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APRESENTAÇÃO Olá, Pessoal! Gostaria de agradecer a confiança em adquirir este material. Espero que o resumo tabelado seja extremamente útil para sua aprovação. Eu resolvi criar meus próprios resumos depois de gastar rios de dinheiro em materiais de grandes cursos e me deparar com leis desatualizadas e com alguns erros que poderiam levar a perder pontos em questão de prova. Devido a essa experiência negativa, comecei a elaborar os resumos a partir do tronco central – a famosa lei seca – e a partir daí, fui inserindo súmulas, informativos, conteúdo doutrinário, esquemas, além de informações de aulas de cursinhos, doutrinas especializadas da área e lives de professores renomados. Não posso esquecer de mencionar o meu queridinho que faz parte da minha vida: o Buscador do Dizer o Direito. Dessa maneira, fiz um caderno de resumo no formato de tabelas para facilitar a sua forma de estudar e garantir que você faça uma excelente prova. Aqui está o suprassumo de cada legislação penal especial. Você não precisa buscar outras fontes para estudar essa disciplina, a não ser que você tenha tempo e queira. A minha dica é: use sempre o mesmo material, faça muitas questões e programe a sua revisão. Só assim você vai solidificar as principais informações. As bancas costumam cobrar questões muito similares. Por fim, aguardo o feedback de vocês e peço que sigam o meu insta @corujinha_juridica. Estou sempre postando curiosidades jurídicas, dicas de estudos e muitos mais! Bons Estudos! Dayana Sales Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) Fundamento Constitucional e Convencional A Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto no art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual "o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações", mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil. Classificação dos Direitos da Mulher São classificados como de primeira geração, isto é, eles têm a finalidade de não só conferir proteção isonômica aos hipossuficientes fisicamente no âmbito da relação familiar-afetiva, mas também de vedar ao Estado a baixa proteção, caracterizada pela delonga abusiva da persecução penal estatal, em detrimento daqueles direitos. Surgimento da Lei Surgimento da Lei: em maio de 1983, a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi vítima de disparos de espingarda efetuados por seu marido, enquanto dormia, resultando em paraplegia. Pouco após, foi vítima novamente de agressão pelo marido, sofrendo uma descarga elétrica enquanto tomava banho. Ocorre que, a despeito da grave violação aos direitos humanos, a morosidade processual fez com que a condenação do réu só ocorresse 18 anos após as tentativas de homicídio, em 2002. O caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que publicou a Resolução nº 54/2001, constatando a ineficácia processual e a falta de combate adequado, pelo Brasil, à violência doméstica. Assim, cinco anos após a publicação da referida Resolução, em 2006, foi publicada a Lei nº 11.340, que recebeu popularmente o nome de “Maria da Penha”. Legislação Internacional 1975 México – Celebrada a 1ª Conferência Mundial sobre a mulher; 1979 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (aprovada pelo Congresso Nacional e promulgada Decreto nº 26/94) 1980 Dinamarca: 2ª Conferência Mundial sobre a mulher 1985 Quênia: 3ª Conferência Mundial sobre a mulher 1994 Convenção de Belém do Pará - Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Doméstica (Decreto nº 1973/96). Histórico no Brasil Até 1990, a violência, em geral, tinha um tratamento uniforme, que era basicamente o Código Penal (não importa se contra idosos, crianças, mulher, etc). A partir de 1990 começou um “espírito de especialização da violência”. Houve a lei 8.069/90 (violência contra criança e adolescente – ECA). No mesmo ano veio a lei 8.072/90 (Hediondos), 8.078/90 (consumidor), lei 9.099/95, lei 9.455/97, lei 9.503/97, lei 9.605/98, estatuto do idoso. As estatísticas justificaram o novo tratamento dessas violências, já que o CP não tratava delas de maneira eficiente. Apesar do mandamento constitucional do art. 226, § 8°, e dos diversos Tratados Internacionais firmados pelo Brasil, a Lei n° 11.340/06 surgiu apenas no ano de 2006, para atender à recomendação da OEA decorrente de condenação imposta ao Brasil no caso que ficou conhecido como "Maria da Penha". Foi nesse espírito que nasceu a lei 11.340/06, sobre violência doméstica e familiar contra a mulher, também se baseando em estatística. Natureza da Lei Não se pode dizer que a presente lei tem conteúdo penal, uma vez que ela não prevê tipos penais que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Da mesma forma, o seu conteúdo não tem nenhuma norma ligada ao exercício do jus puniendi. Na realidade, esta lei tem conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 18, 19, 20, entre outros), mas, também trata de questões ligadas ao direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). Assim, pode-se dizer que a lei tem conteúdo misto. Objetivos Violação dos Direitos Humanos A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher (CEDAW) Foi assinada pelo Brasil em 1979 e ratificada em 1984, busca promover os direitos da mulher na busca da igualdade de gênero e reprimir quaisquer discriminações contra a mulher nos Estados-parte. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará) Adotada pelo Brasil em 1994, é o primeiro tratado internacional que passou a criminalizar todas as formas de violência contra a mulher (não apenas a violência física). Ações Afirmativas Conjunto de ações, programas e políticas especiais e temporárias que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de gênero, raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator de desigualdade. Buscam incluir setores marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão com o princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de inserção social de parcelas historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a equacionar distorções arraigadas ou minorar-lhes as consequências antissociais. Não violam o princípio da igualdade, pois há uma discriminação positiva e não negativa: - Inf. 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. Escusas Absolutórias Uma das formas de violência é a patrimonial, descrita no art. 7º, IV da Lei 11.340, sendo assim, há divergência doutrinária quanto a possibilidade de aplicação das escusas absolutórias (imunidades) previstas do Código Penal, que incidem nos crimes patrimoniais. 1ª corrente: não se aplica as imunidades dos art. 181 e 182 quando a conduta envolver violência doméstica e familiar contra à mulher (Maria Berenice Dias). 2ª corrente: entende que deve ser aplicada as escusas absolutórias, diante da falta de previsão legal para afastá-las no caso de enquadramento da conduta em violência doméstica e familiar contra a mulher. Posicionamento majoritário neste sentido (Renato Brasileiro, Rogério Sanches Cunha, entre outros). Princípio da Insignificância Inf. 825 do STF - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em violência doméstica. Nãose aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. Âmbitos da Violência Doméstica Âmbito da Unidade Doméstica Âmbito da Família Qualquer relação íntima de afeto Espaço de convívio permanente de pessoas, COM OU SEM VÍNCULO FAMILIAR, INCLUSIVE AS ESPORADICAMENTE AGREGADAS. Leva em conta apenas o aspecto espacial. Nessa hipótese, o importante é que a mulher deve fazer parte desse espaço de convívio permanente. Não se exige o vínculo familiar, o que significa dizer que a violência doméstica contra a mulher pode Comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa Aqui importam os laços, pouco importando o lugar, pouco importando se há coabitação. Súmula 600 – STJ: Para Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, INDEPENDENTEMENTE DE COABITAÇÃO. Ao referir-se a qualquer relação íntima de afeto, o legislador abarcou a necessidade de o agressor conviver ou ter convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Na relação íntima de afeto, o importante é que haja um relacionamento entre duas pessoas, seja ele baseado ocorrer fora dos casos de marido e mulher, podendo ser vítima a empregada doméstica, por exemplo. configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. na amizade, seja ele baseado em qualquer sentimento que um tiver pelo outro. É possível namorado e namorada, desde que não seja uma relação passageira, mas íntima. Súmula 600 STJ Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. Info 621 STJ Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. Info 499 STJ LEI MARIA DA PENHA. BRIGA ENTRE IRMÃOS. A hipótese de briga entre irmãos – que ameaçaram a vítima de morte – amolda-se àqueles objetos de proteção da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). In casu, caracterizada a relação íntima de afeto familiar entre os agressores e a vítima, inexiste a exigência de coabitação ao tempo do crime, para a configuração da violência doméstica contra a mulher. Info 542 STJ COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO PENAL REFERENTE A SUPOSTO CRIME DE AMEAÇA PRATICADO POR NORA CONTRA SUA SOGRA. É do juizado especial criminal – e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher – a competência para processar e julgar ação penal referente a suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. Isso porque, para a incidência da Lei 11.340/2006, exige-se a presença concomitante desses requisitos. De fato, se assim não fosse, qualquer delito que envolvesse relação entre parentes poderia dar ensejo à aplicação da referida lei. Nesse contexto, deve ser conferida interpretação restritiva ao conceito de violência doméstica e familiar, para que se não inviabilize a aplicação da norma. Elemento Subjetivo na Violência Doméstica À primeira vista, considerando-se que o art. 5° e os incisos do art. 7° não estabelecem qualquer distinção, poder-se-ia pensar que toda e qualquer infração penal dolosa ou culposa seria capaz de configurar violência doméstica e familiar contra a mulher. No entanto, se se trata de violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no gênero”), DEVE FICAR EVIDENCIADA A CONSCIÊNCIA E A VONTADE DO AGENTE DE ATINGIR UMA MULHER EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE, O QUE SOMENTE SERIA POSSÍVEL NA HIPÓTESE DE CRIMES DOLOSOS. Sujeitos da Violência Doméstica e Irrelevância da Orientação Sexual SUJEITO ATIVO - Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O agressor tanto pode ser um homem (união heterossexual) como outra mulher (união homoafetiva). Basta atentar para o disposto no art. 5°, pú, que prevê que as relações pessoais que autorizam o reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher independem de orientação sexual. Portanto, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a violência for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e íntimas de afeto. Quanto à violência doméstica perpetrada por uma mulher contra outra, a maioria da doutrina entende não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha, desde que comprovada uma relação de hipossuficiência e superioridade. Nas hipóteses de violência doméstica e familiar perpetrada por um homem contra a mulher, para Renato Brasileiro, há verdadeira presunção absoluta de vulnerabilidade. A desigualdade entre os gêneros feminino e masculino pode ser facilmente constatada, seja pela maior força física do homem, seja pela posição de superioridade que geralmente ocupa no seio familiar e social. Por outro lado, quando esta mesma violência é perpetrada por uma mulher contra outra no seio de uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, não há falar em presunção absoluta de vulnerabilidade do gênero feminino. Trata-se, na verdade, de presunção relativa. Para a configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher, é indispensável que a vítima esteja em situação de hipossuficiência física ou econômica, em condição de vulnerabilidade, enfim, que a infração penal tenha como motivação a opressão à mulher. Nesse contexto, como já se pronunciou o STJ, "delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência da Lei n° 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica”. No entanto, se esta mesma violência for perpetrada no âmbito de uma união homoafetiva, demonstrando-se que a agressora ocupava uma posição de superioridade hierárquica em relação à vítima, que dela dependia economicamente por exercer funções domésticas, não se pode descartar a possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha, porquanto evidenciada a posição de vulnerabilidade do sujeito passivo. Inf. 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção daLei. SUJEITO PASSIVO - Especificamente em relação ao sujeito passivo da violência doméstica e familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Portanto, revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de violência contra homens, mesmo quando originadas no ambiente doméstico ou familiar. ATENÇÃO – Apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do CP. § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) - Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência doméstica) - A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. A lei 11.340/06 somente abrange mulher (violência de gênero), mas é possível aplicar-se as medidas de proteção para criança, adolescente, idoso, pessoa portadora de necessidades especiais e enfermo (são todos vulneráveis), mesmo que homens. Neste caso, o juiz se valerá do seu poder geral de cautela, na forma do artigo 313, inciso III, do CPP. Formas de Violência Doméstica e Familiar Violência Física Violência Psicológica Violência Sexual Violência Patrimonial Violência Moral Entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; Entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; Entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. O ROL É EXEMPLIFICATIVO, tal como se depreende da parte final do caput, que afirma serem formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, “entre outras”, as que afetem a integridade física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Aplicação da Lei Maria da Penha para o transexual É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para o transexual? Primeiramente, cumpre esclarecer que transexual não se confunde com homossexual, bissexual, intersexual ou mesmo com travesti. O transexual é a pessoa cuja identidade de gênero (como a pessoa se vê) não corresponde ao seu sexo biológico. Tem prevalecido que a lei Maria da Penha pode ser aplicada ao transexual. ATENÇÃO - Na hipótese de uma mesma agressão ser perpetrada contra vítimas de sexos diferentes, estará sujeita à Lei Maria da Penha apenas a violência contra a vítima do sexo feminino. Entretanto, diante da conexão probatória entre os dois crimes, é possível a reunião dos processos perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Nesse caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 só poderão ser aplicados em relação à infração de menor potencial ofensivo cometida contra a vítima do sexo masculino, vez que não se admite a aplicação da Lei n° 9.099/95 aos crimes e contravenções praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340/06, art. 41). Aplica-se a Lei Maria da Penha ao “Webnamoro” A resposta é sim – Enunciado n 50 COPEVID: Considera-se também relação íntima de afeto, a fim de ensejar a aplicação da Lei Maria da Penha, aquela estabelecida e/ pi mantida por meio da rede mundial de computadores. O art. 5º da Lei Maria da Penha é plenamente compatível com os relacionamentos firmados no mundo digital. Da Assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar – art. 9º Forma de Prestação A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. Inclusão da Mulher O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. Direitos da Mulher O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I – Acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II – Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. Encaminhamento à assistência judiciária Quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. Assistência A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. Ressarcimento ao SUS Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. Dispositivos de Segurança Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. Ressarcimento O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importarônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. Matrícula de Dependentes A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso. Sigilo Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público. Formas de Prevenção na Lei Maria da Penha Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far- se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que violam este dispositivo. IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não- governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. Providências que devem ser adotadas pela AUTORIDADE POLICIAL no atendimento à mulher em situação de violência - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; - encaminhar a ofendida ao hospital/posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; - fornecer transporte para a ofendida/dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; - acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência doméstica e familiar ou do domicílio familiar, se necessário; - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. Obrigação da autoridade policial Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. Atendimento Especializado É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. MEDIDA PROTETIVA de afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida - Autoridade Judiciária • Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes. - Delegado de Polícia • Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; E • Município não for sede de comarca. - Policial • Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; • Município não for sede de comarca; E • Não houver delegado disponível no momento da denúncia. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA à ofendida - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; - determinar a separação de corpos. - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, INDEPENDENTEMENTE da existência de vaga. MEDIDAS PROTETIVAS DE - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; URGÊNCIA que obrigam o AGRESSOR - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. - comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e - acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. Vedações Legais e Jurisprudenciais - Pena de cestas básicas, quaisquer espécies de prestação pecuniária e substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa (art. 17); - A ofendida não poderá entregar intimação ou notificado ao agressor (art. 21, p. único); - Não se aplica a Lei nº 9.099/95 – Juizados Especiais Criminais (art. 41); - Suspensão condicional do processo e transação penal (Súmula nº 536, STJ); - Princípio da Insignificância (Info 825, STF e Súmula nº 589, STJ); - Substituição de PPL por PRD em casos de crimes e contravenções com violência ou grave ameaça (Info 804, STF e Súmula nº 588, STJ). Competência para o afastamento do agressor do larQuem Quando Requisitos Pela autoridade judicial sempre Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes. Pelo delegado de polícia Quando o Município não for sede de comarca. Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; Pelo policial Quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes Algumas alterações legislativas que você precisa saber LEI Nº 13.505 DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017. Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino. Art. 2o A Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 10-A, 12-A e 12-B: “Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. § 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; III - Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. § 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; III - O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.” “Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.” “Art. 12-B. (VETADO). § 1o (VETADO). § 2o (VETADO. § 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.” Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: I - pela autoridade judicial; II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. Dos Procedimentos Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os atos processuais PODERÃO REALIZAR-SE EM HORÁRIO NOTURNO (aquela típica pergunta de letra da lei que também cai), conforme dispuserem as normas de organização judiciária. O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é um órgão fracionário do Poder Judiciário que teve a sua criação autorizada por esta lei. Cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados a criação desse órgão dentro das suas estruturas, de acordo com as normas de organização judiciária da cada Estado. O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência mista, ou seja, cível e criminal. Ao mesmo tempo em que se julga o delito praticado em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, praticam-se atos de natureza cível, como a separação judicial, entre outros. Ademais, nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. E se for crime doloso contra a vida? Por tratar-se de competência constitucional, ela deve prevalecer sobre a competência determinada na presente lei. Assim, em se tratando de crime doloso contra a vida em situação de violência doméstica e familiar, a competência para o processo e o julgamento será do Tribunal do Júri. No entanto, o STF abriu uma exceção para a primeira fase do Júri: - Inf. 748 do STF - Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. Vedação à aplicação da Lei 9.099/95 Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. O art. 41 dispõe que a lei 9.099 é inaplicável aoscrimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Esse dispositivo possui dois comandos: As infrações penais praticadas nos moldes dessa lei não se considerarem infrações penais de menor potencial ofensivo Evitar a aplicação das medidas despenalizadores. Inf. 654 do STF - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 2 anos. - Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. - Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. É cabível suspensão condicional da pena no caso de aplicação da Lei Maria da Penha? A questão está CERTA. A Súmula 536 é clara ao afirmar que “a suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Percebe-se que nada se diz a respeito da suspensão condicional da pena, sendo esta plenamente cabível nas hipóteses de crimes cometidos com violência doméstica ou familiar. Nem poderia ser o outro o entendimento. Ora, a Lei Maria da Penha, veda, em seu art. 41, a aplicação dos institutos despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. A suspensão condicional da pena, contudo, não se encontra prevista na Lei dos Juizados Especiais, e sim no art. 77 e seguintes do Código Penal. Dessa forma, não existe vedação legal para incidência do sursis aos delitos cometidos com violência doméstica ou familiar. Somente há óbice à sua aplicação caso não estejam presentes os requisitos previstos no próprio Código Penal. Por fim, importante destacar que o sursis da pena se aplica aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça, e que a sua maior aplicabilidade prática recai sobre os crimes de ameaça e lesão leve cometidos no contexto de violência doméstica, já que não admitem a substituição por penas restritivas de direitos. Retratação Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação (ex: AMEAÇA) da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (NO CPP É ANTES DO OFERECIMENTO) e ouvido o Ministério Público. O que o legislador chamou de renúncia, na realidade é uma retratação do direito de representação que já foi exercido. Para evitar qualquer espécie de vício na vontade da vítima de oferecer a retratação justamente pelo constrangimento ou ameaça do agressor A LEI EXIGE QUE ESSA RETRATAÇÃO SEJA FEITA EM AUDIÊNCIA ESPECÍFICA PARA ESSE FIM, NA PRESENÇA DO JUIZ, COM A OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ademais, perceba que, diferentemente do CPP, onde a retratação deve ser feita antes do oferecimento da denúncia, aqui é antes do recebimento. Esquematizando: A ação para as lesões corporais e contra dignidade sexual são públicas incondicionadas Para os crimes de ameaça continua condicionada, podendo haver retratação. Atenção!!! A Lei 13.718/18 altera disposições importantíssimas nos crimes sexuais, que vão despencar nas nossas provas! - A ação penal passa a ser pública incondicionada em todos os casos de crimes contra a liberdade sexual e de crimes sexuais contra vulneráveis. - Criação do tipo penal de importunação sexual, entendido como o ato libidinoso praticado contra alguém, e sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro. - Por se tratar de norma processual penal mista ou híbrida desfavorável ao réu, a novel legislação não retroage para atingir situações em que, antes do seu advento, era prevista como regra geral a ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Vedações previstas na lei Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de CESTA BÁSICA OU OUTRAS DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, BEM COMO A SUBSTITUIÇÃO DE PENA QUE IMPLIQUE O PAGAMENTO ISOLADO DE MULTA. Em resumo, vedações: CESTAS BÁSICAS PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA SUBSTITUIÇÃO SÓ POR MULTA SURSIS PROCESSUAL (OBS: MAS ADMITE SURSIS PENA), TRANSAÇÃO E COMPOSIÇÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Notificação de atos processuais Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos ATOS PROCESSUAIS relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida NÃO PODERÁ ENTREGAR INTIMAÇÃO OU NOTIFICAÇÃO AO AGRESSOR (CAI EM PROVA!!!). #CAIEMPROVA - Algumas provas costumam colocar uma pegadinha: no lugar de atos processuais, colocam atos investigativos. Não caia nessa. Além disso, são os atos processuais relativos a: ingresso e saída do agressor da prisão. Do Ministério Público Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Jurisprudência selecionada É válida a recusa pela Polícia Federal de pedido de inscrição em curso de reciclagem para vigilantes profissionais, quando o indivíduo praticou delito que envolve violência contra a pessoa ou se demonstra comportamento agressivo incompatível com as funções do cargo. O Superior Tribunal de Justiça vem adotando o entendimento de que, nos casos em que o delito imputado envolva o emprego de violência contra a pessoa ou demonstre comportamento agressivo incompatível com as funções de vigilante, válida exsurgirá a recusa de pedido de inscrição em curso de reciclagem para vigilantes profissionais, porquanto configurada a ausência de idoneidade do profissional. Ademais, no julgamento do REsp 1.666.294/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, a Segunda Turma desta Corte firmou compreensão no sentido de que, mesmo com o cumprimento integral da penalidade estabelecida em âmbito criminal, resta impedido o exercício da atividade profissional de vigilante por parte daquele que ostente contra si sentença penal condenatória transitada em julgado, em razão da ausência de idoneidade moral. (Info 734 STJ) Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária vítima de violência doméstica, que, em razão de medida protetiva de urgência decretada judicialmente, detém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do agressor REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724). Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por pai contra filha de 4 anos: vara criminal “comum” ou vara de violência doméstica e familiar contra a mulher? Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a tenra idade da vítima fica afastada a vara de violência doméstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por pai contra a filha, de 4 anos. • SIM. Posição da 5ª Turma do STJ: Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determinante para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, mas sima tenra idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto do réu, que com ela manteve relações sexuais, não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/08/2018. • NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ: A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682). Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da Penha no caso de violência do neto praticada contra a avó (Info 671 STJ). É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a competência do Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos casos em que a conduta imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de afeto que tiveram as partes. Assim, é necessário apenas que a conduta delitiva imputada esteja vinculada à relação íntima de afeto mantida entre as partes. STJ. 5ª Turma. HC 542.828/AP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/02/2020. A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração penal (Info 657 STJ) Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada comparece ao cartório da vara e manifesta interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar audiência para que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art. 16 (Info 656 STJ) A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no art. 9º, § 2º, da Lei é de competência do Juiz da Vara de Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do contrato de trabalho, devendo a empresa arcar com os 15 primeiros dias e o INSS com o restante (Info 655 STJ). É possível aplicar suspensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais praticados em contexto de violência doméstica? • 5ª Turma do STJ: NÃO. A prática de delito cometido com violência doméstica impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, por conseguinte, incabível a aplicação do sursis, com base no disposto no art. 77, III, do Código Penal. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1700643/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 02/10/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1547408/MS, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2017. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 82.898/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/11/2012. • 6ª Turma do STJ: SIM. É possível a concessão de suspensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais praticados em contexto de violência doméstica, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do Código Penal. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1691667/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 02/08/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1669715/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/09/2017. A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos provisórios ou provisionais em favor da companheira e da filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui título hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimplemento, passível de decretação de prisão civil. STJ. 3ª Turma. RHC 100446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/11/2018 (Info 640). Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o entendimento de que a hipossuficiência e a vulnerabilidade, necessárias à caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, são presumidas pela Lei nº 11.340/2006. A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de proteção ao gênero (tratados internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que não depende da demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. Ex: agressão feita por um homem contra a sua namorada, uma Procuradora da AGU, que possuía autonomia financeira e ganhava mais que ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 92.825, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 21/08/2018. Não se pode decretar a preventiva do autor de contravenção penal, mesmo que ele tenha praticado o fato no âmbito de violência doméstica e mesmo que tenha descumprido medida protetiva a ele imposta (Info 632 STJ) Em caso de ameaça por redes sociais ou pelo Whatsapp, o juízo competente para deferir as medidas protetivas é aquele no qual a mulher tomou conhecimento das intimidações (STJ) Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1643051-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621). A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Vide Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de contravenção penal envolvendo violência doméstica contra a mulher? NÃO. Posição majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). STF. 1ª Turma. HC 137888/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 31/10/2017 (Info 884) Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info 574). Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado pela prática do crime de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art. 129, § 9º do CP). STF. 2ª Turma. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/10/2015 (Info 804). Violência praticada por filha contraa mãe: Aplica-se a Lei Maria da Penha Violência praticada por filho contra pai idoso: Não se aplica a Lei Maria da Penha Violência praticada por genro contra sogra: Aplica-se a Lei Maria da Penha Violência praticada por filho contra a mãe: Aplica-se a Lei Maria da Penha Violência praticada por tia contra sobrinha: Aplica-se a Lei Maria da Penha Violência praticada por irmão contra irmã: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Ainda que não morem sob o mesmo teto. STJ. 5ª Turma. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/02/2012. Violência praticada por nora contra sogra: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Desde que estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. Ausentes, não se aplica. STJ. 5ª Turma. HC 175816/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/06/2013. Violência praticada por pai contra a filha: Aplica-se a Lei Maria da Penha Violência praticada por ex-namorado contra a ex-namorada: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Vale ressaltar, porém, que não é qualquer namoro que se enquadra na Lei Maria da Penha. Se o vínculo é eventual, efêmero, não incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979-MG). STJ. 5ª Turma. HC 182411/RS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador Convocado do TJ/RJ), julgado em 14/08/2012. Violência praticada por companheiro da mãe ("padrasto") contra a enteada: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Obs.: a agressão foi motivada por discussão envolvendo o relacionamento amoroso que o agressor possuía com a mãe da vítima (relação íntima de afeto). STJ. 5ª Turma. RHC 42092/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014. As medidas protetivas de urgência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) podem ser aplicadas em ação cautelar cível satisfativa, independentemente da existência de inquérito policial ou processo criminal contra o suposto agressor. STJ. 4ª Turma. REsp 1419421-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/2/2014 (Info 535). A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/5/2014 (Info 748). O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. STJ. 5ª Turma. REsp 1416580-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1º/4/2014 (Info 539). Súmulas Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017, DJe 27/11/2017. Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. Importante. Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Situações em que é possível a aplicação da Lei Maria da Penha segundo STJ FILHO CONTRA A MÃE A Lei Maria da Penha aplica-se também nas relações de parentesco. SIM (HC 290.650/MS) FILHA CONTRA A MÃE Obs.: Agressor pode ser também mulher. SIM (HC 277.561/AL) PAI CONTRA A FILHA SIM (HC 178.751/RS) IRMÃO CONTRA IRMà Obs.: Ainda que não morem sob o mesmo teto. SIM (REsp 1239850/DF) GENRO CONTRA SOGRA SIM (HC 310154/RS) NORA CONTRA A SOGRA Desde que estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. Ausentes, não se aplica. SIM (HC 175.816/RS) COMPANHEIRO DA MÃE ("PADRASTO") CONTRA A ENTEADA Obs.: A agressão foi motivada por discussão envolvendo o relacionamento amoroso que o agressor possuía com a mãe da vítima (relação íntima de afeto). SIM (RHC 42.092/RJ) TIA CONTRA SOBRINHA A tia possuía, inclusive, a guarda da criança (do sexo feminino), que tinha 4 anos. SIM (HC 250.435/RJ) EX-NAMORADO CONTRA A EX-NAMORADA Vale ressaltar, porém, que não é qualquer namoro que se enquadra na Lei Maria da Penha. Se o vínculo é eventual efêmero, não incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979-MG). SIM (HC 182.411/RS) FILHO CONTRA PAI IDOSO O sujeito passivo (vitima) não pode ser do sexo masculino. NÃO (RHC 51.481/SC)
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