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TABELA LEI MARIA DA PENHA (RESUMO)

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Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) 
Fundamento 
Constitucional e 
Convencional 
A Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto no art. 226, § 8°, da 
Constituição Federal, segundo o qual "o Estado assegurará a assistência à família na pessoa 
de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de 
suas relações", mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados 
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil. 
 
Classificação dos 
Direitos da 
Mulher 
São classificados como de primeira geração, isto é, eles têm a finalidade de não só conferir 
proteção isonômica aos hipossuficientes fisicamente no âmbito da relação familiar-afetiva, 
mas também de vedar ao Estado a baixa proteção, caracterizada pela delonga abusiva da 
persecução penal estatal, em detrimento daqueles direitos. 
 
Surgimento da 
Lei 
Surgimento da Lei: em maio de 1983, a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi 
vítima de disparos de espingarda efetuados por seu marido, enquanto dormia, resultando 
em paraplegia. 
 
Pouco após, foi vítima novamente de agressão pelo marido, sofrendo uma descarga elétrica 
enquanto tomava banho. Ocorre que, a despeito da grave violação aos direitos humanos, a 
morosidade processual fez com que a condenação do réu só ocorresse 18 anos após as 
tentativas de homicídio, em 2002. 
 
O caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que publicou a 
Resolução nº 54/2001, constatando a ineficácia processual e a falta de combate adequado, 
pelo Brasil, à violência doméstica. Assim, cinco anos após a publicação da referida 
Resolução, em 2006, foi publicada a Lei nº 11.340, que recebeu popularmente o nome de 
“Maria da Penha”. 
 
Legislação 
Internacional 
 
1975 México – Celebrada a 1ª Conferência Mundial sobre a mulher; 
 
1979 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra as Mulheres (aprovada pelo Congresso Nacional e promulgada 
Decreto nº 26/94) 
 
1980 Dinamarca: 2ª Conferência Mundial sobre a mulher 
 
1985 Quênia: 3ª Conferência Mundial sobre a mulher 
 
1994 Convenção de Belém do Pará - Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência Doméstica (Decreto nº 1973/96). 
 
 
Histórico no 
Brasil 
Até 1990, a violência, em geral, tinha um tratamento uniforme, que era basicamente o 
Código Penal (não importa se contra idosos, crianças, mulher, etc). A partir de 1990 
começou um “espírito de especialização da violência”. Houve a lei 8.069/90 (violência 
contra criança e adolescente – ECA). No mesmo ano veio a lei 8.072/90 (Hediondos), 
8.078/90 (consumidor), lei 9.099/95, lei 9.455/97, lei 9.503/97, lei 9.605/98, estatuto do 
idoso. As estatísticas justificaram o novo tratamento dessas violências, já que o CP não 
tratava delas de maneira eficiente. 
 
Apesar do mandamento constitucional do art. 226, § 8°, e dos diversos Tratados 
Internacionais firmados pelo Brasil, a Lei n° 11.340/06 surgiu apenas no ano de 2006, para 
atender à recomendação da OEA decorrente de condenação imposta ao Brasil no caso que 
ficou conhecido como "Maria da Penha". Foi nesse espírito que nasceu a lei 11.340/06, 
sobre violência doméstica e familiar contra a mulher, também se baseando em estatística. 
 
Natureza da Lei Não se pode dizer que a presente lei tem conteúdo penal, uma vez que ela não prevê tipos 
penais que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Da mesma forma, o 
seu conteúdo não tem nenhuma norma ligada ao exercício do jus puniendi. Na realidade, 
esta lei tem conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 18, 19, 20, entre outros), mas, 
também trata de questões ligadas ao direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). Assim, 
pode-se dizer que a lei tem conteúdo misto. 
 
Objetivos 
 
 
Violação dos 
Direitos 
Humanos 
A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos 
direitos humanos. 
 
Convenção sobre 
a Eliminação de 
Todas as 
Formas de 
Violência contra 
a Mulher 
(CEDAW) 
Foi assinada pelo Brasil em 1979 e ratificada em 1984, busca promover os direitos da 
mulher na busca da igualdade de gênero e reprimir quaisquer discriminações contra a 
mulher nos Estados-parte. 
 
Convenção 
Interamericana 
para Prevenir, 
Punir e Erradicar 
a Violência 
contra a Mulher 
(Convenção de 
Belém do Pará) 
 
Adotada pelo Brasil em 1994, é o primeiro tratado internacional que passou a criminalizar 
todas as formas de violência contra a mulher (não apenas a violência física). 
 
Ações 
Afirmativas 
Conjunto de ações, programas e políticas especiais e temporárias que buscam reduzir ou 
minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de gênero, raça, sexo, religião, 
deficiência física, ou outro fator de desigualdade. Buscam incluir setores marginalizados 
num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos 
compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão 
com o princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias 
e de inserção social de parcelas historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a 
equacionar distorções arraigadas ou minorar-lhes as consequências antissociais. 
Não violam o princípio da igualdade, pois há uma discriminação positiva e não negativa: 
- Inf. 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei 
n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
 
Escusas 
Absolutórias 
Uma das formas de violência é a patrimonial, descrita no art. 7º, IV da Lei 11.340, sendo 
assim, há divergência doutrinária quanto a possibilidade de aplicação das escusas 
absolutórias (imunidades) previstas do Código Penal, que incidem nos crimes patrimoniais. 
 
 
 
1ª corrente: não se aplica as imunidades dos art. 181 e 182 quando a conduta envolver 
violência doméstica e familiar contra à mulher (Maria Berenice Dias). 
 
2ª corrente: entende que deve ser aplicada as escusas absolutórias, diante da falta de 
previsão legal para afastá-las no caso de enquadramento da conduta em violência 
doméstica e familiar contra a mulher. Posicionamento majoritário neste sentido (Renato 
Brasileiro, Rogério Sanches Cunha, entre outros). 
 
Princípio da 
Insignificância 
Inf. 825 do STF - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em 
violência doméstica. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em 
situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, 
devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento 
e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao 
direito penal. 
 
O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela 
imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a 
mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale 
ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da 
conduta ou desnecessidade de pena. 
 
Âmbitos da 
Violência 
Doméstica 
 
Âmbito da Unidade 
Doméstica 
Âmbito da Família Qualquer relação íntima de 
afeto 
Espaço de convívio 
permanente de pessoas, 
COM OU SEM VÍNCULO 
FAMILIAR, INCLUSIVE AS 
ESPORADICAMENTE 
AGREGADAS. 
Leva em conta apenas o 
aspecto espacial. Nessa 
hipótese, o importante é que 
a mulher deve fazer parte 
desse espaço de convívio 
permanente. 
Não se exige o vínculo 
familiar, o que significa dizer 
que a violência doméstica 
contra a mulher pode 
Comunidade formada por 
indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, 
unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade 
expressa; 
Indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, 
unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade 
expressa Aqui importam os 
laços, pouco importando o 
lugar, pouco importando sehá coabitação. 
 
Súmula 600 – STJ: Para 
Em qualquer relação íntima de 
afeto, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com 
a ofendida, 
INDEPENDENTEMENTE DE 
COABITAÇÃO. 
Ao referir-se a qualquer relação 
íntima de afeto, o legislador 
abarcou a necessidade de o 
agressor conviver ou ter 
convivido com a ofendida, 
independentemente de 
coabitação. Na relação íntima 
de afeto, o importante é que 
haja um relacionamento entre 
duas pessoas, seja ele baseado 
ocorrer fora dos casos de 
marido e mulher, podendo 
ser vítima a empregada 
doméstica, por exemplo. 
configuração da violência 
doméstica e familiar prevista 
no artigo 5º da lei 
11.340/2006, lei Maria da 
Penha, não se exige a 
coabitação entre autor e 
vítima. 
 
na amizade, seja ele baseado 
em qualquer sentimento que 
um tiver pelo outro. É possível 
namorado e namorada, desde 
que não seja uma relação 
passageira, mas íntima. 
 
Súmula 600 STJ Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, 
lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
 
Info 621 STJ Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é 
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja 
pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, 
e independentemente de instrução probatória. 
 
Info 499 STJ LEI MARIA DA PENHA. BRIGA ENTRE IRMÃOS. A hipótese de briga entre irmãos – que 
ameaçaram a vítima de morte – amolda-se àqueles objetos de proteção da Lei nº 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). In casu, caracterizada a relação íntima de afeto familiar 
entre os agressores e a vítima, inexiste a exigência de coabitação ao tempo do crime, para a 
configuração da violência doméstica contra a mulher. 
 
Info 542 STJ COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO PENAL REFERENTE A SUPOSTO CRIME 
DE AMEAÇA PRATICADO POR NORA CONTRA SUA SOGRA. É do juizado especial criminal – 
e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher – a competência para 
processar e julgar ação penal referente a suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) 
praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não estejam presentes os 
requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de 
vulnerabilidade. Isso porque, para a incidência da Lei 11.340/2006, exige-se a presença 
concomitante desses requisitos. De fato, se assim não fosse, qualquer delito que envolvesse 
relação entre parentes poderia dar ensejo à aplicação da referida lei. Nesse contexto, deve 
ser conferida interpretação restritiva ao conceito de violência doméstica e familiar, para 
que se não inviabilize a aplicação da norma. 
 
Elemento 
Subjetivo na 
Violência 
Doméstica 
À primeira vista, considerando-se que o art. 5° e os incisos do art. 7° não estabelecem 
qualquer distinção, poder-se-ia pensar que toda e qualquer infração penal dolosa ou 
culposa seria capaz de configurar violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
No entanto, se se trata de violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no 
gênero”), DEVE FICAR EVIDENCIADA A CONSCIÊNCIA E A VONTADE DO AGENTE DE 
ATINGIR UMA MULHER EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE, O QUE SOMENTE SERIA 
POSSÍVEL NA HIPÓTESE DE CRIMES DOLOSOS. 
 
Sujeitos da 
Violência 
Doméstica e 
Irrelevância da 
Orientação 
Sexual 
SUJEITO ATIVO - Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, 
não é necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O 
agressor tanto pode ser um homem (união heterossexual) como outra mulher (união 
homoafetiva). Basta atentar para o disposto no art. 5°, pú, que prevê que as relações 
pessoais que autorizam o reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher 
independem de orientação sexual. 
 
Portanto, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a 
violência for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e 
íntimas de afeto. 
 
Quanto à violência doméstica perpetrada por uma mulher contra outra, a maioria da 
doutrina entende não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha, desde que 
comprovada uma relação de hipossuficiência e superioridade. 
 
Nas hipóteses de violência doméstica e familiar perpetrada por um homem contra a 
mulher, para Renato Brasileiro, há verdadeira presunção absoluta de vulnerabilidade. A 
desigualdade entre os gêneros feminino e masculino pode ser facilmente constatada, seja 
pela maior força física do homem, seja pela posição de superioridade que geralmente 
ocupa no seio familiar e social. 
 
Por outro lado, quando esta mesma violência é perpetrada por uma mulher contra outra no 
seio de uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, não há falar em presunção 
absoluta de vulnerabilidade do gênero feminino. Trata-se, na verdade, de presunção 
relativa. Para a configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher, é 
indispensável que a vítima esteja em situação de hipossuficiência física ou econômica, em 
condição de vulnerabilidade, enfim, que a infração penal tenha como motivação a opressão 
à mulher. 
 
Nesse contexto, como já se pronunciou o STJ, "delito contra honra, envolvendo irmãs, não 
configura hipótese de incidência da Lei n° 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa 
perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade física e 
econômica”. No entanto, se esta mesma violência for perpetrada no âmbito de uma união 
homoafetiva, demonstrando-se que a agressora ocupava uma posição de superioridade 
hierárquica em relação à vítima, que dela dependia economicamente por exercer funções 
domésticas, não se pode descartar a possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha, 
porquanto evidenciada a posição de vulnerabilidade do sujeito passivo. 
 
Inf. 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. O fato 
de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a 
situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento 
íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a 
aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. 
 
SUJEITO PASSIVO - Especificamente em relação ao sujeito passivo da violência doméstica e 
familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Portanto, revela-se 
inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de violência contra homens, 
mesmo quando originadas no ambiente doméstico ou familiar. 
 
ATENÇÃO – Apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, o homem pode 
ser vítima de violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do CP. 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei 
nº 11.340, de 2006) 
 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 
2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas 
no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 
2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
- Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência doméstica) - A 
qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais 
cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. 
 
A lei 11.340/06 somente abrange mulher (violência de gênero), mas é possívelaplicar-se as 
medidas de proteção para criança, adolescente, idoso, pessoa portadora de necessidades 
especiais e enfermo (são todos vulneráveis), mesmo que homens. Neste caso, o juiz se 
valerá do seu poder geral de cautela, na forma do artigo 313, inciso III, do CPP. 
 
 
Formas de Violência Doméstica e Familiar 
 
Violência Física Violência 
Psicológica 
Violência Sexual Violência 
Patrimonial 
Violência Moral 
Entendida como 
qualquer conduta 
que ofenda sua 
integridade ou saúde 
corporal; 
 
Entendida como 
qualquer conduta 
que lhe cause dano 
emocional e 
diminuição da 
autoestima ou que 
lhe prejudique e 
perturbe o pleno 
desenvolvimento ou 
que vise degradar ou 
controlar suas ações, 
comportamentos, 
crenças e decisões, 
mediante ameaça, 
constrangimento, 
humilhação, 
manipulação, 
isolamento, vigilância 
constante, 
perseguição 
contumaz, insulto, 
chantagem, violação 
de sua intimidade, 
ridicularização, 
exploração e 
limitação do direito 
de ir e vir ou qualquer 
outro meio que lhe 
cause prejuízo à 
saúde psicológica e à 
autodeterminação. 
 
Entendida como 
qualquer conduta 
que a constranja a 
presenciar, a manter 
ou a participar de 
relação sexual não 
desejada, mediante 
intimidação, ameaça, 
coação ou uso da 
força; que a induza a 
comercializar ou a 
utilizar, de qualquer 
modo, a sua 
sexualidade, que a 
impeça de usar 
qualquer método 
contraceptivo ou que 
a force ao 
matrimônio, à 
gravidez, ao aborto 
ou à prostituição, 
mediante coação, 
chantagem, suborno 
ou manipulação; ou 
que limite ou anule o 
exercício de seus 
direitos sexuais e 
reprodutivos 
 
Entendida como 
qualquer conduta 
que configure 
retenção, subtração, 
destruição parcial ou 
total de seus objetos, 
instrumentos de 
trabalho, 
documentos 
pessoais, bens, 
valores e direitos ou 
recursos econômicos, 
incluindo os 
destinados a 
satisfazer 
suas necessidades; 
 
 
Entendida como 
qualquer conduta 
que configure 
calúnia, difamação 
ou injúria. 
 
O ROL É EXEMPLIFICATIVO, tal como se depreende da parte final do caput, que afirma serem formas de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, “entre outras”, as que afetem a integridade física, psicológica, 
sexual, patrimonial e moral. 
 
 
 
Aplicação da Lei 
Maria da Penha 
para o transexual 
É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para o transexual? Primeiramente, cumpre 
esclarecer que transexual não se confunde com homossexual, bissexual, intersexual ou 
mesmo com travesti. O transexual é a pessoa cuja identidade de gênero (como a pessoa se 
vê) não corresponde ao seu sexo biológico. Tem prevalecido que a lei Maria da Penha pode 
ser aplicada ao transexual. 
 
ATENÇÃO - Na hipótese de uma mesma agressão ser perpetrada contra vítimas de sexos 
diferentes, estará sujeita à Lei Maria da Penha apenas a violência contra a vítima do sexo 
feminino. Entretanto, diante da conexão probatória entre os dois crimes, é possível a 
reunião dos processos perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher. Nesse caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 só poderão ser 
aplicados em relação à infração de menor potencial ofensivo cometida contra a vítima do 
sexo masculino, vez que não se admite a aplicação da Lei n° 9.099/95 aos crimes e 
contravenções praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 
11.340/06, art. 41). 
 
Aplica-se a Lei 
Maria da Penha 
ao “Webnamoro” 
A resposta é sim – Enunciado n 50 COPEVID: Considera-se também relação íntima de afeto, 
a fim de ensejar a aplicação da Lei Maria da Penha, aquela estabelecida e/ pi mantida por 
meio da rede mundial de computadores. O art. 5º da Lei Maria da Penha é plenamente 
compatível com os relacionamentos firmados no mundo digital. 
 
Da Assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar – art. 9º 
Forma de 
Prestação 
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de 
forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da 
Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, 
entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o 
caso. 
 
Inclusão da 
Mulher 
O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e 
municipal. 
 
Direitos da 
Mulher 
O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar 
sua integridade física e psicológica: 
I – Acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração 
direta ou indireta; 
II – Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de 
trabalho, por até seis meses. 
Encaminhamento 
à assistência 
judiciária 
Quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de 
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo 
competente. 
 
Assistência A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o 
acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os 
serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros 
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 
 
Ressarcimento 
ao SUS 
Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano 
moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive 
ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos 
aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de 
violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde 
do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. 
 
Dispositivos de 
Segurança 
Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e 
disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar 
amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. 
 
Ressarcimento O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de 
qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar 
atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. 
 
Matrícula de 
Dependentes 
A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular 
seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou 
transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos 
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e 
familiar em curso. 
 
Sigilo Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos 
e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos 
competentes do poder público. 
 
Formas de 
Prevenção na Lei 
Maria da Penha 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-
se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e 
habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a 
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à 
frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de 
dados, a serem unificados nacionalmente,e a avaliação periódica dos resultados das 
medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da 
família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência 
doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do 
art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que violam este dispositivo. 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em 
particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e 
a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de 
promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da 
violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo 
de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I 
quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito 
respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos 
relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
 
Providências que 
devem ser 
adotadas pela 
AUTORIDADE 
POLICIAL no 
atendimento à 
mulher em 
situação de 
violência 
- garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério 
Público e ao Poder Judiciário; 
 
- encaminhar a ofendida ao hospital/posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; 
 
- fornecer transporte para a ofendida/dependentes para abrigo ou local seguro, quando 
houver risco de vida; 
 
- acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência 
doméstica e 
familiar 
ou do domicílio familiar, se necessário; 
 
- informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, 
inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo 
competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 
dissolução de união estável. 
 
 
 
Obrigação da autoridade policial Na hipótese da iminência ou da prática de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade 
policial que tomar conhecimento da ocorrência 
adotará, de imediato, as providências legais 
cabíveis. 
 
Atendimento Especializado É direito da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar o atendimento policial e 
pericial especializado, ininterrupto e prestado por 
servidores - preferencialmente do sexo feminino - 
previamente capacitados. 
 
 
 
MEDIDA 
PROTETIVA de 
afastamento do 
agressor do lar, 
domicílio ou local 
de convivência 
com a ofendida 
- Autoridade Judiciária 
• Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes. 
 
- Delegado de Polícia 
• Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; E 
• Município não for sede de comarca. 
 
- Policial 
• Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; 
• Município não for sede de comarca; E 
• Não houver delegado disponível no momento da denúncia. 
 
MEDIDAS 
PROTETIVAS DE 
URGÊNCIA à 
ofendida 
- encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção 
ou de atendimento; 
 
- determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, 
após afastamento do agressor; 
 
- determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, 
guarda dos filhos e alimentos; 
 
- determinar a separação de corpos. 
 
- determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica 
mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, 
INDEPENDENTEMENTE da existência de vaga. 
 
MEDIDAS 
PROTETIVAS DE 
- suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão 
competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
URGÊNCIA que 
obrigam o 
AGRESSOR 
 
- afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
 
- proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo 
de distância entre estes e o agressor; 
 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e 
psicológica da ofendida; 
 
- restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
 
- prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
 
- comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e 
 
- acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em 
grupo de apoio. 
 
Vedações Legais 
e 
Jurisprudenciais 
- Pena de cestas básicas, quaisquer espécies de prestação pecuniária e substituição de pena 
que implique o pagamento isolado de multa (art. 17); 
 
- A ofendida não poderá entregar intimação ou notificado ao agressor (art. 21, p. único); 
 
- Não se aplica a Lei nº 9.099/95 – Juizados Especiais Criminais (art. 41); 
 
- Suspensão condicional do processo e transação penal (Súmula nº 536, STJ); 
- Princípio da Insignificância (Info 825, STF e Súmula nº 589, STJ); 
- Substituição de PPL por PRD em casos de crimes e contravenções com violência ou grave 
ameaça (Info 804, STF e Súmula nº 588, STJ). 
 
Competência para o afastamento do agressor do lar 
 
Quem Quando Requisitos 
Pela autoridade judicial sempre Existência de risco atual ou 
iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar, ou 
de seus dependentes. 
 
Pelo delegado de polícia Quando o Município não for sede 
de comarca. 
 
Existência de risco atual ou 
iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar, ou 
de seus dependentes; 
 
Pelo policial Quando o Município não for sede 
de comarca e 
não houver delegado disponível no 
momento da denúncia. 
Existência de risco atual ou 
iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar, ou 
de seus dependentes 
 
 
 
Algumas 
alterações 
legislativas que 
você precisa 
saber 
LEI Nº 13.505 DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017. 
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, 
preferencialmente, por servidores do sexo feminino. 
 
Art. 2o A Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar 
acrescida dos seguintes arts. 10-A, 12-A e 12-B: 
“Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - 
preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contraa mulher, obedecerá 
às seguintes diretrizes: 
I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua 
condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; 
II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica 
e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e 
pessoas a eles relacionadas; 
III - Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato 
nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida 
privada. 
 
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte 
procedimento: 
I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá 
os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; 
II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em 
violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; 
III - O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação 
e a mídia integrar o inquérito.” 
 
“Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de 
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no 
âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher 
(Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o 
atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.” 
“Art. 12-B. (VETADO). 
§ 1o (VETADO). 
§ 2o (VETADO. 
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da 
mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.” 
 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da 
mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor 
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida: 
 I - pela autoridade judicial; 
 II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado 
disponível no momento da denúncia 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo 
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a 
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público 
concomitantemente 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida 
protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. 
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. 
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados 
mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do 
Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência 
social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. 
Dos 
Procedimentos 
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes 
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos 
Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao 
adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. 
 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça 
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito 
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das 
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Parágrafo único. Os atos processuais PODERÃO REALIZAR-SE EM HORÁRIO NOTURNO 
(aquela típica pergunta de letra da lei que também cai), conforme dispuserem as normas 
de organização judiciária. 
 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é um órgão fracionário do 
Poder Judiciário que teve a sua criação autorizada por esta lei. Cabe aos Tribunais de Justiça 
dos Estados a criação desse órgão dentro das suas estruturas, de acordo com as normas de 
organização judiciária da cada Estado. 
 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência mista, ou 
seja, cível e criminal. Ao mesmo tempo em que se julga o delito praticado em situação de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, praticam-se atos de natureza cível, como a 
separação judicial, entre outros. 
 
Ademais, nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível 
e criminal para as causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
E se for crime doloso contra a vida? Por tratar-se de competência constitucional, ela deve 
prevalecer sobre a competência determinada na presente lei. Assim, em se tratando de 
crime doloso contra a vida em situação de violência doméstica e familiar, a competência 
para o processo e o julgamento será do Tribunal do Júri. No entanto, o STF abriu uma 
exceção para a primeira fase do Júri: 
 
- Inf. 748 do STF - Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida 
praticados no contexto de violência doméstica. A Lei de Organização Judiciária poderá 
prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência 
Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência 
doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o 
julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. 
 
Vedação à 
aplicação da Lei 
9.099/95 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
 
O art. 41 dispõe que a lei 9.099 é inaplicável aos crimes praticados com violência doméstica 
e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Esse dispositivo possui 
dois comandos: 
 As infrações penais praticadas nos moldes dessa lei não se considerarem 
infrações penais de menor potencial ofensivo 
 Evitar a aplicação das medidas despenalizadores. 
 
Inf. 654 do STF - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher 
não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), mesmo que a pena seja menor 
que 2 anos. 
 
- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
 
- Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
É cabível 
suspensão 
condicional da 
pena no caso de 
aplicação da Lei 
Maria da Penha? 
A questão está CERTA. A Súmula 536 é clara ao afirmar que “a suspensão condicional do 
processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei 
Maria da Penha”. Percebe-se que nada se diz a respeito da suspensão condicional da pena, 
sendo esta plenamente cabível nas hipóteses de crimes cometidos com violência doméstica 
ou familiar. Nem poderia ser o outro o entendimento. 
 
Ora, a Lei Maria da Penha, veda, em seu art. 41, a aplicação dos institutos despenalizadores 
da Lei dos Juizados Especiais: Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e 
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplicaa Lei no 9.099, 
de 26 de setembro de 1995. 
 
A suspensão condicional da pena, contudo, não se encontra prevista na Lei dos Juizados 
Especiais, e sim no art. 77 e seguintes do Código Penal. Dessa forma, não existe 
vedação legal para incidência do sursis aos delitos cometidos com violência doméstica ou 
familiar. 
 
 Somente há óbice à sua aplicação caso não estejam presentes os requisitos previstos no 
próprio Código Penal. Por fim, importante destacar que o sursis da pena se aplica aos 
crimes cometidos com violência ou grave ameaça, e que a sua maior aplicabilidade prática 
recai sobre os crimes de ameaça e lesão leve cometidos no contexto de violência 
doméstica, já que não admitem a substituição por penas restritivas de direitos. 
 
Retratação Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação (ex: AMEAÇA) da 
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, 
em audiência especialmente designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO DA 
DENÚNCIA (NO CPP É ANTES DO OFERECIMENTO) e ouvido o Ministério Público. 
 
O que o legislador chamou de renúncia, na realidade é uma retratação do direito de 
representação que já foi exercido. Para evitar qualquer espécie de vício na vontade da 
vítima de oferecer a retratação justamente pelo constrangimento ou ameaça do agressor A 
LEI EXIGE QUE ESSA RETRATAÇÃO SEJA FEITA EM AUDIÊNCIA ESPECÍFICA PARA ESSE FIM, 
NA PRESENÇA DO JUIZ, COM A OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ademais, perceba que, 
diferentemente do CPP, onde a retratação deve ser feita antes do oferecimento da 
denúncia, aqui é antes do recebimento. 
 
Esquematizando: 
 A ação para as lesões corporais e contra dignidade sexual são públicas incondicionadas 
 Para os crimes de ameaça continua condicionada, podendo haver retratação. 
 
 
Atenção!!! A Lei 13.718/18 altera disposições importantíssimas nos crimes sexuais, que vão despencar 
nas nossas provas! 
 
- A ação penal passa a ser pública incondicionada em todos os casos de crimes contra a 
liberdade sexual e de crimes sexuais contra vulneráveis. 
 
- Criação do tipo penal de importunação sexual, entendido como o ato libidinoso praticado 
contra alguém, e sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro. 
 
- Por se tratar de norma processual penal mista ou híbrida desfavorável ao réu, a novel 
legislação não retroage para atingir situações em que, antes do seu advento, era prevista 
como regra geral a ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
 
Vedações 
previstas na lei 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
de penas de CESTA BÁSICA OU OUTRAS DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, BEM COMO A 
SUBSTITUIÇÃO DE PENA QUE IMPLIQUE O PAGAMENTO ISOLADO DE MULTA. 
Em resumo, vedações: 
 CESTAS BÁSICAS 
 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA 
 SUBSTITUIÇÃO SÓ POR MULTA 
 SURSIS PROCESSUAL (OBS: MAS ADMITE SURSIS PENA), TRANSAÇÃO E COMPOSIÇÃO. 
 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
Notificação de 
atos processuais 
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos ATOS PROCESSUAIS relativos ao agressor, 
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação 
do advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida NÃO 
PODERÁ ENTREGAR INTIMAÇÃO OU NOTIFICAÇÃO AO AGRESSOR (CAI EM PROVA!!!). 
 
#CAIEMPROVA - Algumas provas costumam colocar uma pegadinha: no lugar de atos 
processuais, colocam atos investigativos. Não caia nessa. Além disso, são os atos 
processuais relativos a: ingresso e saída do agressor da prisão. 
 
Do Ministério 
Público 
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais 
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: 
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social 
e de segurança, entre outros; 
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em 
situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas 
administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; 
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Jurisprudência 
selecionada 
É válida a recusa pela Polícia Federal de pedido de inscrição em curso de reciclagem para 
vigilantes profissionais, quando o indivíduo praticou delito que envolve violência contra a 
pessoa ou se demonstra comportamento agressivo incompatível com as funções do cargo. 
O Superior Tribunal de Justiça vem adotando o entendimento de que, nos casos em que o 
delito imputado envolva o emprego de violência contra a pessoa ou demonstre 
comportamento agressivo incompatível com as funções de vigilante, válida exsurgirá a 
recusa de pedido de inscrição em curso de reciclagem para vigilantes profissionais, 
porquanto configurada a ausência de idoneidade do profissional. Ademais, no julgamento 
do REsp 1.666.294/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, a Segunda Turma desta Corte 
firmou compreensão no sentido de que, mesmo com o cumprimento integral da penalidade 
estabelecida em âmbito criminal, resta impedido o exercício da atividade profissional de 
vigilante por parte daquele que ostente contra si sentença penal condenatória transitada 
em julgado, em razão da ausência de idoneidade moral. (Info 734 STJ) 
Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária vítima de violência 
doméstica, que, em razão de medida protetiva de urgência decretada judicialmente, 
detém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do agressor REsp 1966556-SP, 
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724). 
 
Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por pai contra filha de 4 anos: 
vara criminal “comum” ou vara de violência doméstica e familiar contra a mulher? 
Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a tenra idade da vítima fica 
afastada a vara de violência doméstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por 
pai contra a filha, de 4 anos. 
 • SIM. Posição da 5ª Turma do STJ: Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi 
determinante para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, mas sim a tenra 
idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto do réu, que com ela manteve relações 
sexuais, não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 23/08/2018. 
• NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ: A idade da vítima é irrelevante para afastar a 
competência da vara especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e as 
normas protetivas da Lei Maria da Penha. STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682). 
 
Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da Penha no caso de 
violência do neto praticada contra a avó (Info 671 STJ). 
 
É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a 
competência do Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos 
casos em que a conduta imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de 
afeto que tiveram as partes. Assim, é necessário apenas que a conduta delitiva imputada 
esteja vinculada à relação íntima de afeto mantida entre as partes. STJ. 5ª Turma. HC 
542.828/AP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/02/2020. 
 
A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da violência doméstica e familiar 
contra a mulher, não é fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do 
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração penal (Info 657 STJ) 
 
Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada compareceao cartório da vara 
e manifesta interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar 
audiência para que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art. 16 
(Info 656 STJ) 
 
A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no art. 9º, § 2º, da Lei é de 
competência do Juiz da Vara de Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do 
contrato de trabalho, devendo a empresa arcar com os 15 primeiros dias e o INSS com o 
restante (Info 655 STJ). 
 
É possível aplicar suspensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais 
praticados em contexto de violência doméstica? 
• 5ª Turma do STJ: NÃO. A prática de delito cometido com violência doméstica impossibilita 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, por conseguinte, 
incabível a aplicação do sursis, com base no disposto no art. 77, III, do Código Penal. STJ. 5ª 
Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1700643/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 02/10/2018. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1547408/MS, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, QUINTA TURMA, 
julgado em 03/08/2017. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 82.898/MG, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 20/11/2012. 
 
• 6ª Turma do STJ: SIM. É possível a concessão de suspensão condicional da pena aos 
crimes e às contravenções penais praticados em contexto de violência doméstica, desde 
que preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do Código Penal. STJ. 6ª Turma. AgRg no 
REsp 1691667/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 02/08/2018. STJ. 6ª Turma. 
AgRg no REsp 1669715/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/09/2017. 
A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos provisórios ou provisionais em 
favor da companheira e da filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui título 
hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimplemento, passível de decretação de 
prisão civil. STJ. 3ª Turma. RHC 100446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
27/11/2018 (Info 640). 
 
Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o entendimento de que a 
hipossuficiência e a vulnerabilidade, necessárias à caracterização da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, são presumidas pela Lei nº 11.340/2006. A mulher possui na Lei 
Maria da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de proteção ao gênero 
(tratados internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que 
não depende da demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. Ex: 
agressão feita por um homem contra a sua namorada, uma Procuradora da AGU, que 
possuía autonomia financeira e ganhava mais que ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
620.058/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no 
REsp 1720536/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
RHC 92.825, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 21/08/2018. 
 
Não se pode decretar a preventiva do autor de contravenção penal, mesmo que ele tenha 
praticado o fato no âmbito de violência doméstica e mesmo que tenha descumprido 
medida protetiva a ele imposta (Info 632 STJ) 
 
Em caso de ameaça por redes sociais ou pelo Whatsapp, o juízo competente para deferir 
as medidas protetivas é aquele no qual a mulher tomou conhecimento das intimidações 
(STJ) 
 
Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é 
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja 
pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, 
e independentemente de instrução probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença 
condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1643051-MS, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621). 
 
A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no 
âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11805-DF, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Vide 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de 
contravenção penal envolvendo violência doméstica contra a mulher? NÃO. Posição 
majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC 
131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). STF. 1ª Turma. HC 137888/MS, 
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 31/10/2017 (Info 884) 
 
Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência 
doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva 
ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica 
causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e 
o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos 
crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no 
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o 
fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou 
desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado 
em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado 
em 10/5/2016 (Info 825). 
 
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de 
urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e 
familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
1º/12/2015 (Info 574). 
 
Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao 
condenado pela prática do crime de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art. 
129, § 9º do CP). STF. 2ª Turma. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 
20/10/2015 (Info 804). 
 
Violência praticada por filha contra a mãe: Aplica-se a Lei Maria da Penha 
 
Violência praticada por filho contra pai idoso: Não se aplica a Lei Maria da Penha 
 
Violência praticada por genro contra sogra: Aplica-se a Lei Maria da Penha 
 
Violência praticada por filho contra a mãe: Aplica-se a Lei Maria da Penha 
 
Violência praticada por tia contra sobrinha: Aplica-se a Lei Maria da Penha 
 
 Violência praticada por irmão contra irmã: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Ainda que não 
morem sob o mesmo teto. STJ. 5ª Turma. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado 
em 16/02/2012. 
 
Violência praticada por nora contra sogra: Aplica-se a Lei Maria da Penha. Desde que 
estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação 
de vulnerabilidade. Ausentes, não se aplica. STJ. 5ª Turma. HC 175816/RS, Rel. Min. Marco 
Aurélio Bellizze, julgado em 20/06/2013. 
 
Violência praticada por pai contra a filha: Aplica-se a Lei Maria da Penha 
 
Violência praticada por ex-namorado contra a ex-namorada: Aplica-se a Lei Maria da 
Penha. Vale ressaltar, porém, que não é qualquer namoro que se enquadra na Lei Maria da 
Penha. Se o vínculo é eventual, efêmero, não incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979-MG). STJ. 5ª 
Turma. HC 182411/RS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador Convocado do 
TJ/RJ), julgado em 14/08/2012. 
 
Violência praticada por companheiro da mãe ("padrasto") contra a enteada: Aplica-se a 
Lei Maria da Penha. Obs.: a agressão foi motivada por discussão envolvendo o 
relacionamento amoroso que o agressor possuía com a mãe da vítima (relação íntima de 
afeto). STJ. 5ª Turma.RHC 42092/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014. 
 
As medidas protetivas de urgência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) podem ser 
aplicadas em ação cautelar cível satisfativa, independentemente da existência de 
inquérito policial ou processo criminal contra o suposto agressor. STJ. 4ª Turma. REsp 
1419421-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/2/2014 (Info 535). 
 
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja 
realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida 
praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência 
constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, 
deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 27/5/2014 (Info 748). 
 
O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso 
porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em 
relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição 
pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. STJ. 5ª 
Turma. REsp 1416580-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1º/4/2014 (Info 539). 
 
Súmulas Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º 
da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017, DJe 27/11/2017. 
 
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência 
ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. Importante. 
 
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções 
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. STJ. 3ª Seção. 
Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. 
 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Situações em que é possível a aplicação da Lei Maria da Penha segundo STJ 
FILHO CONTRA A MÃE 
A Lei Maria da Penha aplica-se também nas relações de parentesco. 
SIM (HC 290.650/MS) 
 
FILHA CONTRA A MÃE 
Obs.: Agressor pode ser também mulher. 
SIM (HC 277.561/AL) 
 
PAI CONTRA A FILHA 
 
SIM (HC 178.751/RS) 
 
IRMÃO CONTRA IRMÃ 
Obs.: Ainda que não morem sob o mesmo teto. 
SIM (REsp 1239850/DF) 
 
GENRO CONTRA SOGRA 
 
SIM (HC 310154/RS) 
 
NORA CONTRA A SOGRA 
Desde que estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, 
motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. 
Ausentes, não se aplica. 
SIM (HC 175.816/RS) 
 
COMPANHEIRO DA MÃE ("PADRASTO") CONTRA A ENTEADA 
Obs.: A agressão foi motivada por discussão envolvendo o relacionamento 
amoroso que o agressor possuía com a mãe da vítima (relação íntima de 
afeto). 
SIM (RHC 42.092/RJ) 
 
TIA CONTRA SOBRINHA 
A tia possuía, inclusive, a guarda da criança (do sexo feminino), que tinha 4 
anos. 
SIM (HC 250.435/RJ) 
 
EX-NAMORADO CONTRA A EX-NAMORADA 
Vale ressaltar, porém, que não é qualquer namoro que se enquadra na Lei 
Maria da Penha. Se o vínculo é eventual efêmero, não incide a Lei 11.340/06 
(CC 91.979-MG). 
SIM (HC 182.411/RS) 
 
FILHO CONTRA PAI IDOSO 
O sujeito passivo (vitima) não pode ser do sexo masculino. 
NÃO (RHC 51.481/SC)

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