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1 2 >> Boas-vindas! Bem-vindo(a)! Certamente, você já observou que cada vez mais a Gestão Pública Municipal ocupa um papel preponderante na missão de orientar, corrigir distorções, e defender interesses e direitos do governo local. Mostra-se pertinente e apto para o (a) aluno (a) atuar com competência nesse segmento jurídico, realizando com maior facilidade e segurança as relevantes tarefas que lhes sejam afetas na gestão pública, além de pontuar para progressão em sua carreira, pelo conhecimento adquirido. Nesta Terceira Unidade da Disciplina Noções de Gestão Pública abordaremos sobre Conceitos de Contabilidade Pública, Fundamentos da LRF – Lei de Responsabilização Fiscal e Execução Orçamentária e Financeira. Tenha um bom estudo! ICONOGRAFIA Ponto de Partida O que você verá na Unidade Roteiro do Conhecimento O conteúdo desenvolvido propriamente dito. Ampliando os Horizontes Links, vídeos e textos para aprofundar o assunto. Dica: Para facilitar click com o botão direito do mouse e abra em uma nova janela. Glossário Aprofundamento sobre significado de palavras e leis. Referências Obras e links utilizados na unidade. Ponto de Partida Nosso estudo aborda sobre Noções Gerais de Contabilidade Pública, LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal e Execução Orçamentária e Financeira. Ao final desta unidade, você estará apto a conhecer mais sobre a administração pública na ótica dessas áreas. Bons Estudos! Capítulo Roteiro do conhecimento Você conhece sobre a Contabilidade Pública, LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal e Execução Orçamentária/Financeira? Então vamos Conhecer e/ou Aprimorar seu Aprendizado? Capítulo 1 CONTABILIDADE PÚBLICA O objeto de qualquer contabilidade é o Patrimônio. O da Contabilidade Pública é o Patrimônio Público, exceto os bens de domínio público, como: lagos, lagoas, rios, praças, estradas, logradores, ruas, dentre outros. Pela definição dada, vemos com clareza, que a Contabilidade Pública não está interessada, somente, no Patrimônio e suas variações, mas também, no Orçamento e sua execução (Previsão e Arrecadação da Receita e a Fixação e Execução da Despesa). A Contabilidade Púbica, além de registrar todos os fatos contábeis (modificativos, permutativos e mistos), registra, também, os atos potenciais praticados pelo administrador, que poderão alterar qualitativa ou quantitativamente o patrimônio. A Contabilidade Pública está interessada nos atos e fatos de natureza orçamentária, visto que o orçamento, sendo um dos primeiros atos praticados pelo administrador, tem um papel importantíssimo na Contabilidade Pública, pois, praticamente, quase tudo se origina no orçamento. 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Portaria MF nº 184/2008 Para certos doutrinadores, a administração pública brasileira (em todos os níveis) tem sido desafiada a adequar seus processos e controles, além de estabelecer e implantar melhores práticas contábeis e de gestão, com a finalidade da convergência das práticas contábeis vigentes aos padrões internacionais de contabilidade aplicada ao setor público e consequente adoção das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP, publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC. Nesse contexto, o Ministério da Fazenda, por meio da Portaria MF nº 184/2008, definiu que a Secretaria do Tesouro Nacional – STN é o órgão regulador do processo de convergência no Brasil. No sentido de padronizar os procedimentos contábeis entre os entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), a STN desenvolveu o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público - PCASP e as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público - DCASP, visando o alto nível de qualidade e transparência das informações e a consolidação das contas públicas. Esse processo tornou-se obrigatório a partir de 2015 em todos os Municípios. Embora algumas providências já fossem tomadas, estamos longe de atingir o nível esperado pelos órgãos de contas e reguladores. Poucos municípios tomaram providências no sentido de adequar a estrutura organizacional dos órgãos envolvidos, nos processos de adequação as novas normas. Seria necessária a criação de unidades administrativas específicas para atender a nova realidade dos serviços públicos. Dentre as unidades que seriam criadas está a autonomia funcional da Contabilidade Geral do Município, responsável para implantar as NBCASP e consolidar as informações das demais unidades administrativas por meio de sistema integrado. No entanto, por razões de desconhecimento do contexto do que está sendo mudado na Administração Pública, aos gestores ignoram essa medida, trazendo prejuízo e atraso na implantação dos procedimentos exigidos pelas normas regulamentadoras. 1.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL O município é a ultima célula do processo a ser consolidada ao processo de integração de dados contábeis. Por diversas razões a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, encontra inúmeras barreiras para ser implantada nos pequenos municípios brasileiros, dentre elas está da falta de qualificação técnica dos servidores envolvidos no processo. As ações de planejamento necessariamente passam pelas peças orçamentárias, que podem ser definidas como projetos, atividades ou operações especiais. As atividades e projetos devem estar associados a um produto – que é um bem ou um serviço ofertado pelo setor público. Esse produto deve ser quantificado fisicamente por intermédio da “meta da ação” que por sua vez obrigatoriamente define meta física e financeira. Segundo Medeiros (2001), baseado na metodologia de elaboração do PPA, a consistência da construção de um programa será garantida se atender os seguintes requisitos: • Conter objetivo claro e preciso, que esteja alinhado estrategicamente aos objetivos do governo e aos objetivos setoriais. • Referir-se expressamente ao problema ou demanda que se quer solucionar ou atender. Ser passível de mensuração por um ou mais indicadores. Ser compatível com os recursos disponíveis. • Atender a uma relação consistente entre causa e o efeito, entre o problema a resolver e o objetivo do programa e entre as metas das ações e a evolução esperada dos indicadores. Possuir escala e complexidade passíveis de gerenciamento eficaz. 1.2.1 Estrutura Programática da Administração Pública 1.2.1.1 Programa Para atender à necessidade de organizar todas as ações do governo e diante da impossibilidade, no momento, de se alocar determinadas despesas aos programas finalísticos, quatro tipos de programa: 1.2.1.2 Programas Finalísticos São programas que resultam em bens e serviços ofertados diretamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, público-alvo, indicador (es), fórmulas de cálculo do índice, órgão (s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa. O indicador quantifica a situação que o programa tenha por fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o público alvo. 1.2.1.3 Programas de Gestão de Políticas Públicas Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as ações de gestão de Governo e será composto de atividades de planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informação e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervisão, avaliação e divulgação de políticas públicas. As ações deverão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setoriais. Os programas de gestão de políticas públicas assumirão denominação específica de acordo com a missão institucional de cada órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”. Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa. 1.2.1.4Programas de Serviços ao Estado Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens e serviços, ofertados diretamente ao Estado por instituições criadas para esse fim específico. Seus atributos básicos são os mesmos dos programas finalísticos, com a diferença que o público-alvo é o próprio setor público. 1.2.1.5 Programas de Apoio Administrativo O conceito inicial, quando da reforma gerencial do planejamento e orçamento, ocorrida em 2000, deste tipo de programa é que ele agregaria as despesas de natureza tipicamente administrativa e outras que, embora colaborem indiretamente para a consecução dos objetivos dos programas finalísticos, não são passíveis de apropriação a esses programas. 1.3 ATIVIDADES E PROJETOS Os projetos e as atividades são os instrumentos orçamentários de viabilização dos programas, o qual está associado ideia de produto (bens ou serviços). O orçamento por Ampliando os Horizontes Para saber mais sobre a definição de projetos, assista ao podcast do consultor da área de Gestão de Projeto – Prof. Ricardo Vargas. Acesse : https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/projetodef/ programas pressupõe um ciclo produtivo bem definido que está sendo objeto de orçamentação. Assim, tanto atividade quanto projeto, conceitualmente, envolve um conjunto de operações que têm como resultado um produto. 1.3.1 Projeto Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação do governo. Figura 3- SOTILLE, Mauro. Gerenciamento de projetos no setor público. Disponível em: <http://www.slideshare.net/sotille/gerenciamento-de-projetos-no-setor-pblico>. Acesso em: 10 fev.2018. 1.3.2 Atividade http://www.slideshare.net/sotille/gerenciamento-de-projetos-no-setor-pblico Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo. Figura 4 – PAIS, Ana Lívia Graça. Elaboração e gestão de projetos. Disponível em: < http://slideplayer.com.br/slide/5816282/>. Acesso em: 10 fev.2018. A distinção entre projetos e atividades pressupõe a mensuração da capacidade de atendimento em bens e serviços. Sem essa mensuração, a distinção entre projetos e atividades perde o sentido. É preciso conhecer o nível de atendimento quantitativo atual (atividade) para diferenciar o que é agregado (projeto). 1.3.3 Operações Especiais São despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamentos das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Porém, um grupo importante de ações com a natureza de operações especiais quando associadas a programas finalísticos, podem apresentar uma medição correspondente a vo- lume ou carga de trabalho. A ausência de produto, no caso das operações especiais, deve ser caracterizada em relação ao ciclo produtivo objeto da orçamentação. Particularizando o orçamento da União, estaremos diante de operação especial quando o seu gestor (ou gestores) não combina fator de produção nem se responsabiliza pela geração do produto, que se materializa em outro ciclo orçamentário (estado, município, por exemplo). http://slideplayer.com.br/slide/5816282/ Capítulo Figura 5 – SILVEIRA, Victor Domingues. Introdução ao planejamento e ao orça- mento público. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/10370314/>. Acesso em: 10 fev.2017. São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortizações e encargos, aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências a qualquer título (não confundir com descentralização), fundos de participação, operações de financiamento (concessão de empréstimos), ressarcimentos de toda ordem, indenizações, pagamento de inativos, participações acionárias, contribuição a organismos nacionais e internacionais, compensações financeiras. 2 FUNDAMENTOS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei Complementar nº 101/2000 representa o mais avançado instrumento legislativo da história brasileira para controle dos orçamentos. Uma das características da Constituição Federal de 88 é dedicar extensa regulação principiológica aos orçamentos, impondo regramento infraconstitucional através de veículo complementar. O artigo 163 da C.F. apresenta os pontos de relevância a serem cuidados pelo diploma inferior, tendo a seguinte dicção: Lei Complementar disporá sobre: I. finanças públicas; II. dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III. concessão de garantias pelas entidades públicas; IV. emissão e resgate de títulos da dívida pública; V. fiscalização das instituições financeiras; VI. operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII. compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições http://slideplayer.com.br/slide/10370314/ operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. O artigo 164, de rigor, depende de outra lei complementar a ser produzida para regular o sistema financeiro, conforme determina o artigo 192, devendo uma única lei normal tanto o artigo 164, quanto o 192 da C.F., na inteligência da Suprema Corte (ADIN nº. 4/88) 2. E os artigos 165 a 169 cuidam dos 3 orçamentos (plano plurianual, lei de diretrizes e lei orçamentária), assim como das 3 vertentes de lei orçamentária (orçamento fiscal, da Seguridade e dos Estados). No sistema de governo brasileiro, vários esquemas foram desenvolvidos para organizar tanto a parte política quanto a econômica do país. Visando melhorias em todos os estados, além de uma administração eficiente das partes financeira e política do Brasil, leis foram elaboradas em todas as áreas para trabalhar com a gestão coordenada de nossa sociedade. Nas leis complementares elaboradas na política brasileira, uma condiz sobre a arrecadação de tributos e o controle de gastos de estados e municípios brasileiros, se referendo à gestão fiscal de nossas finanças. A chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que promove a transparência dos gastos públicos, se envolve nas contas e na contabilidade pública do país, trabalhando a partir de metas fiscais. Com controle de custos, programas de previsão e várias análises constantes de nosso meio financeiro, a lei impõe maior direcionamento aos fins do dinheiro público. 2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Essa lei complementar, de número 101, foi oficializada em quatro de maio de 2000, propondo diferentes focos. Além de cuidar das finanças publicas a partir do trabalho do Poder Executivo, a lei também envolve a prestação de contas dos poderes Legislativo e Judiciário, referindo todos os três à mesma norma. Cuidando da contabilidade pública e da execução do orçamento público, a lei introduz limites de gastos tanto para despesas de exercício quanto para graus de endividamento. 2.2 O PAPEL DAS METAS FISCAIS As metas fiscais que são justamente estes limites de gastos são a forma mais clara para planejamento de receitas e despesas. Sua ação dentro das normas da lei complementar nº 101 voltam-se sobre a gestão fiscal, considerando uma ação transparente, prevenção de riscos fiscais, correção de desvios, imposição de limites e condições que tangem a seguridade social, entre outros. Suas funções dentro da responsabilidade fiscal objetivam o equilíbrio orçamentário, garantindo maior organização em níveis municipais, estaduais, distritaise até da União. 2.3 OBJETIVOS DA META FISCAL A limitação fiscal em como principal objetivo controlar os gastos dos gestores públicos de estados e municípios brasileiros, promovendo a economia de recursos, livre de desperdícios públicos. Em busca do equilíbrio orçamentário e da administração coerente do gasto público, a meta fiscal limita valores apontando a necessidade de uma gestão responsável na receita do país, coordenando o serviço fiscal para dispor de total segurança e estabilidade ao governo brasileiro e ao cidadão, que é fortemente impactado pela estrutura fiscal de seu país. Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Riscos Orçamentários e os Riscos da Dívida. 2.4 RISCOS FISCAIS Riscos Fiscais é a possibilidade da ocorrência de eventos que venham a impactar negativamente nas contas públicas. Os Riscos Fiscais são classificados em dois grupos: Os Riscos Orçamentários referem-se à possibilidade de as receitas e despesas previstas não se realizarem durante a execução do Orçamento. Nos casos de Riscos Orçamentários podemos citar: • Arrecadação de Tributos menor do que a prevista no Orçamento – Frustração na arrecadação, devido a fatos ocorridos posteriormente à elaboração da peça orçamentária e/ou restituição de determinado tributo não previsto constituem exemplos de riscos orçamentários relevantes. • Restituição de tributos a maior que a prevista no Orçamento. • Nível de Atividade Econômica, Taxa de Inflação e Taxa de Câmbio– São variáveis que também podem vir a influenciar no montante de recursos arrecadados sempre que houver desvios entre as projeções destas variáveis quando da elaboração do orçamento e os valores observados durante a execução orçamentária, assim como os coeficientes que relacionam os parâmetros aos valores estimados. Os Riscos de Dívida referem-se a possíveis ocorrências, externas à administração, que em se efetivando resultarão em aumento do estoque da dívida pública. São verificados, principalmente, a partir de dois tipos de eventos. Um deles é relacionado com a administração da dívida, ou seja, decorre de fatos como a variação das taxas de juros e de câmbio em títulos vincendos. O segundo tipo são os passivos contingentes que representam dívidas cuja existência depende de fatores imprevisíveis, tais como resultados dos julgamentos de processos judiciais. Por se tratarem de passivos “efetivos” e não de passivos contingentes, os precatórios não se enquadram no conceito de Risco Fiscal, pois, conforme estabelecido pelo art. 100, § 1º da Constituição Federal, “É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/leis-orcamentarias/ldo/2005/tramitacao/proposta-do-poder-executivo/anexo_vi.pdf atualizados monetariamente.” 2.5 PLANO DE CONTAS CONTÁBIL Com o objetivo de uniformizar as práticas contábeis, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em conjunto com o Grupo Técnico de Procedimentos Contábeis (GTCON), elaborou o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), adequado aos dispositivos legais vigentes, às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T SP), aos padrões internacionais de Contabilidade do Setor Público e às regras e procedimentos de Estatísticas de Finanças Públicas reconhecidas por organismos internacionais. Formado por uma relação padronizada de contas apresentada em conjunto com atributos conceituais, o PCASP permite a consolidação das Contas Públicas Nacionais, conforme determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O PCASP é atualizado anualmente e publicado exclusivamente na Internet para uso obrigatório no exercício seguinte. Adicionalmente, a STN disponibiliza o "PCASP Estendido" (constante do Anexo III da IPC 00), de adoção facultativa, para os entes que precisem de uma referência para desenvolvimento de suas rotinas e sistemas. 2.6 RESULTADO PRIMÁRIO O Resultado Primário indica se níveis de gastos orçamentários do Estado, são compatíveis com sua arrecadação. O seu resultado é obtido pela diferença entre as Receitas Primárias e as Despesas Primárias. Quando o valor das receitas supera o valor das despesas dizemos que houve um Superávit Primário. Quando ocorre o oposto, temos um Déficit Primário. É um indicativo da capacidade dos governos em gerar receitas em volume suficiente para pagar suas contas usuais, sem que seja comprometida sua capacidade de administrar a dívida existente. Resultado Primário de acordo com Manual de Demonstrativos Fiscais: Resultado primário representa a diferença entre as receitas e as despesas primárias (não- financeiras) Obrigatoriedade Legal Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/00 art. 53. Acompanharão o Relatório - Resumido demonstrativos relativos a: [...] III - resultados nominal e primário; Periodicidade até 30 (trinta dias) após o encerramento de cada bimestre. Responsabilidade de Publicação. O poder Executivo de cada ente da federação. Objetivo. Dar transparência para uma melhor avaliação do impacto da política fiscal em execução pelo ente da Federação. Manual de Demonstrativos Fiscais: Fonte Primária ou Não Financeira: É qualquer receita que o governo obtenha e não amplie sua dívida ou não diminua seus ativos. Fonte Não Primária ou Financeira: É a receita que o governo obtém por meio do endividamento público ou da diminuição do Ativo Imobilizado. Despesa Primária / Não Financeira: É o conjunto de gastos que possibilita a oferta de serviços públicos à sociedade, deduzidas às despesas financeiras. Despesa Não Primária / Financeira: É o conjunto com operações financeiro tais como: concessão de empréstimos, amortizações e juros passivos. 2.7 RESULTADO NOMINAL O resultado nominal é o balanço entre as receitas totais e as despesas totais, e corresponde à necessidade de financiamento do setor público (NFSP). Pelo método abaixo da linha, o resultado nominal equivale à variação total da dívida fiscal líquida no período. De acordo com Manual de Demonstrativos Fiscais: O objetivo da apuração do Resultado Nominal é medir a evolução da Dívida Fiscal Líquida. Obrigatoriedade Legal - Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/00 Art. 53. Acompanharão o Relatório- Resumido demonstrativos relativos a:[ ...] III - resultados nominal e primário; Periodicidade até 30 (trinta dias) após o encerramento de cada bimestre. Responsabilidade de Publicação. O Poder Executivo de cada ente da Federação. https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual/manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf/publicacao-2019-02-19-9810605543 3 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA Pode-se definir a Execução Orçamentária como sendo a utilização dos créditos consignados no orçamento. Já a execução Financeira, representa a utilização dos recursos financeiros, visando atender a realização das ações orçamentárias atribuídas a cada unidade. No contexto da técnica orçamentária, os termos Crédito e Recurso têm significados distintos. Crédito designa o lado orçamentário, representando a dotação ou autorização de gasto. Já Recurso, refere-se ao lado financeiro, indicando dinheiro ou saldo financeiro. Neste sentido, diz-se que ambas são as faces de uma mesma moeda. Ampliando os Horizontes Para saber mais sobre execução orçamentária e financeira acesse o link do tesouro nacional: Acesse : http:www.tesouro.fazenda.gov.br/-/execucao-orcamentaria 16 Capítulo http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/execucao-orcamentaria A execução financeira representa a utilizaçãodos recursos financeiros, com vistas ao atendimento e a realização das ações orçamentárias atribuídas a cada unidade. Como providência inicial da execução financeira tem-se a Programação Financeira - PF. Figura 8 - LORETO, Anasofia. Diferença entre a execução orçamentária X execução financeira. Disponível em:<http://slideplayer.com.br/slide/1758136/>. Acesso em: 13 fev.2017 3.1 Créditos Adicionais Durante a execução do orçamento, os créditos inicialmente aprovados pela LOA podem revelar-se insuficientes para realização dos programas de trabalho, ou pode ocorrer à necessidade da realização de despesa não autorizada inicialmente. Assim, a LOA poderá ser alterada no decorrer de sua execução por meio de créditos adicionais. Os créditos adicionais são autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei do Orçamento, e apresentam-se em três espécies: especiais, extraordinários e suplementares. 17 http://slideplayer.com.br/slide/1758136/ Figura 9 - QUESTÕES ESTRATÉGICAS. Administração financeira e orçamentária. Disponível em:>http://www.questoesestrategicas.com.br/resumos/ver/creditosadicionais>. Acesso em: 13 jan.2018. 3.2 Créditos Especiais São os destinados a despesas, para as quais não haja dotação orçamentária específica, devendo ser autorizados por lei, sendo que sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer à despesa precedida de exposição justificada. Os créditos especiais não poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reaberto nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício financeiro subsequente. O ato que abrir crédito especial indicará a importância e a classificação da despesa, até onde for possível1. ¹ALENCAR, José Daniel de. Dicionário de auditoria. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1984. 18 http://www.questoesestrategicas.com.br/resumos/ver/creditos- Figura 10 – Orçamento Público _ créditos adicionais. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/JokerLoble/oramento-pblico-crditos-adicionais-2>. Acesso em: 13 fev.2017. 1 ALENCAR, José Daniel de. Dicionário de auditoria. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1984. 3.3 Créditos Extraordinários São os destinados a despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guerra ou calamidade pública, conforme art. 16.763 CF/88. Serão abertos por Medida Provisória, no caso federal, e por decreto do Poder Executivo para os demais entes, dando imediato conhecimento deles ao Poder Legislativo. Os créditos extraordinários não poderão ter vigência alémdo exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício financeiro subsequente. 3.4 Créditos Suplementares São os destinados a reforço de dotação orçamentária. A LOA poderá conter autorização ao 19 http://pt.slideshare.net/JokerLoble/oramento-pblico-crditos-adicionais-2 Poder Executivo para abertura de créditos suplementares, até determinada importância ou percentual, sem a necessidade de submissão do crédito ao Poder Legislativo. Os créditos suplementares terão vigência adstrita ao exercício em que forem abertos. O ato que abrir crédito suplementar indicará a importância e a classificação da despesa, até onde for possível. 3.5 ESTÁGIOS DA DESPESA Após o recebimento do crédito orçamentário, as UGs estão em condições de efetuara realização da despesa, que obedece aos seguintes estágios: planejamento, empenho, liquidação e pagamento (este último está vinculado à execução financeira). Ampliando os Horizontes Para saber mais sobre as fases da despesa pública. Acesse o link: Acesse : http://www.portaltransparencia.gov.br/despesasdiarias/saiba- mais 3.5.1 Empenho O empenho é o primeiro estágio da despesa e precede sua realização, estando restrito ao limite do crédito orçamentário. Segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. 20 http://www.portaltransparencia.gov.br/despesasdiarias/saiba-mais http://www.portaltransparencia.gov.br/despesasdiarias/saiba-mais Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. Lei nº 4.320/1964 A formalização do empenho dá-se com a emissão da Nota de Empenho - NE, comprometendo dessa forma os créditos orçamentários e tornando-os indisponíveis para nova utilização. O SIAFI dispõe, ainda, da figura do pré empenho, que permite reservar parte do crédito orçamentário a ser utilizado após a conclusão do processo licitatório, quando for o caso. 3.5.2 Nota de Empenho O empenho da despesa será formalizado mediante a emissão de documento denominado “nota de empenho”, do qual constará: o nome do credor, a especificação e a importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária e o acompanhamento da programação financeira. A nota de empenho é um dos principais documentos orçamentários do SIAFI, registra o comprometimento de despesa da administração pública. O cronograma de desembolso previsto, que deverá ser informado na nota de empenho, não poderá exceder o limite de saque fixado para a unidade. Esse cronograma consiste em informar no documento o mês (ou meses, no caso de pagamento parcelado) previsto pela unidade para efetuar o pagamento. O valor do empenho não poderá exceder o saldo da dotação, precedendo sempre à realização da despesa, admitindo-se excepcionalmente, que a emissão da respectiva nota de empenho seja concomitante com o ato que autoriza o pagamento da despesa, desde que não seja decorrente de contrato. As despesas relativas a contratos, convênios, acordos e outros ajustes de vigência plurianual, serão empenhadas em cada exercício financeiro pela parte nele a ser executada. A despesa deverá ser classificada na categoria, grupo, modalidade de aplicação e no elemento próprio, de acordo com sua natureza. Deverão ser observados rigorosamente inclusive, os objetivos do programa de trabalho. O empenho deverá ser reforçado quando seu valor se revelar insuficiente para atender à despesa a ser realizada. 21 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm 3.5.3 Liquidação A liquidação é o estágio que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor com base nos títulos e documentos devidamente atestados, que comprovem a entrega do material ou a prestação do serviço. Conforme previsto no art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem como objetivos: apurar a origem e o objeto do que se deve pagar; a importância exata a pagar; e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. A formalização da liquidação dá-se com a emissão da Nota de Lançamento - NL. 3.5.4 Pagamento O pagamento refere-se ao terceiro estágio da despesa e será processada pela Unidade Gestora Executora no momento da emissão do documento Ordem Bancária (OB) e documentos relativos a retenções de tributos, quando for o caso. O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. A Lei nº 4.320/1964,em seu art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga. Lei nº 4.320/1964 Principais documentos contábeis envolvidos nessa fase: • OB (Ordem Bancária); • DF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais - Darf); • DR (Documento de Arrecadação Financeira - Dar); • GR (Guia de Recolhimento da União); • NL (Nota de Lançamento) em casos específicos. 22 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm Figura 11 - CONSELHO PARTICIPATIVO MUNICIPAL. Controle social da execução das despesas públicas. Disponível em: http://consocial.com.br/cpm/controleSocial.asp>. Acesso em: e13 fev.2018. 3.6 RESTOS A PAGAR Consideram-se Restos a Pagar, ou resíduos passivos, consoante o art. 36 da Lei nº. 4.320/64, as despesas empenhadas, mas, não pagas dentro do exercício financeiro, ou Seja, até 31 de dezembro (arts. 35 e 67 do Decreto nº 93.872/86). arts. 35 e 67 do Decreto nº 93.872/86 Conforme Hélio Kohama, em Contabilidade Pública, Atlas 1991, restos a pagar são as despesas empenhadas, mas, não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas. Portanto, uma vez empenhada à despesa e não sendo paga até o dia 31 de dezembro, será considerada como restos a pagar, para efeito do encerramento do exercício financei- ro. Em outras palavras, uma vez empenhada à despesa, ela pertence ao exercício finan- ceiro, onerando as dotações orçamentárias daquele exercício. 3.6.1 Limites e Condições para inscrição em Restos a Pagar 23 http://consocial.com.br/cpm/controleSocial.asp http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D93872.htm A regra geral é que as despesas inscritas em restos a pagar a serem liquidadas no exercício seguinte deverão contar com disponibilidade de caixa para a sua cobertura, conforme previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei de Responsabilidade Fiscal. A norma prevê ainda, que nos dois últimos quadrimestres do último ano da legislatura e do mandato do chefe do Poder Executivo, não poderá ser assumida obrigação cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício, a menos que haja igual ou superior disponibilidade de caixa. De acordo com Lei de Crimes Fiscais (Lei n° 10.028/2000), que introduz no Código Penal o art. 359-C, tal conduta constitui crime sujeito à reclusão de um a quatro anos. Lei de Crimes Fiscais (Lei n° 10.028/2000) O inciso II do art. 59 da Lei Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000, dispõe que é responsabilidade do Controle Interno a fiscalização dos limites e condições a inscrição em Restos a Pagar. inciso II do art. 59 da Lei Complementar nº. 101 Em análise simples ao dispositivo da lei, podemos contatar o seguinte: • Condições para inscrever em restos a pagar = despesa empenhada; • Limites para inscrição em restos a pagar = existência de disponibilidade financeira por fonte de recursos Desta forma a Controladoria Geral do Município, deverá regulamentar por meio de Instrução Normativa as regras para inscrição de restos a pagar por fonte de recurso como segue o quadro abaixo: 24 http://www.tesouro.fazenda.gov.br/lei-de-responsabilidade-fiscal https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11207083/artigo-5-da-lei-n-10028-de-19-de-outubro-de-2000 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Ampliando os Horizontes Para saber mais sobre restos a pagar, acesse o portal de contabilidade pública. Acesse : http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/restos apagar.html Quadro 1 - Apuração das disponibilidades financeiras para efeito de inscrição de restos a pagar deve contemplar todas as fontes de recursos. 25 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/restos%20apagar.html http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/restos%20apagar.html http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/restos%20apagar.html 3.6.2 Anulação e Cancelamento de Restos aPagar A princípio podemos afirmar que a anulação se aplica mais ao rompimento do compromisso assumido (rescisão contratual), quando ao cancelamento se dá por ato da administração, como, por exemplo, a insuficiência de recursos. Assim, o cancelamento dos empenhos ou sua anulação envolve o cancelamento do negócio, aí sendo necessária a análise dos fundamentos jurídicos e da formalização do ato rescisório, nas hipóteses em que coubesse. Caso não estivessem empenhados, não há cogitar-se qualquer hipótese de anulação ou cancelamento. Também é regra que empenhos processados (liquidados) não caberiam o cancelamento, somente a anulação caso o produto não atender os padrões contratados (isso verificado depois da liquidação) e for devolvido. 26 O cancelamento ou baixas de restos a pagar ocorrem pelas seguintes razões: pagamento, prescrição, conversão em dívida fundada ou outras razões apuradas em processo formal. Por Decreto do Chefe do Executivo deverá ser determinado à instauração de processo administrativo para anulação do montante dos saldos de empenhos de exercícios anteriores, inscritos em restos a pagar, que ainda não foram liquidados ou reclamados. Deverão ser cancelados os empenhos emitidos a partir de 01 de maio do exercício anterior, não liquidados, caso não houver disponibilidade financeira na fonte específica, com exceção dos empenhos destinados ao atendimento de obrigações de natureza constitucional. Dentre as medidas a serem adotadas deverá ser a suspensão de todos pedidos e recebimento de materiais, medições de obras e de prestação de serviços sem a manifestação formal da Secretaria da Fazenda certificando a disponibilidade financeira para liquidação e quitação da despesa, a partir do início dos 180 dias que encerrará o mandato. Excluindo dessa regra somente as despesas de caráter imprescindível e necessárias à continuidade das ações governamentais. Como já mencionado as inscrições de restos a pagar estão limitadas a disponibilidades financeiras e deverão ser evidenciadas por fonte de recursos e os empenhos processados e não processados. Entende-se como restos a pagar processados aqueles em que a despesa orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, restando pendente apenas o estágio do pagamento. Já os restos a pagar não processados são as despesas não liquidadas quando o serviço ou material contratado não tenha sido prestado ou entregue e que se encontre, em 31 de dezembro do exercício financeiro, em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver vigente. Os empenhos processados não deverão ser cancelados, quando provado que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a obrigação, sendo computada culpa ao Secretário Municipal da Fazenda por ter autorizado ato de despesa sem a comprovada disponibilidade financeira. Todas as despesas inscritas em restos a pagar serão segregadas entre as processadas e não pagas e a não processadas. Os restos a pagar inscritos na condição de não processados e não liquidados terão validade definidas no ato de regulamento de gastos em final de mandato. Devendo permanecer válidos, após a data estabelecida, os restos a pagar não processados que: ✓ Às despesas executadas pelo Município mediantetransferência deconvênios, contrato de repasses ou programas de 27 descentralização aos Municípios. ✓ Sejam relativos às despesas do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Ampliando os Horizontes Para saber mais sobre o Programa de Aceleração do Cescimento – PAC, acesse o link e veja o Balanços sobre o programa divulgados pelo governo Acesse : http://www.pac.gov.br/ O pagamento que vier a ser reclamado em decorrência dos cancelamentos efetuados poderá ser atendido à conta de dotação denominada “despesas de exercício anterior”, no exercício que ocorrer o reconhecimento da dívida, mediante processo administrativo interno ou determinação judicial. 28 http://www.pac.gov.br/ 3.6.3 Despesas de Exercícios Anteriores As despesas não pagas até 31 de dezembro, cujo empenho não foi emitido em favor do credor, que por sua vez forneceu o material ou prestou o serviço, e a despesa foi considerada liquidada por ter sido cumprido o terceiro estágio correspondente à liquidação, estando na fase de pagamento, não podendo ser inscrita em restos a pagar por não ter sido empenhada ou por insuficiência de disponibilidade financeira, será classificada como despesas de exercício anterior. No entanto, requer um procedimento administrativo, justificável a sua legalidade e legitimidade para que seja processado o empenho no exercício corrente. As despesas de exercícios anteriores são originadas de compromissos gerados em exercício financeiro anterior àquele em que deva ocorrer o pagamento, para o qual o orçamento continha crédito próprio com suficiente saldo orçamentário, mas que não tenham sido processados naquele momento. Existem três tipos de despesas orçamentárias podem ser enquadradas como Despesas de Exercícios Anteriores. 1- a primeira seria a despesa que possuía dotação orçamentária em exercício já encerrado, mas que, por algum motivo, não foi empenhada na época própria. 2- a segunda diz respeito aos Restos a Pagar que foram cancelados, mas que permanece o direito do credor (prescrição interrompida) em razão de o fornecedor já ter entregado o bem ou serviço, entre outros. 3- a terceira faz referência aos compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício financeiro correspondente. A contabilização das despesas de exercícios anteriores deve ser reconhecida pelo ordenador de despesa, identificando o nome do favorecido, a importância a ser paga, a data de vencimento do compromisso, a justificativa do fato de a mesma não ter cumprido o ritual de execução orçamentária (empenho e liquidação) na época própria e o objeto da despesa (bem ou serviço). A autorização para pagamento das despesas de exercícios anteriores deve ser dada no próprio processo de reconhecimento da dívida, registrando que apenas 29 31 as despesas processadas (entrega do bem ou serviço confirmada) podem ser reconhecidas como DEA. As dívidas que dependem de requerimento do favorecido para reconhecimento do direito do credor prescreverão em cinco anos, contados da data do ato ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito. Comprovada a existência da dotação orçamentária específica e o respectivo reconhecimento do ordenador de despesa, as despesas de exercícios anteriores, devem cumprir o ritual da execução orçamentária de qualquer despesa do exercício (empenho, liquidação e pagamento), com a identificação apenas do elemento próprio: 92 – Despesas de Exercícios Anteriores. O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas com exercício anterior cabe à autoridade competente para empenhar a despesa, mediante processo administrativo interno, conduzido pela Controladoria Geral do Município. Diferentemente dos Restos a Pagar, cuja execução orçamentária já aconteceu (despesa empenhada ou liquidada), as despesas de exercícios anteriores sequer foram empenhadas, ou, se foram, tiveram seus empenhados anulados ou cancelados. Uma condição fundamental para que uma despesa seja reconhecida como Despesas de Exercícios Anteriores é a existência de crédito específico na Lei Orçamentária Anual do Município ou em crédito adicional. A autorização para pagamento das Despesas de Exercícios Anteriores deve ser dada no próprio processo de reconhecimento da dívida, registrando que apenas as despesas processadas (entrega do bem ou serviço confirmada) podem ser reconhecidas como Despesas de Exercícios Anteriores. 3.7 REFERENCIAL TEÓRICO A avaliação e a mensuração do fenômeno patrimonial pode de certo modo influenciar a caracterização do patrimônio e apresentar distorções nas demonstrações contábeis. Dessa forma, é importante que o processo de mensuração e avaliação seja realizado de modo que represente com máxima fidedignidade aquilo que se pretende. Nesse sentido, Pinheiro (2011) retrata que o tratamento contábil para ativos imobilizados impacta o modo que os usuários das demonstrações contábeis veem as informações sobre o investimento e as mutações nos ativos imobilizados. A avaliação e mensuração dos ativos constituem aspectos relevantes para as informações que a contabilidade deve prestar a seus 32 Artigo 35 da Constituição Federal usuários, pois conhecer o valor dos bens públicos deve servir não apenas para que se tenha um registro confiável do patrimônio, mas para ajudar a tomar decisões políticas. O que torna a correta avaliação e mensuração dos ativos imprescindível. Ainda que a contabilidade pública no Brasil atribua maior enfoque para o orçamento, se faz necessário que esta busque mecanismo para melhor evidenciar o patrimônio, como busca a convergência às normas internacionais. Assim, as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público vêm orientar as práticas contábeis para as entidades públicas. 3.8 CONSIDERAÇÕES PERTINENTES SOBRE A APLICAÇÃO DE RECURSOS No caso de descumprimento das regras fixadas pela Carta Magna e reguladas pelas normas infraconstitucionais, temos amedida intervencionista estabelecida pelo Art.35. Artigo 35 da Constituição Federal, o administrador público fatalmente terá suas contas reprovadas pelos órgãos de controle externo encarregados da fiscalização contábil, financeira e orçamentária da administração pública. Ao estabelecer constitucionalmente percentuais mínimos de aplicação de recursos nas áreas da saúde e da educação - alocados por meio dos respectivos fundos - o legislador, representante legítimo da vontade popular, quis garantir a dignidade da pessoa humana, pois, a saúde é corolário do direito à vida, e a persecução do ideal democrático passa obri- gatoriamente por um processo educacional de qualidade. 3.9 OPERAÇÕES DE CRÉDITO As operações de crédito dos Entes públicos, em relação ao prazo, dividem-se, com base na Lei nº 4.320/1964 e na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em operações de curto prazo (até 12 meses), que integram a dívida flutuante, como por exemplo, as operações por https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_35_.asp Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), e operações de médio e longo prazo (acima de 12 meses), as quais compõem a dívida fundada ou consolidada. A operação de crédito por ARO destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro, e deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano. As demais operações de crédito destinam-se a cobrir desequilíbrio orçamentário ou a financiar obras e serviços públicos, mediante contratos ou emissão de títulos da dívida pública. A operação é denominada operação de crédito interno quando contratada com credores situados no País, e operação de crédito externo quando contratada com agênciasde países estrangeiros, organismos internacionais ou instituições financeiras estrangeiras. As operações de reestruturação e recomposição do principal de dívidas têm enquadramento especial quando significarem a troca de dívida (efeito permutativo) com base em encargos mais favoráveis ao Ente. O conceito de operação de crédito da LRF é bastante amplo. Dessa maneira, há operações que eventualmente podem não ser caracterizadas como operações de crédito pelo sistema financeiro, mas se enquadram no conceito da LRF, devendo, portanto, ser objeto de verificação prévia pelo Ministério da Fazenda. As operações de crédito tradicionais são aquelas relativas aos contratos de financiamento, empréstimo ou mútuo. A legislação englobou no mesmo conceito, ainda, as operações assemelhadas, tais como a compra financiada de bens ou serviços, o arrendamento mercantil e as operações de derivativos financeiros, inclusive operações dessas categorias realizadas com instituição não financeira. Adicionalmente, há operações que, apesar de não se constituírem operações de crédito em sentido estrito, foram equiparadas àquelas por força da legislação, por representarem compromissos financeiros e terem sido consideradas relevantes pelo legislador. O § 1º do art. 29 da LRF dispõe que se equipara a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação. Adicionalmente, o § 1º do art. 3º da RSF https://marcelloleal.jusbrasil.com.br/artigos/121943060/receitas-publicas-orcamentarias-e-extraorcamentarias conforme inciso IV do art. 29 da LRF nº 43/2001 estabelece as seguintes equiparações a operação de crédito: a) recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação; b) assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de títulos de crédito; c) assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços. 3.10 A CONCESSÃO DE GARANTIA Esta operação não é considerada uma operação de crédito, conforme inciso IV do art. 29 da LRF, mas está igualmente sujeita à verificação prévia de seus limites e condições de realização. É obrigação de natureza contingente, definida como “compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada”. Trata-se de garantia a obrigação de terceiros. A garantia, real ou fidejussória, de obrigação própria do ente, portanto, não se enquadra neste conceito. 3.11 DÍVIDA PÚBLICA A dívida pública abrange empréstimos que foram contraídas pelo Estado junto as instituições financeiras públicas ou privadas, no mercado financeiro interno ou externo, bem como junto a empresas, organismos nacionais e internacionais, pessoas ou outros governos. A dívida pública federal pode ser formalizada por meio de contratos celebrados entre as partes, ou por meio da oferta de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. Teoricamente, a dívida pública é classificada como dívida interna ou dívida externa, de acordo com a localização dos seus credores e com a moeda envolvida nas operações. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11244278/artigo-29-lc-n-101-de-04-de-maio-de-2000 33 Referências Obras e links utilizadas na unidade. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil.33. ed. São Paulo:Saraiva, 2005. . Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: >. Acesso em: 25 out.2016. . Lei nº8.987, de 13 de fevereiro de 1995.Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm>. Acesso em: 25 out.2016. . Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. 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