Buscar

11 03 Concussão

Prévia do material em texto

Do Crime de Concussão
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019). 
A pena para esse crime, até o Pacote Anticrime, era de no máximo 8 anos, inferior ao crime de corrupção passiva e muito criticado por isso. Por ser uma nova lei que prejudica ao réu, ela só tem aplicação após entrar em vigor, no caso, janeiro de 2020. 
Exigir é impor, ordenar. Aqui não há uma solicitação de vantagem, e sim uma imposição, uma exigência, que pode ser direta ou indireta. 
Ex.: o secretário de obras de determinado estado se dirige à pessoa que está construindo certa obra em um município e exige 10 mil reais; caso ela não o faça, o secretário diz que irá embargar a obra no dia seguinte, mesmo que não haja nada ilegal nela. 
Se esse particular pagar os 10 mil reais, ele estará praticando algum crime? Não; ele nada mais é do que a vítima secundária do delito, o sujeito passivo mediato. 
Obs: então, o sujeito passivo será o Estado (primordialmente) e a pessoa física ou jurídica que sofreu a exigência (secundário/mediato). 
A doutrina diverge no que concerne uma vantagem indevida:
1. Defende que essa vantagem indevida tem que ser patrimonial 
2. Defende que a vantagem indevida pode ser patrimonial ou de qualquer outra ordem (sentimental, moral, sexual...). 
Para fins de provas, deve-se adotar a 2. 
É um crime: funcional próprio, de ação penal pública incondicionada, que admite tentativa (salvo se o funcionário faça exigência de forma oral), somente pode ser praticado mediante dolo (não há forma culposa) e é um crime formal. 
Obs: consuma-se com a exigência, não é necessário que o funcionário receba de fato o que foi exigido. 
Obs: se exigir hoje, mas vai receber a vantagem daqui a 10 dias, não tem como se falar em flagrante delito, pois o crime se consumou há 10 dias. 
Tabela comparativa
Atenção! O crime de concussão não supõe a prática de corrupção ativa pelo particular. Ou seja, o particular que cede à exigência do funcionário público e entrega a vantagem indevida não responde pelo crime de corrupção ativa (art.333).Então o crime de concussão nunca está associado de corrupção ativa. Já o crime de corrupção passiva, a defender da situação, é possível que esteja associado à corrupção ativa. 
É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial desfavorável para fins de exasperação da pena base aplicada a acusado pela prática do crime de concussão. (STF. HC 132990/PE, julgado em 16/8/2016 - Informativo 835 e STJ. HC 163.392/SP, julgado em 30/03/2015). 
Obs: se for praticado por um policial, o juiz pode, na fase de analisar as circunstâncias judiciais, dar uma pena maior ao agente.
Excesso de Exação 
Art. 316. § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Tributos são impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais. No presente delito, há duas condutas. 
O funcionário não busca esse dinheiro para proveito próprio, mas sim para a Administração e do próprio erário. 
Excesso de exação qualificado 
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Nesse caso, a vantagem indevida está sendo recolhida em benefício próprio, por isso a pena é maior. 
As características desse crime são:
I. Formal: não exige o pagamento pelo particular, basta a exigência da vantagem indevida. 
II. De ação penal pública incondicionada 
III. Admite a tentativa 
IV. Pode ser praticado mediante dolo direto ou dolo eventual. 
V. Funcional próprio. 
Lei n.8.137/90.
Essa lei trata dos crimes tributários. Em seu art.3°,II, há o que seria um crime de concussão, quando o agente exige, solicita, recebe vantagem indevida ou aceita promessa de vantagem indevida para deixar de lançar ou cobrar tributo. 
Art.3°, II: constitui crime funcional contra a ordem tributária. 
II – exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena – reclusão, 3 a 8 anos, e multa.

Continue navegando