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O câncer de mama, ou carcinoma mamário, é a neoplasia mais frequentemente diagnosticada e a principal causa de óbito por câncer no sexo feminino. Doença heterogênea que engloba tumores biologicamente diferentes, com variadas manifestações clinicas e morfológicas Ocupa o primeiro lugar em frequência dentre as neoplasias malignas que acometem as mulheres residentes nos países desenvolvidos. Estima-se que 1 a cada 8 mulheres desenvolvem o câncer de mama durante a vida. Acomete, preferencialmente, mulheres por volta dos 50 anos de idade, sendo raro antes dos 30 anos. Todavia, nas últimas décadas tem sido observado a nível mundial um aumento da incidência dessa neoplasia inclusive em faixas etárias mais jovens. FATORES DE RISCO O câncer de mama não tem uma causa única Idade O risco aumenta no decorrer da vida da mulher, alcançando seu pico entre os 70 e 80 anos de idade e declinando vagarosamente depois disso. Antes de 35 anos, a incidência de câncer mama é muito rara, aumentando progressivamente, a partir de então. Mulheres a partir dos 50 anos têm maior risco de desenvolver câncer de mama, em razão do acúmulo de exposições a diversos fatores de risco ao longo da vida e das alterações biológicas provenientes do envelhecimento. Hereditariedade Presença de mutações em determinados genes, especialmente BRCA1 e BRCA2, transmitidos na família. As mulheres com essa predisposição genética têm risco elevado para desenvolver o câncer de mama. O câncer de mama hereditário responde por apenas de 5 a 10% dos casos e nem todo histórico de câncer de mama na família significa que há alto risco de câncer familial. Mulheres com histórico de câncer de ovário, ou vários casos de câncer de mama em familiares consanguíneos, sobretudo em idade jovem e em parentes de primeiro grau, ou de câncer de mama em homem, podem ter predisposição hereditária e devem ser avaliadas individualmente sobre a possibilidade de risco elevado para a doença. Parentes em primeiro grau com câncer de mama Aproximadamente 15% a 20% das mulheres com câncer de mama têm um parente de primeiro grau acometido, mas não portam uma mutação genética relacionada ao câncer de mama. Esse aumento de risco se deve, provavelmente, à associação de genes que aumentam a suscetibilidade de baixo risco e a participação de fatores ambientais. Raça/etnia Mulheres brancas não hispânicas têm maior incidência nos Estados Unidos. A variação na frequência dos genes do câncer de mama entre os grupos étnicos é parcialmente responsável por essas diferenças. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são particularmente frequentes nas populações judaicas de linhagem étnica Ashkenazi. Fatores endócrinos e história reprodutiva Relacionados principalmente á exposição ao hormônio estrogênio (endógeno ou exógeno). O risco aumente quanto maior for a exposição, já que, o estrogênio tem grande atuação no crescimento das células da mama, o que resulta em um potencial aumento de modificações genéticas. A reposição hormonal da menopausa aumenta o risco de câncer de mama, particularmente quando estrogênio e progesterona foram administrados em conjunto por anos. A maioria dos casos é de carcinomas pequenos com RE-positivos. A redução do estrogênio endógeno pela ooforectomia diminui o risco de desenvolvimento de câncer de mama em até 75%. Fármacos que bloqueiam os efeitos estrogênicos ( tamoxifeno) ou a formação do estrogênio (inibidores de aromatases) também diminuem o risco de tumores RE-positivos. Algumas situações da vida reprodutiva da mulher aumentam essa exposição, tais como: História da menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos). A menarca em mulheres com idade inferior aos 11 anos aumenta o risco em 20% quando comparadas às mulheres com menarca após os 14 anos. Menopausa tardia (após os 55 anos) Nuliparidade Primeira gravidez após os 30 anos. Uma gravidez a termo antes dos 20 anos diminui pela metade o risco quando comparada com mulheres nulíparas ou mulheres que têm mais de 35 anos quando deram à luz a primeira vez. Uso recente de terapia de reposição hormonal pós- -menopausa (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos; Uso recente de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona). Amamentação: quanto mais tempo a mulher amamentar, maior a redução do risco. A lactação suprime a ovulação e pode desencadear diferenciações terminais das células luminais. A menor incidência de câncer de mama em países em desenvolvimento pode ser explicada pela amamentação mais frequente e duradoura dos bebês. Fatores comportamentais e ambientais Ingestão de bebida alcoólica: esta possui um metabólito, acetaldeído, o qual é carcinogênico, imunossupressor e estimulador da produção de estrogênio. Sobrepeso e obesidade após a menopausa: prioritariamente no climatério, há síntese de estrogênio em áreas com acúmulo de gordura. Exposição à radiação ionizante: presente em exames ou tratamentos que usam raios-X, tais como mamografia, tomografia e radioterapia. Com relação a esse tipo de exposição, são consideradas como de alto risco para desenvolvimento de câncer de mama mulheres com histórico de radioterapia supradiafragmática para tratamento de linfoma. Além disso, a radiação torácica, secundária a tratamentos de câncer, exposição à bomba atômica ou a acidentes nucleares, resulta em maior incidência de câncer de mama. O risco é maior com a exposição na idade jovem e com altas doses de radiação. Mulheres nos seus 10 anos e antes dos 20 anos, que receberam radiação torácica para linfoma de Hodgkin, têm 20% a 30% de risco de desenvolverem câncer de mama nos próximos 10 a 30 anos. Mulheres idosas submetidas à radiação não estão sujeitas a esse risco. Doença mamária benigna Uma biópsia mamária anterior revelando hiperplasia atípica ou alterações proliferativas aumenta o risco de carcinoma invasivo. Densidade mamária Mulheres com mamas muito densas na mamografia têm de quatro a seis vezes mais riscos de desenvolverem carcinomas RE-positivos e RE-negativos quando comparadas às mulheres com menor densidade mamária. A alta densidade da mama pode ser hereditária e está relacionada a outros fatores de risco, como idade avançada no nascimento do primeiro filho, menor número de filhos e reposição hormonal na menopausa. A persistência de uma alta densidade da mama em mulheres idosas pode ocorrer devido à falha da involução normal da mama nesta fase. Carcinoma da mama contralateral ou de endométrio Aproximadamente 1% das mulheres com câncer de mama desenvolve, por ano, um carcinoma na mama contralateral. Carcinomas mamários e endometriais têm vários fatores de risco em comum, dos quais o mais importante é a exposição prolongada à estimulação estrogênica. ANATOMIA As mamas são formadas por tecido glandular e tecido fibroso de sustentação integrados a uma matriz adiposa, junto com vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. As glândulas mamárias estão localizadas na tela subcutânea, sobre os músculos peitorais maior e menor. Na parte mais proeminente da mama está a papila mamária, circundada por uma área cutânea pigmentada circular, a aréola. Durante a puberdade, as mamas normalmente aumentam, em parte devido ao desenvolvimento glandular, mas principalmente por aumento da deposição de gordura. As aréolas e as papilas também aumentam. Os ductos lactíferos dão origem a brotos que formam 15 a 20 lóbulos da glândula mamária, que constituem o parênquima da glândula mamária. Assim, cada lóbulo é drenado por um ducto lactífero, esses ductos convergem e têm aberturas independentes. Cada ducto tem uma parte dilatada, situada profundamente à aréola, o seio lactífero, na qual uma pequena gotícula de leitese acumula ou permanece na lactante. Quando o neonato começa a sugar, a compressão da aréola expele as gotículas acumuladas e estimula o neonato a continuar mamando enquanto ocorre o reflexo de ejeção do leite, mediado por hormônios. O leite materno é secretado na boca do bebê, e não sugado da glândula por ele. As aréolas da mama contêm muitas glândulas sebáceas, que aumentam durante a gravidez e secretam uma substância oleosa que atua como um lubrificante protetor para a aréola e a papila. FISIOPATOLOGIA A patogenia do CA de mama pode ser explicada por três fatores: ALTERAÇÕES GENÉTICAS Tal como acontece com todos os cânceres, as mutações que afetam proto-oncogenes e genes supressores tumorais no epitélio da mama são subjacentes à oncogênese. Entre as mais bem caracterizadas está a superexpressão do proto- oncogene HER2/NEU, que sofre amplificação em até 30% dos cânceres da mama invasivos. Esse gene é um membro da família do receptor do fator de crescimento da epiderme, e sua superexpressão está associada a um prognóstico sombrio. A amplificação dos genes RAS e MYC também tem relação com cânceres da mama. As mutações dos bem conhecidos genes supressores de tumor RB e TP53 também podem estar presentes. Grande número de genes, incluindo o gene do receptor de estrogênio, pode ser inativado por hipermetilação do promotor. Sem dúvida, o processo de transformação envolve múltiplas alterações genéticas adquiridas, que podem ocorrer em várias combinações, dando assim origem a diferentes subtipos de câncer de mama. O perfil da expressão gênica pode separar o câncer de mama em quatro subtipos moleculares: positivo para receptor de estrogênio, negativo para HER2/NEU positivo para receptor de estrogênio, superexpressão de HER2/NEU superexpressão de HER2/NEU, negativo para receptor de estrogênio negativo para receptor de estrogênio e negativo para HER2/NEU Esses subtipos estão associados a diferentes resultados e, em alguns casos, terapias diferentes. Aproximadamente 10% dos cânceres de mama estão relacionados a mutações hereditárias específicas. Cerca de 33% das mulheres com câncer de mama hereditário apresentam mutações no BRCA1 (no lócus cromossômico 17q21.3) ou BRCA2 (localizado na banda cromossômica 13q12-13). Esses genes codificam proteínas grandes e complexas que não apresentam homologia próxima umas às outras ou a outras proteínas. Embora a base molecular para a sua forte associação ao risco de câncer de mama ainda esteja sendo elucidada, acredita-se que tanto o BRCA1 quanto o BRCA2 funcionem em uma via comum de reparo do DNA. Geneticamente, BRCA1 e BRCA2 são genes supressores tumorais clássicos, pois o câncer surge apenas quando ambos os alelos são inativados ou defeituosos — no primeiro, lesão genética causada por uma mutação germinativa; no segundo, por uma mutação somática subsequente. O papel desses genes no câncer de mama não hereditário esporádico é menos claro, pois as mutações que afetam BRCA1 e BRCA2 são infrequentes em tumores esporádicos. Doenças genéticas menos comuns associadas ao câncer de mama são a síndrome de LiFraumeni (mutações em TP53), a síndrome de Cowden (mutações germinais no PTEN) e as dos portadores do gene ataxia-telangiectasia. INFLUÊNCIAS HORMONAIS O excesso de estrogênio endógeno ou, mais precisamente, o desequilíbrio hormonal, tem claramente um papel significativo. Muitos dos fatores de risco mencionados (longa duração de vida reprodutiva, nuliparidade e idade avançada no nascimento do primeiro filho) envolvem aumento da exposição ao estrogênio sem oposição da progesterona. Tumores ovarianos funcionais que elaboram estrogênios estão associados ao câncer de mama em mulheres pósmenopáusicas. Os estrogênios estimulam a produção de fatores de crescimento, como fator de crescimento transformador, o fator de crescimento derivado de plaquetas, o fator de crescimento de fibroblastos e outros, que podem promover o desenvolvimento do tumor através de mecanismos parácrinos e autócrinos. VARIÁVEIS AMBIENTAIS As influências ambientais são sugeridas pela incidência variável de câncer de mama em grupos geneticamente homogêneos e as diferenças geográficas na prevalência Mecanismos moleculares da carcinogênese e progressão tumoral Assim como em outros cânceres, as células-tronco remanescentes no tecido mamário são, em teoria, as células que originam o câncer de mama. Assim que esse processo é iniciado nessas células por uma mutação, aparentemente haverá três vias genéticas principais da carcinogênese. Carcinomas re-positivos e her2-negativos se originam através da via dominante de desenvolvimento do câncer de mama, constituindo 50% a 65% dos casos Esse é o subtipo mais comum de câncer de mama em indivíduos que herdaram mutações de linhagem germinativa no BRCA2. Geralmente, estão associados com ganhos de cromossomo 1q, perdas de cromossomo 16q e mutações de ativação no PIK3CA, um gene que decodifica a fosfoinositídeo 3 cinase (PI3K), que é um importante componente das vias distais de sinalização dos receptores de fatores de crescimento. Essas mesmas alterações genéticas são geralmente encontradas na atipia epitelial plana e na hiperplasia ductal atípica, que são, hipoteticamente, as lesões precursoras desse subtipo de câncer de mama. Os carcinomas RE-positivos são denominados “luminais”, já que são semelhantes às células luminais mamárias normais em termos de padrão de expressão mRNA, que é dominada por genes que são regulados pelo estrogênio. Os tumores que se originam desta via incluem, ao menos, dois principais subtipos moleculares que se diferenciam em suas taxas de proliferação e resposta à terapia. Carcinomas her2-positivos são originados através de uma via fortemente associada com amplificações dos genes her2 no cromossomo 17q. eles constituem aproximadamente 20% dos cânceres de mama e podem ser tanto repositivos quanto re- negativos Esse é o subtipo mais comum de câncer de mama em pacientes com mutações germinativas no TP53. Uma suposta lesão precursora denominada adenose apócrina atípica foi descrita. Esses carcinomas têm uma expressão genética distinta que é comandada pelos genes relacionados à proliferação, que são regulados por vias de sinalização distais dos receptores de tirosina-cinase HER2. Carcinomas re-negativos e her2-negativos se originam de uma via distinta, que é independente das alterações mediadas pelos receptores de estrogênio na expressão de genes e nas amplificações do gene her2 As lesões precursoras ainda não são bem reconhecidas, e, como resultado, esta é a via menos compreendida. Esses tumores abrangem aproximadamente 15% de todos os carcinomas de mama, mas são os tipos de tumores mais comuns em pacientes com mutações germinativas no BRCA1; também ocorrem frequentemente em mulheres afro- americanas. Os tumores esporádicos desse tipo geralmente têm mutações que acarretam perda de função no TP53; mutações no BRCA1 são incomuns, mas o BRCA1 pode não se expressar em tumores esporádicos através de mecanismos epigenéticos. Esses tumores têm um padrão “basal” de expressão do mRNA que inclui muitos genes que são normalmente expressos em células mioepiteliais. A mutação mais comum responsável por orientar o desenvolvimento da neoplasia envolve os proto- oncogenes PIK3CA, HER2, MYC e CCND1 (que decodifica a ciclina D1), e os genes supressorores tumorais TP53 e BRCA 1 e BRCA2 (em carcinomas hereditários). Assim que uma célula tumoral é iniciada (clone), a heterogeneidade subclonal, originada ao acaso por instabilidade genômica, influencia tanto a progressão do tumor quanto a resistência à terapia. As células epiteliais neoplásicas não se desenvolvem isoladamente, mas são dependentes de interaçõescom células estromáticas no microambiente local. O câncer se origina em áreas de maior densidade mamográfica, sugerindo que o aumento da concentração de estroma fibroso é um marcador de risco e é biologicamente importante para oncogênese. O estroma é uma mistura complexa de fibroblastos, vasos sanguíneos, linfáticos, células inflamatórias e matriz extracelular. Alterações focais no estroma podem desempenhar um papel direto ao criarem microambientes propícios para o desenvolvimento e crescimento do tumor. A angiogênese e a inflamação associadas ao tumor geralmente estão associadas aos carcinomas, começando no estágio in situ. O passo final da carcinogênese, a transição de carcinoma in situ para carcinoma invasivo, é tanto o mais importante quanto o menos compreendido. A maioria das alterações genéticas observadas nos carcinomas invasivos já está presente no carcinoma in situ. É possível que os eventos moleculares que facilitam a formação de novos pontos de ramificações ductais e lóbulos durante a gravidez — desaparecimento da membrana basal, aumento da proliferação, escape da inibição de crescimento, angiogênese e invasão de estroma — sejam os mesmos durante a invasão. O remodelamento da mama na involução após a gravidez, que envolve reações teciduais inflamatórias e semelhantes ao processo de reparo das feridas, é conhecido por aumentar o risco de invasão do tumor e pode também facilitar a transição do carcinoma in situ para um carcinoma invasor. QUADRO CLÍNICO Os cânceres invasivos tendem a se tornar aderentes e fixos nos músculos peitorais ou fáscia profunda da parede do tórax e da pele sobrejacente, com consequente retração ou depressões na pele ou no mamilo. Estas últimas são um sinal importante porque podem ser a primeira indicação de malignidade. Os envolvimentos das vias linfáticas podem resultar em linfedema localizado. Nesses casos, a pele fica espessa em torno de folículos pilosos exagerados, dando a aparência conhecida como casca de laranja. O câncer de mama muitas vezes é descoberto pelo paciente ou seu médico como massa enganosamente distinta, solitária, indolor e móvel. No momento da detecção clínica, o carcinoma tipicamente tem 2-3 cm de tamanho, e o envolvimento dos linfonodos linfáticos regionais (mais frequentemente axilares) já está presente em cerca de 50% das pacientes. Com exame mamográfico, os carcinomas frequentemente são detectados antes mesmo de se tornarem palpáveis. À medida que a mulher envelhece, o tecido fibroso da mama é substituído por gordura, e o exame torna- se mais sensível, como resultado do aumento da radioluscência da mama e do aumento da incidência de malignidade. A propagação do câncer de mama ocorre através dos canais linfáticos e hematogênicos. As lesões de localização central e do quadrante exterior tipicamente se espalham primeiro para os linfonodos axilares. Aquelas nos quadrantes mediais internos muitas vezes vão primeiramente para os linfonodos ao longo das artérias mamárias internas. A disseminação mais distante eventualmente se segue e pode envolver praticamente qualquer órgão ou tecido do corpo. Os locais preferidos são pulmões, esqueleto, fígado, glândulas suprarrenais e (menos frequentemente) o cérebro, mas nenhum local está isento. As metástases podem chegar à atenção clínica muitos anos após o controle terapêutico aparente da lesão primária, às vezes até 15 anos mais tarde. SINTOMAS Nódulo mamário: a proliferação tumoral acaba formando uma massa dentro da mama, de modo que a partir de determinado diâmetro ela pode ser sentida pela palpação. Retração, alteração na forma e aparência mamilar: sabe-se que a formação tumoral induz um processo inflamatório dentro da mama. Essa inflamação pode ser ou não percebida pela superfície (pele). No entanto, ela costuma causar danos aos ligamentos de Cooper (ligam M. Peitoral à pele - levando à fibrose desse ligamento) e ductos lactíferos, levando à fibrose desses. Isso vai dificultar a extensão da mama de um modo geral (causando aquele aspecto “Casca de Laranja”) e também do mamilo (tornando ele mais retraído ou com uma disposição anormal). Alterações de coloração da mama/aspecto mamário: além de reduzir a “elasticidade mamária”, o processo inflamatório gerado pelo tumor pode favorecer um rubor na região mamária. Além do mais, é comum algumas células tumorais sofrerem necrose, levando à formação de manchas enegrecidas na mama. Alteração de consistência na mama: sabe-se que o movimento das mamas é dependente do músculo peitoral. Caso o tumor cresça de maneira satisfatória para esse músculo, ele reduz a capacidade de contração do músculo, favorecendo que a mama se torne dura/rígida. Dor mamária e aumento de temperatura: o desenvolvimento do processo inflamatório na região, decorrente do tumor, pode tornar a mama mais sensível, gerando dor à palpação e ainda elevar a temperatura local (devido ao recrutamento de leucócitos). Descarga mamilar: o crescimento do tumor em direção ao trajeto de drenagem das secreções mamárias pode obstruir esse trajeto, favorecer que fluidos intraductais sofram refluxos e sejam expelidos pelos mamilos. Comprometimento linfonodal: os linfonodos podem crescer sob duas formas. Uma delas é decorrente de metástases linfáticas, onde ao passar pelo linfonodo o câncer tenta ser combatido e gera aumento de volume. Já na outra forma, o tumor acaba por comprimir estruturas linfáticas adjacentes, promovendo acúmulo de líquido em determinados linfonodos. Os principais linfonodos acometidos são os axilares e os da cadeia mamária. Linfonodos cervicais também podem ser comprometidos. Perda de peso e cansaço: manifestações comuns dos cânceres, a liberação de citocinas como IL-1, IL- 6 e TNF-α durante o estado inflamatório levam à uma alteração no metabolismo normal das substâncias, gerando um estado consumptivo que culmina principalmente na perda de peso. Manifestações metastáticas: decorrentes das estruturas atingidas, sendo as mais comuns linfonodos, fígado, pulmões, ossos e cérebro. PREVENÇÃO Não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. De modo geral, a prevenção baseia-se no controle dos fatores de risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis. Dieta, exposição estrogénos Mastectomia radical para quem tem BRCA+ Diagnóstico e tratamento das fases não invasivas 25% dos carcinomas são diagnosticados in situ devido aos programas de rastreio Tratamento da doença clínica Minimização das consequências das mesmas Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em sua maioria, modificáveis; porém fatores como excesso de peso corporal, inatividade física, consumo de álcool e terapia de reposição hormonal, são, em princípio, passíveis de mudança. Por meio da alimentação, nutrição, atividade física e gordura corporal adequados é possível reduzir o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Como medidas que podem contribuir para a prevenção primária da doença, estimula-se, portanto, praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, adotar uma alimentação mais saudável e evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcóolicas. Amamentar é também um fator protetor. POLÍTICAS PÚBLICAS Este movimento começou nos Estados Unidos, onde vários Estados tinham ações isoladas referente ao câncer de mama e ou mamografia no mês de outubro, posteriormente com a aprovação do Congresso Americano o mês de Outubro se tornou o mês nacional (americano) de prevenção do câncer de mama. Outubro Rosa: Movimento internacional de conscientizaçãopara o controle do câncer de mama. Criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. Até meados da década de 1980, ações governamentais voltadas para o câncer de mama eram restritas ao tratamento e a algumas iniciativas pontuais relacionadas à prevenção. Isso começou a mudar com a inclusão do tema como parte das ações de atenção integral à saúde da mulher. A definição de uma política nacional de controle do câncer em 2005, atualizada em 2013, ao lado da estruturação do Plano de Enfrentamento das DCNT, estabeleceu a prioridade do controle do câncer de mama na agenda nacional da saúde e definiu ações e competências para os níveis federal, estadual e municipal. Políticas públicas nessa área vêm sendo desenvolvidas no Brasil desde meados dos anos 80 e foram impulsionadas pelo Programa Viva Mulher, em 1998. Atualmente, o controle do câncer de mama é uma prioridade da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Política Nacional de Atenção à Saúde da mulher: Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. SISMAMA Subsistema de informação do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA)/ SUS, instituído pelo Ministério da Saúde para monitoramento das ações de detecção precoce do câncer de mama. O Sistema é composto pelo módulo do prestador de serviço, utilizado pelos serviços de radiologia mamária e patologia para cadastro dos exames, emissão de laudos e avaliação de desempenho dos serviços; e pelo módulo de coordenação, utilizado pelos gestores estadual, regional e municipal para gerenciamento das ações de detecção precoce do câncer de mama e seguimento das mulheres com exames alterados. As informações do SISMAMA começam a ser geradas na Unidade Básica de Saúde. O profissional de saúde identifica as pessoas que devem fazer mamografia de rastreamento ou diagnóstica e solicita o exame. Com o formulário de requisição de mamografia, o usuário é encaminhado para realizar o exame na unidade radiológica. Neste serviço é feita a digitação das informações coletadas pelo profissional da unidade requisitante e das geradas no serviço de radiologia. O laudo mamográfico gerado no SISMAMA se baseia na categorização do Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®), publicação do Colégio Americano de Radiologia (EUA), traduzida pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Este sistema padroniza o laudo mamográfico e sugere as condutas clínicas. Além da emissão eletrônica de laudo padronizado, o Sistema permite ao gerente dos serviços de radiologia e patologia avaliar o desempenho dos profissionais (produção e adequação técnica), o perfil da população atendida e acompanhar outros indicadores por meio dos relatórios gerenciais. O SISMAMA gera dados que subsidiam o monitoramento e a avaliação. Por meio dos relatórios, o gestor pode: • conhecer a indicação clínica e a oferta de exames (mamografia, exame citopatológico e histopatológico de mama) para organizar o acesso e otimizar os recursos; • verificar a distribuição dos resultados dos exames e indicar auditorias e capacitações locais quando necessário; • avaliar a qualidade dos exames por meio da correlação da mamografia com o resultado do exame histopatológico; • construir indicadores para acompanhar o desempenho do programa e fazer análises temporal e espacial; • realizar o acompanhamento das mulheres com exames alterados. A análise preliminar dos dados do SISMAMA ilustra o que é possível obter por meio deste sistema e destaca a necessidade de preocupação permanente dos gestores e de todos os envolvidos para uma informação confiável, que traduza a realidade dos estados e municípios e possibilite o gerenciamento adequado das ações de detecção precoce do câncer de mama. Uma base de dados bem cuidada possibilitará análises de maior acurácia e gerenciamento com foco na melhoria contínua da qualidade. Para isso algumas medidas são fundamentais: • monitorar mensalmente o envio das bases de dados do prestador à coordenação; • comparar sistematicamente a quantidade de exames que o prestador apresentou ao SIA/ SUS com o total de exames encaminhados à coordenação (a base de dados não deve apresentar diferenças entre o que foi apresentado ao SIA/ SUS e o que foi apresentado à coordenação do Programa); • analisar regularmente os dados para identificar problemas no preenchimento e implementar ações para corrigi-los. EXAMES DE RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Realizado através de uma sequência: Exame clínico, Exame de imagem e Biópsia. O autoexame, muito estimulado antigamente, atualmente não é mais recomendado. As evidências não foram suficientes para dizer o quanto ele melhorava o prognóstico das pacientes. Além disso, poderiam gerar a falsa segurança de que não havia nenhum nódulo (desestimulando a mulher a procurar o médico) ou ainda gerar preocupação em excesso (mesmo o nódulo sendo benigno). Desse modo, o diagnóstico do CA de mama inicia-se com o médico durante a consulta. O médico então realizará uma inspeção da região mamária e ao seu redor, buscando alterações visíveis como “mudança do aspecto da mama” e “retração mamilar”. Em seguida, iniciara-se a palpação das duas mamas em todos os seus quadrantes, buscando alterações de resistência, temperatura e possível presença de nódulos mamários. Após isso, o médico deve avaliar as cadeias de linfonodos axilares e perimamárias. O exame de imagem mais importante durante o diagnóstico do CA de mama é a Mamografia. A mamografia de rastreamento é realizada nas mulheres assintomáticas (sem sinais e sintomas de câncer de mama), com idade entre 50 e 69 anos (população-alvo) ou maiores de 35 anos com histórico familiar (População de risco elevado - história familiar) ou histórico pessoal de câncer de mama (pacientes já tratados). Além da mamografia, outros exames podem ser utilizados (no entanto em situações mais específicas). A ultrassonografia das mamas tem sido recomendada em pacientes que apresentam mamas de alta densidade principalmente. A ressonância magnética tem sido usada para avaliação em pacientes de alto risco, pós-quimioterapia e prótese mamária. Esses outros métodos não são recomendados para o rastreio do CA de mama. O resultado da mamografia é muito importante para determinar a conduta com a paciente. Conforme a classificação internacional radiológica denominada BI-RADS, o médico vai avaliar em qual estágio se encontra a atual paciente, a fim de determinar se há ou não a necessidade da biópsia naquele momento. A partir dessa classificação é necessário tomar algumas condutas como: Repetir o exame de acordo com a faixa etária ou prosseguimento da investigação, se o ECM for alterado. Acompanhamento a cada dois anos ou anual a partir de 40 anos e anual a partir de 50 anos. Não merecem investigação. Repetir o exame de acordo com a faixa etária. A frequência de câncer é de 0,5 a 1,7%. Preconiza-se o controle mamográfico semestral por três anos para confirmar a estabilidade da lesão e, por conseguinte, o caráter benigno. avaliação histopatológica da lesão. Valor preditivo positivo de 95 a 97%. Recomenda-se estudo histopatológico da lesão. Terapêutica específica em Unidade de Tratamentode Câncer. Para confirmação diagnóstica é necessária a biópsia. Ela pode ser realizada de dois tipos: Biópsia por core: é a forma mais utilizada, pois consegue retirar uma grande quantidade de material. A amostra é extraída sem procedimento cirúrgico, a agulha utilizada é acoplada a uma pistola especial e é um pouco mais grossa em relação à PAAF. A posição da agulha de biópsia poderá ser guiada por mamografia digital estereotáxica ou ultrassom. PAAF ou punção mamária: é um procedimento não cirúrgico em que se utiliza uma agulha para recolher amostras de células do nódulo mamário, com uma seringa simples em movimentos “vai e vem” sendo todo o procedimento guiado por um ultrassom. Esse exame consegue diferenciar as lesões císticas das lesões sólidas.
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