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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS LUANA DE SOUZA SOARES ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA I Dourados 2022 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS LUANA DE SOUZA SOARES 192.310 CASO CLINICO Trabalho apresentado na disciplina de Estágio Supervisionado de Nutrição em Saúde Coletiva, do 7° semestre, do curso de Nutrição, da Universidade da Grande Dourados (UNIGRAN). Professora: Maria Aparecida Polã Paulatti. Dourados 2022 Patologia A esteatose hepática também é conhecida por doença hepática gordurosa e é caracterizada pelo acúmulo de lipídeos nos hepatócitos, mais precisamente em seu citoplasma, sendo em sua maioria de triglicerídeos, ultrapassando 5% do peso do fígado (CUPPARI, 2014; FRANCQUE et al., 2021; MALAGÓ-JR et al., 2021; KOSMALSKI et al., 2018); que ocorre na ausência de fatores secundários como hepatites ou ingestão excessiva de álcool (HENRIQUES; ARAÚJO; SOUSA, 2016). Esta patologia está fortemente associada a obesidade, hiperinsulinemia, resistência à insulina, diabetes, dislipidemias, hipertensão, entre outras (FLEISCHMAN et al., 2014; LONARDO et al., 2015). Etiologia Essa condição ocorre devido ao aumento na síntese hepática, uma oxidação deficiente e/ou uma redução da secreção hepática de lipídeos (CUPPARI, 2005). A resistência à insulina tem sido associada como um dos principais fatores de desenvolvimento para a esteatose. Uma produção excessiva de insulina se caracteriza como hiperinsulinemia, e decorre devido a uma predisposição genética, excesso de oferta de ácidos graxos livres ou ainda de uma exposição a níveis altos de mediadores peptídicos (HENRIQUES; ARAÚJO; SOUSA, 2016). Fisiopatologia O desequilíbrio causado pela resistência à insulina no metabolismo dos lipídeos gera uma deposição de triglicerídeos nas células do fígado, em decorrência do aumento da lipólise dos triglicerídeos e da inibição da esterificação dos ácidos graxos livres no tecido adiposo. Causando assim um aumento dos ácidos graxos livres que são absorvidos pelo fígado. Essa captação elevada ácidos graxos realizada pelo fígado compromete a b- oxidação mitocondrial o que leva ao acúmulo dos lipídeos surgindo assim a esteatose (YOUNOSSI, 2008; SCHREUDER et al., 2008; LIU; BENGMARK; QU, 2010). Por sua vez as gorduras que foram depositadas nas células também geram uma resistência à insulina, levando assim a um círculo vicioso (YOUNOSSI, 2008; SCHREUDER et al., 2008). Com o acúmulo de gorduras nos hepatócitos há a ocorrência da destruição dos mesmos, levando a uma reposta imune e inflamatória. Isso pode levar a uma progressão para a fibrose, cirrose hepática e também carcinoma (NEUMAN et al., 2012). Está patologia deixa o parênquima hepático sujeito a agressões como o bombardeio de ácidos graxos livres e também do estresse oxidativo, o que auxilia ao surgimento da lesão da célula (PORTELA; MELO; SAMPAIO, 2013). Conduta nutricional A conduta nutricional é pautada na melhora das comorbidades apresentadas pela paciente como a esteatose como diabetes, hipertensão e obesidade. Foi realizado uma programação para perda de peso através da alimentação saudável em déficit calórico, sendo uma dieta hipocalórica, hipossódica e restrita em carboidratos simples. A redução de peso é a base para melhora no quadro clinico e tratamento da esteatose, visto que ela promove uma diminuição das células brancas do tecido adiposo, reduzindo e melhorando a resistência à insulina, além de diminuir a circulação de ácidos graxos livres e reduzindo a inflamação (HENRIQUES; ARAÚJO; SOUSA, 2016; MALAGÓ-JR et al., 2021). Estudos demonstram que uma redução de 10% do peso já representa melhoras na resistência à insulina (MARCHESINI; PETTA; DALLE GRAVE, 2016). A dieta com redução de calorias é a escolha principal para se obter um bom controle do metabolismo. A dieta hipocalórica traz resultados positivos na redução do sobrepeso e obesidade, conforme aponta estudos (PORTELA; MELO; SAMPAIO, 2013). Neste caso a redução principal é proveniente da diminuição dos açúcares simples e dos ácidos graxos saturados e trans (MALAGÓ-JR et al., 2021). O plano alimentar é constituído de uma alimentação saudável e equilibrada, com controle na ingestão de gorduras, sendo reduzido em ácidos graxos saturados, pois a alta ingestão de gorduras saturadas e trans contribui para o acúmulo de gordura nos hepatócitos, e aumentado em ácidos graxos mono e poli-insaturados, que tem efeito protetor (GREEN; HODSON, 2014; ROSQVIST et al, 2014; GEORGE et al, 2018). Além disso, o consumo de carboidratos também deve ser controlado, evitando o excesso de açúcares simples como bebidas adoçadas, doces, guloseimas, entre outros, por favorecerem o acúmulo de gorduras nas células do fígado, além de fazer parte do controle do diabetes (MALAGÓ-JR et al, 2021), associado ao aumento no consumo de carboidratos complexos como alimentos integrais. A recomendação de proteínas se mantém na normalidade, com consumo controlado e normoproteíco. O seu excesso também está associado a uma resistência à insulina (PORTELA; MELO; SAMPAIO, 2013). A recomendação no consumo de frutas, verduras e legumes se sobressai, devido aos seus componentes serem extremamente importantes para o controle e tratamento das condições apresentadas pelo paciente, além de terem em sua constituição compostos bioativos que podem trazer efeitos benéficos no tratamento da esteatose e das outras comorbidades (MALAGÓ-JR et al, 2021; PORTELA; MELO; SAMPAIO, 2013). As recomendações de prática de atividade física também estão inseridas vista a sua importância na redução do peso e melhora dos parâmetros de saúde (FINELLI; TARANTINO, 2012). Ademais, é indicado o não consumo de bebidas alcoólicas por favorecerem o acúmulo de lipídeos no fígado (GEORGE et al, 2018; HENRIQUES; ARAÚJO; SOUSA, 2016; PORTELA; MELO; SAMPAIO, 2013). REFERÊNCIAS CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. 3. Ed. São Paulo: Manole, 2014. FRANCQUE, S. M; MARCHESINI, G.; KAUTZ, A.; WALMSLEY, M.; DORNER, R.; LAZARUS, J. V. et al. Non-alcoholic fatty liver disease: a patient guideline. JHEP Reports: Innovation in Hepatology, v. 3, n. 5, p. 100-322, 2021. FLEISCHMAN, M. W.; BUDOFF, M.; ZEB, I.; LI, D.; FOSTER, T. NAFLD prevalence differs among hispanic subgroups: the multi-ethnic study of atherosclerosis. World Journal of Gastroenterology, v. 20, n. 17, p. 4987-4993, 2014. FINELLI, C.; TARANTINO, G. Have guidelines addressing physical activity been established in nonalcoholic fatty liver disease? World Journal of Gastroenterology, v. 18, n. 46, p. 6790-6800, 2012. GREEN, C. J.; HODSON, L. The influence of dietary fat on liver fat accumulation. Nutrients, v. 6, n. 11, p. 5018-5033, 2014. GEORGE, E. S.; FORSYTH, A.; ITSIOPOULOS, C.; NICOLL, A. J.; RYAN, M.; SOOD, S. et al. Practical dietary recommendations for the prevention and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults. Advances in Nutrition, v. 9, n. 1, p. 30-40, 2018. HENRIQUES, M. S. M.; ARAÚJO, M. S. T.; SOUSA, A. W. P. Doença hepática gordurosa não alcoólica. João Pessoa: Ideia, 2016. KORMALSKI, M.; MOKROS, L.; KUNA, P. WITUSIK, A.; PIETRAS, T. Changes in the imune system: the key to diagnostics and therapy of patients with non-alcoholic fatty liver disease. Central-European Journal of Immunology, v. 43, n. 2, p. 231-239, 2018. LONARDO, A.; BELLENTANI, S.; ARGO, C. K.; BALLESTRI, S.; BYRNE, C. D.; CALDWELL, S. H. et al., Epidemiological modifiers of non-alcoholic fatty liver disease: focus on high-risk groups. Digestive and Liver Disease, v. 47, n. 12, p. 997- 1006, 2015. LIU, Q.; BENGMARK,S. QU, S. The role of hepatic fat accumulation in pathogenesis of non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD). Lipids in Health and Disease, v. 9, n. 42, p. 1-9, 2010. MALAGÓ-JR, W.; RUBIATTI, A. M. M.; TONIOLO, C. F. C.; SCHNEIDER, V. C. Efeitos nutricionais e mecanismos bioquímicos na doença hepática gordurosa não alcoólica. Revista da Associação Brasileira de Nutrição, v. 12, n. 1, p. 195-214, 2021. MARCHESINI, G.; PETTA, S.; DALLE GRAVE, R. 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