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TIPOS DE FUNDAÇÕES Valderisso Alfredo 1. FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS As fundações superficiais, também chamadas de fundações rasas, são definidas, de acordo com a NBR 6122/2010, como elementos em que a transmissão de cargas para o terreno ocorre pela distribuição de tensões na base da fundação. Além disso, esse tipo de fundação se encontra apoiada sobre o solo a uma pequena profundidade de assentamento, devendo ser no máximo duas vezes a sua menor dimensão. De acordo com a forma de transferência de cargas para o solo, a fundação superficial é classificada como fundação do tipo direta. Basicamente as cargas provenientes da estrutura são concentradas e transferidas através da superfície de contato da base da fundação para as camadas de solo, sem deformar-se significativamente (PINHEIRO; CRIVELARO; PINHEIRO, 2015). A utilização de fundações rasas ocorre nos locais em que as camadas de solo logo abaixo da estrutura são capazes de suportar as cargas. Ela pode apresentar várias vantagens, desde que seja tecnicamente viável. Desde que seja tecnicamente viável, a fundação superficial é uma opção interessante pois, para a sua execução, não é necessária a utilização de equipamentos e de mão- de-obra especializada, bastando para tanto a formação de equipe composta por serventes, carpinteiros e armadores. Isto torna a fundação superficial atraente no que se refere ao aspecto econômico. No aspecto técnico cita-se como itens positivos a facilidade de inspeção do solo de apoio aliado ao controle de qualidade do material utilizado no que se refere à resistência e aplicação (JOPPERT, 2007, p. 92). Devido a todas essas facilidades, a fundação rasa é sempre a primeira solução a se analisar na tomada de decisão do tipo de fundação a ser construída. Ao definir a fundação rasa como viável, é necessário escolher entre os vários tipos existentes. Atualmente há uma gama de modelos no mercado, entre eles podem ser citados: blocos, sapatas isoladas, sapatas corridas, sapatas associadas, sapatas alavancadas, baldrame ou viga de fundação, cintas de fundação, grelha, radier, entre outros (ALVES, 2015; RESENDE; GOULART; ARAÚJO JÚNIOR, 2018). 1.1 Blocos De acordo com a NBR 6122/2010, o bloco é um “elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura”. Assim como as sapatas, os blocos recebem apenas um pilar, devem ter uma dimensão mínima em planta de 60 cm e, quando próximo de divisas, devem ter uma profundidade mínima de 1.5 m, exceto se estiverem sobre rochas. Basicamente o que os diferenciam das sapatas é o dimensionamento sem a precisão de armaduras (RESENDE; GOULART; ARAÚJO JÚNIOR, 2018). Segundo Vargas (2020), os blocos podem ter suas faces verticais em forma plana, inclinada ou escalonada, e o formato em planta é quadrado ou retangular, podendo apresentar também, de acordo com Hachich (1998), forma circular, no caso de blocos cônicos. Na imagem abaixo temos a representação das estruturas. Figura 01 – Blocos de concreto (a) comum, (b) escalonado e (c) tronco-cônico. (a) (b) (c) Fonte: Vargas (2020) e Hachich (1998). Os blocos são elementos de apoio e por serem construídos de concreto simples é necessário que possuam uma altura relativamente grande quando comparados às demais fundações rasas, dessa forma a compressão será mais bem trabalhada. O cálculo dessa altura deve levar em consideração que o concreto tem que absorver todas as tensões de tração a ele aplicadas, sem precisar utilizar armaduras (HACHICH et al., 1998). Os blocos são recomendados para pequenas obras em solos com boa capacidade de suporte. São estruturas caracterizadas pela elevada rigidez devido ao uso de concreto simples, ciclópico ou até alvenaria de pedra. A vantagem é que, por dispensar o aço, já que não é uma estrutura armada, sua execução torna-se mais simples, reduzindo gastos com mão de obra e também materiais. Por outro lado, a desvantagem é que pode haver um consumo elevado de concreto, o que consequentemente pode aumentar os custos (COELHO, 2016). 1.2 Sapatas Isoladas As sapatas são os elementos estruturais de fundações mais frequentemente utilizados. Diferente dos blocos, as sapatas são estruturas de concreto armado, possuem uma altura relativamente pequena e trabalham, além da compressão, a flexão (ARCENO, 2018). A NBR 6122:2010 traz a seguinte definição para sapatas: ‘‘Elemento de fundação superficial, de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente disposta para esse fim”. Dentre os vários tipos de sapatas existentes, a que se destaca e é mais utilizada é a sapata isolada. Essa sapata transmite ao solo as ações de um único pilar, que podem ser centradas ou excêntricas. Elas podem ser quadradas, retangulares ou circulares (ARCENO, 2018). Figura 02 – Sapatas isoladas (a) quadrada, (b) retangular e (c) circular. (a) (b) (c) Fonte: Abbad (2014). Os pilares utilizados na estrutura dos edifícios podem apresentar diversos formatos (retangular, quadrado, C, L etc) e isso irá influenciar muito no dimensionamento das sapatas, sendo exigido que o centro de gravidade do pilar coincida com o centro de gravidade da sapata. O formato mais comum de sapata é o retangular, devido na maioria dos casos se usar também pilares retangulares. As ações que normalmente atuam nelas são a força normal ou axial, os momentos fletores e a força horizontal (ARCENO, 2018 apud BASTOS, 2016). É importante destacar que a dimensão maior da base não pode ser maior que cinco vezes a largura, pois se isso ocorrer deixa de ser considerada sapata isolada e passa a ser uma sapata corrida. Além disso, é recomendado por norma que a menor dimensão não pode ser inferior a 60 cm (BASTOS, 2019). As sapatas isoladas são classificadas, de acordo com o seu dimensionamento, em rígidas e flexíveis. As sapatas rígidas são as mais empregadas e são ideais para fundações em terrenos que possuem boa resistência em camadas próximas da superfície (MATOS; VARGAS, 2016). 1.3 Sapatas Corridas De acordo com a NBR 6122/2010 a sapata corrida é uma fundação sujeita a distribuição linear para carga de paredes ou de pilares que estejam em um mesmo alinhamento. As construções de uso mais recorrentes são de pequeno porte, como casas e edificações baixas, muros de arrimo e divisa, piscina e reservatório etc. Para Rebello (2011), ela compõe um elemento no qual seu comprimento sobrepõe em relação à largura, além disso, define como uma placa de concreto armado. Figura 03 – Sapata corrida. Fonte: Google Imagens (2021). Com relação aos custos é economicamente viável quando o solo apresenta capacidade de suporte em baixa profundidade (BASTOS, 2019). Quando exposta às deformações que podem sofrer ao longo do comprimento como fissuras ou trincas, a sapata corrida se torna uma solução acessível. 1.4 Sapatas Associadas Campos (2015) diz que as sapatas associadas existem quando ocorre interferência entre duas sapatas isoladas e o espaço disponível não permite a solução com sapata isolada, como expresso no caso abaixo. Figura 04 – Superposição de sapatas, vista superior. Fonte: Campos (2015). A viga que une os pilares (dois ou mais) é conhecida como viga de rigidez e tem a finalidade de distribuir as cargas verticais para a sapata e a mesma para o solo, de modo a permitir que a sapata trabalhe com tensão constante. Figura 05 – Vista superior de viga de rigidez em sapatas associadas. Fonte: Campos (2015). De modo geral, a sapata associadaou radier parcial é uma sapata comum a vários pilares. São normalmente empregadas quando a posição de duas sapatas isoladas ficarem muito próximas por falta de espaço ou opção estrutural. Neste caso, as bases das sapatas poderiam ficar sobrepostas ou influenciar na outra estruturalmente fazendo com que o uso de uma única sapata associada pudesse receber as cargas de dois ou mais pilares próximos (ESCOLA ENGENHARIA, 2019). Figura 06 – Elementos de uma sapata associada. Fonte: Total Construção (2020). Mas a regra é clara, sempre que possível devem ser dimensionadas sapatas isoladas, ou seja, uma para cada pilar da estrutura. Todavia, no caso de dois pilares que estejam muito próximos um do outro, pode não ser possível que as sapatas isoladas sejam dimensionadas devido a interferência física que uma possui na outra. Neste caso em específico é feita a sapata associada, uma estrutura de fundação rasa feita para suportar cargas de dois pilares em uma única sapata (TOTAL CONSTRUÇÃO, 2020). O dimensionamento das sapatas associadas segue basicamente o mesmo procedimento para sapatas isoladas, que é previsto pela NBR 6122/2010. 1.5 Sapatas Alavancadas As sapatas alavancadas, também conhecidas como sapatas com viga de equilíbrio, são elementos empregados especificamente em pilares de divisa ou próximo de obstáculos. Nesses casos, o centro de gravidade da sapata não coincide com o centro de gravidade do pilar, https://www.escolaengenharia.com.br/radier/ https://www.totalconstrucao.com.br/sapata-isolada/ consequentemente gera-se uma excentricidade. Para resolver esse problema é construída uma viga alavanca, que liga duas sapatas, de modo que um pilar absorva o momento fletor gerado pela excentricidade da posição do outro pilar (PINHEIRO; CRIVELARO; PINHEIRO, 2015). Figura 07 – Perspectiva de uma sapata alavancada. Fonte: Pinheiro, Crivelaro e Pinheiro (2015). 1.6 Baldrame ou Viga de Fundação A viga baldrame é uma fundação rasa de apoio, que normalmente conecta sapatas isoladas para distribuir melhor as cargas da construção. Ela usualmente é construída de concreto armado, mas pode ser também de concreto simples ou alvenaria. A viga é posicionada dentro de uma pequena vala, próxima da superfície, percorrendo todo o comprimento das paredes das construções (MARANGON, 2018). Figura 08 – Vigas baldrame. Fonte: Barros (2011). As vigas baldrames são usadas em obras menores, em que as cargas são pequenas, e em casos de terrenos firmes. Para que esse sistema de fundação tenha uma boa funcionalidade, evitando possíveis patologias na fase de utilização da edificação, é importante fazer a impermeabilização, como pode ser visto na primeira imagem da figura acima. Esse processo irá evitar que a umidade do solo passe para a alvenaria por meio da ascensão capilar. Podem ser usados impermeabilizantes com bases betuminosas, mantas ou cimentos aditivados (BARROS, 2011). 1.7 Cintas de Fundação As cintas de fundação, também conhecidas como cintas de amarração, é um elemento estrutural, concebido de concreto armado, responsável pela associação de vários pontos de carga, reforçando as ligações entre os elementos da fundação. Elas absorvem esforços não previstos e ajudam a suportar pequenos recalques, diminuindo o risco do aparecimento de fissuras nas paredes. Segundo Velloso e Lopes (2010), as cintas podem desempenhar os seguintes papéis: (i) impedir deslocamentos horizontais das fundações, (ii) limitar rotações (absorvendo momentos) decorrentes de excentricidades construtivas, (iii) definir o comprimento de flambagem do primeiro trecho de pilares, no caso de fundações profundas ou de sapatas implantadas a grande profundidade e (iv) servir de fundação para paredes no pavimento térreo (VELLOSO; LOPES, 2010, p. 141). Figura 09 – Sapatas com cintas de amarração. Fonte: Marangon (2018). 1.8 Grelha É um elemento da fundação, no qual é formado pela interseção das vigas de fundação que se cruzam nos pilares (COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO, 2003). Todavia, não é referenciada pela NBR como uma fundação rasa. Figura 10 – Grelha. Fonte: Google Imagens (2021). 1.9 Radier Segundo Rodrigues (2011), o radier é constituído por um único elemento de fundação que distribui toda a carga da edificação para o terreno, cuja distribuição de carga é tipicamente superficial. Radier é um tipo de fundação rasa que se assemelha a uma placa ou laje que abrange toda a área da construção. Os radiers são lajes de concreto armado em contato direto com o terreno que recebe as cargas oriundas dos pilares e paredes da superestrutura e descarregam sobre uma grande área do solo (ESCOLA ENGENHARIA, 2019). De acordo com Menegotto e Pilz (2010), quando todos os pilares de uma estrutura transmitem cargas ao solo por meio de uma única fundação como uma grande sapata, denomina-se esse elemento de radier. O radier é, portanto, uma fundação em laje maciça ou nervurada ou ainda um sistema constituído de lajes e vigas. Nesse último caso, ele será semelhante ao caso de sapatas vazadas, que recebem as cargas da estrutura e as transmitem ao solo (CAMPOS, 2015). Quanto a sua aplicabilidade. É recomendado o uso de radier em situações que o solo tem baixa capacidade de carga, como também, em situações que se espera uniformizar os recalques. Geralmente, a maioria das pessoas associa a utilização do radier a obras de pequeno porte, porém a escolha do tipo de fundação não depende apenas da dimensão e da estrutura de uma edificação, sendo o solo o fator determinante. Contudo, em geral, a fundação radier é muito utilizada em obras cuja possibilidade de execução de fundação superficial é constatada e quando a fundação direta projetada ocupar uma área superior a 60% do terreno. Quando isso ocorre, torna-se mais interessante e viável o uso do radier em vez de sapatas, por exemplo (APL ENGENHARIA, 2019). Os radier podem ser classificados quanto ao seu tipo. Cada um com aplicabilidade em situações diferentes. O radier de concreto armado é indicado para a construção de casas e de edifícios com, no máximo, quatro ou cinco pavimentos, enquanto o radier protendido tem aplicação em projetos que exigem apoiar várias casas contínuas e em edificações mais altas, que chegam a doze pavimentos. Também pode ser uma solução interessante quando a construtora quer diminuir o consumo de concreto, em comparação ao modelo armado (MAPA DA OBRA, 2017). https://www.apl.eng.br/fundacoes Figura 11 – Radier em concreto armado. Fonte: Mapa da obra (2017). Figura 12 – Execução de radier em concreto protendido. Fonte: Impacto Protensão (2018). Há ainda os tipos de radier estaqueados, que é aquela fundação profunda em que todos os componentes individuais, como o bloco de coroamento (ou radier), as estacas e o solo circundante, são considerados na interação mútua para resistência aos esforços provenientes da superestrutura. Embora este conceito de projeto possa ser adotado na prática atual, com as devidas modificações (segundo a NBR 6122/2010), ele é raramente utilizado por projetistas, seja por desconhecimento, pela carência de meios de análise, ou simplesmente por conservadorismo (ABMS, 2017). Figura 13 – Execução de radier com estacas. Fonte: Estruturas Online (2018). O Radier também pode ser classificado quanto à sua geometria, são estes: ● Radier liso ou flexível (somente a laje de concreto sobre o solo); ● Radier Rígido ou nervurado (quando se coloca vigas aumentando a rigidez da laje radier); ● Radier com Pedestais ou Cogumelos (com base para os pilares); ● Vão livre ou caixão (Com vão livre entre o solo e o radier). Figura 14 – Tipos de Radier quanto à sua geometria. Fonte: Construir sozinho (2020). A respeito das vantagens e desvantagens desse método construtivo, temos como vantagens: ● Baixo custo: O radier apresenta menor custoque outros tipos de fundações rasas e profundas, uma vez que seu processo executivo é mais simples, emprega menor quantidade de material, é mais rápido e requer menor quantidade de mão de obra disponível. ● Redução da mão de obra: Como o processo executivo não demanda grandes escavações, montagens de formas ou armaduras complexas, não é necessária uma equipe muito grande, proporcionando uma maior economia com a redução de mão de obra. ● Tempo de execução reduzido: Conforme citado, o processo executivo é simples e não demanda grandes escavações e, consequentemente, não há grande movimentação de terra. O processo de nivelamento e compactação é mais simples, assim como os demais processos, como montagem das fôrmas e armaduras. Dessa maneira, a redução do tempo de execução é significativa, gerando também uma economia para o construtor e para o cliente. Há também algumas desvantagens em aplicar o Radier em algumas situações, por exemplo, é necessário realizar instalações hidrossanitárias precocemente, e isto pode ser um fator negativo caso o projeto não esteja perfeitamente definido ou quando o planejamento não foi feito de forma adequada, consoante a isto, quando é necessário aumentar a resistência de um radier, existe dificuldade, pois o processo é mais difícil e promove elevação dos custos (APL ENGENHARIA, 2019). 2. FUNDAÇÕES PROFUNDAS De acordo com a NBR 6122/2010, fundação profunda é aquela em que sua base se apoia em uma profundidade mínima de 3 metros ou superior a 8 vezes a menor dimensão em planta. Esse tipo de fundação transmite carga ao solo pela base (resistência de ponta), pela superfície lateral (resistência de fuste) ou pelas duas. São enquadradas na definição acima: estacas, tubulões e caixões. São utilizadas quando os solos superficiais não apresentam capacidade para suportar as cargas da edificação e quando os solos apresentam características erosivas. 2.1 Estacas De acordo com a NBR 6122/2010, estaca é um tipo de fundação profunda em que não há descida do operário em qualquer fase de sua execução, ou seja, é executada apenas com a utilização de equipamentos ou ferramentas. As estacas podem ser classificadas em diferentes critérios. Quanto ao material, são classificadas em: ● Madeira; ● Aço; ● Concreto; ● Mista. Quanto ao tipo de deslocamento, as estacas são classificadas em: ● De deslocamento: estacas cravadas em geral, pois o solo é deslocado horizontalmente para dar espaço à estaca; ● De substituição: estacas escavadas em geral, já que o solo é removido para dar espaço à estaca; ● Sem deslocamento: alguns processos de estaca escavada, em que quase não há remoção do solo. Quanto ao processo de execução, as estacas são classificadas em: ● Moldadas in loco: Estaca Strauss, estaca escavada sem auxílio de revestimento ou de fluído estabilizante, estaca tipo Franki Standard, estaca escavada com uso de fluído estabilizante, estaca raiz, estaca hélice contínua. ● Pré-moldadas: Estaca de madeira, estaca metálica, estaca pré-moldada de concreto. 2.1.1 Estaca de Madeira É uma estaca constituída por um tronco de árvore (razoavelmente reto). Os troncos são preparados em suas extremidades para cravação, limpos lateralmente e recebem tratamentos com produtos para aumentar sua preservação (VELLOSO; LOPES, 2010). 2.1.2 Estaca Metálica As estacas metálicas são produzias industrialmente e são encontradas em diversas formas, podendo ser constituído por perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa dobrada ou calandra, tubos (com ou sem costura) e trilhos (VELLOSO; LOPES, 2010). 2.1.3 Estaca Pré-moldada de Concreto Esse tipo de estaca pode ser moldada no canteiro ou em usina. Quanto a armadura, pode ser concreto armado ou protendido e quanto a forma de confecção pode ser em concreto vibrado, centrifugado ou extrusão. Sua resistência é compatível com os esforços do projeto (VELLOSO; LOPES, 2010). Figura 15 – Estaca de madeira (a) sem e (b) com reforço da ponta. Fonte: Velloso e Lopes (2010). 2.1.4 Estaca de concreto moldada no solo 2.1.4.1 Estaca escavada sem auxílio de revestimento ou de fluído estabilizante Moldada in loco através da concretagem de um furo executado por trado manual e por trado mecânico, a depender do diâmetro da estaca. Um exemplo dessa estaca, é a do tipo broca (escavada com trado manual). De acordo com a NBR 6122, é um tipo de estaca que recebe cargas relativamente baixas (VELLOSO; LOPES, 2010). 2.1.4.2 Estaca Strauss A estaca Strauss é uma estaca de concreto moldada in loco. Esta requer para sua execução, um tripé com guincho, um pequeno pilão, uma ferramenta de escavação e tubos de revestimento. O diâmetro do tubo de revestimento determina o diâmetro da estaca e sua introdução no solo é executada através do emprego de uma sonda (piteira). O revestimento garante que não haja mistura do concreto com o solo. Quanto a concretagem, o concreto é lançado através de um funil no interior do revestimento simultaneamente a retirada deste (VELLOSO; LOPES, 2010). Figura 16 – Estacas pré-moldadas de concreto: (a) a (d) seções transversais típicas; (e) seção longitudinal com armadura típica; (f) estaca com furo central e anel de emenda (apenas o concreto representado). Fonte: Velloso e Lopes (2010). 2.1.4.3 Estaca tipo Franki Standard As estacas Franki são executadas através da cravação de um tubo por meio de sucessivos golpes de um pilão de 1 a 4 toneladas em uma bucha seca (mistura de brita e areia na parte inferior do tubo). Atingida a cota de apoio, inicia-se a fase de expulsão da bucha, execução da base alargada, colocação da armadura e concretagem do fuste da estaca com a simultânea retirada do revestimento (VELLOSO; LOPES, 2010). Figura 17 – Execução da estaca tipo Strauss: (a) escavação; (b) limpeza do furo; (c) concretagem após colocação da armadura; (d) estaca pronta. Figura 18 – Execução de estaca Franki Standart. Fonte: Velloso e Lopes (2010). Fonte: Velloso e Lopes (2010). 2.1.5 Estaca escavada com uso de fluído estabilizante São estacas escavadas com uso de fluído estabilizante, como a lama bentonítica. A concretagem é submersa e o concreto desloca o fluído em direção ascendente para fora do furo. Dentre suas vantagens tem-se a possibilidade de execução em cidades, já que não produzem vibrações, e suportam cargas elevadas (VELLOSO; LOPES, 2010). 2.1.6 Estaca Raiz A estaca raiz é um tipo de estaca moldada in loco. Sua perfuração é rotativa ou rotopercussiva e na sua execução são utilizados revestimentos metálicos recuperáveis. A armadura é colocada em todo o seu comprimento e seu preenchimento é feito com uma argamassa de cimento e areia (VELLOSO; LOPES, 2010). Figura 19 – Execução de estaca escavada com fluído estabilizante. Fonte: Velloso e Lopes (2010). 2.1.7 Estaca Hélice Contínua É uma estaca de concreto moldada in loco. Sua execução é realizada pela introdução, por rotação, de um trado helicoidal contínua de diâmetro constante. O concreto é introduzido dentro da estaca através da haste central do próprio trado, simultaneamente à sua retirada. Após a concretagem, é colocada a armadura. Figura 20 – Execução de estaca raiz. Fonte: Velloso e Lopes (2010). Figura 21 – Execução de estaca hélice contínua Fonte: Velloso e Lopes (2010). 2.2 Tubulão De acordo com a NBR 6122/2010, os tubulões são elementos de fundação profunda, que necessitam, em algum momento de sua execução, a descida de operário em seu interior. Podem ser executados com ou sem revestimento, a céu aberto ou sob ar comprimido. Quanto ao uso de revestimento, os tubulões são divididos em: tubulões sem revestimento, tubulões com revestimento de concreto ou metálico. E, quanto ao uso de ar comprimido, os tubulões dividem-se em: tubulõesa céu aberto e tubulões pneumáticos (VELLOSO; LOPES, 2010). Figura 22 – Tipos de tubulões quanto ao uso de revestimento: (a) sem revestimento; (b) com revestimento de concreto; (c) com revestimento metálico. Fonte: Velloso e Lopes (2010). Os tubulões a céu aberto passam, em geral, por quatro fases de execução. A escavação é o primeiro passo, podendo ser feita manualmente ou mecanicamente. O fuste de seção circular deve possuir diâmetro mínimo de 70cm, para permitir a entrada e saída do operário. Caso seja necessário, em seguida, é realizado o alargamento da base e a limpeza, retirando o solo solto e impurezas. Nessa fase, é imprescindível a descida do operário (PEREIRA, 2015). A terceira fase consiste em fazer a armação, cuidadosamente, para evitar irregularidades no fuste. E, por fim, a concretagem deve ser feita o mais rápido possível após a escavação, pois o solo pode sofrer alívio de tensões e perda de resistência, causando desmoronamentos (PEREIRA, 2015). Esse tipo de fundação é vantajoso pois não apresenta ruídos e vibrações de alta intensidade, cada pilar é apoiado em um fuste único e os custos são menores quando comparados a outros tipos de fundação. Entretanto, coloca em risco a vida de operários no processo de escavação, devido a possibilidade de recalques excessivos e desmoronamentos (BENVENUTTI, 2001). Os tubulões pneumáticos são apropriados para obras com grandes solicitações de carregamento ou quando há presença de lençol freático, rios e mares, onde há grande risco de desmoronamento das paredes. Então, a injeção de ar comprimido é um empecilho para a entrada de água no interior dos tubulões, permitindo os processos de escavação, alargamento da base e concretagem (SANTOS, 2019). Segundo Alonso e Golombek (2019), os fustes são sempre revestidos por camisas de concreto ou metálicas e, geralmente, são feitos mecanicamente, sendo somente o alargamento da base feito manualmente. Por se tratar de um processo longo, são realizadas etapas sequenciais para a execução adequada dos tubulões. São elas: a escavação preliminar, de 1,5m a 2m, com o intuito de apoiar a forma do encamisamento. Em seguida, é realizada a instalação das formas e a montagem das armaduras e assim, a concretagem da primeira seção, de espessura mínima de 10cm (SANTOS, 2019). A campânula de ar comprimido é instalada para que a escavação sob ar comprimido seja realizada, o poceiro realize o alargamento da base e por fim, seja feita a concretagem da base e do fuste. Este processo de execução proporciona alto risco ao operário pois ele trabalha sob uma pressão maior que a pressão atmosférica, podendo sofrer de diversos barotraumas (SANTOS, 2019). 2.3 Caixão Os caixões são elementos de fundação profunda de forma cilíndrica, de paredes pré- moldadas instaladas por escavação interna. Assim como os tubulões, pode-se ou não usar ar comprimido no processo de instalação e a base pode ou não ser alargada, conforme sugere a NBR 6122/1996. Na primeira versão dessa norma, em 1986, a distinção entre esses dois tipos de fundações profundas era feita através da seção transversal, os tubulões com seção circular e os caixões com seção retangular ou quadrada. Figura 23 – Elementos de fundação profunda. Fonte: Google Imagens (2021). REFERÊNCIAS ABBAD, G. P. Estudo na pré-viabilidade na especificação de fundação do tipo estaca escavada ou sapata isolada em edificação multifamiliar. 2014. 116 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação de Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2014. ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6122/2010: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010. ALONSO, U.R. GOLOMBEK, S. Tubulões; Capítulo 9.3. In: Fundações: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2019. ALVES, V. J. Análise do melhoramento de solo com estaca de compactação comparado com a solução em estacas hélice contínua: estudo de caso. 2015. 54 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Civil) - Universidade Estadual da Paraíba, Araruna-PB, 2015. ARCENO, M. F. Dimensionamento estrutural de sapatas e blocos de coroamento. 2018. 200 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, 2018. BARROS, C. Técnicas construtivas de edificações. Apostila de fundações. 2011. Disponível em: <https://edificaacoes.files.wordpress.com/2011/04/apo-fundac3a7c3b5es- completa.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2021. BASTOS, P. S. S. Sapatas de fundação. Notas de aula do Curso de Estruturas de Concreto III. Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2019. BENVENUTTI, M. Cravações de tubulões a céu aberto para melhoria da capacidade de carga em solos colapsíveis. 2001. 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