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EXCELENTÍSSMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA 2ª VARA DO TRABALHO DE RECIFE-PE João Clemente, brasileiro (a), casado, professor, inscrito ao CPF sob nº. 089.965.123-00, e no RG nº. 7.816.587, domiciliado e residente à Rua Padre Salomão, nº 525, Baixa Verde, Campina Grande/PB, CEP: 55.693.410, Tel. (83) 998563214, e-mail: professorclemente@gmail.com, vem perante Vossa Excelência, por seus procuradores, ut instrumento de mandato anexo, propor a presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA em face de XB BRASIL Ltda., pessoa jurídica de direito privado, com sede à Rua Barão de Lucena, nº 120, bairro Boa Vista, CEP 56.123-66, na cidade de Campina Grande/PB, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO O Autor foi contratado pela reclamada em 01.04.2014, para exercer a função de serviços gerais. Recebia mensalmente o importe de R$ 1.580,00, tendo para tanto, que realizar uma jornada das 8h às 13h e das 14h às 18h de segunda a sexta e aos sábados das 8 às 14h. Foi despedido sem justo motivo em 05. 12. 2021.Ocorre que muitos de seus direitos não eram observados pelo reclamado, razão pela qual propõe a presente relação trabalhista. Ao ser dispensando sem justo motivo, a empresa lhe pagou verbas resilitórias no valor R$ 3.430,74, vinte dias após o término do aviso prévio, na oportunidade também liberou as guias para liberação do FGTS e SD. Porém, como já citado, o reclamante, todo final de mês, a partir de janeiro de 2018 (entre os dias 24 a 30) fazia 03 horas extras diárias, e na rescisão não houve menção a tais horas. João também não recebeu as férias relativas ao período 2020/2021. II – DO DIREITO O Reclamante, como já dito outrora, tinha como jornada contratual das 8h às 13h e das 14h às 18h de segunda a sexta e aos sábados das 8 às 14h. Contudo, por necessidade do trabalho o Reclamante, todo final de mês, a partir de janeiro de 2018 (entre os dias 24 a 30), fazia 03 horas extras diárias, na rescisão não houve menção a tais horas. Destarte, como restará provado em sede de instrução processual, faz jus o Reclamante à percepção do pagamento horas extras, equivalente a 3h diárias, referente a toda a relação laboral havida entre as partes, acrescido de 50% sobre a hora normal, conforme dispõe o parágrafo 1º do artigo 59 da CLT. NOTA: A redação anterior do artigo 59 da CLT, dispunha que, não havendo norma mais favorável, as horas extras deveriam ser pagas com acréscimo de 20% sobre a hora normal. Com a redação atual, foi atualizado o percentual para 50%, conforme já previa a Constituição Federal em seu artigo 7º, inciso XVI. As férias são um período de descanso a que o empregado tem direito a cada ano de trabalho. Há previsão legal para as férias no inciso XVII do artigo 7º da Constituição Federal, além do artigo 129 e seguintes da CLT. Assim, para cada ano de trabalho terá sido completo um período aquisitivo de direito às férias. De acordo com o artigo 134 da CLT, as férias serão concedidas nos doze meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. Caso as férias não sejam concedidas dentro deste período concessivo, deverão ser pagas em dobro, conforme prevê o artigo 137 da CLT. É a situação prevista na reclamatória trabalhista objeto deste artigo, onde as férias foram concedidas após o período concessivo, mas não houve pagamento de forma dobrada. A situação de instabilidade no pagamento dos salários causa, inquestionavelmente, abalo aos sentimentos mais íntimos da pessoa humana, posto que lhe causa ansiedade, vergonha pelo atraso nos pagamentos, medo de não conseguir adimplir suas contas e manter sua família. O salário é a fonte primária da subsistência, com o atraso, evidente a situação de vulnerabilidade e insegurança a que foi exposto o Autor, tendo que reiteradamente suplicar pelo auxílio de outrem para suas despesas, sem saber quando e com o que pode contar, apesar de continuar cumprindo regiamente suas obrigações laborais. Assim, cristalino o dano moral sofrido pelo Autor, porquanto, apesar se cumprir a sua obrigação de empregado, teve frustrada a expectativa de poder cumprir seus compromissos, única a e exclusivamente em razão do não pagamento correto pelo Empregador. Evidente que, além do prejuízo financeiro em si, a falta de cumprimento da obrigação principal do contrato de trabalho submeteu o Reclamante a prejuízo moral, sensação de frustração, constrangimento para com seus credores e menos valia ao ter que pedir ajuda para se manter. Ademais, há entendimento sumulado, neste sentido, pelo Egrégio TRT-4: Súmula nº 104 – ATRASO REITERADO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O atraso reiterado no pagamento dos salários gera presunção de dano moral indenizável ao empregado. Este dano extra patrimonial é inquestionável e independe de prova, pois é de natureza in re ipsa, como tantas vezes já decidiu a jurisprudência do TRT-4: Acórdão do processo 0000678-68.2014.5.04.0234 (RO) Data: 15/03/2017 Origem: 4ª Vara do Trabalho de Gravataí Órgão julgador: 6a. Turma Redator: Maria Cristina Schaan Ferreira Participam: Raul Zoratto Sanvicente, Fernando Luiz De Moura Cassal INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MORA SALARIAL. Uma vez constatado o atraso no pagamento de salários e das verbas rescisórias, o prejuízo, face à natureza do dano, é evidente, sendo a responsabilidade decorrente do simples fato da violação, ou seja, o dano moral é “in re ipsa”, evidenciado pela simples verificação da ofensa ao bem jurídico do empregado, que fica prejudicado na organização de sua vida financeira, principalmente na obrigação (legal e moral) de honrar os compromissos assumidos. Acórdão do processo 0000210-85.2015.5.04.0811 (RO) Data: 06/07/2016 Origem: 1ª Vara do Trabalho de Bagé Órgão julgador: 1a. Turma Redator: Manuel Cid Jardon Participam: Rosane Serafini Casa Nova, Iris Lima De Moraes DANOS MORAIS. ATRASO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. O atraso reiterado no pagamento dos salários, como restou demonstrado nestes autos, caracteriza o dano moral in re ipsa. Precedente da Turma em caso análogo. Diante do exposto, considerando o caráter punitivo e pedagógico que deve ter a indenização por danos morais, requer seja fixada no montante equivalente a 10 vezes o valor da última remuneração do Autor ou, alternativamente, requer seja o quantum arbitrado pelo Juízo. NOTA: Conforme já exposto, podendo o Reclamante ser sucumbente no pedido em que não conseguir a procedência, o dano moral deverá ser estipulado com mais cautela, “com pé no chão”, sobretudo, porque o Autor também poderá vir a pagar as custas do processo sobre o valor auferido à Reclamatória. III- DOS PEDIDOS Ex positis, requer a Vossa Excelência a condenação do Reclamado: a) ao pagamento de horas extras, equivalente a 3 horas diárias durante todo período contratual, com reflexos em adicional de insalubridade, saldo de salário, DRS, férias acrescidas de 1/3 constitucional, 13º salários, FGTS e multa de 40%; b) requer a condenação do reclamado ao pagamento do horas de intervalo suprimidas durante todo o contrato laboral, com acréscimo de 50% sobre a hora normal; c) considerando o caráter punitivo e pedagógico que deve ter a indenização por danos morais, requer seja fixada no montante equivalente a 10 vezes o valor da última remuneração do Autor ou, alternativamente, requer seja o quantum arbitrado pelo Juízo. NOTA: De acordo com a nova redação do parágrafo 1º do artigo 840 da CLT, o pedido deverá ser certo, determinado e indicar seu valor. Por uma questão de razoabilidade, não poderá exigir o Juízo que seja um cálculo preciso, mas sim algo que se aproxime da realidade – este requisito é para todos os ritos. Em não liquidando os valores pedidos na reclamatória, os pedidos poderão ser extintos sem resolução do mérito. Por fim, requer ainda: a) a responsabilidade solidária das reclamadas pelo pagamento das verbas pleiteadasnesta demanda, ou subsidiariamente se assim entender o Juízo; b) a realização de perícia técnica para apuração do grau de insalubridade a ser pago à Reclamante; c) incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo pagamento; d) a notificação da Reclamada para apresentar defesa, se quiser, sob pena de revelia e confissão; e) a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por tratar-se o Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo condições financeiras de arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua subsistência e de sua família; g) a condenação da Reclamada ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios de 15% sobre o valor bruto da condenação; h) a produção de todas as provas em direito admitidas, como documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial. Atribui à causa, aproximadamente, o valor de R$ 15.000,00. Termos em que pede e espera deferimento. Recife-PE, 26 de novembro de 2015. Catarina Cavalcanti OAB/PE nº. 13.132
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