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1 
 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO 
GRAAL DA PROVA ORAL DO 29º CPR – 10/2018 
 
Organizado por Valdir Monteiro Oliveira Júnior 
Sumário 
1A. Desenvolvimento histórico do Direito Internacional Público. Terminologia. A sociedade internacional e 
suas características. A expansão qualitativa e quantitativa do Direito Internacional. Princípios que regem as 
relações internacionais do Brasil...................................................................................................................... 5 
1B. Princípios do Direito Internacional Privado. Igualdade e tolerância no Direito Internacional Privado. 
Interpretação e aplicação do direito estrangeiro. Prova do direito estrangeiro. Reenvio. ................................. 7 
1C. Prerrogativas e imunidades das organizações internacionais. Incorporação ao direito brasileiro das 
deliberações de organizações internacionais. Extinção e sucessão das organizações internacionais. 
Responsabilidade internacional das Organizações internacionais e a proteção funcional. ...............................11 
2A. Desenvolvimento Histórico e Fases do Direito Internacional Privado. Fontes do Direito Internacional 
Privado. Pluralidade de objeto do direito internacional privado. Fato transnacional e suas características......17 
2B. Estado. Elementos constitutivos. Autodeterminação dos Povos. Soberania e suas espécies. 
Reconhecimento de Estado e Governo. Direitos e Deveres do Estado. Restrições aos direitos dos Estados. ....19 
2C. Solução pacífica de controvérsias. Conceito. Evolução histórica. Instrumentos não jurisdicionais. 
Negociação. Bons ofícios. Mediação. Investigação ou inquérito. Conciliação. .................................................22 
3A. Fontes do Direito Internacional Público. Costume Internacional. Princípios Gerais. Jurisprudência e 
Doutrina. Atos Unilaterais. Deliberações de Organizações Internacionais. Analogia e Equidade no Direito 
Internacional. Normas imperativas. Jus Cogens. Obrigações erga omnes. Soft Law. ........................................23 
3B. Espaços globais Comuns. Tipologia. Princípios. Patrimônio Comum da Humanidade. Regime jurídico da 
Antártida. Espaço sideral. ...............................................................................................................................26 
3C. Ordem pública e suas espécies. Fraude à lei no Direito Internacional Privado. Normas de aplicação 
imediata no Direito Internacional Privado. .....................................................................................................28 
4A. DIPr de matriz legal. LINDB. Hierarquia e diálogo das fontes nacionais e internacionais do DIPr. ..............33 
4B. Espaços globais comuns. Alto mar. Ártico. Fundos marinhos. A atuação da União Internacional de 
Telecomunicações. .........................................................................................................................................36 
4C. Direito internacional tributário. O fenômeno da bitributação. Acordos de bitributação. Combate 
internacional à sonegação. Tratados internacionais de cooperação e informação tributária. ..........................37 
5A. Território: aquisição e perda. Domínio Terrestre. Faixa de Fronteira. Domínio Fluvial. Domínio Aéreo. .....40 
5B. Tratados Internacionais. Condições de validade. Reservas. Entrada em vigor. Registro e Publicidade. 
Modificação. Exigibilidade e efetividade. Efeitos sobre Terceiros. Tratados sucessivos. Nulidades. Suspensão 
de aplicação do tratado. Modalidades de Extinção. ........................................................................................43 
5C. Estatuto pessoal no Direito Internacional Privado e sua evolução no Brasil. Pessoa Jurídica no Direito 
Internacional Privado. Bens no Direito Internacional Privado. .........................................................................48 
6A. Estrangeiros. Entrada, permanência e saída regular. Tratamento jurídico da saída compulsória dos 
estrangeiros e direitos dos envolvidos: repatriamento, deportação, expulsão. ...............................................50 
6B. Organização dos Estados Americanos: evolução histórica, finalidade, atuação, órgãos internos, tipos de 
deliberações, modos de solução de controvérsias e sanções. Outras organizações internacionais regionais das 
Américas. .......................................................................................................................................................53 
2 
 
6C. Jurisdição Internacional do Estado e das Organizações Internacionais: espécies, alcance e limites. 
Imunidades do Estado e das Organizações Internacionais. ..............................................................................55 
7A. Interpretação dos tratados no âmbito internacional e no âmbito nacional. Controle de convencionalidade 
de matriz internacional e de matriz nacional. Diálogo entre os órgãos judiciais nacionais e internacionais. 
Conflito entre decisão nacional e internacional. .............................................................................................57 
7B. Organizações e órgãos internacionais dedicados ao Direito Internacional Privado. Convenções sociais de 
Direito Internacional Privado. .........................................................................................................................64 
7C. Regime jurídico do uso da força no direito internacional: uso lícito e ilícito. Segurança coletiva: global e 
regional. A proteção da paz e da segurança internacionais por organizações internacionais: o papel da 
Organização das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos. ..................................................67 
8A. Povo. Nacionalidade no Direito Internacional. Formas de aquisição da nacionalidade originária e derivada. 
Perda e reaquisição da nacionalidade. Direitos e deveres dos nacionais. Interação e conflito entre normas 
nacionais e internacionais sobre nacionalidade. .............................................................................................68 
8B. Extinção de Estados. Regime jurídico dos novos Estados independentes. Sucessão de Estados em relação a 
bens, arquivos, dívidas, organizações internacionais e tratados. .....................................................................72 
8C. Métodos do Direito Internacional Privado. Qualificação no Direito Internacional Privado. Direito 
Internacional Privado e obrigações. Autonomia da vontade no Direito Internacional Privado. ........................74 
9A. Tratados internacionais. Evolução histórica. Classificação. Terminologia. Gênese. Negociação e 
competência negocial. Formas de expressão do consentimento. Conflito entre tratados e com as demais 
fontes. ............................................................................................................................................................78 
9B. Tratamento internacional e nacional do asilo. Disposições convencionais, legais e administrativas 
referentes ao asilo. O papel dos órgãos internos. A proteção ao brasileiro no exterior. ..................................80 
9C. Solução pacífica de controvérsias. Arbitragem internacional pública. Corte Internacional de 
Justiça: legitimidade, competências, jurisdição consultiva e contenciosa. Outros tribunais internacionais. .....84 
10A. Responsabilidade internacional do Estado. Obrigações Primárias e Secundárias. Garantia da ordem 
pública internacional. Elementos da responsabilidade internacional. Fato internacionalmente ilícito. 
Excludentes da ilicitude. Imputação e espécies de atos imputados. Resultado lesivo. Nexo causal. .................85 
10B. Transferência de sentenciados. Requisitos, trâmite e características. Tratados celebrados pelo Brasil 
sobre transferência de sentenciados. Incidência de direitos fundamentais na transferência de sentenciados. 88 
10C. Organização das Nações Unidas: evolução histórica, finalidades,atuação, órgãos internos, tipos de 
deliberações, modos de solução de controvérsias e sanções. As agências da Organização das Nações Unidas.
 ......................................................................................................................................................................93 
11A. Direito Internacional Penal e Direito Penal Internacional: divergências e convergências. Implementação 
direta e indireta do Direito Internacional Penal. Jurisdição universal e suas espécies. ...................................102 
11B. Relação do Direito Internacional e o Direito Interno. Correntes doutrinárias. Como o Direito Interno vê o 
Direito Internacional. Como o Direito Internacional vê o Direito Interno. Princípios regentes da relação do 
Direito Interno com o Direito Internacional. A Constituição brasileira e o Direito Internacional. ...................103 
11C. Regime jurídico da reparação no Direito Internacional. Responsabilidade internacional individual e sua 
relação com a responsabilidade internacional do Estado ..............................................................................106 
12A. Tribunais internacionais penais. Aspectos gerais. Princípios e características dos tribunais criados pelo 
Conselho de Segurança. Tribunais Internacionais Penais híbridos. ................................................................110 
12B. Direito Internacional Privado das Famílias. Alimentos, Casamento e uniões civis no Direito Internacional 
Privado. Direito Internacional Privado das Sucessões....................................................................................113 
3 
 
12C. Fases de formação e incorporação do tratado ao direito brasileiro. Acordo Executivo e o Direito 
Brasileiro. Modo de formação e incorporação das fontes internacionais extraconvencionais ao Direito 
Brasileiro ......................................................................................................................................................125 
13A. Extradição. Evolução histórica. Princípios e características da extradição. Vedações e limites à extradição. 
Trâmite e fases da extradição. Execução da extradição. Incidência de direitos fundamentais na extradição..127 
13B. Tribunal Penal Internacional. Origem. Composição e órgãos. Jurisdição do Tribunal Internacional Penal e 
seus limites. Princípios regentes. Processamento de casos. Cooperação do Estado com o Tribunal Penal 
Internacional. Entrega. Penas. A Constituição e o Estatuto do Tribunal Penal Internacional. .........................134 
13C. Reconhecimento e execução de sentença estrangeira. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
e a homologação de sentença estrangeira. Requisitos, trâmite e características da homologação de sentença 
estrangeira. Incidência de direitos fundamentais na homologação de sentença estrangeira. ........................138 
14A. Direito Internacional do Meio Ambiente. Evolução histórica. Tratados ratificados pelo Brasil. Impacto no 
Direito brasileiro. Princípios. Regime jurídico do combate aos efeitos nocivos da mudança climática. Regime 
jurídico da proteção atmosférica e combate à poluição do ar. ......................................................................141 
14B. Assistência jurídica internacional. Auxílio direto. Requisitos, trâmite e características. Tratados 
internacionais celebrados pelo Brasil sobre o auxílio direto cível e criminal. Incidência dos direitos 
fundamentais no auxílio direto. ....................................................................................................................143 
14C. Terrorismo e o Direito Internacional. Tratados internacionais e deliberações de organizações 
internacionais sobre a repressão ao terrorismo. ...........................................................................................151 
15A. A Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças e seu Regime Jurídico. 
Competência da Justiça Federal. Atribuições do Ministério Público Federal e da Advocacia Geral da União. 
Autoridade Administrativa Central. O Trâmite Administrativo e Processual do Pedido de Devolução. ...........153 
15B. Domínio marítimo. Jurisdição sobre embarcações no alto mar. Uso da força no alto mar. Ilhas costeiras e 
oceânicas. Navios e aeronaves no Direito Internacional. Jurisdição do Estado costeiro: alcance e limites. 
Solução de controvérsias do Direito do Mar. ................................................................................................155 
15C. Regime jurídico da proteção dos oceanos e recursos hídricos. Regulamentação internacional da pesca. 
Tratamento internacional dos resíduos e substâncias perigosas. ..................................................................158 
16A. Personalidade internacional. Sujeitos especiais no Direito Internacional. Indivíduo no Direito 
Internacional. Santa Sé. Beligerantes. Insurretos. Movimentos de libertação nacional. Organizações não 
governamentais. Estados federados e entes federados perante o Direito Internacional................................161 
16B. Assistência jurídica internacional. Carta rogatória. Requisitos, trâmite e características. O exequatur. 
Tratados internacionais celebrados pelo Brasil sobre carta rogatória. Incidência dos direitos fundamentais na 
carta rogatória. ............................................................................................................................................163 
16C. Organização Internacional. Personalidade Jurídica. Elementos constitutivos. Evolução. Espécies e 
finalidades. Funcionamento. Poder normativo das organizações internacionais: alcance e limites. Acordo de 
sede. ............................................................................................................................................................163 
17A. A proteção internacional da democracia. A atuação da Organização dos Estados Americanos na defesa 
da democracia. A Carta Democrática Interamericana e demais diplomas normativos internacionais. A cláusula 
democrática do Mercado Comum do Sul e seus procedimentos. ..................................................................167 
17B. Domínio marítimo. Regime jurídico do Mar Territorial, Zona Contígua, Plataforma Continental e Zona 
Econômica Exclusiva. Delimitação de fronteiras marítimas. Estreitos e canais. Ilhas e arquipélagos. Direito de 
passagem inocente. ......................................................................................................................................168 
17C. Cooperação jurídica internacional. Evolução e fundamentos. Via diplomática. Via da autoridade 
central. Via do contato direto entre autoridades. Cooperação policial. A Constituição e os tratados celebrados 
pelo Brasil sobre cooperação jurídica internacional. .....................................................................................171 
4 
 
18A. Prestação de alimentos no exterior. Tratados internacionais sobre prestação de alimentos no exterior 
celebrados pelo Brasil. Convenção de Nova York de 1956. Atribuições do Ministério Público Federal como 
autoridade central na cooperação ativa e passiva. Competência da Justiça Federal. A ação de auxílio direto 
proposta pelo Ministério Público Federal. ....................................................................................................171 
18B. Regime Jurídico dos Crimes Internacionais. Os Crimes de Jus Cogens. Crime de Agressão. Crime de 
Genocídio. Crimes de Guerra. Crimes contra a Humanidade. Elementos dos Crimes Internacionais. Dever de 
Cooperar na Investigação e Persecução de Crimes Internacionais. ................................................................173 
18C. Regime Jurídico internacional do controle de armas. Não proliferação nuclear e sua fiscalização..........176 
19A. Direito Internacional Humanitário. Classificação de suas normas. Os princípios do Direito InternacionalHumanitário. A Cláusula Martens e o costume internacional no Direito Internacional Humanitário. Os tratados 
de Direito Internacional Humanitário celebrados pelo Brasil.........................................................................178 
19B. Migrações. Tratados, declarações e organizações internacionais sobre os direitos dos migrantes. 
Precedentes internacionais sobre os direitos dos migrantes. ........................................................................181 
19C. Regime Jurídico Internacional da Apatridia e da Polipatria. Nacionalidade e o Regime Jurídico Especial 
Dado aos Portugueses. Regime Jurídico do Tratamento de Nacionais de Países do Mercado Comum do Sul 
(Mercosul) ....................................................................................................................................................184 
20A. Direito Internacional dos Refugiados. Evolução histórica: origem e fases. O Alto Comissariado das Nações 
Unidas para os Refugiados. Os dispositivos convencionais, legais e administrativos referentes ao refúgio. Tipos 
de perseguição. O papel dos órgãos internos e o controle judicial. ...............................................................187 
20B. Proteção diplomática. Evolução histórica. Elementos. Esgotamento prévio dos recursos internos. .......190 
20C. Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Natureza Jurídica. Acordo de Sede e Imunidades. Finalidades, 
Funções, Atividades e Proteção de Acordo com o Direito Internacional Humanitário ....................................193 
21A. Órgãos das relações entre Estados. Relações diplomáticas e consulares. Missões diplomáticas e 
consulares. Regime jurídico dos agentes diplomáticos e consulares. Imunidades de agentes públicos no Direito 
Internacional: conteúdo, alcance e limites. Regime de tropas estacionadas por força de tratado. ................196 
21B. Direito da Integração Regional. Tipologia. Organização Internacional Supranacional. Mercado Comum do 
Sul. Evolução. Características. Estrutura, atividades e funções de seus órgãos. Principais atos institutivos. 
Poder normativo e deliberações. Relação com o Direito brasileiro. ...............................................................198 
21C. Direito de autotutela: sanções, sanções "inteligentes", contra-medidas, retorsão e represálias. O 
tratamento jurídico internacional da intervenção humanitária unilateral e coletiva. .....................................201 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1A. Desenvolvimento histórico do Direito Internacional Público. Terminologia. A sociedade internacional e suas 
características. A expansão qualitativa e quantitativa do Direito Internacional. Princípios que regem as relações 
internacionais do Brasil. 
 
Sérgio Corrêa de Carvalho 02/09/2018 
Fonte: Direito Internacional Público e Privado, Paulo Henrique Gonçalves Portela; Direito Internacional Público e Privado, Maria Beatriz Ribeiro Gonçalves; 
Pluralidade das Ordens Jurídicas: uma nova perspectiva na relação entre o direito internacional e o direito constitucional, A ndré de Carvalho Ramos; A 
Constitucionalização do Direito Internacional e a incorporação de Tratados Internacionais pelos Estados Membros do Mercosul, Fernanda Brusa Molino. 
 
I. Desenvolvimento histórico do Direito Internacional Público 
 
Sendo uma tentativa de reger as relações entre nações, não há marco exato para o nascimento do Direito 
Internacional. Hoje a necessidade de relações entre países é premente, mas o intercâmbio entre as nações sempre 
existiu. 
Há registros de regras sobre relações internacionais desde a Antiguidade, entre os Hititas, em 1272 a.C. 
Aponta-se que o Direito Internacional tornou-se ramo autônomo do Direito Público no século XVII, com o tratado 
de Westfalia (1648) que contou com a participação ativa do holandês Hugo Grotius, que então ficou conhecido 
como o “pai do Direito Internacional”. 
Pode-se distinguir duas fases no Direito Internacional Público: a fase clássica (até a II Guerra Mundial), 
centrada nas relações entre os Estados soberanos, na qual o DIP se ocupava principalmente do Direito à Guerra e 
das questões relacionadas à colonização; e a fase moderna ou contemporânea (após a II Guerra Mundial), focada 
na proteção dos direitos humanos e construção de uma sociedade mundial mais justa, em que surgem questões 
como limitação ao poder soberano dos Estados, regulação do uso da força, Direito Humanitário e o surgimento 
de Organizações Internacionais temáticas e/ou regionais de criação e aplicação de normas internacionais. 
 
II. Terminologia 
 
O termo “Direito Internacional” foi empregado pela primeira vez em 1780, pelo inglês Jeremy Bentham, 
em sua obra An Introduction to the of Moral and Legislation, com o intuito de diferenciar o Direito que cuida das 
relações entre os Estados, também designados em inglês como nations, do Direito nacional (National Law) e do 
Direito municipal (Municipal Law). 
Posteriormente, por influência francesa, foi incluído o termo “público”, aludindo ao interesse geral da 
matéria regulada pelo Direito Internacional, bem como para distingui-lo do Direito Internacional Privado, ramo 
do Direito cujo objeto principal é definir qual a ordem jurídica, nacional ou estrangeira, aplicável aos conflitos de 
leis no espaço em relações privadas com conexão internacional. 
A expressão é criticada por parte da doutrina, visto que palavra nation também significa “nação”, noção 
que não se confunde com a de “Estado”. Entretanto, a denominação “Direito Internacional” é de uso corrente na 
atualidade. Em todo caso, ainda há autores que se referem ao Direito Internacional como “Direito das Gentes”, 
tradução literal do jus gentium do Direito Romano e que predominava até o século XVIII, ou jus inter gentes, 
expressão cunhada no século XV por Francisco de Vitória, que significaria “Direito entre Estados”. 
E ́comum a referência ao Direito Internacional Público (e também ao próprio Direito Internacional Privado) 
simplesmente como “Direito Internacional”, embora haja diferenças importantes no ao objeto das duas 
disciplinas. 
 
III. A sociedade internacional e suas características 
 
A doutrina aponta o uso incorreto das expressões “comunidade internacional” e “sociedade 
internacional” como sinônimas. 
A comunidade fundamenta-se em vínculos espontâneos e de caráter subjetivo, envolvendo identidade e 
laços culturais, emocionais, históricos, sociais, religiosos e familiares comuns. Caracteriza-se pela ausência de 
dominação, pela cumplicidade e pela identificação entre seus membros, cuja convivência é naturalmente 
harmônica. 
Já a sociedade apoia-se na vontade de seus integrantes, que decidiram se associar para atingir certos 
objetivos que compartilham. É marcada, portanto, pelo papel decisivo da vontade, como elemento que promove 
a aproximação entre seus membros, e pela existência de fins, que o grupo pretende alcançar. 
6 
 
Considerando estes aspectos, a doutrina considera não haver uma “comunidade internacional”, mas tão 
somente uma “sociedade internacional”, que seria um conjunto de vínculos entre diversas pessoas e entidades 
interdependentes entre si, que coexistem por diversos motivos e que estabelecem relações que reclamam a 
devida disciplina. 
Algumas características da sociedade internacional são apontadas. Vejamos: 
1. A sociedade internacional é universal, ou seja, abrange o mundo inteiro, ainda que o nível de 
integração de alguns de seus membros às suas dinâmicas não seja tão profundo. Deste modo, 
ainda que um certo Estado adote uma política externa isolacionista deverá, no mínimo, se 
relacionar com o Estado com o qual tem fronteira. 
2. A sociedade internacional é heterogênea, havendo a integração de atores que podem apresentar 
significativas diferenças entre si, de cunho econômico, cultural etc. A maior ou menor 
heterogeneidade influenciará decisivamente o processo de negociação e de aplicação das normas 
internacionais, que poderá ser maisou menos complexo. 
3. Parte da doutrina defende que a sociedade internacional é interestatal, ou seja, composta 
meramente por Estados. Todavia, este entendimento se tornou ultrapassado desde que as 
organizações internacionais se firmaram como sujeitos de Direito Internacional. Outrossim, 
atualmente há participação de empresas, ONGs e até mesmo de indivíduos nas relações 
internacionais. 
4. A sociedade internacional é descentralizada, não havendo um poder central internacional ou um 
governo mundial, mas vários centros de poder, como os próprios Estados e as organizações 
internacionais, não subordinados a qualquer autoridade maior. Logo, a sociedade internacional é 
caracterizada não pela subordinação, mas sim pela coordenação de interesses entre seus 
membros. 
 
IV. A expansão qualitativa e quantitativa do Direito Internacional 
 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o resultado das atividades oriundas do Nazismo, houve uma 
preocupação da comunidade internacional em criar mecanismos para reprimir tal repetição de fatos e violações 
de direitos. Consequentemente, entre os mecanismos criados são elencados a Organização das Nações Unidas e 
a elaboração de tratados internacionais para tal fim. Por conseguinte, houve uma expansão quantitativa e 
qualitativa de normas internacionais. 
Neste contexto, a expansão quantitativa seria o aparentemente inesgotável manancial de produção de 
normas internacionais sobre os mais diversos campos da conduta social. Esse furor normativo criou obrigações 
invasivas, aptas a reger a conduta das sociedades internas (e não somente a conduta dos estados no campo 
diplomático, interestatal), como é o caso das obrigações de Direitos Humanos, de comércio internacional, de 
regime de benefícios tributários etc. 
Já́ a expansão qualitativa consiste no fortalecimento de procedimentos internacionais de interpretação e 
cumprimento das normas, superando, em vários sub-ramos do Direito Internacional, a tradicional 
descentralização e fragilidade na execução das normas internacionais. 
É importante observar que a expansão quantitativa do Direito internacional – com a elaboração de 
diversos tratados – preparou uma expansão qualitativa, com a criação de inúmeros tribunais internacionais e 
órgãos quase-judiciais que fornecem uma interpretação imparcial e concretizam o dever de cumprimento das 
normas internacionais. Há, na atualidade, uma proliferação dos próprios mecanismos de solução de controvérsia, 
gerando a constitucionalização do Direito internacional. 
Deste modo, tem-se a constitucionalização do Direito Internacional, que consiste em um fenômeno pelo 
qual o Direito internacional adapta institutos outrora reservados ao Direito Constitucional, como, por exemplo, 
criação de tribunais, proteção de direitos fundamentais, rule of law, acesso direto de indivíduos, julgamento de 
indivíduos no campo penal (até com pena de caráter perpétuo), entre outros. 
 
V. Princípios que regem as relações internacionais do Brasil 
 
A própria Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 4º, faz menção às relações 
internacionais desta nação e enumera os princípios que devem informá-la: 
 
7 
 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
Outrossim, o parágrafo único do citado artigo, afirma-se que a “República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações”. 
 
1B. Princípios do Direito Internacional Privado. Igualdade e tolerância no Direito Internacional Privado. 
Interpretação e aplicação do direito estrangeiro. Prova do direito estrangeiro. Reenvio. 
 
Isadora Carvalho 
 
Princípios gerais de DIPr: caracterizam-se pela abertura e servem para (i) integrar as lacunas do Direito 
Internacional e ainda para (ii) balizar a interpretação das demais normas. São contextuais, variando conforme a 
época. A extração de princípios no plano internacional tem a vantagem de contar com a aceitação dos Estados, já 
que se originam de normas internacionais. Assim, o Dipr contemporâneo caracteriza-se pela gestão da 
diversidade normativa e jurisdicional da vida privada do indivíduo, em um contexto marcado pelo respeito à 
diversidade e direitos humanos. Por isso, os princípios gerais (reconhecidos em precedentes internacionais) que 
impactam essa gestão da diversidade são, ao mesmo tempo, fontes do DIPr. 
São eles: 1) P. da proteção e respeito à dignidade humana: dignidade enquanto valor central no Dipr 
contemporâneo. Reconhecimento de que cada indivíduo - nacional ou estrangeiro - envolvido nos fatos 
transnacionais tem o direito de ser respeitado pelos demais e também deve reciprocamente respeitá-los. A 
dignidade humana consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o protege contra todo 
tratamento degradante e discriminação odiosa, bem como assegura condições materiais mínimas de 
sobrevivência. Tal princípio advém de diversos tratados (ex. DUDH; Pactos de 1966; CADH; Carta de direitos 
fundamentais da EU); 2) P. da igualdade de tratamento e vedação da discriminação: exigência de um tratamento 
sem discriminação odiosa a todos os envolvidos nosfatos transnacionais. Tem fundamento na universalização dos 
direitos humanos, uma vez que todos os seres humanos – nacionais ou estrangeiros - são iguais em direitos. Além 
das 2 facetas complementares da igualdade (a formal e a material), o Dipr também se importa com a igualdade 
de reconhecimento de identidades próprias, distintas dos agrupamentos hegemônicos. Ficam consagradas, 
então, as lutas pelo reconhecimento da igualdade orientada pelos critérios de origem, gênero, orientação sexual, 
idade, raça, etnia, entre outros; 3) P. da autonomia da vontade e da proteção da parte vulnerável: poder que as 
partes de um negócio jurídico têm de regular o conteúdo das relações nele inseridas. Autorregulamentação de 
interesses particulares, limitada pelas normas jurídicas. Tal princípio é ponderado pela proteção da parte 
vulnerável, uma vez que o respeito à liberdade de agir no fato transnacional pressupõe o equilíbrio entre os 
envolvidos. Do contrário, não existirá liberdade, mas imposição da posição do mais forte, a ensejar a intervenção 
do Estado, impondo limites à autonomia da vontade e restaurando sua premissa original, que é a liberdade de 
agir sem coerção; 4) P. da proteção da diversidade cultural: respeito às formas originais e plurais de identidades 
dos mais diversos indivíduos envolvidos nos fatos transnacionais, evitando a hegemonia da visão de mundo do 
Estado do foro. Os direitos culturais são reconhecidos como parte da gramática dos direitos humanos (DUDH). As 
formas plurais e originais de expressões culturais não são estanques e interagem (intercâmbios inesperados, 
nascendo a "interculturalidade": existência e e interação equitativa de diversas culturas, assim como a 
possibilidade de geração de expressões culturais compartilhadas por meio do diálogo e respeito mútuo). A 
diversidade cultural é patrimônio comum da humanidade e fortalece democracia, tolerância, justiça social e 
mútuo respeito; 5) P. da cooperação internacional leal: a interdependência entre os Estados e a expansão 
quantitativa e qualitativa do Dipr impede eventual isolacionismo no tratamento dos fatos transnacionais. Desde 
8 
 
a Carta da ONU os Estados assumiram o dever de cooperar, com base na boa-fé; 6) P. do respeito ao acesso à 
justiça e ao devido processo legal: proteção judicial adequada para a regência do fato transnacional. Tal princípio 
é fundamental na determinação da jurisdição e no reconhecimento e execução de deliberações estrangeiras,evitando a denegação de justiça e eventual prestação jurisdicional arbitrária e xenófoba. Tem faceta formal 
(acesso ao Judiciário) e material (efetivação do direito por meio do devido processo legal em prazo razoável); 7) 
P. da segurança jurídica ou da uniformidade de tratamento: exigência da mesma solução para os fatos 
transnacionais, não importando o país no qual tenha sido prolatada a decisão ou emanada a interpretação das 
normas de regência. Está em linha com o p. da igualdade. A segurança jurídica no Dipr tem faceta objetiva 
(imunização de atos jurídicos transnacionais de alterações posteriores. Irretroatividade da lei) e subjetiva (p. da 
confiança). 
Igualdade e tolerância no Direito Internacional Privado. A centralidade do DIPr na nova globalização 
está na tolerância e respeito às diferenças, no reconhecimento do outro e na promoção de direitos de todos os 
envolvidos os fatos transnacionais. Gestão da diversidade normativa e jurisdicional à luz dos direitos humanos 
evitando amesquinhamento de direitos e situações de intolerância, xenofobia e chauvinismo jurídico, 
concretizando, no plano da gestão dos fatos plurilocalizados, o ideal de uma sociedade inclusiva. O valor de 
tolerância à diversidade representa a essência do DIPr, uma vez que a possibilidade de uso de direito estrangeiro 
e implementação de decisões judiciais de outro Estado caracterizam a disciplina. Caso simplesmente o direito 
local repelisse o direito estrangeiro (xenofobia jurídica), não existiria o DIPr. 
 
Aplicação do direito estrangeiro. Fontes do direito estrangeiro: As fontes formais do direito estrangeiro 
obedecem seu próprio sistema, podendo inclusive abranger fontes não aceitas como vinculantes pelo Estado do 
foro, como o costume ou doutrina. Há um critério para delimitar o direito estrangeiro: o seu uso pelo juiz local. 
Assim, é todo o direito vigente privado ou público utilizado pelos próprios juízes estrangeiros. No tópico ACR fala 
sobre a “natureza das normas estrangeiras” (as normas de direito privado ou não), que é questão indiferente ao 
DIpr (já que mesmo normas de direito público estrangeiro podem ser indicadas), e também sobre “as 
controvérsias de Dipr” sobre a aplicação das normas estrangeiras pelo Estado do foro” (ex. norma produzida por 
meio de ofensa a normas internacionais, como no caso lei estrangeira sobre determinado território sob ocupação 
estrangeira ilícita: a lei do ocupante, nessa hipótese, não deve ser usada pelo DIPr). Sobre esse último ponto: 
Exige-se que a interpretação do direito estrangeiro esteja alinhada com a integridade das normas internacionais. 
O DIPr não pode isolar-se e pretender que a aplicação de suas normas se dê em descompasso com as normas 
internacionais, sob a justificativa de que o objeto do DIPr envolve somente interesses privados. Por outro lado, as 
divergências entre o Estado do foro e o Estado estrangeiro devem ser relevadas, caso não haja nenhuma norma 
internacional violada. 
Natureza do direito estrangeiro a ser aplicado: 1) corrente da equiparação fática: É negacionista: 
Defende a equiparação fática, pela qual o direito estrangeiro é assimilado a um fato que deve ser provado e 
apreciado segundo as regras processuais do Estado do foro. Negação do direito estrangeiro, pois este não seria 
aplicável além do território de um Estado e a lex fori só reconhece situações consolidadas no exterior. Gera o 
inconveniente de descaracterizar a obrigatoriedade do uso do direito estrangeiro estabelecido pela própria regra 
de conexão do foro, que ficaria ao sabor da vontade do interessado em invocar o direito estrangeiro.; 2) corrente 
do reconhecimento jurídico: o direito estrangeiro é considerado como norma jurídica, mas há divergências no 
seu seio a respeito de que "tipo de direito" seria (se tem natureza própria; se é incorporado em norma nacional - 
teoria da recepção material; ou se o direito estrangeiro é incorporado no foro como como direito, mas preserva 
o alcance e sentido impostos pela ordem estrangeira - teoria da recepção/remissão formal). A diferença entre as 
duas correntes impacta na aplicação do direito estrangeiro: se for considerado fato, cabe a parte interessada 
alegar e provar; se for considerado direito, é possível exigir que o julgador aplique o direito de ofício, mas nasce 
o problema do modo de interpretação (se de acordo com a lei do foro ou conforme a interpretação estrangeira). 
No Brasil, adota-se a corrente do reconhecimento jurídico: É dever do juiz aplicar o direito estrangeiro de ofício 
(o que está de acordo com o art. 480 do Cód. de Bustamante). Caso o juiz não conheça o direito estrangeiro, pode 
determinar a "quem o invoca" (LINDB) ou "a parte que alegar" (CPC/2015), o que não impede que (i) a parte 
espontaneamente produza tal prova ou ainda que (ii) o juiz diligencie nesse sentido. Caso o juiz não exija tal 
colaboração da parte, é seu dever conhecer do teor, vigência e interpretação do direito estrangeiro, gerando 
impactos na interpretação da norma. Logo, o juiz nacional, assim, ao se deparar com a necessidade de aplicação 
do direito estrangeiro deve seguir as seguintes regras: (i) aplicar a norma estrangeira de ofício, como 
consequência direta do DIPr e do acesso à tutela justa; (ii) caso não conheça a norma estrangeira e, mesmo 
9 
 
dispondo da possibilidade de determinar à parte que produza a prova do direito estrangeiro, deve diligenciar e 
buscar o texto faltante", em face do seu dever de aplicar a lei cabível de ofício e decidir a lide (a chamada proibição 
do non liquet- art. 140 do CPC'); (iii) caso, mesmo após sua diligência, não conheça o teor e a vigência, deve exigir 
da parte que o alegou a prova do direito alegado; e (iv) as partes (mesmo aquela que nada alegou) podem 
espontaneamente apresentar o direito invocado. 
Meios de Prova: A prova do direito estrangeiro pode ser obtida por todos os meios admitidos no 
ordenamento do Estado do foro, ex: (i) prova documental pela apresentação do texto; (ii) prova pericial (parecer 
de advogados ou professores); (iii) informação do próprio Estado estrangeiro sobre a vigência, sentido e alcance 
legal do direito; e (iv) prova testemunhal. O Código Bustamante prevê no art. 409 que o texto legal estrangeiro, 
sua vigência e sentido, podem ser demonstrados mediante certidão, devidamente legalizada, de dois advogados 
em exercício no Estado estrangeiro, e o art. 410 possibilita ao juiz solicitar, de ofício, pela via diplomática, antes 
de decidir, ao Estado de cuja legislação se trate, que este forneça um relatório sobre (i) o texto, (ii) a vigência e 
(iii) o sentido do direito aplicável. Esse relatório pode ser fornecido pelo mais alto tribunal, pela Procuradoria-
Geral, pela Secretaria ou pelo Ministério da Justiça (art. 411). A Convenção Interamericana sobre Prova e 
Informação acerca do Direito Estrangeiro, adotada em Montevidéu (1979), prevê a consulta para prova e 
informação sobre o direito estrangeiro, por meio de autoridade central. O Protocolo de Cooperação e Assistência 
Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa (Protocolo de Las Lenas") também prevê o 
pedido de informação de direito por intermédio da Autoridade Central (no Brasil, também o Ministério da Justiça). 
Isso facilita o trabalho do juiz ao sentenciar, pois pode se valer da via célere da autoridade central para receber 
informação atual do direito estrangeiro. 
Interpretação do direito estrangeiro: a corrente do reconhecimento jurídico subdividiu-se, para 
justificar a aplicação do direito estrangeiro como norma jurídica pelo juiz nacional, em três: (i) a teoria da remissão 
ou recepção material, (li) a teoria da remissão ou recepção formal e (iii) a teoria da aceitação. As teorias da 
recepção (pelas quais só teria validade se fosse incorporada ou recepcionada pelo direito nacional) já estão 
ultrapassadas, pois incompatíveis com a pluralidade de fontes do DIpr. Vige, hoje, a teoria da aceitação, pois esta 
em linha com o objetivo de gestão da diversidadenormativa e jurisdicional do DIpr à luz dos DH, baseado na 
tolerância e na diversidade: aceitar o direito estrangeiro como tal não ofende a soberania nacional, uma vez que 
a realização de justiça e respeito ao outro é também objetivo dos Estados na atualidade. A pluralidade de fontes 
do DlPr (nacional e internacional) não exige mais que seja debatida a aplicabilidade do direito estrangeiro por 
meio das teorias da recepção. Pelo contrário, há um dever internacional que considera que a norma estrangeira 
é a norma reguladora daquele fato transnacional. A norma internacional de DIPr, p. ex., obriga todo o Estado a 
fazê-la valer internamente, sob pena de responsabilização internacional e descumprimento - no caso brasileiro - 
da própria Constituição, que assegura o respeito aos tratados celebrados. A consequência da teoria da aceitação 
é a exigência de que a interpretação da lei estrangeira seja feita conforme a hermêutica do Estado de origem, 
uma vez que não se trata de "direito nacional" ou "direito estrangeiro incorporado", mas simplesmente direito 
estrangeiro, ou seja, o juiz brasileiro deve aplicar a norma estrangeira como se juiz estrangeiro fosse. “Caso dos 
empréstimos franco-brasileiros”: A CPJI decidiu que, após ter sido indicada a lei estrangeira, esta deve ser aplicada 
como o seria no próprio Estado estrangeiro. A Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito 
Internacional Privado, Montividéu 1979, diz que "os juízes e as autoridades dos Estados-Partes ficarão obrigados 
a aplicar o direito estrangeiro tal como o fariam os juízes do Estado cujo direito seja aplicável, sem prejuízo de 
que as partes possam alegar e provar a existência e o conteúdo da lei estrangeira invocada" (art. 2°). Logo, para 
cumprir a indicação da regra de DIPr, é necessário o uso da interpretação fixada pelo Estado de origem da 
norma. Para assegurar isso, é necessário que cada Estado possua recursos cabíveis contra interpretações errôneas 
do direito estrangeiro ou negativa de sua aplicação. Nesse sentido, o Cód. de Bustamante prevê o “recurso de 
cassação ou instituição correspondente” para os casos de violação, interpretação errônea ou aplicação indevida 
da lei estrangeira (art. 412). No Brasil, o STF admitiu recurso contra decisão que aplicou o direito estrangeiro 
diversamente do que constava da interpretação dominante no Estado estrangeiro de origem. Na atualidade, caso 
determinado TJ interprete o direito estrangeiro de modo diverso do feito no Estado estrangeiro, é cabível recurso 
especial ao STJ, justamente para uniformizar a aplicação da norma estrangeira no Brasil. 
Falha na prova do direito estrangeiro: 1) Uso da lex fori (posição STJ); 2) Imposição do ônus da prova 
(na falta de previsão legal de aplicação da lex fori, deve-se julgar não provada a pretensão baseada no dispositivo 
da lei estrangeira. A crítica a esse entendimento consiste na indevida equiparação do direito estrangeiro a um 
fato que, se não provado, prejudica quem o alegou em proveito próprio); 3) Converter o julgamento em diligência 
(crítica a essa corrente é que sua aplicação pode prolongar excessivamente os litígios, ofendendo o direito ao 
10 
 
devido processo legal em prazo razoável. Além disso, essa opção é, em abstrato, incompleta, pois não explica o 
que o juízo deve fazer caso a diligência fracasse; 4) Julgar de acordo com o direito provável existente (A crítica a 
tal posicionamento é o aumento exponencial de arbítrio judicial no julgamento do litígio); 5) Uso de analogia e 
princípios gerais de direitos (para essa corrente a ausência de prova do direito estrangeiro é equivalente a uma 
lacuna que deve ser preenchida, art. 4º LINDB); 6) Uso de regra de conexão subsidiária (EX. caso o direito 
estrangeiro indicado pela lei do domicílio não seja provado, utiliza-se a lei da residência, tal qual consta do DlPr 
brasileiro. Crítica: essa corrente também é incompleta, pois nada obsta que não haja prova também do direito 
estrangeiro indicado pela regra de conexão subsidiária. 
Problemas na aplicação do direito estrangeiro: 
1) questão prévia/preliminar/incidente: quando em uma mesma situação com elemento de 
estraneidade há uma questão prejudicial e uma questão principal, havendo dúvida sobre quais regras de conexão 
usar para indicar o direito aplicável a cada uma dessas questões, há 2 posições: corrente da conexão subordinada 
(impõe à questão prévia a mesma regra de conflito que foi utilizada para determinar o direito material da questão 
principal) e corrente do desmembramento ou dépeçage (utilização de uma regra de conexão específica para cada 
categoria jurídica envolvida na situação transnacional, sendo, assim, corrente da conexão autônoma). A LINDB 
foi omissa, o que aponta para o uso da corrente da conexão autônoma, uma vez que nada autoriza o desprezo da 
regra de conexão específica da questão prévia em favor do consequente uso da regra de conexão da questão 
principal. 
2) adaptação/aproximação: ajuste pelo julgador das normas estrangeiras (matéria ou regras de 
conflito) com os institutos da lei do foro a fim de evitar resultados injustos. A adaptação pode ocorrer, p.ex., 
quando se está diante de instituto desconhecido no foro. 
3) conflito móvel: é a modificação das situações fáticas que incidem sobre os elementos de conexão 
(ex. mudança fática do lugar do domicílio, do lugar de origem da nacionalidade, do lugar da residência habitual 
ou da situação de um bem móvel), gerando, consequentemente, novo direito indicado. Retrata conflito de leis no 
espaço (não no tempo), mobilidade da situação jurídica pelos diferentes Estados: A regra de conexão é a mesma, 
mas, em virtude da alteração fática de componente do elemento de conexão, altera-se o direito indicado para 
reger a situação transnacional, atraindo uma “conexão móvel” e havendo a competência sucessiva de distintas 
leis materiais para reger o fato transnacional. A dúvida é saber, em todos os casos de elemento de conexão, qual 
é o momento temporal que deve ser levado em consideração para a indicação final do direito material de 
regência. A solução é verificar a existência de regras internacionais ou nacionais. Na ausência, ACR aponta 2 
correntes: (i) a corrente da regra intertemporal, para a qual cabe aplicar, ao conflito móvel, o mesmo critério de 
solução dado à temática do direito intertemporal do Estado do foro. Ex. indivíduo que já atingiu o limite etário 
para ser considerado capaz (por exemplo, 14 anos) e, com a alteração de domicílio para o Brasil, perde tal 
capacidade por lhe faltar ainda alguns anos (novo limite sendo 18 anos). Não há direito adquirido a um regime 
jurídico (capacidade plena) para os novos contratos que venha a celebrar.; (ii) corrente da solução internacional, 
que defende a predominância de uma solução especificamente internacional, adaptada às funções e objetivos da 
regra de DIPr analisada. Critica a corrente da regra intertemporal por querer resolver o conflito de leis materiais 
no espaço usando regras de solução de conflitos no tempo. Ex: Tribunal israelense que não declara nulo 
matrimônio celebrado no estrangeiro em desacordo com a lei do local da celebração por entender que a mudança 
de domicílio para Israel conferiu eficácia a um casamento nulo na origem, em uma validade retroativa. A 
preservação da validade do casamento impediu a aplicação da regra intertemporal. 
4) uso da lei mais favorável: (i) dispositivos nacionalistas (afastamento de determinado direito material 
para favorecer o sujeito ou o interesse nacional. Ex. art. 5º, XXXI, CF: “a sucessão de bens de estrangeiros situados 
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus") e (ii) dispositivos de proteção de valores (regras que permitem a 
escolha, pelo intérprete, do direito material que melhor protege determinado interesse mencionado na regra de 
conexão. Relaciona-se com o método indireto flexível, regras deconexão alternativas. Ex. lei mais favorável à 
validade do matrimônio e do testamento à indenização da vítima do dano). 
Reenvio/retorno/devolução: estudo das regras de Dipr do ordenamento estrangeiro a partir de regras 
de conflito do foro, para que seja (i) confirmada a indicação original, aplicando-se então o direito material 
estrangeiro ou (ii) seja recusada a indicação, sendo apontado outro ordenamento para reger o fato transnacional. 
A origem do instituto está nas diferentes escolhas dos Estados no que diz respeito às regras de conexão, tanto 
objeto de conexão (categorias jurídicas nas quais a situação transnacional é inserida) quanto no elemento de 
conexão (os vínculos a um determinado ordenamento). No reenvio a divergência encontra-se entre os elementos 
11 
 
de conexão. Há um conflito negativo de sistemas, pois o DIPr do Estado do foro indica um determinado 
ordenamento estrangeiro, mas este ordenamento estrangeiro (por meio do seu próprio DIPr) não quer regular o 
fato transnacional, devolvendo a temática ao Estado do foro ou reenviando ao ordenamento de um Estado 
terceiro''. 
Tipos de reenvio: a) reenvio de primeiro grau/indireto/retorno de competência: caso clássico de 
reenvio é o da divergência entre a lei da nacionalidade e da lei do domicílio para reger a capacidade jurídica de 
determinada pessoa. Determinado Estado X, adotante da lei do domicílio, analisa a capacidade de seu nacional 
domiciliado no Estado Y, que adota a lei da nacionalidade. Pelo instituto do reenvio, o Estado X deve consultar, 
primeiro, o Direito Internacional Privado de Y, que, por adotar a lei da nacionalidade, ordenaria que fosse aplicado 
o direito material de X(lei da nacionalidade, pois o indivíduo é apenas domiciliado em Y, tendo a nacionalidade de 
X); b) reenvio de segundo grau/transmissão de competência: quando há uma segunda remissão, ou seja, se o 
DIpr de X remeter ao Dipr de Y e esse indicar o direito de um terceiro Estado W. Pode haver reenvio de 3º, 4º 
graus, etc. 
Com a aceitação do reenvio por diversos Estados, houve a adoção de variantes em vários países: a) 
teoria da referência global ao direito estrangeiro (fortalece o reenvio ao sustentar que não há como separar a 
aplicação do direito estrangeiro em (i) normas materiais e (ii) normas de conflito, devendo aquele ser aplicado 
como um todo); b) duplo reenvio (atividade de replicar no Estado do foro a solução que seria dada pelos tribunais 
do país cujo direito a lex fori indicou ser aplicável à relação); c) reenvio de primeiro grau simples (caso seja feita 
referência à lei de outro país e suas normas de conflito remeterem de volta à lei do foro, esta última será aplicada); 
d) reenvio oculto (surgiu a partir da inexistência, em alguns países, de regras próprias de conflito de leis. É a 
simulação do reenvio, caso não haja regra de DlPr no Estado estrangeiro); e) reenvio de ordem pública (aceitação 
do reenvio desde que a lei material ao final indicada não viole a ordem pública do Estado estrangeiro cuja lei 
material, sem o reenvio, regularia hipoteticamente a situação) 
A defesa do reenvio e variações do seu uso: o fundamento do reenvio aponta que não se deve utilizar 
o direito material de um Estado que não o aplicaria, caso o mesmo fato transnacional hipoteticamente tivesse 
que ser lá julgado. Com o reenvio, o juiz do foro age na escolha da lei como se juiz estrangeiro fosse, aplicando, 
de início, o Direito Internacional Privado estrangeiro e, depois, o direito material indicado. P/ quem defende o 
reenvio, há o argumento de respeito à soberania do Estado estrangeiro e aos direitos adquiridos; harmonia nas 
decisões sobre o mesmo fato transnacional; forma de coordenação entre os sistemas que evita insegurança e 
ofensa à igualdade. OBS: No plano convencional, os tratados de DPr em geral não aceitam o reenvio, fazendo 
menção somente à lei material para regular os fatos transnacionais, uma vez que, por definição na redação dos 
tratados, entende-se que aquela regra de conexão é a mais apropriada para todos os Estados contratantes e deve 
ser uniformemente utilizada, concretizando o universalismo do DIPr. 
O reenvio não é admitido no Brasil: a introdução ao CC/1916 era omissa (Beviláquia e Valladão 
admitiam o reenvio implícito na época, e a jurisprudência também). A LICC (atual LINDB) proibiu o reenvio no art. 
16. 
 
1C. Prerrogativas e imunidades das organizações internacionais. Incorporação ao direito brasileiro das 
deliberações de organizações internacionais. Extinção e sucessão das organizações internacionais. 
Responsabilidade internacional das Organizações internacionais e a proteção funcional. 
 
Marília Siqueira 
 
A) PRERROGATIVAS E IMUNIDADES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. 
- Para garantir o respeito de sua personalidade jurídica e as exigências de funcionamento em face de 
eventuais pressões por parte de Estados, criaram-se, para as organizações internacionais, certos mecanismos 
de proteção, genericamente denominados privilégios e imunidades, que são estabelecidos levando em conta o 
princípio da especialidade, considerando as competências de cada organização. A base das 
imunidades/prerrogativas é convencional, pois estabelecidas nos atos constitutivos das organizações ou em 
tratados específicos, assim, não há um regime jurídico único ou regras generalizadas. 
- As imunidades têm fundamento tanto convencional quanto em legislações internas, a exemplo da 
Convenção Geral sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, Convenção de Viena sobre Representação 
dos Estados em suas Relações com Organizações Internacionais de Caráter Universal, de 1975, a Convenção de 
12 
 
Viena sobre Relações Diplomáticas, concluída em 18.04.1961, e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares, 
concluí-da em 24.04.1963. 
- Princípios fundamentais: (i) às organizações internacionais deve ser conferida situação jurídica que as 
coloque ao abrigo de controles e interferências por parte de qualquer governo, no desempenho de suas funções; 
(ii) nenhum Estado deve ser permitido obter vantagens financeiras por meio da cobrança de tributos de 
organizações internacionais ou de fundos internacionais comuns; (iii) a todas as organizações internacionais 
devem ser destinadas instalações adequadas para a realização de suas funções oficiais, da mesma forma que os 
Estados o fazem entre si. 
- As imunidades de jurisdição e execução das organizações internacionais são absolutas, desde que não 
haja renúncia expressa, em relação a determinada situação. Exceção: organizações de caráter financeiro, como 
o BIRD e bancos regionais de desenvolvimento, que permanecem sujeitos ao direito comum local quando emitem 
valores mobiliários em determinado país e não gozam de imunidades em relação a seus credores privados. A 
renúncia compete à autoridade máxima da organização, como o Secretário-Geral ou o Diretor-Geral (cabe 
delegação), cujo ato é discricionário. A relativização da imunidade de jurisdição dos Estados estrangeiros é 
baseada na igualdade soberana e reciprocidade, distinguindo-se atos de império/gestão com base em norma 
costumeira internacional e não se aplica às organizações internacionais porque não têm as mesmas características 
daqueles. 
- As imunidades de jurisdição e de execução podem ser invocadas pelas organizações internacionais 
perante as autoridades nacionais, tanto no nome próprio quanto em favor de seus funcionários. 
- Exemplo de casos: (i) caso Mazilu (nome do perito), que versava sobre privilégios e imunidades de 
peritos em missões da Organização das Nações Unidas, pois o Sr. Mazilu, de nacionalidade romena, encontrava 
obstáculos ao desenvolvimento de sua atividade na Romênia. Em parecer consultivo, a CIJ entendeu que a 
Convenção Geral sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas aplicava-se plenamente ao Sr. Mazilu, pois a 
referida Convenção incluía não apenas funcionários regulares da ONU, mas também outras pessoas a quem a 
organização confiava missões de duração determinada; (ii)o caso Cumaraswamy, cidadão malaio que atuava 
como Relator Especial da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em missão para avaliar a independência de 
juízes e advogados da Malásia. No parecer de 1999, a CIJ estatuiu que aos relatores especiais estão protegidos 
pela Convenção das Nações Unidas sobre Privilégios e Imunidades, que “asseguram o exercício independente de 
suas funções”. Assim, o relator especial não poderia ser submetido ao Poder Judiciário da Malásia acerca de 
questões relativas ao exercício de suas funções. 
Privilégios e imunidades aplicáveis aos funcionários das organizações e àqueles que participam de suas 
atividades. Aos funcionários das organizações são concedidos privilégios e imunidades exclusivamente em virtude 
do fato de que as organizações às quais pertencem também gozam de privilégios e imunidades, para lhes garantir 
independência. Essa independência deverá ser respeitada por todos os Estados, incluindo o Estado de 
nacionalidade e de residência do funcionário e do especialista a serviço (caso Mazilu). Isso os difere dos 
representantes dos Estados-membros na organização que não gozarão de imunidades em relação ao Estado que 
representam. 
Imunidades asseguradas aos dirigentes da ONU: (i) os dirigentes, seus cônjuges e dependentes têm 
imunidade em relação a restrições à imigração e registro de estrangeiros; (ii) a ONU rejeita o direito de o Estado 
expulsar dirigentes de uma organização que estejam em seu território, com base na consideração de que são 
persona non grata; (iii) tributária, sendo estes isentos quanto às imposições fiscais sobre os salários e 
emolumentos pagos pela Organização; (iv) imunidade perante a jurisdição do Estado onde desempenham suas 
funções, relativamente a seus atos oficiais. 
Casos como aceitação de propina, espionagem no Estado onde exerce a função e a prática de atos 
fraudulentos na comarca onde está situado o escritório central têm sido sistematicamente considerados, pelas 
organizações, como não oficiais, sendo, portanto, não passíveis de proteção relativamente aos funcionários 
acusados de praticá-los. 
- O prazo de duração da imunidade é indeterminado, estendendo-se por toda a vida do funcionário, 
interpretação adotada pela ONU e constante do Artigo 39.2 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, 
de 1961. 
No Brasil, o STF, no julgamento dos recursos extraordinários (REs 578543 e 597368), reconheceu a 
imunidade de jurisdição e de execução da Organização das Nações Unidas e do Programa das Nações Unidas para 
o Desenvolvimento (ONU/PNUD) com relação a demandas decorrentes de relações de trabalho. A União e a ONU 
sustentavam a incompetência da Justiça do Trabalho e afirmavam que a ONU/PNUD possui regras escritas, 
13 
 
devidamente incorporadas ao ordenamento jurídico brasileiro, que garantem a imunidade de jurisdição e de 
execução – a Convenção sobre Privilégios e Imunidades (Decreto 27.784/1950) e o Acordo de Assistência Técnica 
com as Nações Unidas e suas Agências Especializadas (Decreto 59.308/1976). 
E o que é a imunidade pessoal e real? A imunidade pessoal diz respeito as pessoas. E a imunidade real 
diz respeito aos bens de determinada organização. Então, é preciso estudar o tratado celebrado pelo Brasil com 
a organização internacional para saber se os funcionários da organização têm imunidade pessoal plena e se os 
bens da organização têm imunidade real plena. E ainda, é preciso analisar se a própria organização tem imunidade 
de jurisdição. 
Imunidade de organizações internacionais comparada com as imunidades dos Estados: enquanto as 
regras referentes às imunidades dos estados são costumeiras, as regras relativas às imunidades das organizações 
internacionais são convencionais. Prevalece hoje a imunidade absoluta das organizações internacionais, 
diversamente do que ocorre para os Estados, que possuem imunidade de jurisdição relativa (somente para atos 
de império), no processo de conhecimento e absoluta apenas no processo de execução. 
B) INCORPORAÇÃO AO DIREITO BRASILEIRO DAS DELIBERAÇÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. 
Os atos emanados das OIs têm impacto crescente sobre as políticas públicas e o ordenamento jurídico 
dos Estados; mesmo nos casos em que não se lhes reconhece, a priori, caráter obrigatório, costumam ter força 
persuasiva considerável. Assim, o seu real alcance só pode ser avaliado à luz dos ordenamentos jurídicos dos 
respectivos membros. 
Mesmo nos casos em que o Tratado constitutivo das OIs contenha dispositivos específicos em matéria de 
aplicação interna dos atos emanados dos seus, na prática, compete ao ordenamento jurídico dos Estados-
membros precisar os efeitos internos que os atos das OIs produzem. No entanto, são raros os ordenamentos 
jurídicos que ostentam regras claras sobre a interação dos atos adotados no âmbito institucional com o direito 
interno. No caso brasileiro, a situação não é muito diferente. A CF é praticamente silente sobre a participação 
brasileira em OI e não contém nenhuma disposição específica sobre a integração dos atos emanados desses 
organismos no ordenamento jurídico brasileiro. 
A análise da jurisprudência e da doutrina na matéria tampouco permite identificar uma prática 
consistente. Uma das poucas exceções refere-se à questão da incorporação das normas do MERCOSUL, que tem 
despertado grande interesse. Com base no artigo 4º, parágrafo único, da CF, muitos autores têm defendido que 
o Brasil contaria com autorização constitucional para comportar avanços na institucionalidade do MERCOSUL, 
incluindo a aplicação direta dos atos emanados dos órgãos decisórios do Bloco. Para grande parte da doutrina, no 
entanto, o parágrafo único do artigo 4º teria caráter programático e seria desprovido de efeitos práticos para fins 
de internalização dos atos emanados do MERCOSUL1. Mais recentemente, a doutrina passou a interessar-se, 
igualmente, pela questão da internalização dos atos e decisões emanadas do sistema de proteção dos direitos 
humanos, com base no art. 5º, §2º, CF. 
Porém, até o momento, não foi possível sistematizar de forma adequada o procedimento de recepção 
dos atos emanados das OIs que permitisse identificar a priori sua natureza jurídica e efeitos no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
No plano teórico, três correntes doutrinárias principais costumam ser invocadas para dar embasamento 
jurídico à incorporação dos atos emanados das OIs: (i) tese da autorização legislativa implícita: a implementação 
dos atos emanados das OIs dar-se-ia com base no ato interno que promulgou o respectivo Tratado constitutivo 
prevendo a adoção dos atos em questão; (ii) Assimilação das normas emanadas das OIs a “acordos em forma 
simplificada”: uma variante da tese da autorização implícita consiste em assimilar, para efeito de sua aplicação 
interna no Brasil, os atos emanados das OIs aos chamados “acordos em forma simplificada” isto, é atos 
internacionais, como memorandos de entendimentos, acordos por troca de notas verbais, entre outros, cuja 
vigência interna no Brasil prescindiria, segundo parte da doutrina, da apreciação do Congresso; (iii) Assimilação 
das normas a Tratados Internacionais: propõe associar sistematicamente os atos emanados das OIs a Tratados 
para efeitos de sua aplicação interna. Nesse caso, independentemente da matéria regulada ou do alcance do ato, 
sua aplicação interna estaria condicionada, na linha do previsto na CF, à aprovação prévia do Legislativo pátrio. 
 
1 Trecho da aula de ACR, no material Alcance de 2014: temos o art. 4º, inciso IX, trazendo o progresso da humanidade e temos o parágrafo único do mesmo 
artigo, falando da comunidade latino-americana de nações. Eu vejo esses dois princípios, não como uma carga programática tão somente, mas em especial 
eu vejo esses dois dispositivos como um guia ao interprete para que tenhamos alguma consequência em relação aos tratados mercosulinos . Façam então 
um asterisco no artigo com a observação de que épossível que esses tratados tenham algum tipo de vantagem adicional. Não é possível interpretarmos a 
constituição dizendo que um tratado qualquer com um país fora da zona do MERCOSUL sejam a mesma coisa. Não acho adequado isso, mas reconheço que 
isso é polêmico. Alguns autores afirmam que esses princípios são apenas normas programáticas. 
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Nenhuma das três hipóteses doutrinárias está isenta de dificuldades. A verdade é que não há como identificar a 
priori, de maneira categórica, qual a base jurídica da aplicação dos atos emanados das OIs no Brasil. 
Atos emanados das OIs aplicados como atos internacionais: os dois principais exemplos, nesse grupo, 
são as Resoluções do CSNU e os Protocolos negociados no âmbito da ALADI, que têm sido internalizados por 
decreto da Presidência da República, promulgado com fundamento no artigo 84, inciso IV e VII, da CF como ato 
de execução, respectivamente, da Carta das Nações Unidas e do Tratado de Montevidéu de 1980 (TM-80) sobre 
a criação da ALADI, aprovado pelo Decreto-Legislativo nº 66. O STJ confirmou a validade do instrumento de 
incorporação utilizado. 
Atos incorporados como Tratados internacionais: a adoção de Tratados e Convenções é uma das formas 
mais comuns de ação normativa das OIs. No caso do Brasil, a vigência interna das Convenções e Recomendações 
emanadas da OIT está condicionada à sua aprovação pelo Congresso e promulgação pelo Presidente da República. 
Atos incorporados como normas de direito interno: utilizada para internalização de boa parte dos atos 
unilaterais negociados no âmbito das OIs, incluindo as normas do MERCOSUL e das decisões emanadas de 
Tribunais internacionais, e comporta uma infinidade de procedimentos específicos, normalmente, por atos 
infralegais. Para todos os efeitos jurídicos internos, no entanto, trata-se de ato próprio do Executivo. 
Decisões de Tribunais Internacionais: as sentenças emanadas desses Tribunais têm a natureza jurídica de 
atos emanados de OI. Não há no ordenamento jurídico brasileiro, nenhuma previsão específica sobre a aplicação 
interna desses atos. Exceção: decisões do TPI, cuja aplicação interna está sendo objeto de regulamentação 
específica via lei. 
a) Corte Interamericana de Direitos Humanos: de acordo com jurisprudência pacífica da Corte, o artigo 68.1 da 
Convenção Americana impõe a obrigação jurídica para os Estados de assegurar a implementação, em nível 
interno, do disposto pela Corte em suas decisões. Na prática, embora o caráter vinculante das decisões da Corte 
seja inquestionável, o amplo leque de medidas exigido do Brasil para dar cumprimento à sentença levou o governo 
a optar pela adoção de decreto específico, com base no artigo 84, inciso IV da Constituição - casos Damião Ximenes 
Lopes, Escher e Garibaldi. b) Tribunal Penal Internacional: Ainda não houve decisão do TPI emitida contra cidadão 
brasileiro, logo não houve procedimento de incorporação ao direito interno de suas decisões. 
Atos emanados de OIs especializadas: muitos organismos especializados foram dotados da capacidade 
de adotar regulamentos técnicos, com o objetivo de facilitar a harmonização de regras em um domínio técnico 
específico. Quando não são adotados mediante Convenções ou Emendas formais aos Tratados constitutivos da 
OI, em geral, a incorporação desses regulamentos, inclusive pela natureza técnica, tende a ser feita no Brasil de 
forma difusa pelos órgãos internos competentes. Ex: Organização da Aviação Civil Internacional, Organização 
Mundial da Saúde Regras do CODEX Alimentarius (FAO/OMS), Organização Marítima Internacional (IMO). 
Deliberações de órgãos internacionais que constatam violações de direitos humanos: André Carvalho 
Ramos subdivide essas deliberações em 3 tipos, considerando sua obrigatoriedade: a) recomendações: são 
opiniões não vinculantes de órgão internacional de direitos humanos, fruto da existência de obrigação 
internacional de monitoramento e supervisão dos direitos protegidos; b) decisões quase judiciais: decorrem dos 
mecanismos previstos na fase de controle da observância dos direitos humanos, na qual se analisam petições 
individuais e interestatais que se insurgem contra violações de direitos humanos e pleiteiam reparação. Análise é 
feita por instância internacional não judicial, a exemplo do Comitê de Direitos Humanos. Há divergência quanto 
ao caráter vinculante dessas deliberações, dada a ausência de disposição expressa nos tratados nesse sentido; 
ACR posiciona-se pela vinculação, uma vez que a interpretação deve ser feita em prol do aumento da carga 
protetiva dos direitos humanos; c) decisões judiciais: são decisões emanadas de Cortes Internacionais, havendo 
previsão expressa na Convenção Americana e Convenção Europeia acerca da competência dos Tribunais e a força 
vinculante de suas decisões (cautelares e definitivas). Deve-se destacar que estes Tribunais não atuam como 
quarta instância, pois não são capazes de rescindir ou revisar sentença judicial interna, uma vez que é o Estado 
nacional que escolhe os meios de cumprimento das sentenças internacionais. Nesse contexto, há o problema da 
executoriedade das decisões internacionais, pois não há possibilidade de execução forçada pela substituição do 
Estado por um terceiro; o descumprimento enseja nova responsabilidade de internacional do Estado, por violação 
da obrigação de cumprimento de boa-fé das decisões internacionais. 
C) EXTINÇÃO E SUCESSÃO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. 
A extinção da Organização Internacional ocorre com a desconstituição da personalidade jurídica pelos 
membros. No entanto, raramente uma organização é completamente liquidada, retornando seus ativos aos 
Estados-membros; em regra, quando dissolvida, seu patrimônio e suas funções são, em essência, assumidas por 
uma nova organização, dotada de objeto e composição similares. Assim, sucessão de uma organização 
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internacional é a substituição de uma organização em funcionamento (a organização predecessora) por uma nova 
(a organização sucessora) no exercício de certas funções e/ou competências e na posse e/ou utilização de 
determinado patrimônio. 
No caso das organizações internacionais, a sucessão não é uma necessidade: não se lhes aplica qualquer 
princípio análogo ao da continuidade do Estado. 
 A sucessão pode ocorrer por: a) substituição imediata; b) absorção; c) fusão; d) secessão de parte da 
organização; ou e) simples transferência de certas funções de uma organização para outra. 
Fundamentos (forma): a) Tratados intergovernamentais de transferência, pelos quais pode ser prevista a 
sucessão imediata ou de forma dissociada; o acordo de sucessão pode ser autônomo e exclusivo, único ou 
múltiplo, ou, ainda, constar de dispositivos esparsos do ato constitutivo da organização internacional sucessora; 
b) atos de transferência concluídos entre as organizações interessadas: nesse caso, se se tratar de ato unilateral, 
resolução de um órgão plenário, terá o valor, em princípio, de uma recomendação e dificilmente terá o condão 
de extinguir um tratado constitutivo para transferir, no todo ou em parte, as competências de uma organização 
para outra. Em caso de unanimidade entre as partes contratantes da organização internacional que deverá ser 
sucedida, o ato constitutivo será ab-rogado. 
Quanto aos objetos da sucessão, devemos separar a análise dos diversos componentes das organizações 
internacionais: funções, normas, agentes e patrimônio. Funções: a transferência de funções e de bens de uma 
organização para sua sucessora pode ser feita de diversas maneiras, pode ser prevista explicitamente em um dos 
atos de sucessão, os quais podem fazer distinção entre funções de natureza técnica, que podem ser 
imediatamente transferidas, e funções de natureza política, cuja transferência é mais complexa, e precisa ser 
examinada caso a caso. Normas: o princípio fundamental é o de que um novo consentimento deva ser 
manifestado. No entanto, é necessário distinguir os atos cuja transferência não seja possível semacordo expresso 
da nova organização internacional e as normas que fazem parte dos atos que podem ser praticados e incorporados 
pelos Estados-membros da organização sucessora ou por seus órgãos, contidas no tratado constitutivo ou em 
textos do direito derivado. Agentes: há uma tendência a não incorporá-los, ao menos em sua maioria, aos quadros 
da organização sucessora, concedendo liberdade de escolha à nova organização quanto ao tipo de recrutamento 
de pessoal e regime jurídico de contratação. Essa é a regra geral, mas há exceções. Patrimônio: consiste no 
conjunto de bens móveis e imóveis, além das dívidas e dos créditos, e é objeto frequente de acordos nos casos 
de sucessão, embora a transferência de ativos nem sempre seja acompanhada da dos passivos. A sucessão quanto 
às dívidas da organização predecessora não é matéria pacífica. Os ajustes são feitos por meio de acordos entre os 
Estados-membros ou entre as organizações internacionais envolvidas no processo. 
D) A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E A PROTEÇÃO FUNCIONAL. 
A responsabilidade pressupõe a existência de dois ou mais sujeitos reconhecidos por um sistema jurídico, 
em face dos quais uma obrigação juridicamente vinculada encontra-se violada. Assim, a responsabilidade das 
organizações internacionais pressupõe o reconhecimento de sua personalidade jurídica internacional, separada e 
distinta da de seus membros. Uma organização internacional possui personalidade jurídica internacional se o ato 
constitutivo da entidade confere a seus órgãos competência para o exercício de certas funções em relação aos 
respectivos membros e o poder de firmar compromissos internacionais que estabeleçam obrigações e direitos 
perante a Comunidade. 
Diante de sua personalidade jurídica internacional e de sua capacidade de agir, a organização 
internacional pode concretizar vulneração a suas obrigações internacionalmente reconhecidas, devendo 
responder em função disso. 
A Comissão de Direito Internacional apresentou o Projeto de Artigos sobre a Responsabilidade dos 
Estados por Atos Internacionalmente Ilícitos, no qual foi incluído o tema da responsabilidade das organizações 
internacionais em seu programa de trabalho a longo prazo (CDI, 2003, p. 13). De acordo com o projeto, entende- 
se por “organização internacional” a entidade instituída por um tratado ou outro instrumento regido pelo direito 
internacional e dotada de personalidade jurídica internacional própria. Não se inclui nessa categoria as 
organizações não-governamentais puras e organismos criados por intermédio de instrumentos regidos pelo 
direito estatal interno, salvo na hipótese em que, posteriormente, seja adotado um ato constitutivo regido pelo 
direito internacional. 
No art. 3.1 do PAROIAII, estabeleceu-se a pedra angular da responsabilidade das organizações 
internacionais ao considerar que “todo ato internacionalmente ilícito de uma organização gera sua 
responsabilidade internacional”. 
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Verifica-se a ocorrência de um ato internacionalmente lícito, fundamento suficiente para a geração de 
responsabilidade, a partir do momento em que presentes seus elementos constitutivos essenciais, ou seja, 
quando (PAROIAII, art. 3.2): 1) o comportamento consistente em uma ação ou omissão é atribuível à organização 
internacional, em consonância com o direito internacional; 2) essa conduta constitui violação de uma obrigação 
internacional do organismo. Fala-se no ato ilícito como “fundamento suficiente”, pois a maioria da doutrina adota 
a teoria objetiva da responsabilidade, dispensando o elemento culpa (lato sensu) e, da mesma forma, entende 
que o dano não é elemento necessário do fato gerador da responsabilidade internacional. Apesar da divergência, 
é este o entendimento que prevalece. 
Assim como os Estados, as organizações internacionais agem no campo institucional mediante seus 
órgãos e agentes, que não são necessariamente pessoas naturais, visto que podem ser pessoas jurídicas ou outras 
entidades por intermédio das quais o organismo realiza suas atividades (CDI, 2004, p. 118). A responsabilidade da 
organização, pelo exposto, poderá decorrer de atos de seus órgãos executivos, judiciários ou “legislativos”, visto 
que, como no caso dos Estados, o direito internacional adota o princípio da unidade da organização (KLEIN, 1998, 
p. 383). 
Atos ultra vires. No âmbito da responsabilidade dos Estados, é muito comum a alegação de que a prática 
do ilícito pelos órgãos ou agentes estatais, no exercício de atribuições próprias do poder público, tenha derivado 
da extrapolação das competências delimitadas no ordenamento jurídico interno, motivo por que não se trataria 
propriamente de um “ato de Estado” (BROWNLIE, 1997, p. 474). Com vistas a combater referida escusa, foi 
progressivamente acatada pela jurisprudência a denominada “teoria da aparência” (BROWNLIE, 1997, p. 474-
475), segundo a qual a antijuridicidade da conduta ultra vires dos agentes estatais funda-se na exteriorização de 
sua capacidade oficial para assim agirem, ainda que, formalmente, não possuam tais prerrogativas. 
O Estado afigura-se internacionalmente responsável pela conduta de seus órgãos, ainda quando a 
respectiva atuação houver sido concretizada contra suas diretrizes ou ordem superior direta (VERDROSS, 1982, p. 
359). Paralelamente, os atos ultra vires dos órgãos ou agentes da organização internacional também são 
susceptíveis de engendrar a responsabilidade da entidade (KLEIN, 1998, p. 390). A regra positivada no art. 6o do 
Projeto de Artigos sobre a Responsabilidade das Organizações Internacionais. 
Responsabilidade da organização internacional em decorrência do ato de um Estado ou de outra 
organização internacional. 
a) O critério da efetividade do Controle. De acordo com o art. 5o do PAROIAII: “O comportamento de um 
órgão de um Estado ou de um órgão ou agente de uma organização internacional que esteja à disposição de outro 
organismo será considerado ato desta última organização, segundo o direito internacional, se esta exerce um 
controle efetivo sobre a conduta.. O critério do efetivo controle exercido pela organização. O critério do efetivo 
controle exercido pela organização internacional sobre as atividades do órgão ou agente revela-se juridicamente 
predominante para fins de se precisar a quem é atribuída a prática do ato ilícito (KLEIN, 1998, p. 378). Se a conduta 
exigida pelo mandamento exarado pela organização internacional implicar, necessariamente, a comissão de uma 
ilicitude, estará em jogo também a responsabilidade da entidade prolatora da decisão (GAJA, 2005, p. 14). 
b) Reconhecimento e adoção de um comportamento alheio como próprio. Em conformidade com o 
disposto no art. 11 do PAREAII, condutas originariamente não enquadráveis no conceito de “ato de Estado” 
podem vir a ser reconhecidas e adotadas como próprias pela entidade estatal. Os organismos internacionais, em 
conjunto, podem reconhecer e adotar como próprio um comportamento que não lhe seja por si só atribuível. 
Nesse ponto, necessário precisar se o órgão ou agente que efetiva o reconhecimento e a adoção do ato possui 
específica competência para tanto, com base nas “regras da organização” (CDI, 2004, p. 136). 
A organização internacional na condição de administradora de territórios. Especialmente quando a 
organização internacional figura na condição de administradora temporária de territórios, atribuições de cunho 
originariamente estatal como a manutenção da ordem e a segurança pública passam a ser encargo do organismo 
(VELASCO VALLEJO, 1993, p. 671). Em virtude disso, sua atuação deverá pautar-se pela assunção de obrigações 
concernentes à proteção eficaz dos direitos humanos básicos (ILA, 2004, p. 23). 
Por intermédio da Resolução no 1244, de 10 de junho de 1999, o Conselho de Segurança das Nações 
Unidas autorizou expressamente o Secretário Geral, com a assistência das organizações internacionais 
pertinentes, a estabelecer uma presença civil internacional em Kosovo

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