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Anemias carencias x hemolíticas

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1 
@_LETICIAALBUQUERQ 
 
Objetivo 
1°) Estudar a anemia carencial e hemolítica: epidemiologia, fatores de 
risco, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e 
tratamento. 
Definição de anemia 
A anemia é definida como a existência de um número 
anormalmente baixo de hemácias ou de níveis de hemoglobina, ou 
ambos, resultando na diminuição da capacidade de transporte de 
oxigênio. (NORRIS,2021) 
Em indivíduos normais, os níveis de hemoglobina variam com a fase 
do desenvolvimento individual, a estimulação hormonal, a tensão de 
oxigênio no ambiente, a idade e o sexo. (ZAGO,2014) 
Os valores abaixo aplicam-se para o nível do mar, alterando-se 
significativamente em grandes altitudes, mas não sofrem variações 
com a raça, a região geográfica ou a idade avançada. Em particular, 
não ocorrem níveis de hemoglobina “fisiologicamente” mais baixos 
em idosos. (ZAGO,2014) 
 
Existem quatro causas primárias da anemia: (1) perda excessiva de 
hemácias causadas por hemorragia, (2) destruição (hemólise) de 
hemácias, deficiência (3) ou produção inadequada (4) de hemácias 
devido à insuficiência da medula óssea. (NORRIS,2021) 
Anemia não é uma doença, mas uma indicação de algum processo 
patológico ou de uma alteração funcional orgânica. (NORRIS,2021) 
Os efeitos de anemia podem ser agrupados em três categorias: 
1) Manifestações de comprometimento no transporte de 
oxigênio e mecanismos compensatórios resultantes 
2) Redução dos índices eritrocitários e dos níveis de 
hemoglobina 
3) Sinais e sintomas associados ao processo patológico que 
provoca a anemia. 
Classificação das anemias 
As anemias podem ser classificadas de acordo com o mecanismo 
pelo qual ocorrem (classificação fisiopatológica) e de acordo com a 
morfologia dos glóbulos vermelhos (classificação morfológica). 
(LORENZI,2005) 
Classificação morfológica 
A classificação morfológica é baseada nos índices hematimétricos, 
fornecidos pelos contadores eletrônicos durante a realização do 
hemograma. (LORENZI,2005) 
Os índices hematimétricos a serem avaliados são: volume 
corpuscular médio (VCM) dos eritrócitos, concentração de 
hemoglobina (Hb), quantidade de hemoglobina corpuscular média por 
eritrócito (HCM), concentração hemoglobínica corpuscular média 
(CHCM — média da concentração de hemoglobina pelo volume 
total de eritrócitos) e do red cell distribution width (RDW — indica a 
variação do tamanho das hemácias, também denominado 
anisocitose), os quais compõem os índices hematimétricos obtidos 
por meio do hemograma. 
a) Volume corpuscular médio (VCM): é o volume médio das 
hemácias expresso em fentolitros; 
b) Hemoglobina corpuscular médica (HCM): quantidade de 
hemoglobina dentro da hemácia; 
c) Concentração de hemoglobina corpuscular média 
(CHCM): é o peso da hemoglobina dentro de determinado 
volume de hemácia. Também é útil para a classificação 
das hemácias em hiper/normo/hipercrômicas; 
d) Ampla distribuição de células vermelhas no sangue ou 
índice de anisocitose(RDW): corresponde a medida da 
variação do tamanho das hemácias. O esperado é que se 
tenha um RDW baixo, ou seja, que as hemácias tenham 
pouca variação no tamanho.; 
e) Contagem de reticulócitos: são as células precursoras dos 
eritrócitos, sendo muito útil na classificação das anemias 
em hiper e hipoproliferativa; 
 
De acordo com o VCM e HCM as anemias podem ser classificadas, 
do ponto de vista morfológico, em: 
1) Anemias hipocrômicas e microcíticas: 
Microcíticas (VCM < 80fl): Diminuição da Hb dentro do eritrócito, o que 
torna as hemácias hipocrômicas e microcíticas. Geralmente ocorre por 
diminuição da síntese do grupo heme por deficiência de Ferro. Também 
ocorre nas talassemias (redução da síntese de globina), nas anemias 
sideroblásticas (acúmulo de Fe nas mitocôndrias), hemoglobinopatia C 
(mutação no gene da cadeia globina beta) 
Deve-se distinguir: 
a) Anemia verdadeira, caracterizada pela redução da massa 
eritrocitária, ou seja, do volume total de hemácias no 
organismo; 
b) Anemia relativa ou por diluição, quando há aumento do 
volume plasmático, sem correspondente aumento das 
hemácias. O exemplo mais comum de anemia relativa é a 
hemodiluição, que ocorre durante a gravidez. 
2 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Estas anemias são causadas pela redução de hemoglobina no interior 
do eritrócito, o que torna a hemácia hipocrômica e microcítica. 
A molécula de hemoglobina é constituída por grupos heme e cadeias 
globínicas. A diminuição de síntese dos grupos heme ou das cadeias 
globínicas leva à diminuição de hemoglobina no interior dos 
eritrócitos. (LORENZI,2005) 
Na maioria dos casos a diminuição de síntese do grupo heme é 
decorrente da deficiência de ferro, a causa mais comum de anemia 
hipocrômica e microcítica. Outras condições que causam alterações 
morfológicas semelhantes são as talassemias, que decorrem de um 
desequilíbrio de síntese das cadeias globínicas da molécula de 
hemoglobina. (LORENZI,2005) 
2) Anemias Macrocíticas: 
Macrocíticas (VCM > 100 fl): Hemácias de grande volume e, geralmente, 
hipercrômicas. Não necessariamente indica anemia. Causada muitas vezes 
pelo consumo de álcool, quimioterapia ou anemia perniciosa. São divididas 
em megaloblásticas, decorrentes de deficiência de vit. B12 e/ou ácido fólico, 
e não megaloblásticas, podendo ser decorrente de reticulocitose ou 
reticulocitopenia associada à hipotireoidismo, hepatopatia e aplasia de série 
vermelha. 
Estas anemias caracterizam-se por VCM elevado (> 100fl). 
Os aumentos maiores, superiores a 110fl, sem reticulocitose, em geral 
ocorrem nas deficiências de vitamina B12 ou ácido fólico. Outras 
causas de macrocitose com reticulócitos baixos são hipotireoidismo, 
hepatopatias, mielodisplasia ou aplasia/hipoplasia medular. 
Como os reticulócitos são maiores do que as hemácias maduras, a 
reticulocitose, que ocorre nas anemias hemolíticas, pode ser causa 
de macrocitose. (LORENZI,2005) 
3) Anemias normocrômicas e normocíticas: 
Normocíticas (VCM 80-100 fl): Também são normocrômicas. Corresponde 
a maioria das anemias de doenças crônicas (que, eventualmente, podem ser 
microcíticas). 
Ocorrem em doenças crônicas, hipoplasia ou aplasia medular, 
insuficiência renal, algumas doenças endócrinas, infiltrações 
medulares, hemólises, hemorragias etc. As anemias normocrômicas 
e normocíticas com reticulócitos baixos são, às vezes, difíceis de 
diagnosticar, podendo necessitar de mielograma ou biópsia de 
medula óssea (MO) para elucidação diagnóstica. (LORENZI,2005) 
 
Classificação fisiopatológica/etiopatogenia 
Do ponto de vista fisiopatológico, as anemias são classificadas em: 
 Anemias por falta de produção; 
 Anemias por excesso de destruição; 
 Anemias por perdas hemorrágicas; 
É baseada na contagem de reticulócitos 
 
Anemias por falta de produção 
Por deficiência de produção ou hipoproliferativa: Contagem de reticulócitos 
abaixo de 50.000/ mmᶟ. Ocorre por acometimento primário ou secundário 
da medula óssea ou por falta de estímulo à eritropoiese (ex: eritropoietina), 
falta de ferro, vit. B12 e/ou ácido fólico. Podem acompanhar doenças 
inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. 
Estas anemias são decorrentes de: 
 Redução do tecido hematopoético por aplasia ou hipoplasia 
medular idiopática ou induzida por agentes químicos, 
físicos, toxinas ou medicamentos; infiltração da medula 
óssea por tumores hematológicos ou metastáticos; 
substituição do tecido hematopoético por fibrose ou 
doenças de depósito. (LORENZI,2005) 
 Falta de fatores estimulantes da eritropoese 
(eritropoetina), como ocorre na insuficiência renal crônica 
 Falta de fatores essenciais à produção dos eritrócitos, 
como ferro, vitamina B12 e ácido fólico. (LORENZI,2005) 
Tais anemias caracterizam-se por número baixo de reticulócitos 
tanto em número absoluto como após correçãopelo hematócrito. 
(LORENZI,2005) 
 
 
 
3 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Anemias por excesso de destruição (intrínseca e extrínseca) 
Por excesso de destruição ou hiperproliferativas: Típica das anemias 
hemolíticas, mas também pode ocorrer após perdas agudas de sangue. 
Estas anemias são causadas por: 
 Alteracões intrínsecas dos eritrócitos: geralmente são 
hereditárias e decorrem de anormalidades em um ou mais 
constituintes do glóbulo vermelho: defeitos das proteínas 
da membrana, defeitos das enzimas eritrocitárias, 
anormalidades de síntese das cadeias globínicas da 
hemoglobina que causam as talassemias e alterações 
estruturais da hemoglobina, que constituem as 
hemoglobinopatias. Uma doença adquirida que pertence a 
este grupo é a hemoglobinúria paroxística noturna (HPN). 
 Alteracões extrínsecas aos eritrócitos: são causadas por 
agentes que, de alguma forma, agridem os eritrócitos 
normais, como exposição a venenos e toxinas, parasitas 
(malária), exposição a agentes físicos (calor e radiação), 
traumas mecânicos (anemias micro e macroangiopáticas), 
certos medicamentos e anticorpos dirigidos contra os 
eritrócitos. (LORENZI,2005) 
As anemias hemolíticas caracterizam-se por aumento relativo e 
absoluto no número de reticulócitos. (LORENZI,2005) 
 
Anemias por perdas hemorrágicas (aguda e cônica) 
Por perdas: Pode ser (A) aguda, como as anemias pós-hemorrágicas, em 
que há compensação pela medula caso estoques de Fe estejam 
preservados ou (B) crônica, que causam espoliação do Fe e, 
consequentemente, anemia por falta de produção. 
Decorrem de perdas agudas ou crônicas de sangue. 
 Agudas: as causas mais frequentes são: acidentes, 
cirurgias, hemorragias no tubo gastrointestinal, 
especialmente por úlcera péptica ou ruptura de varizes 
esofagianas, e hemorragia genital. A hemorragia aguda é 
uma emergência que exige intervenção imediata para 
cessá-la e repor, por meio de transfusões, o plasma e as 
hemácias perdidos, para evitar o choque hipovolêmico. 
Quando o volume de sangue perdido não é muito grande, 
o organismo dispõe de mecanismos fisiológicos que 
permitem a recuperação espontânea. (ZAGO,2014) 
 Crônica: As perdas crônicas causam espoliação de ferro 
e, consequ ̈entemente, anemia ferropênica 
(LORENZI,2005) 
 
Anemia carencial 
As anemias carenciais são um grupo de anemias caracterizadas por 
apresentar carência de elementos fundamentais para a 
eritropoese: ferro, vitamina B12 ou folato. 
Na síntese da hemoglobina vários elementos säo essenciais, dentre 
eles o ferro, cuja carência determina a anemia ferropriva, e 
as vitaminas B12 e ácido fólico, que causam a anemia megaloblástica. 
Anemia ferropriva 
Definida como o “estado mais avançado da deficiência de ferro” 
O ferro é o metal mais presente no corpo humano e participa de 
todas as fases da síntese proteica e dos sistemas respiratórios, 
oxidativos e anti-infecciosos do organismo. 
Como o ferro é um componente do heme, a deficiência leva a uma 
diminuição da síntese de hemoglobina e, consequentemente, à 
redução no aporte de oxigênio aos tecidos. (NORRIS,2021) 
A deficiência de ferro é a causa predominante de anemia microcítica e 
hipocromica, na qual os dois índices eritrocitários, volume corpuscular médio 
(VCM) e hemoglobina corpuscular média (HCM) estão diminuídos, e a 
microscopia da distensão de sangue mostra eritrócitos pequenos 
(microcíticos) e pálidos (hipocro ̂micos). Esse aspecto decorre de defeitos na 
síntese de hemoglobina. 
Os principais diagnósticos diferenciais em casos de anemia microcítica e 
hipocro ̂mica são a talassemia e a anemia de doenc ̧a cro ̂nica. 
Epidemiologia 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, anemia é um 
problema de saúde pública global, que afeta o estado de saúde, a 
capacidade laborativa e a qualidade de vida de cerca de 2 bilhões de 
pessoas, cerca de um terço da população mundial. (ZAGO,2014) 
A Deficiência de Ferro (DF) é responsável por 75% de todos os 
casos de anemia. (ZAGO,2014) 
A deficiência de ferro (DFe) continua sendo, há décadas, a alteração 
hematológica mais frequente, acometendo 20 a 30% da 
população mundial (cerca de 2 bilhões de pessoas), sobretudo 
crianças, mulheres em idade fértil e gestantes. Segundo dados 
da Organização Mundial da Saúde (OMS), das dez principais causas 
de agravo à saúde da população geral, a DFe corresponde à 
6a causa nos países em desenvolvimento e à 10ª causa no 
países desenvolvidos. (LOPES,2016) 
Estima-se a prevalência de DF em até 45% das crianças até cinco 
anos de idade, e de até 50% nas mulheres em idade reprodutiva. 
4 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Cerca de 500 milhões de mulheres e até 60% de gestantes 
apresentam Anemia por Deficiência de Ferro (ADF), com resultados 
negativos na qualidade de vida, no feto e no lactente. (ZAGO,2014) 
Tanto em países subdesenvolvidos quanto em países desenvolvidos, 
a DF advém principalmente de desigualdades sociais. É muito mais 
prevalente em estratos sociais mais baixos, nos grupos de menor 
renda, e na população menos educada. Esse dado deve ser 
considerado na proposição de medidas populacionais de profilaxia e 
tratamento. (ZAGO,2014) 
Etiologia e fatores de risco 
A causa básica de DFe é o desequilíbrio entre quantidade 
absorvida e consumo e/ou “perda” de ferro que ocorrem por 
diversas vias, resultando na redução desse íon no organismo. 
(LOPES,2016) 
Geralmente, a DFe resulta da combinação de dois ou mais fatores, 
tais como: necessidade aumentada de ferro, diminuição da oferta, da 
absorção de ferro e/ou sangramento. (LOPES,2016) 
O abandono precoce do aleitamento materno, dieta de transição 
inadequada (baixa quantidade de ferro heme da dieta) somados à 
elevada velocidade de crescimento tornam as crianças, sobretudo 
com menos de 2 anos de idade, o grupo de maior risco de DFe e 
anemia ferropriva (AFe) na idade pediátrica. (LOPES,2016) 
Em geral, frequências mais elevadas de DFe são observadas em 
crianças de países em desenvolvimento devido a condições 
socioeconômicas desfavoráveis (baixa renda familiar e escolaridade 
materna, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, precariedade 
nas condições de saneamento básico, dieta inadequada em 
ferro, desnutrição energético-proteica e infecções frequentes); 
em recém-nascidos (RN) de mães com DFe ou AFe, em RN de 
baixo peso ao nascimento e prematuros. (LOPES,2016) 
A ocorrência de DFe no neonato tem estreita correlação com o 
status de ferro da mãe. (LOPES,2016) 
O processo de crescimento de uma criança impõe exigências adicionais 
sobre o organismo. O volume de sangue aumenta, elevando as necessidades 
de ferro. As necessidades de ferro são proporcionalmente mais altas na 
primeira infância (3 a 24 meses) do que em qualquer outra idade, embora 
também sejam maiores por toda a infância e adolescência. Na infância, as 
duas principais causas de anemia ferropriva são baixos níveis de ferro ao 
nascimento devido a uma deficiência materna e uma dieta que consiste 
principalmente em leite de vaca, que é pobre em ferro absorvível. (NORRIS) 
Além disso, são fatores de risco para DFe a diminuição da 
absorção e/ou sangramento do tubo digestivo associado a 
doenças inflamatórias gastrintestinais crônicas (refluxo 
gastresofágico, gastrite, duodenite), intolerância à proteína do 
leite de vaca e parasitose intestinal (Necator americanus, 
Ancylostoma duodenale e Trichiuris trichiura). (LOPES,2016) 
Menorragia, geralmente relacionada com o mioma uterino, 
adenomiose, hiperplasia endometrial e hemorragia uterina 
disfuncional, é a causa mais frequente de DFe e AFe nas mulheres 
em idade fértil. (LOPES,2016) 
 
Fatores de risco para mulheres em idade fértil 
Além disso, os principais fatores de risco para DFe nesse grupo 
populacional são: condições socioeconômicasdesfavoráveis, múltiplas 
gestações, doença inflamatória intestinal crônica, ressecção gástrica e/ou 
intestinal (gastrectomia, gastroplastia ou cirurgia bariátrica), parasitose, 
uso crônico de medicamentos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatório não 
hormonal), doação de sangue de repetição, prática vegetariana 
Nas gestantes ocorre um aumento da demanda de ferro para 
eritropoese, justamente devido o desenvolvimento fetal. 
A elevada prevalência de AFe na gestação (40 a 60%) é deco
rrente do elevado número de mulheres que já 
iniciam a gestação com DFe, ainda sem anemia, associado ao alto req
uerimento de ferro na gravidez. (LOPES,2016) 
No puerpério, a DFe ou AFe pode estar presente devido às 
perdas sanguíneas (loquiação) que, em condições normais, 
gradativamente vão diminuindo, à medida que a contratilidade 
e involução uterina se estabelecem, bem como a cicatrização 
dos tecidos que participam do canal de parto, eventualmente 
lacerados por ocasião do nascimento; e à DFe preexistente. 
Anemia pós-parto é uma das causas mais importantes de 
morbidade e mortalidade materna. (LOPES,2016) 
 
Fisiopatologia da anemia ferropriva 
O Ferro é amplamente estudado e descrito na literatura mundial, 
este micronutriente desempenha importantes funções no 
metabolismo humano, tais como transporte e armazenamento de 
oxigênio, reações de liberação de energia na cadeia de transporte 
de elétrons, conversão de ribose a desoxirribose, co-fator de 
algumas reações enzimáticas e inúmeras outras reações metabólicas 
essenciais. (DE SÁ MOURA et al, 2021) 
A maior quantidade de Ferro do organismo está localizada na 
hemoglobina; o restante distribui-se na composição de outras 
proteínas, enzimas e na forma de depósito (ferritina e 
hemossiderina). (DE SÁ MOURA et al, 2021) 
O ferro usado pelo organismo é conquistado principalmente da dieta 
e da reciclagem de hemácias senescentes, a quantidade de ferro 
absorvida é regulada pela necessidade do organismo. 
A homeostase do ferro é importante para a eritropoiese e as 
funções celulares normais. (DE SÁ MOURA et al, 2021) 
A maioria do ferro inorgânico é encontrado na forma Fe3+ e é fornecida 
por vegetais e cereais. 
A aquisição do ferro da dieta na forma heme corresponde a 1/3 do total e 
é derivado da hemoglobina (Hb) e mioglobina contidas na carne vermelha. 
5 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Ovos e laticínios oferecem uma menor quantidade dessa forma de ferro, 
que é melhor absorvida do que a forma inorgânica 
A deficiência de ferro no organismo pode ocorrer de gradual e 
evolutiva, em três estágios de desenvolvimento sequenciais: 
1) O primeiro condiz ao esgotamento das reservas, 
demonstrando baixa concentração de ferritina sérica (< 12 
μg/L) o que infere na perda nos estoques de ferro do 
baço, fígado e da medula óssea; 
2) No segundo estágio é conhecido como eritropoese da 
deficiência de ferro, este é caracterizado pela elevação na 
capacidade de ligação de ferro e diminuição da 
concentração de ferro sérico. 
3) E o terceiro e mais grave estágio, conhecido como anemia 
ferropriva, ocorre quando a quantidade de ferro é 
insuficiente para a síntese da hemoglobina, ocasionando 
uma redução nas concentrações de hemoglobina 
 
A deficiência de ferro instala-se por mecanismos diversos: 
(1) aumento do consumo, 
(2) excesso de perda (hemorragias) ou 
(3) má absorção. 
Quando o organismo está em balanço negativo de ferro o primeiro evento 
é a depleção dos estoques de ferro para a produção de hemoglobina. O 
intestino aumenta a absorção de ferro antes mesmo do desenvolvimento 
da anemia. A ferritina sérica já se encontra reduzida. A eritropoese nesses 
indivíduos resulta em células com conteúdo reduzido de hemoglobina, 
tornando-a hipocrômica e microcítica (observado no esfregaço sanguíneo) 
e por redução dos índices hematimétricos (VCM < 80 fL e CHCM < 32 
g/dL). Além disso, as dosagens de ferro sérico e transferrina saturada de 
ferro são baixas. A contagem de reticulócitos também é reduzida. A 
observação do RDW é um importante no diagnóstico diferencial da anemia 
ferropriva com talassemias. Na anemia ferropriva o RDW está aumentado 
com os eritroblastos medulares picnóticos e irregulares. 
Manifestações clínicas 
Quando a deficiência de ferro está se desenvolvendo, só ocorre 
anemia quando já há depleção completa dos depósitos 
reticuloendoteliais de hemossiderina e ferritina. À medida que a 
condição evolui, o paciente passa a mostrar sinais e sintomas gerais 
de anemia. 
As manifestações clínicas da deficiência de ferro são determinadas 
pelos estágios de depleção, deficiência de ferro e anemia 
propriamente dita, quando as repercussões clínicas e fisiológicas são 
aparentes, como apatia, cansaço, irritabilidade, taquicardia e outros. 
As manifestações de anemia ferropriva estão relacionadas com 
prejuízo no transporte de oxigênio e falta de hemoglobina. 
(NORRIS,2021) 
Deficiência de ferro pode gerar redução da capacidade funcional de 
vários sistemas orgânicos, estando associada à alteração do 
desenvolvimento motor e cognitivo em crianças, redução da 
produtividade no trabalho e problemas comportamentais, cognitivos 
e de aprendizado em adultos. (ZAGO,2014) 
Em gestantes, aumenta o risco de prematuridade, baixo peso, sendo 
responsável por 18% das complicações no parto e morbidade 
materna. (ZAGO,2014) 
As queixas costumam ser leves, pois a anemia se instala de maneira 
insidiosa, gerando adaptação, e há pacientes completamente 
assintomáticos. (ZAGO,2014) 
Pode-se observar: 
 Palidez cutaneomucosa; 
 Fadiga; 
 Astenia; 
 Palpitações; 
 Dispneia, 
 Angina; 
 Taquicardia; 
 Baixa tolerância ao exercício; 
 Redução do desempenho muscular; 
 Perversão alimentar ou pica ((desejo e consumo de 
substâncias não nutritivas como gelo, terra, sabão, argila) 
 Baqueteamento digital; 
 Coiloníquia (unhas em forma de colher); 
 Atrofia das papilas linguais 
 Estomatite angular 
 Disfagia (síndrome de Plummer-Vinson, que ocorrem mais 
comumente em mulheres, mais idosas, onde há uma 
formação de uma membrana entre hipofaringe e o 
esôfago); 
 Amenorreia; 
 Cabelos finos e quebradiços; 
 Queda de cabelo (alopecia); 
 Diminuição da libido; 
 
 
Diagnóstico 
6 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Diagnóstico clínico 
Para o diagnóstico da anemia ferropriva é importante considerar os 
sinais clínicos da deficiência de ferro, incluem fraqueza, cefaleia, 
irritabilidade, síndrome das pernas inquietas e vários graus de fadiga 
e intolerância aos exercícios ou pica (apetite pervertido por barro 
ou terra, papeis, amido). Pode ocorrer ainda distúrbios de conduta e 
percepção e psicomotores, atenuação ou impedir a capacidade 
bactericida dos neutrófilos, diminuição de linfócitos T. Diminuição do 
rendimento a exercícios, palidez da face, das palmas das mãos e das 
mucosas conjuntival e oral, respiração ofegante, astenia e algia em 
membros inferiores, unhas quebradiças e rugosas e estomatite 
angular. 
Diagnóstico laboratorial 
Exames laboratoriais: 
 Hemograma; 
 Coloração do tecido medular pelo corante de Perls; 
 Mielograma; 
 Dosagem de ferritina sérica; 
 Ferro sérico; 
 Transferrina; 
 Índice de Saturação de Transferrina (IST); 
 Zincoprotoporfirina (ZPP) 
 Receptor de transferrina (sTfR); 
 Contagem dos reticulócitos; 
No exame laboratorial da anemia ferropriva encontraremos: 
 Diminuição de Hb, Ht e VCM 
 Hipocromia e microcitose 
 Hemácias em alvo/ lápis 
 Aumento do RDW 
 Diminuição dos reticulócitos 
 Plaquetas podem estar aumentadas, em casos de 
sangramento crônico 
 FERRITINA é o primeiro exame que se altera na anemia 
ferropriva, com redução do seu valor, uma vez que 
representa o estoque de ferro no organismo! 
 Diminuição do ferro sérico 
 Diminuição da Transferrina 
 Capacidadetotal de ligação do ferro aumentada devido ao 
aumento de transferrina tentando captar o ferro. 
Exames laboratoriais específicos oferecem diagnóstico em cada um 
desses períodos. 
1) A depleção de ferro, primeiro estágio, é caracterizada por 
diminuição dos depósitos de ferro no fígado, baço e 
medula óssea e pode ser diagnosticada a partir da ferritina 
sérica, principal parâmetro utilizado para avaliar as reservas 
de ferro, por apresentar forte correlação com o ferro 
armazenado nos tecidos. Entretanto, a concentração de 
ferritina é influenciada pela presença de doenças hepáticas 
e processos infecciosos e inflamatórios, devendo ser 
interpretada com cautela; 
2) No segundo estágio (deficiência de ferro), são utilizados 
para diagnóstico a própria redução do ferro sérico, 
aumento da capacidade total de ligação da transferrina 
(>250-390 μg/dL) e a diminuição da saturação da 
transferrina (<16%). Outros exames podem ser 
necessários como Transferrina, zincoprotoporfirina 
eritrocitária e capacidade total de ligação do ferro. O ferro 
sérico é relevante no diagnóstico quando seus valores se 
encontram menores que 30 mg/Dl 
3) A anemia ferropriva (diminuição sanguínea da 
hemoglobina e hematócrito e alterações hematimétricas) 
é o estágio final da deficiência de ferro. Ainda na avaliação 
do hemograma, leucopenia e plaquetose também podem 
ser indicativos do quadro de anemia e devem ser 
considerados. A contagem dos reticulócitos se relaciona à 
eritropoiese, uma vez que o volume de hemoglobina 
presente nos reticulócitos representa o volume de ferro 
disponível para a eritropoiese e é um indicador precoce 
da anemia ferropriva e déficit de hemoglobinização. 
Hemograma 
O hemograma é um teste rápido, barato e amplamente disponível 
no rastreio de anemia ferropriva, mas incapaz de detectar deficiência 
de ferro sem anemia. (ZAGO,2014) 
Frequentemente se observa hipocromia, microcitose, aumento do 
índice de Anisocitose Eritrocítica (RDW) e plaquetose, além da 
presença de anisocitose, poiquilocitose, hemácias em charuto, 
eliptócitos e reticulocitopenia ao exame microscópico. (ZAGO,2014) 
Coloração do tecido medular pelo corante de Perls 
A avaliação dos estoques de ferro na medula óssea a partir da 
coloração do tecido medular pelo corante de Perls é considerada 
padrão-ouro no diagnóstico de DFe. (ZAGO,2014) 
É exame invasivo, de reprodutibilidade e acurácia questionáveis, não 
tendo papel na prática clínica diária. (ZAGO,2014) 
Mielograma 
No mielograma observa-se hiperplasia eritroblástica com displasias 
morfológicas na DF moderada até hipoplasia das três linhagens da 
DF grave prolongada. (ZAGO,2014) 
O exame padrão ouro para diagnosticar a anemia ferropriva é o mielograma 
com pesquisa de ferro medular com a coloração do Azul da Prússia. Porém, 
é pouco utilizado por ser um exame invasivo e pouco disponível, em 
comparação com os exames laboratoriais. 
Dosagem de ferritina sérica 
A dosagem da ferritina sérica está diretamente relacionada com a 
concentração de ferritina intracelular e, portanto, com o estoque 
corporal total (ZAGO,2014) 
Deficiência de ferro é a única condição que gera ferritina sérica 
muito reduzida, o que torna a hipoferritinemia bastante específica 
deste diagnóstico. No entanto, valores normais ou elevados de 
ferritina não excluem a presença de DF, pois a ferritina é uma 
proteína de fase aguda, tendo sua concentração sérica aumentada 
na presença de inflamação, infecção, doença hepática e malignidade, 
mesmo na presença de DF grave. (ZAGO,2014) 
7 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Ferro sérico 
Ferro sérico é a fração do ferro corporal que circula primariamente 
ligado à transferrina, e encontra-se reduzido na DF. (ZAGO,2014) 
Varia com o ritmo circadiano e a alimentação e, por isso, a coleta 
de sangue para sua dosagem deve ter horário e jejum padronizados. 
Está também reduzido na presença de inflamação, não devendo, 
desta forma, ser utilizado isoladamente para avaliação de DF. 
(ZAGO,2014) 
Transferrina 
Transferrina, proteína transportadora específica de ferro, tem 
capacidade de ligar simultaneamente duas moléculas de ferro. Sua 
produção é regulada pelo ferro corporal, aumentando quando os 
estoques estão exauridos. (ZAGO,2014) 
Pode ser dosada diretamente ou por meio da avaliação da 
Capacidade Total de Ligação de Ferro (Total Iron Binding Capacity 
– TIBC), ensaio que permite a estimativa dos sítios de ligação de 
ferro disponíveis. (ZAGO,2014) 
A transferrina sérica se eleva em condições como gestação e uso 
de contraceptivos orais, estando reduzida na presença de 
inflamação, infecção, malignidade, doença hepática, síndrome 
nefrótica e desnutrição. (ZAGO,2014) 
Transferrina ou TIBC, juntamente com o ferro sérico, permitem o cálculo 
do Índice de Saturação de Transferrina (IST). O IST é calculado a partir da 
razão [Ferro sérico/TIBC] ou [Ferro sérico/Transferrina × 0,71], variando de 
20 a 45%.(ZAGO,2014) 
Zincoprotoporfirina (ZPP) 
O último passo na síntese de Hb é a inserção de um átomo de 
ferro na protoporfirina para formação do heme. (ZAGO,2014) 
Na DF, zinco é incorporado no lugar do ferro, formando a 
Zincoprotoporfirina (ZPP). (ZAGO,2014) 
A taxa de elevação de ZPP é proporcional ao déficit de ferro na 
medula em relação à eritropoese, e a elevação de ZPP é o primeiro 
marcador de eritropoese deficiente em ferro, embora não seja 
específico. (ZAGO,2014) 
Fragmento solúvel do receptor de transferrina (sTfR) 
O fragmento solúvel do receptor de transferrina (sTfR) é derivado 
do receptor de transferrina de todas as células, porém os principais 
geradores desse fragmento são os eritroblastos e reticulócitos.. 
(ZAGO,2014) 
Assim, a concentração de sTfR reflete a atividade eritropoética e se 
encontra elevada na DF. (ZAGO,2014) 
Contagem dos reticulócitos 
Avalia a capacidade de regeneração da medula pela contagem do 
eritrócito jovem, reticulócitos 
 
Tratamento 
O tratamento da anemia ferropriva é feito através da reposição de ferro, 
para normalizar a eritropoese e repor os estoques. 
O tratamento da DF consiste na reposição oral ou venosa. No entanto, é 
mandatória a investigação da causa e sua pronta correção do contrário, a 
reposição é paliativa e tende a ser ineficaz no longo prazo. (ZAGO,2014) 
Ferro via oral 
Opção – Sulfato Ferroso 200mg (contém 67 mg de ferro 
elementar) 
O medicamento deve ser tomado com o estômago vazio a cada 6 
horas, associado a uma substância ácida, como por exemplo o suco 
de laranja, que aumenta a absorção de ferro. 
Efeitos colaterais do ferro via oral: dor abdominal, náuseas, 
constipação ou diarreia, sensação de gosto amargo na boca e 
escurecimento das fezes. 
Mecanismo de ação: O ferro é um componente essencial na função 
fisiológica da hemoglobina; são necessárias quantidades adequadas de ferro 
para a eritropoiese e a capacidade resultante de transportar oxigênio no 
sangue. O ferro tem uma função similar na produção de mioglobina e 
também serve como co-fator de várias enzimas essenciais. Quando se 
administra por via oral, em alimentos ou como suplementos, o ferro passa 
através das células mucosas no estado ferroso e se une à proteína 
transferrina. Esta forma de ferro é transportada do organismo à medula 
óssea para a produção de glóbulos vermelhos. 
Ferro via parenteral 
A reposição parenteral de ferro é recomendada em casos excepcionais 
como os de hospitalização por anemia grave após falha terapêutica do 
tratamento oral, necessidade de reposição de ferro por perdas sanguíneas, 
doenças inflamatórias intestinais, quimioterapia ou diálise ou após cirurgias 
gástricas com acometimento do intestino delgado, devendo sempre ser 
solicitada avaliação de especialista experiente para uso prévio . 
Mais utilizado em casos em que há intolerância ao ferro via oral, falha 
no tratamento via oral, má absorção ou quando há necessidade 
urgente de repor o ferro 
Opções: Ferro-dextran,gluconato férrico de sódio, ferro-sucrose, 
feromoxitol OBS.: O Feromoxitol é a opção com melhor absorção 
e menos efeitos tóxicos. 
Efeito colateral: anafilaxia grave 
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@_LETICIAALBUQUERQ 
Anemias megaloblásticas 
As anemias megaloblásticas constituem um grupo de anemias em 
que os eritroblastos na medula óssea mostram uma anormalidade 
característica – atraso da maturação do núcleo em relação à do 
citoplasma. O defeito básico responsável por essa assincronia é a 
síntese defeituosa de DNA, geralmente causada por deficiência de 
vitamina B12 ou de folato. 
Anemias megaloblásticas são causadas pelo comprometimento na 
síntese de DNA, que resulta em hemácias aumentadas de tamanho 
(VCM > 100 fℓ), devido à maturação e divisão deficientes. A 
deficiência de vitamina B12 e ácido fólico são as condições mais 
comumente associadas a casos de anemia megaloblástica. 
(NORRIS,2021) 
Epidemiologia das anemias megaloblásticas 
As anemias resultantes de carências de vitamina B12 ou de folatos 
vão se tornando menos frequentes, em virtude da diminuição da 
ocorrência de carências nutricionais. No entanto, ainda são 
encontradas na prática médica, em especial entre grávidas de 
classes mais pobres, idosos e alcoólatras, na forma clássica da anemia 
perniciosa. (ZAGO,2014) 
Etiologia das anemias megaloblásticas 
As deficiências de cobalamina (vitamina B12) ou de ácido fólico 
são as mais frequentes causas de anemia megaloblástica. A 
ação de fármacos, erros inatos do metabolismo e a 
eritroleucemia são menos frequentes na prática clínica. 
(LOPES,2016) 
A causa mais comum desse tipo de anemia é a carência de folato 
e/ou cianocobalamina (vit. B12), sendo mais comum a deficiência de 
folato. (ZAGO,2014) 
As anemias por deficiência de folatos ou de vitamina B12 resultam 
de uma disparidade entre a disponibilidade e a demanda. A anemia é 
o último estádio das deficiências nutricionais, surgindo quando as 
reservas orgânicas esgotaram-se em virtude do balanço negativo. O 
tempo necessário para que a anemia se manifeste depende da 
magnitude dos depósitos e do grau de desequilíbrio. (ZAGO,2014) 
Assim, no caso da vitamina B12, os depósitos são habitualmente 
suficientes para manter a eritropoese por dois a cinco anos após 
haver cessado a absorção, enquanto que as reservas de folatos são 
suficientes apenas para três ou quatro meses. (ZAGO,2014) 
Genericamente, as causas de carências podem ser classificadas em: 
a) Menor ingestão do nutriente; 
b) Menor absorção intestinal; 
c) Defeitos do transporte ou metabolismo; 
d) Aumento da excreção ou das perdas; 
e) Aumento das necessidades fisiológicas ou patológicas; 
Causas de carência de vitamina B12 ou cobalamina 
Fisiologia da vitamina B12: A vitamina B12 pode ser encontrada em 
carnes, peixes e laticínios. Após a ingestão da vitamina, ela vai se ligar 
ao fator intrínseco, liberado pelas células parietais do fundo gástrico 
e cárdia. O complexo vitamina B12 + fator intrínseco se liga ao 
receptor no íleo distal, sendo a vitamina absorvida e o fator intrínseco 
destruído. No plasma, a vitamina B12 é transportada pela 
transcobalamina até a medula óssea e o fígado. Ela é responsável 
por transformar homocisteína → metionina e CoA → Succcinil-
CoA.] 
a) Dieta. A vitamina B12 existe primariamente em alimentos 
de origem animal, não sendo encontrada em frutas e 
vegetais. As necessidades diárias são ínfimas (0,5-2 g/dia), 
e por isso a carência de vitamina B12 de origem alimentar 
é excepcional: somente ocorre em vegetarianos estritos 
após vários anos sem ingerir alimento de origem animal; 
b) Absorção. A absorção de vitamina B12 ocorre 
predominantemente no íleo terminal e depende de uma 
glicoproteína produzida pelas células parietais da mucosa 
gástrica, denominada “Fator Intrínseco” (FI). O complexo 
de vitamina B12/FI é captado pelos receptores das células 
epiteliais do íleo e a vitamina B12 é absorvida. Qualquer 
alteração desses passos da absorção leva à deficiência de 
vitamina B12. O tipo mais comum de carência de vitamina 
B12 é representado pela anemia perniciosa, doença de 
natureza provavelmente imunológica, em que ocorre 
atrofia e inflamação crônica da mucosa gástrica (gastrite 
atrófica), levando à ausência concomitante de fator 
intrínseco e da secreção de ácido clorídrico, com 
consequente má absorção da vitamina B12. 
 
Causas de carência de folato/ Ác. Fólico 
Fisiologia do folato: O folato pode ser encontrado em vegetais verdes, 
fígados e frutas, sendo absorvido no duodeno e jejuno proximal. No plasma, 
o folato é convertido em metil tetrahidrofolato (Metil-THF). 
O metil- THF ao entrar na célula, sofre ação da metionina sintetase, 
dependente da vitamina B12 para sua ação, e se transforma na sua forma 
ativa, o poliglutamato (THF). 
Os folatos são utilizados na conversão de homocisteína em metionina e na 
síntese de precursores purínicos de DNA 
A causa mais comum de carência de folatos é representada por 
dieta inadequada, por vezes associada a uma condição em que 
9 
@_LETICIAALBUQUERQ 
aumentam as necessidades diárias, habitualmente a gravidez ou o 
crescimento. De fato, a anemia megaloblástica da gravidez e a 
anemia megaloblástica do lactente são os dois tipos mais frequentes 
dessa deficiência. (ZAGO,2014) 
Outras causas comuns são alcoolismo, idade avançada, doenças 
intestinais associadas à má aborção, pobreza e desnutrição. Em 
geral, deficiências de folato são resultantes da associação de mais de 
um mecanismo. (ZAGO,2014) 
É um fato bem conhecido que existe uma associação entre deficiência de 
ácido fólico e defeitos do tubo neural (p. ex., espinha bífida, anencefalia) no 
feto em crescimento. Portanto, todas as mulheres em idade fértil com 
parceiros sexuais do sexo masculino são aconselhadas a ingerir 0,4 mg de 
ácido fólico para manter níveis séricos adequados para evitar defeitos do 
tubo neural na sua progênie. (NORRIS,2021) 
 
Fisiopatologia das anemias megaloblásticas 
A hematopoese normal compreende intensa proliferação celular, 
que por sua vez implica a síntese de numerosas substâncias como 
DNA, RNA e proteínas; em especial, é necessário que a quantidade 
de DNA seja duplicada exatamente. (ZAGO,2014) 
Tanto os folatos como a vitamina B12 são indispensáveis para a 
síntese da timidina, um dos nucleotídeos que compõem o DNA, e a 
carência de um deles tem como consequência menor síntese de 
DNA. (ZAGO,2014) 
 Os folatos participam dessa reação na forma de N5 -N10- 
-metilenotetraidrofolato, que cede um radical -CH3 (metil) 
à desoxiuridinamonofosfato (dUMP), transformando-a em 
timidinamonofosfato (dTMP) que, por sua vez, será 
incorporada ao DNA 
 A vitamina B12 participa indiretamente nesta reação, 
funcionando como coenzima da conversão de 
homocisteína em metionina, transformando 
simultaneamente o 5-metiltetraidrofolato em 
tetraidrofolato, a forma ativa de folato que participa da 
síntese de timidina. Na ausência de vitamina B12, o folato 
vai se transformando em 5-metiltetraidrofolato, uma forma 
de transporte do folato, inútil para síntese da timidina e do 
DNA (ZAGO,2014) 
 
A síntese inadequada de DNA tem como consequência modificações 
do ciclo celular, retardo da duplicação e defeitos no reparo do DNA. 
Por outro lado, a síntese de RNA não está alterada, pois a timidina 
não é necessária para sua síntese; não há, portanto, redução da 
formação de proteínas citoplasmáticas e do crescimento celular. 
Devido principalmente à lentidão da divisão celular na fase S do ciclo 
celular, há aumento do número de células com quantidade de DNA 
entre o diploide e o tetraploide. Estudos citogenéticos revelam 
exuberantes alterações cromossômicas, como gaps, fraturas e 
separação prematura do centrômero. A maioria dessas células com 
lesões cromossômicas graves não é capaz de completar a divisão 
celular, sendo prematuramente destruídas na medulaóssea. Essa 
desorganização cromossômica é reversível após o tratamento 
adequado. (ZAGO,2014) 
O quadro morfológico do sangue periférico e da medula óssea é 
idêntico nas deficiências de folatos ou de vitamina B12: dissociação 
de maturação nucleo-citoplasmática, produzindo células de tamanho 
aumentado e com alterações morfológicas características. No 
entanto, uma parcela considerável dessas células morre na própria 
medula óssea, antes de completar o desenvolvimento. (ZAGO,2014) 
A intensa desordem da maturação nuclear das três linhagens, mais 
evidente na série eritroide, produz um aumento de morte celular 
intramedular: apenas 10 a 20% dos eritrócitos sobrevivem e tornam-
10 
@_LETICIAALBUQUERQ 
se viáveis para o sangue periférico (hematopoese ineficaz). Como 
resultado, além da anemia macrocítica, com megaloblastos na medula 
óssea e número de reticulócitos normal ou baixo, pode também 
ocorrer neutropenia, com neutrófilos polissegmentados e moderada 
plaquetopenia. (ZAGO,2014) 
 
Manifestações clínicas das anemias megaloblásticas 
O quadro clínico desses pacientes varia desde assintomáticos à 
sintomas clássicos de anemia associados a: 
 Anorexia; 
 Emagrecimento; 
 Alterações do hábito intestinal (diarreia ou constipação); 
 Glossite; 
 Queilite angular; 
 Púrpuras; 
 Icterícia leve; 
 Hiperpigmentação cutânea; 
Os quadros severos de deficiência de anemia megaloblástica podem 
apresentar ainda polineuropatia periférica, com parestesia nos 
membros inferiores e das mãos, alteração de marcha e alterações 
esfincterianas. 
Sintomas do sistema nervoso central, como alucinações, não são 
comuns, mas só são observadas associadas a deficiência de B12. 
 
A principal manifestação clínica é a anemia; apesar de plaquetopenia 
e neutropenia ocorrerem com frequência, sangramento ou 
infecções secundárias à plaquetopenia são pouco comuns. 
(ZAGO,2014) 
A deficiência da síntese de DNA afeta a divisão celular em outros 
tecidos em que há rápida multiplicação, em especial os epitélios do 
tubo digestivo, originando queixas de diarreia, glossite (ardência, dor 
e aparência vermelha da língua, “língua careca”), queilite e perda do 
apetite. Pode ser encontrada discreta a moderada esplenomegalia. 
(ZAGO,2014) 
A deficiência de vitamina B12 determina ainda uma degeneração do 
cordão posterior da medula espinal, cuja base bioquímica seria a 
carência de S-adenosil-metionina resultante de menor suprimento 
de metionina, pelo bloqueio da mesma reação homocisteína-
metionina discutida anteriormente. O quadro resultante, denominado 
“degeneração combinada subaguda da medula espinhal”, inclui: 
 Sensações parestésicas dos pés (formigamento ou picada 
de agulhas), pernas e tronco, seguidas de distúrbios 
motores, principalmente dificuldades da marcha, redução 
da sensibilidade vibratória, comprometimento da 
sensibilidade postural, marcha atáxica, sinal de Romberg, e 
comprometimentos das sensibilidades termoalgésica e 
dolorosa “em bota” ou “em luva”. (ZAGO,2014) 
O envolvimento do cordão lateral é menos frequente, manifestando-
se por espasticidade e sinal de Babinski. (ZAGO,2014) 
A tríade de fraqueza, dor na língua e parestesias é clássica na deficiência de 
vitamina B12, mas os sintomas iniciais variam muito. 
São também comuns as manifestações mentais como a depressão 
e os déficits de memória, disfunção cognitiva e demência, além de 
distúrbios psiquiátricos graves como alucinações, paranoias, 
esquizofrenia. (ZAGO,2014) 
A deficiência de folatos não causa envolvimento do sistema nervoso, 
mas a deficiência durante a gravidez aumenta a incidência de defeitos 
de tubo neural em recém-nascidos. (ZAGO,2014) 
Defeitos no tubo neural podem levar a quadros de anencefalia, espinha bífida 
e encefalocele, sendo causados pela deficiência de folato. Assim, é 
recomendada a suplementação de ácido fólico em gestantes. 
 
Diagnóstico das anemias megaloblásticas 
O quadro clínico muitas vezes é sugestivo, mas nem sempre 
suficiente para firmar o diagnóstico. Mais comumente, o diagnóstico 
é feito com base nas alterações características do sangue periférico 
e da medula óssea. (ZAGO,2014) 
Para o diagnóstico correto, em geral, três são as abordagens nesses 
pacientes: (ZAGO,2014) 
11 
@_LETICIAALBUQUERQ 
1) A primeira é reconhecer se a anemia megaloblástica está 
presente; 
2) A segunda é distinguir entre as deficiências de vitamina 
B12 e folato; 
3) E a terceira é a determinação da causa; 
Quadro clínico 
As manifestações megaloblásticas das deficiências de vitamina B12 e 
de folatos são clinicamente indistinguíveis, a não ser pela história 
recente (ao redor de seis meses) na deficiência de folato e mais 
prolongada (três anos ou mais) na deficiência de vitamina B12. 
(ZAGO,2014) 
Além das manifestações de anemia (fraqueza, palidez, dispneia, 
claudicação intermitente) são importantes os sintomas 
gastrintestinais e as alterações da boca e língua. (ZAGO,2014) 
Graus variados de palidez, com pele cor de limão (combinação de 
palidez com leve icterícia) são comuns. (ZAGO,2014) 
Uma das manifestações clássicas da anemia perniciosa é a perda de 
papilas da língua, que fica lisa, brilhante e intensamente vermelha 
(“língua careca”). Associação com outras carências vitamínicas pode 
mostrar queilite angular, dermatite, sangramento de mucosas, 
osteomalacia e infecções crônicas. (ZAGO,2014) 
Os casos mais graves são acompanhados de sinais de insuficiência 
cardíaca. (ZAGO,2014) 
De importância é o quadro neurológico que acompanha a deficiência 
de vitamina B12 e que auxilia na diferenciação. Queixas de outras 
doenças autoimunes devem orientar a atenção para anemia 
perniciosa. (ZAGO,2014) 
 
Avaliação laboratorial 
 Sangue periférico; 
Os principais achados são anemia macrocítica, leucopenia, 
trombocitopenia, acompanhados de anisocitose, macrocitose com 
macro-ovalócitos, poiquilocitose, e granulócitos polissegmentados. 
A contagem de reticulócitos é normal ou baixa, mas o cálculo do 
índice de reticulócitos corrigido indica anemia hipoproliferativa 
As principais alterações morfológicas no esfregaço do sangue 
periférico são: 
A. Eritrócitos: macro-ovalócitos, poiquilocitose com 
esquistócitos, dacriócitos, corpúsculos de Howell-Jolly, anel 
de Cabot, eritroblastos, e até megaloblastos; 
B. Granulócitos: hipersegmentação nuclear, com presença 
de neutrófilos polissegmentados reconhecidos por no 
mínimo 5% de neutrófilos com cinco lobos (regra dos 5) 
ou um neutrófilo com seis ou mais lobos; 
C. Leucócitos: leucopenia com neutropenia, podendo os 
leucócitos chegar até abaixo de 2.000/µL, embora seja 
rara a ocorrência de infecções graves; 
D. Plaquetas: trombocitopenia com 30.000 a 100.000 
plaquetas/µL; 
 
Esfregaço do sangue periférico X medula óssea 
 Medula óssea: 
O quadro citológico medular é muito característico, e quando a 
punção é realizada precocemente, antes do uso de medicamentos 
com vitamina B12 ou folatos, o diagnóstico de anemia megaloblástica 
pode ser firmado com segurança. (ZAGO,2014) 
Há intensa hiperplasia da medula óssea, com acentuada hiperplasia 
da linhagem eritroide, que é composta por megaloblastos: 
eritroblastos mais volumosos que o normal, com núcleos com 
estrutura mais granular e menos condensada. (ZAGO,2014) 
Além disso, há grandes quantidades de aberrações citológicas, como 
megaloblastos gigantes ou com núcleos polilobulados, binucleados, 
contendo múltiplos micronúcleos, pontes citoplasmáticas e nucleares, 
e cariorréxis. (ZAGO,2014) 
As alterações na série branca são representadas principalmente por 
mielócitos e metamielócitos de volume aumentado, contendo núcleo 
gigante. (ZAGO,2014) 
O ferro medular está aumentado em virtude da eritropoese ineficaz 
e geralmente há grande número de sideroblastos, mas só raramente 
há sideroblastos em anel. (ZAGO,2014) 
O diagnóstico é feito a partir de dosagens de vitamina B12e/ou folato 
no sangue que estará reduzida indicando a deficiência. 
As alterações laboratoriais encontradas na anemia megaloblástica são: 
 Hemácias Macrocíticas; 
 Reticulócitos diminuídos; 
 Leucopenia/trombocitopenia; 
 Neutrófilos hipersegmentados; 
 B12 e ou folato diminuídos; 
 Homocisteína aumentada; 
 Acúmulo de ácido metilmalônico, principalmente na 
deficiência de B12; 
 Bilirrubina indireta e DHL aumentados, devido à hemólise; 
 Na medula óssea, é observado hipercelularidade, falta de 
maturação e presença de metamielócitos gigantes. 
 
12 
@_LETICIAALBUQUERQ 
 
 Dosagem das vitaminas: 
Esses testes compreendem as dosagens de vitamina B12 sérica, 
folato sérico e folato eritrocitário. (ZAGO,2014) 
Na deficiência de folatos, tanto o folato sérico quanto eritrocitário 
estão diminuídos, enquanto que os níveis de vitamina B12 estão 
normais ou aumentados. (ZAGO,2014) 
Na deficiência de vitamina B12 os níveis de cobalamina estão 
geralmente baixos e os de folato normais. Entretanto, níveis 
subnormais ou mesmo normais de vitamina B12 podem ocorrer em 
indivíduos com carência, em especial idosos. (ZAGO,2014) 
 
 Pesquisa de metabólitos: 
Nos casos de dúvida diagnóstica, a dosagem sérica de ácido 
metilmalônico e de homocisteína total pode auxiliar na diferenciação 
das duas anemias megaloblásticas. (ZAGO,2014) 
Ambos os metabólitos estão aumentados em cerca de 95% dos 
casos de deficiência de vitamina B12, enquanto que o aumento de 
homocisteína (sem aumento do ácido metilmalônico) ocorre em 91% 
na deficiência de folatos. (ZAGO,2014) 
No entanto, o alto custo desses exames faz com que sejam 
reservados para situações de dúvidas diagnósticas, sendo 
dispensados quando o diagnóstico pode ser firmado com base nos 
testes rotineiros. (ZAGO,2014) 
 Endoscopia gástrica com biópsia (p/ identificação da causa) 
Para identificação da causa a forma mais direta e simples, atualmente, 
de identificar a anemia perniciosa é a realização de endoscopia 
gástrica com biópsia nos pacientes em que se revela uma anemia 
megaloblástica com baixos níveis de vitamina B12. (ZAGO,2014) 
 Teste de Schilling (p/ identificação da causa) 
Avalia indiretamente a absorção de vitamina B12 e consiste na 
ingestão oral da vitamina B12 marcada, seguida de medida da vitamina 
B12 radiativa excretada na urina no período de 24 horas após a 
ingestão oral: baixa excreção significa que pouca vitamina foi 
absorvida. (ZAGO,2014) 
 Outros (p/ identificação da causa) 
A pesquisa de anticorpos antifator intrínseco e anticélula parietal, e a 
ausência de produção de ácido clorídrico pelo estômago após 
estímulo máximo (acloridria) contribuem para confirmar o diagnóstico 
de anemia perniciosa. (ZAGO,2014) 
Outros exames endoscópicos e radiológicos do tubo digestivo 
auxiliam no diagnóstico das afecções ileojejunais. (ZAGO,2014) 
Tratamento das anemias megaloblásticas 
A mais importante medida no tratamento dessas anemias consiste 
em identificar a causa e removê-la, se possível. (ZAGO,2014) 
Só excepcionalmente há necessidade de tratar esses pacientes com 
transfusões sanguíneas, uma vez que a reposição adequada do 
nutriente é acompanhada de pronta resposta, com rápida 
normalização hematológica. (ZAGO,2014) 
Nos casos em que há concomitância com carência de ferro, o 
tratamento deve ser simultâneo, caso contrário não haverá 
recuperação completa dos níveis de hemoglobina. (ZAGO,2014) 
Vitamina B12 por via parenteral 
A vitamina B12 estimula a hematopoiese. Transforma a medula óssea 
de megaloblástica em normoblástica e elimina a macrocitose de 
anemia perniciosa e outras anemias semelhantes. Por sua 
intervenção na síntese do ácido nucleico e nucleoproteínas, faz 
desaparecer as manifestações em mucosas e neurológicas da 
anemia perniciosa. 
Ácido fólico por via oral 
O ácido fólico, como é bioquimicamente inativo, é convertido em 
ácido tetra-hidrofólico e metiltetraidrofolato por di-hidrofolato 
redutase. Esses compostos afins de ácido fólico são transportados 
através células por endocitose mediada pelo receptor em que são 
necessários para manter a eritropoiese normal, sintetizar purinas e 
ácidos nucleicos timidilato, interconvertendo aminoácidos, metilato de 
ARNt, e gerar e utilizar o formiato. Usando a vitamina B12 como 
cofator, o ácido fólico pode normalizar os níveis elevados de 
homocisteína por remetilação de homocisteína em metionina via 
metionina sintetase 
 
Anemia hemolítica 
A anemia hemolítica se caracteriza por: 
 Destruição prematura das hemácias 
 Retenção orgânica de ferro e outros produtos da degradação 
da hemoglobina 
 Aumento na eritropoese. 
13 
@_LETICIAALBUQUERQ 
As anemias hemolíticas compreendem um grupo de doenças em 
que a sobrevida das hemácias em circulação está acentuadamente 
reduzida e a medula óssea não é capaz de compensação mesmo 
aumentando sua produção. (ZAGO,2014) 
Essas doenças podem ser facilmente identificadas porque, além de 
anemia, esses pacientes exibem sinais clínicos e laboratoriais de 
aumento do catabolismo de hemoglobina e aumento da produção 
de hemácias. (ZAGO,2014) 
Quase todos os tipos de anemia hemolítica se distinguem pela 
existência de hemácias normocíticas e normocrômicas. Devido à 
redução da vida útil da hemácia, a medula óssea geralmente se torna 
hiperativa, resultando no aumento do número de reticulócitos na 
circulação sanguínea. (NORRIS,2021) 
Etiologia das anemias hemolíticas 
A hemólise pode ser intravascular, quando a hemoglobina é liberada no 
plasma, ou extravascular, quando ocorre principalmente no baço 
Quando a sobrevida dos eritrócitos está diminuída, a medula óssea aumenta 
o número de precursores eritroides, a fim de compensar a hemólise. A 
anemia só ocorre quando a hiperprodução medular não consegue se igualar 
ao ritmo da destruição. Assim, a medula pode acabar entrando em crise 
aplásica da anemia hemolítica, que corresponde a sua falência. 
As anemias hemolíticas podem ser congênitas (defeito corpuscular) ou 
adquiridas (defeitos extracorpusculares). 
1) Anemia hemolítica por defeitos intrínsecos das hemácias 
 
2) Anemia hemolítica por defeitos extrínsecos das hemácias 
 
Alterações da estrutura ou função da membrana 
São alterações que afetam a forma e a deformabilidade eritrocitária. 
Em geral, ocorre diminuição da relação superfície/volume e redução 
da deformabilidade (ZAGO,2014) 
Esferocitose hereditária 
A esferocitose hereditária é transmitida principalmente de forma 
autossômica dominante e é a doença hereditária mais comum da 
membrana das hemácias. (NORRIS,2021) 
O exemplo mais comum desse tipo de anormalidade é a 
esferocitose hereditária. (ZAGO,2014) 
Nessa doença existem anormalidades em proteínas do citoesqueleto 
eritrocitário, que resultam em perda de lipídeos, colesterol e 
fragmentos da membrana, com a hemácia perdendo sua forma 
bicôncava e transformando-se gradualmente em um esferócito 
(forma esférica) não conseguindo atravessar facilmente o baço. 
(ZAGO,2014) 
Esses esferócitos podem sofrer hemólise intraesplênica e, devido a 
sua reduzida deformabilidade, podem ser fagocitados pelos 
macrófagos. (ZAGO,2014) 
Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) 
Uma alteração adquirida da membrana eritrocitária é a 
Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN). (ZAGO,2014) 
É uma doença hemolítica rara ligada ao X, resultante de mutações 
adquiridas no gene fosfaditilinositolglicano do grupo A (PIGA); as 
mutações em PIGA levam à expressão deficiente de uma família de 
proteínas normalmente ancorada na membrana celular via 
glicosilfosfatidilinositol (GFI, GPI). 
Na HPN, ocorre o surgimento de um clone na medula óssea com 
uma mutação no gene PIG-A (fosfatidilinositol glican, classe A), 
produzindo células sanguíneas com membrana sensível à lise pelo 
sistema complemento, gerando hemólise intravascular e graus 
variados de citopenias. (ZAGO,2014) 
Alterações da hemoglobinaAs anormalidades da hemoglobina podem ser classificadas 
genericamente em estruturais e no ritmo de síntese das globinas. A 
presença da hemoglobina anormal no interior das hemácias pode 
alterar sua viscosidade ou sua deformabilidade, sendo o exemplo 
mais conhecido a hemoglobina S. As anormalidades no ritmo de 
síntese são representadas pelas síndromes talassêmicas b e a. 
(ZAGO,2014) 
Anemia falciforme 
Corresponde a uma alteração estrutural da hemoglobina. 
A anemia falciforme é uma doença hereditária em que ocorre a 
produção de uma hemoglobina anormal (hemoglobina S [HbS]), que 
conduz a um estado crônico de anemia hemolítica, dor e falência de 
órgãos. O gene HbS é transmitido por herança recessiva e pode se 
manifestar como traço de células falciformes (i. e., heterozigoto com 
14 
@_LETICIAALBUQUERQ 
um gene HbS) ou anemia falciforme (i. e., com dois genes 
homozigotos HbS). (ZAGO,2014) 
Síndromes talassêmicas 
As síndromes talassêmicas constituem um grupo heterogêneo de 
distúrbios hereditários causados por mutações que reduzem a 
síntese da cadeia α- ou β-globina (MITCHELL et al., 2021) 
As cadeias β são codificadas por um único gene no cromossomo 11 
(produzindo duas cópias); as cadeias α são codificadas por dois genes 
intimamente ligados no cromossoma 16 (produzindo quatro cópias) 
(MITCHELL et al., 2021) 
A síntese menor de uma cadeia tem consequências patológicas 
decorrentes de: (1) baixa hemoglobina intracelular (hipocromia) e (2) 
efeitos relacionados com o excesso relativo da outra cadeia 
(MITCHELL et al., 2021). 
As síndromes são mais comuns nos países mediterrâneos, em 
partes da África e sudoeste da Ásia (MITCHELL et al., 2021) 
β-talassemias 
As β-talassemias são caracterizadas pela síntese deficiente de β-
globina: 
 As mutações β0 abolem a síntese da cadeia β-globina; 
mais comumente envolvem mutações na terminação da 
cadeia que cria códons de parada prematura 
 As mutações β+ levam à redução (porém detectável) da 
síntese de β-globina; mais frequentemente envolvem 
splicing de RNA aberrante, embora algumas sejam 
mutações na região promotor 
α-Talassemias 
As α-talassemias são decorrentes de defeitos hereditários que 
reduzem a síntese de α-globina; a deleção genética é a causa mais 
comum (MITCHELL et al., 2021). 
As consequências clínicas advêm da síntese desequilibrada das 
cadeias α e não α (cadeias γ na infância, cadeias β e δ depois de 
6 meses de idade). Os tetrâmeros de cadeia β livres (hemoglobina 
H [HbH]) demonstram afinidade extremamente alta com O2 e, desse 
modo, causam hipóxia tecidual desproporcional aos níveis de 
hemoglobina. Além disso, a HbH é propensa à oxidação, levando à 
precipitação de agregados proteicos intracelulares que promovem 
o sequestro eritrocitário por macrófagos. As cadeias γ livres formam 
tetrâmeros estáveis (HbBart) que também se ligam ao O2 com 
avidez excessiva, resultando em hipóxia tecidual (MITCHELL et al., 
2021) 
Anormalidades das enzimas eritrocitárias 
A produção de cada uma das enzimas pode ser deficiente por 
alterações na codificação genética (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 
2013). 
Os defeitos da maioria das enzimas são muito raros, e apenas 
algumas enzimopatias têm importância clínica. As anormalidades das 
enzimas eritrocitárias podem ser genericamente classificadas em: 
1) Defeitos da via de Embden-Meyerhof: a anormalidade mais 
frequente é a deficiência de Piruvato Quinase ou Cinase 
(PK) (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013). 
2) Defeitos na via das pentoses: a alteração mais frequente 
é a deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD) 
(ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013) 
Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase 
A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é uma enzima no shunt a 
hexose monofosfato, que reduz a nicotinamida adenina dinucleotídeo 
fosfato reduzida (NAPD) a NADPH; por sua vez, a NADPH reduz a 
glutationa eritrocitária – conferindo proteção contra lesão oxidativa 
do eritrócito. Nas células com deficiência de G6PD, o estresse 
oxidativo (p. ex., decorrente de inflamação, drogas ou alimentos, 
como feijão fava) promove a ligação cruzada de sulfidrila 
hemoglobina e desnaturação de proteína. A hemoglobina alterada se 
precipita como corpúsculos de Heinz, o que pode causar hemólise 
direta; além disso, a hemoglobina precipitada pode se fixar à 
membrana celular interna, reduzir a deformabilidade e aumentar a 
suscetibilidade à destruição por macrófago esplênico (MITCHELL et 
al., 2021) 
A deficiência de G6PD é um distúrbio ligado ao X; embora existam 
diversas variantes de G6PD, apenas duas – G6PD- e G6PD 
mediterrânea – ocasionam hemólise clinicamente significativa. A 
G6PD- está presente em cerca de 10% dos negros americanos; 
dobras anormais na proteína acarretam aumento da degradação 
proteolítica e, desse modo, perda progressiva de G6PD nos 
eritrócitos mais velhos. Uma vez que os eritrócitos mais jovens não 
são afetados, os episódios hemolíticos são autolimitados na maioria 
das vezes. Na forma mediterrânea, os níveis de G6PD são muito 
menores e os episódios hemolíticos são mais graves (MITCHELL et 
al., 2021) 
Anemia imuno-hemolítica (AHI) 
É uma hipersensibilidade do tipo II, que consiste em uma hemólise 
precoce das hemácias por ação do sistema imune, gerando anemia 
quando não há uma resposta medular compensatória, ou seja, que 
consiga produzir eritrócitos suficientes para substituir os que foram 
destruídos. Esses distúrbios são assim chamados, porém o termo 
anemia imuno-hemolítica é preferido porque algumas reações são 
provocadas por medicamentos. 
Esse grupo de anemias pode ser subdividido em anemia hemolítica 
autoimune, anemia hemolítica induzida por droga e anemias 
hemolíticas aloimunes. 
Anemia hemolítica autoimune (AHAI) 
É uma condição clínica, na qual se tem uma destruição acelerada 
das hemácias em razão da fixação de imunoglobulinas ou 
complemento na superfície das hemácias (BARROS; BORDIN, 2016). 
Os sintomas iniciais são decorrentes da anemia causada pela 
hemólise, dos efeitos secundários do quadro hemolítico, ou da 
doença primária que está causando a AHAI (BARROS; BORDIN, 2016) 
A AHAI pode ser classificada com base nos resultados dos testes 
laboratoriais imunohematológicos, Conforme explicado a seguir: 
15 
@_LETICIAALBUQUERQ 
Causadas por anticorpos a quente 
a) Primárias ou idiopáticas; 
b) Secundárias: doença linfoproliferativa, carcinomas, 
mielodisplasia, colagenoses, retocolite, ulcerativa e 
hepatites 
Causadas por anticorpos a frio 
a) Doença das aglutininas a frio: idiopática ou primária e 
secundária (linfomas, Mycoplasma, mononucleose) 
b) Hemoglobinúria paroxística a frio: idiopática ou primária e 
secundária (sífilis, infecções virais) 
Mistas 
Induzidas por fármacos 
a) Indução de autoimunidade 
b) Adsorção de fármacos 
c) Adsorção de imunocomplexos 
d) Adsorção não imunológica de proteínas 
Anemia hemolítica aloimune 
Ocorre em uma reação pós-transfusional devido à presença de 
aloanticorpos, que são anticorpos reativos a antígenos da mesma 
espécie, mas de indivíduos geneticamente diferentes. Uma reação 
transfusional hemolítica aguda é definida como a hemólise das 
hemácias do doador nas primeiras 24 horas após a transfusão, 
graças aos aloanticorpos pré-formados. As reações hemolíticas 
transfusionais agudas potencialmente fatais normalmente são 
causadas por transfusão sanguínea de sangue ABO incompatível, 
sendo erros de escrita (amostra identificadas erroneamente) a 
principal responsável por essas reações. 
A causa das reações transfusionais hemolíticas é a lise intravascular 
dos eritrócitos do doador por anticorpos (aloanticorpos ou 
isoanticorpos) do receptor, que se ligam a um ou mais antígenos de 
grupo sanguínea nas células transfundidas 
 
 
 
Manifestações clínicas da anemia hemolítica 
As manifestações variam conforme o tipo de causa. Desta forma, 
são inúmeras manifestações. 
Hemóliseextravascular: Os principais aspectos clínicos são anemia, 
esplenomegalia e icterícia; reduções modestas na haptoglobina (uma 
proteína sérica que se liga à hemoglobina) também são observadas 
(MITCHELL et al., 2021). 
Hemólise intravascular: Os pacientes exibem anemia, 
hemoglobinemia, hemoglobinúria, hemossiderinúria, dor dorsal e 
icterícia; há acentuada redução da haptoglobina sérica. A 
hemoglobina livre pode ser oxidada em metemoglobina. Ambas as 
formas da proteína são excretadas na urina (conferindo a cor 
marrom) ou são absorvidas pelos túbulos proximais renais; o ferro 
liberado da hemoglobina pode se acumular nas células tubulares 
(hemossiderose renal) (MITCHELL et al., 2021). 
O paciente costuma ter: 
 Palidez de mucosas; 
 Icterícia leve flutuante; 
 Esplenomegalia; 
 Não há bilirrubina na urina, mas esta pode se tornar escura 
em conservação pelo excesso de urobilinogênio; 
 Úlceras em volta do tornozelo (em particular com anemia 
falciformes); 
 Podem ocorrer crises aplásticas, geralmente precipitadas 
por infecção com parvovírus, que “desligam” a 
eritropoese, caracterizadas por intensificação súbita da 
anemia e por queda da contagem de reticulócitos 
Na anemia hemolítica costuma haver icterícia, devido ao aumento da 
bilirrubina indireta e esplenomegalia persistente na anemia hemolítica 
crônica. 
As manifestações clínicas de anemia são aquelas advindas da 
redução da oxigenação dos tecidos, principalmente cérebro e 
coração e relacionadas à capacidade compensatória do sistema 
pulmonar e cardiovascular 
Quanto mais abrupta for essa queda no volume sanguíneo e/ou 
níveis de hemoglobina, mais intenso os sintomas. Assim, nas 
16 
@_LETICIAALBUQUERQ 
hemorragias agudas ou nas crises hemolíticas, os pacientes 
apresentam sintomas mais intensos do que nos quadros de 
instalação lenta e de longa duração 
Nos quadros agudos, devido à baixa oxigenação abrupta, o coração 
passa a trabalhar em ritmo mais acelerado, levando o paciente a se 
apresentar com dispneia, palpitações, tontura e fadiga extrema. 
Diagnóstico da anemia hemolítica 
Anamnese 
Pesquisa da história da anemia, se ocorre desde a infância, a história 
familiar, a consanguinidade e o uso de medicações 
Exame físico 
Ao exame físico deve-se atentar bastante à coloração das mucosas, 
já que a palidez é um sinal muito característico de anemia, 
principalmente nas mucosas da boca e da conjuntiva e no leito 
ungueal. A icterícia associada a palidez é uma manifestação 
característica de anemia hemolítica, devido a destruição das 
hemácias e produção de bilirrubina não conjugada, assim, deve-se 
buscar por visceromegalias, principalmente em baço e fígado 
Exames laboratoriais 
Laboratorialmente anemia hemolítica se caracteriza por: 
 Reticulocitose 
 ↑ bilirrubina não conjugada (indireta) 
 ↑ desidrogenase lática 
 ↓ haptoglobina. 
 Pode ocorrer por alterações intrínsecas dos eritrócitos 
(maioria genética) ou por agressões por agentes 
extrínsecos (malária, veneno, toxinas) 
Segundo Norris (2021): 
Hemograma: anemia macrocítica (VCM maior que 96 fℓ), 
policromasia, poiquilocitose à custa de esferócitos e hemácias 
fragmentadas, eritroblastos circulantes, plaquetopenia eventualmente 
(síndrome de Evans) 
Teste de Coombs direto: adiciona-se um preparado de 
imunoglobulinas anti-imunoglobulina humana em uma suspensão de 
hemácias do paciente, observando-se a presença de aglutinação – 
reação positiva em 90% dos casos 
Reticulocitose: > 2,0% 
Hiperbilirrubinemia à custa de bilirrubina indireta (> 0,6 mg/dℓ) 
(PORTH) 
Desidrogenase láctica (DHL) elevada (> 480 U/ℓ) 
Haptoglobulina reduzida (< 26,0 mg/dℓ). 
Segundo Hoffbrand e Moss (2018), os achados laboratoriais, por 
conveniência, são divididos em três grupos. 
1) Sinais de aumento da destruição eritroide: 
a) Aumento da bilirrubina sérica, não conjugada e 
ligada à albumina; 
b) b) Aumento do urobilinogênio urinário; 
c) c) Haptoglobinas séricas ausentes, pois ficam 
saturadas com hemoglobina, e os complexos 
são removidos pelas células do sistema RE. 
2) Sinais de aumento da produção eritroide: 
a) Reticulocitose 
b) Hiperplasia eritroide da medula óssea; a relação 
normal mieloide: eritroide de 2:1 a 12:1 diminui para 
1:1 ou se inverte. 
3) Sinais de dano aos eritrócitos: 
a) Morfologia (p. Ex., microesferócitos, eliptócitos, 
fragmentos); 
b) Fragilidade osmótica; 
c) Testes para enzimas específicas, para proteínas 
ou de DNA. 
Anormalidades da membrana eritrocitária 
Segundo Zago; Falcão e Pasquini (2013), a investigação laboratorial 
das anormalidades da membrana eritrocitária compreende 
resumidamente os seguintes passos: 
 Hemograma e observação cuidadosa da morfologia do 
sangue periférico. 
 Teste de fragilidade osmótica das hemácias (incubação a 
37ºC por 24 horas) 
 Análise eletroforética das proteínas da membrana pelos 
métodos de Fairbanks e Laemmli e avaliação da 
quantidade de dímeros por gel não desnaturante. 
 Análise eletroforética após digestão das proteínas com 
tripsina. 
 Análise do gene correspondente à proteína qualitativa ou 
quantitativamente alterada. 
 Citometria de fluxo com marcação para eosina5´maleimida. 
 Ectacitometria 
Anormalidades das hemoglobinas 
Segundo Zago; Falcão e Pasquini (2013), a investigação laboratorial 
das anormalidades das hemoglobinas, em geral, pode incluir os 
seguintes aspectos: 
 Hemograma, índices hematimétricos confiáveis, análise da 
morfologia do sangue periférico. 
 Eletroforese das hemoglobinas em tampão-alcalino 
(acetato de celulose) e, se necessário, em tampão ácido. 
 Eletroforese de hemoglobinas por Cromatografia 
 Líquida de Alta Performance (HPLC) com quantificaçãode 
Hb A2 e Hb F. 
 Teste de solubilidade da hemoglobina em tampãofosfato 
concentrado. 
 Pesquisa de Hb H e Hb Bart’s. 
 Pesquisa de Hb instável e corpos de Heinz. 
 Eletroforese de cadeias de globinas. 
 Análise molecular dos genes da globina 
É importante lembrar que, sempre que possível, deve ser realizado 
o estudo em todos os familiares disponíveis, pois, sendo a maioria 
17 
@_LETICIAALBUQUERQ 
dessas doenças de natureza hereditária, e podendo resultar de 
associações complexas de genótipos, em muitos casos, somente o 
estudo familiar permite o diagnóstico correto (ZAGO; FALCÃO; 
PASQUINI, 2013). 
Anormalidade enzimática 
Segundo Zago; Falcão e Pasquini (2013), investigação laboratorial das 
anormalidades enzimáticas se inicia com a avaliação semiquantitativa 
e quantitativa da G6PD com os testes de Brewer, 
imunofluorescência e quantificação da G6PD. 
Além disso, deve ser feita a eletroforese em acetato de celulose, e 
nos casos que revelarem alterações, pode ser realizado o estudo 
molecular do gene da G6PD em busca das mutações mais 
frequentes. Nos casos sem alterações da G6PD, devem ser avaliadas 
as demais enzimas eritrocitárias. A deficiência de PK pode ser 
sugerida pelo pontilhado basófilo característico nas hemácias no 
esfregaço de sangue periférico e, nesses casos, a dosagem da 
atividade da PK está indicada (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2013) 
Tratamento da anemia hemolítica 
O tratamento é especifico conforme a causa da anemia hemolítica, 
alguns exemplos são listados abaixo: 
Anemia hemolítica por deficiência de glicose-6-fosfato 
desidrogenase: 
 O tratamento é suspender o fator desencadeante, além 
de transfusões sanguíneas alguns em casos. Nos 
recémnascidos, pode ser feita a fototerapia e a 
exsanguineotransfusão. 
Anemia falciforme: 
 Atualmente não existe cura conhecida para a anemia 
falciforme (NORRIS, 2021). 
 É aconselhada a evitar situações que precipitam episódios 
de afoiçamento das hemácias, como infecções, exposição 
ao frio, esforço físico intenso, acidose e desidratação 
(NORRIS, 2021). 
 A hidroxiureia é um fármaco citotóxico utilizado para evitar 
complicações da anemia falciforme e é recomendado 
como tratamentopadrão para todos os portadores dessa 
condição. Essa substância viabiliza a síntese de uma 
quantidade maior de HbF e menor de HbS, reduzindo, 
desse modo, o processo de afoiçamento. No entanto, são 
desconhecidos os efeitos a longo prazo do uso da 
substância em relação a danos em órgãos, crescimento, 
desenvolvimento e risco de doenças malignas (NORRIS, 
2021) 
Anemia imuno-hemolitica: 
 Anemia hemolítica por autoanticorpos “frios”: evitar 
exposição ao frio (mudança de clima pode ser necessária) 
(NORRIS, 2021) 
 Anemia hemolítica por autoanticorpos “quentes”: 
prednisona, 1 a 2 mg/kg, VO, em dias alternados, durante 
30 dias. Ao atingir níveis normais de hemoglobina, reduzir 
gradativamente o corticoide até 5 a 10 mg/dia (NORRIS, 
2021) 
Referências 
DE SÁ MOURA, Maria Eduarda et al. Fisiopatologia, 
diagnóstico e tratamento da anemia ferropriva: Uma 
revisão de literatura. Revista de Casos e Consultoria, v. 12, 
n. 1, p. e23523-e23523, 2021. 
HOKAMA, N. K.; HOKAMA, P. O. M. Anemias 
Megaloblásticas. In: LOPES, A. C. Tratado de clínica médica. 
3. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016 
MITCHELL, R. N. et al. Robbins & Cotran fundamentos de 
patologia. Rio de janeiro: GEN, 2021. 
NORRIS, T. L. Porth fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2021. 
LORENZI, Therezinha F. Atlas Hematologia. Grupo GEN, 
2005. E-book. 
ZAGO. M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de 
hematologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.

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