40 pessoas procuravam pelo produto em um único dia. Esta uma situação é excesso de demanda. Diversos fatores podem ocasionar um excesso de demanda. O preço quando é praticado abaixo do equilibro é um deles. Para entender melhor esta situação vamos analisar novamente a demanda e a oferta. Quando acontece uma queda de preço, como reagem consumidores e produtores? • O produto se desestimula e diminui sua produção. • O consumidor reagira de uma forma positiva e aumenta o seu consumo. Desta forma, teremos a quantidade demandada (xd) maior do que a quantidade ofertada (xs). Algebricamente: Xd > Xs. Quando existir excesso de demanda, surgirá pressão para que os preços subam, pois: • Os vendedores percebem a escassez do produto e a necessidade do consumidor, concluindo que poderá aumentar o preço sem ter queda em suas vendas. Em uma situação de excesso de demanda, o consumidor é o agente econômico que está em desvantagem, pois como o produto disponível não atende a necessidades de todos os consumidores interressados, é provável que a estratégia do produtor seja de aumentar o preço. Vejamos um exemplo matemático. Primeiro passo: Retomar as informações referentes ao ponto de equilíbrio Pd = 100-2x (equação da demanda) Ps = 20+3x (equação da oferta) Quantidade de equilíbrio encontrada: Xe = 16 Preço de equilíbrio encontrado: Pe = 68 Segundo passo: estipular um preço abaixo do equilíbrio 45 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Dica: Para calcularmos uma situação de excesso de demanda, é necessário estipular um preço abaixo do equilíbrio. Como o preço de equilíbrio encontrado foi igual a 68 unidades monetárias, colocaremos agora o preço igual a 60. Terceiro passo: substituir o novo preço na equação da oferta para encontrar a quantidade ofertada. Ps = 20+3x (equação da oferta) Encontra-se a quantidade ofertada! Quarto passo: substituir o novo preço na equação da demanda para encontrar a quantidade demandada. Pd = 100-2x (equação da demanda) Já encontramos a quantidade demandada Quinto passo: analisar os valores calculados 33,13 3 40 340 32060 32060 = = = =− += xs x x x x 20 2 40 240 )1(240 240 210060 210060 = = = −−=− −=− −=− −= xd x x x x x x 46 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA Percebam que quando colocamos um preço abaixo do equilíbrio (60) a quantidade ofertada diminuiu (era 16 passou para 13,33) e a demandada aumentou (era 16 passou para 20). Resumindo: Tendência ao nível de equilíbrio Vasconcelos (2002, p.70) CONTEÚDO 3 – ELASTICIDADES E SUAS APLICAÇÕES Vasconcelos (2002) explica o conceito de elasticidade da seguinte maneira: • Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra variável, levando sempre em consideração a condição coeteris paribus; • A elasticidade tem como sinônimo a palavra sensibilidade, ou seja, a resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis; • Trata-se de um conceito de ampla aplicação econômica. Pode-se afi rmar então que a elasticidade –preço da demanda é a medida da variação percentual da quantidade demandada de um produto dada uma variação percentual no preço do produto. A questão gira em torno de que a lei da demanda não atinge todos os produtos e serviços na mesma proporção cada um é atingido em uma proporção diferente isto porque possuem sensibilidades especifi cas com relação a uma variação do preço de mercado. Refl ita: Ocorrendo um aumento no preço do presunto e do remédio, qual desses produtos terá uma maior redução da sua quantidade demandada? 47 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA A questão é muito fácil e qualquer pessoa a responderia com muito propriedade, afi rmando que com certeza a quantidade demandada por presunto cairia em uma proporção muito maior do que a quantidade de remédios. Isso porque o remédio é bem mais essencial do que o presunto, que inclusive poderia ser substituído por outros produtos similares. A elasticidade-preço da demanda procura mostrar a sensibilidade de um bem ou serviço em decorrência de uma variação percentual no seu preço de mercado (coeteris paribus). Se expressa o conceito de elasticidade na seguinte equação: Dica A variação percentual de uma variável corresponde a sua variação absoluta, dividida pelo seu valor original. Conceito: O coeficiente de elasticidade-preço deve ser interpretado em valor absoluto, o sinal negativo apenas indica que há uma relação inversa entre o preço e a quantidade demandada. Por essa razão o seu valor é expresso em módulo. De acordo com a elasticidade-preço, a demanda pode ser classifi cada como: elástica, inelástica e unitária. Vejamos! • Demanda elástica o A elasticidade possui um valor maior que um, ou seja,│Epd│<1 o Signifi ca dizer que a demanda é sensível. o O preço varia em uma proporção e quantidade demandada varia em uma proporção maior (coeteris paribus) Exemplo: O preço de um determinado aumentou em 10% e a quantidade demandada caiu em 50%. A quantidade é bastante sensível à variação de seu preço. P QEPd ∆ ∆ = % % ⇒ P P Q Q EPd ∆ ∆ = ⇒ P P Q QEPd ∆ • ∆ = ⇒ P QEPd ∆ ∆ = . Q P 48 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA • Demanda inelástica o A elasticidade possui um valor menor que um, ou seja,│Epd│>1 o Signifi ca dizer que a demanda é pouco sensível. o O preço varia em uma proporção e quantidade demandada varia em uma proporção menor (coeteris paribus) Exemplo: O preço de um determinado produto aumentou 10% e a quantidade demandada caiu em 4%. Neste caso os consumidores são pouco sensíveis a uma variação do preço. • Demanda unitária o A elasticidade possui um valor igual um, ou seja,│Epd│=1 o O preço varia em uma proporção e quantidade demandada varia na mesma proporção (coeteris paribus) Exemplo: O preço de um determinado produto aumentou 10% e a quantidade demandada caiu também em 10%. Vejamos o Gráfi co ! Vasconcelos (2002, p.87) Alguns produtos são tão essenciais para o consumidor e sem substitutos satisfatórios que suas demanda não são infl uenciadas por variações em seus preços. Nesta situação especifi ca, pode-se dizer que o bem possui demanda anelástica, ou seja, o valor absoluto do coefi ciente de elasticidade é igual a zero. Exemplo sal de cozinha e a insulina. Veja agora um exemplo matemático! No Mercado Orçamento perfeito no mês de maio Queijo custava R$ 5,80 a esse preço foram vendidas 65 unidades. No mês de junho o preço do produto aumentou 49 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA passando a custar R$ 7,00 esse aumento gerou uma queda nas vendas e no mêsde junho foram vendidos apenas 50 pacotes unidades. Primeiro passo: separar quem é P1, P2, Q1 e Q2. P1: 5,80 P2: 7,0 Q1: 65 Q2: 50 Segundo passo: calcular a elasticidade no primeiro ponto, utilizando os valores referentes ao mês de maio. P QEPd ∆ ∆ = . Q P EPd = │1,2│ Terceiro passo: calcular a elasticidade no segundo ponto, utilizando os valores referentes ao mês de junho. EPd = │1,75│ Quarto passo: Analisar a situação Nas duas situações as demandas são elásticas, pois temos valores acima de 1. 12,1 78 87 65 8,5 2,1 15 65 80,5 80,50,7 6550 1 1 12 12 −= − = × − = × − − = × − − = EPd EPd EPd EPd Q P PP QQEPd 75,1 60 105 50 0,7 2,1 15 65 80,5 80,50,7 6550 1 1 12 12 −= − = × − = × − − = × − − = EPd EPd EPd EPd Q P PP QQEPd 50 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA 3.1 – fatores que infl uenciam a elasticidade-preço da demanda Quais fatores fazem com que as quantidades procuradas de um produto sejam mais sensíveis a uma modifi cação nos preços de venda do que as quantidades de outro produto? Vejamos a seguir alguns fatores que nos permite responder tal questionamento. • Existência de bens substitutos Quanto maior o número de substitutos, mais elástica será a demanda, isso por que o consumidor terá um maior número de opções para consumir um produto similar. Neste caso os consumidores são bastante sensíveis à variação do preço e o produtor tem que ser bastante cuidadoso na hora de aumentar o preço do produto. Temos o exemplo do presunto e do peito de peru. Figura presunto x peito de peru disponível no endereço eletrônico: http://www.goodlight.com.br/ Images/Artigos/destaque_gd_presunto_peru.jpg acessado em 13/10/2010. • Essencialidade do bem Quanto mais essencial o bem, mais inelástica será a sua demanda. Quando o bem é extremamente necessário, o consumidor se vê obrigado a consumir tal produto independentemente da variação do preço. Os remédios são exemplos interresantes sobre esta situação impelindo o governo a intervir neste mercado, em alguns momentos, quebrando patentes e criando os medicamentos genéricos etc. • Peso do bem no orçamento A importância relativa é dada pela proporção de quanto o consumidor gasta com o bem, em relação a sua despesa total. Quanto maior o peso do bem no orçamento, maior será a elasticidade da demanda, pois o consumidor reagirá imediatamente, por ser muito afetado pelo aumento do preço (VASCONCELOS 2002). Por outro lado, quando o produto tem um peso pequeno no orçamento do consumidor, a elasticidade será menor, haja vista o consumidor ser atingido de forma irrelevante e pouco prejudicado com relação ao aumento do preço. • Horizonte de tempo Quanto maior o horizonte de tempo, maior a possibilidade do consumidor criar estratégias para substituir o consumo do produto, face o aumento de seu preço. 3.2 Aplicação do conceito de elasticidade na gestão da receita de venda. 51 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA A formula da receita é a seguinte: RT = P x Q Legenda: RT – Receita Total P – preço Q – Quantidade Se houver uma redução no preço de vendas, o que acontecerá com a receita? Existem duas possibilidades: Primeira possibilidade: se a demanda for elástica, a receita de vendas do produto aumentará, pois o aumento da quantidade demandada é sufi ciente para compensar a redução do preço. Segunda possibilidade: se a demanda for inelástica, a receita de vendas diminuirá com uma redução de preços, oriunda do aumento na quantidade demandada, não sufi ciente para compensar a redução do preço. 3.3 Elasticidade da demanda de produtos agrícolas. Tanto a oferta, quanto a demanda por produtos agrícolas, são relativamente inelásticos a preços, consequência de grandes variações de preços induzindo alterações relativamente pequenas na demanda do consumidor pelo produto (haja vista o caráter prioritário e indispensável conferido aos alimentos) (CALLADO 2009). Por exemplo, mesmo em uma situação em que o preço do feijão sofra uma alteração aumentando o seu preço, a continuidade do consumo permanece praticamente a mesma e a demanda pouco se altera. Callado (2009) acrescenta ainda, que a oferta dos produtos agrícolas é relativamente inelástica e rígida (no curto prazo) isso devido a principalmente dois motivos: • Em empresas familiares, quando o preço cai, o produtor tende a aumentar a oferta para conseguir manter a sua renda estabilizada; • Muitos dos custos de produção são fi xos, isto é, independem da quantidade ofertada. O mesmo autor conclui dizendo que o planejamento da safra e do plantio se dão, na maioria das vezes, com meses de antecedência e, portanto não são facilmente alterados por estimulo de preços durante o período da colheita. Por todos esses aspectos mencionados, os produtos agrícolas estão sujeitos a fortes fl utuações nos preços de equilíbrio. Veja as razões mencionadas por Callado (2009): Assuma que a oferta de determinado produto seja rígida no curto prazo, ou seja, não é possível alterar a produção no curto prazo; Suponha que a safra tenha sido planejada com meses de antecedência e, portanto não serão facilmente alterados por estímulos de preço durante a colheita. Agora imagine que ocorra um desinteresse súbito da população em consumir 52 TEMA - 2 PRINCÍPIOS BASILRES DA MICROECONOMIA aquele alimento. Com todos esses elementos combinados, o que irá ocorrer com os preços de equilíbrio? De forma geral, se houver a inelasticidade da oferta e da demanda, qualquer deslocamentos de curto prazo (nestas curvas acarretados por variáveis exógenas), poderão ter um efeito perturbador no mercado daquele produto. Por isso Callado (2009) recomenda atenção redobrada do governo sobre estes mercados, assim como políticas específi cas para o setor. TEMA 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO 57 TEMA - 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO TEMA 3 – ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO Este tema é destinado ao estudo da Macroeconomia que é um seguimento super importante da ciência econômica a macroeconomia focaliza a economia como um todo. Abordaremos as metas de política macroeconômica e as políticas e seus instrumentos. CONTEÚDO 1 – METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA A macroeconomia trata da evolução da economia como um todo. Ela negligencia o comportamento das unidades econômicas individuais tais como famílias e fi rmas. A macroeconomia trata do mercado de forma global. As metas de política macroeconômicas são objetivos que o governo almeja alcançar e que direcionam as suas ações. As metas de política macroeconômica são as seguintes: Pleno emprego dos recursos; Estabilidade de preços; Distribuição eqüitativa da renda; Crescimento econômico. Vamos nesse momento preliminar falar sobre o pleno emprego dos recursos e a estabilidade de preços. 1.1- Pleno emprego dos recursos O pleno emprego dos recursos, ou melhor, o alto nível de emprego, refere-se à questão do desemprego que é considerado um dos maiores, senão o maior problema da atual economia brasileira. Apesar desse problema estar muito em pauta na atualidade, ele possui uma antiga origem. Tudo começou com uma colonização feita de forma equivocada. Quando Portugal chegou ao Brasil, ele tinha como expectativa encontrar metais preciosos, expectativa frustrada em um primeiro momento. Em conseqüência disso o Brasil não foi considerado algo valioso por Portugal. A cana-de-açúcar foi o primeiro grande produto de exportação do Brasil. Tivemos antes o pau -Brasil não sendo considerado um ciclo. O ciclo da cana-de-açúcar foi baseadona grande propriedade e conseqüentemente na concentração de renda, quando poucos ganhavam e muitos eram explorados. Observe que a colonização já foi estruturada em bases frágeis. A grande concentração de renda inibia o mercado interno e a evolução econômica da colônia de uma forma geral. 58 TEMA - 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO Desta forma, o desprego que enfrentamos hoje é um problema com raízes profundas, ou seja, é uma questão estrutural e por isso tão difícil de ser solucionado. Na década de 30, o problema do desemprego se manifestou de uma forma mais agressiva, devida a crise da bolsa de valores nos Estados unidos, o famoso Crash da bolsa de valores de Nova York. Essa crise gerou desemprego e fome na economia norte americana e abalou a economia mundial. Vasconcelos (2002) afi rma que o produto nacional dos Estados Unidos, que signifi ca toda a produção realizada em um determinado período de tempo, caiu entre 1929 e 1933, cerca de 30% e a taxa de desemprego chegou a 25% da força de trabalho em 1933. No Brasil, a crise da década de 30 contribuiu para o declínio do ciclo do café, o que causou graves conseqüências para a economia da época. A partir dessa crise mundial, surgiu a preocupação em aprofundar a análise da política econômica, com o objetivo de fazer a economia recuperar o nível de emprego potencial. 1.2 Estabilidade de preços Estabilidade de preços signifi ca controle da infl ação. Mas você sabe o que signifi ca infl ação? É fácil falar sobre infl ação no Brasil, pois já tivemos uma longa experiência com tal problema na década de 80. Inflação significa aumento continuo e generalizado dos preços. Os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas e especificas do preço de algum produto. 1.2.1 Distorções provocadas por altas taxas de infl ação A infl ação é um problema sério e sua solução é um processo doloroso, pois uma política macroeconômica, que tenha como objetivo promover a estabilidade de preços, fatalmente, irá gerar outros problemas como, por exemplo, o desaquecimento da economia. Iremos detalhar essa situação no item política fi scal e monetária. Os principais efeitos provocados por uma alta infl ação são: Refl exo na distribuição da renda Os assalariados que representam de uma forma geral a parcela da população com menor poder aquisitivo são os mais prejudicados com a alta da infl ação, isso porque, os trabalhadores de baixa renda não têm condições de manter alguma aplicação fi nanceira, pois ganham apenas para a sua subsistência, ou seja, tudo o que ganham, gastam. Sendo assim, com o passar do tempo vão fi cando em uma situação cada vez mais complicada: orçamentos cada vez mais reduzidos e salários defasados, a espera de um novo reajuste (que possuem prazos legais para acontecer). No entanto, aqueles que conseguem acumular uma pequena reserva e tem 59 TEMA - 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO condições de manter em alguma aplicação fi nanceira vai ver esse dinheiro se multiplicar rapidamente e sem nenhum esforço. Altas taxas de inflação deixa o rico mais rico e o pobre mais pobre, aumentando assim a concentração da renda Figura Homem rico disponível no endereço eletrônico:http://www.resenhavirtual.com.br/blog/ homem-rico-homem-pobre-marcelo-elbaum/ Figura homem pobre disponível no endereço eletrônico: http://www.comentarte.com/127/pobre/ Refl exo sobre a balança comercial Se Brasil possui uma infl ação mais elevada do que em outros paises, isto signifi ca que os preços nacionais estão mais caros do que os preços dos demais paises. Conseqüentemente, os produtos advindos do exterior estarão provavelmente mais acessíveis. Isso irá ocasionar um estímulo às importações e um conseqüente desequilíbrio da balança comercial. Balança comercial signifi ca o saldo das exportações e importações: se temos importações maiores que importações menos uma balança comercial defi citária. Se as exportações superam as importações temos superávit. IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES 60 TEMA - 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO Refl exo sobre a expectativa O processo infl acionário faz com que o futuro se torne incerto. A instabilidade e a imprevisibilidade dos orçamentos cria uma expectativa no mercado e uma indecisão, no que se refere a tomadas de decisões. Administrar e planejar em época de infl ação se torna uma atividade muito difícil. 1.2.2 Causas da infl ação Pelo fato da infl ação ser um problema danoso para economia, torna-se importante classifi carmos de acordo com as suas respectivas causas. Vasconcelos (2002) afi rma que os principais tipos de infl ação são: infl ação de demanda, custo, inercial e de expectativa conforme iremos detalhar a seguir. Infl ação de demanda A infl ação de demanda está relacionada ao excesso de procura por bens e serviços disponíveis na economia, por parte dos consumidores. A demanda maior do que a produção irá gerar um grande volume de dinheiro em circulação o que torna uma situação propícia ao aumento dos preços e, conseqüentemente, um estimulo à infl ação. A política utilizada para controlar esse tipo de infl ação assenta-se em instrumentos que tenham poder de inibir a demanda, como é o caso da elevação da taxas de juros, aumentos dos impostos, redução dos gastos públicos etc. Veremos os detalhes do funcionamento desses instrumentos nos itens políticas monetária e fi scal. Infl ação de custos A infl ação de custo é bem diferente da infl ação de demanda. No caso em questão, a infl ação está relacionada a problemas decorrentes da oferta. Desta forma, o nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores utilizados na produção aumentam isso conseqüentemente, irá gerar um aumento do produto. Vasconcelos (2002) afi rma que a infl ação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos preços das matérias-primas básicas como é o caso dos choques agrícolas e a crise do petróleo ocorrida na década de 70. A política utilizada para controlar esse tipo de inflação é através do controle direto dos preços que pode acontecer por meio de um maior controle da política salarial ou através do tabelamento de preços. Infl ação inercial Este processo infl acionário é muito intenso, o reajuste dos preços é baseado na infl ação anterior. Sendo assim, os mecanismos de indexação (contrário aluguéis, salários) 61 TEMA - 3 ANALISANDO O CONTEXTO MACROECONÔMICO provocam a perpetuação das taxas de infl ação anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Este é um processo difícil de ser interrompido. Se a infl ação presente é baseada na infl ação passada, este passa a ser um processo que se auto alimenta em épocas de hiperinfl ação, em outras palavras “uma bola de neve”. Nos planos anti-infl acionários elaborados a década de 80 no Brasil, foi utilizado pelo governo a estratégia do congelamento de preços e salários, para tentar eliminar a chamada memória infl acionária, ou seja, desindexar a economia. Infl ação de expectativa A simples expectativa de que a infl ação futura tende a crescer, já provoca antecipadamente o aumento dos preços no presente. De acordo com Vasconcelos (2002) no Brasil, esse fato geralmente acontece antes de mudanças de governo, com empresários precavendo-se contra eventuais congelamentos de preços e salários, que foi uma estratégia freqüente nos planos após 1986. 1.3. –Distribuição Equitativa Distribuição eqüitativa da renda signifi ca diminuir a desigualdade social e o número de pessoas que fi cam à margem do processo de crescimento econômico. Promover a distribuição da renda é diminuir a situação onde um pequeno grupo de pessoas são detentoras da maior parte da renda nacional e muitas pessoas sobrevivem com uma pequena parcela desta renda. O Brasil apresenta um perfil distributivo de
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