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TEXTO II - PROPEDEUTICA E PROCESSO DE CUIDAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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79
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Unidade II
3 O ENFERMEIRO, A COMUNICAÇÃO, A CRIANÇA E A FAMÍLIA
A comunicação é um instrumento importante no relacionamento do enfermeiro com a criança e sua 
família e é uma habilidade que deve ser desenvolvida e valorizada.
Muitas vezes, compreender e interpretar o que está no contexto da história da vida da criança e de 
sua família dependerá da observação, da influência intuitiva, da atenção, da valorização e do interesse 
do enfermeiro, além do envolvimento de todos os sentidos possíveis (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
 Observação
Entende‑se por comunicação todos os comportamentos através dos 
quais uma pessoa, consciente ou inconscientemente, afeta outra. Todos os 
comportamentos transmitem uma mensagem.
Como já verificamos, a criança passa por diversas etapas do desenvolvimento, que envolvem a 
maturação, experiências e estímulos adequados. A comunicação da criança deve ser interpretada de 
acordo com cada fase. E essa não é uma tarefa fácil.
Elas nascem com mecanismos e capacidade de desenvolvimento das habilidades da fala e da 
linguagem. Entretanto, elas não falam espontaneamente. O ambiente deve favorecer os meios para 
que elas adquiram essas habilidades. A fala exige estrutura e funções biológicas intactas (inclusive 
nos aspectos respiratórios, auditivos e cerebral), além de inteligência, necessidade de comunicação e 
estimulação (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
 Observação
Quando falamos em comunicação, devemos lembrar que existem 
várias formas de fazê‑la, e que não necessariamente a interpretação da 
comunicação é realizada por meio de palavras.
Até mesmo a não verbalização num momento em que deveria existir 
já é uma forma de comunicação que pode ser interpretada como timidez, 
indiferença, falta de audição efetiva, dificuldade de compreensão, entre 
outros, de acordo, é claro, com o contexto.
80
Unidade II
3.1 O enfermeiro e as formas de comunicação com a criança
3.1.1 Comunicação verbal
A comunicação verbal é caracterizada pela utilização da linguagem e sua expressão, em que as 
palavras descrevem a realidade.
Por exemplo, uma criança, durante uma entrevista, diz ao enfermeiro: “Adoro brincar com meus 
amigos. Quando brincamos o tempo passa tão rápido que nem percebo.” Essa fala pode indicar que a 
criança está feliz, que tem amigos e que gosta de brincar.
A velocidade de desenvolvimento da fala varia de uma criança para outra, estando diretamente 
ligada à competência neurológica e ao desenvolvimento cognitivo. A comunicação verbal pode ser 
usada tanto na interação com a criança que já tenha esse desenvolvimento, como na comunicação 
entre o enfermeiro e o cuidador (pai, mãe ou pessoa significativa da criança).
O enfermeiro deve levar em consideração, durante a comunicação verbal com a criança, que elas 
nascem com mecanismos e capacidade de desenvolvimento das habilidades da fala e da linguagem. 
Entretanto, elas não falam espontaneamente.
Ocorre na comunicação verbal um tipo de linguagem denominada de linguagem esquiva, muito 
usada e que deve ser percebida pelo enfermeiro.
Essa linguagem ocorre quando a escolha das palavras utilizadas pode modificar a percepção da 
realidade da outra pessoa, conhecida como linguagem esquiva. Ela indica que o interlocutor está querendo 
diminuir, aumentar ou esconder o que realmente ela significa, podendo ser utilizada adequadamente, 
porém indicando desvio da intenção.
Podemos exemplificar uma linguagem esquiva quando, para dizermos que alguém morreu, usamos 
o termo: “Passou para outra”, evitando o termo “morreu”. O uso do termo amenizado não muda o 
significado da realidade, mas pode ser interpretado como medo do seu significado.
O uso da linguagem esquiva, quando percebida, permite que o enfermeiro auxilie a família ou a 
criança em relação a esse sentimento. Pode representar medo, vergonha, embaraço ou distanciamento, 
por exemplo.
Outro tipo de linguagem utilizada na comunicação verbal é a linguagem distanciadora, que pode 
ser utilizada pelos pais, por exemplo, para esconder algo cujo enfrentamento dessa situação lhe traga 
dor. Refere‑se a seu problema como se fosse de outra pessoa, usando palavras como meu primo, minha 
amiga, entre outros.
81
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
3.1.2 Comunicação não verbal (paralinguagem)
A comunicação não verbal, ou a paralinguagem, deve ser observada durante a entrevista juntamente 
com a comunicação verbal. Trata‑se da linguagem corporal (inclui os gestos, movimentos, expressões 
faciais, posturas e/ou reações) e do uso da voz (entonação, velocidade, pausas, volume e ênfase no 
discurso). Ela revela importantes informações referentes a sentimentos e preocupações.
Da mesma forma que pode ser usada pelo enfermeiro para complementar suas impressões sobre a 
família e a criança, pode também inversamente ser usada pela criança e/ou família para acatar orientações, 
serem receptivos para ampliar o vínculo ou até mesmo para tornar a comunicação ineficiente.
Para melhorar a compreensão do significado da linguagem corporal, é interessante analisar o uso da voz:
• Fala pausada: pode significar insegurança, falta de informação, necessidade de organização da ideia.
• Fala rápida: pode significar ansiedade, segurança, falta de tempo.
• Fala lenta com tom firme: expressa autoridade, segurança, conhecimento.
Se um enfermeiro, com pouco tempo e apressado, adota uma linguagem paraverbal para se 
comunicar, falando rápido, e sendo muito sucinto em suas orientações, transmitirá a impressão de que 
está com essa falta de tempo, e o cuidador da criança, interpretando essa linguagem paraverbal, poderá 
se intimidar e não expor suas dúvidas, devido à essa impressão.
As crianças pequenas compreendem a paralinguagem e a usam constantemente, podendo ser 
uma excelente ferramenta para ser explorada nos caminhos da comunicação entre o enfermeiro, a 
criança e a família.
3.1.3 Comunicação abstrata
A comunicação abstrata pode ser verificada por meio das brincadeiras, expressão artística, símbolos 
e escolha das roupas, por exemplo.
O enfermeiro deve perceber e compreender as mensagens transmitidas utilizando técnicas de 
comunicação efetiva, incluindo ouvir, pois as mensagens verbais e não verbais devem ser relacionadas.
Conhecer seus sentimentos e reações, e tentar identificar os das pessoas com o qual estabelece o 
intercâmbio, são fatores facilitadores da comunicação bem‑sucedida, e, portanto, os preconceitos e os 
julgamentos devem ser evitados, pois interferem em todos os aspectos da comunicação com a criança. 
O enfermeiro deve evitar as tendências de aprovar ou desaprovar as afirmações de outras pessoas, que 
podem inibir as reações positivas dessa comunicação.
É importante que os profissionais da saúde sejam capazes de se comunicar não apenas com as 
crianças de todas as idades, assim como os adultos significativos em suas vidas (BRASIL, 2012c).
82
Unidade II
 Saiba mais
Sobre o assunto, leia o texto a seguir:
COSTA, M. A. et al. Fatores que obstam na comunicação entre pais e filhos 
adolescentes sobre sexualidade. Rev. Enferm. UFSM, Santa Maria, v. 4, n. 1, 
p. 123‑132, jan./mar. 2014. Disponível em: https://bit.ly/3PsgxKR. Acesso em: 
14 jun. 2018.
Segundo Hockenberry e Wilson (2014, p. 91‑104), para que o enfermeiro consiga obter as informações 
que deseja durante a entrevista, deve adotar algumas atitudes junto à criança que favorecerão seu 
propósito, sendo:
— Não excluí‑la da entrevista, sempre oferecendo uma atenção periódica, 
como por exemplo fazendo algumas brincadeiras durante períodos da 
entrevista e sempre que possível, incluir a criança como informante 
ativa da entrevista, se a idade/desenvolvimento favorecerem;
— Cuidar da comunicação não verbal utilizada durante a entrevista, 
lembrando que é a que mais transmite mensagens significativas, 
como por exemplo gestos e movimentos;
— Lembrar de sempre estimular o vínculo profissional com a criança,evitando as aproximações rápidas e repentinas (poderão assustar a 
criança) e o contato prolongado visual;
— O enfermeiro deve favorecer um contato indireto, de maneira que ela 
se sinta segura em realizar suas primeiras observações, para depois 
estabelecer a confiança;
— A utilização de brinquedos ajudam a facilitar o vínculo, se 
adequadamente usados. Pode‑se por exemplo utilizar um boneco 
para interagir com a criança e participar da entrevista, ludicamente.
— A conduta de ajoelhar‑se, ou sentar‑se numa cadeira mais baixa, 
poderá auxiliar na eliminação da questão da pequenez, sentida pela 
criança em relação ao tamanho do adulto;
— No caso de atendimentos de crianças nos períodos de lactentes e 
de infantes, o relacionamento próximo dos pais favorece a imagem 
segura do entrevistador. O enfermeiro, por exemplo, pode pedir para 
que a mãe/pessoa de vínculo, mantenha a criança no colo;
83
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
— Na comunicação verbal, conforme já descrito anteriormente, deve 
utilizar voz tranquila, calma e segura. O enfermeiro deverá buscar 
a cooperação da criança, utilizando frases que transmitam clareza, 
utilizando o menor número de palavras e compreensíveis para o 
período de desenvolvimento, pois a linguagem simples é melhor 
compreendida. Lembrar que a linguagem antecede as palavras e, 
mesmo que não saibam conversar, não significa que não saibam 
entender.
— Utilizar formas positivas ao invés das negativas, como a palavra “não”. 
Exemplo: “o lápis é para escrever” é melhor do que “não coma o lápis”.
— O enfermeiro deve ser honesto e não deve realizar promessas 
impossíveis de se cumprir depois.
— Sempre estar disposto a encontrar alternativas que amenizem 
o sofrimento, favorecendo, por exemplo, o contato físico após 
ação dolorosa, pois sempre auxilia e ameniza. Esta ação além 
de auxiliar no tratamento não farmacológico da dor, favorece 
o fortalecimento do vínculo profissional do enfermeiro com a 
criança e com a família.
— Oferecer escolhas que não confundam a criança. Exemplo: “você quer 
tirar a roupa para eu lhe examinar?”. Seria melhor: “preciso tirar sua 
roupa para lhe examinar; você me permite ajudar?”
O enfermeiro deve conhecer sobre a relação do desenvolvimento e do processo de pensamento 
para escolher a melhor forma de abordagem da criança na entrevista. Oliveira et al. (2010) afirmam 
que, ao verificarem, na literatura, as principais técnicas utilizadas por enfermeiros para entrevistar 
crianças, identificaram, entre outras idades, que três estudos que trabalharam com crianças menores 
de sete anos associaram mais de uma técnica, além da entrevista, para a obtenção dos dados, tais 
como o brinquedo terapêutico e o desenho como estratégias de comunicação. Os demais estudos 
analisados, que realizaram a coleta de dados apenas com a entrevista, em suas diversas variações, 
incluíram como participantes apenas crianças maiores de seis ou sete anos. As justificativas para a 
seleção dessa faixa etária estiveram pautadas na fase de desenvolvimento em que essas crianças se 
encontravam, com pensamento lógico e coerente, facilitando a comunicação verbal da experiência 
vivida, e na capacidade de verbalização e domínio da linguagem, oferecendo informações precisas 
nas entrevistas. Dessa forma, percebemos que, de acordo com a idade da criança, o enfermeiro 
poderá escolher alternativas complementares para compor a entrevista, não apenas utilizando um 
instrumento como roteiro (OLIVEIRA et al, 2010).
84
Unidade II
 Saiba mais
Você poderá conhecer mais sobre as alternativas complementares para 
compor a entrevista do enfermeiro no atendimento à criança lendo o artigo 
a seguir:
OLIVEIRA, R. B. G. et al. A entrevista nas pesquisas qualitativas de 
enfermagem pediátrica. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 63, n. 2, p. 300‑306, 
mar./abr. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3AXsDHc. Acesso em: 14 jun. 2018.
O desenvolvimento do processo do pensamento da criança compreende algumas características 
importantes, que devem ser de conhecimento do enfermeiro, para que se possa estabelecer uma 
comunicação efetiva durante a entrevista (BRASIL, 2002; HOCKENBERRY; WILSON, 2014):
Lactente: não utilizam palavras, entendem e utilizam a comunicação não verbal e a vocalização, 
sorriem e balbuciam quando estão alegres, choram quando estão em conflitos e o choro é provocado por 
estímulos externos e internos desagradáveis, como fome, medo, dor, frio, solidão; sentem‑se melhores 
na posição vertical que na horizontal. Para os adultos, esse choro é interpretado como “ele precisa de 
alguma coisa...”, e então tentam amenizar seu desconforto e diminuir a tensão.
Os lactentes atendem à comunicação não verbal do adulto, pois acalmam‑se quando aconchegados 
no colo e ou acariciados; o som da voz serve para amenizar a tensão. A partir do 3º mês, estabelecem 
o elo mãe‑filho, em que a mãe (pessoa de vínculo) é a ponte entre o mundo e a criança, e, portanto, 
pessoas estranhas são ameaçadoras.
 Observação
Antes de o enfermeiro realizar um procedimento, por exemplo, deverá 
apenas propiciar que a criança permaneça (proximidade) com a mãe/
pessoa significativa. Nessa idade, a criança não tem o desenvolvimento/
maturidade para compreender o que está acontecendo, mas mantendo‑a 
conectada com seu elo cuidador, uma comunicação de segurança estará 
sendo transmitida.
Pré‑escolar: crianças menores de 5 anos são egocêntricas (percebem o mundo em torno de si 
mesmas, segundo o seu ponto de vista), e, portanto, a comunicação deve estar centralizada nelas mesmas. 
Dessa forma, necessitam ser informadas de como podem fazer ou como se sentirão; as experiências 
alheias não lhe interessam.
Se o enfermeiro tenta explicar ao pré‑escolar o que irá acontecer com ele usando como exemplo o 
que aconteceu com outra criança, não surte efeito. Os procedimentos devem ser explicados de maneira 
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
que o pré‑escolar possa tocar ou ver os objetos que entrarão em contato com ele, como algodão, 
estetoscópio, termômetro, gazes, esfigmomanômetro, entre outros.
Nessa fase, não possuem linguagem suficiente, mas se comunicam totalmente com o cuidador 
de maneiras claras, podendo adotar comportamentos que mostrem seu descontentamento, como 
empurrando ou evitando aquilo que não gostam ou que desperte medo e insegurança.
Para se comunicar com crianças pré‑escolares, o enfermeiro deve utilizar sentenças curtas, palavras 
familiares e descrições para explicações concretas.
Outra característica importante de desenvolvimento do processo do pensamento da criança na fase 
pré‑escolar é que não distinguem a fantasia da realidade. Assim, o enfermeiro deverá evitar utilizar 
frases que não compreendam ou que possam despertar outro significado.
Figura 47 – Criança na fase pré‑escolar
Os pré‑escolares podem não compreender expressões como “morrer de rir”, “mãos atadas”, “afogado 
de tristeza”, “transparente de fome”, entre outras. Eles tendem a interpretar de acordo com o significado 
da palavra e de acordo com o seu vocabulário.
Além de não compreenderem frases, também não distinguem a fantasia da realidade: o enfermeiro, 
pensando em ajudar a criança, ao usar a expressão “será como uma picada de mosquito” antes de fazer 
uma medicação intramuscular, poderá causar pânico na criança, pois ela pode imaginar/fantasiar que 
será mesmo picada por um mosquito.
Escolar: crianças entre 5 e 8 anos confiam menos no que veem e mais no que sabem, quando se 
trata de novos problemas. Necessitam de explicações e razões para tudo, porém precisam da verificação. 
Nessa idade, desejam saber como, por que, onde e qual é a intenção e o objetivo do funcionamento de 
um determinado objeto, ou seja, desejaram saber o que será feito com elas.
86
Unidade II
Dessa forma, se houver interação nos procedimentos que se pretende realizar com ela, e o enfermeiro 
explicar da melhor forma, melhores serão os resultados e oentusiasmo para colaborar com o que é 
preciso, seja para a realização de um exame, para dar informações, para receber medicamentos, entre 
tantos outros.
É importante salientar que nessa fase existe uma preocupação intensa da criança em relação à 
integridade do seu corpo. Portanto, o enfermeiro deve atentar‑se a questões que envolvam possibilidade 
de lesão no corpo (cirurgias, punções), e estabelecer uma comunicação adequada à idade, orientando a 
criança antes de submetê‑la ao procedimento.
Já as crianças maiores de 8 anos compreendem um pouco melhor, e, portanto, torna‑se mais fácil 
estabelecer uma comunicação mais efetiva.
Adolescente: quando se trata da comunicação do enfermeiro com o adolescente, não existe 
um padrão específico, pois nessa fase existe a oscilação entre o pensar e comportar‑se como adulto 
e como criança.
É sabido que quando as tensões e os problemas aumentam, o adolescente tende a agir com um 
comportamento de criança, nas expectativas mais familiares, porém, pode se comportar com maturidade, 
e esta flutuação é esperada nesta fase.
Verifica‑se que a demonstração da hostilidade, da raiva e da indiferença se contradiz quando 
esses jovens se demonstram susceptíveis a qualquer pessoa que apresente interesse genuíno por sua 
pessoa. Portanto, o enfermeiro poderá conversar com o adolescente usando essa prerrogativa, ou seja, 
manifestando seu interesse em ajudá‑lo.
Outras características importantes de desenvolvimento do processo do pensamento dos 
adolescentes é que eles rejeitam aqueles que tentam impor seus próprios valores e ideias, e necessitam 
expressar seus sentimentos, assim, o enfermeiro deverá dar oportunidades e aberturas para que 
possam conversar abertamente.
A melhor forma de oferecer apoio a um adolescente é oferecendo‑lhe atenção, não os interrompendo 
e evitando comentários ou expressões de reprova ou de surpresa em relação ao escutado.
Usam linguagem e cultura próprias da socialização com outros adolescentes, que não deverão 
ser questionadas ou reprovadas, mesmo na linguagem paraverbal, pois essas ações implicarão na 
impossibilidade de manter uma comunicação efetiva com o adolescente. Manter uma abordagem 
profissional levando em consideração o pensamento do adolescente, embora isso nem sempre seja 
fácil, pode facilitar o processo de comunicação necessário para estabelecer as prioridades de atenção 
à saúde do adolescente.
A entrevista da criança não deve obedecer a formatos rígidos e preconcebidos, já que se trata de um 
grupo heterogêneo de indivíduos, com características próprias. Entre essas diversidades, encontram‑se: 
87
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
as relacionadas à faixa etária, inclusive considerando cada fase etária, o gênero, o meio familiar 
(adolescentes que moram com suas famílias ou não), escolaridade, entre outras.
Não existe um perfil específico de profissional de saúde para o atendimento de adolescentes/jovens. 
Algumas características, entretanto, devem ser ressaltadas:
— Estar disponível para atender o paciente e sua família sem autoritarismos;
— Estar atento ao adolescente e ter capacidade de formular perguntas 
que auxiliem a conversação, buscando compreender sua perspectiva;
— Não ser preconceituoso, evitando fazer julgamentos, especialmente 
no que diz respeito à abordagem de determinadas temáticas, como 
sexualidade e uso de drogas;
— Buscar, de forma contínua, atualização técnica na área específica da 
atuação profissional (BRASIL, 2013c).
Quando o adolescente se opõe ao contato com o enfermeiro, ele utilizará monossílabos e não haverá 
efetividade na comunicação.
Exemplo de aplicação
Alguns temas são importantes na vida do adolescente e estão em evidência. Com a transformação 
física do corpo, as ações hormonais e a importante autoafirmação (pessoal e social), o enfermeiro deverá 
atentar‑se para os medos e dúvidas que estarão pairando sobre o adolescente: a sexualidade, a imagem 
corporal demandada pela sociedade e desejada por ele, o início das atividades sexuais, o relacionamento 
com os pais e a aceitação no grupo.
Sabendo desses enfrentamentos e de tantas necessidades de ajuda, reflita:
Você acha que o enfermeiro deveria entrevistar o adolescente sozinho, sem a presença dos pais? 
Seria bom? É possível?
Faz parte das políticas de atenção à saúde do adolescente realizar a vigilância à saúde no 
desenvolvimento de adolescentes e jovens, identificando fatores de risco e de proteção às doenças e 
agravos, identificando as desarmonias do crescimento, os distúrbios nutricionais e comportamentais, as 
incapacidades funcionais, as doenças crônicas e a cobertura vacinal, o uso abusivo de álcool e outras 
drogas e a exposição às violências e aos acidentes, encaminhando o adolescente, quando necessário, 
para os serviços de referência e para a rede de proteção social. Quanto ao atendimento do adolescente, 
é seu direito ter privacidade no momento do atendimento, ser garantida a confidencialidade e o sigilo, 
consentir ou recusar o atendimento, atendimento à saúde sem autorização e desacompanhado dos pais 
e a informação sobre seu estado de saúde (BRASIL, 2013c).
88
Unidade II
Para que o/a adolescente receba informações e não se exponha a problemas 
relativos a atividade sexual desprotegida, os profissionais da saúde 
precisam demonstrar tranquilidade e segurança ao prestar o atendimento. 
[...] A família, dependendo da forma com que encara o desenvolvimento 
de seus filhos adolescentes, também se coloca, algumas vezes, como 
uma barreira na possibilidade de dar liberdade ao adolescente de tomar 
decisão sobre o momento e com quem deseja se relacionar sexualmente, 
impedindo que ocorra um diálogo essencial para a busca de informação 
por ambas as partes. E [...], muitas vezes impede que os profissionais de 
saúde e de educação prestem informações a seus filhos, tornando‑os 
possíveis vítimas de uma prática desprotegida (BRASIL, 2008b).
Em termos ideais, devem existir dois momentos na consulta: o adolescente sozinho e com os 
familiares/acompanhantes. Entrevistar o adolescente sozinho oferece a oportunidade de estimulá‑lo 
a expor sua percepção sobre o que está acontecendo com ele, e que, de forma progressiva, torne‑se 
responsável pela própria saúde e pela condução de sua vida. Além disso, esse espaço permite que o 
adolescente/jovem aborde alguns aspectos sigilosos que o estejam preocupando. A entrevista com a 
família é fundamental para o entendimento da dinâmica e estrutura familiar e para a elucidação de 
detalhes importantes (BRASIL, 2013c).
3.2 Instrumento de intervenção na enfermagem pediátrica: o brinquedo
O brinquedo é considerado um instrumento de intervenção da enfermagem pediátrica, pois previne 
e minimiza os efeitos estressantes, além de ser um meio de comunicação que possibilita detectar a 
singularidade de cada criança. Ele é a linguagem universal das crianças e a forma mais efetiva de 
se relacionar com elas, pois revela acerca do desenvolvimento físico, intelectual e social da criança, 
favorecendo a comunicação (BRASIL, 2012c).
Figura 48 – Crianças brincando
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Lembrete
Entende‑se por comunicação todos os comportamentos através dos 
quais uma pessoa, consciente ou inconscientemente, afeta outra. Todos os 
comportamentos transmitem uma mensagem.
O brinquedo satisfaz a necessidade afetiva da criança, atua como válvula de escape para suas 
emoções, desenvolve domínio sobre si e o ambiente; permite‑lhe testar sua realidade, lidar com seus 
medos, obter prazer, dominar ansiedades específicas que não podem ser resolvidas na realidade, 
expressar‑se, fazendo inclusive críticas, e perseguir e alcançar um objetivo, estimulando a autoestima.
A brincadeira é a melhor maneira de a criança se comunicar e se relacionar com outras crianças, pois 
é brincando que se aprende sobre o mundo que a cerca, procurando integrar‑se a ele. Com a brincadeira, 
a criança aprende a se conhecermelhor e a aceitar a existência do outro, podendo organizar suas 
relações emocionais e estabelecer suas relações sociais.
A ação de brincar e o interesse da criança pelo brinquedo evoluem conforme a maturação de seu 
sistema nervoso e do desenvolvimento intelectual e socioafetivo (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Figura 49 – Crianças brincando e socializando
 Saiba mais
Para se aprofundar no assunto, leia o texto a seguir:
JANSEN, M. F.; SANTOS, R. M.; FAVERO L. Benefícios da utilização 
do brinquedo durante o cuidado de enfermagem prestado à criança 
hospitalizada. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 247‑253, 
jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v31n2/07. Acesso 
em: 15 jun. 2018.
90
Unidade II
Figura 50 – Criança brincando com dinossauros
4 CONSULTA DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
A consulta de enfermagem à criança envolve uma assistência sistematizada de enfermagem, de forma 
global e individualizada. Para sua realização, é esperada uma sequência de ações, como a coleta de dados 
(histórico de enfermagem e exame físico), que possibilita a elaboração dos diagnósticos de enfermagem, e 
a conduta do enfermeiro, seja em relação aos planos da assistência, à prescrição e às metas terapêuticas.
O enfermeiro pode realizar a consulta de enfermagem em diversas situações, dependendo da área 
de atuação, ou seja, perante a criança hospitalizada, em um ambulatório ou em atendimentos das 
puericulturas, na atenção primária à saúde.
É importante lembrar que quando o enfermeiro estiver atendendo uma consulta de puericultura, em 
uma Unidade Básica de Saúde, deve‑se verificar se a criança está comparecendo às consultas mediante 
as recomendações do calendário de consulta do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012c). A tabela a seguir 
demonstra essas recomendações:
Tabela 2 – Demonstração das consultas para a assistência à criança, 
de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde
Número de 
consultas
IDADE
Dias Meses Anos
Até 15 1 2 4 6 9 12 18 24 3 4 5 6
1º ano: sete
2º ano: duas
3º ano: uma
4º ano: uma
5º ano: uma
6º ano: uma
Fonte: Brasil (2002, p. 28).
91
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
4.1 Entrevista
O processo mais comum usado para a comunicação dos pais na prática profissional do enfermeiro 
é a entrevista. Diferente da conversa social, a entrevista é uma forma específica de comunicação 
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014) que permite focalizar o entrevistado (pai, mãe ou responsável) para 
identificar se existe algum tipo de dificuldade que possa interferir na atenção aos cuidados desejados e 
se necessitam de ajuda para tal, e também para obter informações importantes da história de vida da 
criança e da própria família.
O conhecimento preliminar do enfermeiro sobre a história da criança deve iniciar em um contexto 
mais amplo e depois ser direcionado ao objetivo principal da entrevista. O enfermeiro deverá assegurar 
a privacidade e o sigilo das informações. Para tal, uma comunicação com os pais (pessoa significativa da 
criança) deve ser prontamente estabelecida.
Para uma entrevista, além de identificar o nível de compreensão da criança e dos pais, deve‑se 
atentar para o fato de que a maioria das informações da criança é obtida diretamente com a pessoa 
de vínculo com a criança, ou seja, o cuidador, a pessoa significativa (pais, avós etc.). As informações 
verbais dadas pelo cuidador geralmente são confiáveis, porém é importante que o enfermeiro 
também observe o comportamento não verbal adotado durante a entrevista, possibilitando indicar 
o tipo de abordagem que deve ser utilizada, além de estabelecer um índice de confiança nas 
respostas obtidas.
Alguns fatores poderão favorecer a comunicação com os pais/pessoa de vínculo de forma eficiente. 
Eles devem ser estimulados a falar e o enfermeiro deve estar disponível para escutar, direcionando o 
foco da entrevista. Sempre que possível, deve‑se evitar usar questões que exponham e/ou coloquem o 
cuidado do responsável em xeque, podendo levá‑lo a esconder fatos importantes.
Algumas perguntas podem ajudar a estabelecer uma comunicação melhor entre o profissional da 
saúde e a família da criança (BLANK, 2003):
• O que você gostaria de me contar hoje?
• Ocorreu alguma mudança importante na família desde a nossa última consulta?
• Existe algo no comportamento do fulano que os preocupa?
Inicialmente, antes de realizar a entrevista, tenha em mãos o prontuário da criança, leia e informe‑se 
sobre os registros anteriores, conhecendo as informações e problemas pertinentes à criança.
O enfermeiro deve se atentar a fatores que interferem positiva ou negativamente na entrevista 
junto à família/criança. O ambiente escolhido para a consulta deve ser acolhedor, silencioso e restrito, 
de forma a respeitar‑se o sigilo das informações e a privacidade exigida para realizar uma consulta 
adequada (BRASIL, 2012c).
92
Unidade II
Um roteiro elaborado auxilia o enfermeiro na objetividade da entrevista, evitando o esquecimento 
de pontos importantes para investigar, otimizando tempo e proporcionando maior resolutividade. 
O enfermeiro pode desenvolver um instrumento que julgue didático, como um roteiro, que pode ser 
construído embasado em outros, ou seja, adaptado de roteiros já referendados. É importante saber que 
a habilidade de entrevistar acaba acontecendo, após vários exercícios, com a experiência e a vivência.
Dessa forma, os registros da consulta devem ser realizados em impressos próprios e arquivados no 
prontuário da criança. Se o atendimento estiver sendo feito na atenção básica de saúde, na puericultura, 
além do prontuário, as informações deverão ser registradas no Cartão da Criança (BRASIL, 2002). Toda 
criança com até 6 anos deve possuir um cartão da criança, que deverá ser entregue à sua mãe na 
maternidade (cadernetas específicas ao gênero).
Figura 51 – Caderneta de Saúde da Criança
O enfermeiro deverá se apresentar e perguntar os nomes dos presentes, inclusive o da criança. 
Caso a criança tenha condições de responder, deve ser incluída e questionada também, participando da 
entrevista. Essas atitudes favorecem a segurança da família/criança com o enfermeiro, estabelecendo o 
início do vínculo.
 Observação
O enfermeiro deve registrar no prontuário quem é o entrevistado, ou 
seja, quem está fornecendo as informações sobre a criança.
O enfermeiro deve considerar o aspecto geral da criança antes de iniciar o exame físico detalhado. 
Essa impressão já deve ser obtida durante as avaliações anteriores, e ser observada durante a entrevista. 
Impressões subjetivas sobre o estado nutricional, a postura, o desenvolvimento, o comportamento, a 
personalidade, interações com os pais e com pessoas presentes, e as fácies representadas pela criança 
(dor, medo) devem servir de apoio para o enredo que se seguirá na entrevista.
93
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O enfermeiro deverá investigar sobre a queixa principal, saber se existe alguma doença atual e 
depois prosseguir com a verificação da história da criança propriamente dita.
A história da criança contempla os dados do nascimento, em que se verifica sobre a saúde da mãe ao 
nascer, a evolução, o trabalho de parto e sobre o parto e as condições do recém‑nascido imediatamente 
após o parto, tais como o Ápgar, peso, idade gestacional, doenças congênitas etc.
Deve‑se investigar a história alimentar até a atual e verificar se houve doenças, acidentes ou 
qualquer tipo de intercorrência de saúde durante a história de desenvolvimento da criança.
Deve‑se indagar se a criança é alérgica. Se sim, por qual componente conhecido e se faz uso de 
medicamentos (ou fez uso) para tratar da alergia.
O enfermeiro deve verificar se a criança usa ou usou qualquer tipo de medicamento por tempo 
prolongado e o motivo. Em casos positivos, o enfermeiro deverá descrever o tipo do medicamento 
e a dosagem.
A imunização atual da criança deve ser checada, pedindo e conferindo os registrosda carteira de 
imunização da criança (BRASIL, 2012c).
Os hábitos da criança devem ser indagados: hábitos intestinais e urinários (frequência, 
características), os padrões de sono (horário de dormir, de acordar e duração/frequência), padrões 
de comportamento (roer unhas, sugar o polegar, brinquedos ou objetos de segurança, como as 
inseparáveis “naninhas”, bicho em pelúcia, fralda de tecido, entre outros), atividades da vida diária 
(exercícios físicos, escola, creches, núcleos). Esses hábitos devem ser checados em relação à frequência 
e ao número de atividades diárias, inclusive sob o aspecto da sua socialização.
Figura 52 – Criança e seus hábitos alimentares e de sono
94
Unidade II
A história psicossocial da criança deverá ser investigada, como ajustes à escola/creche, 
comportamentos (alegre, tímido, colaborativo, respostas às frustações) e hábitos incomuns, 
possibilitando ter uma ideia geral de como a criança lida consigo e a confiança de interagir com 
outras pessoas (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O enfermeiro deve investigar também sobre o hábito 
do uso ou abuso de ingestão alcóolica, do café e/ou do tabaco, assim como de substâncias ilícitas, se 
aplicável à entrevista.
Situações de vulnerabilidade também devem ser consideradas, e elas acontecem em diversos 
âmbitos da vida da criança, como familiar, biológica e socioeconômica.
Com relação à família, podemos citar algumas das situações de vulnerabilidade mais importantes 
(BRASIL, 2012c):
• Gravidez de alto risco ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação.
• Presença de rupturas e conflitos do casal quando da descoberta da gravidez.
• Separações e lutos na família.
• Mãe em situação de sofrimento agudo ou diagnóstico de doença mental.
• Parto difícil ou traumático.
• Pais com dificuldades de assumir a parentalidade (tornar‑se pai e tornar‑se mãe).
• Famílias com problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas).
Além dessas situações, podemos encontrar também vulnerabilidades relacionadas às condições 
físicas e socioeconômicas da criança (BRASIL, 2012c; PORTO ALEGRE, 2004):
• Residente em área de risco.
• Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500 g).
• Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais).
• Asfixia grave ou Ápgar menor do que 7 no 5º minuto.
• Internações/intercorrências.
• Mãe com menos de 18 anos de idade e com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo).
• História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade.
95
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
• História de aleitamento materno ausente ou não exclusivo.
• Gestação gemelar.
• Malformação congênita.
• Mais do que três filhos morando juntos.
• Ausência de pré‑natal.
• Problemas específicos da criança que interfiram na sua saúde.
• Não realização de vacinas.
• Identificação de atraso no desenvolvimento.
A avaliação da família também deve ser prevista. Nela, o enfermeiro deverá verificar a estrutura 
familiar, tais como: a composição familiar e do ambiente domiciliar, a renda familiar, a ocupação e as 
escolaridades dos membros da família, as tradições culturais e religiosas e, como ocorre o relacionamento 
familiar, além da investigação da história clínica familiar (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
4.2 Examinando a criança: verificações fisiológicas e exame físico
A sequência do exame físico em crianças, assim como no adulto, deve ser céfalo‑caudal, pois 
favorece a orientação geral para cada área do corpo e evita omissão de partes do exame. Porém, em 
determinados momentos, diferentemente do que ocorre no exame físico de adulto, essa sequência 
poderá ser alterada de acordo com a necessidade e com o comportamento da criança. O enfermeiro 
deverá alterar a sequência do exame, sempre que julgar necessário, de forma a favorecer a qualidade da 
avaliação. Para tal, deverá atentar‑se para os principais critérios da avaliação, para a idade cronológica 
e as características do desenvolvimento do processo de pensamento de cada fase etária.
 Lembrete
O desenvolvimento do processo do pensamento da criança 
compreende algumas características importantes, que devem ser de 
conhecimento do enfermeiro para estabelecer uma comunicação 
efetiva durante a entrevista.
Condutas adotadas pelo enfermeiro durante o exame físico que, para um adulto, são normais, podem 
ser estressantes para a criança, desencadeando irritabilidade, choros e ações de recusa, que além de 
dificultarem o exame, podem alterar algumas medições.
96
Unidade II
Figura 53 – A criança e o exame físico
O enfermeiro deverá conhecer as peculiaridades de cada faixa etária do desenvolvimento para 
interagir com a criança, de modo a favorecer o exame, que deve ser realizado de forma objetiva, rápida, 
levando em consideração a temperatura do ambiente, segurança da criança e a presença do responsável 
(pai, mãe, cuidador).
 Observação
O estetoscópio pode ser um instrumento desconhecido para a criança e, 
quando aplicado sobre a pele, gera a sensação de frio, podendo desencadear 
o choro. A compressão abdominal pode gerar desconforto e também pode 
desencadear o choro. Ao verificar a pressão arterial, o uso do manguito 
aperta o local, e pode gerar desconforto.
O lactente tem, como elo entre si e o mundo, a mãe/pessoa significativa. 
Dessa forma, o enfermeiro poderá realizar algumas etapas do exame físico 
com a criança no colo da mãe/pessoa significativa, evitando choros e ações 
que dificultem o exame.
Algumas condutas do enfermeiro perante a criança são importantes para que o exame físico seja 
bem‑sucedido. Os procedimentos devem ser o mais agradáveis possível, favorecendo a permanência e a 
participação dos pais/pessoa significativa, disponibilizando tempo para brincar e interagir com a criança.
 Lembrete
No caso de atendimento aos adolescentes, a privacidade deve ser 
avaliada e assegurada.
97
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
É importante que o enfermeiro perceba o momento em que a criança está preparada para iniciar 
o exame. Alguns sinais como a conversa espontânea com o enfermeiro, a aceitação para o uso dos 
equipamentos como o estetoscópio, por exemplo, e, principalmente, na permissão ao toque físico e 
aceitação para sair do colo do acompanhante são positivas em relação à receptividade da criança 
ao enfermeiro.
Nos casos em que não ocorra a interação imediata da criança, o enfermeiro deverá concentrar‑se 
no exame, elogiando a criança, para estabelecer confiança, utilizando estórias engraçadas e fantoches 
para conversar.
Os materiais e equipamentos necessários para a realização do exame físico, que o enfermeiro deve 
deixar planejados e preparados antes de realizar o exame, são:
• Estetoscópio pediátrico.
• Bolas de algodão.
• Almotolia com álcool a 70%.
• Balança para recém‑nascido (até 10 kg).
• Régua antropométrica.
• Mesa para exame colocada em posição que ofereça segurança à criança.
• Rolo de papel toalha (lençol de papel).
• Otoscópio.
• Oftalmoscópio.
• Termômetro digital.
• Esfígmomanômetro (diversos tamanhos de manguitos).
• Lanterna delicada.
• Gráficos de crescimento (menina e menino), impressos padronizados pela instituição (para a 
sistematização da assistência de enfermagem, solicitações de exames laboratoriais, atestado de 
comparecimento, entre outros).
Na imagem a seguir, encontram‑se alguns exemplos dos materiais necessários para o exame físico 
da criança:
98
Unidade II
Figura 54 – Materiais necessários para a realização do exame físico da criança
Diferentemente do exame físico do adulto, o posicionamento da criança para o exame dependerá 
da fase etária do desenvolvimento e da colaboração da mesma, podendo, em alguns momentos, ser 
realizado na posição dorsal (sobre a mesa de exames) e em outros, posicionada no colo da mãe (sentada 
ou sobre o colo, propriamente dito).
Uma sequência pré‑determinada para o exame também é divergente, devido às diferentes fases 
etárias do desenvolvimento. Uma sequênciaque pode ser adotada durante a avaliação em crianças 
lactentes e pré‑escolares que poderá ajudar o enfermeiro no sucesso do exame desejado é a seguinte 
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014; BRASIL, 2002; BRASIL, 2012c):
• Auscultar o coração, pulmões e abdome (pode ser no colo da mãe/pessoa significativa).
• Realizar a palpação e a percussão.
• Prosseguir à sequência céfalo‑caudal.
• Deixar para o final a avaliação dos olhos, dos ouvidos e da boca.
• Se pretender realizar o teste para verificar o reflexo de Moro, também deixar para o final.
• A avaliação da genitália deve ser realizada ao final, quando se tratar de adolescentes e crianças na 
idade escolar.
• Os dados antropométricos (peso e estatura) devem ser verificados, avaliados e registrados, 
conforme descritos anteriormente.
Para a realização do exame físico utilizam‑se técnicas básicas, como inspeção, palpação, percussão 
e ausculta, assim definidas:
99
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Inspeção: compreende o exame visual do paciente cuja finalidade é 
descobrir características físicas significativas. Compreende observações 
precisas e detalhadas, unidas à comparação com os padrões de normalidade, 
da aparência geral da área examinada além das características específicas 
como cor, textura, localização, posição, tamanho, tipo e grau de movimento, 
simetria e comparação com o lado oposto.
Palpação: é o processo de examinar o corpo, empregando o sentido do tato 
com o objetivo de determinar as características dos órgãos e dos tecidos. 
Utiliza‑se a capacidade tátil, térmica, vibratória e de pressão das mãos para 
detectar temperatura, movimento, posição, consistência e forma.
Percussão: consiste em golpear a superfície do corpo de forma rápida, porém 
aguda, para produzir sons que permitam ao examinador determinar posição, 
tamanho, densidade de uma estrutura adjacente.
Ausculta: consiste em escutar os sons produzidos pelos diferentes órgãos do 
corpo com o objetivo de descobrir variações e desvios de suas características, 
com o auxílio do estetoscópio (FERREIRA et al.,1995, p. 127‑34).
O exame físico compreende as medidas fisiológicas e os dados antropométricos, além do exame 
físico propriamente dito. Para organizar melhor o texto e para facilitar a compreensão, estaremos 
apresentando o exame físico dividido em duas partes distintas: as medidas fisiológicas e o exame físico 
propriamente dito.
4.2.1 As medidas fisiológicas da criança e do adolescente
Medidas fisiológicas são fundamentais na avaliação do estado físico das funções vitais, sendo: 
temperatura, pulso, respiração, pressão arterial e, considerado como o 5º sinal vital, a dor.
O enfermeiro deve considerar que, diferentemente do que ocorre no exame físico dos adultos, as 
medidas fisiológicas da criança devem ser comparadas aos valores normais de acordo com a faixa etária. 
Dessa forma, o enfermeiro deve ter em mãos as referências dessas medidas, seja por meio de tabelas ou 
de gráficos de referências, para verificar os valores de normalidade recomendados.
Uma outra questão importante é que não deve considerar leituras isoladas para a tomada de decisão clínica.
 Observação
Os fatores estressantes, como medo, dor e choro influenciam nos valores 
das medidas fisiológicas. Dessa forma, após verificar os sinais vitais da 
criança, o enfermeiro deve considerar essas informações em seus registros. 
Inclusive se a criança estava acordada ou dormindo.
100
Unidade II
Pressão arterial (PA)
Como já estudado, a composição física da criança depende da fase etária e que se encontra, além de 
componentes genéticos e de sensibilizações a que foi exposta. Dessa forma, é de se esperar que verificar 
a pressão arterial (PA )de uma criança exige tamanhos de manguitos e equipamentos diferentes do que 
os usados em adultos.
Os equipamentos eletrônicos, como os aparelhos de verificação de PA não invasivos, são precisos 
e indicados para uso principalmente em RN, lactentes e infantes, por serem mais fáceis de realizar 
o procedimento. Equipamentos manuais, como os esfigmomanômetros aneroides ou de coluna de 
mercúrio, podem ser usados para crianças acima dessa faixa etária. Para todos esses equipamentos, 
deve‑se utilizar o manguito (parte interna da braçadeira, feita de material látex) de tamanho adequado 
à criança, em que as referências à largura desse manguito aplicam‑se somente à borracha inflável.
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, a seleção do manguito de tamanho 
apropriado deve obrigatoriamente:
Cobrir de 80% a 100% da circunferência do braço;
Ter largura correspondente a 40% da circunferência do braço no ponto 
médio entre o acrômio e o olécrano;
Cobrir aproximadamente 75% da altura do braço entre o acrômio (ombro) e 
o olécrano (cotovelo), deixando espaço livre tanto na fossa cubital, para se 
colocar o estetoscópio, como na parte superior ao manguito, para se prevenir 
a obstrução da axila (BRASIL, 2012c, p. 260).
Acrômio Acrômio
Olecrânio Olecrânio
Fossa cubral
CBA
40% da 
circunferência no 
ponto médio
Figura 55 – Verificação da PA na criança
Para entender melhor como definir o manguito apropriado, idealize uma medida de distância entre 
o acrômio e o alécrano, para exemplificar. Veja:
101
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
• Medida da distância entre o acrômio e o olécrano: 18 cm (exemplo aleatório).
• Divida esse valor por dois: 9 cm.
• Marque esse ponto (9 cm) no braço da criança.
• Meça a circunferência do braço nesse ponto: 20 cm.
• Calcule 40% desse valor: 8 cm.
Como não há manguitos com 8 cm de largura no mercado, a largura do manguito a ser escolhido 
é de 9 cm.
Geralmente, comercialmente, existem alguns padrões de tamanhos de manguitos, denominados 
com a faixa etária, que possuem algumas medidas preestabelecidas. Isso facilita na hora de escolher 
aquele que mais se aproxima do tamanho ideal do manguito mais adequado à criança que será avaliada.
Tabela 3 – Tamanhos de manguitos, de acordo com a fase 
etária do desenvolvimento da criança
Manguito Largura (cm) Comprimento (cm) Circunferência máxima do braço (cm) 
Recém‑nascidos 4 8 10
Lactentes 6 12 15
Crianças 9 18 22
Adaptado de: The fourth... (2004).
Então, você aprendeu que um manguito de tamanho apropriado é essencial para a medida correta da 
pressão arterial (PA) em crianças e que, dependendo da sua idade e tamanho, o tamanho do manguito 
apropriado poderá variar. Portanto, se o manguito de tamanho ideal para a criança não estiver disponível, 
escolha sempre o imediatamente maior e nunca um menor, pois um manguito pequeno pode resultar 
em uma PA artificialmente elevada e acarretar uma conduta inadequada.
Como no adulto, a PA deve ser medida e registrada pelo menos duas vezes em cada ocasião. 
A seguir, veja a técnica da aferição da PA em crianças (BRASIL, 2012c B; BOWDEN; GREENBERG, 
2005; HOCKENBERRY; WILSON, 2014):
• A escolha do local do exame: deve ser calmo e com temperatura agradável, o que contribui para 
o relaxamento do paciente.
• Descanso prévio: de 5 a 10 minutos.
• Explique o procedimento para o paciente e para o seu responsável.
102
Unidade II
• Pergunte ao paciente ou ao responsável se a criança está com a bexiga cheia (em caso afirmativo, 
o paciente deverá urinar antes da medida), se praticou exercícios físicos intensos ou se ingeriu 
bebida com cafeína ou alimentos até 30 minutos antes da medida da PA.
• Posição para a medida da PA: a partir da idade pré‑escolar, a criança deverá estar sentada. 
Lactentes podem estar deitados na posição supina.
• O braço direito deverá estar totalmente exposto, sem qualquer vestimenta.
• Localize a artéria radial por palpação.
• Coloque o manguito adequado, deixando espaço na fossa cubital para o estetoscópio e não 
obstruindo a axila, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial.
• Posicione o braço do paciente na altura do átrio direito.
• Os olhos do observador devem estar no nível do mostradordo manômetro aneroide.
• Palpe o pulso radial e infle o manguito até 20 mmHg acima do desaparecimento do pulso.
• Coloque a campânula do estetoscópio sobre a fossa cubital sem realizar pressão excessiva.
• Desinsufle o manguito a uma velocidade de 2 a 4 mmHg/segundo. A cada medida, o 
esfigmomanômetro deverá ser completamente esvaziado até o zero.
• Determine a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff).
• Determine a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff).
• Registre os valores da PA sistólica e da diastólica, a posição da criança (sentada ou deitada), seu 
estado (se está agitada, calma etc.), o tamanho do manguito, o braço em que foi feita a medida e 
a frequência cardíaca.
• Espere cerca de 5 minutos antes de realizar nova medida em outra posição (em decúbito 
ou ortostatismo).
Agora que você aprendeu a técnica para verificação da PA em crianças, deverá aprender como avaliar 
o resultado da PA encontrada. Como deve ter suspeitado, existem valores de referências para a PA, de 
acordo com a idade, gênero e percentis de altura para a idade. Dessa forma, o enfermeiro deverá ter em 
um arquivo os valores de referências para a PA em crianças, para poder interpretar o valor da verificação.
Quanto menor for a criança, menores serão os valores de PA mínima e máxima. Existem vários 
instrumentos desenvolvidos com essas referências, podendo ser em forma de gráficos, com percentis, 
tabelas, quadros, entre outros.
103
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Veja a seguir um exemplo de tabela para consultar a referência da PA, de acordo com o gênero, 
recomendado pelo Ministério da Saúde (2012).
Tabela 4 – Percentis de PA para gênero masculino, 
de acordo com o percentil para a altura e idade
Idade
Anos
Percentil 
PA
PA Sistólica (mm Hg)
Percentil de altura
PA Diastólica (mm Hg)
Percentil de altura
5 10 25 50 75 90 95 5 10 25 50 75 90 95
1 
90 94 95 97 99 100 102 103 49 50 51 52 53 53 54
95 98 98 99 101 102 103 106 54 54 55 56 57 58 58
99 105 106 108 110 112 113 114 61 62 63 64 65 66 66
2
90 97 99 100 102 104 105 106 54 55 56 57 58 58 59
95 101 102 104 106 108 109 110 59 59 60 61 62 63 63
99 109 110 111 113 115 117 117 66 67 68 69 70 71 71
3
90 100 101 103 105 107 108 109 59 59 60 61 62 63 63
95 104 105 107 109 110 112 113 63 63 64 65 66 67 67
99 111 112 114 116 118 119 120 71 71 72 73 74 75 75
4
90 102 103 105 107 109 110 111 62 63 64 65 66 66 67
95 106 107 109 111 112 114 115 66 67 68 69 70 71 71
99 113 114 116 118 120 121 123 74 75 76 77 78 78 79
5
90 104 105 106 108 110 111 112 65 66 67 68 69 69 70
95 108 109 110 112 114 115 116 69 70 71 72 73 74 74
99 115 116 118 120 121 123 123 77 78 79 80 81 81 82
Adaptada de: Brasil (2012c).
Tabela 5 – Percentis de PA para gênero feminino, 
de acordo com o percentil para a altura e idade
Idade
Anos
Percentil 
PA
PA‑ Sistólica (mm Hg)
Percentil de altura
PA‑ Diastólica (mm Hg)
Percentil de altura
5 10 25 50 75 90 95 5 10 25 50 75 90 95
1 
90 97 97 98 100 101 102 103 52 52 53 54 55 55 56
95 100 101 102 104 105 106 107 56 57 57 58 59 59 60
99 108 108 109 111 112 113 114 64 64 65 65 66 67 67
2
90 98 99 100 101 103 104 105 57 58 58 59 60 61 61
95 102 103 104 105 107 108 109 61 62 62 63 64 65 65
99 109 110 111 112 114 115 116 69 69 70 70 71 72 72
3
90 100 100 102 103 104 106 106 61 62 62 63 64 64 65
95 104 104 105 107 108 109 110 65 66 66 67 68 68 69
99 111 111 113 114 115 116 117 73 73 74 74 75 76 76
104
Unidade II
Idade
Anos
Percentil 
PA
PA‑ Sistólica (mm Hg)
Percentil de altura
PA‑ Diastólica (mm Hg)
Percentil de altura
4
90 101 102 103 104 106 107 108 64 64 65 66 67 67 68
95 105 106 107 108 110 111 112 68 68 69 70 71 71 72
99 112 113 114 115 117 118 119 76 76 76 77 78 79 79
5
90 103 103 105 106 107 109 109 66 67 67 68 69 69 70
95 107 107 108 110 111 112 113 70 71 71 72 73 73 74
99 114 114 116 117 118 120 120 78 78 79 79 80 81 81
Adaptada de: Brasil (2012c).
Comumente, e talvez pela praticidade, o local para verificar a PA em crianças é o braço, 
na artéria braquial. Porém é sabido que outros locais podem ser usados para mediar a PA em 
crianças, mas o enfermeiro deve se atentar para as diferenças oscilométricas entre o braço e 
sítios da perna em crianças normais.
Os locais para verificar a PA são: parte superior do braço, parte inferior do braço e antebraço, coxa, 
panturrilha ou tornozelo (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Artéria 
braquial
Artéria 
radial
Artéria 
dorsal do 
pé Artéria 
tibial do pé
Artéria 
poplítea
Figura 56 – Locais de colocação do manguito para verificação da PA em crianças
O enfermeiro deverá solicitar a compra de equipamentos adequados para mensuração de PA em 
crianças e treinar a equipe de enfermagem para saber escolher e utilizar o equipamento certo, indicado 
para cada criança. Dessa forma, a mensuração da PA não será comprometida.
O enfermeiro deve compreender que, para realizar a mensuração de PA em crianças, é fundamental 
que se tenha um acervo de diversos tamanhos de manguitos para que, de acordo com o tamanho/idade 
da criança, seja possível a verificação correta da PA.
105
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
É comum que as instituições de saúde não disponham desses equipamentos, e que, dessa forma, 
muitas vezes a verificação da PA em crianças seja negligenciada.
Frequência Cardíaca (FC)
Para verificar a FC em crianças, o enfermeiro deve levar em consideração a preparação da criança 
e a avaliação de fatores que podem afetar a qualidade e a frequência cardíaca, tais como: hipóxia, 
hipertermia, hipovolemia, dor, ansiedade, choro e atividade física. Dessa forma, é desejado que (se 
possível), antes de verificar a FC, o enfermeiro acalme a criança e espere até que ela esteja tranquila.
Quanto menor a idade cronológica da criança, maiores serão as referências de valores para a FC.
É comum observar as arritmias sinusais em que a FC aumenta com a inspiração e diminui com a 
expiração, principalmente em crianças menores.
A determinação da FC deverá ser embasada pelas referências anteriores de FC da criança, e o enfermeiro 
deve escolher o local para a verificação da FC de acordo com a idade da criança, diferentemente do 
adulto, que ocorre pela palpação do pulso. A recomendação para a verificação da FC em crianças é:
• Menores de 2 anos: deve ser realizada por meio da ausculta apical, usando‑se o estetoscópio.
• Maiores de 2 anos: ausculta apical ou mediante a palpação do pulso periférico.
Determinação da FC por ausculta apical:
• Orientar a criança/cuidador sobre o procedimento, se possível.
• Lavar as mãos.
• Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com o algodão embebido em álcool 70%.
• Colocar o estetoscópio.
• Identificar o pulso, palpar a parede do tórax para identificar o ponto de pulso máximo (PIM):
— Menores de 7 anos: 4º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda.
— Maiores de 7 anos: 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda.
• Colocar o diafragma do estetoscópio no PIM e contar a FC por 1 minuto.
• Retirar o estetoscópio.
106
Unidade II
• Desinfetar o estetoscópio com algodão em álcool 70%.
• Lavar as mãos.
• Registrar no prontuário: a FC, o local da verificação e o tipo de atividade da criança 
(adormecida, alerta, chorosa etc.).
Após a verificação da FC, ela deverá ser comparada com a tabela de referência adotada pela 
instituição, como a ilustrada a seguir.
Tabela 6 – Demonstração dos valores de referência de frequência cardíaca (FC) 
e de frequência respiratória (FR), de acordo com a idade
Idade FC (bat/min) FR (mov/min)
Prematuro 120‑170 (pode cair em repouso) 40‑70*
0‑3 meses 100‑150 (pode cair em repouso) 35‑55
3‑6 meses 90‑120 30‑45
6‑12 meses 80‑120 25‑40
1‑3 anos 70‑110 20‑30
3‑6 anos 65‑110 20‑25
6‑12 anos 60‑95 14‑22
> 12 anos 55‑85 12‑18
* Muitos prematuros precisam de Ventilação Pulmonar Mecânica (VPM), tornando a frequênciarespiratória espontânea menos relevante.
Adaptado de: Behrman, Kliegman e Jenson (apud BOWDEN; GREENBERG, 2005).
Deve‑se atentar às características da FC: bradicardia, monocardia, taquicardia, e ao ritmo: 
rítmico e arrítmico.
As regiões indicadas para a verificação da presença de pulso em crianças são: apical, carotídea, 
braquial, radial, pedioso, poplíteo, femoral, tibial posterior e temporal (OLIVEIRA, 2005).
Os equipamentos e materiais envolvidos para a verificação da FC são o marcador de tempo (segundos), 
o estetoscópio e as bolas de algodão umedecidas em álcool 70%.
Frequência respiratória
É preciso avaliar a coloração da criança, a profundidade das respirações, a presença dos batimentos 
da asa de nariz, roncos, retrações e de qual tipo, o uso dos músculos acessórios e ritmo das respirações, a 
posição que a criança assume ao respirar (exemplos: sentada, reta ou inclinada para a frente), agitação 
e ansiedade.
107
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Da mesma forma que a FC, quanto menor a idade cronológica da criança, maiores serão as referências 
de valores para a FR.
Ao se verificar sinais de fadiga respiratória, sofrimento respiratório e/ou apneia, são necessárias 
intervenções imediatas.
É importante rever a FR em prontuários anteriores da criança, se disponíveis, identificando o 
diagnóstico médico da criança e o histórico de problemas e dificuldades respiratórias da criança durante 
a infância.
Durante a avaliação, o enfermeiro deve se atentar aos movimentos respiratórios da criança durante 
um minuto.
No lactente e, sobretudo, no recém‑nascido prematuro, os movimentos respiratórios podem ser 
irregulares, arrítmicos, intermitentes e ainda com alternância da profundidade.
Existem dois tipos de movimentos respiratórios: torácico (costal) e abdominal (diafragmático), 
lembrando que predominantemente se encontram os movimentos abdominais entre os neonatos e os 
lactentes e os movimentos torácicos para as crianças maiores.
Observar a profundidade e o padrão das respirações, se, durante o exame, há ocorrência de ansiedade 
e/ou irritabilidade e se a criança se encontra em uma posição de conforto.
Quanto mais nova for a criança, menor será a FR. De acordo com o Ministério da Saúde 
(BRASIL, 2012c), seguem as referências de FC para crianças em relação à faixa etária:
Tabela 7 – Demonstração da Frequência Respiratória 
da criança, em relação à idade
Idade Movimentos respiratórios por minuto (mrm)
De 0 a 2 meses Até 60 mrm
De 2 a 11 meses Até 50 mrm
De 12 meses a 5 anos Até 40 mrm
De 6 a 8 anos Até 30 mrm
Acima de 8 anos Até 20 mrm
Fonte: Brasil (2012c, p. 37).
Temperatura
A temperatura corporal da criança deve ser mantida dentro dos padrões de normalidade para atender 
às funções metabólicas, inclusive a basal.
108
Unidade II
A criança pode apresentar temperatura corpórea adequada, o que denominamos de normotermia, 
acima das condições de normalidade (hipertermia) ou abaixo das condições de normalidade (hipotermia).
O enfermeiro deverá se atentar para condições do ambiente que propiciem a alteração da 
temperatura da criança antes de verificá‑la, evitando causar falsas evidências clínicas. É importante 
considerar que existe variação de temperatura durante os períodos do dia, vestimenta da criança, 
entre outras variáveis importantes:
• Examinar uma criança em um ambiente frio poderá indicar hipotermia.
• Deixar a criança esperando para ser atendida em um local extremamente quente poderá resultar 
em hipertermia.
• Agasalhos excessivos, principalmente em recém‑nascidos, podem levar à hipertermia.
Os locais indicados para verificar a temperatura e as referências de valores de média de normalidade, 
de acordo com Bowden e Greenberg (2005), são:
• Oral: 35,8 °C a 37,2 °C (0,5 °C maior que a axilar).
• Retal: 36,2 °C a 38 °C (0,5 a 1 °C maior que a axilar).
• Axilar: 36 °C a 37 °C.
• Bucal: 0,5 °C maior que a axilar.
A referência de normalidade para a temperatura corporal média sofre pequenas alterações se 
considerarmos a fase etária do desenvolvimento, conforme demonstrado na tabela a seguir:
Tabela 8 – Temperaturas corporais médias de acordo com a idade
Idade Temperatura (°C)
Recém‑nascido 36 – 37,2
3 anos 36,4 – 37
10 anos 36,4 – 37
16 anos 36,4 – 37
Adaptado de: Brasil (2012c) e Bowden e Greenberg (2005).
A hipertermia é considerada uma das causas de maior procura clínica e está associada, em geral, a 
infecções. Existem também outras associações de causas não infecciosas, como doenças inflamatórias, 
neoplásicas e/ou neurológicas.
109
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Lembrete
Interações e exposições ao meio ambiente podem propiciar a hipertermia, 
tais como os exercícios físicos, o estresse emocional, a alimentação e o 
excesso de agasalhos, por exemplo.
O enfermeiro deve identificar os fatores externos e investigar a história da criança para identificar a 
causa da hipertermia.
De acordo com a hipertermia apresentada, ela é classificada como (BRASIL, 2012c; OLIVEIRA, 2005):
• Leve ou febrícula: até 37,5 °C.
• Moderada: entre 37,5 °C e 38,5 °C.
• Elevada ou alta: acima de 38,5 °C.
 Observação
Para cada grau de temperatura acima dos parâmetros de normalidade, 
é esperado que a criança consuma 10% a mais de energia para manter a 
taxa metabólica basal.
Material para verificação da temperatura axilar:
• Termômetro digital.
• Bolas de algodão.
• Álcool 70%.
Técnica para verificação da temperatura axilar:
• Lave as mãos.
• Explique o procedimento à criança (se for adequado à idade).
• Coloque o termômetro sob a axila da criança (pode deixá‑la mais confortável no colo da mãe/
cuidador, se neonato, lactente ou infante).
• Aguarde um minuto e retire o termômetro.
110
Unidade II
• Verifique a temperatura indicada no visor.
• Desinfete o termômetro com o álcool 70%.
• Lave as mãos.
• Registre no prontuário.
Dor
A dor não escolhe idade, gênero ou raça. Até algum tempo atrás, os próprios médicos acreditavam 
que as crianças não eram capazes de sentir dor, no entanto, estudos mais recentes têm demonstrado 
que desde o nascimento já temos desenvolvimento neurológico suficiente para sentirmos dor, mesmo 
se prematuros.
Existem algumas doenças de início na infância que causam com dor, como anemia falciforme, alguns 
tipos de câncer, algumas doenças reumatologias, cefaleias e também as dores específicas de cada idade, 
como as cólicas do recém‑nascido, as infecções de garganta ou de ouvido, o nascimento dos dentinhos, 
os traumas na fase escolar e até a dor do próprio crescimento, que é responsável por até 15% das dores 
nessa fase (SBED, [s.d.].).
O fato de os neonatos não verbalizarem a dor que sentem agravava a crença que se tinha, até 
meados dos anos de 1970, de que o recém‑nascido (RN) era incapaz de sentir dor, em virtude da 
imaturidade neurológica, das vias nervosas não totalmente mielinizadas ou da ausência de função 
cortical suficientemente integrada para interpretar ou recordar as experiências dolorosas. Entretanto, 
descobriu‑se que a mielinização incompleta é compensada pelo distanciamento interneuronal menor, 
que aumenta a velocidade média de condução nervosa. O RN apresenta todos os componentes 
anatômicos, funcionais e neuroquímicos necessários para a recepção e para a transmissão do estímulo 
doloroso (LEMOS et al., 2010). Ou seja, o recém‑nascido é capaz de sentir dor, ainda quando gerado, na 
condição de feto.
Assim sendo, nenhum profissional da saúde deve negligenciar a dor em nenhuma criança desde 
seu nascimento, pois é sabido que, embora não tenham o desenvolvimento e a maturidade (de acordo 
com a fase em que se encontra) para pedir verbalmente que a dor seja amenizada, não quer dizer que 
a sensação da dor não exista.
A dor da criança não pode ser subtratada ou relegada a segundo plano. Além da dor física que 
algumas doenças possam causar, é importante lembrar que exames e procedimentos dolorosos também 
são necessáriosem certas circunstâncias e que, além da dor, podem desencadear o medo e a ansiedade, 
que também devem ser vistos como uma ameaça à criança.
Dessa forma, pensando que algumas doenças – como a enterocolite, traumas e fraturas, doenças 
oncológicas, diversos tipos de pós‑operatórios e diversos procedimentos invasivos, como intubação, 
ventilação pulmonar mecânica, punções venosas e arteriais, redução de fraturas etc. –, além de dolorosas, 
111
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
causam medo, ansiedade e estresse e, portanto, devem ser evitadas e tratadas com analgesia e sedação 
sempre que necessário e possível (OLIVEIRA, 2005).
A criança tem o direito de ter sua dor adequadamente tratada (BRASIL, 1995), o enfermeiro deverá 
estar sempre atento, para amenizar esses sofrimentos e solicitar, quando despercebido pela equipe, 
terapias para tratamento da dor, como no caso das sedações e da analgesia.
 Observação
O controle da dor e o alívio do sofrimento da criança são responsabilidade 
e compromisso do profissional da área de saúde e, portanto, do enfermeiro.
É muito importante fazer o diagnóstico e valorizar a queixa ou os sinais sugestivos de dor, uma vez 
que nas faixas etárias menores a avaliação objetiva torna‑se dificultada pelo fato de a criança não saber 
se comunicar (SBED, [s.d.].).
 Lembrete
É fundamental que a dor seja investigada para ser amenizada, porém é 
fundamental que o enfermeiro, assim como todos os profissionais da saúde 
envolvidos no cuidado da criança, trabalhe na interdisciplinaridade para 
elencar ações preventivas da dor antes mesmo que ela se instale.
Então surge um grande desafio para o enfermeiro e sua equipe: se qualquer criança, 
independentemente da idade, pode sentir dor física desde o seu nascimento, como fazemos para 
identificá‑la e monitorá‑la?
O toque, o aconchego e o ambiente acolhedor devem fazer parte das unidades do ambiente e da 
rotina de atendimento, e cabe aos enfermeiros promovê‑los, buscando capacitar sua equipe para que, 
no momento oportuno, possam implementar estratégias não farmacológicas do manejo da dor, a fim 
de contribuir para o bem‑estar do RN (PERENCIN; RIBEIRO, 2011).
Para identificar a dor, sabendo que ela é subjetiva, o enfermeiro pode utilizar ferramentas muito 
úteis, denominadas de escalas da avaliação da dor. Ao escolher a escala que será utilizada, deve‑se 
verificar se a escala de dor é validada e a idade da criança, pois devem ser aplicadas de acordo com as 
diferentes idades, desde o nascimento. Os profissionais envolvidos nos cuidados com as crianças devem 
ser capazes de aplicar tais instrumentos, a fim de diagnosticar com maior precisão a intensidade da dor, 
levando ao tratamento adequado (SBED, [s.d.].).
Nas crianças maiores, a partir de três anos, a melhor maneira de acessar a dor é perguntando 
à criança sobre a sua intensidade, duração e evolução do tempo. Maiores de 8 anos conseguem 
classificar sua dor em uma escala de números, cores ou faces, com ótima precisão (OLIVEIRA, 2005). Nos 
112
Unidade II
recém‑nascidos, prematuros e lactentes, usam‑se escalas que avaliam os sinais de dor e desenvolvidas 
para algumas situações específicas, como para uso em pós‑operatórios, procedimentos que levam à 
dor aguda, entre outros.
As escalas de dor, indicadas para serem aplicadas de acordo com a faixa etária e com a realidade, são 
exemplificadas a seguir:
Quadro 2 – Escala de dor NFC 
(Neonatal Facial Coding System): recém‑nascidos
Detalhes
Pontos
Interpretação
0 1
Fronte saliente Não Sim
Considerar a presença de dor quando 3 ou mais 
destes detalhes aparecerem consistentemente 
durante a avaliação.
Máximo: 8 pontos.
Fenda palpebral estreitada Não Sim
Sulco nasolabial aprofundado Não Sim
Boca aberta Não Sim
Boca estirada (horizontal/vertical) Não Sim
Língua tensa Não Sim
Protrusão da língua Não Sim
Tremor do queixo Não Sim
Fonte: Oliveira (2005, p. 581).
Quadro 3 – Escala de dor NIPPS (Neonatal Infant Pain Score): 
recém‑nascidos a termo e prematuros
Detalhes Pontos Interpretação
Expressão facial 
Relaxada 0
A escala vai de 0 a 7.
Considerar a presença de dor 
quando os pontos da escala 
somarem 4 ou mais.
A escala é falha nas crianças 
muito doentes para reclamar e 
nos pacientes curarizados.
Contraída 1
Choro
Ausente 0
Resmungos 1
Respiração
Vigorosa 2
Normal 0
Irregular, alterada 0
Braços
Relaxados ou imobilizados 0
Fletidos ou estendidos 1
Pernas
Relaxadas ou imobilizadas 0
Fletidas ou estendidas 1
Consciência
Dormindo ou acordada calma 0
Desconfortável 1
Fonte: Oliveira (2005, p. 581).
113
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Quadro 4 – Escala de dor CRIES (Crying, Requires of oxigen for saturation above 95%, 
Increase vital sings, Expression, Sleep): pós‑operatório do recém‑nascido
Detalhes Pontos Interpretação
Choro
Ausente ou normal 0
A escala vai de 0 a 10.
A escala deve ser aplicada 
em intervalos de 2 horas 
nas primeiras 24 horas de 
pós‑operatório e a cada 4 horas 
por mais 1 ou 2 dias.
Deve‑se considerar um score igual 
ou maior de 5 como indicativo de 
necessidade de analgesia.
Choro agudo consolável 1
Choro agudo inconsolável 2
Exigência de O2
Nenhum 0
Menos que 30% de FiO2 1
Mais que 30% de FiO2 2
Aumento da FC e 
da PA
Sem aumento 0
Até 20% de aumento 1
Mais de 20% de aumento 2
Expressão facial
Normal, relaxada 0
Caretas eventuais 1
Crispada, contraída 2
Sono na última 
hora
Normal 0
Acordada frequentemente 1
Acordada 2
Fonte: Oliveira (2005, p. 581).
Quadro 5 – Escala de dor PIPP (Premature Infant Pain Profile): 
pós‑operatório do recém‑nascido, em procedimentos
Detalhes Pontos Interpretação
Idade gestacional
> ou = 36 semanas 0
A escala vai de 0 a 21 pontos.
Scores acima de 5 mostram dor 
leve e acima de 12 apontam a 
presença de dor moderada ou 
intensa. 
32 a 35 semanas e 6 dias 1
28 a 31 semanas e 6 dias 2
> 28 semanas 3
Estado de alerta 
observado por 15 
segundos antes 
do procedimento
Acordado e ativo, olhos abertos e com 
movimentos faciais 0
Acordado, mas quieto, olhos abertos e sem 
movimentos faciais 1
Dormindo e ativo, olhos fechados e com 
movimentos faciais 2
Dormindo e quieto, olhos fechados e sem 
movimentos faciais 3
Aumento da FC 
após o início do 
procedimento
Aumento de 0 a 4 bpm 0
Aumento de 5 a 14 bpm 1
Aumento de 15 a 24 bpm 2
Aumento > 25 bpm 3
Queda da 
saturimetria após 
o procedimento
Queda de 0% a 2,4% 0
Queda de 2,5% a 4,9% 1
Queda de 5% a 7,4% 2
Queda de 7,6% ou mais 3
114
Unidade II
Detalhes Pontos Interpretação
Testa franzida*
Ausente 0
*Imediatamente após o 
procedimento, observar durante 
30 segundos os três sinais 
faciais:
Máximo: se sinal está presente 
por mais de 70% desse tempo.
Moderado: se presente entre 40 
a 69% do tempo.
Mínimo: se se entre 10 a 39% 
do tempo.
Ausente: por menos de 9% do 
tempo de observação.
Mínimo 1
Moderado 2
Máximo 3
Olhos espremidos*
Ausente 0
Mínimo 1
Moderado 2
Máximo 3
Sulco nasolabial*
Ausente 0
Mínimo 1
Moderado 2
Máximo 3
Fonte: Oliveira (2005, p. 581).
Para a utilização da escala de Escala de Dor PIPP (Premature Infant Pain Profile), indicada para o 
uso em pós‑operatório e procedimentos do recém‑nascido, é importante que a idade gestacional seja 
estimada, e que a FC e a saturimetria de base sejam verificadas antes do início do procedimento para 
que se possa ter referências. Imediatamente após o início do procedimento, o enfermeiro deve voltar a 
anotar a FC e a saturimetria para pontuar (OLIVEIRA, 2005).
Quadro 6 – Escala de dor CHEOPS 
(Children’s Hospital of Eastern Ontario Pain Scale): crianças de 1 a 5 anos de idade
Detalhes Pontos Interpretação
Choro
Não 1
A escala vai de 4 a 3.
Fraco ou silencioso 2
Histérico 3
Facial
Sorrindo 0
Tranquilo 1
Crispado ou tenso 2
Verbal
Fala de outras coisas 0
Não fala ou apresenta outras queixas 1
Queixa, dor 2
Tronco
Relaxado, posição neutra 0
Movimento de incômodo 2
Tenso,tremor 2
Ferida
Em pé ou imobilizado 2
Nenhum gesto 0
Protege, toca ou segura 2
Perna
Quieta ou com movimentos leves 1
Esperneia, pedala 2
Em pé ou imobilizada 2
115
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Saiba mais
Entenda melhor sobre como a enfermagem atua na identificação da 
dor de crianças nos artigos a seguir:
CAETANO, E. A. et al. O recém‑nascido com dor: atuação da equipe de 
enfermagem. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 439‑445, jul./ago. 
2013. Disponível em: https://bit.ly/3ARJsmO.Acesso em: 19 jun. 2018.
LEMOS, N. R. F. et al. Manejo de dor no recém‑nascido: revisão de 
literatura. Rev. Enferm. UFPE On Line, Recife, v. 4, n. 3, p. 972‑79, 2010. 
Disponível em: https://bit.ly/3IHvCp6. Acesso em: 19 jun. 2018.
MELO, L. R.; PETTENGILL, M. A. M. Dor na infância: atualização quanto 
à avaliação e tratamento. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped., São Paulo, v. 10, 
n. 2, p. 97‑102, dez. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3RCUQsY. Acesso 
em: 19 jun. 2018.
4.2.2 Exame físico
4.2.2.1 Pele e anexos
A pele da criança deverá ser avaliada com relação a textura, coloração, temperatura, umidade, turgor, 
cicatrizes e lesões (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Coloração
As características da pele da criança dependerão de alguns fatores, como raça e descendência 
predominantes. Dessa forma, a coloração poderá ser clara, rosada, castanha, vermelha, amarela.
A pele da criança deve estar sempre corada. As mudanças da coloração da pele mais comuns são 
(BOWDEN; GREENBERG, 2005; BRASIL, 2012a; BRASIL, 2013b):
• Cianose: tom azulado podendo representar hipotermia, redução de hemoglobina, falência da bomba 
cardíaca, hemoglobina desoxigenada. Pode‑se classificar a cianose em localizada ou periférica, e 
generalizada ou central. A primeira, também conhecida como acrocianose, aparece nas regiões 
plantares e palmares. É um sinal benigno e comum no período neonatal, não representando doença 
sistêmica grave. A cianose central, envolvendo a mucosa oral, é observada quando a concentração de 
hemoglobina reduzida excede 5 g/dL, condição comum durante a hipoxemia grave. A cianose central, 
quando presente, deve ser sempre investigada, procurando‑se afastar cardiopatias congênitas, 
hipertensão pulmonar e afecções graves do parênquima pulmonar.
116
Unidade II
• Palidez: pode representar anemia, doenças crônicas, edema ou choque.
• Equimose: são áreas grandes e difusas, geralmente azuis ou negras, causadas por hemorragias sob 
a pele, resultantes de traumatismos.
• Eritema: pode ser resultado do aumento do fluxo sanguíneo, inflamação local, alergias. Comum 
no recém‑nascido.
• Petéquias: lembra o aspecto das equimoses, porém são puntiformes, medindo aproximadamente 
2 mm ou menos, podendo designar algum tipo de distúrbio hematológico. Exemplo: meningite 
meningocócica.
• Icterícia: coloração amarelada da pele, geralmente causada por pigmentos biliares.
Perfusão periférica
Para avaliar a perfusão periférica, ou seja, avaliar se os tecidos estão sendo perfundidos 
adequadamente, pressiona‑se a porção distal do dedo mínimo ou polegar, avaliando a perfusão 
periférica dos tecidos. O tempo de enchimento capilar adequado deve ser entre dois e três segundos. 
Se o tempo for maior que dois segundos, significa que os tecidos não estão sendo perfundidos 
adequadamente (OLIVEIRA, 2005).
De acordo com o diagnóstico de enfermagem para Perfusão Tissular Periférica Ineficaz, 
entende‑se que é o estado em que o indivíduo apresenta, ou está em risco de apresentar, diminuição 
na nutrição e na respiração em nível celular periférico devido à diminuição no suprimento de 
sangue capilar (HERDMAN, 2012).
 Observação
Palidez cutânea, sudorese, pele fria, pulso rápido e respiração rápida são 
sinais clínicos precoces de choque.
Textura
A textura da pele da criança deve ser lisa, levemente seca. Não é esperado encontrar em uma criança 
uma pele áspera, seca ou rugosa. Essas alterações podem ocorrer devido a banhos frequentes, exposição 
ao frio e até mesmo em caso de hipovitaminose A.
Turgor tecidual
O enfermeiro deve verificar a elasticidade da pele, pois, dentre outras características, indica o estado 
de hidratação da criança. Turgor tecidual diminuído tende a aparecer na desidratação.
117
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Para verificar o turgor, prenda o abdome entre o polegar e o indicador, a prega deverá desaparecer 
depois de solta.
 Observação
Quando a prega persiste durante a verificação do turgor da pele, pode 
indicar sinal de desidratação.
Estruturas acessórias
A avaliação das estruturas acessórias da pele pode ser feita enquanto a pele, o couro cabeludo ou os 
membros estão sendo inspecionados.
O couro cabeludo deve ser verificado, observando a integridade e a limpeza, inclusive dos cabelos. Os 
cabelos devem ser brilhantes, variando de acordo com a genética. Cabelos viscosos, quebradiços, opacos, 
despigmentados e secos podem indicar sinal de desnutrição.
A integridade do couro cabeludo deve ser observada:
• Presença de pediculose pode indicar cuidados deficientes com a higiene – assim como infestações 
em escolas e creches – e devem ser investigados.
• Lesões como traumas, infecções secundárias (miíases, pústulas) devem ser investigadas.
As unhas geralmente são róseas, convexas, macias e firmes, ou seja, não são quebradiças.
Figura 57 – Mãos de criança
As unhas devem ser inspecionadas em relação à integridade (formato, textura) e à limpeza; 
cuidados, como aparar as unhas, devem ser observados. Unhas quebradiças podem indicar alguma 
hipovitaminose. Unhas curtas e mal aparadas podem indicar o hábito da criança de roer unhas.
118
Unidade II
É importante que, ao final do exame, o enfermeiro saiba elencar os problemas e propor melhorias na 
saúde da criança, assim como elogiar o cuidador em relação aos bons cuidados.
 Observação
O enfermeiro deve elogiar a mãe ao verificar que as condições de 
higiene do cabelo estão em ótimas condições para estimulá‑la a continuar 
cuidando com zelo.
A mesma mãe deve ser orientada em relação aos hábitos negativos da 
criança em roer as unhas, por exemplo, e ajudá‑la em atitudes que possam 
interromper esses hábitos.
Algumas características são importantes quando falamos exclusivamente da pele do recém‑nascido. 
Crianças filhas de pais negros podem apresentar pele clara no nascimento e maior quantidade de 
melanina nos mamilos, região periungueal, na pele periumbilical e na genitália.
O recém‑nascido tem uma pele rósea, com vasos proeminentes em abdome, que gradativamente 
tornam‑se menos visíveis à medida que vai adquirindo quantidades progressivas de queratina. A pele 
apresenta‑se cada vez mais espessa, opaca e descamativa. Dentre essas características destacam‑se 
(BRASIL, 2012a):
• Vérnix (substância esbranquiçada e oleosa): encontrado em grande quantidade no RN pré‑termo, 
diminui com o progredir da idade gestacional e torna‑se cada vez mais esparso.
• Lanugo ou lanugem: comum encontrar em RN pré‑termo. Trata‑se de uma lanugem fina e longa 
abundante. No RN a termo é ausente ou escasso, podendo estar presente apenas nos ombros.
Figura 58 – Lanugem
• Milium sebáceo: está presente em 40% dos RN. Manifesta‑se por pequenos pontos brancos 
(menores que 1 mm) localizados na base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução das 
glândulas sebáceas, decorrentes da ação do estrógeno materno. Desaparecem em poucas semanas.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
• Manchas mongólicas: são manchas azul‑acinzentadas localizadas preferencialmente no dorso 
e nas regiões glútea e lombossacra, podendo ser disseminadas. Traduz imaturidade da pele na 
migração dos melanócitos, relacionada a fatores raciais. Mais comuns nas raças negra e oriental, 
regridem nos primeiros quatro anos de idade.
Figura 59 – Manchas mongólicas
• Eritema tóxico: geralmente aparece nos primeiros dias de vida sob a forma de lesões eritematosas

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