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Encontro acp As contribuições do serviço de plantão psicológico para a formação do psicoterapeuta

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Encontroacp
As contribuições do serviço de plantão psicológico
para a formação do psicoterapeuta.
Jonas Hilleshein, Marcia Acunha Hilleshein e Roberto Leal Ferreira.
* Trabalho apresentado no II Fórum Paulista da ACP realizado em São Pedro/SP de 9 a 13 de julho de
2008.
Este artigo apresenta o Plantão Psicológico como uma nova forma de atendimento psicológico, que
contribui, de maneira significativa, para a formação do psicólogo. Trata-se de uma prática inovadora
que oferece aos estagiários de psicologia uma perspectiva ampliada da escuta clínica, pois contempla
inúmeras possibilidades, como uma maior quantidade de pessoas atendidas e diversidade de
demandas e tipos de atendimento (individual, de casal, de família), abrangendo diferentes faixas
etárias, o que propicia uma formação acadêmica mais consistente. O Serviço de Plantão Psicológico é
aqui apresentado como uma atividade, ou modalidade de estágio que favorece o desenvolvimento
de habilidades que são pouco exploradas em um estágio comumente oferecido nos Serviços de
Psicologia Aplicada, onde o estagiário atende apenas em psicoterapia.
Palavras-chave: Plantão Psicológico. Formação Acadêmica do Psicólogo. Abordagem Centrada na
Pessoa
1. Introdução
O tema Plantão Psicológico pode ser considerado relativamente novo, mas já se apresenta como uma
prática inovadora, configurando-se como um campo fértil a ser pesquisado. No Brasil, os primeiros
trabalhos de Plantão tiveram início no ano de 1969 “coincidindo com a época em que se tornava
necessário o reconhecimento da profissão do psicólogo e também com a introdução, em nosso país,
da Psicologia Humanista” (Eisenlohr, in Morato, 1999). Estes trabalhos foram realizados no Serviço
de Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP),
contudo a primeira sistematização do tema ocorreu no fim da década de oitenta (Rosenberg, 1987
apud Tassinari, 1999). Na primeira parte, iniciaremos explicitando melhor este pioneirismo no
IPUSP.
Acreditamos que o serviço de Plantão Psicológico pode ser de grande valia para o cliente e o
estagiário. Este artigo tem como interesse a perspectiva do estagiário, que tem a rica oportunidade de
desenvolver melhor sua escuta clínica em virtude de diversos fatores que pretendemos discutir.
Neste sentido, objetivamos esclarecer o quanto à prática no serviço de Plantão Psicológico pode
contribuir para a formação do psicoterapeuta.
Em linhas gerais, o Plantão define-se como possibilidade de estar à espera, estar disponível, pronto.
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Na seção 3, apresentaremos uma definição mais clara e consistente do que vem a ser o Plantão
Psicológico. Vale ressaltar que este serviço apresenta características que permite seu
desenvolvimento em diversos contextos, como escolas, hospitais gerais, delegacias e comunidades,
contudo, nosso foco se dará nos Serviços de Psicologia Aplicada (SPA).
Em virtude de nossa experiência enquanto estagiários plantonistas ter sido norteada pela Psicologia
Humanista, mais precisamente pela Abordagem Centrada Pessoa (ACP) desenvolvida por Carl
Rogers, nossa proposta de trabalho fundamenta-se nesta abordagem. Nas seções 4 e 5 discutiremos,
respectivamente, seus principais conceitos, bem como porque encontramos nesta abordagem a
melhor orientação teórica para fundamentar o tema.
Em se tratando de um trabalho com ênfase numa maior qualidade na formação do psicoterapeuta,
entendemos que seria relevante refletir sobre as questões relativas à formação profissional do
psicólogo, destacando o funcionamento dos Serviços de Psicologia Aplicada. Procuramos, ao longo
deste trabalho, reunir informações que corroborassem nossas reflexões acerca da questão suscitada.
2.
Surgimento do Plantão Psicológico no Brasil
Com o reconhecimento da profissão de psicólogo no Brasil, na década de 60, um outro momento
importante para história da psicologia no país começava a surgir, a Psicologia Humanista. Esta
orientação teórica, que teve como maior referência entre nós, as concepções do psicólogo americano
Carl Ramson Rogers, foi abraçada por importantes profissionais da época, entre eles Rachel
Rosenberg, que coordenou a criação do Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) no Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP).
A partir deste momento, dava-se início aos primeiros trabalhos de Plantão Psicológico no país. Este
serviço, como nos explica Tassinari (1999) “consistia numa recepção diferente aos clientes que
procuravam o Serviço de Aconselhamento, o que foi, na época, uma alternativa para dar conta da
imensa fila de espera” (p. 45). Tassinari destaca ainda outros importantes profissionais que
colaboraram para a criação do serviço, como Iara Iavelberg e Oswaldo de Barros Santos.
Rosenberg contava com um grupo de 17 alunos que se debruçaram neste trabalho pioneiro, visando
prestar um melhor atendimento à comunidade, já que considerando uma atitude centrada na pessoa,
se fazia necessário uma escuta mais acolhedora dos clientes que procuravam o serviço.
Para melhor atender à demanda dos clientes, os alunos foram preparados para assumir um ‘plantão’
de atendimento. Nesses horários de plantão, eles recebiam, ouviam, inscreviam ou encaminhavam o
cliente, ao mesmo tempo buscando aliviar a sua angústia ou ansiedade imediata e provendo um
acolhimento respeitoso e empático. (Rosenberg, 1987 apud Tassinari, op. Cit., p. 06).
Com a ampliação e desenvolvimento do serviço, foram surgindo novas propostas de atendimento no
SAP e, ao longo de mais de quinze anos, as experiências foram reunidas, sendo publicadas, no final
da década de 80, a primeira sistematização acerca do tema Plantão Psicológico (Rosenberg, 1987
apud Tassinari, 1999).
3. Definindo Plantão Psicológico
Para melhor compreensão acerca do tema, é importante uma definição clara do que vem a ser o
Plantão Psicológico. Plantão, na própria acepção da palavra, refere-se à disponibilidade de uma
pessoa em manter-se à espera de outra, oferecendo-lhe determinado serviço em caráter emergencial.
Neste caso, Plantão Psicológico indica a necessidade do estar disponível para outro no momento em
que este busca o atendimento psicológico. Tassinari (1999) o define como:
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[…] tipo de atendimento psicológico, que se completa em si mesmo, realizado em uma ou mais
consultas sem duração pré-determinada, objetivando receber qualquer pessoa no momento exato de
sua necessidade para ajudá-la a compreender melhor sua emergência e, se necessário, encaminhá-la a
outros serviços. Tanto o tempo da consulta, quanto os retornos dependem de decisões conjuntas
(plantonista/cliente) no decorrer do atendimento. (p. 41).
Cury (in Mahfoud, 1999) relata como o Plantão é apreendido pelos supervisores, estagiários e
funcionários na clínica-escola da PUC-Campinas:
[…] Tipo de relação de ajuda imediata, que fornece alívio, orientação e apoio em situações de
emergência às pessoas da comunidade que se sentem desesperadas ou com problemas muito sérios.
[…] Este tipo de atendimento parece ajudá-las no sentido de diminuir a ansiedade, permitindo uma
compreensão do problema, oferecendo novas perspectivas e uma visão mais realista do psicólogo
como aquele que sabe ouvir e está ali na hora exata da procura (p. 124-125).
Em outras palavras, trata-se de uma possibilidade de encontro urgente ao pedido de ajuda, na
tentativa de oferecer a devida escuta o mais próximo possível do surgimento das inquietações que
levaram a pessoa a buscar o atendimento psicológico. O oferecimento da escuta diferenciada do
psicólogo, na urgência de quem se encontra num momento de aflição, pode minimizar o sofrimento
desta pessoa, contribuindo para uma melhor observação de suas reais necessidades.Nossa experiência no Serviço de Plantão Psicológico teve início no segundo semestre de 2005, no
Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Estácio de Sá, Campus Méier, tendo como
referencial a Abordagem Centrada na Pessoa. O Serviço funcionava (e ainda funciona, 2008) da
seguinte forma: o usuário que procurava o SPA para marcar uma consulta, seja por telefone ou
pessoalmente, era informado pela secretaria que havia um estagiário disponível para atendê-lo
naquele momento, caso não houvesse plantonista neste instante, era-lhe passado o horário de Plantão
mais próximo daquele contato (dentro de uma hora, duas e assim por diante). Marcado o
atendimento de Plantão, o passo seguinte era informá-lo do valor deste atendimento e o nome do
estagiário que iria atendê-lo. Em caso de atendimentos para crianças, era solicitado aos pais ou
responsável que não trouxessem a mesma, para que se ouvisse a queixa trazida por eles, entretanto,
se por ventura a criança viesse ao atendimento, também era ouvida pelo plantonista.
Era de incumbência do estagiário o preenchimento da ficha de inscrição do cliente caso fosse dado
um encaminhamento para algum dos serviços do SPA, como psicoterapia, orientação vocacional ou
avaliação da queixa escolar, conduzindo-o à secretaria para o pagamento do atendimento.
A partir dessa experiência, entendemos o Plantão sob dois pontos de vista: o do cliente que nos
procura, muitas vezes aflito e angustiado, e recebe o pronto atendimento, encontrando o acolhimento
necessário. O outro, e de interesse maior neste trabalho, é do ponto de vista do estagiário plantonista,
que será discutido com mais detalhes na seção 7.
Entendido desta forma fica claro que o Plantão não se trata de um mero trabalho onde, a partir da
escuta da queixa do cliente, faz-se um encaminhamento. O encaminhamento é uma das
características do Plantão, entretanto não é sua intenção primeira, pois é possível que o cliente se
sinta atendido em sua urgência neste único encontro. Cabe ao estagiário plantonista, oferecer o
acolhimento necessário e buscar, junto com cliente, compreender esse momento de aflição,
clarificando a demanda deste.
4. A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)
A ACP parte do pressuposto de que há em nós uma força capaz de nos levar ao crescimento,
definida por Rogers (1983) como “Tendência Atualizante”:
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Os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para autocompreensão e para modificação de
seus autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser
ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras. (p. 38).
Este conceito é um dos pilares desta abordagem, o qual implica em três atitudes essenciais ao
terapeuta. São elas Autenticidade, Consideração Positiva Incondicional e Compreensão Empática.
A Autenticidade se refere ao estado de acordo interno entre o que a pessoa vivencia, o que percebe e
o que expressa, se permitindo ser ela mesmo, íntegra, livre de máscaras que poderiam prejudicar o
clima de confiança necessário à relação terapêutica. Rogers (1957 in Wood, 1995) a define como:
O terapeuta deveria ser, nos limites desta relação, uma pessoa integrada, genuína e congruente. Isto
significa que, na relação, ele está sendo livre e profundamente ele mesmo, com sua experiência real
precisamente representada em sua conscientização de si mesmo. É o oposto de apresentar uma
“fachada”, quer ele tenha ou não conhecimento disto. (p. 163).
A Consideração Positiva Incondicional refere-se à atitude de levar em conta a pessoa como ela é, sem
julgamentos, aceitando seus sentimentos e a expressão destes de forma que o cliente vivencie esta
consideração.
Uma aceitação calorosa de cada aspecto da experiência do cliente como sendo uma parte daquele
cliente […] Implica numa forma de apreciar o cliente como uma pessoa individualizada, a quem se
permite ter os próprios sentimentos, suas próprias experiências. ( Rogers, op. Cit., p.165).
A Compreensão Empática se refere à capacidade do terapeuta em se colocar no lugar do cliente como
se fosse ele, sem nunca esquecer a qualidade do “como se” e mostrar ao cliente o entendimento do
significado de suas expressões e sua maneira de perceber o mundo. Rogers (op. Cit.) exemplifica
como “sentir a raiva do cliente, seu medo ou confusão, como se fossem seus e ainda assim sem sentir
a sua própria raiva, medo, ou confusão sendo envolvidas nisto.”. (p. 167)
[…] pode tanto comunicar sua compreensão daquilo que é claramente conhecido pelo cliente, como
também pode expressar significados da experiência do cliente, dos quais o cliente está apenas
vagamente consciente. (Rogers, op. Cit., p. 167)
Partindo do conceito de Tendência Atualizante, entende-se que, muitas vezes, a pessoa pode se
encontrar num momento tal, sendo difícil a plena expressão de seus recursos internos. A relação
terapêutica busca a criação de um clima facilitador, se valendo das três atitudes, para que o cliente
possa reconstruir a autonomia no desenvolvimento de suas potencialidades.
Rogers (1961) propôs uma teoria do processo de mudança, onde a pessoa parte de um estágio de
rigidez para um de fluidez. Considerando este processo num continuum, neste primeiro momento, a
pessoa apresenta-se no nível mais próximo da rigidez. À medida que o processo se desenvolve, é
possível que esta pessoa siga para o outro ponto do continuum, aproximando-se da fluidez.
Rosenberg (1977) demonstra que a ACP inspira “um envolvimento profundo do terapeuta com o
processo de busca e crescimento do cliente, um compromisso autêntico com os indivíduos enquanto
seres que buscam uma forma mais completa de serem eles mesmos.”. (p. 63). Com isto é possível
observar o valor da relação nesta abordagem.
Rogers (op. Cit.) acredita que somente através de uma relação pautada numa relação empática de
grande confiança, a pessoa pode, efetivamente, atingir o crescimento.
Minha hipótese é que nessa relação o indivíduo se organizará tanto no nível consciente quanto
naqueles mais profundos de sua personalidade de maneira a enfrentar sua vida de forma mais
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construtiva, mais inteligente, assim como mais socializada e satisfatória. (p. 41). Em suma,
refletindo sobre o que foi explicitado com relação a esta orientação teórica, podemos dizer que a
Abordagem Centrada na Pessoa não se trata apenas de conceitos a serem aprendidos, mas também
de atitudes que se incorporam. Isto exige do terapeuta que se identifica com esta abordagem, um
exercício constante do estar “centrado no cliente”, visto que, como nos mostra Buys (1996) “dizer-se
‘terapeuta centrado’ não implica agir-se terapeuticamente de maneira centrada, já que entre ‘dizer’ e
‘fazer’ existe relação de referência e não de determinação”. [1] Por tanto, segundo Buys, um terapeuta
só é, de fato “centrado”, no momento em que, na relação terapêutica, oferece as condições
necessárias e suficientes para a mobilização do crescimento do cliente.
5. Porque Plantão na Abordagem Centrada na Pessoa?
É comum, nos dias atuais, encontrarmos pessoas que se encontram em momentos de extrema
angústia ou conflito diante de situações adversas. Pensarmos em encaminhamentos diretos para
psicoterapia, sem considerar o momento e a singularidade de cada situação nos parece
demasiadamente simplório e pouco atento ao instante em que a pessoa se encontra. Já vimos a
perspectiva do Serviço de Plantão Psicológico como modalidade de atendimento que atenda a essa
demanda. Ao oferecer este serviço, acreditamos na necessidade de um olhar mais ao nível da
experiência da pessoa, focando não o problema em si que a trás ao consultório e sim sua vivência,
bem como sua visão diante deste problema e de suamaneira de lidar com a situação a qual se
encontra. Assim sendo, vislumbramos na Abordagem Centrada na Pessoa a orientação mais
convergente com essa proposta, pela forma como aborda a relação de ajuda, mantendo uma postura
não-diretiva, o que permite que o cliente se aproprie de seu potencial. Mahfoud (1999) aponta a
relevância da Abordagem na prática do Plantão:
A Abordagem Centrada na Pessoa, enfatizando as qualidades da relação (aceitação incondicional,
empatia e congruência) como fator mobilizador do crescimento (tendência atualizante) se confirma
como perfeito referencial para o “Plantão Psicológico”, modalidade de atendimento que vem abrir
também novas perspectivas de contribuição social para o psicólogo (p. 28).
Não é nossa intenção destacar a ACP como única orientação teórica com potencial para oferecer o
serviço de Plantão, no entanto, alguns pressupostos básicos das demais abordagens, encontram-se
um tanto quanto distantes da proposta do Plantão. Podemos citar como exemplo a abordagem
Comportamental, na qual o terapeuta assume uma postura mais diretiva. No que tange a orientação
psicanalítica, Belas (1998) já comentara sobre esta questão: “A meu ver, a psicanálise não oferece
subsídios objetivos para a atuação do plantonista nas situações de emergência até porque sua
preocupação primeira, e da qual sempre se orgulhou, foi a de ‘trabalhar profundamente’ as questões
de seus pacientes”. [2]
6. A formação do Psicólogo e os Serviços de Psicologia Aplicada (SPA)
No tocante à formação profissional, em particular do psicólogo, devemos sempre nos atentar ao
contexto histórico, pois toda a produção acadêmica está intimamente ligada às transformações e
aspirações da sociedade em dado momento. Desta forma, toda a gama de políticas públicas
educacionais é atravessada por esta circunstância, interferindo na maneira de se estabelecer as metas
e objetivos para a preparação do profissional. Um bom exemplo disto, como nos mostra Campos
(1996), seria o fato da Psicologia nas décadas de 60 e 70 estar muito distante da realidade de nosso
País, o que atendia aos interesses políticos vigentes, com isso recebendo o rótulo de uma profissão
elitizada.
Pfrom NeYo (1991 apud Noronha, 2003) aponta para os seguintes objetivos para a formação do
psicólogo no Brasil: a) atender às necessidades da preparação do profissional para a atuação; b)
proporcionar ao aluno um conjunto amplo e diversificado de conhecimentos, habilidades, atitudes e
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procedimentos, de modo que caracterize a psicologia como ciência e profissão; c) contribuir para o
progresso científico; e d) estimular o florescimento de um saber e de um fazer originais brasileiros.
Visando a regulamentação dos currículos oferecidos pelos cursos de graduação, oferecendo
“orientação sobre princípios, fundamentos, condições de oferecimento e procedimentos para o
planejamento, a implementação e a avaliação deste curso” [3] foram instituídas as Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia. Após inúmeras discussões e
propostas dos conselhos da profissão, a resolução CNE/CES 0062/2004 foi aprovada em 19 de
fevereiro de 2004. Estas Diretrizes propõem uma formação ampla do psicólogo, considerando a
multiplicidade de concepções teóricas e metodológicas, assim como os vários contextos possíveis
para sua atuação. Regulamentando “o núcleo comum da formação em psicologia, estabelece uma
base homogênea para a formação no país e uma capacitação básica para lidar com os conteúdos da
psicologia, enquanto campo de conhecimento e atuação” [4].
Assim sendo, cabe às universidades estruturar os cursos oferecidos de acordo com as Diretrizes,
oferecendo uma grade curricular generalista, onde o estudante tenha a possibilidade de entrar em
contato com as diversas áreas de atuação, bem como as diferentes orientações teóricas. Deve-se
buscar compreender a realidade social onde este futuro profissional estará inserido, destacando a
relevância de se desenvolver práticas interdisciplinares, buscando o diálogo com outras profissões na
construção de um saber que atenda a demanda da população e que esteja em consonância com o
novo conceito de saúde.[5] . Contudo vale ressaltar que as discussões em torno da análise dos
parâmetros curriculares não se esgotam, ou seja, não devem ser consideradas definitivas, pois à
medida que se desenvolvem novos saberes e as demandas populacionais apontam para novas
configurações, devemos retomar o debate sobre qual a melhor estruturação curricular para a
formação deste profissional, de maneira que este possa desenvolver um processo de
amadurecimento pessoal e significativo aprendizado acadêmico.
Para a devida articulação do conhecimento teórico com a atuação prática, é obrigatório que a
universidade ofereça o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), espaços onde diversos serviços de
psicologia como orientação vocacional, psicologia escolar e a psicoterapia, foco principal deste artigo,
são oferecidos à comunidade, realizado pelos estagiários que se encontram nos últimos períodos da
graduação com a supervisão de um profissional experiente.
No que se refere à formação do psicoterapeuta, especificamente o estágio supervisionado, o relatório
da Resolução CNE/CES 0062/2004 estabelece que este visa “assegurar o contato do formando com
situações, contextos e instituições, permitindo que conhecimentos, habilidades e atitudes se
concretizem em ações profissionais”.
Acreditamos que o Plantão Psicológico nos possibilita um alcance pleno dessas propostas, pois com a
necessidade de estar disponível semanalmente para receber os usuários do serviço, o plantonista tem
a oportunidade de entrar em contato com um número considerável de pessoas e as diferentes
realidades de cada uma. Entendemos que o estagiário que cumpre suas horas de estágio obrigatórias,
realizando apenas o atendimento psicoterápico, tem um contato com um número menor de pessoas,
podendo o desenvolvimento de suas habilidades, enquanto psicoterapeuta, estar sendo pouco
explorada.
Partindo deste princípio, procuramos levantar com mais detalhes, a partir de nossas próprias
experiências, as habilidades que o serviço de Plantão Psicológico oferece para a contribuição de uma
formação mais satisfatória de psicoterapeutas, destacando as demais variáveis envolvidas que
consideramos importantes na preparação deste novo profissional.
7. As habilidades propiciadas pelo Plantão
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A especificidade do tema ainda foi pouco explorada por outros estudiosos. Encontramos em Cury (in
Mahfoud, 1999) uma pesquisa sobre a vivência do Plantão pelos membros envolvidos neste trabalho.
A análise levantada na referida pesquisa se aproxima significativamente de nossa experiência e do
objetivo que nos propomos a desenvolver.
Em pesquisa apresentada no VI Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa, a partir da
análise das Versões de Sentido[6], Tassinari et. al. (2005) mostra seu interesse no preparo dos alunos
para o mercado de trabalho: “a idéia inspiradora foi procurar compreender o desenvolvimento do
plantonista a partir de suas próprias reflexões esboçadas imediatamente após cada consulta no
Plantão”. (p. 08).
As Versões de Sentido também serviram de instrumento para o trabalho desenvolvido por Alves
(1999) para analisar o amadurecimento dos psicoterapeutas/alunos do Curso de Psicologia da
Universidade de Mogi das Cruzes. Embora ela não aborde este amadurecimento a partir da
perspectiva do Plantão Psicológico, alguns aspectos importantes, do ponto de vista vivencial, para a
formação do psicoterapeuta, são levantados neste trabalho, mostrando como o estagiário percebe seu
crescimento enquanto psicoterapeuta, bem como a “separação” entre terapeuta e cliente.A esta
separação Alves (op. Cit.) chama de distanciamento, onde “o mal estar do cliente agora não é
percebido como ‘falha’ sua, não o deixa mais tão angustiado, embora o mobilize a continuar
disponível para o cliente.” (p. 07). Consideramos que esta percepção do crescimento por parte do
estagiário pode ser intensificada a partir do trabalho no Plantão Psicológico.
A partir de nossa experiência no Plantão, pudemos constatar que, ao dedicarmos um horário
específico toda semana para oferecer o pronto atendimento aos usuários que procuravam o nosso
SPA, percebemos que o número de atendimento que realizávamos era consideravelmente maior do
que o dos estagiários das demais equipes que seguiam somente com os atendimentos em
psicoterapia. A confirmação de nossa percepção veio com um levantamento feito pela coordenação
do SPA, onde ficou demonstrado que a média dos casos de psicoterapia por semestre, para cada
aluno, é de um a três para todas as equipes, incluindo a equipe de plantonistas, somando-se a estes a
média de oito casos de plantão por semestre para cada aluno.
Ao atender um número maior de pessoas, tivemos a oportunidade de entrar em contato com
múltiplas realidades, observando com maior grau os diferentes níveis sociais, bem como as
experiências singulares de cada sujeito. Cury (op. Cit.) analisando os resultados de sua pesquisa
demonstra o valor da diversidade:
Possibilita o acesso a uma diversidade de pessoas e problemas, levando a um contato direto com o
inesperado, criando impacto emocional, desenvolvendo uma escuta diferenciada e promovendo um
raciocínio clínico mais rápido e preciso. (p. 122-123)
Certamente esta possibilidade contribui de maneira significativa para nosso amadurecimento, tanto
acadêmico quanto pessoal. O que estamos querendo dizer é que através desse contato com diferentes
pessoas e realidades, pudemos ampliar nossas reflexões acerca de como cada sujeito tem seu modo
singular de vivenciar sua experiência e como esta é atravessada pelos fatores externos (sociais,
econômicos, culturais, etc.).
Ainda no que se refere à diversidade de casos, gostaríamos de destacar que, no Plantão existe o fato
de recebermos clientes de diferentes faixas etárias, desde crianças até a terceira idade e, em função do
Plantão ser caracterizado pelo inesperado, é possível que se realize atendimento com casais ou
famílias que, de certa forma, só se realizaria numa equipe específica para estes tipos de casos.
Uma das características peculiares ao Plantão é que muitos atendimentos são previamente marcados
e, devido à dificuldade que algumas pessoas enfrentam em buscar o atendimento psicoterápico, o
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plantonista vivencia a experiência de aguardar um cliente que acaba não comparecendo ao encontro.
Acreditamos que esta experiência permita ao estagiário ir, aos poucos, trabalhando sua tolerância à
frustração, a ansiedade gerada pela espera e a internalização do estar disponível para o cliente, que
são vitais para que este se torne um profissional mais seguro e habilidoso.
Até aqui enfatizamos o aspecto vivencial das potencialidades do estagiário, que podem ser
exploradas por este enquanto plantonista, entretanto existem alguns fatores de ordem mais técnica
que podem ser desenvolvidos ao longo do período de estágio e que encontram no serviço de Plantão,
mais uma oportunidade de ampliar este aprendizado. Cada Plantão gera, no mínimo, um relatório
de atendimento. Isto significa que o estagiário passa a confeccionar relatórios com maior freqüência,
o que representa um bom exercício prático dos informes sobre cada cliente e incrementar seu
conhecimento teórico para produzir o relatório. No cotidiano profissional do psicólogo, faz parte de
suas atribuições desenvolver laudos e pareceres de seus atendimentos, assim sendo, consideramos
importante que o estagiário esteja bem preparado para confeccionar este tipo de documento.
Uma outra questão relevante que gostaríamos de retratar, refere-se à cobrança das sessões. Não raro
ouvimos relatos de estagiários e até de alguns profissionais sobre a dificuldade de se fazer a devida
cobrança do atendimento. Esta se faz necessária não só pela devida remuneração do trabalho
desenvolvido pelo profissional, bem como para o estabelecimento do compromisso entre cliente e
psicoterapeuta. Cada consulta de Plantão tem seu valor pré-estabelecido e, geralmente, informado ao
cliente, porém, cabe ao estagiário estar reforçando o informe desta cobrança, conduzindo o cliente até
o local determinado para efetuar o pagamento. Somando-se ao que foi apresentado no início desta
sessão, sobre o número de atendimentos realizados no serviço de Plantão, compreende-se que o
estagiário plantonista vai, de maneira gradual, trabalhando essa dificuldade em relação à cobrança
do atendimento.
Há ainda um outro aspecto relevante a ser considerado no Serviço de Plantão Psicológico, enquanto
estagiário. Trata-se do aspecto cognitivo relativo à assimilação da teoria. Observamos em alguns
casos, a partir da escuta oferecida pelo estagiário, como o cliente vai desenvolvendo uma
autocompreensão acerca de sua problemática, ressignificando seus conceitos, possibilitando um
contato mais próximo com suas vivências. Metaforicamente falando, podemos dizer que o cliente, em
“companhia” do estagiário, consegue “sair do canto escuro em que se encontra, caminhando em
direção à claridade.” O estagiário que vivencia esta experiência tem a oportunidade de compreender
melhor o principal conceito da Abordagem Centrada na Pessoa que é a Tendência Atualizante.
Como foi explicitado na seção 4, para que o cliente caminhe em direção ao crescimento, cabe ao
estagiário oferecer o clima facilitador, o que implica apropriar-se das três atitudes essenciais ao
terapeuta. A compreensão de maneira cognitiva dos conceitos de Autenticidade, Consideração
Positiva Incondicional e Compreensão Empática, a partir das leituras e das orientações em
supervisão, é bem assimilada pelos estagiários, contudo, sua aplicação prática nos atendimentos ou
mesmo num exemplo de intervenção solicitado pela supervisão, mostra aos estagiários a grande
dificuldade e maior exigência desta abordagem, que evidencia uma relação intensa entre cliente e
terapeuta, o que implica não somente uma compreensão cognitiva dos conceitos, mas também, e,
como o próprio nome diz, a assunção dessas atitudes na relação com o cliente. Devido a isso, Rogers
destaca que não é somente na relação terapêutica que estas atitudes devem estar presentes e sim que
sejam características inerentes à pessoa do terapeuta.
À medida que o estagiário assimila cognitivamente e passa a assumir uma postura em consonância
com esses conceitos, é comum desenvolva uma auto-supervisão e, de maneira gradual, consegue
pontuar suas dificuldades e reconhecer onde poderia agir de forma diferente.
Outro ponto importante, no que se refere à assimilação cognitiva dos conceitos, reside no fato de que
é possível, neste atendimento único de Plantão, a observância do processo de mudança do cliente,
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que muitas vezes chega explicitando sua urgência com certa rigidez, distante de sua experiência
imediata, e, ao longo do atendimento, com o clima facilitador oferecido pelo estagiário, já apresenta
uma fluidez e melhor compreensão de si e de sua situação.
Em resumo, partindo das reflexões suscitadas acerca das contribuições do serviço de Plantão,
entendemos que o estagiário, se valendo também das orientações nas supervisões, consegue a cada
consulta, obter um amadurecimento acadêmico, maior domínio dos pressupostos teóricos da
Abordagem Centrada na Pessoa, promovendo inclusive seu crescimento pessoal, sentindo-se mais
seguro e preparado, apurando melhor sua escutaclínica e ainda “promove um senso de
responsabilidade ampliado, ao retirar o aluno de uma situação de aprendizagem mais protegida.”
(Cury, op. Cit.). Podemos reputar também o fato de que aproxima o estagiário da realidade social
onde está inserido, dando maior amplitude às reflexões em torno do papel profissional a ser
desempenhado pelo psicólogo atual.
8. Considerações finais
Atualmente é possível observar a dificuldade que as pessoas enfrentam para encontrar tempo para
um processo mais longo de psicoterapia. Vivemos em uma sociedade cada vez mais sufocante e
conturbada, onde os valores que outrora faziam parte do nosso cotidiano, hoje se encontram
dissolvidos na vida moderna. Isso leva as pessoas a se ouvirem cada vez menos aumentando o
individualismo e muitas vezes o sentimento de solidão. Parece-nos bastante animador pensarmos em
uma proposta de atendimento que se aproxima dessa realidade atual. O Serviço de Plantão
Psicológico surge como modalidade de atendimento que oferece essa escuta momentânea e que pode
representar um forte ponto de referência para a melhora da qualidade de vida e bem-estar dessas
pessoas.
Com a ampliação dessa nova perspectiva de atendimento, os estudantes de psicologia mais
identificados com a área clínica, têm, no desenvolvimento de seu estágio supervisionado acadêmico
grande contribuição para atender às demandas exigidas no aprendizado para a formação do novo
psicoterapeuta.
É comum que, ao iniciar o estágio supervisionado, um forte sentimento de insegurança e até certo
temor sejam vivenciados pelo estagiário. Reunindo todos os fatores discutidos aqui, concluímos que
a partir da experiência no Serviço de Plantão Psicológico, o estagiário possa alcançar um bom nível
de maturidade acadêmica e pessoal. Percebem-se um aumento crescente da segurança e da
apropriação dos conceitos teóricos da Abordagem Centrada na Pessoa, sobretudo na incorporação
das atitudes essenciais ao terapeuta, necessários para a criação de um clima facilitador de
crescimento.
Quando levantamos o interesse pelo tema deste artigo, ainda não havíamos tido contato com
trabalhos semelhantes e nos surpreendemos ao longo da pesquisa, ao encontrarmos idéias e
sentimentos convergentes com nossas observações e impressões nas fontes pesquisadas. Não nos
referimos apenas à fatos e pesquisas, mas à vivências e sentimentos que constatamos serem
peculiares a todos que se propõem a dedicar-se a esta proposta de atendimento.
Durante o longo período acadêmico, acompanhando todas as disciplinas exigidas no curso de
psicologia, vivenciamos todo o sentimento gerado pela expectativa do início dos atendimentos no
estágio. Havia um misto de medo e insegurança com a alegria e satisfação devido à iminência da
conclusão do ensino superior. Sentimos todas as alterações fisiológicas, como taquicardia e sudorese
quando pensávamos que em poucos instantes estaríamos diante de pessoas que dividiriam conosco
questões relativas às suas vidas pessoais, ansiosos por respostas de como “salvar suas vidas”, ou seja,
de como oferecer subsídios para que consigam lidar com suas questões, já que na nossa sociedade
esta ainda é a visão do profissional “psi”, que gera fantasias e deposita em nós a imagem do
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profissional fantástico, sabedor de todas as coisas.
É com esta imagem criada pelo imaginário social, que entramos no estágio supervisionado e que, de
certa forma, pode explicar um pouco todo o sentimento vivenciado pelo psicoterapeuta iniciante. A
experiência vivida no Serviço de Plantão Psicológico, conforme mostrada ao longo deste trabalho,
nos mostrou como os sentimentos de insegurança, temor e aflição podem ser amenizados quando se
desenvolve um trabalho onde o contato com as pessoas se dá de maneira gradual, num encontro
único, permitindo focarmos naquele momento, sem preocupações a longo prazo, enriquecendo a
relação terapêutica e nos mostrando, a cada atendimento de plantão, nossa evolução enquanto
psicoterapeutas e o amadurecimento prático-teórico e pessoal.
Falamos da Abordagem Centrada na Pessoa como uma orientação teórica que implica uma postura
nas relações pessoais, diferente das que costumamos ver no nosso dia-a-dia. Uma postura que nos
direcione a ter um contato verdadeiro e intenso com o outro, refazendo nossa maneira de ver o
homem e a humanidade, daí a importância de se buscar nas atitudes preconizadas por Rogers, essa
postura em todas as nossas relações. Postura essa que vai se desenhando a cada atendimento de
Plantão, oferecendo ao estagiário a devida preparação para se tornar um bom psicoterapeuta.
A possibilidade de um aprofundamento acerca da temática nos deixa muito entusiasmados e com
um desejo cada vez maior de nos dedicarmos as questões relativas ao Plantão Psicológico e seus
diferentes modos de observação, tendo em vista que o Plantão conforme mostrado neste trabalho,
representa um recorte diante das possibilidades deste serviço.
Enfatizamos aqui sua aplicabilidade no contexto acadêmico, mais precisamente nas clínicas-escola de
psicologia como instrumento de capacitação para uma formação mais consistente de psicoterapeutas.
A implementação do serviço em outros contextos como instituições que atendem mulheres em
situação de violência doméstica, delegacias, hospitais gerais, entre outros, também tem sido bastante
difundida.
Propomos a reflexão a respeito de algumas questões: Como pensar o Plantão Psicológico hoje? Como
este serviço pode ser articulado com outras formas de promoção de saúde, em comprometimento
com um trabalho interdisciplinar? Para responder a essas questões teremos que nos debruçar de
maneira mais sistematizada acerca das potencialidades que o Serviço de Plantão Psicológico pode
oferecer. O fato é que existe uma variada gama de modalidades de Plantão oferecida em várias partes
do país, mas, ainda assim, não se esgotam as possibilidades de novas perspectivas para esta
modalidade de atendimento.
Acreditamos na necessidade de se desenvolver pesquisas que corroborem de maneira quantitativa o
tema apresentado aqui, visto que, procuramos ampliar esta discussão, de maneira empírica,
refletindo a partir de nossas vivências e dos trabalhos realizados até então.
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<hYp://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces062_04.pdf&gt (hYp://portal.mec.gov.br
/cne/arquivos/pdf/pces062_04.pdf&gt);. Acesso em 09 de maio de 2007.
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[1] Disponível em hYp://www.cpp-online.com.br/brasil/artigos/rogerio/terapeuta.htm
(hYp://www.cpp-online.com.br/brasil/artigos/rogerio/terapeuta.htm)
[2] Disponível em hYp://www.jlbelas.psc.br/texto13.htm (hYp://www.jlbelas.psc.br/texto13.htm)
[3] Artigo 2º, Parecer CNE/CES 0062/2004.
[4] Artigo 7º, Idem.
[5] “Estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de
uma doença ou enfermidade.” (Organização Mundial de Saúde).
[6] Versão de Sentido: “É uma versão que procura captar a experiência imediata após cada evento
(consulta, entrevista, sessão, supervisão, aula, etc.). Significa então escrever livremente como você
está imediatamente após o evento, qual o sentido que este evento teve para você.” (Tassinari, 2005)
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