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11 02 Do Peculato mediante erro de outrem e peculato eletronico (artigos 313 a 315 do CP)

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Peculato mediante erro e eletrônico
Peculato mediante erro de outrem – ou, peculato estelionato (art. 313). 
Peculato eletrônico (arts. 313-A – Inserção de dados falsos em sistema de informações e 313-B – Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações). 
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O agente, em nenhum momento, busca colocar a vítima em erro, ou seja, não age de uma maneira para causar o erro na vítima. É um erro que a própria vítima comete. 
Trata-se de um crime funcional próprio. 
Caso a qualidade de funcionário público seja retirada do sujeito ativo, o crime recai no art.169 do CP (apropriação de coisa havida por erro). 
Quando o agente coloca a vítima em erro, trata-se de um estelionato. 
Esse crime é de dolo superveniente (só haverá dolo após o recebimento da quantia ou da vantagem). 
A utilidade disposta no artigo deve ser econômica/patrimonial. 
Como a pena mínima é de um ano, é cabível a suspensão condicional do processo. 
Trata-se de um crime material, de ação penal pública incondicional e cabe à tentativa. 
O sujeito passivo é o Estado, um funcionário público ou um particular. 
Peculato Eletrônico 
Inserção de dados falsos em sistema de informações.
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Trata-se de um crime próprio (só pode ser praticado por um funcionário público autorizado, não podendo ser praticado pelos demais funcionários públicos). 
Se um funcionário público não autorizado ou particular praticar essa conduta, incide no crime do art.299 (falsidade ideológica). 
É um crime formal, de ação penal pública incondicionada e cabe à tentativa. 
O sujeito passivo é o Estado, a pessoa física ou jurídica prejudicada. 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
Trata-se de um crime próprio (pode ser praticado por qualquer funcionário público). 
É um crime formal (se houve a ocorrência do resultado naturalístico; dano para a Administração), será aplicado o parágrafo único. 
Só pode ser cometido mediante dolo. Admite tentativa.
Sujeito passivo, Estado, PJ ou PF prejudicada.
Extravio. Sonegação. Inutilização de livro/doc
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena – reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave (subsidiariedade expressa).
O extravio do art.314 tem que ser cometido por dolo.
A conduta descrita no art.314 faz parte de outros tipos penais mais específicos e mais graves, como no exemplo abaixo: 
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
Emprego Irregular verbas/rendas públicas
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei (em sentido estrito): Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
O desvio de verbas públicas é em prol da própria Administração. Crime de menor potencial ofensivo.
É uma norma penal em branco, ou seja, o art.314 só terá validade se houver complemento de outra lei.
O sujeito ativo é o funcionário público que possa dispor das verbas. 
Estado de necessidade: é uma excludente de ilicitude, ou seja, o funcionário não responderá pelo crime. 
Se o funcionário cometer o crime do art.315, mas com a intenção de se beneficiar, também responderá por improbidade administrativa (lei n.8429/92). 
Trata-se de um crime de ação penal pública incondicionada, material, cabe tentativa e é funcional próprio.

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