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Capítulos 1 ao 7
Capítulo 1
MAT
ERIA
L 
EXE
MPL
AR
 
1 
Olá, aluno! 
Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você 
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que 
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente. 
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins 
de entender como a Banca costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, queremos que sua 
atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, pois o tempo é 
escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo sempre! 
Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo 
completo que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a 
estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar 
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada 
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto 
com a leitura de jurisprudência selecionada. 
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser 
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou 
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para 
a gente! 
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, 
trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. 
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! 
Bons estudos  
 
 
 
 
 
 
mailto:pdfadverum@cers.com.br
 
2 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Empresarial da seguinte forma: 
 
RECORRÊNCIA 
 Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos 
objetivamente mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda 
diferença. Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com 
base nas últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina! 
Do Direito de Empresa
21%
Da Sociedade
7%
Da Recuperação Judicial, 
Extrajudicial e da Falência 
do Empresário e da 
Sociedade Empresária
36%
Dos Títulos de Crédito
21%
Dos Contratos 
Empresariais
7%
Da Propriedade Industrial
7%
DIREITO EMPRESARIAL
Do Direito de Empresa
Da Sociedade
Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e da Falência do Empresário e da Sociedade Empresária
Dos Títulos de Crédito
Dos Contratos Empresariais
Da Propriedade Industrial
 
3 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Teoria Geral do Direito Empresarial 
Capítulo 2 – Regime Jurídico da Atividade Empresarial 
Capítulo 3 – Direito Societário 
Capítulo 4 – Crise da Atividade Empresarial 
Capítulo 5 – Títulos de Crédito 
Capítulo 6 – Contratos Empresariais 
Capítulo 7 – Propriedade Industrial 
 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
DIREITO EMPRESARIAL, Capítulo 1 .................................................................................................................................. 6 
1. Teoria Geral do Direito Empresarial ....................................................................................................................... 7 
1.1 Evolução Histórica do Direito Empresarial ............................................................................................................. 7 
1.2 Conceito de empresa ................................................................................................................................................... 10 
1.2.1 Empresa como atividade ............................................................................................................................................ 11 
1.2.2 Economicidade ............................................................................................................................................................... 12 
1.2.3 Organização .................................................................................................................................................................... 12 
1.2.4 Profissionalismo ............................................................................................................................................................. 14 
1.2.5 Objetivo Específico........................................................................................................................................................ 15 
1.3 Fixação de Regime Jurídico ....................................................................................................................................... 15 
1.4 O Empresário .................................................................................................................................................................. 16 
1.4.1 Conceito e Espécies ...................................................................................................................................................... 16 
1.4.2 Caracterização................................................................................................................................................................. 18 
1.4.3 Empresário Rural............................................................................................................................................................ 22 
1.4.4 Empresário Casado ....................................................................................................................................................... 23 
1.5 Dos requisitos de regularidade ................................................................................................................................ 25 
1.5.1 Da Inscrição ..................................................................................................................................................................... 25 
1.5.2 Da capacidade ................................................................................................................................................................ 25 
1.5.3 Ausência de impedimento legal .............................................................................................................................. 28 
1.6 Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) .................................................................... 29 
1.7 Microempreendedor Individual, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte...................................... 32 
1.8 Estabelecimento empresarial..................................................................................................................................... 32 
1.8.1 Trespasse .......................................................................................................................................................................... 36 
1.8.2 Eficácia do trespasse .................................................................................................................................................... 37 
1.8.3 Responsabilidade do adquirente e do alienante ............................................................................................... 38 
1.8.4 Sub-rogação nos contratos de exploração .......................................................................................................... 42 
 
5 
1.8.5 Aviamento ........................................................................................................................................................................ 43 
1.8.6 Ponto comercial ............................................................................................................................................................. 44 
1.8.7 Ação Renovatória ..........................................................................................................................................................45 
QUADRO SINÓTICO ............................................................................................................................................................. 48 
QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................................................... 49 
GABARITO ................................................................................................................................................................................... 61 
LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................................................. 65 
JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................................................................................... 67 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................................ 73 
 
 
 
6 
 
 
 
E ai, OABeiro! Tudo certinho? 
A apostila de número 01 do nosso curso de Direito Empresarial tratará sobre Teoria do Direito 
Empresarial, matéria que é extremamente cobrada no Exame de Ordem ao decorrer desses 
anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 9 VEZES 
nos últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de altíssima relevância. 
Assim, é imprescindível que você dedique um tempo para estudar este conteúdo com calma e 
responda as questões que tratam sobre o referido tema, ok? 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei 
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
 
7 
DIREITO EMPRESARIAL 
Capítulo 1 
1. Teoria Geral do Direito Empresarial 
Neste capítulo, estudaremos a Teoria Geral do Direito Empresarial, tema de grande valia 
para a compreensão de toda a matéria de Direito Empresarial, além de ser composto por 
assuntos de alta incidência nos últimos concursos para Carreiras Jurídicas. Estabelecer uma 
“teoria geral” é um exercício que objetiva permitir que o estudioso conheça a dimensão da 
matéria e seus conceitos basilares. Para fazê-lo em sede do Direito Empresarial, é importante 
introduzir que se trata de ramo do direito privado que regula a atividade econômica exercida 
de modo organizado e aqueles que a exercem com proficiência. 
 
1.1 Evolução Histórica do Direito Empresarial 
Há um campo específico da Ciência Jurídica estruturado com base na concepção atual de 
“empresa”. Essa noção, por sua vez, surgiu a partir da evolução dos critérios utilizados para 
definição do objeto do Direito Empresarial. 
O desenvolvimento histórico desse ramo jurídico é tão relevante que até mesmo a sua 
denominação acompanhou o progresso de seus institutos. Tanto assim que superou a 
designação Direito Comercial, antes utilizada para indicar o conjunto de normas, princípios e 
práticas aplicáveis às relações entre aqueles que desempenhavam certa atividade econômica: o 
comércio. 
Pois bem, em um determinado período histórico inexistiu, sequer, nomenclatura para 
designar o conjunto de práticas mercantis utilizadas pelos “cônsules” da Idade Média para a 
solução de litígios. Dessa constatação, extraem-se dois aspectos elementares da primeira fase 
 
8 
evolutiva do Direito Empresarial: a consuetudinariedade de suas normas e a atuação do “Juízo 
Consular”. 
Daí se depreendem as seguintes características desse momento evolutivo inicial do Direito 
de Empresa: a) costumeiro, em que os usos e costumes geralmente observados pelos 
mercadores constituíam a sua principal fonte; b) internacional, uma vez que os usos e costumes 
mercantis eram aplicados geralmente em toda a Europa, nas grandes feiras; e c) corporativo, 
pois suas normas eram aplicadas pelo tribunal das corporações (juízo consular) no julgamento 
das controvérsias existentes entre os seus próprios membros. O Direito Comercial é, nesse 
momento, um direito de classe. 
Percebe-se, assim, que um conjunto de usos e costumes foi esboçado em benefício, tão 
somente, da figura do comerciante. Por esta razão, essa incipiente fase foi considerada como 
subjetivista. 
O cônsul era um comerciante ou um mestre artesão (dono de uma corporação de ofício) 
que, em razão de sua maior experiência, dominava melhor os costumes mercantis. Por isso, era 
ele quem decidia os dissídios entre mercadores, aplicando tais práticas, tendo-se em vista a 
inexistência de normas codificadas. 
Em um segundo momento, logo após a Revolução Francesa, buscou-se a sistematização 
das normas consuetudinárias em um único diploma legal. O marco histórico dessa segunda 
fase do Direito Empresarial foi a edição do Código Comercial Francês de 1807, geralmente, 
associado à figura Napoleão Bonaparte. 
Nessa etapa, passou a ser considerado como objeto do Direito Comercial todo e qualquer 
ato enumerado, taxativamente, como mercancia. Daí falar-se na Teoria dos Atos de Comércio. 
Por não se centralizar mais sobre a figura do comerciante, tal teoria imprimiu uma feição 
objetivista a essa fase. 
Sendo assim, pode-se dizer que essa segunda fase foi marcada pelas seguintes 
características: a) clara separação entre Direito Comercial e Direito Civil como ramos 
autônomos e independentes; b) especificidade do direito comercial, sendo que o próprio ato 
do comércio caracterizava a profissão dos comerciantes; c) caracterização do Direito Comercial 
 
9 
pelo objeto (comércio) e não pelo sujeito (comerciante); d) monopólio da jurisdição pelo 
Estado devido à perda da força das corporações de ofício. 
Todavia, também o método de delimitação da matéria comercial proposto pela Teoria 
dos Atos de Comércio se mostrou insuficiente, vez que não alcançava outros setores da 
economia, tais como a indústria e a prestação de serviços. 
Diante disso, surgiu, na Itália, nova proposta para estabelecer o alcance do ramo do 
direito privado ora examinado, a qual foi marcada como terceira fase evolutiva do Direito 
Empresarial. A Teoria da Empresa, recepcionada pelo Código Civil Italiano de 1942 e com 
grande aceitação por diversos ordenamentos jurídicos, trouxe parâmetros bem mais sofisticados. 
Conforme mencionado acima, os novos critérios provocaram, inclusive, a mudança da 
terminologia utilizada para designar o setor do saber jurídico ao qual se aplicavam. Sendo assim, 
de Direito Comercial passou-se à denominação Direito Empresarial. 
André Luiz Ramos Santa-Cruz, inspirado nas lições de Waldirio Bulgarelli, assim compara 
as duas teorias: 
Para a teoria da empresa, o direito comercial não se limita a regular apenas as relações 
jurídicas em que ocorra a prática de um determinado ato definido em lei como ato de 
comércio (mercancia). A teoria da empresa faz com que o direito comercial não se ocupe 
apenas com alguns atos, mas com uma forma específica de exercer uma atividade 
econômica: a forma empresarial.1 
O foco passou, então, para o exercício de atividade econômica, sob a modalidade de 
empresa. Isso se dá sempre que é organizada de acordo com os parâmetros eleitos pe la lei 
como identificadores da atividade empresarial. Daí porque essa fase foi considerada subjetivista 
moderna. 
 
 
1 RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, Rio de Janeiro: Forense, 
2019, p. 37 e 38. 
 
10 
1.2 Conceito de empresa 
Como vimos, a fase da teoria da empresa, também conhecida como sistema italiano, 
teve como ápice o Códice Civile (Código Civil Italiano) de 1942, que pretendeu unificar o direito 
privado da Itália.As três fases históricas descritas no tópico anterior espelharam-se no Brasil, o 
que pode ser constatado no fluxograma abaixo, o qual demonstra a evolução dessas teorias 
conforme seus respectivos marcos legais no direito pátrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A teoria da empresa acarretou uma ampliação da abrangência do Direito Comercial (agora 
Direito Empresarial). Tratando-se do sistema utilizado pelo Código Civil de 2002, com esta teoria , 
surgem as ideias de empresa e de empresário. Contam com a proteção das normas de direito 
empresarial aqueles que praticarem empresa (atividade econômica, exercida profissionalmente 
e organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços). 
O art. 966 do Código Civil definiu o empresário a partir do conceito de empresa, 
considerando-a como atividade dotada das seguintes características: economicidade, 
profissionalismo, organização e finalidade de produção ou circulação de bens ou serviços. É 
Fase Subjetivista
Comerciante
Fase Objetivista
Atos de Comércio 
(mercancia)
Fase Subjetivista 
(Moderna)
Empresário
Regulamento 
737 de 1850 
“Considera-se 
Mercancia”... 
Tribunais de Comércio Código Comercial de 1850 Código Civil de 2002 
 
11 
importante mencionar que, embora o dispositivo não tenha contemplado a especulação, essa 
também pode ser considerada uma atividade de natureza empresarial, muito embora, muitas 
vezes, não repercuta na produção ou circulação de qualquer bem ou serviço. 
O quadro abaixo representa os aspectos essenciais para que uma atividade seja 
caracterizada como empresária: 
 
Conforme a mesma norma, a priori, estão excluídas da noção de empresa as atividades 
intelectuais de natureza artística, científica ou literária. Mas, por ora, não convém adentrar as 
nuances do parágrafo único daquela norma (art. 966. CC), posto que serão melhor abordadas 
posteriormente. 
 
1.2.1 Empresa como atividade 
A natureza jurídica da empresa é de atividade, porquanto consiste em um conjunto 
coordenado de atos voltados à obtenção de um resultado comum. Logo, empresa não é sujeito 
nem objeto de direitos. Logo, do ponto de vista jurídico, há uma impropriedade terminológica 
existente em expressões como “tenho uma empresa” ou vou na empresa. 
 
Empresa = Atividade
Econômica
Organizada
Profissional
Industrial, Comercial ou de 
Prestação de Serviços
 
12 
1.2.2 Economicidade 
Econômica é aquela atividade que tem como fim precípuo a distribuição de lucros ou a 
geração de valor. No caso do empresário individual, o lucro se destina a acrescer o próprio 
patrimônio. Nas sociedades empresárias, o fim da atividade é a distribuição de lucros aos sócios. 
Contudo, a ausência da finalidade lucrativa não descaracteriza uma atividade como empresária 
caso ela se destine à circulação de riqueza ou à prestação de serviço remunerado. É o caso, por 
exemplo, de uma sociedade empresária criada para objetivos filantrópicos, mas que, para 
alcança-los, precisa angariar recursos comercializando bens ou cobrando por serviços prestados. 
Nas palavras de André Luiz Ramos Santa Cruz 
Ao destacarmos a expressão atividade econômica, por sua vez, queremos enfatizar que 
empresa é uma atividade exercida com intuito lucrativo. Afinal, conforme veremos, é 
característica intrínseca das relações empresariais a onerosidade. Mas não é só à ideia de 
lucro que a expressão atividade econômica remete. Ela indica também que o empresário, 
sobretudo em função do intuito lucrativo de sua atividade, é aquele que assume os seus 
riscos técnicos e econômicos. 
Entenda-se a ideia de lucro aqui como utilidade. É lucrativa a atividade que produz uma 
utilidade, e não somente aquela que se traduz em dinheiro. De qualquer forma, o critério 
de economicidade é essencial. A atividade deve produzir o suficiente para, pelo menos, 
remunerar os fatores da produção e, dentre eles, o capital investido, de molde a assegurar, 
por si mesma, a sua sobrevivência.2 
 
1.2.3 Organização 
Vimos que, sob a égide do atual Código Civil Brasileiro, a empresa é tida como atividade, 
cuja marca essencial é a obtenção de lucros com o oferecimento ao mercado de bens ou 
serviços, gerados mediante a organização dos fatores de produção (força de trabalho/mão 
de obra, matéria-prima, capital e tecnologia).3 
 
2 RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, Rio de Janeiro: 
Forense, 2018, p. 37 e 38. 
3 MELLO FRANCO, Vera Helena. Manual de direito comercial. 2. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 51. v. 1. Resume bem 
a professora da USP: “a ideia de organização, assim, deve ser entendida em sentido amplo, de molde a considerar 
 
13 
Asquini dividia a expressão empresa em quatro perfis. Em um perfil subjetivo, empresa 
seria sinônimo de empresário. Em um perfil funcional, empresa seria a atividade (utilizado 
pela teoria da empresa). Em um perfil objetivo, empresa seria sinônimo de patrimônio aziendal 
ou estabelecimento. Por fim, em um perfil corporativo, empresa é instituição, na medida em 
que reúne pessoas com propósitos comuns (empresário e empregados). 4 
Saliente-se que, conforme entendimento majoritário, o Código Civil de 2002 não 
unificou o direito privado, mas apenas o direito dos contratos e das obrigações. O Direito 
Empresarial permanece autônomo, apesar de o Código Comercial ter sido derrogado pelo 
referido diploma (revogado parcialmente, já que a parte sobre comércio marítimo permanece 
vigente). 
A atividade dos empresários pode ser vista como a de articular (organizar) os fatores de 
produção, que, no sistema capitalista, são quatro: capital, mão-de-obra, insumo e tecnologia. 
Estruturar a produção ou circulação de bens ou serviços significa reunir os recursos financeiros 
(capital), humanos (mão-de-obra), materiais (insumo) e tecnológicos que viabilizem oferece-
los ao mercado consumidor com preços e qualidade competitivos. 
Organização é a reunião desses quatro fatores de produção, assim descritos por Fábio 
Ulhoa Coelho: 
 Mão-de-obra: é um fato de produção que envolve o auxílio de prepostos do 
empresário para a consecução de sua atividade, devendo, necessariamente, ser 
um trabalho alheio, seja por contrato de trabalho, seja por prestação de serviço 
etc. Ex.: Uma pessoa faz, embrulha e vende trufas com habitualidade e finalidade 
lucrativa, mas se não possuir mão de obra contratada não poderá ser 
considerada empresária, e sim apenas sociedade simples. 
 Insumos (matéria-prima): correspondem aos bens articulados pela empresa; 
 Capital: é o montante em dinheiro necessário ao desenvolvimento da atividade; 
 Tecnologia: faz compor a ideia de que o empresário detém as informações 
necessárias ao desenvolvimento da atividade a que se propôs explorar. 
 
‘organizada’ toda atividade realizada de modo profissional, isto é, que não seja extemporânea ou improvisada, 
destinada à colocação de bens ou serviços no mercado”. 
4 ASQUINI, Alberto. Perfis da Empresa. Tradução de Fábio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil, 
Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 35, n. 104, p.109-126, out./dez. 1996. 
 
14 
Segundo o supracitado autor, a ausência de qualquer um dos quatro fatores 
descaracteriza a organização e, consequentemente, a pessoa jurídica como sociedade 
empresária ou Empresa Individual de Responsabilidade limitada e a pessoa física como 
empresário individual5. 
André Luiz Ramos é contrário a esse posicionamento, tendo em vista que a 
automatização permite a inobservância do requisito da “mão de obra contratada”, sem 
descaracterizar, em sua essência, a figura do empresário6. Para ele, estará caracterizada a 
organização se a atividade fim tiver de ser exercida com a colaboração de terceiros ou 
mediante recursos de terceiros (pessoas ou bens).Assim, uma lavanderia totalmente 
computadorizada poderia ser considerada uma atividade empresarial. Pode-se citar também o 
caso dos empresários virtuais, que, muitas vezes, atuam completamente sozinhos, resumindo-
se sua atividade à intermediação de produtos ou serviços por meio da internet. 
 
1.2.4 Profissionalismo 
O caráter profissional da atividade remete à ideia de exercício com qualificação técnica 
e aprimoramento, muito embora, em vários casos, não seja necessária uma formação 
específica para desempenho da empresa. Evidente, pois, que, desse somatório de elementos 
organizados para exercício da atividade empresária exsurge a ideia de habitualidade na prática 
desta função, podendo-se afirmar que somente a atividade praticada com certa constância 
pode ser reconhecida como de natureza profissional (REsp 1.539.154 de 25/11/2015). 
Se o exercício da atividade econômica se dá de forma esporádica, por exemplo, seu 
promovente não será considerado empresário, não sendo abrangido, portanto, pelo regime 
jurídico empresarial. Em síntese, “importa que a atividade corresponda a um constante repetir-
se, não podendo tratar-se da realização de um negócio ocasional de compra e venda ou de 
mediação”. 
 
5 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 13-14. 
6 123. 
 
15 
1.2.5 Objetivo Específico 
Por fim, a produção ou circulação de bens ou serviços demonstra a abrangência da 
teoria da empresa, em contraposição à antiga teoria dos atos de comércio, a qual, como visto, 
restringia o âmbito de incidência do regime jurídico comercial a determinadas atividades 
econômicas elencadas na lei. Para a teoria da empresa, em contrapartida, qualquer atividade 
econômica poderá, em princípio, submeter-se ao regime jurídico empresarial, bastando que 
seja exercida profissionalmente, de forma organizada e com intuito lucrativo. Sendo assim, a 
expressão produção ou circulação de bens ou de serviços deixa claro que nenhuma atividade 
econômica está excluída, em princípio, do âmbito de incidência do direito empresarial. 
Além de denotar a abrangência da teoria da empresa, a expressão em análise também 
nos permite concluir que só restará caracterizada a empresa quando a produção ou circulação 
de bens ou serviços destinar-se ao mercado, e não ao consumo próprio. 
 
1.3 Fixação de Regime Jurídico 
É imperioso enfatizar quais são os desdobramentos da caracterização da atividade de 
um sujeito de direitos como empresária, pois dela decorre sua submissão ao conjunto de regras 
e princípios do Direito de Empresa (regime jurídico empresarial). Logo, diretrizes e preceitos 
civilistas incompatíveis com o regramento empresarialista cederão espaço àquelas que 
disciplinam a matéria com maior especificidade. 
Sob essa perspectiva, cabe apontar os seguintes efeitos práticos, já os comparando com 
as atividades não empresariais, as quais se submetem ao regime jurídico civil: 
 
REGIME CARACTERÍSTICAS PRÓRIA 
Civil 
 Subordinação dos atos ao registro civil 
 Sujeição ao procedimento de insolvência civil 
 Impossibilidade de se valer da recuperação (extra) judicial; 
 
16 
 Ilegitimidade para ação renovatória da locação empresarial; 
Empresarial 
 Subordinação dos atos ao registro empresarial 
 Sujeição ao procedimento de execução concursal (falência); 
 Possibilidade de se valer da recuperação (extra) judicial; 
 Legitimidade para ação renovatória da locação empresarial; 
 
Percebe-se, assim, que a noção de empresa é o principal alicerce de todo o conteúdo 
didático da disciplina de Direito Empresarial, pois permite a apreensão de seus institutos jurídicos 
peculiares, notadamente, as figuras do empresário e do estabelecimento empresarial. Em razão 
disso, é recorrentemente cobrada nas provas de concurso, conforme se pode verificar na parte 
de exercícios deste material. 
1.4 O Empresário 
1.4.1 Conceito e Espécies 
O Código Civil de 2002, em seu art. 966, caput, nos traz o conceito de empresário como 
sendo aquele que exerce, profissionalmente, atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. A essa atividade exercida se dá o nome de “empresa”. 
Esse conceito legal será mais bem detalhado a seguir. Por enquanto, é importante 
mencionar que a expressão “empresário” pode ser concebida em sentido amplo para abarcar 
o empresário pessoa física (empresário individual) e o empresário pessoa jurídica (sociedade 
empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI). Em sentido estrito, 
empresário é a pessoa física que exerce empresa, ou seja, o empresário individual. 
 
 
 
17 
 
Empresário (em sentido amplo)7 
 
Empresário Individual 
(ou empresário em sentido 
estrito) 
Empresa Individual de 
Responsabilidade 
Limitada 
(EIRELI) 
Sociedade Empresária 
Pessoa Física que exerce 
atividade econômica organizada, 
conforme o art. 966 do CC. 
Pessoa Jurídica 
INDIVIDUAL exercente 
de atividade econômica 
organizada de acordo 
com o art. 966 do CC. 
Pessoa Jurídica, formada, em 
regra, por PLURALIDADE de 
membros (sócios), cujo 
objeto social se destina ao 
exercício de atividade 
empresária (art. 966 do CC) 
* Exceção: sociedade limitada 
com sócio único 
Mesmo sendo pessoa física, terá 
CNPJ. 
Pode ser simples ou 
empresária. 
Atualmente, a sociedade 
limitada poderá ser 
unipessoal 
 
Saliente-se que a própria sociedade é quem é empresária, e não os seus sócios. Isso 
porque é ela que organiza, sob sua titularidade, ou seja, em seu nome a atividade de produção 
ou circulação de bens ou serviços. Assim, sócio de sociedade empresária não é considerado 
empresário, mas sim um empreendedor, quando, além de ter aportado capital, também 
colabora com seus serviços na organização da atividade (ex. sócio diretor) ou mero investidor, 
caso não participe da condução dos negócios. 
Em se tratando do empresário individual, trata-se de pessoa natural que exerce empresa, 
tendo responsabilidade direta e ilimitada (todo o seu patrimônio responde por todas as 
obrigações, tenha ou não relação com o exercício da atividade). A doutrina entende que o 
 
7 Questão 8 
 
18 
empresário individual deve responder primeiro com os bens afetados à exploração da empresa 
e, apenas subsidiariamente, com os bens não afetados. Nesse sentido: 
Enunciado 5 da I Jornada de Direito Comercial: Quanto às obrigações decorrentes de 
sua atividade, o empresário individual tipificado no art. 966 do Código Civil responderá 
primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos 
termos do art. 1.024 do Código Civil. 
Consigne-se que o fato de ser pessoa natural não impede que o empresário individual 
seja inserido no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas - CNPJ para fins tributários. Assim, por 
mais estranho que pareça, um empresário individual terá um número de CNPJ para poder 
identificar os negócios praticados que se relacionam ao exercício da atividade empresária. 
 
1.4.2 Caracterização 
Conforme mencionado anteriormente, o Código Civil Brasileiro de 2002 recepcionou a 
Teoria da Empresa e, por isso, adotou o conceito jurídico indeterminado de empresário em 
seu artigo 966. 
No entanto, a precisa interpretação desse dispositivo legal requer análise em diferentes 
etapas, técnica hermenêutica denominada de “Exegese Quadripartite”8. 
Essa técnica hermenêutica se concentra nos seguintes pontos relevantes , sintetizado pelo 
fluxograma abaixo em quatro estágios interpretativos: 
 
8 PARENTONI, Leonardo Netto et alii. Análise quadripartite do artigo 966 do Código Civil de 2002. Jornal da 
Faculdade de Direito da UFMG (O Sino do Samuel). Belo Horizonte, Ano X, n. 78, p. 3, out. 2004. 
 
19 
 
Uma vez visualizadastais etapas, cabe detalhá-las da seguinte forma: 
 1ª parte: 
O caput dispõe que, em regra, as atividades industriais, comerciais e de prestação de 
serviços são empresariais. A contrario sensu, valendo-se da ideia de exclusão, não estando 
presentes os elementos da atividade empresária (atividade econômica, exercida de forma 
profissional e organizada e direcionada à produção ou à circulação de bens ou serviços), a 
atividade exercida será civil. 
 2ª parte: 
São exceções aquelas decorrentes de “profissão intelectual, de natureza científica, literária 
ou artística”, previstas no parágrafo único, ainda que com o concurso de auxiliares. 
 3ª parte: 
A parte final do parágrafo único considera empresariais atividades que, embora 
decorrentes de profissão intelectual, contenham elemento de empresa, situação que se configura 
quando a atividade intelectiva for absorvida pela organização dos fatores de produção, sendo 
apenas mais um dos elementos da empresa, ou seja, constitui apenas uma das etapas do 
Art. 966, 
caput
• Regra (caput):
• Atividade empresarial (indústria, comércio, serviços)
Art. 966, 
p.u., 1a
• Exceção (p. u., 1ª parte):
• Atividade intelectual científica, artística e literária
Art. 966, 
p.u., 2a
• Limites da exceção ou “exceção da exceção! (p.u., parte final):
• "Elemento de Empresa” 
Situações 
Especiais
• Tratamento legal diferenciado (outros dispositivos legais)
• Ex. (art. 1.089, CC/02): cooperativas (sempre civis) e S/As (sempre empresárias)
 
20 
processo de produção ou circulação de mercadorias ou serviços. 
Sendo assim, apenas o exercício das atividades exclusivamente intelectuais está excluído 
do conceito previsto no caput do art. 966. Isso porque a presença do “elemento de empresa” 
redireciona a esse preceito a caracterização da atividade, determinando-a como empresária. 
Em outras palavras, “elemento de empresa” é conceito legal indeterminado que, uma vez 
verificado, remete a atividade intelectual à regra do caput, categorizando-a como atividade 
empresária. 
 
Ei OABeiro, é importante dar uma lida no texto dos enunciados 193, 194 e 195 das 
Jornadas de Direito Civil do CJF, que, respectivamente estabelecem: “o exercício das atividades 
de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa”; “os profissionais 
liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for 
mais importante que a atividade pessoal desenvolvida”; e “a expressão ‘elemento de empresa’ 
demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização 
empresarial”. 
 
 4ª parte: 
Por disposição legal específica, algumas atividades, ainda que insertas nas hipóteses do 
caput ou do parágrafo único, devem sujeitar-se a regime jurídico especial. 
São exemplos: 
a) cooperativa (art. 4º e 18, § 6º, da Lei nº 5.764/1971); 
b) sociedade anônima (art. 1.089, CC/02). 
A primeira jamais poderá praticar atividades empresariais por expressa disposição da 
legislação especial enquanto a segunda sempre praticará atividades empresarias, qualquer que 
seja seu objeto social. Apesar de registradas na Junta Comercial (art. 18 da Lei nº 5.764/71), as 
 
21 
Cooperativas são sempre sociedades simples, exercendo atividade civil por força de lei (art. 982 
do CC/02). 
Sendo assim, não importa se uma cooperativa de produtores rurais pratica a mesma 
atividade que uma indústria dedicada ao agronegócio, porque ela sempre será considerada não 
empresária. Por outro lado, uma sociedade anônima sempre será considerada empresária, ainda 
que tenha como fim social atividade relacionada com a prática de atos filantrópicos. 
Infere-se, então, que a natureza intelectual, seja ela artística, científica ou literária, 
geralmente, impede o enquadramento como empresário daquele que a pratica. No entanto, 
Fábio Ulhoa Coelho invoca exceção que confirma a regra: 
Há uma exceção, prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional intelectual se 
enquadra no conceito de empresário. Trata-se da hipótese em que o exercício da profissão 
constitui elemento de empresa. Para compreender o conceito legal, convém partir de um 
exemplo. Imagine o médico pediatra recém-formado, atendendo seus primeiros clientes 
no consultório. Já contrata pelo menos uma secretária, mas se encontra na condição geral 
dos profissionais intelectuais: não é empresário, mesmo que conte com o auxílio de 
colaboradores. Nesta fase, os pais buscam seus serviços em razão, basicamente, de sua 
competência como médico. Imagine, porém, que, passando o tempo, este profissional 
amplie seu consultório, contratando, além de mais pessoal de apoio (secretária, atendente, 
copeira etc.), também enfermeiros e outros médicos. Não chama mais o local de 
atendimento de consultório, mas de clínica. Nesta fase de transição, os clientes ainda 
procuram aqueles serviços de medicina pediátrica, em razão da confiança que depositam 
no trabalho daquele médico, titular da clínica. Mas a clientela se amplia e já há, entre os 
pacientes, quem nunca foi atendido diretamente pelo titular, nem o conhece. Numa fase 
seguinte, cresce mais ainda aquela unidade de serviços. Não se chama mais clínica, e sim 
hospital pediátrico. Entre os muitos funcionários, além dos médicos, enfermeiros e 
atendentes, há contador, advogado, nutricionista, administrador hospitalar, seguranças, 
motoristas e outros. Ninguém mais procura os serviços ali oferecidos em razão do trabalho 
pessoal do médico que os organiza. Sua individualidade se perdeu na organização 
empresarial. Neste momento, aquele profissional intelectual tornou-se elemento de 
empresa. Mesmo que continue clinicando, sua maior contribuição para a prestação dos 
serviços naquele hospital pediátrico é a de organizador dos fatores de produção. Foge, 
 
22 
então, da condição geral dos profissionais intelectuais e deve ser considerado, 
juridicamente, empresário.9 
 Outro exemplo seria o do cartunista Maurício Ricardo, que, até pouco tempo produzia 
charges eletrônicas para a Rede Globo de Televisão. No início de sua carreira, as produzia de 
modo basicamente “artesanal”, e, mesmo tendo colaboradores, não poderia ser considerado 
empresário, pois, em sua organização profissional, preponderava o caráter artístico de sua 
atividade intelectual. Contudo, ao contratar diversos colaboradores e produzir conteúdos para 
diversos clientes (ex. sítio eletrônico da UOL, programa Big Brother da Globo), teve o caráter 
artístico de seu trabalho “dissolvido” em meio a diversos outros componentes da atividade 
empresarial. Daí porque, nessa última situação, a produção de charges tornou-se tão somente 
um dos elementos de atividade empresária de muito maior vulto. 
Um último exemplo seria o de uma sociedade que presta serviços publicitários, que 
consistem na consultoria e elaboração de estratégias de marketing, estudos de mercado, criação 
de logotipos e slogans, não é empresária, porque esses serviços são de natureza exclusivamente 
intelectual. Por outro lado, caso a mesma sociedade, além de prestar os serviços mencionados, 
comercialize cartazes, folders, materiais publicitários e espaços em outdoors, será empresária, 
por associar elementos de empresa a seus serviços de natureza intelectual. 
Além de denotar a abrangência da teoria da empresa, a expressão em análise também 
nos permite concluir que só restará caracterizada a empresa quando a produção ou circulação 
de bens ou serviços destinar-se ao mercado, e não ao consumo próprio. 
1.1.1 Empresário Rural 
O empresário rural tem a faculdade de se registrar ou não perante o Registro Público 
de Empresas Mercantis. Se não for registrado, não é considerado empresário, exercendo 
atividade civil. Se optar pelo registro na Junta Comercial, equiparar-se-á a empresário para todos 
os fins(art. 971 do CC/02). Este registro terá natureza jurídica constitutiva, sendo exceção à 
regra de que o registro do empresário na Junta Comercial tem natureza meramente declaratória 
(uma vez que, via de regra, considera-se empresário em razão da atividade exercida, e não em 
 
9 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial : direito de empresa.23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. pp. 
36-40. 
 
23 
decorrência de registro). O empresário rural só pode pedir recuperação e falir se for registrado, 
já que são institutos restritos aos exercentes de empresa. 
1.1.2 Empresário Casado 
Duas situações que envolvem o casamento assumem grande relevância para o Direito 
Empresarial, são elas: 
1. A da possibilidade de cônjuges contratarem sociedade entre si ou com 
terceiros; e 
2. A do empresário casado e os reflexos na outorga conjugal para 
determinados atos. 
O art. 977 do CC/02 faculta aos cônjuges contratarem sociedade entre si ou com terceiros, 
desde que não estejam casados sob o regime de comunhão universal de bens ou no de 
separação obrigatória. Essa regra é relevante para o estudo de sociedades empresárias. 
Estabelece ser possível que marido e mulher figurem como sócios na mesma sociedade, desde 
que não sejam casados na comunhão universal ou separação obrigatória de bens. Há dispensa 
de outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus reais os imóveis da empresa. 
No que tange ao instituto do empresário individual, importante analisar o art. 978 do 
CC/02, que estabelece que “o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa 
ou gravá-los de ônus real”. Essa regra abrange tão somente o empresário individual, já que, em 
se tratando de sociedade empresária, a titular da empresa é a própria sociedade. 
No entanto, por indicar condição não prevista na lei, causa certa polêmica o seguinte 
enunciado da II Jornada de Direito Comercial da CJF: 
Enunciado 58 da I Jornada de Direito Comercial: O empresário individual casado é o 
destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar 
ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista 
prévia averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio 
empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do ato à 
margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis. 
 
24 
A corrente majoritária entende que o art. 978 é especial em relação ao art. 1.647, I, do 
CC/02, podendo o empresário individual casado, sem necessidade de outorga conjugal, em 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa 
ou gravá-los de ônus real. Uma segunda corrente entende que deveria ser feita uma averbação 
no Cartório de Registro de Imóveis e na Junta Comercial afetando o bem ao exercício da 
atividade, autorizando a sua alienação ou que seja posto ônus real. 
 
 
 
Importante consignar que os pactos e declarações antenupciais do empresário serão arquivados 
e averbados no Registro Civil e no Registro Público de Empresas Mercantis (art. 979 do CC/02) 10 
e que eventual decretação ou homologação da separação judicial do empresário ou 
reconciliação não poderá ser oposta a terceiro antes de arquivado e averbado no Registro 
Público de Empresas Mercantis (art. 980 do CC/02). 
Vejamos como esse assunto foi cobrado: 
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar 
adotando o regime de separação de bens mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes 
é empresário individual e titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado 
o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes providenciará o 
arquivamento e a averbação do documento 
A) no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na imprensa oficial. 
B) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais. 
C) no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa oficial . 
D) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Títulos e Documentos. 
 
 
10 Vide questão 07 
 
25 
Observação: A questão acima citada e seu respectivo comentário encontram-se na bateria 
de questões ao final dessa apostila, ok? 😊 Além disso, a terminação “ME”, presente na 
questão, não é mais utilizada atualmente 
 
 
1.2 Dos requisitos de regularidade 
1.2.1 Da Inscrição 
A inscrição do empresário antes do início de sua atividade é obrigatória (art. 967 do 
CC/02). Para a maioria da doutrina, conforme será melhor especificado em sede de análise dos 
Registro Públicos, esse ato tem natureza declaratória. O registro das sociedades empresárias, 
por sua vez, assumirá natureza constitutiva 
A inscrição deve ser feita mediante requerimento que contenha: o seu nome, 
nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; a firma, com a respectiva 
assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação 
digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade; o capital; o objeto e a sede da 
empresa, conforme art. 968 do CC/02. 
A inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas 
Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. À 
margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações 
nela ocorrentes. 
1.2.2 Da capacidade 
11O art. 972 do CC/02 exige que para o exercício da atividade de empresário a pessoa 
natural esteja em pleno gozo da capacidade civil (os que não forem incapazes) e não seja 
legalmente impedido (falido não reabilitado, magistrados, membros do MP, militares da ativa, 
etc.). Tem-se, portanto, os requisitos para que a pessoa física exerça atividade econômica como 
empresário individual: a capacidade civil e a ausência de impedimentos legais. 
 
11 Vide questão 09 
 
26 
No que tange à capacidade civil, a regra é que o incapaz não pode ser empresário 
individual, ressalvadas duas situações: a da incapacidade superveniente e do sujeito incapaz 
que herda a atividade empresarial. 
Assim, há idade mínima para iniciar a atividade como empresário individual (16 anos, 
sendo o exercício da empresa causa de emancipação nos termos do art. 5º, parágrafo único, 
inciso V, do Código Civil). Não há, contudo, idade mínima para dar continuidade a uma empresa 
anteriormente iniciada por seus pais (que faleceram) ou pelo autor da herança, devendo o menor 
ser representado ou assistido (princípio da preservação da empresa) (art. 974 do CC/02). No 
mesmo sentido, pode o empresário continuar a empresa por ele exercida enquanto capaz no 
caso de incapacidade superveniente. 
Em tais hipóteses, será necessária autorização judicial, após exame das circunstâncias e 
dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser 
revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, 
sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros (art. 974, §1º, do CC/02). 
A prova da emancipação e da autorização do incapaz e a de eventual revogação desta 
serão INSCRITAS ou AVERBADAS NO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS. O uso 
da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, 
quando puder ser autorizado (art. 976 do CC/02) 
Como forma de proteção ao incapaz, não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens 
que ele já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo da 
empresa, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização (art. 974, §2º,do 
CC/02). 
Não se exige idade mínima para ser sócio ou titular de EIRELI (por analogia às sociedades 
limitadas), mas este sócio menor deverá integralizar todo o capital, não poderá ser administrador 
e deve estar assistido ou representado. 
 
 
 
 
27 
 IDADE MÍNIMA 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Dezesseis anos para iniciar (causa de emancipação). 
Não há idade mínima para continuar. Deve estar 
representado ou assistido 
SÓCIO TITULAR DE EIRELI Não há idade mínima. O menor deve estar 
representado ou assistido, não pode ser 
administrador, todo o capital da sociedade deve ser 
integralizado. Se o menor for emancipado, tem plena 
capacidade de ser sócio. 
 
No que tange aos sujeitos legalmente impedidos de exercer empresa, trata-se de 
situação em que os sujeitos exercem função ou possuem condição incompatível com a atividade 
empresarial. Para conhecer esses impedimentos, é necessário conhecer algumas legislações 
específicas. 
Certas pessoas, como membros do MP e magistrados, não podem ser empresários 
individuais, mas podem ser sócias de sociedade empresária, desde que não exerçam 
administração. Se exercerem, apesar da proibição, serão responsabilizados pelas obrigações. 
No mesmo sentido, as pessoas impedidas de ser empresários podem ser titulares de EIRELI, 
desde que não a administrem. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de 
empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas (art. 973 do CC/02). 
Consigne-se que, acaso incapaz o sujeito, e seu o representante ou assistente for pessoa 
que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, deve ser nomeado, com 
a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. Por exemplo, caso um menor de 16 anos herde a 
empresa antes exercida por seus pais e o seu tutor seja impedido de exercer empresa (por ser 
ele um Promotor de Justiça, por exemplo), ele deverá, com aprovação do juiz, nomear gerente. 
Do mesmo modo, será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser 
conveniente. Contudo, a aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor 
ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados (art. 975 do CC/02). 
 
28 
1.2.3 Ausência de impedimento legal 
Há alguns casos previstos expressamente em lei que proíbem a pessoa de exercer 
atividade empresarial. 
É preciso atentar para o fato de que a proibição é para o exercício de empresa, não sendo 
vedado, pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, 
nesse caso, quem exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios. 
Em suma: os impedimentos se dirigem aos empresários individuais, e não aos sócios de 
sociedades empresárias. 
Assim, são impedidos de exercer atividade de empresa como empresários individuais: 
 Membros do Ministério Público, da Magistratura, Servidores militares da ativa 
das Forças Armadas e das Polícias Militares para exercer o comércio individual 
ou particular de sociedade comercial, salvo se acionista ou quotista, obstada a 
função de administrador; 
 Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (Lei de Falências, art. 195); 
 Leiloeiros (o art. 36, do Decreto nº 21.891/32 proíbe os leiloeiros de exercerem 
a empresa direta ou indiretamente, bem como constituir sociedade empresária, 
sob pena de destituição); 
 Corretores (art. 20, da Lei 6.530/78); 
 Despachantes aduaneiros (art. 10, inciso I, do Decreto nº 646/92); 
 Cônsules, nos seus distritos, salvo os não-remunerados (Decreto nº 4.868/82, art. 
11 e Decreto 3.529/89, art. 82); 
 Médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios 
farmacêuticos e os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina 
(Decreto nº 19.606/31 c/c Decreto 20.877/31 e Lei 5.991/73). Segundo o STJ, 
para ter farmácia, o médico teria que pedir desligamento do Conselho de 
Medicina (REsp 796.560/AL); 
 
29 
 Pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente o acesso a 
cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, 
concussão, peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro 
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de 
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da 
condenação (art. 1.011, §1º, CC); 
 Servidores públicos civis da ativa (Lei 1.711/52) e servidores federais (Lei 8112/90, 
art. 117, X, inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos 
comissionados em geral). Aqui é importante observar que o funcionário público 
pode participar como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo obstada a 
função de administrador; 
 Devedores do INSS (art. 95, §2º, da Lei nº 8.212/91). 
Destaque-se que o Código Civil estabelece, em seu art. 973, que “a pessoa legalmente 
impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações 
contraídas”. Portanto, as obrigações contraídas por um “empresário” impedido não são nulas. 
Ao contrário, elas terão plena validade em relação a terceiros de boa-fé que com ele 
contratarem. 
1.3 Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
(EIRELI) 
A EIRELI não é uma sociedade, mas sim pessoa jurídica de direito privado diversa (art. 44, 
VI, do CC/02). No Direito Brasileiro, as únicas sociedades unipessoais existentes são a Sociedade 
Unipessoal de Advogado e a Subsidiária Integral da Sociedade Anônima. A EIRELI não é 
sociedade. 
A EIRELI será constituída por uma única pessoa, física ou jurídica (Instrução Normativa 
nº 38/2017 do Departamento de Registro Empresarial e Integração - DREI), titular da totalidade 
do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
 
30 
salário-mínimo vigente no País. A pessoa natural que constituir EIRELI, contudo, somente 
poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.12 
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma 
ou a denominação social. 
A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da 
concentração das quotas de outra modalidade societária em um único sócio, 
independentemente das razões que motivaram tal concentração. Em regra, uma sociedade se 
dissolve quando ocorrer a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 
dias. Não ocorrerá a dissolução, contudo, se o sócio remanescente requerer a transformação 
para empresário individual ou para EIRELI. 
Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para 
a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos 
patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da 
pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. 
Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras 
previstas para as sociedades limitadas. 
A limitação da responsabilidade daquele que exerce atividade econômica por meio de 
EIRELI foi reafirmada pela Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), publicada em 
30/04/2019, que incluiu o §7º ao art. 980-A do CC/02, em determinação de que “somente o 
patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de 
responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o 
patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude”. Importante consignar que 
dispositivo de redação semelhante foi vetado anteriormente (§4º do art. 980-A do CC/02), sob 
o argumento de que se aplicariam as regras das sociedades limitadas, inclusive quanto à 
separação do patrimônio. 
 
 
 
 
 
 
. 
 
31 
 
 
 
 
 
 EIRELI titularizada por incapaz 
No dia 8 de março de 2019, a Instrução Normativa 55 do Departamento Nacional de 
RegistroEmpresarial e Integração - DREI foi publicada no Diário Oficial da União - DOU. Essa 
instrução altera o manual de registro da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - 
EIRELI para permitir que incapaz seja titular dessa modalidade de pessoa jurídica, desde que 
representado/assistido e sem exercer a administração, que deve ficar a cargo de terceiro. Perceba 
que essa norma tudo tem a ver com o §3º do art. 974 do CC/02,13 pois estabelece as mesmas 
exigências impostas para que o incapaz participe de sociedade. Portanto, equipara o titular da 
EIRELI a um sócio meramente investidor, muito embora, na EIRELI, ele não ocupe jamais essa 
posição, mas, tão somente, de proprietário/titular. 
 Pessoa Jurídica como titular de EIRELI 
O novo manual instituído pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), 
por meio da publicação da Instrução Normativa n. 38, em 3 de março de 2017, prevê, 
expressamente, em seu item 1.2.59, a possibilidade de pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, 
ser titular de EIRELI. O novo Manual de Registro de Empresa Individual de Responsabilidade 
Limitada passou a vigorar em todo o território brasileiro a partir do dia 2 de maio de 2017, 
respeitados os 60 dias de vacatio legis. 
 
 
 
13 Vide questão 03 
 
32 
1.4 Microempreendedor Individual, Microempresa e Empresa 
de Pequeno Porte 
Não só o empresário e o sócio podem ser classificados, mas também a empresa. Essa, 
para efeitos tributários, pode ser categorizada de acordo com o fluxo financeiro que gera. Tem-
se, então, as seguintes qualificações: 
 Microempresa: para o empresário individual ou as sociedades empresárias 
(exceto a anônima) que percebam receita bruta anual de R$ 360.000,00 
(trezentos e sessenta mil reais) 
 Empresa de Pequeno Porte: para o empresário individual ou as sociedades 
empresárias (exceto a anônima) que percebam receita bruta anual de R$ 
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) (conforme alteração 
determinada pela LC 155/2016 sobre a LC 123/2006). 
 Microempreendedor Individual: é uma espécie particular de pequena empresa 
na qual pode se enquadrar, tão somente, o empresário individual que não exceda 
a receita bruta anual de R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), cf. § 1º do art. 18-
A da LC 123/06. 
1.5 Estabelecimento empresarial 
Também chamado de estabelecimento comercial, fundo de comércio ou azienda (artigos 
1.142 ao 1.149 do CC). Estabelecimento é todo complexo de bens organizado para exercício da 
empresa, pelo empresário ou por sociedade empresária, sendo imprescindível para o exercício 
da atividade empresarial. Só fazem parte do estabelecimento os bens que estão diretamente 
relacionados à atividade empresarial. 
Assim sendo, o estabelecimento não se confunde com a empresa, uma vez que esta, 
conforme visto, corresponde a uma atividade. Da mesma forma, o estabelecimento não se 
confunde com o empresário, já que este é uma pessoa física ou jurídica que explora essa 
atividade empresarial e é o titular dos direitos e obrigações dela decorrentes. 
Mas, embora estabelecimento, empresa e empresário sejam noções que não se 
confundem, são conceitos que se inter-relacionam, podendo-se dizer, pois, que o 
 
33 
estabelecimento, como complexo de bens usado pelo empresário no exercício de sua atividade 
econômica, representa a projeção patrimonial da empresa ou o organismo técnico-econômico 
mediante o qual o empresário atua. 
 
 Bens corpóreos ou materiais: móveis, utensílios, mercadoria, maquinários, o 
próprio imóvel, veículos e todos os demais bens que o empresário utiliza para o 
bom desenvolvimento e organização de sua atividade econômica. Obs.: Bem 
imóvel não é o estabelecimento, mas sim elemento integrante do 
estabelecimento. Isso porque estabelecimento é diferente de patrimônio; 
 Bens incorpóreos ou imateriais: compreendem, principalmente, os bens 
industriais (registro de desenho industrial, marca registrada, patente de invenção, 
de modelo de utilidade, nome empresarial e título de estabelecimento) e o ponto 
(local ao qual a atividade econômica é explorada). 
O enunciado 7 da I Jornada de Direito Comercial apresenta interessante exemplo de bem 
incorpóreo que compõe o estabelecimento empresarial. 
Enunciado 7, CJF: O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem 
incorpóreo para todos os fins de direito. 
Estabelecimento não é sujeito de direito, mas objeto de direito. Sujeito de direito é o 
empresário individual ou a sociedade empresária. 
É objeto unitário de direito (art. 1.143, CC). Por isso o empresário pode vender, arrendar 
ou dar em usufruto o estabelecimento, pois trata-se simplesmente de um objeto. Pode o 
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou 
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. 
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, 
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. 
O estabelecimento comercial tem natureza jurídica de universalidade de fato, sendo 
composto de bens, direitos e interesses, materiais e imateriais, necessários, úteis e efetivamente 
aplicados ao exercício da empresa. 
 
34 
A reunião de bens do estabelecimento decorre da vontade do empresário ou da 
sociedade empresária, e não da vontade da lei. Logo, trata-se de uma universalidade de fato. O 
estabelecimento como universalidade de fato constitui um conjunto de bens materiais e 
imateriais que serve ao exercício de atividades econômicas. 
Universalidade de direito é aquele conjunto de bens que são reunidos por vontade da lei. 
Exemplo: herança e massa falida. Não se trata o estabelecimento empresarial, portanto, de 
unidade complexa de bens destinados a um fim determinado em lei (universitas juris), mas de 
um conjunto de bens com finalidade vinculada do seu dono, que é o empresário (universitas 
rerum ou facti). 
A doutrina brasileira majoritária, seguindo mais uma vez as ideias suscitadas pela doutrina 
italiana, sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, uma vez 
que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da 
destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal. 
Ao se afirmar que o estabelecimento empresarial não é sujeito de direito, o que se 
pretende afastar é a noção de personalização desse complexo de bens, presente em a lgumas 
proposições da segunda metade do século XIX, principalmente na Alemanha, que procuravam 
criar um conceito legal capaz de justificar a relativa autonomia entre a empresa e o empresário. 
Falava-se na tese da empresa em si. 
A tentativa de personalização do estabelecimento, contudo, não logrou êxito, inclusive no 
direito brasileiro. Segundo o disposto na legislação brasileira, é um equívoco considerar o 
estabelecimento empresarial uma pessoa jurídica. Sujeito de direito é a sociedade empresária, 
que, reunindo os bens necessários ou úteis ao desenvolvimento da empresa, organiza um 
complexo de características dinâmicas próprias. A ela, e não ao estabelecimento empresarial, 
imputam-se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados com a empresa. 
No âmbito do direito privado, cujos princípios gerais, à luz do art. 109 do CTN, são 
informadores para a definição dos institutos de direito tributário, a filial é uma espécie de 
estabelecimento empresarial, fazendo parte do acervo patrimonial de uma única pessoa jurídica, 
partilhando dos mesmos sócios, contrato social e firma ou denominação da matriz. Nessa 
condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma universalidade de fato, não 
ostentando personalidade jurídica própria, não sendo sujeito de direitos, tampouco uma pessoa 
 
35 
distinta da sociedade empresária. Cuida-se de um instrumento de que se utiliza o empresário 
ou sóciopara exercer suas atividades (REsp 1.355.812/RS). 
Imaginemos a seguinte situação prática: no acervo patrimonial de determinada padaria 
há dois imóveis. O primeiro é sede da sociedade empresária, enquanto o segundo, localizado 
em outra unidade da federação, encontra-se alugado. Os valores recebidos a título de aluguéis 
desse segundo imóvel são aplicados no ativo patrimonial da referida sociedade empresária. 
Nessa situação, é correto afirmar que o imóvel alugado não faz parte do estabelecimento 
empresarial da mencionada pessoa jurídica. 
Ora, aquele imóvel faz parte do patrimônio da padaria, mas não integra o 
estabelecimento. A padaria possui um patrimônio e dentro dele há um estabelecimento. Isso 
porque só faz parte do estabelecimento os bens que estão diretamente relacionados à atividade 
empresarial. 
Assim, estabelecimento é diferente de patrimônio. O estabelecimento integra o 
patrimônio, mas não significa que o estabelecimento é o patrimônio. 
 
PATRIMÔNIO 
= 
estabelecimento + outros bens não relacionados diretamente a atividade empresarial 
 
O estabelecimento empresarial não compreende os débitos da empresa. Os débitos fazem 
parte do patrimônio da empresa e não do estabelecimento comercial. Sendo o estabelecimento 
uma universalidade de fato, ou seja, um complexo de bens organizado pelo empresário, ele não 
compreende os contratos, os créditos e as dívidas, por representarem matéria de direito. 
Eis mais uma distinção que pode ser feita, portanto, entre estabelecimento e patrimônio, 
uma vez que este, ao contrário daquele, compreende até mesmo as relações jurídicas – direitos 
e obrigações – do seu titular. 
 
36 
1.5.1 Trespasse 
Trespasse é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento 
empresarial. O trespasse não se confunde com a cessão de cotas. 
Na cessão de cotas, não existe transferência da titularidade do estabelecimento, mas, tão 
somente, a transferência das cotas sociais. É alteração apenas do quadro societário. 
Na transferência da participação societária, o estabelecimento empresarial não muda de 
titular. Tanto antes como após a transação, o estabelecimento pertencia e continua a pertencer 
à sociedade empresária, à mesma pessoa jurídica, que apenas tem a sua composição de sócios 
alterada. Na cessão de cotas ou alienação de controle, o objeto da venda é a participação 
societária, ou seja, as cotas ou as ações, conforme a espécie societária. 
Trespasse implica a transferência do conjunto de bens organizados pelo alienante ao 
adquirente, de modo que este possa prosseguir com a exploração da atividade empresarial. 
 
TRESPASSE CESSÃO DE COTAS 
Provoca a transferência da titularidade do 
estabelecimento. 
Não ocorre a transferência da titularidade 
estabelecimento, mas sim a modificação do 
quadro social (alteração dos sócios). 
 
Para que o trespasse produza seus efeitos entre o alienante e o adquirente, não é 
necessário nenhum tipo de publicidade. Porém, para que o contrato de trespasse produza efeitos 
perante terceiros, é preciso que haja averbação na junta comercial, bem como publicação na 
imprensa oficial. 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem 
da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
O art. 1.144 CC estabelece que para o contrato de trespasse produzir efeitos perante 
terceiros, será preciso: 
 
37 
 Averbação do contrato na Junta Comercial; 
 Publicação na imprensa oficial. 
Os prazos para a averbação ou publicação são indeterminados, cabendo ao interesse das 
partes do contrato a publicidade imediata, levando em consideração a desoneração de 
responsabilidades e efetividade da execução de direitos ou créditos. 
1.5.2 Eficácia do trespasse 
A eficácia do trespasse é garantida pelos bens que permanecem com o devedor, que 
devem ser suficientes para saldar sua dívida. 
Caso não sejam, deve-se observar a regra do art. 1.145, que estabelece o PAGAMENTO 
DE TODOS OS CREDORES ou AUTORIZAÇÃO DE TODOS OS CREDORES. 
É feita uma notificação dos credores, para que se manifestem, no prazo de 30 dias, 
dizendo se são contra ou a favor do trespasse. O silêncio, aqui, é entendido como 
consentimento. 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a 
eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, 
ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua 
notificação.14 
A Súmula 451 do STJ autoriza a penhora da sede do estabelecimento comercial. Porém, 
esta medida é excepcional, devendo ocorrer apenas em caso de não se encontrar outros bens 
para penhora. 
Súmula 451, STJ: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. 
Segundo definiu o STJ em sede de recurso repetitivo, a penhora de imóvel no qual se 
localiza o estabelecimento da empresa é excepcionalmente permitida quando inexistentes outros 
bens passíveis de penhora e desde que não seja servil à residência da família (REsp 1.114.767/RS, 
Rel. Ministro Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 02/12/2009, DJe 04/02/2010). 
O art. 862 do novo CPC prevê que, “quando a penhora recair em estabelecimento 
comercial, industrial ou agrícola [leia-se, genericamente, estabelecimento empresarial] (...), o juiz 
 
14 Questão 06 
 
38 
nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano 
de administração”. Apresentado o referido plano, o juiz ouvirá as partes e decidirá (§1º). O §2º, 
porém, prevê que “é lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher o depositário, 
hipótese em que o juiz homologará por despacho a indicação”. 
Corroborando o entendimento jurisprudencial do STJ, no sentido de que a penhora de 
estabelecimento empresarial é medida excepcional, o art. 865 do novo CPC determina o 
seguinte: “a penhora de que trata esta subseção somente será determinada se não houver outro 
meio eficaz para a efetivação do crédito”. 
A violação do art. 1.145 do CC enseja ato de falência. O credor pode requerer a falência 
do empresário que venda bens sem respeitar o art. 1.145 do CC (sem o consentimento de todos 
os credores ou não permanecendo com bens suficientes para solver seu passivo), pois esse ato 
é considerado como ato de falência, conforme previsto no art. 94, III, “c” da Lei 11.101/05. 
 
1.5.3 Responsabilidade do adquirente e do alienante 
O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente contabilizados. Mas atenção: a regra do art. 1.146 não se 
aplica para as dívidas trabalhistas ou tributárias15. 
Com relação às dívidas trabalhistas, aplica-se a regra da sucessão trabalhista, prevista nos 
arts. 10, 448 e 448-A, da CLT. 
A responsabilidade pelas dívidas trabalhistas recairá exclusivamente sobre o adquirente. 
O alienante só terá responsabilidade solidária se o trespasse houver sido fraudulento (com base 
no Código Civil). 
Já no que toca às dívidas tributárias, aplica-se a regra do art. 133, do CTN. 
Assim, em se tratando de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o 
disposto no art. 1.146 do Código Civil, uma vez que a sucessão tributária e a sucessão trabalhista 
possuem regimes jurídicos próprios, previstos em legislação específica (arts. 133 do CTN e 448 
da CLT, respectivamente). 
Exceção: não haverá sucessão trabalhista quando o trespasse decorrer de recuperação 
judicial ou falência (arts. 60 e 141 da Lei 11.101/2005). Quando se tratar de compra realizada no 
 
15 Vide Questão 02 
 
39 
processo de falência ou recuperação judicial (por meio de leilão), o adquirentedo 
estabelecimento não responde pela falência ou pelas dívidas tributárias, trabalhistas ou 
decorrentes de acidente de trabalho, nos termos do art. 141, II da Lei 11.101/05. 
O alienante (devedor primitivo) continua solidariamente obrigado, mas apenas no prazo 
de um ano, desde que a dívida esteja regularmente contabilizada. 
 Caso se trate de dívida vencida, conta-se um ano da DATA DA PUBLICAÇÃO NA 
IMPRENSA OFICIAL; 
 Caso se trate de dívida vincenda, conta-se um ano a partir da DATA DO 
VENCIMENTO. 
Enunciado 233, CJF: Art. 1.142: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo 
Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se 
somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da 
funcionalidade do estabelecimento empresarial. 
Ou seja, essa sistemática, sobretudo para efeitos obrigacionais, só se aplica quando o 
conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento 
empresarial. Justificou-se tal posicionamento sob a alegação de que, para se falar em trespasse 
de estabelecimento, é necessário que haja transferência de elementos suficientes à preservação 
de sua finalidade como tal, ou seja, a universalidade adquirida deve ser idônea a operar como 
estabelecimento, ainda que tenham sido decotados alguns de seus elementos originais. 
Difere da situação de transferência de participação em sociedade (transferência de cotas), 
onde a responsabilidade do sócio que transferiu perdura por um prazo de 2 anos. Isso porque 
o art. 1.003 do CC preconiza que o cedente responde solidariamente com o cessionário, perante 
a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio, até 2 anos depois de averbada 
a modificação do contrato. 
 
 
40 
 
 
1.2. Concorrência 
Antes do CC, não havia nenhuma referência legal que impedisse a concorrência. Portanto, 
o que acontecia, na prática empresarial, era a confecção de um contrato, onde se inseria uma 
cláusula chamada “cláusula de não-restabelecimento”. 
Hoje, a cláusula de não-restabelecimento está prevista no art. 1.147 do CC. Assim, a 
cláusula de não-restabelecimento está implícita aos contratos de trespasse, na forma do art. 
1.147 do CC, de modo que se faz necessária cláusula expressa a fim de que seja possível a 
concorrência. 
O contrato de trespasse irá definir sobre a possibilidade de concorrência do alienante do 
estabelecimento. Na omissão do contrato de trespasse, aplica-se a regra do art. 1.147 do CC. 
Ou seja, não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos 5 anos subsequentes à transferência. 
A cláusula de não restabelecimento fixada por prazo indeterminado é considerada 
abusiva. 
Segundo o STJ, as partes não podem prever que a cláusula de “não restabelecimento” 
será por prazo indeterminado. O ordenamento jurídico pátrio, salvo expressas exceções, não 
aceita que cláusulas que limitem ou vedem direitos sejam estabelecidas por prazo indeterminado 
(REsp 680.815/PR, Min. Raul Araújo, j. 20/03/2014 – inf. 554). 
 
41 
É possível que seja ampliado, mas ele não pode ser fixado em prazo indeterminado e, no 
caso concreto, é possível que tal ampliação seja considerada abusiva se ampliar demais a 
restrição. Nesse sentido: 
Enunciado 490, CJF: A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de concorrência pelo 
alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da 
autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva. 
Ainda de acordo com o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde 
que limitada espacial e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência 
e os efeitos danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos 
reconhecidos constitucionalmente (REsp 1.203.109/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado 
em 6/5/2015 – Inf. 561). 
O limite geográfico dessa limitação deve ser definido casualmente em função da natureza 
do comércio. Deve-se analisar se o eventual restabelecimento do alienante configura, de fato, 
concorrência ao adquirente. O elemento teleológico da norma referida não é a proibição do 
restabelecimento do alienante, e sim a proibição da concorrência desleal ao adquirente. 
Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a 
cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária 
concorrente pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo 
certo e em determinado lugar específico (limitada temporária e espacialmente). 
Ex.: João resolveu montar um quiosque no shopping para vender celulares, cartões pré-
pagos etc. Para isso, ele fez um contrato com a operadora de celular “XXX” por meio da qual 
ele somente iria vender os produtos e serviços dessa operadora e, em troca, ela ofereceria a ele 
preços diferenciados, consultoria e treinamento para abrir a loja. No contrato assinado com a 
operadora, havia uma cláusula dizendo que João estava proibido, por 6 meses após a extinção 
do contrato, de contratar com qualquer empresa concorrente naquela cidade. Essa cláusula de 
não concorrência é válida. 
No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista persistirá 
durante o prazo do contrato (art. 1.147, parágrafo único). 
 
42 
1.5.4 Sub-rogação nos contratos de exploração 
É preciso entender que o contrato de trespasse não garante a clientela, que é mera 
situação de fato. A clientela não é elemento integrante do estabelecimento empresarial. Por 
conta disso, a fim de que a clientela se mantenha, o trespasse gera a sub-rogação automática 
do adquirente nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, se não tiverem 
caráter pessoal. 
Havendo justa causa, os terceiros podem rescindir o contrato em 90 dias, contados da 
publicação da transferência. Assim dispõe o art. 1.148: 
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do 
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem 
caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias a contar da 
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a 
responsabilidade do alienante. 
O art. 1.148 do CC traz uma regra importante: o adquirente terá a garantia que todos os 
contratados de exploração do estabelecimento continuarão em vigor. 
A jurisprudência e o Enunciado 234 do CJF entendem que nos contratos de trespasse 
ocorre a sub-rogação automática de todos os contratos, exceto o contrato de locação, em 
respeito ao art. 13 da Lei de Inquilinato (Lei 8.245/91). 
Enunciado 234, CJF: Art. 1.148: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o 
contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. 
Fica cancelado o enunciado nº 64. 
A Lei de Locação (art. 13) prevê a anuência por escrito do locador do imóvel objeto da 
transferência do contrato de locação. 
O STJ entende que o contrato de locação, fugindo a regra do art. 1.148, não é transferido 
automaticamente, dependendo da anuência do locador. 
STJ: Transferência do fundo de comércio. Trespasse. Efeitos: continuidade do processo 
produtivo; manutenção dos postos de trabalho; circulação de ativos econômicos. Contrato 
de locação. Locador. Avaliação de características individuais do futuro inquilino. 
Capacidade financeira e idoneidade moral. Inspeção extensível, também, ao eventual 
prestador da garantia fidejussória. Natureza pessoal do contrato de locação. 
 
43 
Desenvolvimento econômico. Aspectos necessários: proteção ao direito de propriedade e 
a segurança jurídica. Afigura-se destemperado o entendimento de que o art. 13 da Lei do 
Inquilinato não tenha aplicação às locações comerciais, pois, prevalecendo este 
posicionamento, o proprietário do imóvelestaria ao alvedrio do inquilino, já que segundo 
a conveniência deste, o locador se veria compelido a honrar o ajustado com pessoa diversa 
daquela constante do instrumento, que não rara as vezes, não possuirá as qualidades 
essenciais exigidas pelo dono do bem locado (capacidade financeira e idoneidade moral) 
para o cumprir o avençado. Liberdade de contratar. As pessoas em geral possuem plena 
liberdade na escolha da parte com quem irão assumir obrigações e, em contrapartida, 
gozar de direitos, sendo vedada qualquer disposição que obrigue o sujeito a contratar 
contra a sua vontade. Aluguéis. Fonte de renda única ou complementar para inúmeros 
cidadãos. Necessidade de proteção especial pelo ordenamento jurídico (REsp 
1.202.077/MS, rel. Ministro Vasco Della Giustina – desembargador convocado do TJ/RS – 
DJe 10/03/2011). 
A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em 
relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o 
devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente (art. 1.149 do CC). 
 
1.5.5 Aviamento 
Aviamento é nome dado pelo mercado ao valor agregado pela articulação dos bens que 
compõem o estabelecimento, na exploração de uma atividade econômica. Desta forma, 
aviamento não é integrante do estabelecimento, mas sim um ATRIBUTO seu. 
Em outras palavras, aviamento, ou goodwill of trade, é o potencial de lucratividade. 
O aviamento é justamente a aptidão para gerar lucro do estabelecimento. Quanto mais 
eficiente for a organização dos elementos do estabelecimento, mais aviado será o 
estabelecimento. 
Trata-se de um atributo do estabelecimento empresarial, resultado do conjunto e vários 
fatores de ordem material ou imaterial que lhe conferem capacidade ou aptidão de gerar lucros. 
Cada estabelecimento possui um aviamento maior ou menor. Diz-se que o aviamento é pessoal 
ou subjetivo quando a capacidade de gerar lucros resulta substancialmente de qualidades do 
titular da empresa; será real ou objetivo se decorrente da qualidade do estabelecimento 
empresarial. 
 
44 
A clientela é resultante do aviamento, e este existe graças a ela – um decorre do outro. 
Ambos, por não serem considerados bens, não estão sujeitos a uma proteção direta, nos moldes 
do que ocorre com o patrimônio material ou imaterial da empresa. 
 
 
 
 
 
 
Se liga, OABeiro! Clientela não se confunde com freguesia!! 
CLIENTELA FREGUESIA 
Conjunto de pessoas que mantém com o 
empresário ou sociedade empresária 
relações jurídicas constantes; 
Conjunto de pessoas que passam em frente 
ao ponto do negócio, em razão da sua 
localização estratégica. 
 
 
1.5.6 Ponto comercial 
É um bem incorpóreo que integra o estabelecimento empresarial. Ponto comercial é o 
local onde o empresário realiza sua atividade empresarial. O ponto é muito importante para o 
estabelecimento comercial, daí porque goza de proteção legal. Essa proteção se dá através da 
chamada ação renovatória. 
Quando o empresário se estabelece em um ponto alugado e permanece naquele local 
um determinado tempo, ele faz investimentos para ganhar o respeito dos consumidores, passar 
a ser conhecido e a adquirir, consequentemente, uma clientela fiel. Por essa razão, o regime 
jurídico-empresarial reconhece a esse empresário o chamado direito de inerência ao ponto, 
consubstanciado na prerrogativa de permanecer naquele local mesmo na hipótese de o locador 
não pretender mais a renovação do contrato locatício. 
 
 
45 
1.5.7 Ação Renovatória 
A ação renovatória tem por objetivo a renovação compulsória do contrato de locação 
empresarial. A ação está prevista na Lei nº 8.245/91, nos artigos 51 a 55. 
Nas locações destinadas ao comércio, o locatário terá direito a renovação compulsória 
do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: 
 Requisito formal: o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com 
prazo determinado; 
 Requisito temporal: prazo mínimo de 5 anos de relação contratual contínua. O 
prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos 
contratos escritos deve ser de 5 anos; 
 Requisito material: o locatário esteja explorando seu comércio, NO MESMO 
RAMO, pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos. 
O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores 
da locação. 
A lei não está protegendo o locador, nem o locatário, mas sim o ponto comercial. Faltando 
um dos requisitos, não há como se ajuizar a ação renovatória. Presentes todos os requisitos da 
ação renovatória, poderá ela ser ajuizada, pois o empresário passa a ter o intitulado direito de 
inerência ao ponto. 
Imaginemos a seguinte situação: empresário tinha realizado um contrato de locação por 
cinco anos, de modo que nos três primeiros anos possuía uma padaria no ponto e, nos últimos 
dois, uma farmácia. Pode ele ajuizar a renovatória? Não, porque não permaneceu na mesma 
atividade nos últimos três anos do contrato. 
A propositura da referida ação renovatória, segundo o disposto no art. 51, §5º, da Lei 
8.245/1991, deve ser feita “no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, 
anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor”. Dizendo de outra forma, a ação 
renovatória deve ser ajuizada nos seis primeiros meses do último ano do contrato de aluguel. 
Sendo assim, faltando um ano para o término do contrato, deve o empresário locatário, 
se pretender permanecer no ponto, procurar o locador para iniciar as tratativas acerca da 
renovação da relação contratual. Caso o locador demonstre o interesse de retomar o ponto, não 
 
46 
renovando o contrato, cabe ao locatário tomar as providências necessárias ao ajuizamento da 
ação renovatória, sob pena de ver decair o seu o direito à renovação compulsória da relação 
locatícia. 
 
 
 
Destaque-se que a legislação admite a propositura de ação renovatória nos contratos de 
locação de espaços em shopping centers. Nesse caso, previu a lei que não cabe alegar, para a 
retomada do imóvel, a necessidade do bem para uso próprio, nem para transferência de 
estabelecimento empresarial existente há mais de um ano cuja maioria do capital seja de sua 
titularidade ou de seu cônjuge, ascendente ou descendente (art. 52, §2º, da Lei 8.245/1991). 
Diga-se ainda que, em tese, não é abusiva a previsão, em normas gerais de 
empreendimento de shopping center ("estatuto"), da denominada "cláusula de raio", segundo a 
qual o locatário de um espaço comercial se obriga – perante o locador – a não exercer atividade 
similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um 
determinado raio de distância contado a partir de certo ponto do terreno do shopping center 
(STJ, REsp 1.535.727/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/5/2016 – inf. 585). 
No caso de sublocação do imóvel, a ação renovatória é de competência exclusiva do 
sublocatário já que esta ação, como dito, se propõe a proteger o ponto comercial (art. 51, §1º). 
 
 
47 
 
O teto de receita bruta (faturamento) para enquadramento no Simples Nacional foi 
majorado de R$ 3.600.000,00 para R$4.800.000,00 (Empresa de Pequeno Porte). 
O Microempreendedor Individual (MEI) passa de um limite de R$ 60 mil para R$ 81 mil 
por ano, uma média mensal de R$ 6,75mil, e a Empresa de Pequeno Porte (EPP) passa de R$ 
3,6 milhões para R$ 4,8 milhões anuais, média mensal de R$ 400mil. 
Mas, cuidado! Persiste um “sublimite” para cálculo de ICMS e ISS. As EPPs que 
ultrapassarem o valor anterior, de R$ 3,6 milhões de faturamento, terão o ICMS e o ISS 
calculados fora da tabela do Simples Nacional, conforme regras estabelecidas pela lei 
complementar 155/2016. 
 
 
 
 
48 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
QUADRO ASSOCIATIVO 
(classificações de três diferentes ramos do Direito) 
DIREITO CIVIL 
Pessoa (art. 1º, 
CC/02) 
DIREITO EMPRESARIAL 
Empresário (art. 966, CC/02) 
DIREITO TRIBUTÁRIOEmpresa/Atividade (art. 3º, LCP 
123/06) 
Pessoa Física Empresário Individual 
 
Microempresa (ME) 
R.B.A. até R$ 360.000,00 
 ou 
 Empresa de Pequeno Porte 
(EPP) 
 R.B.A. até R$ 4.800.000,00 
Pessoa Jurídica 
Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada 
(EIRELI) 
Sociedades Empresárias (ex. 
Ltda) 
* Exceto as sociedades por 
ações 
 Enquadramento possível somente para o 
Empresário Individual => 
* Microempreendedor Individual 
(MEI) 
(ou “pequeno empresário”) 
R.B.A. até R$ 81.000,00 
Requisitos: ME + Pessoa Física 
 
49 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 
(OAB – XXVII EOU | 2018): Roberto desligou-se de seu emprego e decidiu investir na construção 
de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou 
um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, 
contratou empregados e os treinou. Ele também contratou um desenvolvedor de sites de 
Internet e um profissional de marketing para divulgar sua pousada. Desde então, Roberto 
dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores. A pousada está sempre 
cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em breve, será ampliada em sua 
capacidade. 
Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmativa 
correta. 
A) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo 
de seu titular quanto de produção de bens. 
B) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não 
ser um ato de empresa. 
C) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a 
partir do registro na Junta Comercial. 
D) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente 
de registro na Junta Comercial. 
 
 
Comentários: 
A questão versa, essencialmente, sobre os elementos característicos do empresário, associados 
à obrigação de registro a esse imposta. 
 
50 
Para responder à questão, é importante lembrar que os requisitos para a configuração do 
empresário são extraídos do conceito apresentado no art. 966 do CC: “Considera-se empresário 
quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação 
de bens ou de serviços”. 
Assim, presentes os elementos constitutivos (exercício de atividade econômica; profissionalidade; 
organização dos fatores de produção; produção e/ou circulação de bens e serviços), a pessoa 
será considerada empresária. 
O registro na Junta Comercial, por si só, não constitui o empresário. Trata-se de obrigação do 
empresário, prevista no art. 967 do CC, de observância exigida para a sua regularidade. 
Desse modo, uma vez preenchidos os requisitos extraídos do art. 966 do CC, a pessoa é 
considerada empresária, independentemente de seu registro na Junta Comercial. Contudo, para 
a sua regularidade, exige-se o devido registro. 
A partir dos elementos jurídicos trazidos, passa-se a analisar as assertivas. 
Alternativa A: INCORRETA 
Não apenas aqueles que exploram atividade de produção de bens exercem empresa. Também 
são considerados atos de empresa a circulação de bens, bem como a prestação de serviços, 
sendo incorreta a assertiva em análise. 
Além disso, outro erro da alternativa é a afirmação de que Roberto não desenvolve atividade 
com profissionalismo. Ao contrário do afirmado, o enunciado narrou a profissionalidade, 
demonstrando a habitualidade no exercício da atividade, além de outros elementos necessário 
ao enquadramento de Roberto como empresário. 
Alternativa B: INCORRETA 
Conforme se extrai do art. 966 do CC, a prestação de serviço é considerada ato de empresa, 
sim, tornando errada a alternativa ora avaliada. 
Alternativa C: INCORRETA 
 
51 
O registro na Junta Comercial não é requisito para o enquadramento da pessoa como 
empresário. Trata-se de obrigação empresária, prevista no art. 967 do CC, exigida para a 
regularidade do empresário. Contudo, não tem caráter constitutivo. 
Assim, a alternativa em exame está errada. 
Alternativa D: CORRETA 
Conforme explicado, Roberto preenche os elementos necessários para a sua configuração como 
empresário. Assim, será considerado empresário, independentemente de registro na Junta 
Comercial. Esse registro é requisito de regularidade do empresário, e não constitutivo. 
 
Questão 2 
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) As sociedades empresárias Y e J celebraram contrato 
tendo por objeto a alienação do estabelecimento da primeira, situado em Antônio Dias/MG. Na 
data da assinatura do contrato, dentre outros débitos regularmente contabilizados, constava 
uma nota promissória vencida havia três meses no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). 
O contrato não tem nenhuma cláusula quanto à existência de solidariedade entre as partes, 
tanto pelos débitos vencidos quanto pelos vincendos. 
Sabendo-se que, em 15/10/2018, após averbação na Junta Comercial competente, houve 
publicação do contrato na imprensa oficial e, tomando por base comparativa o dia 15/01/2020, 
o alienante 
A) responderá pelo débito vencido com o adquirente por não terem decorrido cinco anos da 
publicação do contrato na imprensa oficial. 
b) não responderá pelo débito vencido com o adquirente em razão de não ter sido estipulada 
tal solidariedade no contrato. 
C) responderá pelo débito vencido com o adquirente até a ocorrência da prescrição relativa à 
cobrança da nota promissória. 
D) não responderá pelo débito vencido com o adquirente diante do decurso de mais de 1 (um) 
ano da publicação do contrato na imprensa oficial. 
 
 
52 
Comentários: 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores 
à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
Questão 3 
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Álvares Florence tem um filho relativamente incapaz 
e consulta você, como advogado(a), para saber da possibilidade de transferir para o filho parte 
das quotas que possui na sociedade empresária Redenção da Serra Alimentos Ltda., cujo capital 
social se encontra integralizado. 
Apoiado na disposição do Código Civil sobre o assunto, você respondeu que 
 
A) é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, bastando que esteja assistido 
por seu pai no instrumento de alteração contratual. 
B) não é permitida a participação de menor, absoluta ou relativamente incapaz, em sociedade, 
exceto nos tipos de sociedades por ações. 
C) não é permitida a participação de incapaz em sociedade, mesmo que esteja representado ou 
assistido, salvo se a transmissão das quotas se der em razão de sucessão causa mortis. 
D) é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, desde que esteja assistido no 
instrumento de alteração contratual, devendo constar a vedação do exercício da administração 
da sociedade por ele. 
 
 
Comentários: 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a 
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
§ 1 Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos 
riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser 
 
53 
revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, 
sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. 
§ 2 Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da 
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar 
do alvará que conceder a autorização. 
§ 3 O Registro Público de Empresas Mercantis a cargodas Juntas Comerciais deverá 
registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde 
que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser 
representado por seus representantes legais. 
 
 
Questão 4 
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Luzia Betim pretende iniciar uma sociedade empresária 
em nome próprio. Para tanto, procura assessoria jurídica quanto à necessidade de inscrição no 
Registro Empresarial para regularidade de exercício da empresa. 
Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empresário individual é 
A) dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obrigatória a partir de então. 
B) obrigatória antes do início da atividade. 
C) dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microempreendedor individual. 
D) obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno 
porte. 
 
 
 
Comentários: 
 
54 
Art.967,CC. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
Questão 5 
(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Cruz Machado pretende iniciar o exercício individual 
de empresa e adotar como firma, exclusivamente, o nome pelo qual é conhecido pela população 
de sua cidade – “Monsenhor”. De acordo com as informações acima e as regras legais de 
formação de nome empresarial para o empresário individual, assinale a afirmativa correta. 
A) A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode escolher 
livremente a formação de sua firma. 
B) A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual deve adotar 
denominação indicativa do objeto social como espécie de nome empresarial. 
C) A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual opera sob firma 
constituída por seu nome, completo ou abreviado. 
D) A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode substituir seu 
nome civil por uma designação mais precisa de sua pessoa. 
 
 
 
Comentários: 
Art. 1156 C.C: O Empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, 
aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. 
 
 
 
 
 
 
55 
Questão 6 
(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) O empresário individual José de Freitas alienou seu 
estabelecimento a outro empresário mediante os termos de um contrato escrito, averbado à 
margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa 
oficial, mas não lhe restaram bens suficientes para solver o seu passivo. 
Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condições, sua eficácia depende 
 
A) da quitação prévia dos créditos trabalhistas e fiscais vencidos no ano anterior ao da alienação 
do estabelecimento. 
B) do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, 
em trinta dias a partir de sua notificação. 
C) da quitação ou anuência prévia dos credores com garantia real e, quanto aos demais credores, 
da notificação da transferência com antecedência de, no mínimo, sessenta dias. 
D) do consentimento expresso de todos os credores quirografários ou da consignação prévia 
das importâncias que lhes são devidas. 
 
 
Comentários: 
CC 
 
“Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia 
da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do 
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação 
 
Questão 7 
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar 
adotando o regime de separação de bens mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes 
é empresário individual e titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado 
 
56 
o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes providenciará o 
arquivamento e a averbação do documento 
A) no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na imprensa oficial. 
B) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais. 
C) no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa oficial. 
D) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Títulos e Documentos. 
 
 
Comentário: 
CC. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de 
Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, 
herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. 
 
 
Questão 8 
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) O engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de 
quatro fazendas onde ele realiza, em nome próprio, a exploração de culturas de soja e milho, 
bem como criação intensiva de gado. A atividade em todas as fazendas é voltada para 
exportação, com emprego intenso de tecnologia e insumos de alto custo. Zacarias não está 
registrado na Junta Comercial. 
 
Com base nessas informações, é correto afirmar que 
 
A) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário 
independentemente de ter ou não registro na Junta Comercial. 
B) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de 
não ter realizado seu registro na Junta Comercial. 
C) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo, 
exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores. 
 
57 
D) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial antes 
do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal. 
 
 
 
Comentários: 
CC 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário 
rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 
 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, 
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, 
ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
Questão 9 
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Maria, empresária individual, teve sua interdição 
decretada pelo juiz a pedido de seu pai, José, em razão de causa permanente que a impede de 
exprimir sua vontade para os atos da vida civil. 
Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale 
a afirmativa correta. 
 
58 
 
A) É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Mar ia; 
porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará, 
com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. 
B) A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extinção da empresa, 
cabendo a José, na condição de pai e curador, promover a liquidação do estabelecimento. 
C) É possível a concessãode autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria 
antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, como curador e representante, 
assumir o exercício da empresa. 
D) Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, 
porém ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria já possuía ao tempo da 
interdição, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. 
 
 
 
Comentários: 
CC: 
 
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 
 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a 
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo 
da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos 
constar do alvará que conceder a autorização. 
 
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não 
puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais 
gerentes. 
 
59 
 
Estatuto dos servidores públicos federais (Lei nº 8.112): 
 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
 
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não 
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; 
 
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos 
seguintes casos: 
 
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a 
União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade 
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e 
 
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, 
observada a legislação sobre conflito de interesses. 
 
Questão 10 
(XIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Servidor da Junta Comercial verificou que o 
requerimento de alteração contratual de uma sociedade limitada com vinte e dois sócios e sede 
no município de Solidão não foi assinado pelo administrador, mas por mandatário da sociedade, 
com poderes específicos. O requerimento foi instruído com uma nova versão do contrato social 
desacompanhada da ata da deliberação que a aprovou. O referido servidor determinou que 
fosse sanada a pretensa irregularidade. 
 
Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta. 
 
 
60 
A) O servidor não agiu corretamente porque cumpre à autoridade competente, antes de efetivar 
o registro, fiscalizar apenas a observância das formalidades extrínsecas ao ato, e não 
formalidades intrínsecas relativas aos documentos apresentados; portanto, a alteração deveria 
ser arquivada. 
B) O servidor agiu corretamente porque cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o 
registro, fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos 
apresentados; havendo irregularidades, deve ser notificado o requerente para saná-las. 
C) O servidor não agiu corretamente porque as irregularidades apresentadas no enunciado são 
insanáveis por se referirem a requisitos substanciais e de validade do documento, bem como 
de representação da pessoa jurídica. 
D) O servidor agiu corretamente porque somente o administrador, como órgão da pessoa 
jurídica, tem legitimidade para pleitear o arquivamento da alteração contratual; havendo 
irregularidades, deve ser notificado o requerente para saná-las 
 
 
Comentários: 
Art. 1.153, caput e parágrafo único, do Código Civil. 
 
Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a 
autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância 
das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apresentados. 
 
Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que, se for 
o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei. 
 
 
61 
 
 
GABARITO 
 
Questão 1 - D 
Questão 2 - D 
Questão 3 - D 
Questão 4 - B 
Questão 5 - C 
Questão 6 - B 
Questão 7 - B 
Questão 8 - B 
Questão 9 - A 
Questão 10 - B 
 
 
 
62 
QUESTÃO DESAFIO 
Qual o conceito de empresário previsto no Código Civil? 
Responda em até 5 linhas 
 
 
63 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO 
De acordo com o CC, considera-se empresário aquele que exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, 
nos termos do art. 966, excluído o profissional intelectual, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa. 
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: 
 Organização 
Organização, nos ensinamentos do referido doutrinador, significa que: “empresário é aquele que 
articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia)". 
 Profissional 
Consoante o disposto no artigo 966 do Código Civil: “Considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou 
de serviços”. Nos ensinamentos de André Luiz Santa Cruz Ramos (Direito Empresarial 
Esquematizado, 2012, 2ª ed., p. 37 e 38): “Da primeira expressão destacada pode-se extrair o 
seguinte: só será empresário aquele que exercer determinada atividade econômica de forma 
profissional, ou seja, que fizer do exercício daquela atividade a sua profissão habitual.” Desse 
modo, quem exercer determinada atividade econômica de forma esporádica não será 
considerado empresário. 
 Atividade Econômica 
Ainda, acerca desse elemento enuncia o referido doutrinador: “Ao destacarmos a expressão 
atividade econômica, por sua vez, queremos enfatizar que a empresa é uma atividade exercida 
com intuito lucrativo”. 
 Produção ou circulação de bens ou serviços 
Por fim, em relação a este último elemento, pode-se dizer que denota que qualquer atividade 
pode, em tese, ser caracterizada como empresária, desde que presente os demais elementos 
acima mencionados. Sobre esse tema, o referido doutrinador enuncia que: “Por fim, a última 
expressão demonstra a abrangência da teoria da empresa, em contraposição à antiga teoria dos 
 
64 
atos de comércio, a qual, como visto, restringia o âmbito de incidência do regime jurídico 
comercial a determinadas atividades econômicas elencadas na lei”. 
 
 
 
65 
 
LEGISLAÇÃO COMPILADA 
Teoria Geral do Direito Empresarial: 
 CC/02: arts. 966-980-A 
 
Empresário 
 Enunciado 58, CJF 
O empresário individual casado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende 
da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da 
empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel 
ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do 
ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis. 
 Enunciado 195, CJF 
Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser 
analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, como um dos fatores da organização empresarial. 
 Enunciado 197, CJF 
A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer 
os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva, por não 
exercer regularmente a atividade por mais de dois anos. 
 Enunciado 203, CJF 
O exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível 
nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte. 
 Enunciado 204, CJF 
 
66 
Art. 977: A proibiçãode sociedade entre pessoas casadas sob o regime da comunhão universal 
ou da separação obrigatória só atinge as sociedades constituídas após a vigência do Código 
Civil de 2002. 
 Enunciado 205, CJF 
Art. 977: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977: (1) a vedação à participação de cônjuges 
casados nas condições previstas no artigo refere-se unicamente a uma mesma sociedade; (2) o 
artigo abrange tanto a participação originária (na constituição da sociedade) quanto a derivada, 
isto é, fica vedado o ingresso de sócio casado em sociedade de que já participa o outro cônjuge. 
 Enunciado 198, CJF 
A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, 
e não da sua caracterização. 
 Enunciado 199, CJF 
A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, 
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os 
requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo 
naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em 
contrário. 
 Enunciado 202, CJF 
O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza 
constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário 
ou sociedade rural que não exercer tal opção. 
 
 
67 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Sociedade Empresária 
 STJ, 1ª Turma. REsp 1358410/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão. julgado em 
04/08/2016. 
Mesmo diante de contrato locatício celebrado entre o sócio e o empreendedor (locador) de 
shopping center, há legitimidade ativa concorrente do sócio (pessoa física) e da sociedade 
(pessoa jurídica) para pleitear indenização causada por danos ao estabelecimento situado em 
shopping center. Em um contrato de shopping center, a sociedade empresária tem legitimidade 
ativa "ad causam", em concorrência com o locatário - pessoa física -, para demandar o 
empreendedor nas causas em que houver interesses relativos ao estabelecimento empresarial, 
desde que, no contrato firmado entre as partes, haja a expressa destinação do espaço para a 
realização das atividades empresariais da sociedade da qual faça parte. 
 
 STJ, 1ª Turma. REsp 1.227.240/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão. julgado em 
09/06/2015. 
De acordo com o Código Civil, as sociedades podem ser de duas categorias: simples e 
empresárias. Ambas exploram atividade econômica e objetivam o lucro. A diferença entre elas 
reside no fato de a sociedade simples explorar atividade não empresarial, tais como as atividades 
intelectuais, enquanto a sociedade empresária explora atividade econômica empresarial, 
marcada pela organização dos fatores de produção (art. 982, CC). A sociedade simples é formada 
por pessoas que exercem profissão do gênero intelectual, tendo como espécie a natureza 
científica, literária ou artística, e mesmo que conte com a colaboração de auxiliares, o exercício 
da profissão não constituirá elemento de empresa (III Jornada de Direito Civil, Enunciados n. 
 
68 
193, 194 e 195). As sociedades de advogados são sociedades simples marcadas pela inexistência 
de organização dos fatores de produção para o desenvolvimento da atividade a que se propõem. 
Os sócios, advogados, ainda que objetivem lucro, utilizem-se de estrutura complexa e contem 
com colaboradores nunca revestirão caráter empresarial, tendo em vista a existência de expressa 
vedação legal (arts. 15 a 17, Lei n. 8.906/1994). Impossível que sejam levados em consideração , 
em processo de dissolução de sociedade simples, elementos típicos de sociedade empresária, 
tais como bens incorpóreos, como a clientela e seu respectivo valor econômico e a estrutura do 
escritório. 
 
 STJ. REsp 1682989/ RS 2017/0144466-0. T2. Rel Min. Herman Benjamin. DJ 
19/09/2017, DJP 09/10/2017 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL. 
REDIRECIONAMENTO. 1. A controvérsia cinge-se à responsabilidade patrimonial do empresário 
individual e as formalidades legais para sua inclusão no polo passivo de execução de débito da 
firma da qual era titular. 2. O acórdão recorrido entendeu que o empresário individual atua em 
nome próprio, respondendo com seu patrimônio pessoal pelas obrigações assumidas no 
exercício de suas atividades profissionais, sem as limitações de responsabilidade aplicáveis às 
sociedades empresárias e demais pessoas jurídicas. 3. A jurisprudência do STJ já fixou o 
entendimento de que "a empresa individual é mera ficção jurídica que permite à pessoa natural 
atuar no mercado com vantagens próprias da pessoa jurídica, sem que a titularidade implique 
distinção patrimonial entre o empresário individual e a pessoa natural titular da firma individual" 
(REsp 1.355.000/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 20/10/2016, DJe 
10/11/2016) e de que "o empresário individual responde pelas obrigações adquiridas pela 
pessoa jurídica, de modo que não há distinção entre pessoa física e jurídica, para os fins de 
direito, inclusive no tange ao patrimônio de ambos" (AREsp 508.190, Rel. Min. Marco Buzzi, 
Publicação em 4/5/2017). 4. Sendo assim, o empresário individual responde pela dívida da firma, 
sem necessidade de instauração do procedimento de desconsideração da personalidade jurídica 
(art. 50 do CC/2002 e arts. 133 e 137 do CPC/2015), por ausência de separação patrimonial que 
justifique esse rito. 5. O entendimento adotado pelo Tribunal de origem guarda consonância 
com a jurisprudência do STJ, o que já seria suficiente para se rejeitar a pretensão recursal com 
 
69 
base na Súmula 83/STJ. O referido verbete sumular aplica-se aos recursos interpostos tanto pela 
alínea "a" quanto pela alínea "c" do permissivo constitucional. Nesse sentido: REsp 1.186.889/DF, 
Segunda Turma, Relator Ministro Castro Meira, DJe de 2.6.2010. 6. Não obstante isso, não se 
constata o preenchimento dos requisitos legais e regimentais para a propositura do Recurso 
Especial pela alínea "c" do art. 105 da CF. 7. A apontada divergência deve ser comprovada, 
cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos 
confrontados, com a indicação da similitude fática e jurídica entre eles. 8. In casu, o recorrente 
não se desincumbiu do ônus de demonstrar que os casos comparados tratam da mesma 
situação fática: empresário individual. Ao revés, limitou-se a transcrever ementas e trechos que 
versam sobre sociedade empresarial cuja diferença em relação ao caso dos autos foi 
suficientemente explanada neste julgado. 9. Recurso Especial não conhecido.) 
 
Direitos Fundamentais 
As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as 
movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º 
da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se 
caracteriza como "quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos 
bancos ao Fisco. 
 
 STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 
(repercussão geral) (Info 806). 
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem 
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. 
 
 
70 
 STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 
837) 
É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. 
"Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diversodo autorizado 
ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada 
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação 
da emissora por até dois dias." O Estado não pode determinar que os programas somente 
possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo 
texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os 
horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória). 
 
Mandado de Segurança 
 STF. RMS 32487, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 
07/11/2017 
O termo inicial para a formalização de mandado de segurança pressupõe a ciência do 
impetrante, nos termos dos artigos 3º e 26 da Lei nº 9.784/1999, quando o ato impugnado 
surgir no âmbito de processo administrativo do qual seja parte. MANDADO DE SEGURANÇA – 
DILAÇÃO PROBATÓRIA – PRESCINDIBILIDADE. Instruído o processo com documentos suficientes 
ao exame da pretensão veiculada na petição inicial, descabe suscitar a inadequação 
da via mandamental. 
 
 STJ. AgInt no RMS 42.563/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA 
TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 29/05/2017 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM 
MANDADO DE SEGURANÇA. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. 
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA. INOBSERVÂNCIA DO PISO SALARIAL ESTABELECIDO 
EM LEI FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA 
 
71 
ENCAMPAÇÃO. APLICABILIDADE. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A 
DECISÃO ATACADA. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento 
jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015. II - A 
jurisprudência desta Corte firmou entendimento segundo o qual, a aplicação da teoria da 
encampação, que mitiga a indicação errônea da autoridade coatora em mandado de segurança, 
tem lugar quando presentes os seguintes requisitos: (i) vínculo hierárquico entre a autoridade 
que prestou as informações e aquela que determinou a prática do ato; (ii) manifestação sobre 
o mérito nas informações prestadas, e; (iii) ausência de modificação na competência 
constitucionalmente estabelecida. III - In casu, observo ser cabível a aplicação da teoria da 
encampação, porquanto: (i) existe vínculo hierárquico entre a autoridade apontada no 
mandamus e aquela que seria legitimada a figurar no polo passivo (Governador do Estado e 
Secretário Estadual de Planejamento e Gestão); (ii) a autoridade Impetrada, em suas informações, 
manifestou-se sobre o mérito do mandamus (fl. 111e), e; (iii) conforme o art. 106, I, c, da 
Constituição do Estado de Minas Gerais, não há modificação da competência do Tribunal de 
Justiça. IV - O Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a 
decisão recorrida. V - Agravo Interno improvido. 
 
 STF. MS 25097, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 
28/03/2017 
Mandado de Segurança. 2. Ato do TCU. Suposta cumulação indevida de proventos. Suspensão 
dos pagamentos. 3. Decadência. Verificação de impetração do mandamus em data posterior ao 
prazo de 120 dias da ciência do ato impugnado. Superação. Medida liminar concedida há mais 
de doze anos. Preservação da segurança jurídica. Precedentes do STF. 4. Cumulação de 
proventos e pensões. Cargos públicos inacumuláveis em atividade. Regimes civil e militar. 
Concessão anterior à Emenda Constitucional 20/1998. Possibilidade. Precedentes. 5. Segurança 
concedida. 
 
 
72 
ESTUDO COMPLEMENTAR 
 
 
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73 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2016. 
FAZZIO JUNIOR, WALDO. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2017. 
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2017. 
PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São 
Paulo: Editora JusPodivm, 2017. 
PENANTE JR, Francisco. LAURINDO, Felipe. Prática empresarial. Recife: Armador, 2016. 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial – Vol. Único. São Paulo: Editora JusPodivm, 2019 
 
 
Capítulo 2
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1 
SUMÁRIO 
CAPÍTULOS .............................................................................................................. Error! Bookmark not defined. 
DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................................................... 2 
2. Regime Jurídico da Atividade Empresarial ..................................................................................................... 3 
2.1 Nome Empresarial ........................................................................................................................................... 3 
2.1.1 SINREM ........................................................................................................................................................... 6 
2.1.2 Atos de registro ............................................................................................................................................... 9 
2.1.3 Escrituração .................................................................................................................................................. 14 
QUADRO SINÓTICO ....................................................................................................................................................... 34 
QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................................................................................... 36 
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 43 
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 46 
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 54 
 
 
 
2 
 
E ai, OABeiro! Tudo certinho? 
A apostila de número 02 do nosso curso de Direito Empresarial tratará sobre Regime Jurídico 
da atividade empresária, matéria que é comumente cobrada no Exame de Ordem ao decorrer 
desses anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 4 
VEZES nos últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de alta relevância. 
Assim, é imprescindível que você dedique um tempo para estudar este conteúdo com calma eresponda as questões que tratam sobre o referido tema, ok? 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei 
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
3 
DIREITO EMPRESARIAL 
Capítulo 2 
2. Regime Jurídico da Atividade Empresarial 
Neste capítulo, estudaremos o Regime Jurídico da Atividade Empresarial com enfoque 
nos temas registro empresarial, nome empresarial e prepostos do empresário, por se mostrarem 
de maior incidência nas provas de concursos. 
 
2.1 Registro Empresarial 
Conforme previsão, o Registro Público de Empresas Mercantis é exercido em todo o 
território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, estaduais e distrital e detém as 
seguintes finalidades1: 
I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; 
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informações pertinentes; 
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu 
cancelamento. 
A inscrição na Junta Comercial antes de iniciar a atividade é obrigação legal imposta a 
todo e qualquer empresário (empresário individual ou sociedade empresária), sob pena de 
começar a exercer a empresa irregularmente2 
Tal obrigação decorre do comando do art. 967 do Código Civil: 
 
1 Vide questão 9. 
2 Vide questão 8. 
 
4 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade3. 
Recorde-se que, para o empresário comum, o registro é mera condição de regularidade. 
Nessa linha, o enunciado 199 do CJF, conferindo interpretação ao art. 967 do CC, determina que 
“a inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, 
e não de sua caracterização”. Ou seja, se o empresário não fizer o registro, ele não deixa de 
ser empresário, mas será considerado empresário irregular, sofrendo, por isso, algumas 
consequências (por exemplo: a impossibilidade de requerer recuperação judicial). 
Contudo, quanto ao ruralista, tal registro é indispensável para que se caracterize como 
empresário, pois a lei permite que, mesmo que pratique atividade nos moldes do art. 966 do 
CC, opte por não aderir ao regime jurídico empresarial, não efetivando seu registro na Junta 
Comercial. 
 O empresário rural é a pessoa física ou jurídica que exerce atividade agrária, seja ela 
agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou mineral), procurando conjugar, de 
forma racional, organizada e econômica, os fatores terra, trabalho e capital. 
Nessa linha, tem-se o art. 971 do Código Civil: 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, 
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição 
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de 
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
Diante desse contexto, forçoso é concluir que, para o rurícola, o registro empresarial é 
facultativo e constitutivo, como pode ser inferido do seguinte enunciado do CJF: 
Enunciado 202, CJF: Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta 
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico 
empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer 
tal opção. 
Retornando-se ao art. 967, pode dizer-se que ele não adota o sistema subjetivo de 
direito comercial ou empresarial, tal como na primeira fase evolutiva desse ramo do direito. 
 
3 Vide questão 01 
 
5 
Nesta, para ser comerciante, era necessário o registro nas corporações de ofício, instituições que 
criavam regras aplicáveis somente aos que nelas estavam escritos. 
Conforme o regramento atual, a ausência do registro não subtrai o sujeito do regime 
empresarial, mas somente o submete às sanções decorrentes do descumprimento da norma. O 
empresário não registrado é um empresário irregular. 
Nesse sentido, tem-se o seguinte enunciado do CJF: 
Enunciado 198, CJF: Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito 
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O 
empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código 
Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua 
condição ou diante de expressa disposição em contrário. 
 
A obrigatoriedade do registro deflui do art. 969 do Código Civil: 
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição 
de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com 
a prova da inscrição originária. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá 
ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção 
e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu 
patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua vez, 
pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua 
especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e 
distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado 
administrativamente4. 
Observe-se, contudo, que o Superior Tribunal de Justiça inclui no conceito de filial o 
estabelecimento empresarial que não constitui sede dos negócios: 
Verifica-se, portanto, que a filial, na condição de espécie de estabelecimento, é um bem, 
um instrumento, uma universalidade de fato que integra o patrimônio da sociedade 
empresária e não uma pessoa distinta desta. Destarte, a discriminação do patrimônio da 
 
4 Vide questão 8. 
 
6 
empresa, mediante a criação de filiais, não afasta a unidade patrimonial da pessoa jurídica, 
que, na condição de devedora, deve responder com todo o ativo do patrimônio social por 
suas dívidas, à luz de regra de direito processual prevista no art. 591 do Código de 
Processo Civil, segundo a qual “o devedor responde, para o cumprimento de suas 
obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas 
em lei”. (STJ, 2ª Turma, AgRgREsp 1544571/SC, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques, 
julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015.) 
O tema do estabelecimento e de suas respectivas filiais, sucursais ou agências também é 
relevante para se saber qual é o domicílio do empresário individual e da sociedade empresária, 
visto que será o local indicado em seus atos constitutivos, quando do registro na Junta 
Comercial. 
Observe-se, no entanto, que o Código de Processo Civil de 2015 estabelece como foro 
competente quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu, o lugar onde se acha sua 
agência ou sucursal (art. 53, III, b). O Código Civil, por sua vez, em seu art. 75, §1º, estabelece 
que, “tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles 
será considerado domicílio para os atos nele praticados”. 
Nessa mesma linha, o texto da súmula 363 do STF ao considerar que a pessoa jurídica 
de direito privado, gênero do qual a sociedade empresária é espécie, “pode ser demandadano 
domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato”. Nesse sentido é também 
a norma do art. 75, §1º, do Código Civil. 
2.1.1 SINREM 
SINREM é o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis e foi instituído pela Lei 
nº 8.934/94 (art. 3º). Destina-se ao registro público de serviços mercantis, sendo que esse 
sistema é composto por dois órgãos: 
 Departamento de Registro Empresarial e Integração ou DREI (antigo DNRC). 
 Junta Comercial (órgão estadual e executor); 
O Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC) foi extinto pelo Decreto 
8.001/2013, que criou o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI). Tem 
natureza jurídica de órgão federal vinculado ao Ministério da Economia, encarregado de 
normatizar e fiscalizar os atos de registro. 
 
7 
A Junta Comercial é responsável pela execução e administração dos atos de registro. Sua 
natureza jurídica é de autarquia estadual, integrante da estrutura administrativa dos Estados-
membros. Cada unidade federativa possui uma Junta Comercial, segundo disposição constante 
do art. 5º da lei. 
Por fazerem parte da estrutura administrativa dos Estados, mas, ao mesmo tempo, 
sujeitarem-se, no plano técnico, às normas e diretrizes baixadas pelo DREI, diz-se que as juntas 
comerciais têm subordinação hierárquica híbrida. 
Sendo assim, somente a Junta Comercial do Distrito Federal se submete, tanto técnica 
como administrativamente, ao DREI, conforme preceitua o art. 6º, parágrafo único, da Lei 
8.934/1994. 
Sobre a subordinação hierárquica híbrida das Juntas Comerciais, André Luiz Santa Cruz 
Ramos explica: 
Em razão desse caráter híbrido de subordinação das Juntas Comerciais (ao Estado-membro 
respectivo e ao DREI), o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento de que há 
uma divisão de competência para apreciar ações judiciais em que a Junta Comercial seja 
parte. Tratando-se de matéria administrativa, a competência para processar e julgar as 
ações em que a Junta figure num dos polos da demanda é da Justiça comum estadual. 
Em contrapartida, em se tratando de matéria técnica, relativa ao registro de empresa, a 
competência passa a ser da Justiça Federal, em virtude do interesse na causa do DREI, 
conforme preceitua o art. 109, inciso I, da Constituição Federal. 
 
Assim, se no processo se discute, por exemplo, o reajuste de servidores da Junta 
Comercial, a competência será da Justiça Estadual, porque nesse caso a lide versa sobre matéria 
eminentemente administrativa. 
Porém, se a Junta Comercial indeferir o pedido de arquivamento de contrato social de 
uma determinada sociedade limitada, com base numa Instrução Normativa do DREI, e essa 
sociedade resolver impetrar mandado de segurança contra tal decisão, deverá fazê-lo perante a 
Justiça Federal, porque, nesse caso, a Junta agiu sob orientação de um ente federal, o DREI5. 
 
5 Vide questão 4. 
 
8 
Contudo, o autor supramencionado assinala que o próprio STJ alterou esse 
posicionamento, passando a entender que a Justiça Federal é competente para julgar os 
processos em que figura como parte a Junta Comercial somente nos casos em que se discute 
a lisura do ato praticado pela Junta ou nos casos de mandado de segurança impetrado contra 
ato de seu presidente. (REsp 678.405/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, j. 16.03.2006, DJ 
10.04.2006, p. 179). 
Dessa forma, quando se tratar de demanda que envolva somente questões particulares, 
como conflitos societários, a competência será da Justiça Estadual, ainda que no processo esteja 
sendo discutido um ato ou registro praticado pela Junta Comercial. 
 
 
 
 
 
Muito embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e 
supervisor do registro de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas 
Ministério da 
Economia
SINREM
DREI
Junta 
ComercialSubordinação técnica 
Estado-Membro 
Vinculação 
Órgãos 
 
9 
Juntas comerciais, caso não adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de 
correção. A lei estabelece, apenas, que o DREI pode representar às autoridades competentes as 
irregularidades que identificar (ex. Governador, Ministério Público Estadual etc). 
2.1.2 Atos de registro 
Quanto aos atos de registro, podemos resumi-los nos seguintes: 
 Autenticação: se relaciona à escrituração do empresário (livros), sendo condição de 
regularidade desses documentos. Assim, um livro comercial deve ser levado à Junta 
Comercial para autenticação e, neste ato, terá todos os requisitos extrínsecos que 
devem ser observados na escrituração. Conforme o art. 39 da Lei 8.934/1994, “as 
juntas comerciais autenticarão: I – os instrumentos de escrituração das empresas 
mercantis e dos agentes auxiliares do comércio; II – as cópias dos documentos 
assentados”. Contudo, não se pode olvidar o que se encontra previsto nos arts. 39-A 
e 39-B, inseridos pela Lei Complementar 147/2014: “a autenticação dos documentos 
de empresas de qualquer porte realizada por meio de sistemas públicos eletrônicos 
dispensa qualquer outra” (art. 39-A); e “a comprovação da autenticação de 
documentos e da autoria de que trata esta Lei poderá ser realizada por meio 
eletrônico, na forma do regulamento” (art. 39-B). 
 Matrícula: relaciona-se aos auxiliares do comércio tais como leiloeiros, tradutores 
públicos, trapicheiros etc. Consiste em uma condição para que eles possam exercer, 
regularmente, tais atividades paracomerciais. 
 Arquivamento: se refere aos atos de constituição (registro em sentido estrito), 
modificação e extinção (averbação, para tudo que vem depois da constituição); 
correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades 
empresárias e cooperativas. 6 
No que se refere ao arquivamento, alguns pontos merecem ser esclarecidos. 
 
6 Vide questão 5. 
 
10 
De acordo com o art. 32, inciso II, da Lei 8.934/1994, estão sujeitos ao arquivamento: 
 Os documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas 
mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; 
 Os atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei 6.404, de 15 
de dezembro de 1976; 
 Os atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar 
no Brasil; 
 As declarações de microempresa; 
 Atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro 
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar 
ao empresário e às empresas mercantis. 
O art. 35 da referida Lei, por sua vez, enuncia uma série de atos que não devem se sujeitar 
ao arquivamento: 
I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares ou que 
contiverem matéria contrária aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os que 
colidirem com o respectivo estatuto ou contrato não modificado anteriormente; 
II - os documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer 
espécie ou modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja 
condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil; 
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, 
não designarem o respectivo capital, bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja 
indicação no nome empresarial é facultativa; 
IV - a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele fixado; 
V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente; 
VI - a alteração contratual, por deliberação majoritária do capital social, quando houver 
cláusula restritiva; 
VII - os contratos sociais ou suas alterações em que haja incorporação de imóveis à 
sociedade, por instrumento particular, quando do instrumento não constar: 
a) a descriçãoe identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem 
como o número da matrícula no registro imobiliário; 
b) a outorga uxória ou marital, quando necessária; 
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo 
Governo, nos casos em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores 
alterações, antes de igualmente aprovadas. 
 
11 
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de 
firmas individuais ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos 
conste o Número de Identificação de Registro de Empresas (Nire). 
No que diz respeito às sociedades cooperativas, durante muito tempo, houve polêmica 
sobre onde deveriam ser registradas. Se, por um lado, o Código Civil as considera como 
sociedade simples (art. 982, parágrafo único), o que atrairia a competência do Oficial de Registro 
de Pessoas Jurídicas (art. 1.150), a lei específica dessas instituições determina que seu registro 
ocorra na Junta Comercial (art. 18 da Lei 5.764/1971). 
Nesse sentido, o art. 1.093 do CC estipula que “a sociedade cooperativa reger-se-á pelo 
disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial”. O enunciado 69 do CJF, por sua 
vez, consolida a interpretação daquele preceito legal da seguinte forma: “as sociedades 
cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais”. 
O empresário individual arquiva na Junta Comercial sua declaração de que exerce 
atividade nos moldes do art. 966. Por este motivo se diz que seu registro tem natureza 
declaratória. Excepciona-se, contudo, o rurícola que, como visto, se constitui como empresário 
mediante o registro na Junta Comercial. 
Por outro lado, o registro da sociedade empresária ou da EIRELI têm natureza 
constitutiva, haja vista a criação da pessoa jurídica por meio do registro (art. 45, CC). 
Observe, entretanto, que, tanto no caso do empresário individual como no caso da 
sociedade empresária, o ato sujeito a registro deverá ter o visto de advogado (art. 1º, § 2º da 
Lei 8.934/1994), salvo no caso de microempresa ou empresa de pequeno porte (art. 9º, § 2º da 
LC 123/2006). 
É importante mencionar que, segundo o art. 1.154 do Código Civil, o ato sujeito a registro 
não pode ser oposto a terceiros antes do cumprimento das formalidades exigidas, salvo se 
houver prova de que o terceiro o conhecia. 
Conforme André Luiz Santa cruz Ramos: 
A norma é plenamente justificável, e possui outros dispositivos correlatos, que representam 
verdadeiro desdobramento do seu conteúdo normativo (por exemplo, arts. 1.015, 
parágrafo único, II, e 1.174, ambos do Código Civil). 
 
12 
Com efeito, se as Juntas Comerciais são o órgão de registro público dos empresários e 
das sociedades empresárias, sua função precípua é tornar públicos os atos desses agentes 
econômicos, a fim de se tornarem conhecidos de terceiros e a eles poderem ser opostos. 
A ausência do registro provoca, dentre outros efeitos, a ilegitimidade ativa para pedido 
de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial. Nesse diapasão, vale destacar que, 
muito embora possa ter sua falência requerida, a sociedade empresária que, irregularmente, 
não mantém registro, não pode pedir a falência alheia. Isso porque o art. 97, § 1º, da Lei 
11.101/2005 (Lei de Falências) exige que o credor empresário comprove a regularidade de suas 
atividades, por meio da apresentação de certidão do Registro Público de Empresas, para que 
possa requerer a falência do devedor. 
Interessante notar que o art. 105 da Lei 11.101/2005 admite que uma sociedade 
empresária não registrada faça o pedido de autofalência, bastando que prove, por outros 
documentos, quem são os seus sócios, com os respectivos endereços e relação de bens pessoais. 
Outras implicações da falta de registro consistem na impossibilidade de se inscrever no 
cadastro nacional de pessoas jurídicas (CNPJ), de obter certidão negativa de débitos tributários 
e, por consequência, de participar de licitação. 
No que tange à sociedade ou à EIRELI, o mais grave efeito da ausência de registro diz 
respeito ao regime da responsabilidade de seus integrantes, que será ilimitada. E isso em virtude 
de, em tais situações, aplicar-se o regramento das sociedades em comum (arts. 986 a 990 do 
CC). 
Conforme o art. 36 da Lei 8.934/1994, “os documentos referidos no inciso II do art. 32 
deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua 
assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento 
só terá eficácia a partir do despacho que o conceder”. 
O Código Civil dispõe no mesmo sentido em seu art. 1.151, §§ 1.º e 2.º, preceituando, no 
§ 3.º, que “as pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso 
de omissão ou demora”. 
Daí se conclui a relevância de que, por exemplo, uma alteração de contrato social seja 
levada a registro na Junta Comercial dentro de 30 (trinta) contados da sua efetiva realização. Se 
 
13 
isso não ocorrer, tal alteração contratual só será considerada eficaz perante terceiros após o 
deferimento do registro. Por outro lado, se o registro for feito no prazo legal, a alteração do 
contrato retroagirá seus efeitos desde a data em que foi decidida pelos sócios. 
Em síntese, “se o ato é levado a registro dentro do prazo legal de trinta dias, o registro 
opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da sua efetiva realização. Em contrapartida, se o ato 
é levado a registro fora do prazo legal de trinta dias, produz efeitos ex nunc, ou seja, só se 
torna eficaz a partir do seu deferimento”. 
O art. 1.151 afasta qualquer dúvida a respeito dessa conclusão: 
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será 
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou 
qualquer interessado. 
§ 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta 
dias, contado da lavratura dos atos respectivos. 
§ 2º Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito 
a partir da data de sua concessão. 
Nesse sentido, a Ministra Nancy Andrighi decidiu pela concessão de efeitos retroativos 
para alteração de quadro societário, cuja data da confecção e assinatura do respectivo acordo 
ocorreu antes do registro, mas este foi efetivado dentro dos 30 (trinta) dias seguintes (REsp 
1.381.719 – BA). 
Em síntese, podemos ilustrar os efeitos retroativos dos registros com o seguinte esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
Data da 
Elaboração 
Dentro de 30 dias 
Registro 
Registro 
Após 30 dias 
Com efeito retroativo 
(ex tunc) 
sem efeito Retroativo (ex nunc) 
 
14 
O art. 37 da Lei 8.934/1994 relaciona os documentos que devem instruir os pedidos de 
arquivamento de atos constitutivos e suas respectivas alterações. O seu parágrafo único, por 
sua vez, determina que, além daqueles que o artigo expressamente elenca, nenhum outro 
documento será exigido das firmas individuais e sociedades referidas nas alíneas a, b e d do 
inciso II do art. 32”. Na mesma esteira, o Decreto 1.800/1996, que regulamentou a Lei 
8.934/1994, deixa claro em seu art. 34, parágrafo único, que outros documentos só podem ser 
exigidos se houver “expressa determinação legal”. 
Ocorre que, costuma ser comum a exigência de apresentação de certidão de regularidade 
fiscal por decretos estaduais, que sequer possuem leis estaduais respectivas. Em face disso, o 
Superior Tribunal de Justiça tem decretado, reiteradamente, a ilegalidade destes decretos, 
considerando ilegítima a referida exigência, por considera-la incompatível com o princípio 
constitucional da livre-iniciativa. 
2.1.3 Escrituração 
Escriturar significa registrar ou anotar as contas de uma atividade empresarial. Consiste 
em lançar nos livros (instrumentos de escrituração) adequados,com base em documento hábil, 
as operações que o empresário realiza no desenvolvimento de suas atividades e os reflexos que 
delas decorrem. 
Em primeiro lugar, é importante estabelecer a distinção entre livro obrigatório e 
facultativo, pois a falta de escrituração deste último não constitui ilegalidade ao passo que isso 
ocorrerá no caso de omissão do dever de escriturar quanto ao primeiro. 
 Obrigatório: é aquele que sua escrituração é imposta ao empresário e que a sua 
ausência traz consequência sancionadora. Pode ser comum ou especial. O livro 
obrigatório especial só é exigível de alguns empresários, como é o caso do livro de 
registo de duplicata para aqueles que emitem essa espécie de título. O livro 
obrigatório comum está previsto no art. 1.180, CC, sendo que seu único exemplo é o 
livro diário, que pode ser substituído por fichas, no caso de ser adotada escrituração 
mecanizada ou eletrônica7. 
 
7 Vide questão 3. 
 
15 
 Facultativo: é aquele que tem para o empresário uma função de controle de seus 
negócios, de modo que sua falta não importa em irregularidade ou lhe gera qualquer 
tipo de sanção. São exemplos o livro caixa, livro razão, livro conta-corrente, estoque, 
dentre outros. 
É importante salientar que o Código Civil de 2002 admitiu a escrituração eletrônica: 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o 
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. 
 
Os livros, antes do seu uso, devem, necessariamente, ser autenticados pela Junta 
Comercial (Art. 1181 do CC/02), mas somente podem ser autenticados os livros do empresário 
regular (p.u. do art. 1181 do CC/02). 
 
 
16 
 
Se liga, OABeiro! O art. 1179, §2º dispensa da escrituração o pequeno empresário 
mencionado no art. 970. Cuidado! Nas provas falam em microempresa e empresa de pequeno 
porte. Não é a mesma coisa. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o “pequeno 
empresário” é, tão somente, o microempreendedor individual (MEI). 
Recorde a figura do Microempreendedor Individual a partir da tabela abaixo: 
Microempresa (ME) 
Empresa de Pequeno Porte 
(EPP) 
Pequeno empresário 
(MEI) 
Empresário Individual 
Sociedade Empresária 
Sociedade Simples 
EIRELI 
Empresário Individual 
Sociedade Empresária 
Sociedade Simples 
EIRELI 
APENAS empresário 
individual (pessoa física). 
Logo, pessoa jurídica não pode 
ser pequeno empresário. 
Não é um tipo de 
empresário. 
Não é um tipo de 
empresário. 
Não é um tipo de empresário. 
É uma classificação que se dá 
para aqueles tipos de 
empresários. Trata-se de um 
mero enquadramento. Logo, 
não é um novo tipo de 
empresa. 
É uma classificação que se 
dá para aqueles tipos de 
empresários. Trata-se de um 
mero enquadramento. Logo, 
não é um novo tipo de 
empresa. 
É uma classificação que se dá 
para um tipo de empresário. 
Trata-se de um mero 
enquadramento. Logo, não é 
um novo tipo de empresa. 
A classificação se dá para fins 
fiscais e outras vantagens. 
A classificação se dá para 
fins de benefícios fiscais e 
outras vantagens. 
Na prática, é o conhecido 
Micro empreendedor 
individual (MEI). 
Receita Bruta anual inferior a 
R$ 360.000,000. 
Receita Bruta anual superior 
a R$ 360.000,00 e igual ou 
inferior a R$ 4.800.000,000. 
Receita Bruta anual igual ou 
inferior a R$ 60.000,00. 
 
17 
Não está dispensado da 
escrituração dos livros. 
Não está dispensado da 
escrituração dos livros. 
Somente o MEI está 
dispensado da escrituração 
dos livros. 
 
Os requisitos intrínsecos da escrituração são observados quando ela é feita em idioma 
e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, 
sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as 
margens. Por outro lado, os requisitos extrínsecos, concernentes à segurança dos livros, 
referem-se à sua autenticação pela Junta Comercial. 
Tais requisitos são essências para determinação da eficácia probatória dos livros 
empresariais. O art. 417 do CPC/2015 preceitua que “os livros empresariais provam contra o seu 
autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, 
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos”. 
Conforme o referido comando legal, a eficácia probatória do livro empresarial contra o 
empresário independe de sua correta escrituração. Isso significa que consubstancia presunção 
relativa (juris tantum) contra o empresário. Nada impede, contudo, que o empresário demonstre, 
por outros meios de prova, que os lançamentos constantes da escrituração que lhe é 
desfavorável não correspondem à verdade. 
Em contrapartida, para que os livros provem a favor do empresário, é preciso que estejam 
regularmente escriturados, conforme impõe o art. 418 do CPC/2015: “os livros empresariais, que 
preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre 
empresas”. 
Embora não estejam elencados como títulos executivos, o que, em tese, autorizaria o 
acesso à via executiva, quando devidamente escriturados, terão valor probatório em uma ação 
ordinária de conhecimento, inclusive, no caso de ação monitória. 
 
18 
O art. 419 do CPC/2015 esclarece que a escrituração contábil é indivisível e, se dos seus 
lançamentos uma parte for favorável a seu autor e outra desfavorável, ambas serão consideradas 
em conjunto, como unidade. 
Como último tema relevante para a escrituração empresarial, tem-se o sigilo empresarial, 
o qual deve ser compreendido a partir de certas premissas. 
Em primeiro lugar, convém ter em mente que o princípio da sigilosidade da escrituração 
orienta a atividade empresarial e significa que as informações contidas nos livros são relevantes 
e confidenciais (art. 1.190, CC). Seu escopo é inibir a concorrência desleal, de modo que 
nenhuma autoridade pode determinar a apresentação dos livros do empresário, salvo os casos 
previstos em lei. 
Nessa orientação, o art. 1.190 do CC dispõe que: 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, 
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário 
ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades 
prescritas em lei. 
Percebe-se, assim, que a exibição dos livros empresariais poderá ser determinada, 
judicialmente e em certos casos previstos em lei. Além disso, existem situações que se permite 
que o magistrado determine, de ofício, a exibição dos livros empresariais e outros em que isso 
somente poderá ocorrer: 
EXIBIÇÃO INTEGRAL 
(art. 417, CPC c/c art. 1.191, caput, CC) 
EXIBIÇÃO PARCIAL 
(art. 418, CPC c/c art. 1.191, § 1º, CC) 
Possível somente me certos casos, como, por 
exemplo, sucessão, falência, sociedade ou 
comunhão de interesses e administração ou 
gestão à conta de outrem 
Cabível em qualquer ação judicial. 
Somente por requerimento da parte De ofício ou mediante requerimento 
 
19 
 
 
No caso de sociedade anônima, a norma aplicável é a seguinte: 
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente 
sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por 
cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja 
fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da 
companhia. 
 
 
Importante ressaltar que, em todo e qualquer caso de ordem judicial para exibição dos 
livros empresariais deverá estar presente o interesse de agir (súmula 260, STF), o qual se afigura, 
por exemplo, quando houver pertinência quanto às transaçõesentre as partes. 
Convém pontuar que o fato de um livro não ser obrigatório não exime o empresário de 
apresenta-lo às autoridades fiscais. Se, mesmo não sendo obrigado, ele o escriturou a 
consequência é que deverá disponibilizá-lo. Nesse sentido, a súmula 439 do Supremo Tribunal 
Federal enuncia que “estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros 
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.” Na mesma linha, o art. 1.193 
determina que o sigilo empresarial não pode ser oposto às autoridades fazendárias, no exercício 
da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais 
 
 
20 
 
 
A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura 
pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, visto que pode ser ilidida pela 
comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. 
 
Sobre a escrituração dos livros empresariais, convém apresentar três consequências que 
se relacionam à: 
 Ausência de escrituração: além da inviabilidade de utilizar os livros como forma de 
prova, o empresário, sociedade empresária ou EIRELI que tiver sua falência decretada, 
a concessão de recuperação judicial ou homologação de plano de recuperação 
extrajudicial (art. 178 da Lei nº 11.101/2005) praticará crime falimentar, o que aplica 
tão somente em relação aos livros obrigatórios (comuns ou especiais). 
 Ausência de apresentação: O art. 104, II da Lei 11.101/05 determina que, após 
decretada a falência, o empresário deposite os livros obrigatórios em cartório, que 
serão entregues ao administrador judicial. A não apresentação pode gerar o crime de 
desobediência, previsto no art. 104, parágrafo único. Da mesma maneira, quando a 
apresentação for obrigatória (ex. inventário), o juiz poderá determinar a busca e 
apreensão do livro. Além disso, os fatos narrados que estão diretamente relacionados 
à prova do livro não apresentado serão reputados como verdadeiros. Obviamente, 
essa presunção é relativa, pois o parágrafo único do art. 1192 estabelece que esse 
tipo de presunção ficta pode ser elidida por prova documental em contrário. (art. 
1192, caput, CC). 
 
21 
 Falsificação dos livros comerciais: esse ato importa em crime de falsificação de 
documento público (art. 297, §2º, CP), vez que os livros comerciais são equiparados a 
documentos públicos. É caso de falsificação de documento público por equiparação.8 
2.2 Nome Empresarial 
2.2.1 Conceito e função 
Na lição de Dylson Doria (1995:110), o nome comercial é aquele “adotado pela pessoa 
física ou jurídica para o exercício do comércio e por cujo meio se identifica”. Sob a mesma 
perspectiva, o Decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890, ao conceitua-lo, enfatizou seu caráter 
funcional, considerando-o “o nome sob o qual o comerciante ou sociedade exerce o comércio 
e assina-se nos atos a ele referentes”. 
Em sentido semelhante, o Código Civil, em seu art. 1.155, assim definiu nome comercial: 
“considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este 
Capítulo, para o exercício de empresa”. 
A doutrina indica duas importantes funções para o nome empresarial. A primeira, 
considerada como subjetiva, tem por fim identificar e individualizar o sujeito. A segunda, 
chamada de objetiva, se relaciona à capacidade de garantir fama, renome, reputação. 
2.2.2 Natureza Jurídica do Nome Empresarial 
Ricardo Negrão explica que o nome empresarial e suas subespécies, dentre elas as firmas 
e as denominações, não integram o estabelecimento empresarial, sendo, antes, atributos 
pessoais do empresário ou da sociedade empresária. Diante disso, o autor conclui que “sua 
função primordial é a identificação pessoal do titular, seja ele constituído sob a forma coletiva 
ou individual”. 
No entanto, o nome empresarial possui, além da qualidade de identificação de uma 
pessoa, outra, de natureza patrimonial, o que leva os doutrinadores a divergirem sobre sua 
natureza. 
 
8 Vide questão 10. 
 
22 
Para uma primeira corrente, ele seria um direito de propriedade industrial9. Esse 
entendimento é incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro, pois, no atual estágio de 
desenvolvimento doutrinário e legislativo, o nome não pode ser considerado direito de 
propriedade industrial, vez que este consiste em propriedade imaterial e se constitui coisa 
incorpórea, como ocorre com as marcas, patentes e desenhos industriais, que, após sua criação 
intelectual, ganham força de direito autônomo ao da personalidade de seu criador. 
O nome empresarial, por sua vez, não dispõe dessa autonomia em razão de sua 
indissociabilidade da figura humana que o detém. É o que ocorre, por exemplo, com as firmas, 
“constituídas de nomes pessoais do empresário ou dos sócios da sociedade empresária, e, ainda, 
porque não pode ser alienado mesmo quando se tratar de sua forma denominativa, não 
vinculada a nomes pessoais (art. 1.164 do Código Civil).” (NEGRÃO, 2018:156). 
Segundo outra corrente doutrinária e jurisprudencial, o nome empresarial tem natureza 
de direito pessoal. Para defender esse posicionamento, Karin Grau-Kuntz (1993:63) afirma que 
o sistema do direito brasileiro concede personalidade a todas as pessoas jurídicas e considera, 
como condição para sua concessão, a adoção do nome empresarial, impedindo que ele seja 
objeto de cessão ou transferência, o que faz dele objeto de um direito pessoal. 
Como um dos grandes expoentes do direito empresarial brasileiro que se afilia a este 
entendimento, tem-se Carvalho de Mendonça (2000, 2:175-176): 
O nome do comerciante não é propriedade. Pode, é certo, constituir uma riqueza se a 
casa comercial adquiriu fama e crédito, graças ao trabalho, à inteligência e à probidade 
do seu fundador, mas isso está longe de constituí-lo em coisa, em objeto de comércio. 
Ele não tem valor patrimonial, inestimabilis rest est e assim: a) não figura no ativo do 
balanço da casa comercial; é inalienável e intransmissível, porque é inerente à pessoa e 
não pode ser considerado distintamente desta, pelo que não pode ser objeto de contrato, 
nem pode ser legado, doado, ou cedido; b) não é suscetível de penhora em execução; c) 
não entra na falência, nem a massa creditória dele dispõe; d) não pode constituir quota 
social; e) não é desapropriável. Ainda mais o nome é imprescritível (Clovis, Código Civil, 
2ª edição, v. 1. p. 424). Pelo fato de ser a firma comercial exclusiva de quem a inscreveu 
 
9 Nesse sentido, Spencer Vampré (1922:180): “o nome comercial constitui uma verdadeira propriedade industrial, e cria relações 
jurídicas, análogas às das marcas de fábrica, das patentes de invenção, e da propriedade literária, artística, ou industrial. (...) Daí 
se segue que o nome:a) é suscetível de apreciação monetária, pois a indicação do estabelecimento, pela notoriedade, honradez, 
e boa escolha dos artigos, exerce decisiva influência na massa das populações; b) é sujeito a danificação, quando, por exemplo, 
um concorrente o usurpa, ou, ainda, o difama. A lesão, que daí decorre, não recai sobre a personalidade, mas sobre o 
estabelecimento, sobre o conjunto de coisas, que o compõem, inclusive o seu crédito e reputação; c) pode ser alienado, 
isoladamente, ou com o estabelecimento a que foi aposto; d) adquire-se pelo uso legítimo, e se perde pelo desuso” 
 
23 
no registro não se conclui constituir objeto de propriedade. O direito de quem inscreveu 
a firma é meramente pessoal. É direito pessoal absoluto, diz-nos Clovis Bevilacqua. O 
exclusivismo é instituído em benefício do comércio para evitar fraudes e, portanto, no 
interesse público. É a concorrência desleal que se procura combater. 
A terceira e última corrente doutrinária que pretende explicar a natureza jurídica do nome 
empresarialo considera como direito pessoal derivado da concorrência desleal, qualificando-o 
a partir de sua utilidade. Nessa linha, Gabriel Leonardos (1994:45) verifica que tal instituto não 
constitui propriedade autônoma, tal como ocorre com a marca ou a patente, mas, a despeito 
disso, incorpora-se ao fundo do comércio da empresa, com todas as consequências decorrentes. 
Tanto assim, que tem como finalidade “proteger os investimentos feitos para se formar a 
reputação de um nome, a par de proteger os consumidores que se habituaram a associar uma 
determinada qualidade a um dado nome”. 
Em face das três correntes apresentadas, a que mais se conforma com o direito brasileiro 
é aquela que o considera como direito pessoal. Isso porque, o próprio texto constitucional o 
erige à classe dos direitos individuais, de criação intelectual (art. 5º, XXIX da CRFB). E isso, a 
despeito de ser tutelado contra a concorrência desleal, o que se faz visando ao interesse social 
e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
Ricardo Negrão apresenta relevante distinção entre o nome empresarial, a marca, o título 
de estabelecimento e a insígnia (NEGRÃO, 2018:158). Segundo o magistério do autor 
(...) o nome é atributo da personalidade, por meio do qual o empresário exerce sua 
atividade; a marca é sinal distintivo de um produto ou de um serviço; título de 
estabelecimento é a designação de um objeto de direito – o estabelecimento empresarial; 
e insígnia é um sinal, emblema, formado por figuras, desenhos, símbolos, conjugados ou 
não a expressões nominativas. Esta e o título do estabelecimento têm em comum sua 
idêntica destinação: designar o estabelecimento do empresário; na forma, contudo, 
diferem: a insígnia utiliza a forma emblemática, e o título, a nominativa. (...) 
A confusão muitas vezes se estabelece em virtude da possibilidade de utilização do núcleo 
de um nome empresarial como marca ou título de estabelecimento. (...) 
A natureza jurídica de cada um desses elementos é distinta: a primeira – marca – tem 
caráter de propriedade imaterial, protegida mediante registro no Instituto Nacional da 
Propriedade Industrial, e, como tal, integra o estabelecimento empresarial; o segundo – 
título de estabelecimento – é direito intelectual, amparado contra uso indevido, sem 
necessidade de qualquer registro; e o último é nome empresarial, atributo do empresário 
ou da sociedade empresária, regido pelas disposições dos arts. 1.155 a 1.168 do Código 
Civil de 2002. 
 
24 
Valendo-se de exemplo oferecido pelo autor, é possível utilizar a expressão linguística 
“Brinquedo Asteroide” como marca de produtos fabricados no estabelecimento industrial 
“Fábrica de Brinquedos Asteroide”. Considerando que este, por sua vez, pertença ao empresário 
“José Asteroide & Cia. Ltda.”, tem-se que o núcleo “Asteróide” é o nome civil de uma pessoal 
natural, que foi utilizado para compor os três elementos distintivos do exercício da empresa. 
Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como 
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse 
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “Casa 
do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete, na 
forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa. 
 
Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como 
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse 
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “Casa 
do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete, na 
forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa. 
 
2.2.3 Características do nome empresarial 
O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial: 
 Inalienável: não há como transferir a propriedade do nome empresarial, 
objetivamente, o nome empresarial não pode ser objeto de alienação (art. 1164, caput, 
CC). No entanto, é possível que o adquirente do estabelecimento comercial continue 
 
25 
usando o antigo nome empresarial do alienante, precedido do seu e com a 
qualificação do sucessor, desde que o contrato de trespasse permita (art. 1.164, p.u., 
CC). Anote-se, contudo, que pode ser alienado o título de estabelecimento, também 
chamado de apelido, nome de fantasia ou nome da placa. Se Gomes e Silva Ltda é o 
nome da pessoa jurídica proprietária de um posto gasolina, ele mas o termo “Posto 
Fazendão”, seu nome fantasia, pode. 
 Imprescritível: aquele que for lesado pelo uso indevido do nome empresarial pode, 
a qualquer tempo, ajuizar ação para anular a inscrição de nome empresarial feita com 
violação da lei ou do contrato (art. 1.167, CC). Conforme a jurisprudência, antes de se 
determinar a anulação do nome empresarial, deve ser dada a oportunidade, 
geralmente no prazo de 30 (trinta) dia, para que o réu modifique o nome. 
2.2.4 Princípios 
O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial: 
 Princípio a veracidade: também chamado de autenticidade, impõe que a firma 
individual ou social seja composta a partir do nome do empresário, da EIRELI ou dos 
sócios respectivamente. Por isso, na firma social, é obrigatória a presença de nome 
de sócio que compõe a sociedade, não se admitindo nome fictício ou de pessoa que 
não fizer parte da sociedade. Outra consequência desse princípio está na necessidade 
de que seja retirado da firma social o nome de sócio que venha a falecer, for excluído 
ou se retirar da sociedade (art. 1.165, CC). Por outro lado, a denominação não deve 
conter nome de sócio, salvo para homenagear, como forma de honraria, esteja ele 
vivo ou morto. É o que ocorre, por exemplo na sociedade anônima, porque, ainda 
que conste o nome do fundador, acionista ou pessoa. Por último, um dos mais 
relevantes efeitos do princípio da veracidade reside no fato de que a omissão da 
palavra limitada torna os sócios responsáveis solidários e ilimitados10. 
 
10 Vide questão 7. 
 
26 
 Princípio da novidade: significa que não poderão coexistir, na mesma unidade 
federativa, dois nomes empresariais e idênticos ou semelhantes, prevalecendo aquele 
já protegido pelo prévio arquivamento. Aqui dentro há ainda ao princípio da 
especificidade, pois o caráter inovador do nome alcança, em regra, apenas o ramo da 
atividade exercida pelo empresário. Ou seja, podem coexistir nomes, desde que em 
atividades diferentes, como é o caso da denominação “Primavera”, que pode ser 
imobiliária, seguradora, transportadora, floricultura etc. Outro exemplo seria a 
denominação “Churrascaria Garfo de Ouro” para um churrascaria, o que não impede, 
em tese, que uma empresa que venda talheres e pratos funcione com o nome “Garfo 
de Ouro Presentes”. 
Conforme o Superior Tribunal de Justiça que havendo a mudança do nome empresarial, 
é necessária nova procuração aos advogados da sociedade. 
2.2.5 Extensão da proteção do nome empresarial 
O princípio da especialidade deve ser considerado para se determinar o titular do direito 
de uso exclusivo do nome empresarial. Tanto assim que o Código Civil procurou solucionar os 
conflitos gerados pelas colidências entre titulares de nomes empresariais, cujas atividades são 
distintas, exigindo o acréscimo do objeto na constituição da denominação adotada pelas 
sociedades limitadas, anônimas e em comandita por ações (arts. 1.158, § 2º, 1.160 e 1.161). 
No que tange à firma individual, o Código tornou facultativa a inclusão do objeto ou 
gênero de atividade (art. 1.156), omitindo-se em relação às firmas sociais. A jurisprudência, por 
outro lado, é no sentido de garantir a proteção dos nomes empresariais nos limites de sua 
atividade, isto é, do objeto social, cujadesignação se torna obrigatória para as denominações. 
Dessa forma, conclui-se que a proteção do nome empresarial não é absoluta (erga 
omnes), de modo a impedir o uso dele para qualquer empreendimento. Aplica-se, na verdade, 
o princípio da especialidade, concedendo-se tutela relativa, porquanto limitada ao ramo de 
atividade do seu titular. 
 
27 
Em caso de exercício de atividade idêntica por titular de nome empresarial e detentor de 
direito de marca, o Superior Tribunal de Justiça tem se orientado por dois critérios, a 
especificidade e a novidade (ou precedência do registro). Assim, na hipótese de colidência entre 
empresários de um mesmo ramo, impõe-se atentar primeiramente à anterioridade de cada um 
dos registros, prevalecendo o princípio da novidade (REsp: 262643 SP). 
Por outro lado, no que diz respeito ao nome de domínio, salvo hipótese de usurpação 
de direito de marca ou nome empresarial, a anterioridade do registro destes não assegura, por 
si só, o direito de exigir a abstenção de uso do nome de domínio na rede mundial de 
computadores (internet) por aquele que ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo. Isso 
porque, “no Brasil, o registro de nomes de domínio é regido pelo princípio "First Come, First 
Served ", segundo o qual é concedido o domínio ao primeiro requerente que satisfizer as 
exigências para o registro” (REsp 658.789/RS). 
À luz do princípio da novidade, o art. 61 do Decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890, 
determina que “toda firma nova deverá se distinguir de qualquer outra que exista inscrita no 
registro do lugar”, mas restringe a proteção dos nomes ao âmbito de atuação do órgão de 
registro. Essa é a posição encontrada no Decreto n. 1.800/96, que regulamentou a Lei de Registro 
de Empresas Mercantis (Lei n. 8.934/94) e circunscreveu a proteção à unidade federativa de 
jurisdição da Junta Comercial na qual se procedeu ao arquivamento respectivo (Decreto n. 
1.800/96, art. 61). Permite-se, contudo, que tal proteção seja estendida a outras unidades a 
pedido do interessado, desde que observada instrução normativa do Departamento de Registro 
Empresarial e Integração. 
Essa proteção absoluta dentro dos limites da unidade federativa é reconhecida pelo STJ 
(REsp nº 1673450) e se encontra prevista no art. 1.166 do Código Civil de 2002, o qual dispõe 
que “inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo 
Estado”. O parágrafo único desse mesmo dispositivo também consigna a possibilidade de 
extensão a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. 
 
28 
2.2.6 Espécies de nome empresarial 
O quadro abaixo permite visualizar os dois tipos de nome empresarial (NEGRÃO, 
2018:160): 
NOME EMPRESARIAL DESCRIÇÃO 
Firma Individual 
“É o nome adotado pelo empresário e pela empresa individual de 
responsabilidade limitada no exercício de suas atividades, mediante 
o qual se identificam no mundo empresarial, sendo composto pelo 
nome civil (do empresário individual ou do titular da empresa) 
completo ou abreviado, acrescido ou não de designação precisa de 
sua pessoa ou do gênero de sua atividade. Na empresa individual de 
responsabilidade limitada exige-se, ainda, a inclusão, após o nome 
escolhido, da expressão ‘EIRELI’”. 
Firma Social 
“É o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício de 
sua atividade, pelo qual se identifica no mundo empresarial, sendo 
composto pelos nomes civis ou partes destes, de um, alguns ou 
todos os sócios da sociedade, sendo exigidos, em sua formação, 
acréscimos de expressões indicadoras da espécie societária (limitada 
ou comandita por ações) e/ou da existência de sócios que não deram 
nome à sociedade (e companhia), por extenso ou abreviadamente.” 
Denominação 
“É o nome adotado pela empresa individual de responsabilidade 
limitada e pela sociedade empresária para o exercício de suas 
atividades, pelo qual essas pessoas jurídicas se identificam no mundo 
empresarial; no primeiro caso é formado por expressão linguística 
que contenha o objeto social e deve ser acrescida da expressão 
EIRELI ou, quando se tratar de sociedade, do tipo societário 
escolhido. Observamos, quanto à empresa individual de 
responsabilidade limitada, que a autorização decorre do disposto no 
§ 1º do art. 980-A do Código Civil, reforçando àquele com que ela 
contratar a ciência de que a responsabilidade patrimonial de seu 
parceiro negocial limita-se ao capital registrado.” 
 
 
29 
O quadro acima permite extrair as seguintes conclusões a respeito da aplicação e da 
composição dos nomes empresariais: 
 Firma individual: 
 Aplicação: Empresário Individual 
 Composição (art. 1.156): nome civil do empresário (completo ou abreviado), 
podendo ser acrescentado o ramo da atividade ou designação mais precisa de sua 
pessoa (facultativo). Ex. Roberto Justus, R. Justus ou Roberto Justus Joalheiro. 
 
 Firma social ou razão social 
 Aplicação: sociedade que possui, ao menos, um sócio com responsabilidade 
ilimitada (ex. sociedade em nome coletivo). É o caso da sociedade em nome 
coletivo, da sociedade em comandita simples e da sociedade em comandita por 
ações. Isso porque, se o sócio pode responder pelas dívidas da sociedade, o credor 
tem o direito de saber quem ele é, por isso é necessário ter o seu nome presente. 
Tanto assim que, se um sócio que não integrar a firma praticar um ato de gestão, 
ele ficará solidariamente obrigado. 
 Composição: nome ou nomes dos sócios (completo ou abreviado), sendo 
facultativo o acréscimo do ramo da atividade (R. Justus & E. Batista petrolífera). É 
possível acrescentar a Cia ao final para indicar que a sociedade tem outro ou outros 
sócios. Observe-se, contudo, que a expressão Cia no início ou no meio de um 
nome empresarial significa que se trata de sociedade anônima. 
 
 Denominação: 
 Aplicação: destinada, em regra, à sociedade que possui sócio com 
responsabilidade limitada e à EIRELI. Ex. sociedade anônima, limitada e em 
comandita por ações. 
 Composição: expressão linguística, ou seja, termos, palavras, frases, letras. Ex. Bola 
Sete buffet infantil, Nana Nenê roupas infantis, Divina Gula restaurante, etc. Na 
 
30 
denominação o ramo da atividade passa a ser obrigatório, salvo para ME e EPP. 
Como regra geral, o nome do sócio não pode estar na denominação, mas o Código 
Civil autoriza, excepcionalmente, quando for para homenagem, honraria. 
 
Em 8 de março de 2018 o Diretor do Departamento de Registro Empresarial e Integração - DREI, 
no uso das atribuições legais, publicou a Instrução Normativa DREI Nº 45 de 07/03/2018 
regulamentando o fim das designações de porte "Microempresa" ou "Empresa de Pequeno 
Porte", e suas respectivas abreviações, "ME" ou "EPP". Tais designações, constantes do nome 
empresarial das empresas optantes pelo Simples Nacional, foram introduzidas pelo art. 72 da 
Lei Complementar 123/2006 como obrigatórias, todavia, dentre as várias mudanças no sistema, 
levadas a efeito pela Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016 (art. 10, inciso V), 
houve a revogação do mencionado art. 72 e, portanto, das designações de porte 
"Microempresa" ou "Empresa de Pequeno Porte", e suas respectivas abreviações, "ME" ou 
"EPP". É importante ressaltar que tal mudança atinge apenas o nome empresarial e não o 
enquadramento de porte. 
2.2.7 Direitos decorrentes do nome empresarial 
A proteção do nome empresarial decorre da iniciativa do titular da empresa de levar seus 
atos constitutivos para o registro no órgão de Registro Público das Empresas Mercantis – a 
Junta Comercial. Isso porque o art. 33 da Lei n. 8.934/1994 determina que “a proteção ao nome 
empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma 
individual e de sociedades, ou de suas alterações”. 
Muito embora não possaser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
(INPI), órgão incumbido de conceder privilégios industriais e registros de marcas e desenhos 
 
31 
industriais. Entretanto, a própria Lei da Propriedade Industrial protege o nome contra usos 
indevidos ou imitações, dentro de sua dimensão concorrencial. 
É possível dividir as ações protetivas da tutela do nome empresarial em três categorias 
(FRANÇA; 1994:1048): 
 Reclamação, que assiste ao titular quando este “é recusado por parte de outrem”; 
 Contestação, se o nome de modo ilícito, for usado pessoalmente por parte de 
outrem”; 
 De proibição, na ocorrência de seu uso ilícito “de maneira não pessoal”. 
Na esfera administrativa, a proteção se dá por oposição ao INPI ou mediante ações de 
proibição ou indenizatórias. 
A tutela jurídica abrange, entre outros, os seguintes direitos: 
 Não pode ter seu elemento característico ou diferenciador reproduzido ou imitado 
em marcas a ponto de causar confusão ou associação indevida (art. 124, V, da Lei n. 
9.279/96). Elemento característico ou diferenciador do nome empresarial é qualquer 
parte deste capaz de causar engano no mercado consumidor. 
Karin Grau-Kuntz (1998:102-103) discute a aplicação da tutela concorrencial do nome civil: 
Se não houver confusão de identidade entre o nome civil empregado para formar a marca 
e a pessoa de um terceiro homônimo, o emprego civil na marca deverá ser suportado por 
todos os terceiros homônimos, mesmo que por uma razão qualquer tal uso não lhes seja 
agradável ou conveniente. O mesmo raciocínio se empregará nos casos em que o nome 
civil coincida com uma expressão de fantasia. Assim, o membro da família ‘Coelho’, ‘Lobo’, 
‘Leite’, ‘Café’ etc. só poderá impedir que um terceiro empregue uma dessas expressões de 
fantasia em sua marca, que por mero acaso coincidem com seu patronímico, se provar 
que aquela marca reporta à sua identidade. 
 
 Não pode ser usado indevidamente em produto destinado à venda, em exposição ou 
em estoque (art. 195, V, da Lei n. 9.279/96). 
 Na hipótese de violação por atos de concorrência desleal, cabe indenização ao seu 
titular (art. 209 da Lei n. 9.279/96). 
 
32 
 Permite ação para anulação de inscrição de nome empresarial feita com violação da 
lei ou do contrato (art. 1.167 do Código Civil). 
2.2.8 Alteração do nome empresarial 
Em decorrência dos princípios da veracidade e da novidade, a alteração das firmas torna-
se obrigatória nas seguintes situações 
 No caso de retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma 
social (art. 1.165); 
 Na alteração da categoria de sócio figurante na firma social, para as sociedades de 
capital e indústria, em comandita simples e por ações (interpretação do art. 1.157, 
parágrafo único); 
 Na alienação do estabelecimento empresarial por ato entre vivos, facultando-se, 
entretanto, se o contrato de alienação permitir, ao novo adquirente aditar o antigo 
nome ao seu, precedendo-o: “Fulano de Tal & Cia., sucessor de Primeira Firma Social”. 
 
Conforme o Superior Tribunal de Justiça, é necessário emitir nova procuração para seu 
representante na hipótese de alteração do nome empresarial. O Tribunal Superior do trabalho 
adota o mesmo entendimento, exigindo nova procuração caso, no meio de um processo, uma 
empresa modifique o nome com o qual se identifica. E isso, sob pena dos advogados ficarem 
impedidos de atuar no processo. 
 
 
33 
2.2.9 Cancelamento de nome empresarial 
As hipóteses estão no art. 1168 CC: 
 Cessar a atividade empresarial (inatividade). O empresário pode declarar na junta 
a cessação e dará baixa na empresa. Essa inatividade pode ser presumida na hipótese 
do art. 60 da lei 8934/94 – aquela que não proceder a qualquer arquivamento por 
dez anos consecutivos, deve informar à junta comercial que deseja manter-se em 
funcionamento. Na ausência dessa comunicação, ela será considerada inativa, 
promovendo, a junta, o cancelamento do registro com a perda automática da 
proteção ao nome empresarial. 
 Liquidação/dissolução da sociedade 
 Expirado o prazo de vigência da sociedade por tempo determinado 
 
 
 
 
 
 
34 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
REGRAS ESPECÍFICAS PARA FORMAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL 
TIPO EMPRESÁRIO ELEMENTOS/ACRÉSCIMOS 
FIRMA 
(individual ou 
social) 
Empresário Individual 
(art. 1.156) 
Obrigatório: nome civil completo ou 
abreviado e designação precisa (art. 1.163 – 
homônimo) 
Facultativo: designação pessoal/ramo de 
atividade 
Sociedade em Nome 
Coletivo (art. 1.157) 
Obrigatório: nome dos sócios + e/& 
Companhia (& Cia) 
Facultativo: designação do ramo de atividade 
Sociedade em Comandita 
Simples 
(art. 1.157) 
Obrigatório: nome comanditado + e/& 
Companhia (& Cia) 
Facultativo: designação do ramo de atividade 
DENOMINAÇÃO 
Sociedade Anônima 
(art. 1.160) 
Obrigatório: denominação do objeto social + 
sociedade anônima (S/A) ou companhia (Cia). 
* Vedado o uso da última ao final 
Facultativo: admitido o uso do nome do sócio 
fundador ou outrem que tenha contribuído 
para o êxito da empresa 
 
FIRMA 
Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada 
(art. 980-A, § 1º) 
Obrigatório: EIRELI ao final 
- Firma: nome do único sócio 
 
35 
OU 
DENOMINAÇÃO 
- Denominação: nome de sócio(s) ou 
expressão linguística 
Facultativo: designação do ramo de atividade 
Sociedade Limitada 
(art. 1.158) 
Obrigatório: limitada (Ltda) ao final 
- Firma: nome de um ou mais sócios + “e 
companhia” 
- Denominação: nome de sócio(s) ou expressão 
linguística + designação do objeto da 
sociedade 
Sociedade em Comandita 
por Ações (art. 1.161) 
Obrigatório: Companhia (Cia) + comandita por 
ações, após o nome dos sócios; ou & 
Comandita por ações + objeto social 
 
 
 
36 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019): Luzia Betim pretende iniciar uma sociedade empresária 
em nome próprio. Para tanto, procura assessoria jurídica quanto à necessidade de inscrição no 
Registro Empresarial para regularidade de exercício da empresa. 
Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empresário individual é 
A) dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obrigatória a partir de então. 
B) obrigatória antes do início da atividade. 
C) dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microempreendedor individual. 
D) obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno 
porte. 
 
 
Comentário: 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
Questão 2 
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar 
adotando o regime de separação de bens mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes 
é empresário individual e titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado 
 
37 
o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes providenciará o 
arquivamento e a averbação do documento 
A) no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na imprensa oficial. 
B) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais. 
C) no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa oficial. 
D) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Títulos e Documentos. 
 
 
Comentário: 
CC. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de 
Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, 
herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. 
 
Questão 3 
(FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase) Uma das obrigações 
da sociedade empresária é seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base 
na escrituraçãouniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e 
levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. A partir do exposto, 
assinale a afirmativa correta. 
A) A ausência de autenticação dos instrumentos de escrituração na Junta Comercial não impede 
que os livros da sociedade empresária sejam utilizados em juízo como prova documental a seu 
favor. 
B) Em razão da evolução tecnológica, passou a ser vedada a escrituração manual do Livro Diário, 
devendo a sociedade empresária adotar livros digitais para a escrituração de suas operações. 
C) O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa 
e indicará o ativo e o passivo distintamente. 
D) Os assentos lançados nos livros da sociedade empresária, por qualquer dos contabilistas 
encarregados de sua escrituração, não obrigam a pessoa jurídica, se tais livros não estiverem 
autenticados na Junta Comercial. 
 
38 
 
 
 
Comentário: 
A lei faculta ao empresário a utilização de escrituração mecanizada ou não (art. 1.179), não 
havendo qualquer vedação à escrituração manual do livro diário, sendo claro o comando 
do art. 1.180 nesse sentido: 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o 
lançamento do balanço patrimonial e do resultado econômico. 
 
 
Questão 4 
(FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIX - Primeira Fase) Servidor da Junta 
Comercial verificou que o requerimento de alteração contratual de uma sociedade limitada com 
vinte e dois sócios e sede no município de Solidão não foi assinado pelo administrador, mas 
por mandatário da sociedade, com poderes específicos. O requerimento foi instruído com uma 
nova versão do contrato social desacompanhada da ata da deliberação que a aprovou. O 
referido servidor determinou que fosse sanada a pretensa irregularidade. 
Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta. 
A) O servidor não agiu corretamente porque cumpre à autoridade competente, antes de efetivar 
o registro, fiscalizar apenas a observância das formalidades extrínsecas ao ato, e não 
formalidades intrínsecas relativas aos documentos apresentados; portanto, a alteração deveria 
ser arquivada. 
B) O servidor agiu corretamente porque cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o 
registro, fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos 
apresentados; havendo irregularidades, deve ser notificado o requerente para saná-las. 
 
39 
C) O servidor não agiu corretamente porque as irregularidades apresentadas no enunciado são 
insanáveis por se referirem a requisitos substanciais e de validade do documento, bem como 
de representação da pessoa jurídica. 
D) O servidor agiu corretamente porque somente o administrador, como órgão da pessoa 
jurídica, tem legitimidade para pleitear o arquivamento da alteração contratual; havendo 
irregularidades, deve ser notificado o requerente para saná-las. 
 
 
Comentário: 
O servidor agiu respaldado pela seguinte norma do Código Civil: 
Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a 
autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a 
observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos 
apresentados. 
Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que, 
se for o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei. 
 
Questão 5 
(FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase) Luzia Betim pretende 
iniciar uma sociedade empresária em nome próprio. Para tanto, procura assessoria jurídica 
quanto à necessidade de inscrição no Registro Empresarial para regularidade de exercício da 
empresa. Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empresário individual 
é 
A) dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obrigatória a partir de então. 
B) obrigatória antes do início da atividade. 
C) dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microempreendedor individual. 
D) obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno 
porte. 
 
 
 
40 
 
Comentário: 
O examinador tentou confundir o candidato ao tratar especificamente do empresário 
individual. Contudo, o empresário individual se enquadra na descrição do art. 966 do 
Código Civil, devendo a ele ser aplicado o dispositivo abaixo: 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
 
Questão 6 
(CESPE – TJ-AM/2016) Em observância ao princípio da veracidade, o nome do sócio que falecer 
não pode ser conservado na firma social. 
 
 
Comentário: 
O princípio da veracidade ou da autenticidade impõe que a firma individual ou social seja 
composta a partir do nome do empresário ou dos sócios, respectivamente. Tanto na firma 
individual, como na firma social, só poderá ser utilizado o nome daqueles que são 
realmente sócios, ou daquele que realmente é o empresário. O nome tem que ser 
verdadeiro. O nome empresarial também deve ser atual, de modo que o nome de sócio 
que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social (art. 
1.165, CC). 
 
 
Questão 7 
(CESPE – TJ-PR/2017) Para instituir sucursal em lugar sujeito à competência de outro registro 
público de empresas mercantis, bastará ao empresário averbar a constituição do 
estabelecimento secundário no registro público de empresas mercantis da respectiva sede. 
 
41 
 
 
Comentário: 
A assertiva contraria o seguinte dispositivo do Código Civil 
Art. 969, CC. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à 
jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também 
inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário 
deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
 
Questão 8 
(COPEVE-UFAL - 2019 - Prefeitura de Porto Calvo - AL - Procurador Jurídico) Dadas as 
afirmativas sobre o registro público de empresas mercantis e atividades afins, conforme a Lei nº 
8.934/94, 
I. O registro público de empresas mercantis e atividades afins será exercido em todo o território 
nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais. 
II. Uma das finalidades do registro público de empresa é dar garantia, publicidade, autenticidade, 
segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis. 
III. O registro público serve para cadastrar tanto as empresas nacionais como as estrangeiras em 
funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes. 
IV. Através do registro público, é possível proceder à matrícula dos agentes auxiliares do 
comércio, bem como ao seu cancelamento. 
Verifica-se que estão corretas 
A) I e II, apenas. 
B) I e III, apenas. 
C) II e IV, apenas. 
D) III e IV, apenas. 
E) I, II, III e IV. 
 
 
 
42 
 
Comentário: 
Todas as alternativas podem ser analisadas com base no texto do art. 980-A do Código 
Civil de 2002, sendo verdadeira apenas a letra B: 
Lei 8.934/94 
 
Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, observado o 
disposto nesta Lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por 
órgãos federais, estaduais e distrital, com as seguintes finalidades: 
I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; 
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informaçõespertinentes; 
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu 
cancelamento. 
 
 
Questão 9 
(CESPE – AGU – Advogado da União – 2015) Acerca dos impedimentos, direitos e deveres do 
empresário, julgue o item que se segue de acordo com a legislação vigente. Os livros mercantis 
são equiparados a documento público para fins penais, sendo tipificada como crime a 
falsificação, no todo ou em parte, de escrituração comercial. 
 
 
Comentário: 
É o que dispõe o art. 297 do Código Penal: 
 
Código Penal 
 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento 
público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (...) 
 § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade 
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade 
comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
 
 
43 
 
 
GABARITO 
 
Questão 1 - B 
Questão 2 - B 
Questão 3 - C 
Questão 4 - B 
Questão 5 - B 
Questão 6 - Correta 
Questão 7 - Errada 
Questão 8 - E 
Questão 9 - Correta 
 
 
 
44 
QUESTÃO DESAFIO 
A inscrição na Junta Comercial antes de iniciar a atividade é 
requisito para a caracterização do empresário? Qual a consequência 
caso se inicie a atividade sem que seja feita a referida inscrição? 
Responda em até 5 linhas 
 
 
 
45 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO 
Não. É requisito para a regularidade do empresário individual. A consequência é que apesar 
de se submeter a regras do regime jurídico empresarial, sofrerá algumas restrições, como 
por exemplo não poder requerer recuperação judicial. 
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: 
 Não 
De acordo com o artigo 967 do Código Civil “é obrigatória a inscrição do empresário no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, ante do início de sua atividade”. Acerca desse 
tema, André Luiz Santa Cruz Ramos (Direito Empresarial Esquematizado, 2012, 2ª ed., p. 63) 
ensina que: “Saliente-se, porém, que o registro na Junta Comercial embora seja uma formalidade 
legal imposta pela lei a todo e qualquer empresário individual ou sociedade empresária – com 
exceção daqueles que exercem atividade econômica rural (arts. 971 e 984) – não é requisito 
para a caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico 
empresarial nem fará com que eles não sejam considerados, respectivamente, empresário 
individual e sociedade empresária. 
 Empresário Irregular 
Ressalte-se que o Enunciado 199 do CJF dispõe que: “A inscrição do empresário ou sociedade 
empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não de sua caracterização.” Esclarece, 
ainda, o referido doutrinador que: “ Sendo assim, se alguém começar a exercer profissionalmente 
atividade econômica organizada de produção ou circulação de bens e serviços, mas não se 
registrar na Junta Comercial, será considerado empresário e se submeterá às regras do regime 
jurídico empresarial, embora esteja irregular, sofrendo, por isso, algumas consequências (por 
exemplo, a impossibilidade de requerer recuperação judicial – art. 48 da Lei 11.101/2005)”. Assim, 
verifica-se que o registro na Junta Comercial não é um requisito para a caracterização do 
empresário, sendo que, caso ocorra o início de suas atividades sem esse registro, a consequência 
será a sua irregularidade. 
 
 
46 
 
 
LEGISLAÇÃO COMPILADA 
Teoria Geral do Direito Empresarial: 
 CC/02: arts. 1.155-1.195 
Empresário 
 Enunciado 1, CJF 
Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não implica a anulação do 
respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo. 
 Enunciado 2, CJF 
A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou diferenciador de nome 
empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser 
interpretada restritivamente e em consonância com o art. 1.166 do Código Civil 
 Súmula 363, STF 
A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se 
praticou o ato. 
 Súmula 439, STF 
Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos 
objeto da investigação. 
 Súmula 260, STF 
O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado as transações entre os litigantes. 
 
 
 
 
47 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Registro Empresarial 
 STJ. CC 119.576-BA, Terceira Seção, DJe 21.6.2012; CC 81.261-BA, Terceira Secão, DJe 16.3.2009. 
CC 130.516-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/2/2014. 
Compete à Justiça Estadual processar e julgar a suposta prática de delito de falsidade ideológica praticado contra 
Junta Comercial. O art. 6º da Lei 8.934/1994 prescreve que as Juntas Comerciais subordinam-se administrativamente 
ao governo da unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do 
Comércio, órgão federal. Ao interpretar esse dispositivo legal, a jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento 
de que, para se firmar a competência para processamento de demandas que envolvem Junta Comercial de um 
estado, é necessário verificar a existência de ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União, conforme 
determina o art. 109, IV, da CF. Caso não ocorra essa ofensa, como na hipótese em análise, deve-se reconhecer a 
competência da Justiça Estadual. 
 STJ. REsp 1.393.724/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, Segunda Seção, j. 28.10.2015, DJe 04.12.2015. 
Exigência, por Junta Comercial, de certidões negativas tributárias como condição para o arquivamento de ato de 
transformação de sociedade simples em sociedade empresária. Antinomia jurídica entre a Lei 8.934/94, ao regular 
o registro público de empresas mercantis e atividades afins, e leis tributárias específicas anteriores. Possibilidade 
de aplicação do critério cronológico ou do critério da especialidade, caracterizando um conflito qualificado como 
“antinomia de segundo grau”. Prevalência excepcional do critério cronológico. Precedente da Terceira Turma. 5. 
Derrogação tácita dos dispositivos de leis tributárias anteriores que condicionavam o ato de arquivamento na Junta 
Comercial à apresentação de certidão negativa de débitos. 6. Interpretação condizente com o princípio 
constitucional da livre-iniciativa. 
 STJ. REsp 1.103.009/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1.ª Seção, j. 09.12.2009, DJe 01.02.2010 
A inscrição e modificação dos dados no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ devem ser garantidas a 
todas as empresas legalmente constituídas, mediante o arquivamento de seus estatutos e suas alterações na Junta 
Comercial Estadual, sem a imposição de restrições infralegais, que obstaculizem o exercício da livre-iniciativa e 
desenvolvimento pleno de suas atividades econômicas. A Lei n.º 5.614/70, que versa sobre o cadastro federal de 
 
48 
contribuintes, outorgou ao Ministro da Fazenda o dever de regular o instrumento de registro, para dotar o sistema 
de normas procedimentais para viabilizar a inscrição e atualização dos dados, sem permitir que imposições 
limitadoras da livre-iniciativa restassem veiculadas sob o jugo da mencionada lei. As turmas da Primeira Seção 
desta Corte já assentaram que é ilegítima a criação de empecilhos, mediante norma infralegal, para a inscrição e 
alteração dos dados cadastrais no CNPJ. Precedentes: REsp. 760.320/RS, DJU 01.02.07; REsp. 662.972/RS, DJU 
05.10.06; REsp. 411.949/PR, DJU 14.08.06; REsp. 529.311/RS, DJU 13.10.03 e; RMS 8.880/CE, DJU 08.02.00. 4. 
Conforme cediço, “o sócio de empresa que está inadimplente não pode servir de empecilho para a inscrição de 
nova empresa pelo só motivo de nele figuraro remisso como integrante” 
 STJ. REsp 678.405/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, j. 16.03.2006, DJ 10.04.2006. 
A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência da Justiça Federal, nos processos 
em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato 
praticado pelo órgão, bem como nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do 
artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada. 2. Em casos em que particulares litigam 
acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência 
da justiça comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários, almejada 
pelos sócios litigantes, produziria apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente 
não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração 
e, consequentemente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa. 
 STJ. REsp 1.743.088-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/03/2019, DJe 22/03/2019 
O registro do título translativo no Cartório Registro de Imóveis, como condição imprescindível à transferência de 
propriedade de bem imóvel entre vivos, propugnada pela lei civil, não se confunde, tampouco pode ser substituído 
para esse efeito, pelo registro do contrato social na Junta Comercial. A questão controvertida está em saber se a 
constituição de sociedade empresarial, registrada em Junta Comercial, com a estipulação de integralização do 
capital social por meio de imóveis, indicados pelo sócio, é suficiente para operar a transferência da propriedade. 
Assinala-se, inicialmente, que o estabelecimento do capital social — assim compreendido como os recursos a serem 
expendidos pelos sócios para a formação do primeiro patrimônio social, necessários para a constituição da 
sociedade —, e o modo pelo qual se dará a sua integralização, consubstanciam elementos essenciais à confecção 
do contrato social (art. 997, III e IV, do Código Civil). A integralização do capital social da empresa, ademais, pode 
se dar por meio da realização de dinheiro ou bens — móveis ou imóveis —, havendo de se observar, 
necessariamente, o modo pelo qual se dá a transferência de titularidade de cada qual. Em se tratando de imóvel, 
a incorporação do bem à sociedade empresarial haverá de observar, detidamente, os ditames do art. 1.245 do 
Código Civil, que dispõe: transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro 
de Imóveis. Nesse sentido, já se pode antever que o registro do título translativo no Registro de Imóveis, como 
condição imprescindível à transferência de propriedade de bem imóvel entre vivos, propugnada pela lei civil, não 
se confunde, tampouco pode ser substituído para esse efeito, pelo registro do contrato social na Junta Comercial. 
 
49 
De fato, a inscrição do contrato social no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comercias, 
destina-se, primordialmente, à constituição formal da sociedade empresarial, conferindo-se-lhe personalidade 
jurídica própria, absolutamente distinta dos sócios dela integrantes. Explicitado, nesses termos, as finalidades dos 
registros em comento, pode-se concluir que o contrato social, que estabelece a integralização do capital social por 
meio de imóvel indicado pelo sócio, devidamente inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis, não promove 
a incorporação do bem à sociedade; constitui, sim, título translativo hábil para proceder à transferência da 
propriedade, mediante registro, perante o Cartório de Registro de Imóveis em que se encontra registrada a 
matrícula do imóvel. Portanto, enquanto não operado o registro do título translativo — no caso, o contrato social 
registrado perante a Junta Comercial — no Cartório de Registro de Imóveis, o bem, objeto de integralização, não 
compõe o patrimônio da sociedade empresarial. 
 STJ. REsp 1.393.724-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 28/10/2015, DJe 4/12/2015. 
Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual, a fim de promover a transformação de sociedade 
civil em empresária, não é exigível a apresentação de certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União, 
exigindo-se, contudo, certidão negativa de débito com o INSS. Realmente, o Decreto-Lei n. 1.715/1979 e a Lei n. 
8.036/1990 exigem, para o registro e o arquivamento de alteração contratual como a aqui analisada, a apresentação 
de certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União. Ocorre que a Lei n. 8.934/1994 - que entrou em 
vigor posteriormente a esses mencionados diplomas normativos - estabeleceu, no parágrafo único do seu art. 37, 
que, para instruir os pedidos de arquivamento, além dos referidos nesse artigo (dentre os quais não constam 
certidões negativas de débitos com o FGTS ou com a União), "nenhum outro documento será exigido das firmas 
individuais e sociedades referidas nas alíneas a, b e d do inciso II do art. 32". Nesse contexto, a Terceira Turma, no 
REsp 1.290.954-SC (DJe 25/2/2014), firmou entendimento no sentido de que Lei n. 8.934/1994 derrogou os 
dispositivos de leis anteriores que estabeleciam outras exigências para o arquivamento de atos societários nas 
Juntas Comerciais. No referido julgado, confrontou-se a Lei n. 8.934/1994 com as leis tributárias anteriores, 
identificando-se uma antinomia de segundo grau, em que há conflito entre os critérios cronológico e da 
especialidade. Concluiu-se, então, que há de prevalecer o critério cronológico, pois o enunciado normativo "nenhum 
outro documento será exigido", contido na Lei n. 8.934/1994, tem conteúdo nitidamente derrogatório, excluindo a 
possibilidade de subsistirem leis anteriores em sentido contrário. Portanto, não mais subsistem as exigências de 
certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União, porque previstas em leis anteriores (Decreto-Lei n. 
1.715/1979 e Lei n. 8.036/1990). Prevalece, apenas, a exigência de certidão negativa do INSS, pois inserida na Lei 
n. 8.212/1991 por força da Lei n. 9.032/1995, que é posterior à Lei n. 8.934/1994. Além disso, cabe ressaltar que, 
de fato, o parágrafo único do art. 34 do Decreto n. 1.800/1996 afirma que, obrigatoriamente, para instruir os 
pedidos de arquivamento, "Nenhum outro documento, além dos referidos neste Regulamento, será exigido das 
firmas mercantis individuais e sociedades mercantis, salvo expressa determinação legal, reputando-se como 
verdadeiras, até prova em contrário, as declarações feitas perante os órgãos do Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins". Percebe-se, desse modo, que o Decreto foi bastante claro, diversamente da lei, 
 
50 
quanto à possibilidade de se exigirem outros documentos por determinação legal. Deve-se indagar, entretanto, se 
o Decreto extrapolou as balizas da Lei. Ademais, uma interpretação sistemática dos arts. 32 da Lei n. 8.934/1994 e 
11 da LC n. 123/2006 poderia conduzir ao entendimento de que não teria havido derrogação de dispositivos de 
leis anteriores à Lei n. 8.934/1994. Todavia, o entendimento do aludido REsp 1.290.954-SC, da Terceira Turma do 
STJ, deve ser reafirmado. Isso porque a interpretação da lei deve privilegiar o sentido que mais se harmoniza com 
os princípios constitucionais, pois estes se encontram no vértice da pirâmide normativa, de onde emanam normas 
fundamentais que se irradiam por todo ordenamento jurídico, alcançando inclusive as relações jurídicas de direito 
privado. Com esse entendimento, a interpretação do caso em análise deve ser conduzida pelos princípios 
fundamentais da ordem econômica, especialmente o da livre iniciativa, previsto no art. 170 da CF. Sob a ótica da 
livre iniciativa, o Estado deve respeitara autonomia de vontade dos sócios de uma sociedade, não podendo impedir 
que estes criem, modifiquem ou extingam sociedades empresárias, salvo nos casos expressamente previstos em lei. 
A regra no direito brasileiro, portanto, é a livre iniciativa e a autonomia da vontade dos sócios, sendo exceção a 
interferência estatal. Nesse passo, verifica-se que a norma do art. 37 da Lei n. 8.934/1994, ao impor exigências para 
a concretização da vontade dos sócios, apresenta natureza excepcional num sistema jurídico regido pela livre 
iniciativa, devendo, pois, receber interpretação restritiva. Desse modo, o trecho "nenhum outro documento será 
exigido" (art. 37, parágrafo único, da Lei n. 8.934/1994) não pode receber interpretação extensiva, para que se 
admitam outras restrições à autonomia de vontade dos sócios, previstas em leis anteriores. De mais a mais, ressalte-
se que, além de a dispensa de certidões negativas não alterar em nada o crédito tributário - que permanece ativo, 
podendo ser redirecionado contra a nova sociedade (que surgiu por transformação da sociedade simples em 
sociedade empresária), conforme o disposto no art. 132 do CTN -, a Fazenda, nos casos excepcionais em que a 
transformação societária seja implementada com o objetivo deliberado de frustrar a satisfação do crédito tributário, 
poderá se valer da desconsideração da personalidade jurídica ou da cautelar fiscal para proteger seus interesses. 
Nome Empresarial 
 STJ. REsp 1.804.960-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por maioria, julgado em 
24/09/2019, DJe 02/10/2019 
O registro de uma expressão como marca, ainda que de alto renome, não afasta a possibilidade de utilizá-la no 
nome de um empreendimento imobiliário. A marca é um sinal distintivo que tem por funções principais identificar 
a origem e distinguir produtos ou serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins. Os nomes atribuídos aos 
edifícios e empreendimentos imobiliários não gozam de exclusividade, sendo comum receberem idêntica 
denominação. Estes nomes, portanto, não qualificam produtos ou serviços, apenas conferem uma denominação 
para o fim de individualizar o bem, sendo assim de livre atribuição pelos seus titulares e não requer criatividade 
ou capacidade inventiva. Dessa forma, o registro de uma expressão como marca, ainda que de alto renome, não 
afasta a possibilidade de utilizá-la no nome de um edifício. A exclusividade conferida pelo direito marcário se limita 
às atividades empresariais, sem atingir os atos da vida civil. 
 
51 
 STJ. REsp 1.420.396-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 19/09/2017, DJe 
29/09/2017 
A controvérsia jurídica está em definir se os Conselhos Regionais de Contabilidade, no exercício de seu poder de 
polícia, detêm ou não a prerrogativa de fiscalizar a atuação de seus associados, sobretudo mediante o exame dos 
livros e documentos contábeis de sua clientela, bem assim, se tal agir configuraria violação à garantia da privacidade 
e do sigilo profissional. Conforme se depreende do art. 1.190 do Código Civil, apenas nos casos previstos em lei 
poderá a autoridade, juiz ou tribunal requisitar livros e fichas contábeis do empresário ou sociedade empresária 
para verificar a observância das formalidades legais. Na hipótese, o Presidente do Conselho Regional de 
Contabilidade, autoridade administrativa que é, possui ostensivo respaldo em lei para o exercício da atividade 
fiscalizatória sob crítica. De fato, tal licença fiscalizatória advém do Decreto-Lei n. 9.295/46, que criou o Conselho 
Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade. Já no art. 2º desse diploma vem assinalado 
que "A fiscalização do exercício da profissão contábil, assim entendendo-se os profissionais habilitados como 
contadores e técnicos em contabilidade, será exercida pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelos Conselhos 
Regionais de Contabilidade a que se refere o art. 1º". No mesmo diapasão, seu art. 10, letra "c", preconiza ser 
atribuição dos Conselhos Regionais "fiscalizar o exercício das profissões de contador e guarda-livros, impedindo e 
punindo as infrações, e bem assim, enviando às autoridades competentes minuciosos e documentados relatórios 
sobre fatos que apurem, e cuja solução ou repressão não seja de sua alçada". Dessa forma, como de fato existe 
previsão legal específica para o exercício fiscalizatório pelos Conselhos de Contabilidade, pode-se concluir que a 
salvaguarda empresarial prevista no reportado art. 1.190 do Código Civil está sendo respeitada. Por fim, assevera-
se que a fiscalização exercida tem por foco central verificar, não o mérito em si, mas os aspectos relacionados à 
forma, ou seja, atestar se o profissional da contabilidade, na sua rotina de trabalho, observa as normas técnicas 
concernentes à atividade contábil. Sendo esse o propósito primeiro da fiscalização desenvolvida pela entidade 
classista, não se antevê afronta à privacidade e ao sigilo profissional dos escritórios fiscalizados e da escrituração 
contábil de seus clientes. 
 STJ. REsp 1184867/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
15/05/2014, DJe 06/06/2014 
Com fundamento no princípio da territorialidade, a simples preexistência do registro do nome empresarial em Junta 
Comercial do Estado não lhe confere proteção, em âmbito nacional, em face de marca ulteriormente registrada no 
INPI. Para que a reprodução ou imitação de nome empresarial de terceiro constitua óbice a registro de marca, à 
luz do princípio da territorialidade, faz-se necessário que a proteção ao nome empresarial não goze de tutela 
restrita a um Estado, mas detenha a exclusividade sobre o uso em todo o território nacional. Porém, é incontroverso 
da moldura fática que o registro dos atos constitutivos da autora foi feito apenas na Junta Comercial de 
Blumenau/SC. A Convenção da União de Paris de 1883 - CUP deu origem ao sistema internacional de propriedade 
industrial com o objetivo de harmonizar o sistema protetivo relativo ao tema nos países signatários, do qual faz 
parte o Brasil (). É verdade que o art. 8º da dita Convenção estabelece que "O nome comercial será protegido em 
todos os países da União, sem obrigação de depósito ou de registro, quer faça ou não parte de uma marca de 
 
52 
fábrica ou de comércio." Não obstante, o escopo desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial 
de determinada sociedade em país diverso do de sua origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país natal, 
onde deve-se atentar às leis locais. O artigo 124, XIX, da Lei da Propriedade Industrial veda o registro de marca 
que reproduza outra preexistente, ainda que em parte e com acréscimo "suscetível de causar confusão ou 
associação com marca alheia". Sob o enfoque pelo ângulo do direito marcário, a possibilidade de confusão e/ou 
associação entre as marcas é notória, por possuírem identidade fonética e escrita quanto ao elemento nominativo 
e ambas se destinarem ao segmento mercadológico médico. Assim, é inviável admitir a coexistência de tais marcas. 
Logo, a simples preexistência do registro do nome empresarial em Junta Comercial do Estado não lhe confere 
proteção, em âmbito nacional, em face de marca ulteriormente registrada no INPI 
 
 
53 
ESTUDO COMPLEMENTAR 
 
 
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54 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2019. 
FAZZIO JUNIOR, WALDO. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2019. 
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2019. 
PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São Paulo: Editora 
JusPodivm, 2019. 
PENANTE JR, Francisco. LAURINDO, Felipe. Prática empresarial. Recife: Armador, 2019. 
 
 
Capítulo 3
MAT
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AR
 
1 
SUMÁRIO 
CAPÍTULOS .............................................................................................................. Error! Bookmark not defined. 
DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................................................... 3 
3. Da Sociedade ............................................................................................................................................................. 3 
3.1 Disposições Gerais ...................................................................................................................................... 3 
3.2 Da sociedade não personificada ............................................................................................................. 4 
3.3 Da sociedade comum ................................................................................................................................ 4 
3.4 Da sociedade em conta de participação ............................................................................................... 5 
3.5 Da sociedade personificada ..................................................................................................................... 6 
3.6 Desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária ......................................... 10 
3.7 Da distinção entre sociedade empresária e não empresária .......................................................... 12 
3.8 Da classificação das sociedades ............................................................................................................ 14 
3.9 Das sociedades de pessoas .................................................................................................................... 15 
3.10 Da sociedade simples .............................................................................................................................. 16 
3.11 Da sociedade limitada ............................................................................................................................. 21 
3.12 Da sociedade anônima ............................................................................................................................ 28 
QUESTÕES .......................................................................................................................................................................... 47 
GABARITO COMENTADO........................................................................................................................................... 58 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 61 
LEGISLAÇÃO COMPILADA ......................................................................................................................................... 64 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................. 66 
 
 
 
2 
 
E ai, OABeiro! Tudo certinho? 
A apostila de número 03 do nosso curso de Direito Empresarial tratará sobre Sociedades 
Empresárias, matéria que já foi objeto de perguntas no Exame de Ordem ao decorrer desses 
anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 14 VEZES 
nos últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de altíssima relevância. 
Aqui vai uma dica: Dê uma atençãozinha a mais aos assuntos de Sociedade limitada e 
Sociedade Anônima. Estes temas foram mais abordados no Exame de Ordem! 😉 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei 
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
 
3 
DIREITO EMPRESARIAL 
Capítulo 3 
Neste capítulo estudaremos o direito societário, a fim de compreender a sistemática do 
regime jurídico das sociedades empresárias no Brasil. Este tema abrange assuntos de incidência 
altíssima no Exame da Ordem, em especial as regras gerais sobre as sociedades. 
3. Da Sociedade 
3.1 Disposições Gerais 
As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado, nos termos do art. 44, II, do Código 
Civil. Dependendo do seu objeto, podem ser simples, quando tem por fim o exercício de 
atividade civil, ou empresária, quando se destinam ao desenvolvimento de atividade empresarial. 
A diferença entre sociedade simples e empresária está no modo de exploração de seu 
objeto social. Se essa exploração for feita mediante a organização dos fatores de produção 
(capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia), nos moldes do art. 966 do Código Civil, será 
empresária. Se feita sem essa organização, será considerada simples. Os serviços antes estavam 
ligados à sociedade civil, que não se sujeitava à falência; atualmente, como os serviços também 
são prestados por sociedades empresárias, é cabível a falência. 
Contudo, é importante observar, desde já, que as regras das sociedades simples são 
aplicadas subsidiariamente às normas que regem as sociedades empresárias. Logo, sempre que 
ausente disposição normativa sobre estas, aplicar-se-ão os preceitos que regem aquelas, 
contanto que compatíveis com o regime jurídico empresarial. 
Conforme art. 981 do Código Civil, celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha dos resultados entre si. 
 
4 
As pessoas que compõem a sociedade, em regra, podem ser físicas ou jurídicas, elas 
podem contribuir com bens ou serviços e a atividade a ser desenvolvida pode estar restrita à 
realização de um ou mais negócios (art. 981, parágrafo único, CC/02). 
3.2 Da sociedade não personificada 
As sociedades podem ter ou não personalidade jurídica. As sociedades sem personalidade 
jurídica (sociedades não personificadas) são aquelas que, apesar de já desenvolverem atividade 
econômica organizada, não tiveram seus atos constitutivos registrados. Essas sociedades 
podem exercer atividades empresariais ou civis. 
As sociedades sem personalidade jurídica, que podem ser sociedade em comum ou 
sociedade em conta de participação, são representadas em juízo pela pessoa a que couber a 
administração de seus bens (art. 75, inciso IX, do Código de Processo Civil). 
3.3 Da sociedade comum 
É a sociedade que não possui ato constitutivo devidamente registrado. A sociedade 
será em comum enquanto o ato constitutivo não for arquivado, exceto em relação às sociedades 
por ações que estão em fase de organização (que são sempre sociedades empresárias, mesmo 
que o ato constitutivo ainda não tenha sido arquivado). Aplicam-se às sociedades em comum, 
de modo subsidiário, a disciplina das sociedades simples. A doutrina considera sociedade em 
comum irregular aquela que o ato constitutivo não foi levado a registro e sociedade em 
comumde fato a que sequer conta com ato constitutivo. 
A prova da existência da sociedade por terceiros, se dá de qualquer modo, mas entre os 
sócios entre si ou com os terceiros se dá apenas por meio documental. 
O patrimônio especial da sociedade em comum é o conjunto de bens afetados ao 
exercício da atividade, do qual são titulares todos os sócios. 
Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, 
salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o 
conheça ou deva conhecer. 
Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído 
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. 
 
 
5 
3.4 Da sociedade em conta de participação 
Ainda que registrada, permanece se personalidade jurídica. Diante de sua natureza 
secreta, nunca possuirá nome empresarial. Aplicam-se subsidiariamente as regras das sociedades 
simples. 
Sócio ostensivo aporta capital e administra. O Sócio participante somente aporta 
capital, permanecendo oculto. Responderão frente a terceiros apenas os sócios ostensivos, 
respondendo os sócios participantes se praticarem ato de gestão. 
A sociedade em conta de participação não pode ser declarada falida, sem embargo, os 
sócios ostensivos e participantes podem falir. 
Despersonificada que é, a sociedade em conta de participação não possui autonomia 
patrimonial. Interessante notar que, ainda que conte com um ato constitutivo e este seja levado 
a registro, ainda assim não irá contar com personalidade jurídica. O registro da sociedade em 
conta de participação terá o condão de, unicamente, formalizar a sua constituição e dirimir 
eventuais dúvidas em relação ao conteúdo da convenção social. 
Ademais, a existência de um contrato social da sociedade em conta de participação 
produzirá efeitos unicamente entre os seus signatários. 
A sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade para sua 
constituição, bastando a existência da affectio societatis (vontade de formar sociedade), 
podendo provar-se por todos os meios de direito. 
A sociedade em conta de participação é integrada por duas classes de sócios: a dos sócios 
ostensivos e dos sócios participantes (ou ocultos), podendo ser constituída por pessoa jurídica. 
Na conta de participação, o sócio ostensivo é o empreendedor que entra com capital e 
capacidade laboral, enquanto o sócio participante tem atuação restrita à entrega do capital 
para a consecução do fim social, participando ao final dos resultados correspondentes. 
Desse modo, a partir da contribuição das duas classes de sócios, forma-se o patrimônio 
especial da sociedade, que é exatamente o fundo social constituído para o desenvolvimento da 
atividade. 
Em matéria de responsabilidade pelos negócios jurídicos da sociedade, obriga-se perante 
terceiros tão somente o sócio ostensivo e, exclusivamente perante este, o sócio participante 
(limitada ou ilimitadamente, dependendo do que dispuser a convenção). Isto porque, 
considerando não estarem dotadas de personalidade jurídica, as sociedades em conta de 
 
6 
participação não podem assumir obrigações em nome próprio, exercendo unicamente o sócio 
ostensivo (em seu nome individual), a atividade constitutiva do objeto social, respondendo 
direta e ilimitadamente pelas obrigações sociais (apenas os sócios ostensivos podem exercer 
a atividade constitutiva do objeto social). Sem embargo, se porventura houver participação 
conjunta de sócios ostensivos e participantes na celebração de negócios, todos serão 
solidariamente responsáveis perante o terceiro com quem efetivaram contrato em nome da 
sociedade. 
Ainda que investido de poder para condução da sociedade, ao sócio ostensivo é vedado 
admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais, salvo disposição em contrário. 
Enquanto a sua liquidação, rege-se sociedade em conta de participação pelas normas 
relativas à prestação de contas. 
No que concerne à falência, cumpre destacar que, uma vez decretada a falência de sócio 
ostensivo, haverá a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo 
constituirá crédito quirografário. Por outro lado, na hipótese de falência de sócio participante, o 
contrato social ficará sujeito às normas que regulem os efeitos da falência nos contratos 
bilaterais do falido. 
 
A sociedade em conta de participação, ainda que tenha seu ato constitutivo levado a registro, 
não terá personalidade jurídica (art. 993 do Código Civil). 
3.5 Da sociedade personificada 
As sociedades dotadas de personalidade jurídica (sociedades personificadas) são aquelas 
cujos atos constitutivos foram objeto de registro nos órgãos competentes e, por força de lei, 
são consideradas pessoas jurídicas. A sociedade existe desde o momento em que há o acordo 
de vontades, mas a personalidade jurídica é adquirida apenas com o registro dos atos 
constitutivos da sociedade no respectivo órgão. 
 
7 
Como supedâneo da personalidade jurídica que possuem, à sociedade são atribuídas as 
autonomias negocial (capacidade da sociedade para, em nome próprio, celebrar os negócios 
jurídicos necessários ao desenvolvimento de seu objeto social), processual (capacidade da 
sociedade para, em nome próprio, defender seus interesses em juízo) e patrimonial (capacidade 
da sociedade para, em nome próprio, ser titular de patrimônio. Permite a separação entre o 
patrimônio da sociedade e o patrimônio pessoal dos sócios). 
 
A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e 
seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, 
pode, preenchidos os requisitos legais, requerer a inscrição na Junta Comercial. Depois de 
inscrita, a sociedade será equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Se a 
sociedade em comento já estiver constituída, o pedido de registro estará subordinado às 
regras de transformação (art. 984 do CC/02). Nesse sentido, importante frisar que esse registro 
é facultativo; uma vez feito, equipara-se a sociedade a sociedade empresária para fins legais. 
Oportunamente, frise-se três espécies de sociedades personificadas previstas no CC/02. 
I. Sociedade em nome coletivo: 
A sociedade em nome coletivo é regida de forma direta pelo Código Civil (art. 1.039 ao 
1.044), aplicando-se subsidiariamente as normas da sociedade simples (art. 997 ao 1.038). Trata-
se de sociedade de pessoas. 
A sociedade em análise é personificada e formada exclusivamente por pessoas físicas, 
tendo como ato constitutivo um contrato social. 
Todos os sócios respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. Sem 
prejudicar a responsabilidade perante terceiros, os sócios podem, no ato constitutivo ou por 
convenção posterior unânime, limitar entre si a responsabilidade cada um (art. 1.039 do CC/02). 
Essa possibilidade de limitar a responsabilidade por disposição contratual só produz efeitos 
entre os sócios. 
 
 
8 
Em razão da inconteste existência de responsabilidade ilimitada dos sócios, o Código Civil 
estabelece que o credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, 
pretender a liquidação de quota do devedor. O Diploma salienta que o credor particular só 
poderá fazê-lo quando a sociedade tiver sido prorrogada tacitamente e quando, diante de 
prorrogação contratual, haja acolhimento judicial da oposição do credor, que deve ser levantada 
no prazo de noventa dias contado da publicação do ato dilatório (art. 1.043 do CC/02). 
A administração da sociedade em nome coletivo pode ser exercida apenas por quem for 
sócio. 
No caso de falecimento de sócio, se o contrato social da sociedade não dispuser a 
respeito, opera-se a liquidação das quotas do de cujus. Para que os sucessores do sócio falecido 
possam ingressar na sociedade, ainda que contra a vontade dos sobreviventes, será 
indispensávelexpressa previsão no contrato social. 
II. Sociedade em comandita simples: 
A sociedade em comandita simples é regida pelo Código Civil (art. 1.045 ao 1.051), 
aplicando-se subsidiariamente as normas da sociedade em nome coletivo (1.039 ao 1.044). 
Também consubstancia sociedade de pessoas. 
Trata-se de uma sociedade personificada, que tem como ato constitutivo um contrato 
social, sendo formada por duas classes de sócios: a dos sócios comanditados (que respondem 
ilimitadamente pelas obrigações sociais) e a dos sócios comanditários (que respondem 
limitadamente pelas obrigações sociais). 
Os sócios comanditados devem ser pessoas físicas, entrando com trabalho e capital, 
assumindo a administração da sociedade e, portanto, respondendo de forma ilimitada pelas 
obrigações sociais. Os sócios comanditários, por sua vez, podem ser pessoas físicas ou 
jurídicas, não exercendo função de administração e, portanto, respondendo apenas pela 
integralização das quotas adquiridas (ou seja, de forma limitada). 
 
 
 
9 
 
Apenas os sócios comanditados podem ser administradores das sociedades em comandita 
simples. Não obstante, os sócios comanditários poderão receber poderes especiais por meio 
de procuração para a realização de negócios determinados. 
Conta com o benefício de ordem (art. 1.024, CC), respondendo em primeira mão, o 
patrimônio social. Caso este não seja suficiente para satisfazer as obrigações assumidas, poderá 
ser acionado o patrimônio pessoal dos sócios comanditários, de forma ilimitada. Os sócios 
comanditários são responsáveis apenas pelo valor das suas quotas. 
Da mesma forma que os sócios comanditados, os sócios comanditários têm o direito de 
participar da distribuição dos lucros da sociedade, na medida de suas respectivas quotas. Têm, 
ainda, o direito de participar das deliberações da sociedade, assim como o direito de fiscalizar 
a sua administração. 
No caso de falecimento de um sócio comanditado, dar-se-á a dissolução parcial da 
sociedade, salvo previsão no contrato social que autorize o ingresso de sucessores. No caso de 
falecimento de um sócio comanditário, em princípio, não haverá dissolução (art. 1.050, CC). 
III. Sociedade em comandita por ações: 
A sociedade em comandita por ações é regida pela Lei 6.404/76 (art. 280 a art. 284) e 
pelos arts. 1.090 a 1.092 do Código Civil. 
Trata-se de uma sociedade empresária personificada, com capital social dividido em 
ações. É uma sociedade de capital, sendo livre o ingresso de terceiros estranhos ao seu 
quadro social. Portanto, há livre circulação de ações. 
Tem como ato constitutivo um estatuto social, sendo formada por duas classes de sócios. 
Os sócios diretores são os que exercem cargo de administração, respondendo de forma 
subsidiária (dado o benefício de ordem) e ilimitada pelas obrigações sociais, e os sócios 
 
 
 
 
 
10 
comuns, que não exercem cargo de administração e respondem de forma limitada pelas 
obrigações sociais. 
Somente sócio ou acionista podem ocupar cargo de administração nas sociedades em 
comandita por ações. Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem 
limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação dos acionistas que 
representem no mínimo 2/3 do capital social. O diretor destituído ou exonerado continua, 
durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração. 
Os acionistas, reunidos em Assembleia geral, não podem (mesmo com aprovação 
assemblear), sem o consentimento dos diretores da sociedade, mudar o objeto social, prorrogar 
o prazo de duração da sociedade, aumentar ou diminuir o capital social nem criar debêntures 
ou partes beneficiárias. 
Em que pese às sociedades em comandita por ações seguirem as disposições 
concernentes às sociedades anônimas, a elas não se aplicam as regras sobre o Conselho de 
Administração, a autorização estatutária de aumento de capital, e a emissão de bônus de 
subscrição. 
3.6 Desconsideração da personalidade jurídica da sociedade 
empresária 
A teoria desconsideração da personalidade jurídica, também chamada de teoria da 
penetração, teoria da superação e disregard of legal entity doctrine, busca afastar, 
temporariamente, a personalidade da pessoa jurídica para atingir o patrimônio das pessoas 
físicas que a integram. Nesse sentido, tem como efeito a desconsideração da personalidade no 
caso concreto, não havendo que se falar em desfazimento da pessoa jurídica. 
Existem, em síntese, duas teorias que buscam a sua aplicação, quais sejam a teoria maior 
e a teoria menor. 
A Teoria Maior, adotada pelo art. 50 do Código Civil, dispõe ser possível a 
desconsideração quando houver abuso da personalidade jurídica, seja pelo desvio de 
finalidade (teoria maior subjetiva, como quando a personalidade jurídica tem sido utilizada para 
fins diversos, como para esconder patrimônio dos sócios), seja pela confusão patrimonial (teoria 
maior objetiva, como quando os sócios utilizam os bens sociais como se seus fossem). 
 
11 
A Teoria Menor, adotada pelo art. 28 do Código de Defesa do Consumidor, pelo art. 4º 
da Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e pelo art. 34 da Lei nº 12.529/2011 (Lei de 
Defesa da Concorrência e da Ordem Econômica), prevê que a desconsideração pode ocorrer 
ainda que não haja abuso da personalidade jurídica, bastando a simples inexistência de ativos. 
A desconsideração da personalidade jurídica pode se dar por meio de pedido em petição 
inicial ou por meio de incidente no processo. É cabível em todas as fases do processo de 
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo 
extrajudicial (art. 134 do CPC/15). 
Fala-se, ainda, em situação inversa, que ocorre quando a pessoa física passa os seus bens 
para a pessoa jurídica para se livrar de dívidas particulares, sendo possível desconsiderar a 
personalidade da pessoa jurídica de forma inversa, para buscar os bens integrantes da pessoa 
jurídica e quitar as dívidas da pessoa física. Antes, a desconsideração inversa se dava por meio 
da intepretação teleológica do art. 50 do CC/02. No entanto, com o advento do CPC/15, tal 
instituto reverenciado pelo art. 133, §2º, do CPC/15. 
 
Se liga OABeiro! Após a publicação da Medida Provisória n.º 881, de 30 de abril de 2019, 
passaram a vigorar novas regras referentes à desconsideração da personalidade jurídica, com 
alteração do art. 50 do CC e inserção de diversos parágrafos no dispositivo, sendo importante 
o conhecimento do aluno acerca do tema. Destaque-se que o tema deverá ser submetido à 
análise do Congresso Nacional, observadas as regras do art. 62 da CF/88. 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os 
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou 
indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da 
pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de 
qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os 
patrimônios, caracterizada por: 
 
12 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador 
ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor 
proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações 
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presençados requisitos de que trata 
o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade 
econômica específica da pessoa jurídica. 
3.7 Da distinção entre sociedade empresária e não empresária 
Conforme mencionado inicialmente, denomina-se sociedade empresária aquela que 
desenvolve empresa (atividade empresária). A seu turno, as sociedades simples são sociedades 
personificadas para o exercício de atividades civis (não empresárias), como no caso, por 
exemplo, de uma sociedade de advogados. 
As sociedades simples têm como ato constitutivo um contrato social, que deve 
materializar as cláusulas e requisitos dispostos no art. 997 do CC e ter a sua inscrição requerida 
ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ) nos trinta dias subsequentes a sua celebração 
(art. 998 do Código Civil), com vistas ao nascimento de sua personalidade jurídica. 
A sociedade empresária, por sua vez, deve ser registrada na Junta Comercial, tendo 
como ato constitutivo o contrato/estatuto social. As sociedades empresárias podem ser 
classificadas segundo a responsabilidade dos sócios, o regime de constituição e dissolução e 
segundo a composição. Tais elementos serão analisados no decorrer deste capítulo. 
 
A diferença básica entre as sociedades simples e as empresárias está no modo de exploração 
do seu objeto social, ou seja, na qualificação ou não da atividade exercida como empresária. 
 
 
 
 
13 
Se essa exploração for feita com organização profissional dos fatores de produção, será 
empresária, se não, será simples. 
Algumas sociedades serão simples ou empresárias independentemente de seu objeto social. As 
cooperativas1, por previsão em lei específica, são registradas nas Juntas Comerciais, mas são 
consideradas sociedades simples. As sociedades por ações (sociedade anônima e sociedade em 
comandita por ações) são consideradas sempre empresárias, conforme art. 982, parágrafo único, 
do Código Civil. 
 
 
SOCIEDADES SIMPLES SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
Sociedade simples pura 
*Sociedade cooperativa (sempre 
simples, regida pela Lei n. 5.764/71); 
Sociedade em nome coletivo; 
Sociedade simples impura 
*Sociedades que devem adotar um tipo 
societário por determinação legal; 
Sociedade em comandita simples; 
 Sociedade limitada; 
Sociedade anônima; 
Sociedade em comandita por ações; 
 
 
 
1 Questão 05 
 
 
 
 
14 
3.8 Da classificação das sociedades 
I. Quanto ao ato constitutivo: 
As sociedades podem ser contratuais ou estatutárias (também conhecidas como 
institucionais). São contratuais as sociedades constituídas por contrato social, o qual se 
caracteriza pela existência de um duplo vínculo (um vínculo dos sócios entre si e outro vínculo 
dos sócios para com a sociedade). Seu capital social é dividido em quotas, sendo os titulares 
denominados cotistas. São sociedades contratuais as sociedades em nome coletivo, em 
comandita simples e limitada. 
São estatutárias as sociedades constituídas por estatuto social, o qual se caracteriza pela 
existência de um único vínculo (dos sócios para com a sociedade), não havendo vínculos dos 
sócios entre si. Seu capital social está dividido em ações, sendo os titulares denominados 
acionistas. São sociedades estatutárias as sociedades anônimas e as em comandita por ações. 
II. Quanto à responsabilidade dos sócios:2 
Quanto a sua responsabilidade, os sócios podem responder de forma limitada ou 
ilimitada, a depender do tipo societário empresário adotado. Não obstante, importante aclarar 
que, quando se fala na responsabilidade dos sócios em razão do tipo societário, está se referindo 
ao patrimônio pessoal dos sócios, tendo em vista que, o patrimônio social, 
independentemente do tipo societário, responderá sempre de forma ilimitada. 
É de destacar-se também que, em relação às sociedades personificadas, como regra, o 
patrimônio pessoal será alcançado apenas diante da impossibilidade de o patrimônio social 
solver as obrigações sociais, respondendo de forma subsidiária, respeitados os parâmetros 
legais. 
Sendo ilimitada a responsabilidade, o patrimônio pessoal dos sócios responde 
subsidiária. Sendo limitada a responsabilidade, o patrimônio pessoal dos sócios não será 
atingido, salvo hipótese excepcional de desconsideração da personalidade jurídica e na 
integralização das quotas do sócio remisso na sociedade limitada. 
 
 
2 Questão 07 
 
15 
 
Há ainda sociedades nas quais parte dos sócios responde LIMITADAMENTE pelas obrigações 
sociais e parte ILIMITADAMENTE (responsabilidade mista), nos casos das sociedades em 
comandita. 
3.9 Das sociedades de pessoas 
As sociedades de pessoas integram outra classificação das sociedades, aquela elaborada 
quanto às condições para alienação da participação societária. Nesse sentido, as sociedades 
podem ser de pessoas ou de capital. 
 
SOCIEDADES DE PESSOAS SOCIEDADES DE CAPITAL 
Foco nos atributos pessoais dos sócios 
(Foco nas pessoas) 
Foco na contribuição financeira dos sócios (Foco 
no capital) 
 Como regra, o ingresso de terceiros no 
quadro social depende de autorização 
unânime dos sócios. 
Atenção: Na sociedade limitada, não 
dispondo o contrato social sobre a 
possibilidade de cessão de quotas, será 
possível cedê-las a terceiros estranhos, 
desde que não haja oposição por parte 
de sócios que representem mais de ¼ 
do capital social, nos termos do art. 
1.057, CC. Dado seu caráter pessoal, 
não há livre circulação de quotas. 
Basta à subscrição para o ingresso de terceiros no 
quadro social. 
Acionistas não podem opor-se a entrada de outros 
sócios (prevalece princípio da livre circulação de 
ações) 
 
 
16 
Reunião de pessoas Reunião de bens e valores 
São sociedades de pessoas: N/C e C/S São sociedades de capital: C/A e S/A 
 
A doutrina admite apenas a penhora dos direitos patrimoniais resultantes das quotas, 
como lucros e haveres, mas não a transferência da cota em si. 
Com a morte de um sócio, na sociedade de pessoas haverá a dissolução das quotas 
correspondentes entre os sócios, no caso dos sócios sobreviventes não concordarem com o 
ingresso do sucessor. Na sociedade de capital a sucessão ocorrerá normalmente, 
independentemente da aquiescência dos demais sócios. 
A sociedade limitada é um tipo societário híbrido, ou seja, poderá assumir tanto a forma 
de sociedade de pessoas, como a de sociedade de capital, devendo tal opção estar refletida no 
contrato social. Sem embargo, na ausência de cláusula contratual expressa indicando tratar-se 
de uma sociedade de pessoas ou de capital, algumas cláusulas poderão indicar se a LTDA 
assumiu uma ou outra forma. Na hipótese de silêncio do contrato sobre a questão, a limitada 
deverá ser tratada como uma sociedade de pessoas, afinal, é da essência das sociedades 
contratuais a condição de sociedade de pessoas. 
Embora, como regra geral, o ingresso de terceiro estranho nas sociedades de pessoas 
dependa de autorização unânime dos sócios, nas sociedades limitadas, diante da omissão do 
contrato, poderá o sócio ceder sua quota a outro sócio sem a anuência dos demais ou a terceiro 
estranho, se não houver oposição de titulares de mais de ¼ (ou seja, de mais de 25%) do capital 
social (art. 1.057, caput do CC). 3 
3.10 Da sociedade simples 
I. Noções Gerais 
Embora contem com regime próprio (arts. 997-1.038, do Código Civil), as sociedades 
simples podem adotar tipos societários empresários, exceto os tipos por ações (conforme 
arts. 983 e 982, parágrafo único, do Código Civil). 
 
3 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2017. p. 147. 
 
17 
As sociedades simples regidas por suas normas própriassão doutrinariamente 
conhecidas como sociedades simples puras (sociedades simples simples), ao passo que 
aquelas que optam por um dos tipos societários empresários possíveis (nome coletivo, em 
comandita simples ou limitada), são nominadas sociedades simples impuras (ex. sociedade 
simples limitada) e serão regidas pelas regras do tipo societário adotado, havendo a aplicação 
subsidiária das normas da sociedade simples.4 
Importante ressaltar que a adoção de um tipo societário empresário por uma sociedade 
simples não a converte em sociedade empresária. 
Os sócios devem contribuir para a formação do capital social, o qual corresponde ao 
primeiro patrimônio da empresa, constituído pela somatória das integralizações feitas pelos 
sócios com bens, direitos e serviços (incisos III a V do artigo 997). 
Logo, nas sociedades simples pode haver a contribuição de sócio apenas a partir de 
prestação de serviço. Neste caso, deverá o sócio dedicar-se exclusivamente à atividade exercida 
pela sociedade, não se empregando em outra, sob pena de ser privado de seus lucros e dela 
excluído (art. 1.006 do CC/02). 
Contudo, só há dois casos em que a integralização pode ser feita por prestação de serviço: 
a) se constituída sob a forma de sociedade simples pura e; b) caso constituído como sociedade 
cooperativa (Enunciado 206 do CJF). 
Também é importante destacar que, “quando se tratar de sócio de serviço, não poderá 
haver penhora das verbas descritas no art. 1.026, se de caráter alimentar” (Enunciado 389, CJF). 
A verba será considerada alimentar quando os lucros retirados da sociedade se destinem à 
sobrevivência do sócio e de sua família, o que faz com que tal rendimento se equipare a salário, 
para fins de impenhorabilidade. 
A subscrição da cota consiste no comprometimento em efetivar seu pagamento, enquanto 
a integralização importa no próprio pagamento. A integralização pode ser feita em dinheiro, 
crédito, bens (móveis e imóveis), transferência de crédito e, como já mencionado, em prestação 
de serviços. A integralização por serviços só é permitida na sociedade simples e na cooperativa. 
O sócio responde pela evicção de bem integralizado e pela insolvência do devedor no caso de 
crédito transferido. 
 
4 PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São Paulo: Editora jus 
podivm, 2017. p. 80. 
 
18 
Vale ressaltar que inexiste obrigação de pagamento de Imposto sobre Transmissão de 
Bens Imóveis (ITBI) no caso de transferência da propriedade de imóvel para a sociedade no ato 
de integralização. Isso porque há uma imunidade especial prevista no texto da Constituição da 
República: 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por 
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem 
como cessão de direitos a sua aquisição; 
§ 2º - O imposto previsto no inciso II: 
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de 
pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos 
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses 
casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou 
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; 
Numa sociedade simples, o capital social é dividido em cotas que ostentam um duplo 
aspecto: 
 Direito patrimonial: a cota lhe assegura direito de percepção de lucros 
 Direito pessoal: garante o status de sócios, podendo votar, fiscalizar, ter direito de 
preferência, pode participar das deliberações 
É nula qualquer estipulação que exclua sócio de participar dos lucros e das perdas (art. 
1.008 do CC/02). A participação nos lucros e nas perdas, salvo estipulado de modo diverso, 
considera a proporção das quotas do respectivo sócio. Mas, aquele cuja contribuição consistir 
em serviço, apenas participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas (art. 1.007 
do CC/02). 
II. Regras aplicáveis subsidiariamente às sociedades empresárias 
Qualquer sociedade, seja ela simples ou empresária, tem origem com o registro de seu 
ato constitutivo (art. 45, CC). No entanto, o art. 998 do Código Civil, muito embora localizado, 
topograficamente, no capítulo do diploma civilista que se destina a disciplinar as sociedades 
simples, é plenamente aplicável às sociedades empresárias. Isso porque o registro, se realizado 
 
19 
dentro dos trinta dias seguintes à conclusão do ato constitutivo (contrato ou estatuto), surtirá 
efeitos retroativos. 
Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a 
inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. 
§ 1º O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, 
se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o da respectiva procuração, 
bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente. 
§ 2º Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada 
por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua para 
todas as sociedades inscritas. 
Todavia, por força do art. 36 da Lei 8.934/94, o órgão competente para o registro dos 
atos constitutivos das sociedades empresárias é a Junta Comercial, e não o Oficial do Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas. 
Outra norma que também se aplica às sociedades empresárias com as devidas adaptações 
é o art. 997 do Código Civil, cujo texto dispõe que: 
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, 
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: 
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, 
e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; 
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; 
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer 
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; 
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; 
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e 
atribuições; 
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; 
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. 
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao 
disposto no instrumento do contrato. 
Embora as cláusulas necessárias para constituição da sociedade simples se encontrem 
previstas no art. 997 do CC/02, outras podem ser estipuladas pelos contratantes. Além disso, “as 
indicações contidas no art. 997 não são exaustivas, aplicando-se outras exigências contidas na 
legislação pertinente para fins de registro” (Enunciado 214 do CJF). 
 
20 
O enunciado 222 da III Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal condensa 
a primeira ressalva que deve ser feita a dispositivo supracitado ao estatuir que “não se aplica o 
art. 997, V, à sociedade limitada na hipótese de regência supletiva pelas regras das sociedades 
simples”. Assim, não se admite na sociedade empresária sócio cuja contribuição consista em 
serviços, tal qual se admitia na antiga “sociedade de capital e indústria”. 
O inciso VIII do referido dispositivo também merece especial consideração, visto que, na 
sociedade simples pura (sociedade simples simples), a responsabilidade dos sócios será sempre 
subsidiária. Isso porque sua interpretação deve se dar à luz do art. 1.023 do Código Civil, cujo 
texto dispõe que, “se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sóciospelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de 
responsabilidade solidária.” 
Diante disso, forçoso é concluir que a responsabilidade dos sócios da sociedade simples 
pura, por decorrer de lei – mais precisamente, do enunciado do artigo 1.023 do Código Civil –, 
será sempre subsidiária, ilimitada e proporcional, salvo se os sócios da sociedade simples pura 
desejarem agravar o regime de responsabilidade e estabelecer a solidariedade. 
Nesse sentido, o professor Alfredo Gonçalves Neto apresenta interessante raciocínio que 
permite estende a compreensão do referido dispositivo legal: 
(…) como já salientei nos comentários ao art. 977 (n. 115 supra), a regra de isenção de 
responsabilidade solidária só será admissível quando o tipo societário adotado o permitir. 
Ou seja, se os sócios da sociedade simples quiserem eliminar ou limitar sua 
responsabilidade subsidiária pelas dívidas sociais, devem adotar o tipo que comporte 
esse desiderato, submetendo, assim, a sociedade por eles avençada ao respectivo 
regime jurídico (art. 983), isso a significar que o malsinado inciso VIII daquele artigo não 
afeta o enunciado do art. 1.023, compatibilizando-se com ele, por admitir cláusula de 
isenção quando: (i) A sociedade simples se revestir do tipo de sociedade limitada (arts. 
1.052 e 1.055, § 1º) (ii) se tratar de sociedade cooperativa que opte pela limitação da 
responsabilidade dos sócios ao valor das quotas-partes (art. 1.095, § 1º); e (iii) se tratar de 
sociedade em comandita simples, exclusivamente em relação ao sócio comanditário.5 
Em acréscimo, vale mencionar os seguintes enunciados do CJF: 
Enunciado 479, CJF. Art. 997, VII: Na sociedade simples pura (SIMPLES – SIMPLES) (art. 
983, parte final, do CC/2002), a responsabilidade dos sócios depende de previsão 
 
5 GONÇALVES NETO, Alfredo. Direito de Empresa – Comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil, 4. Edição, 
p. 261 
 
21 
contratual. Em caso de omissão, será ilimitada e subsidiária, conforme o disposto nos arts. 
1.023 e 1.024 do CC/2002. 
 
Enunciado 61, CJF. Art. 1.023: o termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art. 
997 do Código Civil deverá ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar 
esse dispositivo com o art. 1.023 do mesmo Código 
O ato constitutivo pode ser feito por instrumento público ou particular, mas, em qualquer 
dos casos, as alterações contratuais ou estatutárias poderão ser efetivadas por mero instrumento 
particular (art. 53 da Lei 8.934/94). 
3.11 Da sociedade limitada 
A sociedade limitada é regida diretamente pelo Código Civil (art. 1.052 – 1.087), aplicando-
se supletivamente as normas da sociedade simples (art. 997 – 1.038) ou, se o contrato tiver 
previsão expressa, as disposições da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), conforme 
consta do art. 1.053, CC. 
Trata-se de uma sociedade contratual personificada, podendo assumir a forma de 
sociedade de pessoas ou de capital (natureza híbrida), circunstância que deverá ser aclarada 
por seu contrato social. 
 
Se liga, OABeiro! A partir da publicação da Medida Provisória n.º 881, de 30 de abril de 2019, 
está em vigor norma que permite a constituição da sociedade limitada por apenas uma 
pessoa, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que 
couber, as disposições sobre o contrato social, consoante dispõe o parágrafo único inserido no 
art. 1.052 do CC. 
 
1. A flexibilidade para livre circulação de quotas, como no caso da existência de cláusula 
autorizando a entrada de terceiros estranhos à sociedade, sem a necessidade de 
 
22 
aquiescência dos demais sócios, indica tratar-se de uma sociedade de capital. Já o 
controle quanto à entrada de novos sócios indica tratar-se de uma sociedade de 
pessoas. Na ausência de qualquer indicativo no contrato social que permita qualificá-la 
como sociedade de pessoas ou de capital, deve considerar-se a limitada como sociedade 
de pessoas, afinal, trata-se de sociedade contratual e é da essência das sociedades 
contratuais a forma das sociedades de pessoas. 
Na sociedade limitada, via de regra, apenas o patrimônio social responde pelas dívidas 
da pessoa jurídica. O patrimônio dos sócios poderá ser atingido apenas nos casos de 
desconsideração da personalidade jurídica e pela integralização do capital restante. Ainda, 
deliberando de modo contrário ao disposto em lei ou no contrato, responderão de forma 
ilimitada os sócios que a aprovaram (os sócios dissidentes ou ausentes, apenas vincular-se-ão 
às decisões tomadas de acordo com a lei e o contrato social). 
 
Cada sócio responde pelo capital que subscrever. Entretanto, haverá solidariedade entre os 
sócios até o limite do capital total subscrito e não integralizado. Sendo assim, caso o total 
subscrito já tenha sido integralizado, a princípio, o patrimônio pessoal dos sócios da 
sociedade limitada não poderá ser alcançado. 
O capital social da sociedade limitada é dividido em quotas, iguais ou desiguais, 
devendo todos os sócios contribuir para a sua formação com bens, dinheiro ou crédito, não 
sendo admitida a contribuição que consista exclusivamente em prestação de serviços. 
Havendo contribuição com bens, será necessária uma avaliação dos sócios ou de terceiros, 
para que possam ser valorados. Nesse caso, pela exata estimação atribuída aos bens entregues 
para a formação do capital social, responderão solidariamente todos os sócios, pelo prazo de 5 
anos, a contar da data do registro da sociedade. 
Como os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social, não 
integralizada a quota por um sócio (sócio remisso), os outros podem, sem prejuízo da 
 
23 
responsabilização pelo dano emergente da mora e da possibilidade de optar a maioria dos 
demais sócios pela redução da quota ao montante integralizado, tomá-la para si ou transferi-la 
a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os 
juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas. 
A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, quando, 
sendo omisso o contrato social, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem 
seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição 
de titulares de mais de 1/4 (um quarto) do capital social, tendo eficácia a cessão a partir da 
averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. 
Ao se tratar do capital social, embora não se possa ignorar o princípio da intangibilidade 
do capital social (ou princípio da integridade do capital social), pelo qual se protege os interesses 
dos credores da sociedade ao impedir a distribuição de lucros fictícios, com o desfalque do 
capital social, para concessão de benefício aos sócios, mostra-se importante destacar a 
possibilidade de aumento ou redução do capital social, conforme ensinam os arts. 1.081 a 1.084 
do CC. Sendo assim, o princípio em comento não visa impedir a redução do capital social, mas 
sim garantir que só poderão ser distribuídos entre os sócios valores que correspondam a lucros 
reais. 
O aumento do capital social pode ocorrer, com a respectiva alteração no contrato social 
aprovada por assembleia, desde que todas as quotas já tenham sido integralizadas. Até trinta 
dias após a deliberação pelo aumento do capital, terão os sócios preferência para participar do 
aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares. 
A redução do capital social, a seu turno, se restringe às hipóteses de perdas irreparáveis 
uma vez integralizado o capital social ou se excessivo em relação ao objeto social. 
Na sociedade limitada, o controle ou poder de decisão da sociedade é exercido por 
aquele que detiver o maior número de quotas. Na eventualidade de empate, a definição se dará 
a partir daquantidade de sócios. Persistindo o empate, caberá ao juiz resolver. 
A sociedade limitada pode ser administrada por uma ou mais pessoas, sócios ou não 
sócios, constantes do contrato social ou de ato em separado. O administrador, nomeado por 
instrumento em separado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos 
que praticar, antes de requerer a averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade. 
 
24 
 
Os poderes conferidos a administrador sócio são irrevogáveis (desde que previstos no 
contrato social, excetuada a justa causa); mas os atribuídos a administrador não sócio são 
revogáveis (art. 1.019, CC). 
A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação de todos os sócios 
(enquanto o capital não estiver integralizado) e de, no mínimo, 2/3 dos sócios após a 
integralização. 
Ademais, importante destacar que, se a administração da sociedade limitada for atribuída 
no contrato social a todos os sócios, a condição de administrador não se estenderá aos que 
posteriormente adquirirem essa qualidade (quem ingressar depois na sociedade). 
No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à 
gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis 
depende do que a maioria dos sócios decidir. 
Como sabido, o administrador, no exercício de suas funções, deve atuar na medida dos 
interesses da sociedade, sempre pautando a sua conduta no cuidado e diligência que todo 
homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios (art. 1.011, 
CC). Nesse sentido, ao respeitar o limite dos poderes que lhe foram regularmente conferidos, 
os atos do administrador obrigam a pessoa jurídica (art. 47, CC). No entanto, se contrariamente, 
ao praticar atos de gestão, o administrador vier a violar os poderes a ele conferidos pelo contrato 
social, tais atos não poderão ser imputados à sociedade. É a chamada teoria ultra vires 
societatis (além do conteúdo da sociedade), que visa a proteção da pessoa jurídica. Desse 
modo, a sociedade ficará isenta de qualquer responsabilidade frente a terceiros pelos atos 
ultra vires, a menos que tenha se beneficiado com a prática deles. 
O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer 
pelo menos uma das seguintes hipóteses: 
 
25 
1. Se a limitação de poderes do administrador estiver inscrita ou averbada no registro 
próprio da sociedade; 
2. Provando-se que a limitação dos poderes do administrador era conhecida do terceiro; 
3. Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. 
 
Segundo o Enunciado 219 da III Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal, não 
se aplica a teoria ultra vires societatis às sociedades por ações, em razão da existência de 
regra específica traçada pelo art. 158, II da Lei 6.404/76. 
Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os 
condenados à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por 
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia 
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, 
contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos 
da condenação. 
Se o contrato social for silente quanto à pessoa do administrador da sociedade limitada, 
suas funções serão exercidas por cada um dos sócios separadamente. Sem embargo, o 
administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em 
desacordo com a maioria, responderá por perdas e danos perante a sociedade. 
As decisões em uma sociedade limitada serão tomadas em reunião ou em assembleia, 
as quais serão convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. Nas 
sociedades limitadas compostas por mais de dez sócios, as deliberações deverão ocorrer 
obrigatoriamente através de assembleia. 
Quando os administradores retardarem a convocação por mais de sessenta dias, a reunião 
ou assembleia poderá também ser convocada por sócio, ou por titulares de mais de 20% do 
capital social, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação 
fundamentado. 
 
26 
Ordinariamente, nas sociedades limitadas, as decisões devem ser tomadas a partir da 
maioria de votos considerado o capital social do qual detém cada sócio. Contudo, só poderão 
ser tomadas havendo unanimidade (1) a decisão sobre a dissolução da sociedade com prazo 
determinado e (2) a decisão sobre a designação de administrador não sócio, enquanto o capital 
social não estiver integralizado. 
Será necessária a aceitação de 3/4 do capital social para (1) a alteração do contrato social 
e (2) a aprovação de fusão, incorporação e dissolução. 
Para designação de administrador não sócio se o capital social estiver totalmente 
integralizado, será necessária a concordância de 2/3 do capital social. 
No que tange à destituição de sócio nomeado administrador no contrato, exige-se a 
aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais de metade do capital social, salvo 
disposição contratual diversa, conforme alteração realizada pela Lei 13.792/19 no §1º do art. 
1.063 do CC/02. 
Será necessária a concordância da maioria absoluta do capital social (mais da metade 
do total do capital) para (1) a designação de sócio administrador realizada em ato separado, 
(2) definir a remuneração de administradores e (3) determinar a exclusão de sócio por justa 
causa. 
Será necessária a concordância de maioria simples do capital social (mais da metade do 
capital considerando os sócios presentes) para (1) a aprovação da prestação de contas dos 
administradores e (2) nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se não exigir quórum 
maior. 
Aos sócios da sociedade limitada é garantido o direito de fiscalizar a sua administração. 
Nesse sentido, o conselho fiscal, órgão de formação facultativa, composto de três ou mais 
membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no país e eleitos em assembleia, 
uma vez constituído, tem como atribuições as previstas no art. 1.069 do Código Civil, que se 
indica uma leitura atenta e minuciosa. 
A dissolução da sociedade pode ser total ou parcial. A dissolução total implica na 
desconstituição da sociedade, culminando na desvinculação de todos os sócios. Já na 
dissolução parcial, há desvinculação de algum sócio do quadro social, o que não gera a 
 
27 
desconstituição da sociedade, que prossegue com suas atividades. Assim, na dissolução parcial, 
a sociedade não se extingue, nem mesmo perde a sua personalidade.6 
A dissolução será total nas seguintes hipóteses: (1) consenso unânime dos sócios, (2) fim 
do prazo de duração nas de prazo determinado, (3) deliberação dos sócios, por maioria absoluta, 
se de prazo indeterminado, (4) falência, (5) impossibilidade de execução do objeto social, (6) 
falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo legal de 180 dias (sabendo que nesse 
prazo o sócio remanescente pode optar pela transformação em EIRELI ou em empresário 
individual), (7) extinção da autorização para funcionar, (8) por determinação judicial, (9) a 
requerimento de qualquer dos sócios, (10) se houve anulação de sua constituição, (11) se houver 
exaurimento do fim social e (12) outras causas previstas no contrato. 
A dissolução será parcial (resolução da sociedade em relação a um sócio) nos casos de 
(1) morte do sócio, (2) retirada do sócio ou (3) exclusão do sócio. 
Restando demonstrado que um ou mais sócios estão pondo em risco a sobrevivência da 
empresa, pela prática de atos que vão de encontro à lei ou aos objetivos sociais, estes poderão 
ser excluídos da sociedade pela vontade da maioria dos sócios, representativa de mais da 
metade do capital social, desde que cumpridos os requisitos legais do art. 1.085 do CC/02). 
Trata-sede hipótese de exclusão extrajudicial, que não pode ser confundida com a 
exclusão judicial prevista no art. 1.030, CC. Nesta, a exclusão poderá operar-se mediante iniciativa 
da maioria dos sócios, não se levando em consideração o volume da participação deles no 
capital social. 
 
1. Não é possível a exclusão de sócio majoritário de forma extrajudicial, dada a redação 
do art. 1.085 do CC/02, mas é possível que ela ocorra judicialmente uma vez 
demonstrada a prática de ato de inegável gravidade de que fala o art. 1.030 do CC/02. 
 
6 PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São Paulo: Editora jus 
podivm, 2017. p. 91. 
 
28 
O simples rompimento da affectio societatis (vontade de permanecer em sociedade) não é 
razão capaz de ensejar a exclusão de sócio. 
3.12 Da sociedade anônima 
As sociedades anônimas são espécies de sociedades estatutárias, também chamadas de 
“institucionais”. Isso porque se constituem por meio de um estatuto social e seu capital está 
dividido em frações denominadas ações. Cada sócio é titular de determinado número de ações, 
sendo chamado de acionista. 
Modesto Carvalhosa conceitua este tipo de sociedade como pessoa jurídica de direito 
privado, cuja natureza é essencialmente “mercantil, em que o capital se divide em ações de livre 
negociabilidade, limitando-se a responsabilidade dos subscritores ou acionistas ao preço de 
emissão das ações por eles subscritas ou adquiridas”7. 
Também chamada de companhia, a S/A é regulamentada por uma lei própria, a Lei 
6.404/76. O art. 1.089 do CC/02 esclarece essa circunstância, dispondo que: “a sociedade 
anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste 
Código”. Nesse sentido, tem-se o seguinte enunciado do Conselho de Justiça Federal: 
Enunciado 68 do CJF: Arts. 1.088 e 1.089: suprimir os arts. 1.088 e 1.089 do novo Código 
Civil em razão de estar a matéria regulamentada em lei especial. 
Devido à impessoalidade oriunda da fácil modificação das posições acionárias, a 
companhia, via de regra, tem caráter de sociedade de capital. Ou seja, a ênfase de seu 
funcionamento recai no aporte dos investimentos e não nas características pessoais de cada 
sócio8. 
 
7 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. V. 1, São Paulo: Saraiva, 2002, p. 153. O 
conceito apresentado por este autor se baseia nos arts. 1º da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas – LSA) e 
1.088 do Código Civil de 2002 (CC/02). A LSA constitui verdadeiro Código do Direito Societário Brasileiro, porquanto 
se aplica subsidiariamente a todos os demais tipos societários. (CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Sociedade anônima. 
2. ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 12). 
8 Sobre a existência excepcional de affectio societatis em companhias, consulte-se: ZETTEL, Fabiano Campos. Os 
efeitos da affectio societatis nas sociedades de capitais e nos acordos de acionistas. 2004. 98f. Dissertação (Mestrado 
em Direito Comercial). Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. 
 
29 
Por conseguinte, conforme já enfatizado, o vínculo entre os acionistas e a pessoa jurídica 
guarda natureza institucional e não contratual9. E isso porque a adesão ao regime legal e 
estatutário decorre da mera aquisição de participação acionária e não do encontro das vontades 
dos diversos sócios, o que faz com que as relações entre eles não se articulem nos moldes de 
acordo plurilateral. 
O nome empresarial da companhia deve ser sempre formado por denominação10. Nessa 
linha: 
“As sociedades anônimas, por sua vez, constituem o único tipo societário que, 
necessariamente, deve adotar denominação como nome empresarial.(...) 
Obrigatoriamente, deverá constar na denominação o objeto social. As denominações das 
sociedades anônimas devem vir integradas pelas expressões “sociedade anônima” ou 
“companhia”, ou abreviadamente como “S.A” ou “Cia”.” (Sinopses Jurídicas, vol. 21, p. 52 – 
com modificações). 
 
O termo “sociedade anônima” ou sua abreviatura pode vir no início, meio ou fim da 
denominação. O termo “companhia” ou sua abreviatura não pode ser usado no fim (art. 3º da 
LSA). Permite-se que na denominação conste o nome do fundador, acionista ou pessoa que 
 
9 Registre-se a opinião contrária do professor João Eunápio Borges: “não vemos motivo para atribuir ao ato 
de constituição de uma sociedade anônima natureza diferente da que tem o de qualquer outra sociedade. Por 
mais numerosos que sejam os atos preliminares – a partir da iniciativa dos fundadores, redação do projeto de 
estatutos até a realização da assembléia constitutiva – a sociedade surgirá sempre de um acordo de vontades que 
se manifesta a cada subscrição de ação e se confirma afinal na manifestação da assembleia constitutiva” [...]. “O 
nome pouco importa: contrato, contrato plurilateral, ato complexo, ato coletivo, negócio coletivo, a essência, a 
substância do ato é sempre a mesma.” (BORGES, João Eunápio. Curso de direito comercial terrestre. Belo Horizonte: 
Forense, 1976, p. 409). 
10 “Art. 5º Observado o Princípio da Veracidade: [...] III - a denominação é formada com palavras de uso comum 
ou vulgar na língua nacional ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da 
sociedade, sendo que: [...] b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão ‘companhia’ ou 
‘sociedade anônima’, por extenso ou abreviadas, vedada a utilização da primeira ao final.” (BRASIL. Departamento 
Nacional do Registro do Comércio. Instrução Normativa 99 de 21 de dezembro de 2005. Disponível em: 
<http://www.dnrc.gov.br/Legislacao/normativa/in99.htm>. Acesso em: 14 jan. 2020). 
 
30 
tenha concorrido para o bom êxito da formação da empresa, mas ainda assim será tratado 
como denominação. 
Enunciado 71 do CJF – Arts. 1.158 e 1.160:suprimir o artigo 1.160 do Código Civil por 
estar a matéria regulada mais adequadamente no art. 3º da Lei n. 6.404/76 (disciplinadora 
das S.A.) e dar nova redação ao § 2º do art. 1.158 [Sociedade Limitada], de modo a retirar 
a exigência da designação do objeto da sociedade. 
Enunciado 79 do CJF – Art. 2.031: não havendo a revogação do art 1.160 do Código Civil 
nem a modificação do § 2º do art. 1.158 do mesmo diploma, é de interpretar-se este 
dispositivo no sentido de não aplicá-lo à denominação das sociedades anônimas e 
sociedades Ltda., já existentes, em razão de se tratar de direito inerente à sua 
personalidade. 
Enunciado 395 do CJF – A sociedade registrada antes da vigência do Código Civil não 
está obrigada a adaptar seu nome às novas disposições. [Vem ratificar o enunciado 79 do 
CJF] 
 
Todavia, 
A companhia jamais é anônima. Toda sociedade anônima deve possuir uma denominação. 
E esta é uma das espécies de nome empresarial, ao lado da firma ou razão. 
A companhia não pode ter firma ou razão social. Esta, devido ao princípio da veracidade, 
sempre deve mencionar o nome de um, algum ou todos os sócios atuais. Daí ser a 
companhia chamada sociedade anônima. 
A expressão “anônima” liga-se também ao fato de que a companhia, potencialmente, 
congrega uma coletividade indefinida de sócios, cujo número pode atingir a cifra dos 
milhares ou milhões. Nesse quadro social de intensa e incontrolável rotatividade, será 
impossível constatar, em determinado momento, e com precisão, os nomes de todos os 
acionistas, quem é acionista agora poderá já não sê-lo no instante seguinte. Para isso, 
basta que aliene suas ações a outra pessoa, em bolsa ou fora dela, em operação que 
refoge inteiramente ao controle ou interveniência da companhia11. 
Dessa forma, a contínua mudança dos componentes do quadro social se deve ao fenômeno 
chamado por Rubens Requião de “Revoluçãodo Acionariato”, que decorre da separação das 
prerrogativas inerentes ao direito de propriedade12. Ensina o autor que, desde o direito 
romano, admite-se que, da propriedade, emanam os direitos de usar, fruir e dispor do bem 
objeto da relação jurídica real13. 
 
11 CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Sociedade anônima. 2. ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 15 e 16, grifos nossos. 
12 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 2, São Paulo: Saraiva, 1995, p. 57 
13 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 2, São Paulo: Saraiva, 1995, p. 57 
 
31 
 
Contudo, o mesmo não ocorre com o acionista, pois, quando subscreve ou adquire sua 
ação, ele pode dispensar o direito de administrar a organização social mediante o exercício do 
direito de voto (ex. acionista preferencialista). E anui, com isso, que os órgãos da sociedade 
(diretores ou administradores) realizem a gestão dos recursos por ele injetados na companhia. 
Deste modo, o sistema do acionariato inovou ao dissociar a “gestão e a fruição dos 
bens, proporcionando ao proprietário o gozo dos frutos, mas tirando-lhe a administração ou a 
gestão dos bens investidos”14. 
Noutro viés, as sociedades anônimas se classificam como abertas quando devidamente 
habilitadas a negociar seus valores mobiliários na bolsa de valores ou mercado de balcão; 
e fechadas caso isso não seja possível (art. 4º da LSA e 22 da Lei 6.835/76). 
Inúmeros efeitos práticos decorrem da caracterização da companhia como aberta. No 
sistema jurídico brasileiro, o mais importante deles é que devem se submeter ao registro 
perante a CVM, bem como às suas instruções normativas destinadas a regular a legislação 
aplicável às sociedades anônimas e seus valores mobiliários (art. 4º A, § 4º da LSA e arts. 5º e 
8º da Lei 6.835/76)15. 
Outro importante efeito é que a sociedade anônima de capital aberto tem suas ações 
comercializadas mediante complexo sistema de intermediação, a cargo de agentes econômicos 
autorizados a operar no mercado de bolsa. 
A sociedade anônima é sempre empresária por força lei, independentemente do seu 
objeto social. Caberá ao estatuto social da companhia a definição precisa e completa do seu 
objeto social. Por serem sociedades institucionais ou estatutárias, elas serão sempre sociedades 
de capital. 
CC/02, Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto 
social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou 
abreviadamente. 
 
14 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 2, São Paulo: Saraiva, 1995, p. 57. Excepcionam-se os casos em 
que um ou mais sócios detém poder de controle e/ou participam do Conselho de Administração da companhia. 
15 Algumas formalidades burocráticas concernentes ao registro da companhia, assim como das emissões de valores 
mobiliários perante a CVM são indispensáveis para que a sociedade anônima possa ter seus valores mobiliários 
admitidos à negociação no mercado de capitais (arts. 4º , p.u., 170, § 6º e 82 da LSA). 
 
32 
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa 
que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. 
Uma das principais características das sociedades anônimas é a limitação da 
responsabilidade dos sócios. Como dispõe o art. 1º da LSA, “a companhia ou sociedade anônima 
terá o capital dividido em ações16, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada 
ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas” (regra repetida pelo art. 1.088 do 
CC/02). Ex.: o credor aciona a sociedade (sem bens), depois aciona os sócios, somente será 
acionado cada um que tenha subscrito e não integralizado o capital, não há solidariedade entre 
os sócios. 
Há duas modalidades de constituição das companhias: por subscrição pública ou por 
subscrição particular. Enquanto esta se dirige aos próprios acionistas da companhia ou a 
investidores predeterminados, aquela se volta a toda comunidade de pessoas do mercado. 
Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho explica que: 
A subscrição pode ser particular ou pública. Na primeira, as ações emitidas são 
apresentadas como opção de investimento a investidores procurados diretamente pela 
companhia emissora ou por seus agentes. Não existe, nessa modalidade, uma oferta aos 
investidores em geral. Claro que também será particular a subscrição realizada para 
atender determinado investidor que houvera tomado a iniciativa de apresentar proposta 
de investimento atraente aos olhos da sociedade. O decisivo, para caracterizar como 
particular a subscrição, é a ausência de acessibilidade dos investidores em geral à emissão. 
Já a subscrição pública é, exatamente, a que apresenta essa ampla acessibilidade: a ação 
é apresentada como alternativa de investimento à generalidade dos investidores e demais 
agentes que operam no mercado de capitais. A sociedade anônima fechada somente pode 
emitir ações para subscrição particular. Se pretender alargar o universo de pessoas às 
quais apresentará a ação como opção atraente, terá de abrir o seu capital, solicitando os 
registros hábeis junto à CVM. Já a sociedade anônima aberta pode optar pela realização 
da emissão de ações para subscrição particular ou pública, procedendo também aos 
registros cabíveis na CVM17. 
Além disso, convém sublinhar que a subscrição pública pode acontecer tanto na 
constituição quanto no aumento do capital social da companhia aberta. No entanto, nesta 
espécie de sociedade anônima, a subscrição particular somente é possível para se realizar o 
aumento de capital social, hipótese que tem por finalidade o depósito das ações na [B]³. 
 
16 Questão 06 
17 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito de empresa. v. 2, 10. ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 
117. 
 
33 
E isso é assim porque, para que o referido depósito ocorra, é necessário que a companhia 
emissora já tenha obtido seu registro junto à CVM na época em que foi constituída mediante 
subscrição pública ou quando efetuou o procedimento de abertura de seu capital18. Logo, não 
há como uma companhia aberta se valer da subscrição particular com o fim de promover sua 
constituição. 
Com base nestas informações, os procedimentos de subscrição pública e particular das 
ações de companhia aberta são representados pelo seguinte organograma: 
 
 
18 Conforme o jargão econômico, a operação pela qual uma companhia fechada acessa o mercado pela primeira 
vez é designada pela sigla IPO (Initial Public Offer – Oferta Pública Inicial). Esse procedimento atende a um dos 
principais objetivos do mercado de capitais, qual seja: permitir o acesso das sociedades anônimas à poupança 
popular, afastando as desvantagens ocasionadas pelos empréstimos bancários. Essa premissa torna imprescindível 
um sistema adequado à proteção do investidor, que tenha como pilar a eficiente política de divulgação e 
transparência das informações. No Brasil, tal política é implementada mediante a exigência de registro prévio na 
CVM quanto às ofertas de valores mobiliários que se dirijam ao público em geral. Para deferimento deste registro, 
não compete à CVM qualquer exame a respeito da qualidade dos títulos ofertados, nem quanto às características 
da empresa emissora, ou mesmo, quanto à conveniência do momento escolhido para a oferta pública. A única 
exceção se verifica na hipótese de exame substantivo referente à constituição de companhia por subscrição pública 
prevista no art. 82 da LSA. Vale observar que há situações, porém, em que não se justifica exigir o prévio registro 
na CVM da oferta de venda das ações. Isso ocorre quando esta não transcende os limites de uma operação de 
cunho eminentemente privado, dirigindo-se a pessoasespecíficas e previamente determinadas. Nestes casos, não 
há o apelo à poupança popular, tal como acontece quando os investidores, mesmo sem o controle proporcionado 
pela intervenção da CVM e da BM&FBOVESPA, têm acesso a informações que lhes permitam uma tomada de 
decisão consciente. (EIZIRIK, Nelson. A oferta pública de distribuição de valores mobiliários. WALD, Arnoldo; 
GONÇALVES, Fernando; CASTRO, Moema Augusta Soares de (coord.); FREITAS, Bernardo Vianna; CARVALHO, Mário 
Tavernard Martins de (org.). Sociedades anônimas e mercado de capitais. São Paulo: Quartier Latin, 2011, p. 30 e 
31) 
 
34 
 
São requisitos preliminares para a constituição de uma sociedade anônima, 
independentemente da modalidade de constituição: 
1. subscrição de pelo menos duas pessoas, de todas as ações em que se divide o seu 
capital social. A subscrição é irretratável. 
2. Realização, como entrada, em dinheiro, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das 
ações subscritas. Nas instituições financeiras essa porcentagem é de 50%. O fundador 
terá 5 dias, contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da 
sociedade, para fazer o depósito no estabelecimento bancário autorizado pela CVM. 
3. Arquivamento do estatuto social da empresa na Junta comercial e publicação pela 
imprensa de seus atos constitutivos; 
4. Transferência para a companhia, por transcrição no registro público competente, dos 
bens com que o subscritor tenha contribuído para a formação do capital social. 
Quando se trata das companhias, um tema bastante recorrente em provas de concursos 
diz respeitos aos valores mobiliários, que consistem em bens móveis representantes de direitos 
contra a companhia. No caso das ações, tais direitos representam frações do capital social. 
 
35 
As ações são indivisíveis em relação à companhia e, dependendo do critério adotado, 
assumem os seguintes valores: 
1. Valor nominal: valor indicado no estatuto social. 
2. Valor ou preço de emissão: é aquele pago por quem subscreve a ação e é fixado pelos 
fundadores no momento da constituição da empresa. 
3. Valores de mercado: valor da negociação. 
4. Valor patrimonial: valor da ação em relação ao patrimônio. Patrimônio dividido pelo 
número de ações. Esse valor será pago em caso de dissolução total ou parcial da 
sociedade. 
Dependendo da forma como são transferidas para outros acionistas ou terceiros, as ações 
podem ser: 
1. Ações Nominativas. Para a transferência destas, bastará o termo lavrado no livro de 
Transferência de Ações Nominativas datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, 
ou por seus representantes. Em verdade, todas as ações de uma sociedade anônima 
devem ser nominais, haja vista que a Lei n. 8.021/90 vedou a emissão de títulos ao 
portador. 
2. Escriturais: elas não deixam de ser nominativas, visto que são identificados seus titulares. 
Entretanto, diferenciam-se quanto a forma de transferência, uma vez que esta ocorre 
por contas de depósito. Aqui, uma instituição financeira autorizada pela CVM, manterá 
contas de depósitos em nome dos titulares das ações. 
As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens conferidas aos seus titulares 
poderão ser: 
1. Ordinárias: conferem aos acionistas os direitos comuns, como o direito a voto e de 
participação nos lucros. São ações de emissão obrigatória por todas as companhias. 
2. Preferenciais: conferem aos acionistas certas vantagens, que podem consistir em: 
a) prioridade na distribuição de dividendo fixo (obtido lucro pela sociedade, o estatuto 
prevê qual o percentual fixo que será recebido pelos acionistas preferenciais, o que 
sobrar será dividido entre os ordinários), mínimo (se ocorrendo determinado lucro, os 
 
36 
preferencialistas recebem o mínimo fixado, o que sobrar vai servir para pagar a mesma 
quantidade aos portadores das ações ordinárias; sobrando ainda nova partilha é feita 
entre os preferencialistas) ou cumulativos (se a sociedade não divide os lucros, eles serão 
cumulados para o próximo ano); 
b) prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele. O estatuto poderá 
deixar de conferir às ações preferenciais alguns dos direitos reconhecidos às ações 
ordinárias ou conferi-los com restrição. O número de ações preferenciais sem direito de 
voto ou sujeitas a restrições não poderá ultrapassar 50% do total das ações emitidas 
3. Gozo ou fruição: são aquelas distribuídas aos acionistas titulares de ações ordinárias ou 
preferenciais em substituição dessas ações que já foram amortizadas. A amortização 
consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital 
social, da quantia a que teriam direito em caso de liquidação da companhia. 
Sobre as debêntures, é importante mencionar que são valores mobiliários que conferem 
a seus titulares direito de crédito contra a companhia, nas condições constantes da escritura de 
emissão e, se houver, do certificado. São títulos emitidos pela S/A para negociar junto ao público, 
levantando capital para sociedade, é como se fosse um empréstimo feito para a Sociedade 
(captação de recursos). É título executivo extrajudicial elencado no CPC/2015 (artigo 784, I). 
Existem quatro espécies de debêntures (art. 58): 
1. com garantia real: aquelas atreladas a um bem pertencente ou não à sociedade; 
2. com garantia flutuante: aquelas que asseguram a seus titulares privilégio geral sobre 
o ativo da companhia, mas não impedem a negociação dos bens que compõem esse 
ativo. Em caso de liquidação, essas debêntures têm preferência sobre os créditos 
quirografários; 
3. quirografárias: aquelas sem qualquer garantia ou privilégio, que concorrem com os 
demais créditos quirografários da companhia na hipótese de liquidação; 
4. subordinadas ou subquirografárias: aquelas com preferência apenas sobre os 
acionistas da companhia em caso de liquidação. 
As debêntures podem ser, tais como as ações, nominativas e escriturais, bem como 
conversíveis em ações. 
 
37 
Outros valores mobiliários também podem ser emitidos pelas companhias. É o caso, por 
exemplo, das partes beneficiárias, que são títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos 
ao capital social. São emitidos para captar recursos ou remunerar serviço prestado. É um direito 
de crédito eventual, até um limite de 10% do lucro da empresa, dependendo da existência ou 
não de obtenção de lucro pela sociedade. Somente podem ser emitidas por sociedades fechadas 
(Lei 10.303/01). 
Os bônus de subscrição, por sua vez, são valores mobiliários que conferem ao titular, 
nas condições constantes do certificado, o direito de preferência para subscrever novas ações 
por ocasião do aumento do capital social autorizado no estatuto, antes de qualquer outro. Não 
é um direito de crédito, é, simplesmente, um direito de preferência, que precede inclusive o 
acionista. 
Já o “commercial paper” é uma espécie de nota promissória que serve para captação de 
recursos no mercado de capital, sendo restituídos aos investidores em curto prazo. Esse prazo 
é de, no mínimo, 30 e, no máximo, 180 dias, para a restituição dos valores recebidos em mercado 
pela companhia. Tais títulos somente se transferem por endosso em preto e com a cláusula 
“sem garantia”. 
Os principais órgãos das sociedades anônimas são: a Assembleia, o Conselho de 
Administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal. 
As Assembleias são órgãos de deliberação colegiados formados por todos os acionistas 
que tenham ou não direito a voto. A Assembleia Geral19 é o órgão supremo da companhia e 
pode ser das seguintes espécies: 
1. Assembleia Geral Ordinária (AGO): deverá ocorrer anualmente, nos quatro primeiros 
meses seguintes ao término do exercício social da empresa, e deverá abranger as 
seguintes matérias: a) tomada de contas dos administradores, exame, discussão e 
votação das demonstrações financeiras; b) deliberação sobre a destinação do lucro 
líquido do exercício e distribuição dedividendo; c) eleição dos administradores e dos 
membros do Conselho Fiscal, quando for o caso; d) aprovação de correção da expressão 
monetária do capital social. 
 
19 Vide questão 04 
 
38 
2. Assembleia Geral Extraordinária (AGE): pode ocorrer a qualquer tempo, e serve para 
a deliberação de qualquer outra matéria que não seja de competência privativa da 
assembléia geral ordinária. A AGE que tiver por objeto a reforma do estatuto somente 
se instalará com a presença de acionistas que representem 2/3, no mínimo, do capital 
com direito a voto. Em segunda convocação, instalar-se-á com qualquer número. 
O Conselho de Administração é um órgão de deliberação colegiada a quem compete, 
primacialmente, fixar a orientação geral dos negócios da companhia e fiscalizar a gestão dos 
diretores. É composto por, no mínimo, 3 membros, acionistas, eleitos pela AGE e por ela 
destituíveis a qualquer tempo, com mandato de no máximo 3 anos, permitida a reeleição. 
Somente é obrigatório nas sociedades anônimas abertas (que negociam suas ações na bolsa ou 
no mercado de capitais), nas de capital autorizado (têm autorização de aumento de capital no 
estatuto, sem necessidade de assembleia para deliberação) e nas sociedades de economia mista. 
A Diretoria, por sua vez, é a responsável pela representação da companhia e pela prática 
dos atos necessários ao seu funcionamento regular. É obrigatória em todas as sociedades 
anônimas. Os diretores podem ou não ser acionistas, exigindo a lei que se trate de pessoa 
residente no país e que sejam pessoas naturais. Ela é composta por dois ou mais diretores, 
eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração, ou se, inexistente, pela 
assembleia geral, com mandato nunca superior a 3 anos, permitida a reeleição. 
O Conselho Fiscal é obrigatório de existência nas sociedades anônimas, mas, o seu 
funcionamento pode não ser permanente, restringindo-se aos exercícios sociais em que for 
instalado a pedido dos acionistas. Sua atribuição é a fiscalização dos atos de administração da 
sociedade. Os conselheiros podem ou não ser acionistas. Serão, no mínimo, 03 e no máximo, 
05 conselheiros. 
O principal dever de um acionista é o de integralizar as ações subscritas, sob pena de 
se tornar acionista remisso, com a consequência de ser executado ou ter suas ações negociadas 
em bolsa. Para a cobrança judicial, podem ser utilizados o boletim de subscrição ou o aviso 
de chamada de capital, que são títulos executivos extrajudiciais. 
 
39 
 
Sobre a execução judicial do sócio remisso, é importante frisar que o aviso de chamada de 
capital deve ser publicado pelo menos por 03 vezes em jornal de grande circulação e deve ser 
dado o prazo de 30 dias para comparecimento do acionista remisso. O Estatuto Social não é 
titulo executivo. Além disso, a execução será feita com base no valor que deveria integralizar 
mais os valores referentes aos prejuízos causados pela mora na transferência dos montantes 
aos quais o acionista se comprometeu (juros, correção, multa.) Além disso, a execução e a 
negociação das ações são medidas que podem ser adotadas simultaneamente pela sociedade. 
Em havendo êxito em um dos caminhos o outro será suspenso. Mesmo a S/A fechada pode 
negociar as ações do remisso na bolsa, cujos valores serão suportados pelo remisso. 
São considerados direitos essenciais dos acionistas por não poderem ser deles retirados: 
1. Participação nos lucros: qualquer cláusula que retire esse direito é nula, sendo chamada 
de cláusula leonina; entretanto esse direito pode ser reduzido ou ampliado. 
2. Preferência na subscrição de novas ações: contudo, há uma mitigação desse direito 
no caso de existirem bônus de subscrição emitidos pela companhia. 
3. Fiscalização: podem os acionistas fiscalizar a administração da sociedade por meio do 
Conselho Fiscal e por meio da Assembleia Geral, que é responsável pela aprovação das 
contas da sociedade). 
4. Participação no acervo societário: em caso de liquidação da sociedade, que consiste 
na apuração do ativo para pagar o passivo, o que resta deve ser dividido entre todos 
os acionistas, com base no valor patrimonial das suas ações. 
5. Retirada: o acionista pode sair da sociedade; não a qualquer tempo, mas, sim, se houver 
dissidência com relação às deliberações constantes do art. 137 da Lei 6.404/76, sendo 
reembolsado pela sociedade, pelo valor nominal das ações. 
 
 
 
 
 
40 
 
O direito de voto é dessa natureza, tanto que existem ações sem esse direito garantido. 
 
Como regra, não é o simples desejo de sair da sociedade, pelo fim da “affectio societas”, 
caso isso ocorra deve procurar negociar suas ações). No entanto, há entendimento majoritário 
do Superior Tribunal de Justiça no sentido “da possibilidade jurídica da dissolução parcial de 
sociedade anônima fechada, em que prepondere o liame subjetivo entre os sócios, ao 
fundamento de quebra da affectio societatis”. 
Sobre o direito de retirada (ou direito de recesso), vale ressaltar que existem duas formas 
de uma pessoa se desligar da sociedade empresária de que participa: a) alienando a sua 
participação societária ou; b) exercendo seu direito de retirada. 
Na sociedade anônima, dada a facilidade de alienação da participação societária, as 
hipóteses de exercício do direito de retirada são limitadas, estando disciplinadas especificamente 
em lei. 
O exercício do direito de retirada se dá mediante reembolso, que consistem em operação 
pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga o valor patrimonial das ações aos 
acionistas dissidentes de deliberação da assembleia-geral o valor de suas ações. 
Podem ser elencadas as seguintes hipóteses de direito de reembolso: 
1. criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais 
existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações preferenciais, 
salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto; 
 
 
41 
2. alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de 
uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe mais 
favorecida; 
3. redução do dividendo obrigatório; 
4. fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; 
5. participação em grupo de sociedades (art. 265); 
6. mudança do objeto da companhia; 
7. cisão da companhia; 
8. transformação da sociedade anônima em limitada (quando há autorização no 
estatuto para transformação da sociedade por decisão não unânime) – art. 221 
9. operações societárias que resultem no fechamento da companhia – art. 223 
10. incorporação de ações (quando se torna subsidiária integral de outra) – art. 252 
11. transferência do controle acionário ao Poder Público, em razão de desapropriação 
– art. 236 
12. compra do controle de qualquer sociedade por uma companhia aberta – art. 256 
 
Com fundamento no art. 205 da Lei nº 6.404/76, o Superior Tribunal de Justiça entende que 
não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o 
exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação 
de suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício. Imagine que um acionista 
possuía 40 mil ações ordinárias da sociedade anônima e, em fevereiro de 2019, ele vendeu suas 
ações. Em abril/2019, a S.A. realizou Assembleia Geral Ordinária e deliberou pagar aos acionistas 
da companhia os dividendos apurados no ano anterior (2018). Tal acionista não terá direito ao 
recebimento porque, na data do ato de declaração do dividendo (data da Assembleia), ele já 
não mais fazia parte do quadro de acionistas da Companhia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.326.281-RS, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/8/2017 (Info 610). 
 
42 
São considerados administradores da companhia os membros do Conselho de 
Administração e da Diretoria. Eles têm como deveres: diligência,lealdade e informação. 
Diligência (artigo 153) consiste em cuidar do negócio como se fosse seu. Lealdade (artigo 155) 
não pode utilizar as informações privilegiadas em benefício próprio ou alheio. Informação (artigo 
156) desde a nomeação deve informar a sua participação no capital social da sociedade 
administrativa e em outras sociedades por ela controladas. 
O acionista controlador é a pessoa natural ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas 
por acordo de voto, ou sob controle comum, que seja titular de direitos de sócio que lhe 
assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e 
o poder de eleger a maioria dos administradores, e que usa efetivamente esse poder para dirigir 
e orientar o funcionamento do órgãos da companhia. Ele responde pelos danos causados por 
atos praticados com abuso de poder e que impliquem danos ou prejuízos aos demais acionistas, 
à companhia ou à sociedade. 
No que tange à dissolução, à liquidação e à extinção das sociedades anônimas, convém 
enfatizar que ela poderá ocorrer: 
 De pleno direito: 
a) término do prazo de duração; 
b) em qualquer caso específico previsto no estatuto; 
c) por deliberação da assembleia geral; 
d) pela existência de um único acionista, verificada em AGO, se no mínimo de dois 
não for reconstituído até à do ano seguinte; 
e) e pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar. 
 
 Por decisão judicial: 
a) for anulada a sua constituição em ação proposta por qualquer acionista; 
b) for provado que não poderá alcançar o seu objetivo em ação proposta por 
acionistas que representem 5% ou mais do capital social; 
c) for decretada a falência, na forma da respectiva lei. 
 
 Por decisão da autoridade administrativa competente: 
a) nos casos e na forma prevista em lei especial; 
 
43 
b) na falta de autorização devida para a negociação de ações no mercado de capitais. 
Após a dissolução terá início a liquidação, que poderá ser extrajudicial (competindo à 
assembleia geral deliberar o seu modo e nomear o liquidante) ou judicial. A companhia 
dissolvida conserva a sua personalidade jurídica até a sua extinção, para que possa ser efetuada 
a liquidação. O liquidante tem os mesmos deveres e responsabilidades do administrador. 
 
 
O Superior Tribunal de Justiça admite a dissolução parcial da sociedade anônima que não está 
gerando lucros. Para a corte, é possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que 
não formada por grupos familiares, seja dissolvida parcialmente quando, a despeito de não 
atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e na distribuição de dividendos aos 
acionistas –, restar configurada a viabilidade da continuação dos negócios da companhia. STJ. 
3ª Turma. REsp 1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 6/12/2016 (Info 595). Além 
disso, a Terceira Turma do STJ, no REsp 1.400.264/RS, decidiu que "a legitimidade passiva ad 
causam em ação de dissolução parcial de sociedade anônima fechada é da própria companhia, 
não havendo litisconsórcio necessário com todos os acionistas". Segundo a relatora, Ministra 
Nancy Andrighi, "os contornos concretos do litigio dizem respeito unicamente á dissolução 
parcial da companhia, com a retirada dos recorridos, acionistas minoritários. Esse dado é 
relevante porque o resultado útil do processo, na perspectiva dos autores da demanda, cinge-
se à sua retirada da sociedade com a respectiva apuração de haveres, portanto, eventual 
acolhimento do pedido formulado na petição inicial não conduz á absoluta inviabilidade de 
manutenção da empresa por dissolução total". 
Por fim, cabe tratar das operações societárias, que consistem em alterações no tipo ou 
na estrutura da sociedade empresária. Compreendem a transformação, incorporação, fusão e 
cisão. Se essas operações envolverem uma sociedade institucional (anônima ou comandita por 
 
44 
ações) seguem a disciplina prevista na LSA (arts. 220 a 234). Do contrário, aplicam-se as regras 
previstas no Código Civil. 
Nesse sentido, tem-se o seguinte enunciado do Conselho de Justiça Federal. 
Enunciado 230 do CJF – Art. 1.089: A fusão e a incorporação de sociedade anônima 
continuam reguladas pelas normas previstas na Lei n. 6.404/76, não revogadas pelo Código 
Civil (art. 1.089), quanto a esse tipo societário. [A comandita por ações segue o mesmo 
regime da S.A – Vide 1.090 do CC/02 e o Enunciado 232 do CJF abaixo transcrito] 
Em breve descrição, é possível elencar as seguintes operações societárias mais relevantes: 
 Transformação: ocorre quando há mudança de tipo societário, ou seja, de uma S/A 
para LTDA ou vice-versa, independentemente, de dissolução e liquidação de um tipo 
para outro. Também há transformação caso haja alteração de aberta para fechada ou 
vice-versa. A transformação não prejudica os direitos dos credores, que continuarão, 
até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo 
anterior de sociedades lhes oferecia. 
 Fusão: ocorre quando duas ou mais sociedades se unem, as quais se extinguem, para 
formar uma nova sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. O 
sócio dissidente da sociedade em que ocorreu a fusão tem direito de retirada da 
companhia. Segerar concentração de mercado, haverá apreciação de CADE (20% do 
mercado). 
 Incorporação: uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em 
todos os direitos e obrigações. As sociedades absorvidas extinguem-se. O sócio 
dissidente da sociedade em que ocorreu a incorporação também tem direito de 
retirada da companhia, a não ser que seja titular de ação de espécie ou classe que 
tenha liquidez e dispersão no mercado, hipótese em que não lhe é assegurado esse 
direito. O sócio da companhia incorporadora não tem direito de retirada. Se houver 
concentração de mercado, haverá apreciação do CADE (20% do mercado). 
 Cisão: é a operação pela qual a companhia transfere parcela do seu patrimônio para 
uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a 
companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio (total), ou 
 
45 
dividindo-se o seu capital (parcial). Na cisão com extinção da companhia cindida, as 
sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente 
pelas obrigações da companhia extinta. Já a companhia cindida que subsistir e as que 
absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações 
da primeira anteriores à cisão. O sócio da companhia cindida tem direito de retirada. 
Tal como na fusão, a cisão poderá estar condicionada à aprovação pelo CADE se as 
sociedades resultantes possuírem 20% ou mais do mercado relevante daquele setor 
ou se qualquer dos participantes tiver registrado faturamento bruto anual no último 
balanço equivalente ou superior a quatrocentos milhões de reais. 
 
 
 
 
 
46 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
Sociedades SNC SCP Ltda S/A SCA SCS 
Personalidade 
Jurídica 
Personificada 
Não 
Personificada 
Personificada Personificada Personificada Personificada 
Responsabilidade 
dos sócios por 
obrigações sociais 
Ilimitada 
Mista: 
Ostensivo: 
Direta e 
Ilimitada 
Participante: 
Subsidiária e 
Limitada 
Limitada, mas 
solidária pela 
integralização 
do capital 
social 
Limitada, mas 
solidária pela 
integralização 
do capital 
social 
Mista: 
Diretor 
Ilimitada 
Investidor 
Limitada 
Mista: 
Comanditado 
Ilimitada 
Comanditário 
(comandante) 
Limitada 
Unidade de 
participação 
societária 
Quotas Quotas Quotas Ações Ações Quotas 
Quanto à natureza 
do ato 
constitutivo 
Contratual Contratual Contratual Institucional Contratual Contratual 
Quanto à natureza 
da relação entre 
os sócios 
De pessoas De pessoas De pessoas 
De capital ou 
* de pessoas 
(S/A fechadas 
e familiares) 
De pessoas De pessoas 
Administração 
Próprios 
sóciosSócio 
Ostensivo 
Sócios ou não 
sócios 
autorizados 
pelo contrato 
social 
Compete à 
Diretoria ou 
ao Conselho 
de 
Administração, 
se houver 
Compete aos 
diretores 
escolhidos no 
ato 
constitutivo 
Comanditados 
Nome Empresarial Firma Social 
Por não ter 
personalidade, 
não tem 
nome 
empresarial 
Firma ou 
Denominação 
Denominação 
Firma ou 
Denominação 
Firma Social 
 
 
 
47 
 
 
QUESTÕES 
 
Questão 1 
XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020: Anadia e Deodoro são condôminos de uma quota de 
sociedade limitada no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais). Nem a quota nem o capital da 
sociedade – fixado em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) – se encontram integralizados. 
Você é consultado(a), como advogado(a), sobre a possibilidade de a sociedade demandar os 
condôminos para que integralizem a referida quota. Assinale a opção que apresenta a resposta 
correta. 
A) Eles são obrigados à integralização apenas a partir da decretação de falência da sociedade. 
B) Eles não são obrigados à integralização, pelo fato de serem condôminos de quota indivisa. 
C) Eles são obrigados à integralização, porque todos os sócios, mesmo os condôminos, devem 
integralizar o capital. 
D) Eles não são obrigados à integralização, porque o capital da sociedade é inferior a 100 
salários mínimos. 
 
 
Comentário: 
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas 
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. 
 
48 
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei 
nº 13.874, de 2019) 
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que 
couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso 
em que se observará o disposto no artigo seguinte. 
§ 1º No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser exercidos 
pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido. 
§ 2º Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem 
solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização. 
 
Questão 2 
XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020: No contrato da sociedade empresária Arealva Calçados 
Finos Ltda., não consta cláusula de regência supletiva pelas disposições de outro tipo societário. 
Ademais, tanto no contrato social quanto nas disposições legais relativas ao tipo adotado pela 
sociedade não há norma regulando a sucessão por morte de sócio. 
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
A) Haverá resolução da sociedade em relação ao sócio em caso de morte. 
B) Haverá transmissão causa mortis da quota social. 
C) Caberá aos sócios remanescentes regular a substituição do sócio falecido. 
D) Os sócios serão obrigados a incluir, no contrato, cláusula dispondo sobre a sucessão por 
morte de sócio. 
 
 
 
49 
Comentário: 
CC/02. 
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: 
I - se o contrato dispuser diferentemente; 
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade 
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. 
Questão 3 
XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019: Alaor, insatisfeito com o pequeno lucro do restaurante 
do qual era sócio, retirou-se da sociedade empresária e averbou, na respectiva junta comercial, 
novo contrato social, onde constava sua retirada. 
O empresário, 36 meses após esse fato, foi surpreendido com sua citação em uma reclamação 
trabalhista ajuizada dias antes. 
Sobre a hipótese apresentada, considerando a atual redação da CLT, assinale a afirmativa correta. 
A) Alaor responde solidariamente pelos débitos da sociedade na ação trabalhista em referência. 
B) Alaor responde subsidiariamente pelos débitos da sociedade na ação trabalhista em 
referência. 
C) Alaor não mais responde, na ação trabalhista em referência, pelos débitos da sociedade. 
D) No caso, primeiro responde a empresa devedora, depois, os sócios atuais e, em seguida, os 
sócios retirantes, que é o caso de Alaor. 
 
 
 
 
 
50 
Comentário: 
O Sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade da qual 
participou, nas ações ajuizadas até dois anos após a averbação do ato de modificação do 
contrato, obedecida a seguinte ordem de preferência: I - A empresa devedora; II- Os sócios; 
III- Os sócios retirantes. 
CLT Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da 
sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até 
dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de 
preferência: 
 
Questão 4 
XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019: Felipe Guerra, de nacionalidade portuguesa, residente 
em Maceió/AL, foi eleito diretor da Companhia Mangue do Porto Empreendimentos Imobiliários. 
Sabe-se que a referida companhia tem sede em Florânia/RN; que ela não tem Conselho de 
Administração e que Felipe Guerra não é seu acionista. 
Com base nessas informações, avalie a eleição de Felipe Guerra e assinale a afirmativa correta. 
A) Não foi regular, em razão de não ter a qualidade de acionista da companhia. 
B) Foi regular, ainda que seu domicílio seja em Estado diverso daquele da sede da companhia. 
C) Não foi regular, em razão de sua nacionalidade. 
D) Foi regular, diante da ausência de Conselho de Administração; do contrário, seria irregular. 
 
 
 
 
 
51 
Comentário: 
Lei 6404 - Art. 146. Poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração pessoas 
naturais, devendo os diretores ser residentes no País. 
§ 1 A ata da assembleia-geral ou da reunião do conselho de administração que eleger 
administradores deverá conter a qualificação e o prazo de gestão de cada um dos eleitos, 
devendo ser arquivada no registro do comércio e publicada. 
§ 2 A posse do conselheiro residente ou domiciliado no exterior fica condicionada à constituição 
de representante residente no País, com poderes para receber citação em ações contra ele 
propostas com base na legislação societária, mediante procuração com prazo de validade que 
deverá estender-se por, no mínimo, 3 (três) anos após o término do prazo de gestão do 
conselheiro. 
Questão 5 
XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Dirce Reis trabalha como advogada e presta apoio 
jurídico aos empreendedores da cidade de São Francisco interessados na constituição de 
sociedades cooperativas. Um grupo de prestadores de serviços procurou a consultora para 
receber informações sobre o funcionamento de uma cooperativa. 
Sobre as regras básicas de funcionamento de uma cooperativa, assinale a afirmativa correta. 
A) O estatuto da cooperativa deve ser aprovado previamente pela Junta Comercial do Estado 
da Federação onde estiver a sede, sendo arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
B) Na sociedade cooperativa, cada sócio tem direito a um só voto nas deliberações sociais, tenha 
ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. 
C) A responsabilidade dos sócios de uma cooperativa é sempre limitada ao valor do capital 
social, mas todos respondem solidária e ilimitadamente pela sua integralização. 
D) Sob pena de nulidade, o capital social da cooperativa deverá ser igual ou superior a 100 
salários mínimos, que também será variável durante toda sua existência. 
 
 
52 
Comentário: 
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: 
I - variabilidade, ou dispensa do capital social; 
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da 
sociedade, sem limitação de número máximo; 
III - limitação do valor da soma de quotas docapital social que cada sócio poderá 
tomar; 
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda 
que por herança; 
V - quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de 
sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; 
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a 
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; 
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas 
pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; 
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de 
dissolução da sociedade.. 
 
Questão 6 
XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Leandro, Alcides e Inácio pretendem investir recursos 
oriundos de investimentos no mercado de capitais para constituir uma companhia fechada por 
subscrição particular do capital. A sociedade será administrada por Inácio e sua irmã, que não 
será sócia. 
Considerando-se o tipo societário e a responsabilidade legal dos sócios a ele inerente, assinale 
a afirmativa correta. 
 
53 
A) Leandro, Alcides e Inácio responderão limitadamente até o preço de emissão das ações por 
eles subscritas. 
B) Leandro, Alcides e Inácio responderão limitadamente até o valor das quotas por eles 
subscritas, mas solidariamente pela integralização do capital. 
C) Leandro, Alcides e Inácio responderão ilimitada, solidária e subsidiariamente pelas obrigações 
sociais. 
D) Leandro e Alcides responderão limitadamente até o preço de emissão das ações por eles 
subscritas, e Inácio, como administrador, ilimitada e subsidiaramente, pelas obrigações sociais. 
Comentário: 
Lei 6.404/76, Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a 
responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas 
ou adquiridas. 
Questão 7 
XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Miguel e Paulo pretendem constituir uma sociedade 
do tipo limitada porque não pretendem responder subsidiariamente pelas obrigações sociais. 
Na consulta a um advogado previamente à elaboração do contrato, foram informados de que, 
nesse tipo societário, todos os sócios respondem 
A) solidariamente pela integralização do capital social. 
B) até o valor da quota de cada um, sem solidariedade entre si e em relação à sociedade. 
C) até o valor da quota de cada um, após cinco anos da data do arquivamento do contrato. 
D) solidariamente pelas obrigações sociais. 
 
 
 
 
54 
Comentário: 
De acordo com o CC: 
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas 
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social 
Questão 8 
XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017: Marcel, durante a realização de seu estágio em um 
escritório de advocacia, devidamente autorizado por seu chefe, atendeu a uma consulta 
formulada por um cliente. O cliente desejava esclarecimentos sobre o direito de voto e seu 
exercício nas companhias. 
Marcel respondeu, corretamente, que 
A) na eleição dos membros do Conselho Fiscal, o voto poderá ser múltiplo. 
B) em caso de penhor da ação, somente o credor pignoratício exercerá o direito de voto. 
C) independente da espécie ou da classe de ação, o voto é um direito essencial de todo e 
qualquer acionista. 
D) a qualquer espécie ou classe de ação, é vedado atribuir voto plural. 
 
 
Comentário: 
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembleia-geral. 
§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações. 
A LSA, art. 110, §2º, estabelece que é vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações. 
Por voto plural, entenda-se atribuir mais de um voto a uma mesma ação. Assim, haveria voto 
plural se eu, acionista ordinário da Petrobrás, com uma única ação ordinária da sociedade, 
tivesse a possibilidade de votar duas ou mais vezes matéria em pauta. 
 
55 
Questão 9 
XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017: Em 11 de setembro de 2016, ocorreu o falecimento de 
Pedro, sócio de uma sociedade simples. Nessa situação, o contrato prevê a resolução da 
sociedade em relação a um sócio. Na alteração contratual ficou estabelecida a redução do 
capital no valor das quotas titularizadas pelo ex-sócio, sendo o documento arquivado no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em 22 de outubro de 2016. 
Diante da narrativa, os herdeiros de Pedro são responsáveis pelas obrigações sociais anteriores 
à data do falecimento, até dois anos após 
A) a data da resolução da sociedade e pelas posteriores e em igual prazo, a partir de 11 de 
setembro de 2016. 
B) a data do arquivamento da resolução da sociedade (22 de outubro de 2016). 
C) a data da resolução da sociedade em relação ao sócio Pedro (11 de setembro de 2016). 
D) a data do arquivamento da resolução da sociedade e pelas posteriores e em igual prazo, a 
partir de 22 de outubro de 2016. 
 
 
 
Comentário: 
Código Civil 
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: 
I - se o contrato dispuser diferentemente; 
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; 
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. 
 
56 
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da 
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução 
da sociedade; pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação 
 
Questão 10 
XXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2016: Bernardino adquiriu de Lorena ações preferenciais 
escriturais da companhia Campos Logística S/A e recebeu do(a) advogado(a) orientação de 
como se dará a formalização da transferência da propriedade. 
A resposta do(a) advogado(a) é a de que a transferência das ações se opera 
A) pelo extrato a ser fornecido pela instituição custodiante, na qualidade de proprietária 
fiduciária das ações. 
B) pela inscrição do nome de Bernardino no livro de Registro de Ações Nominativas em poder 
da companhia. 
C) pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de 
ações de Lorena e a crédito da conta de ações de Bernardino. 
D) por termo lavrado no livro de Transferência de Ações Nominativas, datado e assinado por 
Lorena e por Bernardino ou por seus legítimos representantes. 
 
 
Comentário: 
Lei 6.404/76: Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 
Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito das 
ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária. 
§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela instituição 
depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de 
 
57 
ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, 
em documento hábil que ficará em poder da instituição. 
§ 2º A instituição depositária fornecerá ao acionista extrato da conta de depósito das ações 
escriturais, sempre que solicitado, ao término de todo mês em que for movimentada e, ainda 
que não haja movimentação, ao menos uma vez por ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Questão 1 - C 
Questão 2 - A 
Questão 3 - C 
Questão 4 - B 
Questão 5 - B 
Questão 6 - A 
Questão 7 - A 
Questão 8 - D 
Questão 9 - B 
Questão 10 - C 
 
 
 
59 
QUESTÃO DESAFIO 
Qual o conceito de sociedades? Quais características as diferenciam 
das associações? 
Responda em até 5 linhas 
 
 
 
60 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO 
Pessoas jurídicas direito privado, com finalidade econômica e repartição de lucros. 
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: 
 Pessoa jurídica de direito privado 
André Luiz Santa Cruz Ramos (Direito EmpresarialEsquematizado, 2ª ed., 2012, p. 210) leciona 
que: “Sucintamente, pode-se dizer que o direito societário compreende o estudo das sociedades. 
E as sociedades, por sua vez, são as pessoas jurídicas de direito privado, decorrentes da união 
de pessoas, que possuem fins econômicos, ou seja, são constituídas com a finalidade de 
exploração de uma atividade econômica e repartição dos lucros entre seus membros”. Assim, 
de forma resumida, sociedades são pessoas jurídicas de direito privado, que possuem finalidade 
econômica e visam à repartição de lucros. 
 Finalidade econômica e repartição de lucros 
E complementa o referido doutrinador: “São justamente a finalidade econômica e o intuito 
lucrativo as características que diferenciam as sociedades das associações. Com efeito, ambas 
são pessoas jurídicas de direito privado decorrentes da união de pessoas, mas o traço diferencial 
entre elas é o fato de que a sociedade exerce atividade econômica e visa à partilha de lucros 
entre seus sócios (art. 981 do Código Civil), enquanto a associação não possui fins econômicos 
e, consequentemente, não distribui lucros entre seus associados (art. 53 do Código Civil)”. 
 Finalidade econômica e intuito lucrativo 
Pela importância, transcreve-se os dispositivos acima mencionados: “Art. 981. Celebram contrato 
de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, 
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” “Art. 53. 
Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos.” 
 
61 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
 STJ. REsp 1653421/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
10/10/2017, DJe 13/11/2017 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO SOCIETÁRIO. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE. NEGATIVA DE 
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. SÓCIO 
MAJORITÁRIO. PRÁTICA DE FALTA GRAVE. EXCLUSÃO. ART. 1.030 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. SÓCIOS 
MINORITÁRIOS. INICIATIVA. POSSIBILIDADE. 1. Controvérsia limitada a definir se é possível a exclusão judicial 
de sócio majoritário de sociedade limitada por falta grave no cumprimento de suas obrigações, mediante 
iniciativa da maioria dos demais sócios. 2. Nos termos do Enunciado nº 216/CJF, aprovado na III Jornada de 
Direito Civil, o quórum de deliberação previsto no art. 1.030 do Código Civil de 2002 é de maioria absoluta 
do capital representado pelas quotas dos demais sócios. 3. Na apuração da maioria absoluta do capital 
social para fins de exclusão judicial de sócio de sociedade limitada, consideram-se apenas as quotas dos 
demais sócios, excluídas aquelas pertencentes ao sócio que se pretende excluir, não incidindo a 
condicionante prevista no art. 1.085 do Código Civil de 2002, somente aplicável na hipótese de exclusão 
extrajudicial de sócio por deliberação da maioria representativa de mais da metade do capital social, 
mediante alteração do contrato social. 4. Recurso especial não provido. 
 
 (STJ. REsp 1642118/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 20/02/2018) 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. AÇÃO REGRESSIVA. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE 
DIFERENÇA DE AÇÕES. DEBÊNTURES CONVERSÍVEIS EM AÇÃO PREFERENCIAL. AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL. 
CISÃO PARCIAL. DÍVIDAS PRÓPRIAS DE NATUREZA SOCIETÁRIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Recurso 
especial em que se discute a possibilidade de ação de regresso para ressarcimento de condenação suportada 
exclusivamente por empresa cindidida contra a empresa que absorveu parcela de seu patrimônio líquido. 2. 
Para admissão da ação de regresso não se discute a responsabilidade solidária por dívidas, mas tão somente 
a titularidade da obrigação na condição de devedor. 3. A transmissão das obrigações da empresa cindida é, 
em regra, objeto de livre contratação entre as empresas, desde que satisfeitas as condições legais 
estabelecidas de forma distinta para as obrigações cíveis e aquelas de natureza societária, interna corporis. 
4. Inexistindo anuência de todos os acionistas, inclusive aqueles sem direito a voto (art. 229, § 5º, da LSA) 
quanto à atribuição de proporção societária diferenciada, a obrigação de emissão das ações decorrentes de 
 
62 
opção de debenturistas é obrigação eminentemente societária, a qual somente seria cumprida mediante a 
emissão de ações correspondentes pelas empresas cindendas. 5. In casu, não houve a referida deliberação, de 
modo que a empresa cindenda é devedora da obrigação, que foi convertida em perdas e danos e suportada 
integralmente pela cindida, sendo, portanto, devida a recomposição proporcional ao patrimônio líquido 
por ela absorvido. 6. Recurso especial provido. 
 
 REsp 1393724/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro PAULO DE TARSO 
SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/10/2015, DJe 04/12/2015 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E EMPRESARIAL. JUNTA COMERCIAL. EXIGÊNCIA DE CERTIDÃO NEGATIVA 
TRIBUTÁRIA. ANTINOMIA JURÍDICA DE SEGUNDO GRAU. CONFLITO ENTRE O CRITÉRIO CRONOLÓGICO E O 
DA ESPECIALIDADE. HIPÓTESE DE PREVALÊNCIA DO CRITÉRIO CRONOLÓGICO. PREVALÊNCIA DA LIVRE 
INICIATIVA. 1. Exigência, por Junta Comercial, de certidões negativas tributárias como condição para o 
arquivamento de ato de transformação de sociedade simples em sociedade empresária. 2. Antinomia 
jurídica entre a Lei 8.934/94, ao regular o registro público de empresas mercantis e atividades afins, e leis 
tributárias específicas anteriores. 3. Possibilidade de aplicação do critério cronológico ou do critério da 
especialidade, caracterizando um conflito qualificado como "antinomia de segundo grau". 4. Prevalência 
excepcional do critério cronológico. Precedente da Terceira Turma. 5. Derrogação tácita dos dispositivos de 
leis tributárias anteriores que condicionavam o ato de arquivamento na Junta Comercial à apresentação 
de certidão negativa de débitos. 6. Interpretação condizente com o princípio constitucional da livre 
iniciativa. 7. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, EM PARTE. 
 
 REsp 1729554/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 
06/06/2018 
RECURSO ESPECIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
CPC/2015. PROCEDIMENTO PARA DECLARAÇÃO. REQUISITOS PARA A INSTAURAÇÃO. OBSERVÂNCIA DAS 
REGRAS DE DIREITO MATERIAL. DESCONSIDERAÇÃO COM BASE NO ART. 50 DO CC/2002. ABUSO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. DESVIO DE FINALIDADE. CONFUSÃO PATRIMONIAL. INSOLVÊNCIA DO DEVEDOR. 
DESNECESSIDADE DE SUA COMPROVAÇÃO. 1. A desconsideração da personalidade jurídica não visa à sua 
anulação, mas somente objetiva desconsiderar, no caso concreto, dentro de seus limites, a pessoa jurídica, 
em relação às pessoas ou bens que atrás dela se escondem, com a declaração de sua ineficácia para 
determinados efeitos, prosseguindo, todavia, incólume para seus outros fins legítimos. 2. O CPC/2015 
inovou no assunto prevendo e regulamentando procedimento próprio para a operacionalização do instituto de 
inquestionável relevância social e instrumental, que colabora com a recuperação de crédito, combate à fraude, 
fortalecendo a segurança do mercado, em razão do acréscimo de garantias aos credores, apresentando como 
modalidade de intervenção de terceiros (arts. 133 a 137) 3. Nos termos do novo regramento, o pedido de 
desconsideração não inaugura ação autônoma, mas se instaura incidentalmente, podendo ter início nas 
 
63 
fases de conhecimento, cumprimento de sentença e executiva, opção, inclusive, há muito admitida pela 
jurisprudência, tendo a normatização empreendida pelo novo diploma o mérito de revestir de segurança jurídica 
a questão. 4. Os pressupostos da desconsideração da personalidade jurídica continuam a ser estabelecidos 
por normas de direito material, cuidando o diploma processual tão somente da disciplina do 
procedimento. Assim, osrequisitos da desconsideração variarão de acordo com a natureza da causa, seguindo-
se, entretanto, em todos os casos, o rito procedimental proposto pelo diploma processual. 6. Nas causas em 
que a relação jurídica subjacente ao processo for cível-empresarial, a desconsideração da personalidade da 
pessoa jurídica será regulada pelo art. 50 do Código Civil, nos casos de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial. 7. A inexistência ou não localização de 
bens da pessoa jurídica não é condição para a instauração do procedimento que objetiva a 
desconsideração, por não ser sequer requisito para aquela declaração, já que imprescindível a 
demonstração específica da prática objetiva de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. 8. Recurso 
especial provido. 
 
 
 
 
 
 
64 
 
LEGISLAÇÃO COMPILADA 
 
Neste capítulo, faz-se necessário ler: 
 CC/02: art. 44; 50; 981-985; 997-1.141; 
 Lei 6.404/76: art. 44; 50; 981-985; 997-1.141; 
 
 
65 
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66 
BIBLIOGRAFIA 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2020. 
 
FAZZIO JUNIOR, WALDO. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2020. 
 
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2020. 
 
PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São 
Paulo: Editora JusPodivm, 2020. 
 
 
Capítulo 4
MAT
ERIA
L 
EXE
MPL
AR
 
1 
SUMÁRIO 
CAPÍTULOS .............................................................................................................. Error! Bookmark not defined. 
DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................................................... 3 
Capítulo 4 ............................................................................................................................................................................. 3 
8. Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e da Falência ........................................................................... 3 
8.1 Introdução .................................................................................................................................................... 3 
8.2 Disposições comuns ................................................................................................................................... 9 
8.2.1 Administrador Judicial ................................................................................................................... 9 
8.2.2 Assembleia Geral de Credores ................................................................................................... 11 
8.2.3 Comitê de Credores ...................................................................................................................... 13 
8.3 Recuperação Judicial ................................................................................................................................ 14 
8.4 Recuperação Judicial Especial ................................................................................................................ 19 
8.5 Recuperação Extrajudicial ....................................................................................................................... 21 
8.6 Falência ....................................................................................................................................................... 23 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 49 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................ 50 
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 64 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 67 
LEGISLAÇÃO COMPILADA ......................................................................................................................................... 70 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................................. 72 
 
 
 
2 
 
E ai, OABeiro! Tudo certinho? 
A apostila de número 04 do nosso curso de Direito Empresarial tratará sobre Crise na Empresa, 
matéria que já foi objeto de várias questões no Exame de Ordem ao decorrer desses anos! De 
acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente apenas 14 VEZES nos 
últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de altíssima relevância! 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei 
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
 
 
 
3 
DIREITO EMPRESARIAL 
Capítulo 4 
Neste capítulo, estudaremos a teoria geral do direito falimentar, que consubstancia a 
análise da disciplina das saídas da crise econômico-financeira dos empresários, quais sejam a 
recuperação judicial/extrajudicial e o processo de falência. 
4. Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e da Falência 
4.1 Introdução 
Quanto à questão da origem etimológica, falir vem da palavra latina fallere que significa 
enganar, faltar com a palavra. 
Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um 
empresário declarado falido (pessoa física ou jurídica) é arrecadado, visando o pagamento da 
universalidade de credores. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação 
dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos 
créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a 
punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido. 
Para os devedores insolventes, portanto, estabelece o arcabouço normativo de uma 
execução especial, na qual todos os credores deverão ser reunidos em um único processo, para 
a execução conjunta do devedor. Em vez de se submeter a uma execução individual, pois, o 
devedor insolvente deverá se submeter a uma execução concursal, em obediência ao princípio 
da par condicio creditorum, segundo o qual deve ser conferido tratamento isonômico aos 
credores. 
Imaginemos que um credor entra com ação de falência contra o devedor. Se o juiz 
decretar a falência, todos os bens do falido serão arrecadados. Depois de arrecadados os bens 
serão vendidos. Com essa venda se consegue dinheiro. Mas esse dinheiro será utilizado para 
 
4 
pagamentode todos credores, e não somente aquele que ajuizou a ação. O juiz, ao declarar a 
falência, declara o estado de insolvência do devedor. 
Para que se efetue o pagamento dos credores, é preciso observar uma ordem de 
classificação e aquele que ajuizou a ação pode estar no final da fila e não conseguir receber 
nada. O pagamento é de todos os credores, não só daquele que ajuizou a ação, por isso que a 
falência é chamada de execução coletiva. 
A partir do momento em que o devedor não possui mais meios de superar a crise de sua 
atividade e suas dívidas se tornam incontornáveis, instaura-se um processo de execução coletiva, 
visando garantir os credores com o patrimônio do devedor. Se o devedor exerce atividade não 
empresarial, este procedimento é a insolvência civil; se empresário, teremos a falência. 
 
Cuidado! A insolvência civil permanece regulada pelo derrogado Código de Processo Civil de 
1973, por força de seu artigo 1.052, que conferiu ultratividade ao regime jurídico da insolvência 
civil por ele disciplinado. Segundo tal preceito, “até a edição de lei específica, as execuções 
contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas 
pelo Livro II, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.” 
Note-se que, a falência não decorre da insolvência econômica (ativo insuficiente para 
solver o passivo), mas da insolvência jurídica, que se caracteriza nas hipóteses do art. 94, I, II 
e III. 
Como dito, o princípio do par condicio creditorum preconiza que os credores do devedor 
que não possuem condições de saldar integralmente todas as suas obrigações devem receber 
do direito um tratamento parificado, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais 
chances de efetivação de seus créditos. Por isto se instaura uma execução coletiva. 
Não há como deixar de reconhecer, pois, o caráter híbrido ou complexo da falência, 
diante da confluência de normas processuais e materiais no arcabouço jurídico-falimentar. Em 
razão disso, a Lei 11.101/2005 é considerada como um microssistema jurídico. 
 
5 
Em relação à vigência intertemporal da Lei nº 11.101/05, já decidiu o STJ a possível 
ocorrência de três situações diferentes (REsp 1.105.176/MG): 
• Em falência ajuizada e decretada antes da vigência da nova lei, aplica-se o antigo 
Decreto-Lei 7.661/45, em decorrência da interpretação pura e simples do art. 192, caput; 
• Em falência ajuizada e decretada após a vigência da nova lei, esta será integralmente 
aplicada em virtude do entendimento a contrário sensu do art. 192, caput; 
• Em falência ajuizada antes da lei nova, mas decretada após a sua vigência, aplica-se o 
Decreto-Lei 7.661/45 até a sentença e a Lei 11.101/05 a partir desse momento 
(sentença), em consequência da exegese do art. 192, §4º. 
A lei nº 11.101/05 (Lei de Recuperação Judicial e Falência – LFREF) trata da recuperação 
judicial (substituta da concordata preventiva, embora os processos de concordata já iniciados 
continuem regidos pela legislação anterior), da recuperação extrajudicial (inovação da nova lei, 
já que na legislação anterior a chamada “concordata branca” era considerado ato falimentar) e 
da falência. 
A LFREF está fundada na teoria da empresa, se aplicando apenas a quem exerça atividade 
empresária (empresário individual, sociedade empresarial e EIRELI). A sociedade simples, por 
exemplo, não pode recorrer à recuperação judicial ou ser declarada falida. 
A Lei nº 11.101/05 não se aplica a empresa pública e a sociedade de economia mista 
(inaplicabilidade absoluta). Também não se aplica à instituição financeira pública ou privada, 
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora 
de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores (inaplicabilidade relativa, podendo acontecer 
se houve previsão na legislação específica, como prevê a Lei 6.024/74 para os bancos). 
 
Segundo a letra “b” do art. 21 da Lei 6.024/74, à vista do relatório ou da proposta previstos no 
artigo 11, apresentados pelo liquidante, o Banco Central do Brasil poderá autorizá-lo a requerer 
 
6 
a falência da entidade, quando o seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade 
do valor dos créditos quirografários, ou quando houver fundados indícios de crimes falimentares. 
Tal procedimento aplica-se, tão somente, à instituições financeiras, definidas pela Lei 4.595/64 
como: 
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, 
que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação 
de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a 
custódia de valor de propriedade de terceiros. 
As cooperativas de crédito, por sua vez, são consideradas instituições financeiras, por 
força da Lei Complementar n. 130/20091. Daí existirem diversas decisões no sentido da 
possibilidade de decretação da falência dessas instituições2. No entanto, há posições doutrinárias 
 
1 Apesar de não se sujeitar à falência, a cooperativa exerce atividade empresarial, pois atua produzindo bens e 
serviços para o mercado. Nesse sentido, Waldírio Bulgarelli, Tratado de Direito Empresarial, 4ª ed. São Paulo: Atlas, 
2000, p. 268-270; do mesmo autor, As sociedades cooperativas e sua disciplina jurídica. Rio de Janeiro: Renovar, 
1998, p. 178-179; Rachel Sztajn, Código Civil comentado, v. XI. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 
2008, p. 142-143; Ronie Preuss Duarte, Teoria da empresa à luz do Código Civil brasileiro. São Paulo: Método, 2004, 
p. 101. Em sentido contrário, Walfrido Jorge Warde Júnior, Tratado de direito empresarial, v. I. 2ª ed., Coord. 
Modesto Carvalhosa. São Paulo: RT, 2019, p.147-149. Sobre o caráter societário da cooperativa (que alguns 
consideram uma associação), vide a resenha de Jorge Manuel Coutinho de Abreu, Curso de direito comercial. Das 
sociedades, v. II, 6ª ed. Coimbra: Almedina, 2019, p. 46-47, esp. nota 76. Para Haroldo Verçosa, Curso de direito 
comercial, v. 2. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 546, "as cooperativas ficam a meio caminho entre as sociedades civis 
e as sociedades empresárias, cabendo-lhes a natureza jurídica de ente híbrido, ou de sociedade sui generis...". 
Friedrich Kübler, Derecho de Sociedade, 5ª ed., trad. espanhola. Madrid: Fundación Cultural del Notariado, p. 245, 
afirma que a cooperativa é um "empresário formal", pois opera no mercado com sua própria denominação social. 
2 Acolhendo o entendimento de que as Sociedades Cooperativas de Crédito podem ser submetidas à falência, 
desde que estejam incluídas nas hipóteses previstas na Lei 6.024/74, tem-se os seguintes julgados: COOPERATIVA 
DE CRÉDITO RURAL DE NOVA FRIBURGO LTDA. - Em Liquidação Extrajudicial - (CNPJ 86.811.130/0001- 20) - 
Decretação da falência da sociedade, por sentença em 18.10.2000, pelo MM. Juiz de Direito da Primeira Vara Cível 
da Comarca de Nova Friburgo (RJ), publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em 25.10.2000; 
COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE ARACAJU LTDA. (CGC nº 00.377.854/0001-91) - Decretação da falência da 
sociedade, por sentença em 30.09.98, pela MM. Juíza de Direito da 14. Vara Cível da Comarca de Aracaju (SE), 
publicada no Diário de Justiça do Estado de Sergipe em 07.10.98; COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE MACAE 
LTDA - CREDI-NORTE (CGC nº 73.634.503/0001-92) - Decretação da falência da sociedade, por sentença em 
31.07.97, pelo MM. Juiz de Direito da Primeira Vara da Comarca de Macaé (RJ), publicada no Jornal "O DEBATE" da 
cidade de Macaé (RJ), em 02.08.97; COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PLANTADORES DE CANA DE PERNAMBUCO 
LTDA. (CGC nº 10.853.810/0001-44) - Decretação da falência da sociedade, por sentença em 25.02.97, pelo MM. 
Juiz de Direito da Vara Privativa de Falênciase Concordatas da Comarca de Recife (PE), publicada no Diário Oficial 
do Estado de Pernambuco em 20.03.97; 
 
7 
em contrário, que se respaldam na existência de um regime próprio de intervenção e liquidação 
extrajudicial para as cooperativas, Por esta razão, em que pesem alguns recentes entendimentos 
em sentido contrário, doutrinadores de renome sustentam que as cooperativas não podem se 
submeter à execução concursal do empresário, pois prestam atividade econômica não-
empresarial, além de possuírem legislação própria para tratar da liquidação. 
Nesse sentido, Humberto Theodoro Júnior esclarece que: 
Há certas sociedades cuja natureza civil é inconteste e até mesmo reconhecida por 
disposição expressa de lei, mas cujo regime de liquidação, por vontade também do 
legislador, é especial, fugindo tanto do concurso falimentar como do concurso civil. 
Assim, as cooperativas, definidas pela Lei 5.764, de 16/12/71 como sociedades civis, 
podem ser liquidadas extrajudicialmente, mediante intervenção de órgão executivo 
federal, nos termos do artigo 75 daquele diploma legal 
O Superior Tribunal de Justiça já expediu decisões na mesma linha da opinião do autor: 
(…) As sociedades cooperativas não se sujeitam à falência, dada a sua natureza civil e 
atividade não empresária, devendo prevalecer a forma de liquidação extrajudicial prevista 
na Lei 5.764/71, (…). 2. A Lei de Falências vigente à época – Decreto­lei nº 7.661/45 – em 
seu artigo 1º, considerava como sujeito passivo da falência o comerciante, assim como a 
atual Lei 11.101/05, que a revogou, atribui essa condição ao empresário e à sociedade 
empresária, no que foi secundada pelo Código Civil de 2002 no seu artigo 982, § único 
c/c artigo 1.093, corroborando a natureza civil das referidas sociedades, e, a fortiori, 
configurando a inaplicabilidade dos preceitos da Lei de Quebras às cooperativas. (…) (AgRg 
no REsp 999.134/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, 1.ª Turma, j. 18.08.2009, DJe 21.09.2009) 
 
TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL CONTRA COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO JUDICIAL – 
INAPLICABILIDADE DA LEI DE FALÊNCIAS – REMESSA DO PRODUTO DA ARREMATAÇÃO 
AO JUÍZO DA LIQUIDAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. 1. As sociedades 
cooperativas não estão sujeitas à falência, uma vez que não possuem natureza empresarial, 
devendo, portanto, prevalecer a forma de liquidação prevista na Lei 5.764/71. (…) 3. Agravo 
regimental não provido. (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 1129512/SP, Rel. Ministra 
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 10/12/2013) 
 
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 
COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO. CARÁTER NÃO EMPRESARIAL. LEI DE FALÊNCIAS. 
INAPLICABILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI 5.764/71. ENTENDIMENTO PACÍFICO DO STJ. 1. A 
jurisprudência desta Corte Superior tem entendimento pacífico no sentido da 
inaplicabilidade da legislação falimentar às cooperativas em liquidação, pois estas não 
 
 
 
8 
possuem características empresariais, sendo a elas aplicáveis as disposições previstas na 
Lei 5.764/71. Precedentes: AgRg no Ag 1.385.428/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, 
Primeira Turma, DJe 13/09/2011; AgRg no REsp 999.134/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira 
Turma, DJe 21/09/2009; REsp 1.202.225/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 
Segunda Turma, DJe 06/10/2010. 2. (…) (AgRg no REsp 1109103/SP, Rel. Ministro SÉRGIO 
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 02/12/2014) 
 
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL CONTRA COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO JUDICIAL. 
INAPLICABILIDADE DA LEI DE FALÊNCIAS. MANUTENÇÃO DA MULTA E DOS JUROS 
MORATÓRIOS. 1. O aresto recorrido adotou tese em conformidade com a jurisprudência 
deste Tribunal, no sentido de que as cooperativas não estão sujeitas à falência por 
possuírem natureza civil e praticarem atividades não-empresárias, devendo prevalecer a 
forma de liquidação prevista na Lei 5.764/71. (…) (REsp 1202225/SP, Rel. Ministro MAURO 
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 06/10/2010) 
 
Uma sociedade limitada não registrada (Sociedade em Comum), também não poderá 
requerer a falência dos seus devedores ou mesmo requerer o benefício da recuperação judicial, 
embora possa figurar no polo passivo de uma ação falimentar, visto que, como ensina o 
brocardo jurídico: “a aquisição de direitos depende da observância da norma, mas a imposição 
de deveres existirá sempre”. Ora, não seria razoável que, pelo fato de não haver cumprido a 
obrigação do registro, a sociedade em comum ficasse protegida contra pedidos de decretação 
de falência. De tal modo, as sociedades irregulares poderão sim figurar no polo passivo de 
pedidos de falência.3 
O juízo competente na recuperação e na falência é o do local do principal 
estabelecimento, qual seja o local onde o devedor concentra o maior volume de negócios 
(aquele estabelecimento economicamente mais importante, embora parte da doutrina entenda 
ser o estabelecimento onde se encontra a administração do empresário).4 
Nesse sentido, determina o seguinte enunciado do CJF: 
Enunciado 466. Para fins do Direito Falimentar, o local do principal estabelecimento é 
aquele de onde partem as decisões empresariais, e não necessariamente a sede indicada 
no registro público. 
 
3 PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São Paulo: Editora jus 
podivm, 2017. p. 192. 
4 Questão 12 
 
9 
4.2 Disposições comuns 
O Ministério Público pode atuar como parte, em legitimação extraordinária (substituto 
processual, defendendo interesse de terceiro em nome próprio), ou como fiscal da lei (custos 
legis). Não há vedação à inclusão do crédito alimentício nos processos falimentares (se eram 
descontados em folha, por exemplo). 
São 3 os órgãos auxiliares do Juízo: o Administrador Judicial, a Assembleia Geral de 
Credores e o Comitê de Credores. 
4.2.1 Administrador Judicial 
A antiga figura do síndico foi substituída pelo administrador judicial. Trata-se de um dos 
órgãos auxiliares do juízo na RJ e na F, com função eminentemente executória, servindo 
como elo entre o juízo e a massa falida (na falência) e o juízo e a empresa em recuperação 
(na recuperação judicial), zelando pelo cumprimento da LFREF e apoiando o juízo na prática de 
uma série de procedimentos administrativos, tais como os previstos no art. 22 da LFREF, cuja 
leitura se recomenda. 
Decretada a falência, todas as ações sobre bens, interesses ou negócios do falido 
prosseguirão com o administrador judicial, que será intimado para representar a massa. 
Nomeado pelo juiz, o administrador judicial pode ser pessoa física idônea, preferencialmente 
advogado, economista, administrador ou contador, ou pessoa jurídica especializada, devendo 
ser informado o nome do profissional por ela responsável, que não poderá ser substituído senão 
por autorização judicial. 
Na recuperação judicial, o administrador judicial é nomeado no despacho de 
processamento, mas na falência a nomeação se dá na sentença que decretá-la. 
Uma vez nomeado, o administrador será intimado pessoalmente para, em 48h, assinar, 
na sede do juízo, termo de compromisso para o bom e fiel desempenho da função, assumindo 
com sua assinatura todas as responsabilidades a ela inerentes. Caso não assine o termo no 
prazo, o juiz nomeará outro administrador. A função de administrador é indelegável, vedando 
a lei qualquer espécie de substituição, excetuada a hipótese de autorização legal. 
 
10 
 
Atenção, OABeiro! Não poderá exercer a função de administrador judicial a pessoa que, nos 
últimos 5 anos, no exercício do cargo de administrador judicial em falência ou recuperação 
judicial anterior, houver sido destituída, deixado de prestar contas dentro dos prazos legais ou 
tido a prestação de contas desaprovada. Da mesma forma, também estarão impedidosde 
exercer a função de administrador judicial aqueles que tiverem relação de parentesco ou 
afinidade até o terceiro grau com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais, ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 
Qualquer interessado, qualquer credor ou mesmo o Ministério Público poderá requerer 
ao juiz a sua substituição se a nomeação foi contrária à lei, o qual deverá decidir a questão no 
prazo de 24h do recebimento do requerimento. Por outro lado, a lei não define prazo para 
apresentação do pedido de substituição. 
A substituição do administrador judicial, uma vez não possuir caráter sancionatório, não 
impede que aquele receba a remuneração correspondente ao período anterior à substituição, 
assim como não implica em impedimento ao exercício da função em outro processo. Não 
obstante, o administrador que for substituído em razão de renúncia injustificada da função, não 
terá direito a remuneração. 
A destituição poderá ser requerida por qualquer interessado, qualquer credor ou pelo 
Ministério Público. O juiz poderá destituir o administrador que descumprir os seus deveres, for 
omisso ou negligente, ou praticar atos lesivos ao devedor ou a terceiros, como na hipótese 
da não apresentação, dentro do prazo legal, das contas ou relatórios a que está obrigado. Logo, 
diferentemente da substituição, a destituição possui caráter sancionatório, aplicando-se 
àqueles administradores que não agirem de forma diligente. Em razão de seu caráter, traz como 
consequências a vedação para novo exercício da função de administrador judicial pelo período 
de 5 anos e a perda do direito a remuneração. A lei também não define prazo para o pedido 
de destituição. 
 
11 
O administrador também pode renunciar, ainda que sem motivo, mas neste caso não 
terá direito a remuneração. 
Responderá o administrador judicial pelos prejuízos eventualmente causados ao devedor, 
à massa falida ou aos credores sempre que atuar com dolo ou culpa. 
A remuneração do administrador levará em conta a capacidade de pagamento do 
devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para 
atividades afins. Na recuperação judicial, o valor da remuneração do administrador judicial fixada 
pelo juiz não poderá ultrapassar a 5% do montante devido aos credores, pago a critério do 
juiz. Na falência, o valor da remuneração do administrador judicial fixada pelo juiz não poderá 
ultrapassar a 5% do valor dos bens vendidos, pago 60% da remuneração fixada pelo juiz por 
ocasião da venda dos bens do falido e os 40% restantes deverão ser pagos ao final, após a 
prestação de contas pelo administrador judicial e a sua aprovação (não fará jus à remuneração 
o administrador judicial que tiver as suas contas desaprovadas. Tratando-se de microempresa 
ou empresa de pequeno porte, a remuneração fica restrita a 2%. 
4.2.2 Assembleia Geral de Credores 
É o órgão que agrega todos aqueles que têm crédito contra o empresário individual, 
sociedade empresária ou EIRELI, constituindo-se em uma instância auxiliar. Será organizada em 
quatro classes, estando composta por titulares de créditos derivados da legislação do trabalho 
ou decorrentes de acidente do trabalho; de créditos com garantia real; de créditos quirografários, 
com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados; e de créditos enquadrados como 
microempresa ou empresa de pequeno porte. 
Desse modo, os titulares de créditos de outra natureza (tributários e decorrentes de 
multas e penas pecuniárias) não integrarão a assembleia. Tais créditos não estão sujeitos à 
habilitação, bem como o processo de execução fiscal não se suspende5. 
A assembleia geral conspira a favor da esperada celeridade dos procedimentos 
falimentares, haja vista que, uma vez considerados isoladamente, cada credor defenderia seu 
próprio interesse, o que certamente inviabilizaria o processo. 
 
5 Vide questão 1. 
 
12 
Dentre as atribuições da assembleia geral, destacam-se deliberar sobre a aprovação, 
rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor, deliberar 
sobre a possível adoção de outras modalidades de liquidação do ativo na falência e deliberar 
sobre a conveniência da constituição do comitê de credores, assim como sobre qualquer matéria 
de interesse dos credores. 
Presidida pelo administrador judicial e convocada pelo juiz, será instalada, em primeira 
convocação, a partir da presença de credores que sejam titulares de mais da metade dos valores 
dos créditos de cada classe, e em segunda convocação, com qualquer número. 
Via de regra, o voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, mas em 
relação à classe dos titulares de créditos trabalhistas e decorrentes de acidente do trabalho 
a proposta deverá ser aprovada por maioria simples dos credores presentes, 
independentemente do valor de seus créditos. Nas deliberações sobre o plano de recuperação 
judicial, todas as classes da assembleia geral de credores deverão aprovar a proposta, sob pena 
de inviabilizar a recuperação. 
 
 
Se liga OABeiro! De acordo com o art. 43 da LRF, os sócios do devedor, bem como as 
sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista com 
participação superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor 
ou algum de seus sócios detenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital social, 
poderão participar da assembleia-geral de credores, sem ter direito a voto e não serão 
considerados para fins de verificação do quórum de instalação e de deliberação.6 
Isso já foi cobrado mais de uma vez no exame de ordem, assim, nada impede que seja cobrado 
de novo! 
Vejamos um exemplo: 
 
6 Vide questão 09 
 
13 
XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Concessionária de Veículos Primeira Cruz Ltda. obteve 
concessão de sua recuperação judicial. Diante da necessidade de alienação de bens do ativo 
permanente, não relacionados previamente no plano de recuperação, foi convocada assembleia 
geral de credores. A proposta de alienação foi aprovada em razão do voto decisivo da credora 
Dutra & Corda Representações Ltda., cujo sócio majoritário P. Dutra tem participação de 32% 
(trinta e dois por cento) no capital da sociedade recuperanda. 
Com base nesses dados, é correto afirmar que 
A) a decisão é nula de pleno direito, pois a pretensão de alienação de bens do ativo permanente, 
não relacionados no plano, enseja a convolação da recuperação judicial em falência. 
B) o voto da sociedade Dutra & Corda Representações Ltda. não poderia ter sido considerado 
para fins de verificação do quórum de instalação e de deliberação da assembleia geral. 
C) a decisão assemblear é anulável, pois a sociedade Dutra & Corda Representações Ltda., como 
credora, não poderia ter participado nem proferido voto na assembleia geral. 
D) a assembleia é nula, pois a autorização para a alienação de bens do ativo permanente, não 
relacionados no plano de recuperação judicial, é prerrogativa exclusiva do administrador judicial. 
Observação: A questão acima citada e seu respectivo comentário se encontra no final da 
apostila, na parte da bateria de questões! Não deixe de resolvê-la! 😉 
 
4.2.3 Comitê de Credores 
É um órgão facultativo que atua no dia a dia do processo, na proteção dos interesses da 
assembleia geral de credores, sendo dotado de natureza fiscalizatória. É composto por apenas 
quatro membros, cada qual com direito a dois suplentes, sendo um membro indicado pela 
classe dos credores trabalhistas, um membro indicado pela classe dos credores com garantia 
real ou privilégios especiais e um membro indicado pela classe de credores quirografários e 
com privilégios gerais e um membro indicado pela classe de credores representantes de 
microempresas e empresas de pequenoporte. 
 
14 
São atribuições do comitê de credores, entre outras, fiscalizar as atividades e examinar 
as contas do administrador judicial, zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento 
da lei, requerer ao juiz a convocação da assembleia geral de credores e fiscalizar a execução do 
plano de recuperação judicial. 
A falta de indicação de representante por qualquer classe não prejudicará a constituição 
do Comitê, o qual poderá funcionar mesmo com número inferior. 
Se o Comitê não for formado, suas funções serão exercidas pelo administrador judicial 
ou pelo juiz, em caso de incompatibilidade daquele. Os membros do comitê de credores não 
têm direito à remuneração, mas apenas o ressarcimento das despesas comprovadas, após 
autorização judicial e havendo disponibilidade em caixa. 
Os membros do comitê de credores responderão pelos prejuízos eventualmente causados 
ao devedor, à massa falida ou aos credores por atuarem com dolo ou culpa. 
Da mesma forma que em relação ao administrador judicial, não poderá ser membro do 
comitê de credores a pessoa que, nos últimos 5 anos, no exercício do cargo de administrador 
judicial anterior, houver sido destituída, deixado de prestar contas dentro dos prazos legais ou 
tido a prestação de contas desaprovada. No mesmo sentido, também não poderá ser membro 
do comitê de credores a pessoa que tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro grau 
com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais, ou deles for 
amigo, inimigo ou dependente. 
 
4.3 Recuperação Judicial 
4.3.1 Conceito 
Trata-se de medida excepcional, que tem por objetivo viabilizar a superação da crise 
econômico-financeira do empresário individual, da sociedade empresária e da EIRELI ao prever 
um verdadeiro plano de reestruturação, com diversas medidas de ordem financeira, jurídica e 
econômica, conferindo assim efetivas chances de superação do quadro de crise. 
 
15 
A recuperação judicial tem por objetivos a manutenção da fonte produtora, a manutenção 
do emprego dos trabalhadores, e a garantia dos interesses dos credores. A ideia é proteger a 
função social da empresa e o princípio da preservação da empresa. 
4.3.2 Legitimidade 
Têm legitimidade ad causam ativa ordinária o empresário individual, a sociedade 
empresária e a EIRELI. Têm legitimidade ativa extraordinária o cônjuge supérstite, herdeiros do 
devedor, inventariante, ou ainda pelo sócio remanescente da sociedade empresária. 
4.3.3 Cabimento 
A recuperação judicial poderá ser pedida diretamente, diante de quadro de crise 
econômico-financeira do devedor, ou ainda no prazo da defesa/contestação contra pedido de 
falência. 
4.3.4 Pressuposto Processual 
 
O art. 48 da LFREF é muito importante para o seu estudo, OABeiro, vez que traz os 
requisitos para a recuperação judicial, quais sejam:7 
 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, 
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com 
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
 
7 Vide questão 11 
 
16 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa 
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
 
 
Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, 
tanto vencidos quanto vincendos (a vencer). Como exceção à regra geral, não são exigíveis 
do devedor as obrigações a título gratuito, as despesas com habilitação ou impugnação do 
crédito (salvo as custas judiciais decorrentes de litígio do qual o devedor saiu vencido) e também 
não se submetem aos efeitos da recuperação judicial os credores titulares de posição de 
proprietários fiduciários de bens móveis ou imóveis, arrendadores mercantis (credores no 
contrato de “leasing”), proprietários ou promitentes vendedores de bens imóveis, cujos 
contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade (inclusive em 
incorporações imobiliárias), proprietários em contrato de venda com reserva de domínio, 
credor no adiantamento de contrato de câmbio para exportação (ACC), desde que o prazo 
total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas 
específicas da autoridade responsável. 
Os créditos não incluídos no plano de recuperação serão recebidos pelos credores 
segundo a forma originalmente contratada. Os credores de empresa em recuperação conservam 
seus direitos e privilégios contra coobrigados, independentemente do que foi planificado pelo 
devedor. Portanto, o credor com garantia de terceiro, ainda que sujeito aos efeitos da 
recuperação judicial, poderá executar o garantidor. 
O empresário individual, a sociedade empresária e a EIRELI, que atendendo aos requisitos 
do art. 48 da LFREF, enfrentem crise econômico-financeira, estarão legitimados a pedir a 
recuperação judicial. Trata-se de meio de superação do seu estado de crise, que deve ser 
materializado em petição inicial que demonstre ao juiz a realidade econômica, financeira e 
patrimonial da empresa, bem como sua importância no contexto local, regional ou nacional, 
deixando patente a sua efetiva capacidade de reestruturação, e observando os demais elementos 
que devem instruir a petição inicial. 
 
17 
4.3.5 Pedido de Recuperação 
Nos termos do art. 51 da LFREF: 
 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da 
crise econômico-financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância 
da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou 
de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor 
atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e 
a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, 
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou 
em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor e naquelas onde possui filial; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como 
parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores 
demandados. 
4.3.6 Processamento 
Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou 
onerar bens ou direitos de seu ativopermanente, salvo se houver evidente utilidade reconhecida 
pelo juiz, com exceção dos atos previamente relacionados no plano. Estando tudo certo na 
petição inicial, restará ao juiz deferir o processamento. 
 
18 
O despacho de processamento é um despacho de mero prosseguimento, que permite 
que as demais fases sejam realizadas. No despacho, o juiz também nomeará o administrador 
judicial, determinará a dispensa da apresentação das certidões negativas para que o devedor 
exerça as suas atividades (exceto para a contratação com o Poder Público ou para o recebimento 
de benefícios fiscais ou creditícios), ordenará a suspensão de todas as ações e execuções contra 
o devedor, pelo prazo improrrogável de 180 dias, contado do deferimento do processamento, 
ressalvadas as ações que demandarem quantia ilíquida, de natureza trabalhista, de execuções 
fiscais e as promovidas por credores não sujeitos à recuperação. Determinará ao devedor a 
apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação e ordenará a 
intimação do MP e comunicação por cartas às Fazendas. 
Ainda que não sujeitos à recuperação, se os bens objeto da constrição forem essenciais 
à atividade empresarial do devedor, não poderão ser retirados ou vendidos no prazo de 180 
dias a contar do deferimento do processamento. 
O devedor não poderá desistir do pedido após o deferimento do seu processamento, 
salvo se obtiver a aprovação da desistência na assembleia geral de credores. 
 
4.3.7 Plano de Recuperação Judicial 
O plano de recuperação judicial é o projeto desenvolvido pelo devedor para 
superação da crise econômico-financeira. Poderá ser baseado em uma ou várias das medidas 
previstas no rol do art. 50 da LFREF, que se aconselha a leitura atenta. 
O plano deve ser apresentado pelo devedor ao juízo no prazo improrrogável de 60 dias, 
a contar da publicação da decisão que deferiu o seu processamento, sob pena de convolação 
em falência. 
O plano não poderá prever prazo superior a 1(um) ano para pagamento dos créditos 
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidente de trabalho, vencidos até a data 
do pedido. Não poderá prever, ainda, prazo superior a 30 dias para pagamento, até o limite de 
5 salários mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial, vencidos nos 
3 meses anteriores ao pedido. 
Aprovado o plano pela assembleia geral de credores (anuência expressa ao plano), ou 
não tendo havido votação em razão da ausência de objeções por parte dos credores (anuência 
 
19 
tácita ao plano), o juiz proferirá decisão concedendo a recuperação, decisão contra a qual caberá 
agravo de instrumento. 
4.3.8 Efeitos da Recuperação 
Com a decisão concessiva, deverá o juiz determinar ao registro público de empresas 
mercantis a anotação da recuperação judicial no registro correspondente, sendo assim acrescida 
ao seu nome empresarial a expressão “em Recuperação Judicial”. A decisão que concede a 
recuperação judicial constitui título executivo judicial. 
Deferida a recuperação, permanecerá o devedor em recuperação até que se cumpram 
todas as obrigações previstas no plano para os primeiros 2 anos. 
Ressalvadas as hipóteses elencadas no art. 64 da LFREF, que se aconselha leitura atenta, 
permanecerá o devedor (ou seus administradores) à frente da empresa. 
Após o período de 2 anos, ocorrerá o encerramento da recuperação desde que todas a 
obrigações previstas para esse período tenham sido cumpridas, presumindo-se que conseguirá 
cumprir as demais. 
A recuperação judicial poderá ser convertida em falência, dando-se de imediato 
prosseguimento ao feito nos próprios autos. São hipóteses de convolação: 
a) Por deliberação da assembleia geral de credores; 
b) Pela não apresentação tempestiva, pelo devedor, do plano de recuperação; 
c) Pela rejeição da assembleia geral de credores ao plano apresentado pelo devedor; e 
d) Pelo descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano durante o período de 
2 anos. 
4.4 Recuperação Judicial Especial 
As microempresas e as empresas de pequeno porte têm tratamento favorecido através 
do chamado plano especial de recuperação judicial da ME e da EPP. 
Estão legitimados a requerer a recuperação judicial com base no plano especial 
empresário individual, a sociedade empresária e a EIRELI que se encaixem na definição de ME e 
EPP e estejam devidamente registrados como tal. Trata-se de faculdade, podendo a ME ou EPP 
 
20 
optar pelo procedimento comum, devendo haver a opção expressa, na petição inicial, se 
escolhido o plano especial. 
A decisão que defere o processamento da recuperação especial estabiliza o processo, não 
podendo, a partir daquele momento, haver a desistência do pedido ou mesmo a alteração do 
pedido da forma comum para a forma especial ou vice-versa. Portanto, antes do despacho de 
processamento, poderá haver a desistência. 
O plano especial deve ser apresentado pelo devedor, informando os meios através dos 
quais pretende suplantar a crise. O prazo para a apresentação do plano especial é de 60 dias a 
contar da publicação da decisão que deferir o processamento. 
A inicial deverá ser instruída com os documentos arrolados pelo art. 51 da LFRE, com a 
exceção daqueles apontados pelo inciso II (balanço patrimonial, relatório de fluxo de caixa, etc.), 
podendo assim apresentar livros e escrituração contábil simplificados, nos termos da legislação 
específica. 
Os requisitos são os da recuperação ordinária, previstos no art. 48 da LFREF. 
Estão sujeitos a recuperação judicial com base no plano especial todos os créditos 
existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de repasse 
de recursos oficiais, os fiscais, e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49 (crédito do proprietário 
fiduciário de bens móveis ou imóveis; o crédito do arrendador mercantil; o crédito do 
proprietário ou promitente vendedor de bem imóvel cujo contrato esteja gravado com cláusula 
de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias; de proprietário 
em contrato de venda com reserva de domínio e do credor no adiantamento de contrato de 
câmbio). 
O plano especial preverá parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, 
acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, 
podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas. Preverá o pagamento da 
1ª parcela no prazo máximo de 180 dias, contado da distribuição do pedido, e estabelecerá a 
necessidade de autorização judicial para o aumento de despesas ou contratação de empregados. 
O plano não acarreta a suspensão do curso da prescrição, nem das ações e execuções por 
créditos não abrangidos pelo plano. 
 
21 
A recuperação com base no plano especial é concedida pelo juiz se atendidas às 
exigências legais, independentemente de convocação da assembleia geral de credores para 
deliberação sobre o plano. 
Apesar de não haver convocação específica para tal fim, é possível que os credores tomem 
a iniciativa de se reunir e, caso haja objeção de mais da metade dos credores titulares de créditos 
quirografários, o juiz julgará improcedente o pedido e decretará a falência. 
4.5 Recuperação Extrajudicial 
A Recuperação Extrajudicial é instituto novo, caracterizado pela possibilidade de o 
devedor convocar os seus credores para apresentar proposta de renegociação. 
Os credores são chamados para acordar, podendo o Estado ser chamado apenas 
acessoriamente para aferir se estão presentes os requisitos legais para a concessão do benefício 
e para chancelar a posição a que chegaram as partes, garantindo assim a executividade do que 
foi deliberado (com a homologação). 
As regras pertinentes à recuperação extrajudicial não impedem a realização de outras 
formas de acordos privados entre o devedor e os seus credores, fato que representa um 
importante diferencial. A legitimidade é amesma. 
Os requisitos para homologação são os mesmos da recuperação judicial, acrescidos de o 
devedor não poder ter pendente pedido de recuperação judicial, ou haver obtido a concessão 
de recuperação judicial ou a homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos 
de 2 anos (art. 161, §3º, LFRE). 
A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constitui título 
executivo judicial. 
Não estão sujeitos à recuperação extrajudicial os titulares de créditos tributários, 
trabalhistas ou decorrentes de acidente do trabalho, assim como aqueles relacionados no art. 
49, parágrafos 3º e 4º da LFRE (proprietários fiduciários de bens móveis ou imóveis; arrendadores 
mercantis; proprietários ou promitentes vendedores de bens imóveis, cujos contratos contenham 
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias; 
proprietários nos contratos de venda com reserva de domínio, assim como os credores em 
contrato de adiantamento de câmbio – ACC). Podem, contudo, voluntariamente aderir a ele. 
 
22 
O pedido de homologação não acarreta a suspensão de direitos, ações ou execuções em 
face do devedor, nem a impossibilidade do pedido de decretação da falência para os credores 
que não estejam sujeitos à recuperação extrajudicial. 
Quanto à adesão dos credores ao plano, a RE pode apresentar-se por duas perspectivas 
diferentes: 
a) Recuperação extrajudicial ordinária (REO): Traduz a adesão voluntária de todos os 
credores elencados no plano, produzindo efeitos unicamente entre os seus 
signatários. 
b) Recuperação extrajudicial extraordinária (REE): Faculta-se ao devedor requerer a 
homologação de plano de RE assinado por credores que representem mais de 3/5 de 
todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos, hipótese na qual dita 
homologação, atendidos os requisitos legais, obrigará a todos os credores abrangidos 
pelo plano, mesmo aqueles que não tenham aderido ao acordo8. 
Uma vez distribuído o pedido de homologação, veda a lei que os credores desistam da 
adesão ao plano. Assim, a menos que haja a anuência expressa dos demais signatários, incluído 
o devedor e todos os demais credores, não será possível a desistência após a distribuição do 
pedido de homologação.9 
Recebido o pedido de homologação do plano, o juiz ordenará a publicação de edital 
convocando todos os credores para eventual apresentação de impugnações, no prazo de 30 
dias, a contar da publicação do edital. A lei restringe as matérias que podem ser objeto de 
impugnação. São elas o não preenchimento do percentual mínimo de mais de 3/5 dos créditos 
de cada espécie pelo plano abrangidos, a prática de ato de falência nos termos do art. 94, III 
da LFRE, ou ato revogável nos termos do art. 130 da LFRE, ou o descumprimento de qualquer 
requisito ou exigência legal. 
Apresentada a impugnação, abre-se prazo de 5 dias para que o devedor se manifeste 
sobre ela. Em seguida, os autos serão imediatamente conclusos ao juiz para apreciação, o qual 
decidirá, também em 5 dias, acerca do plano, homologando-o por sentença se entender não 
 
8 Vide questão 07 
9 Vide questão 05 
 
23 
haver irregularidades ou indeferindo o pedido se houver prova de irregularidade. Rejeitado o 
plano, os créditos mantêm as condições originalmente contratadas. 
A sentença de homologação do plano constitui título executivo judicial. Assim, não 
sendo cumpridas as suas disposições, poderão os credores buscar a sua execução específica ou 
pedir a falência do devedor. 
4.6 Falência 
4.6.1 Hipóteses de Decretação 
Diferentemente do que pode parecer à primeira vista, a simples condição de credor não 
é suficiente para que seja acolhido o pedido de decretação da falência contra o devedor 
inadimplente. São 3 as justificativas para a falência: 
a) Impontualidade injustificada: Quando o devedor, sem relevante razão de direito, não 
pagar, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados, cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos, na data do 
pedido de falência. 
b) Execução frustrada: Quando o devedor, executado por qualquer quantia líquida, não 
paga, não deposita e não nomeia penhora, bens suficientes e dentro do prazo legal. 
Ainda que o devedor não nomeie bens à penhora dentro do prazo legal, mas se tais 
bens forem efetivamente constritos (seja por indicação do exequente, seja por 
indicação do oficial de justiça), não há de falar-se em frustração da execução. 
Frustrada a execução, o exequente deve munir-se de certidão judicial expedida pelo 
juízo em que se processou o feito, demonstrando que o executado não pagou, nem 
depositou os valores devidos e tampouco nomeou bens suficientes a penhora, dentro 
do prazo legal. 
c) Prática de atos de falência: São aqueles normalmente praticados por devedor 
insolvente, e que deverão ser demonstrados por aqueles que requerem a decretação 
da falência durante a instrução do processo. Assim, comete ato de falência, ficando 
sujeito a sua decretação, o devedor que: 
i. Procede à liquidação precipitada de seus ativos, ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
 
24 
ii. Realiza, ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de 
retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou 
alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou 
não; 
iii. Transfere estabelecimento a terceiro(s), credor(es) ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes 
para solver o seu passivo; 
iv. Simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo 
de burlar a legislação ou fiscalização ou para prejudicar o(s) credor(es); 
v. Dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente, sem 
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para honrar o seu 
passivo. 
vi. Ausentar-se sem deixar representante habilitado e com recursos 
suficientes para pagar os credores, abandona o estabelecimento ou 
tenta ocultar-se do seu domicílio, do local de sua sede ou de seu 
principal estabelecimento; 
vii. Deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano 
de recuperação judicial. 
Na hipótese de pedido com base na prática de atos de falência, a petição inicial deve 
descrever os fatos que o caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as 
que serão produzidas. 
Na impontualidade injustificada e na execução frustrada, as provas são pré-
constituídas, bastando juntar os documentos comprobatórios do alegado, ou seja, os títulos 
executivos acompanhados dos respectivos instrumentos de protesto, no caso da 
impontualidade; e os títulos executivos, assim como a certidão do juízo da execução, na 
execução frustrada. 
Já na hipótese de decretação da falência com base na prática de ato falimentar, a 
situação modifica-se profundamente, haja vista que, nela, o pedido de falência é apresentado a 
partir de fatos que dependem da dilação probatória regular, ou seja, a petição inicial deverá 
 
25 
estar instruída com todos os documentos necessários a comprovação do fato que está sendo 
alegado. 
4.6.2 Legitimidade para decretação da falência 
Em matéria falimentar, têm legitimidade para o requerimento da falência qualquer credor, 
o próprio devedor (autofalência), o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou 
ainda o inventariante (sucessores causa mortis), o cotista ou acionista do devedor, na forma da 
lei ou do ato constitutivo da sociedade (sócio). 
4.6.3 Procedimento 
Decretada a falência, o juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão 
que a decretou e a relação de credores. Publicado o edital, os credores terão prazo de 15 dias 
para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou divergências quanto aos créditos 
relacionados. Findo este prazo e com base nas

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