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08/06/2022 Número: 0806769-87.2022.8.19.0204 Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Órgão julgador: 29º Juizado Especial Cível da Regional de Bangu Última distribuição : 06/04/2022 Valor da causa: R$ 10.000,00 Assuntos: Abatimento proporcional do preço, Fornecimento de Energia Elétrica Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro PJe - Processo Judicial Eletrônico Partes Procurador/Terceiro vinculado DULCINEA RANGEL CRESPO (AUTOR) MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES (ADVOGADO) LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A. (RÉU) DECIO FLAVIO GONCALVES TORRES FREIRE registrado(a) civilmente como DECIO FLAVIO GONCALVES TORRES FREIRE (ADVOGADO) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 16156 183 06/04/2022 07:39 PETIÇÃO INICIAL - DULCINÉA RANGEL CRESPO Petição AO JUÍZO DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FÓRUM REGIONAL DE BANGU - RJ DULCINÉA RANGEL CRESPO, brasileira, inscrita no CPF/MF sob o nº 513.025.197-00, portadora do documento de identificação sob o nº 02.947.665-2, expedida pelo Detran, residente e domiciliado no endereço Rua Aeronautica, 208, Senador Camara – RJ, CEP: 21831-410, vem através do seu advogado in fine propor a seguinte. ACÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS em face do LIGHT SERVIÇOS ELÉTRICOS S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ 60.444.437/0001-46, com sede à Avenida Marechal Floriano, nº. 168 – CEP: 20.080-002 – Centro – Rio de Janeiro onde deverá ser citada na pessoa de seus representantes legais para, querendo, responderem a presente demanda, nos termos que se seguem: DOS FATOS 1. Inicialmente, a Autora esclarece que é consumidora de serviço posto no mercado de consumo pela Ré, conforme código do cliente nº 20722836, código de instalação de nº 410664635, estando com todas as suas obrigações em dia, devendo, portanto, a presente demanda ser analisada sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor. Num. 16156183 - Pág. 1Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 2. Na data de 28/03/2022, a autora teve uma inesperada interrupção de energia elétrica em sua casa. Após aguardar por 3 horas, achando que haveria o retorno, o mesmo não ocorreu, tendo então realizado o primeiro contato com a ré, sendo gerado os protocolos 2220348654 e 2220464536, e tendo como resposta que já estavam cientes da falta de luz e que a mesma retornaria o mais breve possível, sendo assim a autora resolveu esperar. 3. Ocorre que, para a surpresa da autora, a ré não compareceu para realizar o restabelecimento do fornecimento de energia de sua instalação, tendo a autora realizado diversos contatos novamente, protocolos, 2220613671 e 2220982452, porém sem sucesso. 4. Cumpre informar que só foi realizado o restabelecimento no dia 31/03/2022, tendo a autora permanecido 3 dias sem energia elétrica em sua residência. 5. Nessa esteira, além de todas as frustrações e dor de cabeça causados a Autora e também a sua família, em razão da falha na prestação do serviço realizado exclusivamente pela Ré, que se traduz em um fortuito interno. 6. Consigne-se o sofrimento que foi para dormir diversas noites, vez que, como não tinha luz em sua residência, a Autora precisou dormir com as janelas abertas, pois, não tinha como ligar um ventilador para afastar os mosquitos, além do grande calor. 7. Assim como, muitos alimentos perecíveis estragaram na geladeira, que ficou desligada por vários dias, em razão da falta de energia por parte da Ré. 8. Outrossim, ficou completamente evidente que a Ré em momento nenhum tentou prestar um serviço adequado, digno e continuo tratando o consumidor com completo desrespeito. 9. É evidente, portanto, os sentimentos de impotência, revolta, frustração, indignação, tristeza, abalo emocional. Num. 16156183 - Pág. 2Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 10. Diante do exposto, não tendo obtido êxito ao buscar uma solução amigável junto a Ré, se faz necessário vir ao Judiciário buscar a reparação dos danos sofridos. FUNDAMENTOS DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR - 11. O Código de Defesa do Consumidor vem a estabelecer as regras no mercado consumerista, assim impondo limites para que haja o equilíbrio decorrente da relação contratual, conforme arts. 4º, 6º e 14, in verbis: Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. * * * Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; (...) VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; * * * Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos Num. 16156183 - Pág. 3Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 12. Dessa forma, é inegável a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor ao caso em comento, e a proteção consumerista prevista na legislação vigente. DO DANO MORAL 13. Destaca-se que o Código de Defesa do Consumidor dispõe acerca da responsabilidade objetiva do fornecer de serviço. Ou seja, caberá indenização sempre que coexistirem os requisitos que determinam a responsabilidade civil. 14. Presentes tais elementos insurge a obrigação de indenizar, conforme art. 186 e 927 do Código Civil, in litteris: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. * * * Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 15. No caso em apreço, não pairam dúvidas quanto à ocorrência dos prejuízos de cunho moral, revelados nas lesões sofridas pela pessoa física em certos aspectos de sua personalidade, caracterizados, no entanto, sempre por via de reflexos produzidos por ação ou omissão de outrem. 16. Não se pode negar que as atitudes da ré infligiram o autor em danos morais e psicológicos, em razão do vício na prestação do serviço. Nesse caso, presentes Num. 16156183 - Pág. 4Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524Número do documento: 22040607390719400000015584524 estão os requisitos ensejadores do dever de indenizar para aqueles que possuem a responsabilidade objetiva: o dano e o nexo causal. 17. Sendo assim, fica evidente o dever de indenizar, ante o corte injustificado da energia elétrica e a demora para o seu restabelecimento, conforme entendimento dos Tribunais do País, vejamos: APELAÇÃO CÍVEL. LIGHT. DANO MORAL. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA POR MAIS DE DOIS DIAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 1 - O fornecimento do serviço de energia elétrica na residência da Autora foi interrompido por cerca de dois dias, sem qualquer justificativa. 2 - Prevê o art. 91, § 2º, da Resolução nº 456/2000 da ANEEL que ocorrida a suspensão do fornecimento de energia elétrica sem que usuário tenha dado causa, o serviço deve ser restabelecido em no máximo 4 (quatro) horas. 3 - Considerando o tempo que a Concessionária Ré levou para providenciar o restabelecimento do serviço, verifica-se que não atuou de forma eficiente e adequada, a fim de fazer valer o princípio da continuidade da prestação dos serviços públicos. 4 - Dano moral configurado, eis que os transtornos causados ultrapassam o mero aborrecimento. 5 - Quantum indenizatório que se fixa em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em atendimento aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, notadamente diante do tempo de duração da suspensão do serviço. 6 - Provimento do recurso. (TJ-RJ - APL: 00019157520188190058, Relator: Des(a). JACQUELINE LIMA MONTENEGRO, Data de Julgamento: 16/12/2020, VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 18/12/2020) * * * ENERGIA ELÉTRICA. INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO POR MAIS DE 30 DIAS APÓS A QUITAÇÃO DO DÉBITO. DANO MORAL. Apelam ambas as partes da sentença que condenou a ré a pagar à autora R$8.000,00 de indenização por danos morais decorrentes da privação do serviço de energia elétrica. A condenação imposta não decorre da interrupção do fornecimento de energia elétrica em si, mas, sim, do não restabelecimento do serviço dentro de 24 horas após a realização do pagamento do débito vencido. Diante da injustificada demora de 36 (trinta e seis) dias para restabelecer o serviço essencial, o quantum indenizatório fixado na sentença revela-se reduzido e insuficiente. Verba majorada para R$15.000,00, como pleiteado na exordial. Os honorários sucumbências devem ser fixados no percentual mínimo, diante da singeleza da causa. Provido o recurso da autora, restando prejudicado o recurso da ré, nos termos do voto do desembargador relator. (TJ-RJ - APL: 00349246820198190001, Relator: Des(a). RICARDO RODRIGUES CARDOZO, Data de Julgamento: 07/04/2020, DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 2020-04-13) * * * Num. 16156183 - Pág. 5Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 Direito do Consumidor. Conta de energia elétrica incompatível com a média de consumo. Suspensão do serviço. Laudo pericial que constata a cobrança superior à carga instalada. Sentença que determinou o refaturamento das contas emitidas no período questionado e julgou improcedente o pedido de indenização por dano moral. Apelação da parte autora requerendo indenização por dano moral, considerando que ficou 26 dias sem energia elétrica. Dano moral configurado pela suspensão do serviço. Indenização que deve ser fixada R$ 8.000,00, considerando a falha no fornecimento de serviço essencial. Conhecimento e provimento da apelação. (TJ-RJ - APL: 00076585720108190087 RJ 0007658-57.2010.8.19.0087, Relator: JDS. DES. RICARDO ALBERTO PEREIRA, Data de Julgamento: 16/07/2015, VIGÉSIMA SEXTA CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR, Data de Publicação: 21/07/2015 00:00) 18. Desta maneira, resta demonstrado o dano, e, por conseguinte, presentes os demais elementos ensejadores da reparação civil, tornando inconteste a obrigação da Ré em reparar as sequelas advindas do seu ato ilícito, razão pela qual a autora requer a condenação da parte Ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$10.000,00. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - APLICAÇÃO DO ART. 6º, VII, DO CDC - 19. É sabido que, em se tratando de situações em que uma das partes se encontra em posição de desigualdade jurídica, sendo obrigada a submeter-se à vontade da parte dita “mais forte”, é perfeitamente aplicável a inversão do ônus da prova. 20. Prescreve a norma do Art. 4º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor, pelo “reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo como princípio basilar das relações de consumo”. 21. Ratificando o entendimento da vulnerabilidade do consumidor, o Art. 6º, inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor, prevê a facilitação da defesa do Consumidor pela inversão do ônus da prova. 22. Nesse sentido, ainda leciona o i. Sérgio Cavalieri Filho em sua obra “Programa do Consumidor”, vejamos: Num. 16156183 - Pág. 6Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 Consciente das desigualdades existentes entre os sujeitos de uma relação jurídica de consumo e da vulnerabilidade processual que também caracteriza o consumidor, estabeleceu o art. 6º, VII, da Lei nº8.078/90, como direito básico deste, a facilitação da defesa de seus interesses em juízo, inclusive com a possibilidade de ser invertido o ônus da prova, em seu favor e a critério do juiz, quando estiver convencido o julgador da verossimilhança das alegações daquele, ou, alternativamente, de sua hipossuficiência (em sentido amplo). A finalidade do dispositivo em questão é muito clara: tornar mais fácil a defesa da posição jurídica assumida pelo consumidor, na seara específica da instrução probatória. Distanciou-se o legislador, assim, dos tecnicismos e das formalidades inúteis, conferindo autêntico caráter instrumental ao processo, na busca da verdade real e da solução justa da lide. 23. Ante os fatos narrados na presente demanda, resta clarividente o cumprimento dos requisitos necessários para inversão do ônus da prova, quais sejam, a verossimilhança das alegações e hipossuficiência fática e técnica da parte autora. DOS PEDIDOS 24. Diante de todo o exposto, a autora requer a citação da parte Ré, no endereço indicado no preâmbulo da petição inicial. A autora confia em que serão julgados procedentes os pedidos, de modo a: a) condenar a Ré a indenizar a autora a título de danos morais, face aos prejuízos de ordem imaterial que causou a mesma, a fazendo suportar momentos de transtornos e aborrecimentos, seja então arbitrados na quantia de R$10.000,00 (dez mil reais), valor este que servirá como medida corretiva a Ré para que a mesma se iniba de igual e novo atentado; b) concedida a inversão do ônus da prova, em razão da verossimilhança dos fatos alegados, e provados, e em decorrência da hipossuficiência técnica e econômica da autora. Num. 16156183 - Pág. 7Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 25. A autora pleiteia, ainda, a produção de todos os meios de provas que sejam legais e moralmente legítimos, como a juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal na da Ré, sob pena de confissão. 26. Por fim, pleiteia que todas as publicações e intimações atinentes ao presente feito, sob de nulidade, sejam realizadas exclusivamente em nome do advogado MichelDouglas Silva Mendes, inscrito na OAB/RJ sob o número 230.504. 27. Dá-se o valor da causa de R$10.000,00 (dez mil reais). Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 06 de abril de 2022. Michel Douglas Silva Mendes OAB/RJ 230.504 Num. 16156183 - Pág. 8Assinado eletronicamente por: MICHEL DOUGLAS SILVA MENDES - 06/04/2022 07:39:07 https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040607390719400000015584524 Número do documento: 22040607390719400000015584524 Cabeçalho Índice Petição | NUM: 16156183 | 06/04/2022 07:38
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