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TRANSTORNO DEPRESSIVO Segundo relatório da OMS, de 2017, a prevalência da depressão no Brasil já é a segunda maior carga de incapacidade, sendo o maior índice na América Latina. Etiologia Hipótese monoaminérgica: norepinefrina e a serotonina são os dois neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos do humor. Norepinefrina: evidência isolada mais convincente indicando um papel direto do sistema noradrenérgico na depressão. Serotonina: a depleção da serotonina pode precipitar depressão e alguns paciente com impulsos suicidas têm concentrações baixas de metabólitos da serotonina no líquido cerebrospinal (LCS). sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida, tentativa de suicídio. leve: o paciente sofre com a presença dos sintomas, mas, provavelmente, será capaz de desempenhar a maior parte das suas atividades sociais e ocupacionais; moderado: em geral, estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados, e o paciente, aparentemente, tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina; grave sem sintomas psicóticos: vários dos sintomas estão presentes, tipicamente a perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa. As ideias e os atos suicidas são comuns, e observa-se, de modo habitual, uma série de sintomas físicos; grave com sintomas psicóticos: acompanhada de alucinações, ideias delirantes, lentidão psicomotora ou estupor de gravidade, tal que todas as atividades sociais e ocupacionais se tornam impossíveis de serem realizadas. Pode existir o risco de morrer por suicídio, desidratação ou desnutrição. Episódio leve: 2 sintomas fund. + 2 acessórios Episódio moderado: 2 sintomas fund. + 3 a 4 acessórios Episódio grave: 3 sintomas fund. + acima de 4 acessórios O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar quatro graus de um episódio depressivo, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID- 11): Depressão atípica Ocorrem sintomas menos comuns, como ansiedade, hiperfagia, hiperinsônia e irritabilidade. As pessoas apresentam sintomas predominantemente físicos ou predominantemente psíquicos. O indivíduo, além da ansiedade, da fobia ou do pânico (sintomas psíquicos), apresenta, ainda, palpitação, sudorese, formigamentos, tontura, hipertensão e taquicardia (sintomas físicos). Há também a depressão reativa a alguma situação vivencial traumáticas e a depressão secundária a uma TRANSTORNOS DO HUMOR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO anedonia; humor polarizado para depressão; hiperfagia ou perda de apetite; insônia ou hiperinsônia; agitação ou lentificação psicomotora; fadiga ou perda de energia; Cada episódio depressivo dura, em geral, alguns meses, seguido de um período normal. Critérios Diagnósticos Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é um quadro de sintomas intensos, em que, necessariamente, devem ocorrer pelo menos cinco dos sintomas a seguir, sendo que, obrigatoriamente, o sintoma 1 ou 2 devem estar presentes, com quadro que dura, no mínimo duas semanas: insônia ou hiperinsônia; alta de energia ou fadiga; baixa da autoestima; dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões; sentimento de falta de esperança; descontrole do apetite. IRSN: Venlafaxina, Milnaciprano, Duloxetina. DISTIMIA O traço essencial da distimia é o estado depressivo leve e prolongado. Dois anos de período contínuo predominantemente depressivo para os adultos e um ano para as crianças. Na presença de quadros depressivos prolongados, acima de dois anos, sem comprometimento no trabalho e na vida social, deve-se suspeitar de distimia. ESTADOS DE HUMOR NO PERÍODO PÓS-PARTO Há três formas de depressão no pós-parto, uma mais leve e mais comum, chamada pelos americanos de "blues postpartum" - a disforia -, outra chamada de depressão pós-parto, e a psicose puerperal. A depressão pós-parto é uma depressão propriamente dita, que recebe tal classificação sempre que iniciada nas seis primeiras semanas após o parto, segundo a CID-11. Sua manifestação clínica é igual à das depressões, ou seja, é prolongada e incapacitante, e requer o uso de antidepressivos. Seu principal problema reside no uso das medicações. Recomenda-se o uso de paroxetina ou sertralina, que não prejudicam a criança na amamentação. condição orgânica, como tumores e hipotireoidismo. TRANSTORNOS DO HUMOR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO Antidepressivo de primeira escolha; Aumento da dose; Potencialização do antidepressivo ou combinações de antidepressivos; Troca para um antidepressivo de outra classe; Uso de inibidores da monoaminoxidase (IMAO); Eletroconvulsoterapia (ECT). cardiopatas: excluir tricíclicos; epilepsia: contraindica clomipramina, bupropiona; obesos: evitar tricíclicos; disfunções sexuais: piora com ISRS; insuficiência hepática: evitar aqueles com intensa metabolização hepática (fluoxetina); pacientes potencialmente suicidas: IMAOs, tricíclicos. Episódios agudos e de manutenção 1. 2. 3. 4. 5. 6. Fase aguda: 2 a 3 meses de tratamento Fase de continuação: 4 a 6 meses Fase de manutenção: longa duração Situações que limitam certos fármacos DISFORIA A disforia caracteriza-se pela mudança repentina e transitória do estado de ânimo, com sentimento de tristeza, pena e angústia. É um mal-estar psíquico, acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo. DEPRESSÃO SECUNDÁRIA A PATOLOGIAS CLÍNICAS OU MEDICAMENTOS Hipotireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Parkinson, acidentes vasculares cerebrais próximos ao lobo frontal e dependência de álcool são exemplos de patologias que cursam com frequência com quadro depressivo. diminuição do sono; hiperatividade; aceleração do pensamento; ideias de grandiosidade; sintomas psicóticos; pressão de discurso; aumento da autoestima. Tipo 1: forma clássica, em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. Tipo 2: caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão. O estado de humor está elevado, há alegria contagiante ou irritação agressiva. É acompanhada de elevação da autoestima e de sentimentos de grandiosidade, podendo chegar à manifestação delirante de grandeza, considerando-se uma pessoa dotada de poderes especiais. Há aumento da atividade motora com grande vigor físico e, apesar disso, com diminuição da necessidade de sono e dificuldade de ficar parado e de concentra-se nas tarefas. O senso de perigo fica comprometido, e o indivíduo envolve-se em atividades que apresentam risco tanto para integridade física como patrimonial. O comportamento sexual torna-se excessivamente desinibido, mesmo promíscuo, com numerosos parceiros em um curto espaço de tempo. Durante o período de pertubação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos sintomas que serão descritos a seguir (quatro, se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam mudança notável do comportamento habitual. Principais características da fase maníaca e hipomaníaca (DSM-5): Fase hipomaníaca O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional, ou para necessitar de hospitalização. TRANSTORNOS DO HUMOR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO DEPRESSÃO EM IDOSOS A classe de medicações mais segura e recomendada para o tratamento inicial é a dos inibidores da recaptação da serotonina (ex: fluoxetina, citalopram, sertralina); O citalopram não deve ser usado em doses superiores a 40 mg/d e em paciente > 60 anos a dose máxima é de 20 mg/d. Além disso, os IRSN (ex: velafaxina e duloxetina) podem causar aumento da PA quando usados em doses mais altas. Evitar o uso de tricíclicos em cardiopatas pois aumentam o intervalo QT e a incidência de arritmias ventriculares.TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR A alternância de estados depressivos com maníacos caracteriza tal distúrbio. A depressão no transtorno bipolar é igual à depressão comum, mas uma pessoa deprimida com transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente unipolar. Tal transtorno geralmente se inicia em torno dos 20 a 30 anos. alterações nos níveis periféricos de citocina nos episódios; polimorfismos em genes envolvidos na resposta inflamatória; citocinas tem importante papel no processo de perda neuronal e glial pois são fortes indutoras da apoptose; as anormalidades nos níveis de citocinas podem explicar em parte alguns aspectos importantes do transtorno como alterações cognitivas, neuropatológicas, de neuroimagem e a alta comorbidade com doenças médicas; lítio e valproato apresentam propriedades imunomoduladoras. Depressão bipolar Quetiapina Lítio Lamotrigina Lurasidona Lurasidona + Li/DVP Divalproato EH + Antidepressivos (ISRSs/Bupropiona) ECT Ciclotomia Flutuação crônica - dois ou mais anos - do humor, com vários períodos com sintomas hipomaníacos que não saitsfaçam os critérios para episódio maníaco e diversos outros períodos com sintomas depressivos que não satisfaçam os critérios para episódio depressivo maior. #IMPORTANTE: Síndrome maníaca nas condições médicas gerais: neurossífilis, lúpus eritematoso sistêmico e síndrome de Cushing, e por diversas substâncias como cocaína, corticosteroides e L-dopa. Transtorno bipolar e inflamação Tratamento O tratamento é realizado com estabilizadores de humor. Na presença de agitação e psicose, deve-se associar um antipsicótico. Fase aguda: remissão sintomática (eutimia). Fase de manutenção: prevenção de recaídas, tratamento de sintomas, melhora do funcionamento social e ocupacional, tratamento dos sintomas subsindrômicos. 1. a) Primeira linha b) Segunda linha Olanzapina + Fluoxetina Lítio Quetiapina Valproato Aripiprazol Paliperidona Risperidona Quetiapina + Li/VPA Aripiprazol + Li/VPA Risperidona + Li/VPA Asenapina + Li/VPA Olanzapina Carbamazepina Olanzapina + Li/VPA Lítio + Valproato Ziprazidona Haloperidol ECT 2. Mania aguda a) 1ª linha - monoterapia b) 1ª linha - combinações c) 2ª linha TRANSTORNOS DO HUMOR Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO