Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ARBOVIROSES Profa. Ana Virgínia Matos anavmsbarreto@gmail.com INTRODUÇÃO • Arboviroses são as doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. • A classificação "arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos). • Existem 545 espécies de arbovírus, sendo que 150 delas causam doenças em seres humanos. • Apesar de a classificação arbovirose ser utilizada para classificar diversos tipos de vírus, como o mayaro, meningite e as encefalites virais, hoje a expressão tem sido mais usada para designar as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como o Zika vírus, febre Chikungunya, dengue e febre amarela. • Os vírus dengue (DENV) e o Zika (ZIKV) são vírus de RNA do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae. • Com relação ao DENV, até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. • O vírus chikungunya (CHIKV) pertence ao gênero Alphavirus, da família Togaviridae. • Os três arbovirus podem ser transmitidos ao homem por via vetorial, vertical e transfusional. • A principal forma é a vetorial, que ocorre pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo humano– vetor–humano. • Em relação ao Zika, a transmissão vertical pode ocorrer em diferentes idades gestacionais e resultar em amplo espectro de malformações no feto, incluindo aborto. • Além dessas três formas de transmissão, estudos apontam que o ZIKV pode ser transmitido por via sexual de uma pessoa infectada (sintomática ou não) para seus parceiros, durante meses após a infecção inicial. AGENTES ETIOLÓGICOS MODO DE TRANSMISSÃO • São mosquitos da família Culicidae, pertencentes ao gênero Aedes. • A espécie Aedes aegypti é a única comprovadamente responsável pela transmissão dessas arboviroses no Brasil. • No Brasil, encontra-se disseminada em todas as UFs, amplamente dispersa em áreas urbanas. VETORES ASPECTOS GERAIS DENGUE Febril aguda Sistêmica Dinâmica Pode apresentar um amplo espectro clínico, variando de casos assintomáticos a graves. No curso da doença – em geral debilitante e autolimitada –, a maioria dos pacientes apresenta evolução clínica benigna e se recupera. No entanto, uma parte pode evoluir para formas graves, inclusive óbitos. As infecções clinicamente aparentes estão presente em aproximadamente 25% dos casos. FASES CLÍNICAS DA DENGUE FASES CLÍNICAS DA DENGUE Os sinais de alarme são caracterizados principalmente por: • Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; • Vômitos persistentes; • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); • Hipotensão postural e/ou lipotímia; • Letargia e/ou irritabilidade; • Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal; • Sangramento de mucosa; • Aumento progressivo do hematócrito. FASES CLÍNICAS DA DENGUE FASES CLÍNICAS DA DENGUE ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE ATENÇÃO! O manejo adequado dos pacientes depende do reconhecimento precoce dos sinais de gravidade, do acompanhamento, do reestadiamento dos casos (dinâmico e contínuo) e da pronta reposição volêmica, quando necessária. Com isso, torna-se de fundamental importância a revisão e atualização da história clínica, acompanhada de exame físico completo a cada reavaliação do paciente, com o devido registro em instrumentos pertinentes (prontuários, ficha de atendimento, ficha de evolução clínica, cartão de acompanhamento etc.) ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE CHIKUNGUNYA Em geral, o exantema é macular ou maculopapular, acomete cerca de metade dos doentes e, em geral, surge do 2º ao 5º dia após o início da febre. Afeta principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas das mãos e plantas dos pés), podendo atingir a face. CHIKUNGUNYA CHIKUNGUNYA ZIKA Síndrome Congênita relacionada à infecção pelo vírus ZiKA No Brasil, desde outubro de 2015, a microcefalia tem sido relatada em grande número de RNs e em ultrassonografias obstétricas, sendo atribuída à infecção pelo vírus Zika na gestação (BRASIL, 2016). TRATAMENTO Até o momento, não há tratamento antiviral específico para dengue, chikungunya ou zika. A terapia utilizada é analgesia e suporte. É necessário estimular a hidratação oral dos pacientes. EPIDEMIOLOGIA • As arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti têm se constituído em um dos principais problemas de saúde pública no mundo. • A dengue é a arbovirose urbana de maior relevância nas Américas. • No período entre 2002 e 2014, a doença no país apresentou aspectos epidemiológicos importantes, destacando-se: o aumento do número de casos e de hospitalizações, incluindo crianças; a circulação simultânea dos quatro sorotipos; epidemias de grande magnitude; a intensificação do processo de interiorização da transmissão, com registro de casos em municípios de diferentes portes populacionais; e o aumento no número de óbitos. • No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos laboratoriais, a autoctonia do chikungunya nos estados do Amapá e da Bahia, passando a conviver com uma segunda doença causada pelo Aedes aegypti. Atualmente, todas as Unidades da Federação (UFs) registram transmissão autóctone desse arbovírus. • No primeiro semestre de 2015, foi identificado pela primeira vez no continente americano, em alguns estados da região Nordeste do Brasil, outro vírus transmitido pelo Aedes aegypti: o vírus Zika (ZIKV). • O cenário epidemiológico do Brasil, caracterizado pela circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus dengue e dos vírus chikungunya e Zika, constitui-se em um grande desafio tanto para a assistência quanto para a vigilância, em suas ações de identificação de casos suspeitos, no diagnóstico precoce e no desencadeamento das ações de prevenção e controle. Até o momento, foram confirmados 43 óbitos por dengue, sendo 40 por critério laboratorial e 3 por critério clínico epidemiológico. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram: São Paulo (11), Goiás (10) e Bahia (7). Permanecem em investigação outros 85 óbitos NOTIFICAÇÃO Conforme dispõe a Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017, dengue, chikungunya e Zika são doenças de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser obrigatoriamente notificado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Os óbitos suspeitos pelas arboviroses dengue, chikungunya e Zika são de notificação compulsória imediata para todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ser realizada em até 24 horas a partir do seu conhecimento, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. Posteriormente, os dados devem ser inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A vigilância epidemiológica deverá informar imediatamente o caso à equipe de controle vetorial local e ao gestor municipal de saúde, para a adoção das medidas necessárias ao combate ao mosquito vetor e outras ações. Até que se tenha um sistema de informação que permita uma única entrada de dados para as três arboviroses, cada uma de suas fichas deve ser digitada conforme a suspeita inicial. Se descartado para determinada suspeita e confirmada para outra doença, o caso deve ser encerrado no Sinan como descartado, e outra notificação deve ser inserida para o agravo confirmado. Os casos de dengue, chikungunya e Zika devem ser encerrados oportunamente em até 60 dias após a data da notificação. Recomenda-se que os óbitos suspeitos ou confirmados por esses arbovírus sejam investigados exaustivamente pela vigilância epidemiológica e revisados por um comitê de investigação de óbitos interdisciplinar, a fim de se classificar adequadamente o caso e identificar possíveis causas para seu desfecho. O Ministério da Saúdeorienta que comitês sejam formados e implantados em todas as UFs e, a depender dos cenários epidemiológicos e capacidade operacional, nos municípios. ASPECTOS GERAIS • O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, protótipo da família Flaviviridae. AGENTE ETIOLÓGICO MODO DE TRANSMISSÃO • Varia de 3 a 6 dias, e, em situações esporádicas, considera-se que pode se estender até 15 dias. • A suscetibilidade é universal e a infecção confere imunidade duradoura, podendo se estender por toda a vida. Os filhos de mães imunes podem apresentar imunidade passiva e transitória durante os 6 primeiros meses de vida. PERÍODO DE INCUBAÇÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda Nas formas leves e moderadas os sintomas duram cerca de dois a quatro dias e são aliviados com o uso de sintomáticos, antitérmicos e analgésicos, e ocorrem em cerca de 20% a 30% dos casos. As formas graves e malignas acometem entre 15% a 60% das pessoas com sintomas que são notificadas durante epidemias, com evolução para óbito entre 20% e 50% dos casos. A letalidade varia de 5 a 10% nos casos oligossintomáticos, podendo chegar a 50% nos casos graves (aqueles que evoluem com icterícia e hemorragias). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Período de infecção – dura cerca de 3 dias; tem início súbito e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos. Período de remissão – ocorre declínio da temperatura e diminuição da intensidade dos sintomas, provocando uma sensação de melhora no paciente. Dura de poucas horas até, no máximo, 2 dias. Período toxêmico – reaparece a febre, a diarreia e os vômitos têm aspecto de borra de café. Instala-se quadro de insuficiência hepatorrenal caracterizado por icterícia, oligúria, anúria e albuminúria, acompanhado de manifestações hemorrágicas: gengivorragias, epistaxe, otorragia, hematêmese, melena, hematúria, sangramentos em locais de punção venosa e prostração intensa, além de comprometimento do sensório, com obnubilação mental e torpor, havendo evolução para coma e morte. O pulso torna- se mais lento, apesar da temperatura elevada. Essa dissociação pulsotemperatura é conhecida como sinal de Faget. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ASSISTÊNCIA AO PACIENTE Abordagem Inicial • Para identificar sinais de gravidade, questionar especificamente sobre a presença de hemorragias, características da diurese (volume e cor), presença e frequência de vômitos.; • História pregressa, incluindo histórico vacinal para febre amarela e dados epidemiológicos que possam indicar a necessidade de investigar diagnósticos diferenciais; • Aferição de pressão arterial (PA), frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura e peso. Avaliação de Estado Geral • Exame físico completo com especial atenção para presença de pele e olhos amarelados, grau de hidratação, perfusão periférica, características da pulsação, sinais de hemorragias, avaliação do nível de consciência; • Realização de exames laboratoriais inespecíficos: hemograma, transaminases (TGO e TGP), bilirrubinas, ureia e creatinina, provas de coagulação, proteína urinária; • Coleta de amostras para exames específicos e envio para laboratórios de referência; • Notificação do caso: COMPULSÓRIA E IMEDIATA. A alta hospitalar do paciente suspeito de febre amarela pode ser efetivada de acordo com a avaliação clínica geral da equipe de saúde, com recomendações de que esteja há três dias sem febre, independente do tempo de doença, com índices decrescentes das transaminases e estabilização das plaquetas. Porém, é de suma importância orientar que o cidadão retorne imediatamente a unidade de saúde caso os sintomas voltem. ASSISTÊNCIA AO PACIENTE A hospitalização em enfermaria é recomendada para casos moderados e graves em que o paciente apresentar as seguintes condições: – Paciente em regular ou mau estado geral, desidratação moderada ou intensa e vômitos, sem hemorragias ativas, com nível de consciência normal. – Exames laboratoriais com alterações discretas ou moderadas no hemograma (leucopenia, plaquetopenia, hemoconcentração <20% do valor de referência), transaminases menores dez vezes o limite superior da normalidade e bilirrubina menor que cinco vezes o limite superior da normalidade, proteinúria + ou ++, provas de coagulação normais. Na enfermaria deve-se prescrever sintomáticos para febre e dor, hidratação oral ou parenteral e iniciar controle de diurese usando recipientes adequados, graduados e de boca larga, calculando o volume a cada hora (diurese >1 mL/Kg/hora é adequada). Não é necessário sondagem vesical, que deve ser evitada especialmente em pacientes com manifestações hemorrágicas. A avaliação dos parâmetros clínicos e de proteinúria deve ser repetida frequentemente (pelo menos a cada 4 horas) e os exames laboratoriais diariamente. A hospitalização em unidade de terapia intensiva está indicada para pacientes que apresentarem qualquer alteração clínica ou laboratorial de formas graves e malignas a qualquer momento desde a avaliação inicial. DIAGNÓSTICO TRATAMENTO É apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente, que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em unidade de terapia intensiva (UTI), com intuito de reduzir as complicações e o risco de óbito. EPIDEMIOLOGIA • Atualmente, a febre amarela silvestre (FA) é uma doença endêmica no Brasil (i.e., região amazônica). • Na região extra-amazônica, períodos epidêmicos são registrados ocasionalmente, caracterizando a reemergência do vírus no País. • O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio, e com surtos que ocorrem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão (elevadas temperatura e pluviosidade; alta densidade de vetores e hospedeiros primários; presença de indivíduos suscetíveis; baixas coberturas vacinais; eventualmente, novas linhagens do vírus), podendo se dispersar para além dos limites da área endêmica e atingir estados das regiões Centro. A doença é de notificação compulsória e imediata, portanto, todo caso suspeito deve ser prontamente comunicado por telefone, fax ou e-mail às autoridades, por se tratar de doença grave com risco de dispersão para outras áreas do território nacional e internacional. A notificação deve ser registrada por meio do preenchimento da Ficha de Investigação da Febre Amarela, e inserida no Sinan. Os indivíduos eram do sexo masculino, na faixa etária entre 20 e 29 anos, e não vacinados ou com histórico vacinal ignorado. Todos tiveram registro de exposição em áreas silvestres e/ou de mata, devido a atividades laborais e/ou de lazer, e evoluíram para o óbito. ATUALIZAÇÃO: Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da OMS. • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_manual_e nfermagem.pdf • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_amarela_gui a_profissionais_saude.pdf • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_sau de_3ed.pdf REFERÊNCIAS
Compartilhar