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Caracterização da sintaxe da língua 
espanhola
Apresentação
Seja bem-vindo! 
A língua é um código composto de unidades em que a competência comunicativa de seus falantes 
se baseia na boa organização dessas unidades; logo, para que as construções da língua sejam “bem 
formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas da gramática em questão. A sintaxe é o estudo 
da organização das palavras em unidades maiores e a organização dessas unidades em frases. 
Sendo assim, compreender a organização sintática da língua espanhola é um compromisso de todo 
o profissional que atua no ensino e na pesquisa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o funcionamento da sintaxe no espanhol, pois 
isso auxiliará na compreensão dos fenômenos observados na estrutura da língua, com o objetivo de 
compreender melhor o seu sistema linguístico.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola.•
Determinar o nível oracional da sintaxe espanhola.•
Categorizar as funções sintáticas.•
Infográfico
As categorias gramaticais, por mais que sejam eleitas pelos gramáticos, não são determinadas 
arbitrariamente. Os artigos cumprem a sua função de determinantes, os pronomes de 
substituidores e os adjetivos de caracterizadores. 
Estudar a classe dos adjetivos na língua espanhola se diferencia da língua portuguesa, pois qualquer 
palavra que esteja se referindo diretamente ao substantivo (que não seja o artigo) tem a função de 
adjetivo.
Conteúdo do livro
Desde, pelo menos, o Estruturalismo Linguístico, no século XX, entende-se que uma frase não é um 
mero aglomerado de palavras soltas, ligadas umas às outras, de maneira aleatória. A língua é 
formada pelo conjunto de regras e de leis combinatórias que permitem a construção de uma 
mensagem. São as leis sintáticas que autorizam ou não determinadas construções; sendo assim, 
estudar sintaxe representa estudar a estrutura interna da frase. O dicionário da Real Academia 
Española (RAE) apresenta a sintaxe como “Parte da gramática que estuda a maneira pela qual 
palavras e grupos se combinam para expressar significados, assim como as relações que são 
estabelecidas entre todas essas unidades."
Portanto, no capítulo Caracterização da sintaxe espanhola, do livro Sintaxe da língua espanhola, que 
serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o funcionamento da 
sintaxe na língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais e caracterizando as 
funções sintáticas.
Boa leitura.
SINTAXE 
DA LÍNGUA 
ESPANHOLA
Caracterização da sintaxe 
da língua espanhola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola.
  Determinar o nível oracional da sintaxe da língua espanhola.
  Categorizar as funções sintáticas.
Introdução
Sabe-se que a língua é um código composto de unidades, e que seus 
falantes concretizam os seus atos de fala exercendo a sua competência co-
municativa com base nessas unidades. No entanto, para que as construções 
da língua sejam “bem formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas 
da gramática em questão. O dicionário da Real Academia Española (2010) 
apresenta a sintaxe como “[...] parte da gramática que estuda a maneira 
pela qual palavras e grupos se combinam para expressar significados, 
assim como as relações que são estabelecidas entre todas essas unidades”.
Em essência, a sintaxe é o estudo da organização das palavras em 
unidades maiores e a organização dessas unidades em frases. A orga-
nização das orações não obedece apenas a relações de linearidade. As 
palavras, por exemplo, são organizadas de acordo com certas regras, que 
dizem respeito à ordem, às conexões explícitas e implícitas e à seleção 
que algumas palavras exercem umas sobre as outras. Essas relações 
atribuem à sentença uma estrutura interna. Como o gramático não tem 
acesso direto a essa estrutura interna, ele formula uma hipótese sobre 
isso: a sua descrição estrutural. 
Para designar os elementos de uma sentença, segundo Di Tullio (2005), 
precisamos de duas noções: construção e constituinte. A oração é uma 
construção que não é constituinte de uma construção maior; portanto, é 
a unidade máxima da sintaxe. Palavras, por outro lado, são constituintes 
que não são construções (embora possam ser construções morfológicas, 
a sintaxe não manipula a estrutura interna das palavras). As unidades 
intermediárias, por outro lado, são constituintes (das maiores construções 
em hierarquia) e construções (em relação aos elementos que a compõem). 
Neste capítulo, você vai compreender o funcionamento da sintaxe 
da língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais, ana-
lisando o nível das orações e categorizando as suas funções sintáticas. 
Dessa forma, você poderá compreender a relação que as unidades man-
têm dentro da oração. 
Classes gramaticais e seu estudo sintático
As palavras que usamos para nos expressarmos oralmente e por escrito têm 
características diferentes. Saber distinguir os tipos de palavras (categorias 
gramaticais) é muito importante para entender o funcionamento da linguagem. 
O termo categoria indica uma classe de entidades que compartilham algumas 
características relevantes. Assim, quando falamos em categoria sintática, 
estamos nos referindo a uma classe de unidades linguísticas (palavras ou 
sintagmas), que apresentam semelhanças em nível morfológico, sintático e 
semântico. Quando estabelecemos que certa unidade lexical pertence a uma 
categoria, estamos inscrevendo-a numa classe preexistente, cujas propriedades 
já estão defi nidas e cujos membros se comportam de forma regular e previsível.
Uma das tarefas mais básicas de uma gramática é atribuir às palavras as 
várias classes reconhecidas. Essa classificação é um requisito indispensável 
para a formulação de regras, uma vez que elas não dizem respeito a palavras 
individuais, mas a classes. Para que essa classificação seja adequada, deve 
basear-se no comportamento gramatical das palavras: suas características 
morfológicas e seu funcionamento sintático.
O Manual da Gramática da Real Academia Española (RAE) de 2010 
divide o seu índice em questões gerais, morfologia e sintaxe. Na morfologia, 
estuda-se apenas o nível dos morfemas, enquanto na sintaxe estuda-se o nível 
do período, da oração, dos sintagmas e dos vocábulos. A prova disso é que a 
sintaxe se divide em três subgrupos: o primeiro chama-se “classe de palavras e 
seus grupos sintáticos”; o segundo, “as funções”; e o terceiro, “as construções 
sintáticas fundamentais”.
A morfologia e a sintaxe, segundo Di Tullio (2005), compartilham a palavra 
como uma unidade. Na primeira, a análise se detém apenas à palavra e a sua 
estrutura interna; a segunda inicia na palavra. Em convergência a essa análise, 
a RAE afirma que “[...] a palavra constitui a unidade máxima de morfologia e 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola34
a unidade mínima de sintaxe” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 4). 
As palavras, pertencentes a determinada categoria ou classe, de acordo com 
as suas propriedades morfológicas e sintáticas, formam grupos sintáticos: mi 
casa, por exemplo, é um grupo nominal e bebe leche, um grupo verbal. 
A morfologia trata da palavra como entidade única, formada por morfemas, 
e não analisa a relação que as palavras mantêm umas com as outras. Portanto, ao 
analisar as categorias gramaticais do espanhol, estaremos estudando a sintaxe 
da língua espanhola, e não a morfologia. Assim, ao fazer uma análise sintática 
na língua espanhola, deve-se perceber que qualquer relação sintagmática que 
possa existir entre os seus vocábulos, seja ela de classes de palavras ou de 
complemento verbal, será uma análise sintática.
A estrutura dos constituintes identifica as unidades que compõem a oração e sua 
respectiva disposição hierárquica. Portanto, para identificar as unidadesde determinada 
oração, é preciso estabelecer dois tipos de informação: a informação categorial e a 
informação funcional. 
A informação categorial se relaciona às diferentes classes (artigo, substantivo, ad-
jetivo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição) e subclasses 
(substantivos comuns e próprios, pronomes relativos, pronomes pessoais, verbos 
transitivos e intransitivos, etc.), que se distinguem de acordo com os diferentes tipos 
de propriedades compartilhadas. Os maiores constituintes na hierarquia sintagmática 
também podem ser classificados de acordo com a categoria de uma das palavras que 
compõem o núcleo: sintagma nominal (SN), sintagma adjetival (SA), sintagma verbal 
(SV), sintagma adverbial (SAdv) e sintagma preposicional (SP).
A informação funcional especifica a função sintática de cada um dos constituintes: 
sujeito, predicado, objeto direto, circunstancial, etc. É importante ressaltar que as 
funções sintáticas são sempre definidas em termos relacionais. Por exemplo, veja a 
análise da seguinte oração:
Mi hermana compró un libro nuevo en el aeropuerto.
Não se pode falar de sujeito sem referência, mas pode-se referir a ele como “sujeito de 
certa oração”. Logo, mi hermana é uma função sintática considerada sujeito no exemplo 
dado acima, mas não em Saludé a mi hermana (em que “mi hermana” representa um 
objeto direto) ou Tengo orgullo de mi hermana (em que “mi hermana” tem a função 
de complemento de régimen). Enquanto a informação categorial não depende da 
construção em que está incluída, mas da categoria dos constituintes que a compõem, 
a informação funcional está intimamente ligada ao significado da oração. 
35Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Unidades sintáticas: as classes de palavras
As classes de palavras são paradigmas formados em função das suas propriedades 
combinatórias e das informações morfológicas que elas aceitam. As classes de 
palavras do espanhol são artigo, substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio, 
preposição, conjunção e interjeição. Segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010, p. 11), enquanto há classes de palavras que carregam infor-
mações gramaticais no seu léxico, há outras que têm seu signifi cado defi nido 
pela gramática, ou seja, pela relação sintática da oração em questão.
A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010) chama de clases trans-
versales palavras que apresentam muita semelhança, mas com particularidades 
específicas, as quais classificam-se em diferentes grupos e, com isso, explicam 
vários aspectos de seu funcionamento e de seu significado. Por exemplo, os 
indefinidos, os numerais e os demonstrativos, quando modificam os subs-
tantivos, são analisados como uma classe de adjetivos; entretanto, quando 
substituem os substantivos e executam as suas funções sintáticas, assumem 
o papel de pronomes. Portanto, cabe salientar que as classes de palavras são 
caracterizadas por assumir um papel sintático nas suas unidades.
Os critérios de classificação
Propriedades morfológicas
As características morfológicas de cada classe constituem um critério ade-
quado para classifi cação. Devemos reconhecer dois tipos de propriedades 
morfológicas:
a) os preservadores da categoria, isto é, as propriedades de flexão;
b) os modificadores de categoria, ou a derivação.
Propriedades de flexão
As classes são divididas em variáveis, ou seja, as que admitem algum tipo 
de fl exão, e invariáveis, isto é, não permitem fl exão. Os artigos, os adjetivos, 
os pronomes, os substantivos e os verbos são variáveis. As preposições, as 
conjunções, as interjeições e os advérbios são invariáveis. 
1. A flexão nominal: os adjetivos sofrem flexão de gênero e número; os 
substantivos, de número (na maioria dos substantivos, o gênero é uma 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola36
propriedade inerente). A flexão dos pronomes depende da subclasse, 
ou seja, os pessoais flexionam em caso, número e pessoa; os outros, 
em número e gênero — incluindo o neutro.
2. A flexão verbal: as características flexionais são divididas em dois 
grupos, que são os de concordância (número e pessoa) e aqueles que 
caracterizam a cláusula inteira (tempo e modo).
Deve-se notar que, em qualquer caso, embora essas propriedades de fle-
xão caracterizem a categoria como um todo, elas não são necessariamente 
verificadas em todos os seus membros. Alguns adjetivos são invariáveis em 
gênero. Há ainda pronomes que dependem da subclasse, como os pessoais, 
que têm número e pessoa, enquanto outros podem ser neutros, como nadie 
(ninguém). Da mesma forma, existem as formas não flexionadas do verbo 
(infinitivo, particípio e gerúndio). Esse é o motivo pelo qual temos de confiar 
principalmente em critérios sintáticos e incluí-los na categoria.
Propriedades de derivação
A derivação fornece marcas para diferenciar as classes. Alguns afi xos de-
rivados são transcategoritivos: o prefi xo super pode ser adicionado a bases 
substantivas (superhombre), às adjetivas (superintendente) ou às verbais 
(superponer); o mesmo ocorre no caso de sufi xos apreciativos: substantivos, 
adjetivos e advérbios podem receber sufi xos diminutivos. Outros afi xos, 
por sua vez, são especializados: o prefi xo negativo in é adicionado apenas 
às bases adjetivas (in + feliz); o sufi xo ción permite formar substantivos de 
bases verbais, como intuir > intuición e deducir > dedución, e os sufi xos ez 
ou eza formam bases adjetivas (bello > belleza).
Relações sintáticas: distribuição, combinações possíveis, 
restrições sintáticas, funções sintáticas
Cada classe pode ser caracterizada pela estrutura interna do núcleo do seu 
sintagma e pelo seu potencial funcional, isto é, pelas funções que pode de-
sempenhar na oração. Assim, o especifi cador de um substantivo é um de-
terminante (que pode ser um adjetivo ou um artigo), enquanto o do adjetivo 
ou do advérbio é um advérbio de grau, e os pronomes assumem o papel de 
substituidores. Para as palavras invariáveis, é necessário recorrer a critérios 
sintáticos, fundamentalmente aos critérios distributivos, isto é, ao conjunto de 
posições em que podem aparecer. Os advérbios, as preposições e conjunções 
37Caracterização da sintaxe da língua espanhola
são diferenciados pela posição que ocupam, em relação aos constituintes 
que modifi cam ou aos que governam. Assim, as preposições distinguem-se 
das conjunções pela categoria do termo governado: geralmente, um nome no 
primeiro, uma oração no segundo. Além disso, as preposições também são 
caracterizadas por governarem o sintagma preposicional, quando o termo é 
um pronome pessoal: para mí, en sí mismo, por ti.
Levando esses pontos em consideração, podemos estabelecer corretamente 
o valor das definições conceituais. O critério semântico não pode ser a base da 
classificação, quando se trata de atribuir as palavras de uma língua particular 
a classes específicas, uma vez que não há correspondência entre as classes de 
entidades extralinguísticas e as palavras. No entanto, em combinação com os 
critérios formais, a semântica pode ajudar a delimitar uma classe e estabelecer 
correspondências entre classes reconhecidas em diferentes idiomas que não 
compartilham as características formais. Da mesma forma, pode ser útil em 
função de seu valor pedagógico e heurístico. 
Por exemplo, embora não seja verdade que todos os substantivos denotem 
pessoas, coisas e lugares, já que existem substantivos que designam pro-
priedades (decencia, belleza, blancura) e outras ações (lavado, rastrillaje, 
resolución), a verdade é que as palavras que designam pessoas, coisas e lugares 
são substantivos.
A classificação e o seu caráter relativo
Em relação à quantidade de classes de palavras, segundo Lenz (1920), ela 
depende da língua em questão e do ponto de vista que se toma para classifi car 
as palavras. Com efeito, embora a classifi cação tradicional forneça um valioso 
ponto de apoio, são os interesses do gramático e a sua concepção teórica que 
determinarão quais classes serão estabelecidas.As classes de palavras não são classes naturais, mas construções teóricas 
do gramático. O que distingue basicamente a posição atual em relação às 
anteriores, de acordo com Bosque (1991), é que a gramática é concebida não 
como um produto que já está acabado, mas como um sistema a ser descoberto 
e elaborado explicitamente, nos termos mais apropriados. Isso significa que, 
na medida em que for necessário, as classes antigas serão deixadas para 
propor outras, ou serão redefinidas para explicar os comportamentos que 
são significativos. Assim, por exemplo, a unidade da classe tradicional de 
adjetivos é atualmente questionada. 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola38
A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), como visto anterior-
mente, divide os adjetivos em duas subclasses: os adjetivos determinativos 
(demonstrativo, possessivo, indefinido, quantitativo) e os qualificadores. Ainda 
que todos modifiquem o substantivo, as diferenças entre os dois grupos são 
enormes, tanto do ponto de vista sintático, quanto do semântico. Por todas essas 
razões, os gramáticos mais atuais preferem atribuir cada grupo a uma classe 
diferente: a dos determinantes (juntamente com o artigo) e a dos adjetivos, 
em que os qualificadores constituem o grupo focal. De fato, é o gramático que 
decide, de acordo com a posição teórica que ele adotou e com a coerência de 
sua proposta, se divide a classe ou a preserva, com as subclassificações que 
julga mais convenientes. Por exemplo, segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010), a língua espanhola possui nove classes de palavras, as 
quais podem ser variáveis e invariáveis. As variáveis são definidas da seguinte 
forma (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010):
1. Artículos (artigos): o artigo é um determinante que permite delimitar a deno-
tação do grupo nominal do qual faz parte, assim como informa a sua referência. 
O artigo, portanto, especifica se o que foi designado por ele carrega consigo 
uma informação prévia ou não. Exemplos de artigos em espanhol: la (a), el (o), 
las (as), los (os), una (uma), unas (umas), un (um), unos (uns) e lo (artigo neutro).
2. Sustantivos (substantivos): o nome (ou substantivo) tem a característica 
de admitir gênero ou número. Ele denota entidades materiais ou imateriais, 
de toda natureza ou condição: pessoas, animais, coisas reais ou imaginá-
rias, grupos, lugares, etc. Pode vir acompanhado de artigo ou de adjetivo. 
Exemplos de substantivos em espanhol: La mujer inteligente; El cantar 
de los pájaros.
3. Adjetivos (adjetivos): o adjetivo é uma classe de palavras que acompanha o 
substantivo destacando uma propriedade ou limitando a sua extensão. Existem 
dois grupos de adjetivos: os qualificativos, que expressam propriedades ou 
circunstâncias dos seres ou objetos nomeados pelo substantivo (día soleado, 
pareja feliz); e os determinativos, que limitam a extensão do substantivo (este 
año, varios amigos). Exemplos de adjetivos em espanhol: mi hermano mayor 
(mi – adjetivo determinativo, mayor – adjetivo qualificativo); esta calle ancha 
(esta – adjetivo determinativo, ancha – adjetivo qualificativo).
4. Pronombres (pronomes): o pronome tem como principal função a subs-
tituição, seja ela de um substantivo, de um fato ou de uma das pessoas do 
discurso. Exemplos de pronomes em espanhol: Yo vi una ropa linda, la voy a 
comprar (yo substitui quem fala; La substitui una ropa linda).
5. Verbos: os verbos expressam ação, estado ou fenômenos da natureza. 
Existem formas simples, compostas, pessoais e impessoais. Exemplos de 
verbos em espanhol: tengo que cantar bien.
39Caracterização da sintaxe da língua espanhola
As classes de palavras invariáveis, segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010), são as seguintes:
6. Adverbios (advérbios): o advérbio é uma classe invariável que se caracteriza 
por dois fatores, um morfológico (pela ausência de flexão) e outro sintático 
(pela capacidade de estabelecer uma relação com grupos sintáticos corres-
pondentes de diferentes categorias). Trata-se de termos circunstanciais que 
indicam tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida e quantidade. Além 
disso, modifica três classes gramaticais, como o verbo (Juan canta bien), o 
adjetivo (Ana es muy inteligente) e o próprio advérbio (Vivo muy lejos de acá). 
Exemplos de advérbios: muy (muito), bien (bem), lejos (longe).
7. Preposición (preposição): as preposições são palavras que se caracterizam 
por introduzir um complemento. Elas não possuem autonomia sintática, mas 
a sua função consiste em relacionar palavras dentro da oração. Exemplos de 
preposições: a, ante, bajo, con, contra, de, desde, durante, en, entre, hacia, 
hasta, mediante, por, para, según, sin, sobre, cabe, versus, vía, tras.
8. Conjunción (conjunção): as conjunções constituem uma classe de palavras 
que relacionam entre si palavras, grupos sintáticos ou orações; algumas vezes 
os equiparam, outras os hierarquizam e fazem com que uns dependam de 
outros. Exemplos de conjunções: 
Queremos estudiar y hacer gimnasia.
Ana es inteligente, pero no estudia lo suficiente. 
Apenas termine la clase, nos vamos para casa.
Na prática
Os artículos formam uma classe gramatical que auxilia na determinação do grupo 
nominal do qual fazem parte. Esse grupo gramatical costuma ser classificado em 
determinados e indeterminados. Os determinados masculinos são el e los, e os femininos 
são la e las. Os indeterminados masculinos são un, uno, unos, e os femininos, una e unas.
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Eduardo Galeano e Gabriel García Márquez. 
Aponte para o QR code ou acesse o link 
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Caracterização da sintaxe da língua espanhola40
El piso está mojado, porque ha llovido hace poco.
9. Interjección (interjeição): trata-se de uma classe que se especializa na 
formação de enunciados exclamativos. Com a interjeição se expressam sen-
timentos e impressões.
Exemplos de interjeições:
a. Enunciados exclamativos: ¡ay! ¡vaya! ¡uff!.
b. Onomatopeias: Bang, jejejejeje, muac, guauguau, pío.
c. Grupos e orações exclamativas: ¡Cuánto esfuerzo! ¡Mal asunto! ¡Muy bueno!
Classes abertas mudam constantemente: novos membros são adicionados e outros 
são perdidos. Essa variação ocorre mesmo no nível individual — de acordo com a 
disponibilidade lexical do falante e da temática. Por outro lado, o número de membros 
de classes fechadas é severamente restrito. Ele praticamente não varia com o tempo e 
é conhecido e usado por todos os falantes, em todos os tipos de discurso. 
Nas classes abertas, vamos incluir principalmente as palavras de significado léxico: 
substantivos, adjetivos, verbos e advérbios terminados em mente. Nas classes fechadas, 
por outro lado, estão incluídas as palavras de significado fundamentalmente grama-
tical: os determinantes, os pronomes, os verbos auxiliares, o resto dos advérbios, as 
preposições e as conjunções. 
Todavia, a maioria dos membros das classes fechadas na verdade têm um significado 
léxico: bajo (embaixo de), entre, durante; aunque, porque, mientras (enquanto). Na reali-
dade, há poucas palavras que trabalham exclusivamente como marcas estruturais, sem 
significado: a, de, por. Além disso, enquanto apenas a classe de advérbios em mente 
é produtiva, os outros têm um claro significado lexical distintivo.
Vemos, então, que a distinção entre classes abertas e fechadas não coincide, neces-
sariamente, com a ideia existente entre palavras de significado lexical (ou “palavras 
completas”), que são classes abertas, e palavras de significado gramatical (ou “palavras 
vazias”), que são fechadas.
A oração e as suas peculiaridades
A sintaxe lida com as relações entre as palavras que formam uma frase. As 
palavras são organizadas de acordo com certas regras, que dizem respeito 
à ordem, a conexões explícitas e implícitas, à escolha que algumas palavras 
exercem sobre uma ou outra. Cada frase tem uma estruturainterna, de modo 
que a sintaxe estuda essa estrutura das orações, isto é, a combinação das 
palavras que a compõem. Assim, o campo de atuação da sintaxe representa o 
41Caracterização da sintaxe da língua espanhola
estudo das leis ou das regras que constituem as relações que podem ocorrer 
no eixo sintagmático da língua, ou seja, no eixo das combinações possíveis 
na cadeia horizontal de uma língua.
Essas relações podem se formar entre palavras, gerando os sintagmas, 
e entre as relações que se realizam entre os sintagmas, gerando as frases. 
Segundo Mattoso Câmara Junior (1972, p. 162–166), no discurso, porém, não 
são as palavras — e muito menos os morfemas — as unidades verdadeiras. 
Comunicamo-nos uns com os outros por meio de frases, isto é, de segmentos 
de extensão variável, que encerram um propósito comunicativo definido. Será 
frase, portanto, qualquer palavra ou grupo de palavras suficiente para atender 
o objetivo do falante: estabelecer a comunicação. 
Por exemplo:
a. El día está lindo. ¿Vamos a la playa?
b. ¡Ay! ¡Por supuesto!
Caso ¡Ay! e ¡Por supuesto! estivessem isoladas, não seriam consideradas 
frases; no entanto, nesse contexto, as duas são consideradas frases. Inclusive, 
a frase pode ter ou não ter verbo: quando não tem, chama-se frase nominal; 
quando tem verbo, chama-se oração.
A oração é a unidade máxima a ser estudada na sintaxe; logo, é necessária 
uma definição geral dessa noção fundamental. De fato, a gramática tradicional, 
que não ofereceu uma definição geral de palavra, dedicou atenção considerável 
à definição da oração. Centenas de definições são acumuladas, com base 
em critérios variados e, como esperado, a semântica predomina, seja lógica, 
psicológica ou comunicativa. Por exemplo, segundo a Real Academia Española 
(1973), “[...] a oração é a menor unidade de sentido completo em si mesmo em 
que o discurso real é dividido”. 
Tais definições receberam numerosas críticas, visando à vinculação da 
gramática tradicional a noções intuitivas, e não estritamente gramaticais. A que 
contou com mais seguidores é a de “sentido completo”. Embora seja correto 
destacar o fator intuitivamente mais relevante, é bastante complexo especificar 
o seu escopo. Como definir o que é o “sentido completo”? Segundo Alonso e 
Henríquez Ureña (1938, p. 10), “[...] ter sentido em si mesmo ou sentido completo 
quer dizer declarar, desejar, perguntar ou mandar algo”. Assim concebido, o 
significado completo está relacionado aos atos de fala que podem ser realizados 
por meio de orações. A partir dessa perspectiva, a oração seria uma unidade 
comunicativa, um ponto de vista compartilhado pela terceira definição.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola42
O problema é que os limites de um ato de fala nem sempre coincidem com 
os da oração. A segunda definição apela, por sua vez, a um critério lógico. 
Embora orações declarativas usualmente expressem um julgamento, esse 
critério é inaplicável a orações interrogativas, imperativas e exclamativas, às 
quais, no entanto, não se poderia negar o caráter de oração.
Como outras noções, Bloomfield (1964[1933]) propôs uma definição da 
oração em termos distributivos: “[...] uma oração é uma forma linguística 
independente, não incluída em virtude de qualquer construção gramatical, 
em qualquer forma linguística mais ampla”. O que caracteriza as orações 
é sua autonomia gramatical. Logo, todas as orações independentes serão 
orações. Praticamente qualquer sequência, desde que acompanhada por um 
traço de entonação, resultaria em uma oração. Nesse caso, o problema é que, 
se a gramática as incluir, ela deverá dar regras para construções que pouco 
compartilham, do ponto de vista de sua estrutura interna. De fato, Bloomfield 
(1964[1933]) precisava estabelecer uma distinção adicional entre orações 
completas e orações menores, como as expostas anteriormente; do contrário, 
seria impossível abarcar a enorme diversidade estrutural existente entre elas 
nas regras da gramática.
Quais marcas estruturais nos permitem reconhecer essa independência? 
A marca mais óbvia é a entonação, isto é, as variações no tom de voz do 
falante, com padrões prosódicos com significado do tipo ofensivo, irônico, 
de decepção, que expressem alegria, entre outros. Dada a função delimitativa 
da entonação, cada oração corresponde a um próprio traço entonacional, que 
corresponde ao tom que o falante dá a determinada oração.
No entanto, como o próprio Bloomfield (1964[1933]) observa, quando 
produzimos duas orações consecutivas, elas nem sempre são marcadas por 
suas respectivas figuras tonais, ou marcas na fala. Muitas vezes, elas englobam 
apenas uma, na qual se omite uma pausa intermediária; então, deveríamos 
reconhecer uma única oração em uma sequência como a do exemplo (b).
O que todas as definições examinadas têm em comum é considerar a 
oração como uma unidade de comunicação, isto é, como a unidade na qual 
um texto pode ser dividido. Como tal, é definida em termos extragramaticais: 
semântico, pragmático e fonológico. Nesse sentido, a oração é uma unidade 
que corresponde à análise do discurso, e não à própria gramática. Assim 
consideradas, as sequências de (b) podem ser perfeitamente compreensíveis e 
efetivas como partes de um texto (uma conversação, uma canção ou uma letra), 
43Caracterização da sintaxe da língua espanhola
mas não permitem avançar em uma definição, em termos dos componentes 
necessários da oração em seu sentido gramatical. 
Se a oração é concebida, porém, como uma unidade estritamente gra-
matical, o que é necessário é que ela seja caracterizada como uma unidade 
de construção, para a qual corresponde defini-la a partir de sua estrutura 
interna. Nesse segundo sentido, precisaremos identificar os constituintes 
que a compõem. Trata-se de uma construção predicativa: consiste em um 
sujeito e um predicado. Em seu caso típico, o núcleo do predicado é um verbo 
conjugado, isto é, apresenta a flexão de pessoa e número, de acordo com 
o sujeito, e de tempo e modo. Para diferenciar os dois sentidos, aplicamos 
ao último a denominação cláusula. De acordo com Di Tullio (2005), em 
termos funcionais, significa que toda cláusula é formada por um sujeito e um 
predicado. De fato, nossos gramáticos perceberam essa dualidade subjacente 
no conceito de oração. Por essa razão, muitas vezes ofereciam, além das 
definições baseadas em critérios semânticos, uma definição estritamente 
gramatical. Bello (1970[1847]) já reconhecia dois tipos de unidades: a pro-
posição, definida por seus constituintes, ou o sujeito e o predicado (que ele 
chamou de atributo), e a oração. Dessa forma, cabe ressaltar que a definição 
de proposição — correspondente à nossa noção de cláusula — é baseada 
exclusivamente em sua estrutura interna, enquanto na oração se impõe um 
critério extragramatical.
A oração e o discurso
A gramática e a análise do discurso não se opõem, mas se complementam. 
Existem aspectos do discurso que dependem da organização de frases e ele-
mentos que transcendem os limites das orações. No entanto, é importante não 
esquecer que a oração (em seu signifi cado gramatical) e o discurso são objetos 
inerentemente diferentes. Somente dentro da estrutura da oração podem ser 
formuladas regras que diferenciem claramente as sequências bem formadas 
das não gramaticais.
No discurso existem regularidades de natureza estatística, dependentes, 
em geral, de fatores pragmáticos. A presença de mecanismos formais coesos 
não garante a coerência de um discurso. Isso pode ser coerente mesmo quando 
nenhum desses recursos formais aparece; inversamente, mesmo quando todos 
eles são usados, o texto resultante pode ser incoerente.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola44
Já em relação à gramática, para que uma oração seja gramatical, basta 
cumprir as regras da gramática. Assim, por exemplo, a concordância entre 
sujeito e verbo em número e pessoa é uma condição necessária para que uma 
oração seja gramatical; se a regra for violada, a sequênciainevitavelmente 
será malformada. Dessa forma, é importante perceber que, para que o discurso 
ocorra, a oração deve estar bem formada. Assim, a sintaxe está em um nível 
mais profundo que a análise do discurso.
Classificação das orações
De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), tradicio-
nalmente as orações são divididas de acordo com três critérios: atitude do 
falante, natureza de seu predicado e dependência ou independência em relação 
a outras unidades.
a) A atitude do falante: a expressão da atitude do falante (modus) é 
chamada de modalidade em relação ao conteúdo das mensagens. Ge-
ralmente ocorrem dois tipos de modalidade: a da enunciação e a do 
enunciado. A enunciação representa as diferentes maneiras como 
os atos de fala são realizados, ou seja, analisa a intenção do falante. 
Com esse critério, diferenciam-se as orações declarativas, como “está 
nevando”, das orações interrogativas, como ¿Qué pasa?.
b) A natureza do seu predicado: de acordo com a natureza do predicado, 
podemos dividir as orações em transitivas (Llamé a Carlos), intransitivas 
(Mi primo salió temprano) e copulativas (El día está lindo).
c) A dependência ou independência em relação a outras unidades: 
orações simples não contêm outras que ocupem seus argumentos ou 
modifiquem seus componentes; por outro lado, as orações subordinadas 
dependem de alguma outra categoria, a qual elas complementam ou 
modificam. A oração subordinada é inserida ou incorporada à principal. 
A oração principal em Carlos dijo [que no quería ir a la fiesta], por 
exemplo, não é o segmento Carlos dijo (que não constitui uma oração 
por si só, já que é incompleta), mas toda a sequência em itálico. O que 
está entre colchetes é a oração subordinada, que é interpretada como 
parte da oração principal. Chama-se oração composta aquela que 
contém uma ou mais orações subordinadas.
45Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Funções sintáticas: uma relação básica
As classes de palavras e as funções sintáticas mantêm relações que auxiliam a 
interpretação semântica de determinada oração. Segundo a RAE (REAL ACA-
DEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 15), por mais que as funções dependam da posição 
que as palavras ocupam, é importante também analisar outras marcas ou expoentes 
sintáticos. Portanto, a frase Saldrá el martes admite mais de uma interpretação. 
Por exemplo, se el martes designar a entidade que se diz estar saindo, será o sujeito 
do verbo saldrá; no entanto, se a oração informar que determinada pessoa não 
especifi cada chegará naquele dia, el martes será um complemento circunstancial. 
Normalmente, segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), três classes de 
funções são diferenciadas: sintática, semântica e informativa. As funções sintáticas 
(como sujeito) são estabelecidas a partir de marcas ou índices formais — como o 
número e a concordância de pessoa — e a posição sintática.
As funções semânticas (como agente) especificam a interpretação semântica que 
deve ser dada a certos segmentos, de acordo com o predicado do qual eles dependem. 
Assim, um sujeito pode ser um agente — quem faz a ação, como em Javier abrió la 
puerta — ou pode não ser, como em Su hermana se llamaba Carlota.
As funções informativas referem-se à parte informacional da sentença (isto é, à 
separação entre o que é conhecido e o que é apresentado como novo). A contribuição 
de cada fragmento da mensagem depende em grande parte do discurso anterior e de 
seu papel na articulação do texto, mas, ao contrário dos outros dois tipos de funções, 
não é determinado pelo significado dos elementos lexicais.
Predicados e argumentos
Semanticamente, cada oração contém uma expressão predicativa e um ou 
mais argumentos. Os argumentos são, em geral, expressões referenciais que 
permitem identifi car entidades do mundo extralinguístico. O predicado atribui 
uma propriedade a um argumento ou descreve o relacionamento entre os 
argumentos, isto é, ele determina quantos e quais argumentos são necessários.
O conceito de predicado, retirado da lógica, designa a expressão gramatical 
cujo conteúdo é atribuído ao referente do sujeito, por exemplo:
El maestro explicaba la lección a los alumnos. (predicado)
Caracterização da sintaxe da língua espanhola46
Segundo Gómez Torrego (2005, p. 272–273), costumam-se distinguir 
dois tipos de predicado: o verbal e o nominal. Os predicados nominais são 
representados pelos verbos copulativos, que em português são conhecidos 
como verbos de ligação: os verbos ser e estar. Por exemplo:
Está frío.
Es invierno.
Os predicados verbais são todos aqueles que não possuem verbos copu-
lativos, e sim verbos com carga semântica plena, os quais podem aparecer 
sozinhos ou com complementos. Por exemplo:
Juan ha salido.
María compró cinco libros.
As funções sintáticas e as suas marcas
De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 16): 
[...] as funções sintáticas representam as formas pelas quais as relações 
que expressam os argumentos são manifestadas. Cada função sintática é 
caracterizada pela presença de diferentes marcas ou expoentes gramaticais, 
tais como concordância, posição, presença de preposições e, por vezes, 
entonação. Marcas de função são os índices formais que permitem que 
sejam reconhecidos. 
Na sequência, veremos as principais funções sintáticas da língua espanhola.
Sujeito
Toda oração ou cláusula possui dois componentes fundamentais: o sujeito 
e o predicado. Segundo Gómez Torrego (2005), ambos estão no mesmo 
nível sintático e têm uma relação de interdependência. O sujeito assume 
o seu papel sintático em função do predicado, e o predicado se justifi ca 
porque há um sujeito — embora em algumas ocasiões o sujeito possa 
ser nulo ou estar oculto. Para a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
1973, p. 350), a noção de sujeito assume outra defi nição bastante repetida 
em nossa tradição gramatical: “[...] o sujeito é a pessoa ou coisa da qual 
falamos algo”.
47Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Como já exposto, para classificarmos o sujeito, é necessário que saibamos 
identificá-lo. Dessa forma, segundo Di Tullio (2005), o sujeito pode ser clas-
sificado de acordo com as marcas apresentadas a seguir.
Ponto de vista categorial
O sujeito é um sintagma nominal (SN), cujo núcleo pode ser um substantivo 
comum, nome próprio ou pronome. Em alguns casos, pode ser também uma 
cláusula ou oração subordinada.
La mujer rubia salió temprano. (substantivo comum)
Neymar Jr. está más conocido que Pelé. (nome próprio)
¿Ella ha llegado retrasada? (pronome)
Quien dijo eso es un torpe. (oração subordinada)
Ponto de vista verbal
A marca estrutural que permite identifi car mais claramente o assunto gramatical 
é a concordância com o verbo nas características fl exionais do número e da 
pessoa. Qualquer variação nessas propriedades fl exionais afetará necessaria-
mente o verbo e defi nirá, automaticamente, o sujeito.
A Roberta se le ocurrió una idea. (sujeito: una idea)
A nosotros se nos ocurrió una idea. (sujeito: una idea)
A Roberta se le ocurrieron varias ideas. (sujeito: varias ideas)
A rica flexão do verbo espanhol possibilita que o sujeito não seja explícito, 
isto é, que ele seja oculto. Desse modo, é possível identificar o sujeito, apesar 
de ele não ser expresso, em função das propriedades flexionais do verbo.
Saliste temprano. (sujeito não explícito)
Ao contrário do inglês ou do francês, que requerem um sujeito explícito, 
o espanhol é uma língua que, em alguns casos, aceita sujeito nulo. Logo, é 
possível identificar a inexistência de sujeito, em função das propriedades 
flexionais do verbo.
Salió temprano. (sujeito inexistente)
Caracterização da sintaxe da língua espanhola48
Complementos direto e indireto
O objeto direto — ou complemento direto — é defi nido pela RAE (REAL 
ACADEMIA ESPAÑOLA, 1973, p. 371) como:
[...] a palavra que define o significado do verbo transitivo, e denota ao mes-
mo tempo o objeto (pessoa, animal ou coisa) no qual representa uma ação 
expressa pelo próprio verbo. Estecomplemento é chamado de direto porque 
nele a ação do verbo é cumprida e terminada, e ambos formam uma unidade 
sintática “verbo + objeto direto”.
Já para a RAE de versão mais recente (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
2010, p. 565):
[...] o objeto direto ou objeto direto é uma função sintática que corresponde 
a um argumento dependente de verbo. Forma com ele (e às vezes com outras 
unidades) um grupo verbal e fornece a informação necessária para conformar 
a unidade de pregação que o verbo constitui.
Nessa definição, o objeto direto é identificado pelo papel temático do 
paciente afetado. O objeto direto também pode ser um objeto criado pela 
ação do verbo (objeto efetuado: María pintó un cuadro), que não tem exis-
tência prévia (como o paciente ou objeto afetado: María pintó la pared) ou 
um estímulo ligado a uma percepção ou um estado psicológico (Luisa oyó el 
disparo; Manuel adora la música rock). Em contraste, o objeto direto nunca 
pode ser um agente.
Como o sujeito, segundo Di Tullio (2005), o objeto direto pode ser classi-
ficado de acordo com as seguintes marcas:
a) O objeto direto é um SN determinado por um SV.
b) Quando o objeto direto é uma pessoa, ele vem precedido da preposição a.
Vi a Juan.
c) Pode ser substituído pelos clíticos acusativos: me, te, lo, la, nos, os, 
los, las.
Ayer vi a Juan y lo invité a cenar.
49Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 672), o com-
plemento indireto ou objeto indireto é chamado de função sintática realizada 
por pronomes átonos dativos, bem como grupos preposicionais liderados por 
uma preposição que pode ser substituída por um pronome dativo. Enquanto 
o clítico acusativo de 3º pessoa (la, los, las) substitui o objeto direto, o dativo 
(le, les), por outro lado, cumpre funções mais variadas. Por exemplo, existem 
as chamadas construcciones de doblado (literalmente, construções dobradas) 
ou duplicación (duplicação) do pronome átono, como em Al Rey le han gustado 
las capillas que ha visto (caso de duplicação).
Cabe esclarecer que não se compreende que o verbo tenha dois comple-
mentos indiretos, mas que um reproduz o outro, ou que ambos formam um 
segmento descontínuo. Do ponto de vista semântico, os complementos indiretos 
designam o receptor, o experienciador, o beneficiário e outros participantes 
em uma ação, um processo ou uma situação.
Predicativo
Como vimos anteriormente, os predicados semânticos pertencem a diferentes 
categorias, podendo ser verbais ou nominais. Caso a referência se dê a predica-
dos nominais, com os verbos ser, estar ou outros similares, teremos a presença 
de predicativos subjetivos obrigatórios. Se eles aparecem com outros verbos, 
que têm seu próprio conteúdo semântico, eles serão predicados secundários 
que modifi cam o principal — predicados subjetivos que não são obrigatórios. 
Os verbos copulativos (de ligação) vão acompanhados por predicativos 
obrigatórios, como em:
Juan es celoso.
María parece cansada.
Mis hijas están de buen humor.
Juan es un médico prestigioso.
Todas essas as cláusulas/orações consistem em um elemento predicativo, 
pois possuem verbos copulativos. Nos exemplos seguintes, por outro lado, 
existem dois precedentes: um primário (aquele do verbo conjugado) e um 
secundário (aquele do predicado não obrigatório), que é orientado para o 
sujeito da cláusula/oração.
Juan llegó cansado.
María lo miraba impasible.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola50
O predicativo não necessariamente se refere apenas ao sujeito. Ele também 
pode se referir ao objeto direto, como nos seguintes exemplos:
Considero interesante tu propuesta.
Nombraron a Pedro director de orquesta.
Te veo muy bien. 
Complementos preposicionais
Há complementos na sintaxe da língua espanhola que não são complementos 
de transitividade direta ou indireta, mas que são importantes para o entendi-
mento total da oração.
Complemento de régimen
Os complementos de régimen não podem ser substituídos ou duplicados por 
pronomes, nem concordar com o sujeito ou com o objeto. Nenhum dos dois 
pode ser substituído por advérbios, como uma grande parte dos circunstanciais. 
Nós os distinguimos porque a preposição que os encabeça é selecionada pelo 
verbo — é governada por ele. Eles correspondem a argumentos selecionados 
pelo verbo, mesmo quando, do ponto de vista semântico, cobrem noções 
bastante diferentes:
El disertante abusó de la paciencia del público.
El Ministro siempre insiste en sus supuestos logros.
El argumento de la defensa se basa en la falta de seguridad 
de los ciudadanos.
Complemento agente
Um complemento especial é o do agente, que aparece em frases passivas, 
encabeçadas pela preposição por, e corresponde ao sujeito das orações 
ativas. Ele pode ser omitido, apesar de ser considerado complemento, em 
função de sua relação sistemática com um dos argumentos selecionados 
pelo verbo. 
La noticia fue difundida por la agencia EFE.
El libro aún no fue devuelto por el profesor.
Los delincuentes fueron identificados por algunos vecinos.
51Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Os adjuntos ou complementos circunstanciais
Existem complementos que especifi cam circunstâncias — tempo, lugar, em-
presa, instrumento, quantidade, modo, propósito e causa — que acompanham os 
verbos. Esses complementos são conhecidos como adjuntos, ou complementos 
circunstanciais.
Salir por las mañanas. 
Construir una casa en el campo. 
Estudiar con mis hermanas.
Cantar con voluntad.
Ahorrar para viajar.
ALONSO, A.; HENRÍQUEZ UREÑA, P. Gramática castellana. Buenos Aires: Losada, 1938.
BELLO, A. Gramática de la lengua castellana. Buenos Aires: Sopena, 1970. Originalmente 
publicado em 1847.
BLOOMFIELD, L. Lenguaje. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 1964. 
Originalmente publicado em 1933.
BOSQUE, I. Las categorías gramaticales. Madrid: Síntesis, 1991.
CAMARA JUNIOR, J. M. Princípios de linguística geral. Rio de Janeiro: Livraria Acadê-
mica, 1972.
DI TULLIO, Á. Manual de gramática del español. Buenos Aires: La Isla de Luna, 2005.
GÓMEZ TORREGO, L. Gramática didáctica del español. São Paulo: SM, 2005.
LENZ, R. La oración y sus partes. Madrid: Centro de Estudios Históricos, 1920.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. 
Madrid: Espasa-Calpe, 1973.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: 
Espasa, 2010.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola52
Dica do professor
Compreender o funcionamento dos pronomes na lingua espanhola é uma necessidade básica para o 
estudioso da área. Assim, a Dica do Professor traz, de forma mais esclarecedora, quais são os 
pronomes no espanhol.
Confira.
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Exercícios
1) De acordo com o Manual da Real Academia Española — RAE (2010), tradicionalmente os 
adjetivos podem ser determinativos ou qualificativos. Portanto, assinale o único segmento 
que apresenta a mesma sequência de classes de palavras que "bellas letras".
A) La muchacha.
 
B) Libros nuevos.
C) Varias toneladas.
D) Persona interesante.
 
E) Hombre común.
 
2) Para que se possa classificar uma função sintática, é importante analisar quais são as suas 
características. Segundo a Real Academia Española — RAE (2010), as orações apresentam 
alguns aspectos a serem analisados, os quais são:
A) o ponto de vista verbal; o ponto de vista categorial. 
 
B) a atitude do falante; a natureza de seu predicado; sua dependência ou independência em 
relação a outras unidades. 
 
C) classes abertas; classes fechadas. 
 
D) as propriedades de flexão; as propriedades de derivação.
E) construções e constituintes. 
 
3) A palavra é uma unidade compartilhada tanto pela morfologia quanto pela sintaxe. De 
acordo com essa classificação, é possível afirmar que: 
A) a morfologiaestuda a palavra como entidade única formada por morfemas e analisa a relação 
que as palavras mantêm umas com as outras.
 
B) a sintaxe determina todos os traços categoriais de uma determinada palavra. 
 
C) no momento em que uma palavra é analisada desde o ponto de vista fonológico até o 
semântico ela se enquadra numa análise sintática. 
 
D) as palavras pertencentes a uma determinada categoria, junto às suas propriedades 
morfológicas e sintáticas, formam grupos sintáticos. 
 
E) as classes de palavras são sintagmas formados em função das suas propriedades 
combinatórias e das informações morfológicas que aceitam. 
 
4) Segundo a Real Academia Española — RAE (1973, p. 371), o objeto direto representa "a 
palavra que define o significado do verbo transitivo, e denota ao mesmo tempo o objeto 
(pessoa, animal ou coisa) no qual representa uma ação expressa pelo próprio verbo. Este 
complemento é chamado de direto porque nele a ação do verbo é cumprida e terminada, e 
ambos formam uma unidade sintática 'verbo + objeto direto'." Portanto, assinale abaixo a 
alternativa que tem uma oração apenas com objeto direto.
A) Fuimos por la calle principal. 
B) Marco le pidió a su esposa las llaves. 
C) Al Rey le han gustado las capillas que ha visto. 
D) Esta semana estudié con María.
E) Encontré a Martín en la cafetería y lo invité a cenar mañana.
5) As noções construção e constituinte são apresentadas por Di Tullio (2005) como 
informações importantes para designar os elementos de uma oração. Dessa forma, sobre 
esses dois aspectos é possível afirmar que:
A) a oração é uma construção que é constituinte de uma construção maior: o discurso.
B) as palavras são constituintes designados pela sua construção sintática.
C) a unidade máxima da sintaxe é uma construção que não é constituinte de uma construção 
maior.
D) as palavras, diferentemente das orações, são construções que não são constituintes.
E) as unidades intermediárias não são constituintes nem construções.
Na prática
Muitas dúvidas podem surgir em uma sala de aula quando são estudadas classes de palavras, 
principalmente pela internalização do sistema gramatical da língua portuguesa. Portanto, agora é o 
momento de analisar esse possível questionamento e perceber quão prática é a gramática da língua 
espanhola.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Las clases de palabras
Neste material, você verá um pouco mais sobre as classes de palavras em espanhol.
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Sintaxis del adjetivo español: orientación didáctica
Neste artigo, Alberto Millán Chivite traz a sintaxe dos adjetivos em espanhol.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Introducción a la sintaxis
Este vídeo traz uma introdução à sintaxe da língua espanhola.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
http://www.anep.edu.uy/prolee/phocadownload/materiales/docentes/glosario/clases-de-palablas.pdf
https://cvc.cervantes.es/literatura/cauce/pdf/cauce10/cauce_10_007.pdf
https://www.youtube.com/embed/0FVX49QUYJo

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