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Conceito: Só existirá um consumidor se também existir um fornecedor, bem como um produto ou serviço. • Elementos subjetivos: consumidor e fornecedor. • Elementos objetivos: produto e serviço. Conceito: é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. • Equiparam-se a consumidor: ✓ Aa coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; ✓ Todos aqueles que são atingidos pela veiculação de uma propaganda, mesmo que não tenham efetuado a compra do determinado produto, e mesmo sendo eles, conforme o enunciado, indetermináveis. Isso porque a propaganda integra o negócio jurídico. ✓ Também serão consumidores equiparados aqueles que são afetados em uma relação de consumo estabelecida, mesmo que estes não sejam os contratantes em si; Exemplo: Uma família que reside conjuntamente é igualmente afetada pelos fatores da contratação do fornecimento de energia elétrica, sendo irrelevante que o contrato esteja em nome de apenas um dos membros dessa família. ✓ Pessoas Jurídicas poderão também ser consideradas consumidoras. • Para ser consumidor tem que ser destinatário final fático e econômico; • Fático: aquele que ao realizar o ato de consumo (adquirir ou utilizar) retira o produto ou serviço do mercado de consumo, usufruindo de modo definitivo sua utilidade. • Econômico: indica que o bem ou serviço adquirido não será utilizado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do adquirente. A jurisprudência do STJ reconheceu a possibilidade de ser considerado consumidor aquele que é somente destinatário final fático, desde que comprovada sua vulnerabilidade. Conceito: é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. • Não caracterizam relação de consumo as relações jurídicas estabelecidas entre não profissionais, casual e eventualmente. Segundo o STJ ainda que a pessoa jurídica não tenha finalidade lucrativa, se os produtos e serviços são fornecidos mediante remuneração, será esta considerada fornecedora. Rol amplo de pessoas que podem ser consideradas fornecedores: ✓ Pessoa física; ✓ Pessoa Jurídica de Direito Público e Privado; ✓ Pessoa nacional ou estrangeira; e ✓ Entes Despersonalizados. Elementos que identificam a atividade de fornecimento: ✓ Habitualidade; ✓ Atuação Profissional; e ✓ Finalidade Econômica. Conceito: Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. • No que diz respeito aos produtos imateriais não raro estão eles atrelados a serviços. Não se vende um produto, seja ele material ou imaterial, sem serviço. Exemplo: pacote turístico, mútuo bancário, aplicação financeira, planos de capitalização com sorteio de prêmios, energia elétrica, gás, pacotes de telefonia etc. Conceito: é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Invoca-se o caso do estacionamento gratuito em lojas, shoppings centers, supermercados e afins, respondendo a empresa que é beneficiada pelo serviço, que serve como atrativo aos consumidores. • São afastados da incidência do CDC os serviços puramente gratuitos, que seriam aqueles prestados no exclusivo interesse do beneficiário, sem nenhuma vantagem financeira para o executor. • Serviços públicos remunerados por meio de tarifa: relação de consumo; • Serviços públicos remunerados por meio de tributo (impostos, taxas ou contribuições de melhoria): relação de direito público. Conceito: são regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. • Funcionam como estrutura jurídica de todo o sistema, colunas de sustentação e vigas mestras. • Transparência: preconiza que as relações de consumo devem primar pela transparência, o que impõe às partes o dever de lealdade recíproca antes, durante e depois da negociação. Significa informação clara e correta sobre o produto a ser vendido, sobre o contrato a ser firmado. • Confiança: é a credibilidade que o consumidor deposita no produto ou no vínculo contratual como instrumento adequado para alcançar os fins que razoavelmente deles se espera. • Equilíbrio: é nula de pleno direito a cláusula contratual que impõe ao consumidor desvantagem exagerada, de modo a comprometer o justo cumprimento de obrigações entre as partes. • Vulnerabilidade: é o conceito que fundamenta todo o sistema consumerista, o qual busca proteger a parte mais frágil da relação de consumo, a fim de promover o equilíbrio contratual. A vulnerabilidade da pessoa física consumidora é presumida (absoluta), não aceitando declinação ou prova em contrário, em hipótese alguma, mas a da pessoa jurídica deve ser aferida no caso concreto. A vulnerabilidade é um traço universal de todos os consumidores, ricos ou pobres, educados ou ignorantes, crédulos ou espertos. ✓ Vulnerabilidade fática: decorre da discrepância entre a maior capacidade econômica e social dos agentes econômicos. ✓ Vulnerabilidade técnica: decorre do fato de não possuir o consumidor conhecimentos específicos sobre o processo produtivo, bem assim dos atributos específicos de determinados produtos ou serviços pela falta ou inexatidão das informações que lhe são prestadas. ✓ Vulnerabilidade jurídica/científica: resulta da falta de informação do consumidor a respeito dos seus direitos, inclusive no que respeita a quem recorrer ou reclamar. • Boa-fé objetiva: as partes possuem o dever de agir com base em valores éticos e morais da sociedade. É aferida com base na conduta do indivíduo e não na sua intenção, não importando se a parte queria agir de forma desleal ou desonesta. ✓ Função criadora (dever de informar): não se exige simplesmente o cumprimento formal do oferecimento de informações, senão o dever substancial de que estas sejam efetivamente compreendidas pelo consumidor. ✓ Função criadora (dever de cooperar): se refere à concepção de que, se o contrato é feito para ser cumprido, aos contratantes cabe colaborar para o correto adimplemento da sua prestação principal, em toda a sua extensão. ✓ Função criadora (dever de cuidado): consagra os direitos do consumidor a saúde e segurança. ✓ Função interpretativa: a melhor linha de interpretação de um contrato ou de uma relação de consumo dever ser a do princípio da boa-fé, o qual permite uma visão total e real do contrato sob exame. ✓ Função limitadora: reduz a liberdade de atuação dos parceiros contratuais ao definir algumas condutas e cláusulas como abusivas, seja controlando a transferência dos riscos profissionais e libertando o devedor em face da não razoabilidade de outra conduta. I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; ✓ Tem os consumidores e terceiros não envolvidos em dada relação de consumo, incontestável direito de não serem expostos a perigos que atinjam sua incolumidade física, perigos tais representados por práticas condenáveis no fornecimento de produtos e serviços. II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; ✓ Dentre os diversos produtos e/ou serviços colocados no mercado a sua disposição, escolher, em manifestação de vontade formal e materialmente livre, esclarecida e, portanto, consciente, aquele que melhor se ajuste às suas necessidades. III - a informação adequada e clara sobre os diferentesprodutos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; ✓ É necessário que esta informação seja transmitida de modo adequado, eficiente, ou seja, de modo que seja percebida ou pelo menos perceptível ao consumidor. IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; ✓ As práticas abusivas englobam toda atuação do fornecedor em desconformidade com padrões de conduta reclamados, ou que estejam em desacordo com a boa fé e a confiança dos consumidores. V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; ✓ A modificação decorre da existência de cláusulas abusivas desde o momento da celebração do contrato. VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; ✓ Tais deveres são determinados basicamente aos fornecedores e ao Estado. ✓ Devem ser reparados todos os danos causados, sejam os prejuízos diretamente causados pelo fato, assim como aqueles que sejam sua consequência direta. VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; ✓ Garante aos consumidores o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, tanto para a prevenção quanto para a obtenção de reparação de danos. VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil (aquilo que é crível ou aceitável em face de uma realidade fática) a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral; ✓ O serviço, além de adequado aos fins que se destina, deve ser realmente eficiente, deve cumprir tal finalidade de maneira concreta e funcionar. XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas; XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito; XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso. Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. ✓ O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. ✓ O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado; ✓ O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (a culpa concorrente poderá importar na somente na redução do valor da indenização). Responsabilidade objetiva e solidária: • A simples existência de atividade econômica no mercado, exercida pelo fornecedor, já o carrega com a obrigação de reparar o dano causado por essa mesma atividade. Requisitos: • Conduta: a conduta que se reclama do fornecedor é sua participação na colocação do produto ou serviço no mercado, em qualquer das fases em que tenha se desenvolvido. • Defeito: é uma falha do atendimento do dever de segurança (é violado quando o consumidor é surpreendido por risco anormal e imprevisível) imputados aos fornecedores. ✓ Exceto os riscos considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição obrigando se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. • Nexo de causalidade: não exige da vítima a prova do defeito do produto ou serviço, apenas a prova do acidente de consumo, isto é, que houve um acidente e que este teve por causa um defeito do produto ou do serviço (prova de primeira aparência). ✓ Dano: moral, material, estético e desvio produtivo. ✓ Responsáveis: o fabricante, o produtor, o construtor e o importador. O comerciante foi excluído em via principal porque ele, nas relações de consumo em massa, não tem nenhum controle sobre a segurança e qualidade das mercadorias. Responsabilidade do comerciante: Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. • Defeito: quebra da expectativa quanto a segurança, é vício grave que compromete a segurança do produto ou do serviço e causa danos ao consumidor, como o automóvel que colide com outro por falta de freio e fere os ocupantes de ambos os veículos; • Vício: quebra da expectativa quanto a qualidade, quantidade e valor, é menos grave, relacionado ao produto ou serviço, que apenas causa o seu mau funcionamento, como a televisão que não funciona ou que não produz boa imagem, a geladeira que não gela etc. ✓ Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício; Responsáveis: ✓ Todos os fornecedores, inclusive comerciantes; ✓ Responsabilidade solidária. Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. ✓ Verificada a existência do vício, terá o consumidor o direito de pedir que o mesmo seja sanado. ✓ Em regra, a troca do produto, o abatimento do preço e a devolução da quantia paga somente poderão ser requeridas, se o vício não for sanado no prazo legal. Prazo para sanar o vício: ✓ O Fornecedor tem o prazo de até trinta dias para sanar o vício; ✓ O prazo ser renova se após o conserto o vício retornar. ✓ As partes podem convencionar a redução ou ampliação do prazo. Vício não sanado - opções do consumidor: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Mesmo que o vício seja sanado, poderá ainda o consumidorpleitear perdas e danos. • Vício de quantidade: se dá toda vez que ocorra diferença a menor qualquer tipo de medida porção efetivamente adquirida e paga pelo consumidor. Opções do consumidor (deve observar a razoabilidade, não sendo absoluto): I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. ✓ Responsabilidade exclusiva do comerciante: o fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. • Vício do serviço: O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. ✓ A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor; ✓ São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Responsáveis: ✓ Regra: todos os fornecedores envolvidos na cadeia de fornecimento respondem solidariamente; ✓ Serviços compostos pela prestação e serviços e utilização de produtos: os dois respondem de forma solidária. Opções do consumidor: ✓ I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; (somente terá lugar se a reexecução for útil ao consumidor, e for objetivamente possível) ✓ II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ✓ III - o abatimento proporcional do preço. Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. • Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. • Decadência: deve ser entendida como a extinção de direitos subjetivos, que deixaram de ser constituídos pela inércia dos respectivos titulares, em determinado período de tempo. • Vícios aparentes: é a constatação da existência do vício pelo singelo uso e consumo do produto e serviço. • Vícios ocultos: é aquele que não pode ser percebido desde logo, que só vem a se manifestar depois de um certo tempo de uso do produto ou de fruição do serviço, mas somente dentro do seu período de vida útil. O prazo de vida útil normalmente é maior do que o prazo de garantia contratual. • Garantia legal: é aquele previsto em lei para que o consumidor exerça o seu direito de reclamar sobre vícios do produto ou do serviço. • Garantia contratual: os próprios fornecedores, de modo espontâneo, ofereçam garantia autônoma para o produto ou serviço fornecido. • Prescrição: prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
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