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gestão empresarial Direito empresarial Noções de direito trabalhista e PrevideNciário 7 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que contribuam para o desenvolvimento capacitando profis- sionais com conhecimento jurídico essencial em relação aos empregados e prestadores de serviço da empresa. COmpetênCias Conhecer e internalizar valores do trabalho e da digni- dade do ser humano, responsabilidade social, justiça e ética profissional. Habilidades Mobilizar os recursos do trabalho humano com vistas ao maior benefício de todos os envolvidos; Lidar com pessoas, desenvolvendo habilidades para o trabalho em equipe e o respeito à dignidade do trabalhador, visando à convivência harmônica entre capital e trabalho. direito empresarial Noções de direito trabalhista e PrevideNciário ApresentAção Nesta unidade vamos articular os conhecimentos do Di- reito do Trabalho e Direito Previdenciário, alinhando a teoria com a prática vivenciada, para a tomada da me- lhor decisão dentro da empresa. O conhecimento desses conceitos dará instrumentos para conhecer os direitos e deveres dos empregados e empregadores. Trataremos do Direito Trabalho, sua origem, seus princípios o conceito de empregado, o conceito de traba- lhador autônomo e a definição de trabalhador eventual. Esclareceremos algumas informações importantes sobre a terceirização e a utilização do trabalhador temporário. Definiremos o empregador e seus poderes. Fixaremos a jornada de trabalho e os tipos de prorrogações de jorna- da, comentando sobre o banco de horas, as horas extras, os trabalhadores excluídos do controle de jornada, o valor da hora noturna, o descanso semanal remunerado, o so- breaviso e os intervalos intra e interjornada para repouso e alimentação, bem como as férias e o décimo terceiro sa- lário. Serão elencadas as hipóteses para aplicação da justa causa para dispensa do empregado e a rescisão indireta como forma de romper o contrato por culpa do emprega- dor e, por fim, falaremos sobre o aviso prévio. No tema relativo à Previdência Social, é necessário lembrar que existe uma “reforma da previdência” em curso que ainda não foi aprovada e, portanto, quando isso ocorrer, deverá ser feita uma revisão desse assunto. Sendo assim, trataremos de explicar as contingências sociais rela- cionadas ao tema e focaremos na Previdência Social. Vamos explicar quem são os segurados da Previdên- cia Social e seus benefícios, como: → Aposentadoria por idade; → Aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência; → Aposentadoria por Invalidez; → Aposentadoria por tempo de contribuição; → Por Tempo de Contribuição da Pessoa com Defici- ência; → Por Tempo de Contribuição do Professor; Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 4 → Aposentadoria especial por tempo de contribuição; → Auxílio-doença; → Salário-maternidade; → Salário-família; → Auxílio-acidente; → Auxílio-reclusão; → Pensão por morte. Elucidaremos como ter acesso aos benefícios previdenciários. e por fim, teceremos algumas considerações acerca do acidente de trabalho. Todos esses assuntos são extremamente importantes e interessantes ao aluno, por se tratar de aspectos vivenciados no cotidiano, pela maioria das pessoas, seja na condição de empregador ou de empregado. pArA ComeçAr Vamos articular os conhecimentos do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário, alinhando a teoria com a prática vivenciada para a toma- da da melhor decisão dentro da empresa. Para tanto, nosso estudo será dividido nos seguintes tópicos: → Parte 1 – Direito do Trabalho; → Parte 2 – Previdência Social. Na Parte 1 – Direito do Trabalho, devemos nos ater a legislação trabalhis- ta que efetivamente foi alterada pela Reforma Trabalhista (especialmente por meio da Lei nº 13.429/2017 e da Lei nº 13.467/2017), portanto, diversas mudanças foram implementadas por tais legislações nesse ramo do Direito. Na Parte 2 – Previdência Social, trataremos de explicar o conceito amplo, que engloba a Assistência Social e a Saúde (ambas não contribu- tivas) e a Previdência Social (contributiva). No estudo da Previdência Social definiremos os segurados, seus be- nefícios, como a aposentadoria por idade, dentre outros temas à serem abordados. Os assuntos dessa unidade, sobre os Direitos Trabalhistas e Previdenciários, causam dúvidas quando se está à frente de uma empresa, dúvidas estas que muitas vezes precisam ser resolvidas de imediato. É comum ouvirmos que os empregados sabem mais de seus direitos do que aqueles que deveria zelar por eles. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 5 Tente responder as questões abaixo para testar seus conhecimentos: 1. Qual o prazo para reclamar os seus direitos trabalhistas? 2. Qual o prazo máximo de um contrato de experiência? As reflexões sobre o que perguntamos acima, fazem com que você possa ao final desta Unidade, comparar o que pensava a respeito e como o con- teúdo apresentado expandirá o seu conhecimento. Agora, convidamos você para iniciar o nosso estudo. Bom estudo (e muita dedicação)! FundAmentos parte 1 – direitO dO trabalHO O ser humano incorporou o trabalho na história quando precisou buscar caminhos para se alimentar por meio das invenções e utilização das primei- ras ferramentas com esse objetivo; ao que muitos historiadores chamam de trabalho primitivo, datando seu início aos primórdios da humanidade. A palavra trabalho vem do latim tripalium. Esta palavra em latim designava um instrumento de tortura composto de três paus. Na Bíblia há uma menção do trabalho como castigo e era assim que ele era entendido, no começo de nossa civilização. “Do suor do teu rosto comerás o teu pão”. (Gn 3.19) Direito do Trabalho é o ramo do Direito que organiza e regulamenta o trabalho subordinado e situações análogas, como por exemplo, o traba- lho autônomo. Apesar da existência do trabalho se confundir com a existência do ho- mem, pode-se afirmar que o precursor do que chamamos de Direito do Trabalho surgiu a partir da Revolução Industrial. Anteriormente, podemos destacar de maneira sintética uma linha de evolução do trabalho humano. A primeira forma de trabalho foi a escravidão. O escravo não tinha os direitos de uma pessoa, ele era tratado como um objeto e podia ser comprado e vendido. Avançando no tempo temos a servidão, onde o servo trocava seu tra- balho pelo abrigo do senhor feudal. Se o servo não era um homem totalmente livre, escravo também não era. Mais adiante surgem as guildas ou corporações de ofício, que regula- mentavam o recrutamento, a qualidade e a produção para os diversos Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 6 ofícios visando os interesses dos mestres artesãos (neste sentido se com- param aos patrões). Era usual as guildas professarem o culto de um santo que os acabaram por associar a certos ofícios e profissões. Nas corporações existiam três categorias principais de trabalhadores: os mestres, os companheiros (jornaleiros) e os aprendizes. O Liberalismo do século XVIII pregava um estado alheio a área econô- mica, deixando de lado a atuação para que o mercado se autorregulasse. Adam Smith (1723-1790) formulou a teoria econômica, que poderia ser resumido na máxima atribuída à Vicente de Gournay, que diz: “laissez fai- re, laissez passer, le monde va de lui même”, que numa tradução livre é: “deixe fazer, deixe ir, o mundo vai por si só.” Os grandes incentivadores de mudanças, para que os empregados pas- sassem a ser vistos como pessoas dignas de direitos, equilibrando-se for- ças economicamente desiguais, já vinha do Papa Leão XIII (Papa de 1878 a 1903), por meio da Encíclica Papal Rerum Novarum, (que em tradução livre significa fazer novas as coisas), e do Papa Pio XI (Papa de 1922 a 1939), através da Encíclica Quadragesimo Anno, que veio em homenagem aos quarenta anos da anterior.Ambos se utilizaram do poder que a Igreja Católica possuía na época para estabelecer, entre outras coisas, a neces- sidade de tratamento igual para iguais e desigual para desiguais, visando o equilíbrio das relações, especialmente as relações trabalhistas. Podemos afirmar que as citadas Encíclicas Papais serviram como base de transição para a justiça social nas relações trabalhistas, que até então viviam momentos de grandes perdas para os trabalhadores. A Revolução Industrial acabou transformando o mundo do trabalho gradativamente, havendo o crescimento do trabalho remunerado. A ideia de exploração do trabalhador existia fortemente, porém sem a consciên- cia de que era exploração. Aos poucos, percebe-se que a situação dos empregados não poderia ser mantida e é implantada uma legislação de proteção ao empregado o que acaba por estabelecer o que hoje conhecemos como Direito do Trabalho. A legislação trabalhista está contida basicamente na Consolidação das Leis do Trabalho. Mas não só nela. Podemos sintetizar essas ideias dizendo que o Direito do Trabalho como vemos hoje é fruto do amadurecimento histórico sobre o que é o trabalho, passando inclusive por conflitos entre movimentos dos trabalha- dores e a classe dos empregadores, o que passou a existir apenas quan- do os empregados começaram a entender o seu poder, especialmente de forma conjunta, sucedendo movimentos grevistas e o nascimento dos primeiros sindicatos. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 7 Essa história não terminou ainda, e certamente o Direito do Trabalho per- manecerá sofrendo muitas alterações, dependendo dos momentos históricos. Atenção São vários os documentos normativos que expressam a pro- teção das relações trabalhistas, de tal forma que existem diversas fontes para o Direito do Trabalho, como: a Cons- tituição Federal, as leis, os decretos, as súmulas vinculan- tes do STF, jurisprudências, as sentenças normativas e de arbitragem em dissídios coletivos, as convenções e acordo coletivos, os regulamentos de empresa e os costumes. Uma menção deve ser feita sobre a aplicação e cumprimento das normas: é a da supremacia da Constituição Federal e do “Princípio da Legalidade” no âmbito do Direito do Trabalho, que é mitigado pelo princípio da norma mais favorável (falaremos adiante, em detalhes, sobre os Princípios do Di- reito do Trabalho). Como critério de hierarquia, permite eleger a regra prevalecente em uma dada situação de conflito de regras - aquela que for mais favorável ao tra- balhador, observados certos procedimentos objetivos orientadores’ -, con- tudo, é possível estabelecer a hierarquia básicas das normas trabalhistas: 1. Constituição; 2. Leis; 3. Decretos; 4. Sentenças normativas; 5. Convenções coletivas; 6. Acordos coletivos; 7. Costumes. Além dos direitos trabalhistas contidos na Constituição Federal, nos arti- gos 7º a 11º, abaixo dela, a principal norma trabalhista é a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452/1943), composta por 922 arti- gos que norteiam as relações trabalhistas mais a reunião de diversas leis, por exemplo, as leis ordinárias que tratam do 13º salário (Lei nº4.090/62) e do repouso semanal remunerado (Lei nº 605/49). Existem ainda, as normas de Direito do Trabalho provenientes do re- gulamento interno da empresa, como, por exemplo, como se vestir, como atender o telefone, os clientes e assim por diante. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 8 2. prinCípiOs de direitO dO trabalHO Princípios, como já vimos, nas lições passadas, são as bases sobre as quais vão se construindo a legislação. Os princípios de Direito do trabalho são, entre outros, os seguintes: 1. O princípio da proteção do empregado, parte mais fraca do contrato de trabalho, que se subdivide em: a. Princípio in dubio pro operário. Se existir dúvida, o empregado não pode ser penalizado. É a presunção de inocência aplicável ao empregado; b. Princípio da norma mais favorável. Se existirem duas normas, vai ser aplicada aquela que é mais favorável ao empregado e; c. Princípio da condição mais benéfica. Se existirem duas condições, será aplicada aquela que for mais benéfica ao empregado; 2. O princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas pelo em- pregado. Não pode haver renúncia dos direitos trabalhistas pelo em- pregado, já que o que se busca é proteger o empregado; 3. O princípio da continuidade da relação de emprego estabelece que os contratos de trabalho tem por regra prazo indeterminado. Os contratos com prazo certo para acabar, como o contrato de experi- ência, são exceção; 4. O princípio da primazia da realidade diz que a verdade dos fatos pre- valece sobre eventuais documentos que não retratem a realidade. Assim, de nada adianta fazer um documento que não corresponde à reali- dade, como, por exemplo, contratar um empregado e fazer um documen- to dizendo que ele é autônomo. Figura 01. Carteira de trabalho. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 9 3. empregadO O empregado e o empregador são os sujeitos do contrato de emprego. O Empregado é uma espécie de trabalhador que está definido no artigo 3º da CLT: “Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Por vezes, ouvimos falar no estabelecimento de vínculo de trabalho, que deve existir entre trabalhador e empregador, ou seja, a ligação jurídica que pode existir entre aquele que presta os serviços para o outro, desde que sejam, necessariamente, cumpridos alguns requisitos: a. Prestação de serviços de forma pessoal (física, não jurídica), não podendo se fazer substituir (faltar ao trabalho e pedir ao irmão para ir no seu lugar, por exemplo). É a chamada PESSOALIDADE; b. de forma habitual (trabalhar todos os dias ou dentro de uma roti- na). É a chamada HABITUALIDADE; c. obedecendo juridicamente às ordens emanadas pelo seu empre- gador (ordens do chefe relacionadas ao trabalho). É a chamada SUBORDINAÇÃO; d. e recebendo salário (recompensa pela atividade). Na falta de algum desses pressupostos acima, não ficará evidenciada a relação de emprego, mas sim uma relação de trabalho, que são modali- dades de prestação de serviço sem a existência do vínculo de emprego. Exemplo: Trabalhador Autônomo (pedreiro, eletricista); Trabalhador Even- tual (maquiadora - faxineira) etc. O Empregado poderá ser admitido por contrato de trabalho sem prazo definido para seu término (por prazo indeterminado) ou por prazo deter- minado, sendo que uma das modalidades com contrato com prazo deter- minado é o Contrato de Experiência e o prazo máximo será de 90 dias (CLT, art. 445, parágrafo único). O Contrato de Experiência, como o próprio nome evidência, trata da possibilidade das partes se conhecerem profissionalmente por um curto pra- zo, antes do contrato de emprego ser convertido por tempo indeterminado. conceito Prescrição é a perda do direito de ação ocasionada pelo transcurso do tempo, em razão de seu titular não o ter Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 10 exercido. Assim, haverá a prescrição, quando, por inércia do titular do direito de ação (trabalhador), este deixar de escoar o prazo fixado em lei, em exercê-lo. Segundo a CF/88, o trabalhador terá 2 (dois) anos para re- clamar os últimos 5 (cinco) anos, após a extinção do contrato de trabalho. O tema é também abordado no artigo 11 da CLT. O Art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal, diz: “CF/88 - Art. 7º São direitos dos trabalhadores ur- banos e rurais, além de outros que visem à melho- ria de sua condição social: ................... XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do con- trato de trabalho;” 4.aUtônOmO Autônomo é a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade eco- nômica de natureza urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, conforme previsão legal no artigo 12, V, h da Lei nº 8.212/91. A Lei nº 13.467/2017 (da chamada Reforma Trabalhista) incluiu na CLT que a contratação do autônomo, se cumpridas todas as formalidades le- gais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualida- de de empregado prevista no art. 3o dessa Consolidação (CLT - Art. 442-B). Antes da Reforma Trabalhista, o autônomo não podia trabalhar com exclusividade para um “cliente” só, e agora pode, desde que as demais características do contrato de trabalho não existam, sob pena de não se configurar o trabalho autônomo, mas sim um contrato de trabalho. São exemplos de trabalhadores autônomos os profissionais liberais, tais como: médicos, dentistas, advogados, contadores, motoristas de táxi, representantes comerciais autônomos, dentre outros. 5. eventUal Dentre os tipos de trabalho que existem, o trabalho eventual é aquele que mais se assemelha à relação de emprego, porém é um trabalho realizado de forma eventual, ocasional, sem a habitualidade que é uma das características do contrato de trabalho. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 11 Para caracterização da relação de trabalho eventual, é importante que o objeto da prestação do trabalho não integre a finalidade empresarial, exemplos: diarista, pintores, encanadores etc. Esse tipo de contrato está fundamentado no art.12, inciso V “g”, da Lei 8212/91, que conceitua o trabalho eventual como sendo “quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego.” 6. terCeirizaçãO Terceirização num conceito amplo é a aquisição de um serviço ou atividades contratadas por um CNPJ diferenciado ou a contratação de mão de obra, tempo/homem, por meio de uma empresa de trabalho temporário. Pode ser terceirizada, inclusive, a atividade fim da empresa. O tema é regido pela Lei nº 6.019/74, atualizada pela Lei nº 13.429/17 e Lei nº 13.467/2017, dentre outras aplicáveis. Vejamos o que o texto da Lei nº 6.019/74, em seu Art. 4o-A, diz: “Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pes- soa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econô- mica compatível com a sua execução”. Antes da Reforma Trabalhista (2017), a terceirização somente podia ocor- rer nas chamadas atividades meio e nunca na atividade fim, por isso, os chamados terceiros eram os que costumeiramente laboravam em funções ligadas, muitas vezes, à área de limpeza e segurança das empresas. A Reforma Trabalhista autorizou que a terceirização possa se dar em qualquer atividade da empresa, ou seja, quem sabe, para utilizarmos um exemplo bem prático, pode-se terceirizar o pizzaiolo da pizzaria ou os pro- fessores de uma escola. São muitos os entendimentos sobre esse assunto, e vai depender muito de cada caso a ser analisado pelos tribunais. Reco- menda-se a leitura da decisão em 2018 do Supremo Tribunal Federal, que se manifestou a respeito disso. Vamos explicar melhor o que é a definição de atividade fim e de ativi- dade meio. → Atividade fim: é a atividade principal da empresa, para qual ela foi constituída. → Atividade meio: são todos outros serviços relacionados à empresa e que não fazem parte de sua constituição. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 12 Exemplos: em uma montadora de carros, sua atividade fim é montar os carros. Ela poderá contratar uma empresa prestadora de serviços para fa- zer a pintura, para departamento pessoal, contabilidade, logística da em- presa ou serviços de vigilância, limpeza, restaurante etc. Ela poderá fazer tal trabalho dentro do estabelecimento da empresa contratante, porém, sem qualquer subordinação da contratante. Antes da Reforma Trabalhista, costumava-se afirmar que a terceiriza- ção era um processo sempre triangular: havia a empresa prestadora, a empresa tomadora e o empregado. Com a facilidade e a quantidade de trabalhos disponíveis para trabalho terceirizado que o mercado passou a ter com a Reforma Trabalhista, começou a existir a figura da pessoa jurí- dica (CNPJ) com apenas um trabalhador (o próprio proprietário da empre- sa), que prestará serviços como terceiro para a empresa contratante, sem mais existir, obrigatoriamente, a triangulação anteriormente considerada como essencial para a existência do trabalho terceirizado. Caso exista a triangulação, a responsabilidade pelos encargos trabalhis- tas para com os trabalhadores é da empresa prestadora dos serviços, po- rém, a empresa tomadora dos serviços tem responsabilidade subsidiária. Por isso, a empresa tomadora de serviços tem direito de fiscalizar se a empresa prestadora dos serviços e analisar todo o cumprimento da legisla- ção trabalhista pela empresa prestadora dos serviços em relação aos seus empregados que estão trabalhando como terceiros na empresa tomadora. Acaso se verifique que exista alguma irregularidade, cabe rescisão justifica- da por parte da empresa tomadora dos serviços, que é a contratante. 6.1. Terceirização por cooperaTiva A terceirização através de uma cooperativa é uma forma de terceirização como as outras. As cooperativas são sociedades de pessoas com, no mínimo, vinte asso- ciados, reguladas pela Lei 5.764/71 (vide art. 442, parágrafo único da CLT). De acordo como artigo 442, parágrafo único da CLT, cooperado não tem vínculo empregatício, desde não ocorra fraude e atraia a incidência do artigo 9º da CLT. 7. trabalHadOr tempOráriO O Trabalho Temporário é uma modalidade de contrato por prazo determi- nado, sendo a aquisição de mão de obra com o vínculo intermediado por uma empresa de trabalho temporário, regido pela Lei nº 6.019/74. Diz o artigo 2o da referida Lei: Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 13 “Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma em- presa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal perma- nente ou à demanda complementar de serviços”. Assim, no contrato de trabalho temporário existem sempre três figuras: → A empresa tomadora ou cliente; → A empresa de trabalho temporário; → O empregado da empresa de trabalho temporário. Exemplo de trabalhador temporário: uma pessoa é contratada para cobrir férias de um trabalhador da produção/administrativo, ou seja, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou ainda à demanda complementar de serviços (Lei 6.019 - art. 2º), mas essa contra- tação tem que ser feita por meio da triangulação acima mencionada, sem a qual não se caracteriza trabalho temporário. 7.1. prazo do Tabalho Temporário O prazo máximo de contratação de um trabalhador temporário será de 180 dias pelo mesmo empregador (art. 10, §1º da Lei nº 6.019/1974), po- dendo ser prorrogado por até 90 dias, consecutivos ou não, além do prazo estabelecido no § 1o desse artigo, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram (art. 10, §2º da Lei nº 6.019/1974). Esses pontos foram acrescentados pela Reforma Trabalhista. 7.2. responsabilidade - Trabalho Temporário A empresa tomadora dos serviços temporários será sempre responsável subsidiária pelos débitos da empresa de trabalho temporário, na hipótese de a empresa de trabalho temporário se tornar inadimplente. Por isso, a empresa tomadora de serviços tem direito de fiscalizar a em- presa prestadora dos serviços, e analisar todo o cumprimento da legislação trabalhista pela empresa prestadora em relação aos seus empregados que estão trabalhando como temporário na empresa tomadora. Acaso se veri- fiqueque exista alguma irregularidade, cabe rescisão justificada por parte da contratante. 8. estagiáriO O contrato denominado estágio é regido pela Lei nº 11.788/2008. Trata- -se de um ato educativo escolar supervisionado e desenvolvido no am- biente de trabalho (parte concedente) para as pessoas regularmente Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 14 matriculadas, e que estejam frequentando as instituições de Educação Superior, Profissional, Médio, Especial e dos anos finais do Ensino Fun- damental, que integram o Projeto Pedagógico do curso (Lei nº 11.788/08 - Art. 1º). No estágio, o objetivo é a formação profissional do estagiário, tendo, portanto, finalidade pedagógica, apesar de haver pessoalidade, subordi- nação, continuidade e eventualmente na forma de contraprestação. 8.1. Tipos de esTágio O estágio é dividido em duas modalidades: → Estágio obrigatório: que é aquele definido como tal no projeto do curso no qual o estagiário estuda, em que a carga horária é um re- quisito para a diplomação; → Estágio não obrigatório: é aquele desenvolvido em atividade opcional das partes envolvidas, acrescida a carga horária regular e obrigatória. Qualquer modalidade de estágio não cria vínculo empregatício, desde que observada a matrícula e frequência regular do aluno e a celebração de termo de compromisso entre o aluno, a parte concedente e a instituição de ensino, bem como a compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. O estágio será supervisionado por um professor-orientador da institui- ção de ensino e por um supervisor da parte concedente, de forma efetiva, comprovado por vistos nos relatórios do estagiário e na aprovação final. 8.2. auxílio Financeiro/TransporTe/ seguro conTra acidenTes pessoais O artigo 12 da Lei de Estágio prevê que o estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo obrigatória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, apenas na hipótese de estágio não obrigatório. Eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimenta- ção e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício, sendo fa- cultado ao estagiário se inscrever e contribuir como segurado (facultativo) do Regime Geral de Previdência Social durante o período de seu estágio. Por fim, a parte concedente do estágio (artigo 9o IV), quais sejam, as pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer um dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 15 conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, mas deve, dentre outras obrigações, contratar em favor do estagiário Segu- ro Contra Acidentes Pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso. O parágrafo único do artigo 9º preceitua que no caso de estágio obrigató- rio, a responsabilidade pela contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput do referido artigo, poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino. 8.3. duração do esTágio A duração do estágio não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. 8.3. Jornada do esTagiário A jornada do estagiário será definida em comum acordo entre as partes, devendo constar do Termo de Compromisso e ser compatível com as ati- vidades escolares, porém, limitadas a duas possibilidades: a. 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, para estudan- tes de Educação Especial e dos anos finais do Ensino Fundamen- tal, na modalidade profissional de Educação de Jovens e Adultos (EJA); e b. 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de es- tudantes do Ensino Superior, da Educação Profissional de Nível Médio e do Ensino Médio regular. 8.4. recesso do esTagiário É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tiver duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. A parte concedente do estágio para o aluno possui a obrigação de fazer um seguro contra acidentes para o estagiário e, também, de ensiná-lo e orientá-lo e de efetuar o contrato de estágio por escrito, sempre com a anuência da entidade educacional. 9. empregadOr Empregador encontra-se definido no artigo 2º da CLT. Empregador é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os ris- cos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 16 associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que ad- mitirem trabalhadores como empregados. Vale notar que existe a figura do grupo de empresas, que ocorre sem- pre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma elas, persona- lidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica. O grupo de empresas será solidariamente responsável à empresa princi- pal e a cada uma das subordinadas, para os efeitos das dívidas trabalhistas. Isso ocorre para que não exista prejuízo aos empregados. Ocorrendo tal situação existirá a solidariedade passiva, que se ca- racterizara pela possibilidade de um empregado pleitear seus direitos de qualquer empresa do grupo, na ocorrência de insolvência de sua real empregadora. 10. pOderes dO empregadOr O empregador, além de admitir e assalariar o empregado, dirige sua pres- tação de serviços. O poder de dirigir é chamado de poder diretivo é a outra face da moe- da da subordinação hierárquica. O poder diretivo se divide em: 1) poder de controle; 2) poder de fiscali- zação e 3) poder disciplinar. Poder de controle concede ao empregador a possibilidade de distribuir os serviços aos empregados, como melhor lhe aprouver. Poder de fiscalização é a possibilidade de o empregador fiscalizar as atividades do empregado, em relação à sua jornada, à revista, às suas atividades, etc. O artigo 373-A, em seu inciso VI da CLT, estabelece que a empregada, na revista, não pode ter sua intimidade violada. Não é possível tocar o corpo da empregada ou mandar ela se despir. Isso vale igualmente para os homens. As revistas dos empregados só podem ser em roupas e sacolas, não é possível tocar o corpo do empregado, sob pena da empresa responder processo por danos morais, além de eventual crime. Poder disciplinar é a possibilidade de punir o empregado, quando tiver um comportamento irregular. A punição é limitada por dois princípios, o princípio da imediatidade da pena e o princípio da proporcionalidade da pena. O princípio da imediatidade da pena estabelece que o empregador deve punir o empregado, assim que tiver conhecimento da irregularidade cometida, sob pena de ficar caracterizado o chamado perdão tácito. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 17 Perdão tácito é o que ocorre porque a empresa deixou de punir a falta, presumindo-se, então, o seu perdão. Por proporcionalidade da pena entende-se que a penalidade deve ser proporcional à falta cometida, sob pena de haver rigor excessivo. Se existir rigor excessivo o empregado poderá pedir o término do seu contrato de trabalho pela falta grave cometida pela empresa, recebendo todas as verbas rescisórias, como se tivesse sido mandado embora. As penas que podem ser aplicadas ao empregado são: advertência ver- bal, advertência escrita, suspensão e dispensa por justa causa. 11. jOrnadade trabalHO A jornada de trabalho do empregado é fixada pela Constituição Federal em seu art. 7º, inciso XIII combinado com o art. 58 da CLT, dispondo de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Outras jornadas menores podem ser fixadas. Existem jornadas típicas de algumas profissões, como por exemplo, enfermeiros, que trabalham em jornada de 12 horas de trabalho, por 36 horas de descanso. Existem jornadas menores, como a de cabineiros de elevador, pre- vista na Lei 3.270/57, art. 1.°, que é de 6 horas diárias, sendo vedada a sua prorrogação. Nesta jornada não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não exceden- tes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Vamos destacar, também, que o tempo de deslocamento do empregado da sua casa para o trabalho e deste para sua casa (conhecida como Hora de Trajeto ou Hora In itinere), seja qual for o meio de transporte, não pode ser considerado como tempo integrante da jornada de trabalho e tão pouco como hora extra, conforme alteração dada pela Lei 13.467/2017 ao artigo 58, § 2º da CLT, ou seja, deixou de lado as questões referentes ao transporte e/ou local de difícil acesso. 11.1. Tipos de prorrogações de Jornada A jornada de trabalho de um empregado pode ser prorrogada e existem dois tipos de prorrogação: a compensada e a extraordinária. A Prorrogação Compensada - prevista no parágrafo 2º do artigo 59 da CLT - ocorre quando um empregado trabalha algumas horas a mais, para deixar de trabalhar algumas de um dia ou um dia inteiro. Essa pror- rogação deve ser objeto de um acordo de compensação de horas, sempre efetuado por escrito. Exemplo: banco de horas. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 18 A Prorrogação Extraordinária – hora extra – é a prevista no caput do artigo 59 da CLT, sendo que a duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. A remune- ração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à hora normal, conforme determina o inciso XVI do art. 7º da CF e Art. 59 §1º. da CLT. 11.2. banco de horas O Banco de Horas é um tipo de compensação de horas, conforme acima descrito. O empregador poderá ser dispensado do pagamento ao empregado, do acréscimo de salário, quando realizadas horas a mais do que a jornada nor- mal se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, a soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias (CLT - art. 59 - § 2º e art. 611-A. II). O banco de horas poderá, também, ser pactuada por acordo individu- al escrito, mas, neste caso, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses (CLT - Art. 59 - §5º). 11.3. Trabalhadores excluídos do conTrole de Jornada Os empregados, elencados no artigo 62 da CLT, estão excluídos do contro- le da jornada de trabalho. São eles: os empregados que exercem ativida- des externas e os gerentes. Os que exercem atividade externa incompatí- vel com a fixação de horário de trabalho, devem ter tal condição anotada na carteira de trabalho e previdência social e no registro de empregados. Os gerentes, são os considerados exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam os diretores e chefes de departamento ou filial. Para o trabalhador que cumpre jornada externa não ter controle, sua jornada deve, obrigatoriamente, ser livre. Por fim, são excluídos do controle de jornada, em razão da Reforma Trabalhista, os empregados em regime de teletrabalho. 11.4. hora noTurna O horário noturno do trabalhador urbano regido pela CLT é das 22h às 5h. O adicional noturno é de no mínimo 20% sobre o valor da hora normal. A hora noturna é contada como tendo 52 minutos e 30 segundos. O § 5º do artigo 73 da CLT dispõe que às prorrogações do trabalho no- turno aplica-se o disposto nesse capítulo. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 19 O horário noturno do empregado rural é um pouco diferente do em- pregado urbano, pois segue a previsão da Lei nº 5889/73. Se estabelece, no Art. 7º, o horário noturno dos empregados rurais que atuam na lavou- ra como sendo das 21h às 5h, e dos empregados rurais que laborem na pecuária, como sendo das 20h às 4h. Para o trabalhador rural, o adicional noturno é de, no mínimo, 25%, e a hora noturna é de 60 minutos. 11.5. descanso semanal remunerado ou repouso semanal remunerado O repouso/descanso semanal remunerado será de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. O empregado que durante a semana chegar atrasado injustificadamen- te ou faltar perde o direito à remuneração do repouso semanal e/ou do feriado, mantendo, no entanto, o direito ao descanso. Uma dúvida frequente é em relação ao trabalho prestado aos domingos e feriados. O trabalho prestado nesses dias deve ser pago em dobro, salvo atividades especificas e cláusula mais benéfica em Acordo ou Convenção Coletiva. A previsão desse assunto consta no artigo 67 da CLT e Lei 605/49. 11.6. sobreaviso A figura do sobreaviso é uma criação analógica, estipulada no parágrafo 2º do artigo 244 da CLT. Considera-se de sobreaviso o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de sobreaviso será, no máximo, de vinte e quatro horas. As horas de sobreaviso, para todos os efeitos, serão contadas à razão de um terço do salário normal. 11.7. inTervalos inTra e inTerJornada para repouso e alimenTação O Intervalo Intrajornada é disciplinado pelo art. 71 da CLT: → Se a duração da jornada diária for de 4 horas a 6 horas, o intervalo intrajornada será de 15 minutos, não sendo computado o intervalo na duração da jornada; → Se a jornada de trabalho exceder o período de 6 horas, o empregado terá direito a um intervalo de, no mínimo, 1 hora e de, no máximo, 2 horas, não sendo computado o intervalo na duração da jornada. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 20 Porém, tal horário de descanso/refeição poderá ser reduzido por Acordo ou Convenção Coletiva, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superior a seis horas (CLT - Art. 611-A. III). O Intervalo Interjornada está previsto no art. 66 da CLT, e deverá ser de, no mínimo, 11 horas consecutivas para descanso do empregado. É o intervalo entre o término de uma jornada e início da outra. 12. Férias 12.1. período aquisiTivo e concessivo Completado 12 meses de trabalho consecutivo, o empregado tem direito a usufruir de férias; inicia-se, então, o período concessivo, que é de 12 meses após o período aquisitivo, prazo no qual o empregado deverá gozar de suas férias referentes àquele período aquisitivo. Vejamos a imagem abaixo: Fonte: https://images.app.goo.gl/tDgsYv8g8yZFfG6A9 Admissão Início Período Aquisitivo 12 Meses Término Período Aquisitivo 12 Meses Término Período Concessivo 12 Meses Término do 2° Período Aquisitivo Início Período Concessivo Início do 2°Período Aquisitivo 12.2. Época da concessão das FÉrias A época da concessão das férias será a que melhor se enquadra nos inte- resses do empregador. Em relação ao empregado, ele terá o direito de usufruir de 30 (trinta) dias corridos de férias, salvo se forem descontados os dias por faltas in- justificadas, como estabelece o art. 130 da CLT. duração das férias faltas injustificadas 30 dias Até 5 faltas 24 dias De 6 a 14 faltas 18 dias De 15 a 23 faltas 12 dias De 24 a 32 faltas Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 21 https://images.app.goo.gl/ETbRnrn2AcgfPxMo8 Agora, com a Reforma Trabalhista, o direito ao descanso das férias,que deveria, obrigatoriamente, ser usufruído de uma só vez (só em casos ex- cepcionais seriam concedidas férias em 2 períodos), poderá ser usufruí- da em até três períodos, desde que haja concordância do empregado, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um, nos termos do parágrafo 1º do Art. 134 da CLT. 12.3. valor do pagamenTo das FÉrias As férias serão pagas ao trabalhador com pelo menos 1/3 (um terço) a mais do que a remuneração normal, de acordo com o Art. 7º, inciso XVIII da Constituição Federal. Se as férias forem concedidas após o período concessivo respectivo se ter findado, a remuneração de férias deverá ser paga em dobro pelo empregador. Da mesma forma, é direito do empregado converter um terço do perí- odo de férias em abono pecuniário. 12.4. das FÉrias coleTivas Por fim, conforme artigo 139 e seguintes da CLT, fica a critério do empre- gador conceder férias coletivas a todos os empregados da empresa ou a um determinado setor. 13. déCimO terCeirO saláriO O décimo terceiro salário está previsto na Constituição Federal de 1988, no art, 7.°, VIII. O décimo terceiro salário ou gratificação natalina foi instituído pela Lei nº 4.090/62, e regulamentada pelo Decreto 57.155/1965. A sua primeira parcela é paga entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano. A segunda parcela do décimo terceiro salário é paga até o dia 20 de dezembro de cada ano. Se o empregado, no mês de janeiro, requerer o adiantamento da primeira parcela do décimo terceiro, ela será paga junto com as férias do empregado. 14. jUsta CaUsa Se existir a falta grave, o empregado poderá ser dispensado por justa causa pelo empregador. Justa causa é a falta grave cometida pelo empregado que rompe a boa-fé existente entre ele e o empregador. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 22 Lembre-se que antes da aplicação da justa causa, que é uma medida extrema, o empregador deverá, dependendo do fato ocorrido, aplicar as seguintes sanções disciplinares: a) advertência verbal; b) advertência escrita; c) suspensão disciplinar (no máximo 30 dias, conforme Art. 474 da CLT), sendo que no período de suspensão o empregado não recebe salário; por fim, d) a dispensa por justa causa. São requisitos essenciais à configuração da justa causa, ou seja, para que ela tenha validade, dentre elas: a) imediatidade da pena, sob pena de ocorrer o perdão pela falta de punição; b) proporcionalidade entre a pena e a falta cometida; c) não haver dupla punição pela mesma falta. São considerados motivos para justa causa, entre outros, aqueles elencados no art. 482 da CLT, a saber: a. ato de improbidade; b. incontinência de conduta: relativa à moral sexual ou mau proce- dimento, por exemplo, não estar de acordo com as regras gerais da empresa; c. negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empre- sa para qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d. condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e. desídia: preguiça, má vontade; f. embriaguez habitual ou em serviço: por álcool e drogas, hoje é considerada doença, dificilmente o empregado poderá ser demi- tido por essa razão. g. violação de segredo da empresa, por exemplo, revelar os ingre- dientes de uma bebida, como a Coca-Cola; h. ato de indisciplina: não seguir as ordens gerais da empresa ou ato de insubordinação; não obedecer às ordens diretas; i. abandono de emprego: faltar injustificadamente por mais de 30 dias, poderá configurá-lo. j. ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa (ofender verbalmente alguém), ou ofensa física nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k. ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas con- tra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de le- gítima defesa própria ou de outrem; l. prática constante de jogos de azar: jogar a dinheiro ou não; Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 23 m. perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Em caso de rescisão do contrato de trabalho por dispensa por justa causa, o empregado perde o direito de receber vários direitos trabalhistas, tais como: não sacar o FGTS, não receber a multa de 40% sobre os depósitos de FGTS, não receber aviso prévio e não recolher Seguro Desemprego. 15. resCisãO indireta Rescisão indireta ou despedida indireta é caracterizada pela falta grave cometida pelo empregador, o que justifica o ajuizamento de uma ação trabalhista, pleiteando o pagamento das verbas rescisórias equivalentes ao que o empregado receberia se tivesse sido mandado embora, inclusive o aviso prévio. A rescisão indireta deve ser provada pelo empregado. As hipóteses de rescisão indireta estão previstas no art. 483 da CLT: 1. Exigência de serviços superiores às forças do obreiro, defesos por lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato: exigir que carregue peso humanamente impossível; pedir que o empregado compre drogas para o dono da empresa ou pedir que o empregado fique cozinheiro do restaurante da empresa, quando foi contratado para ser gerente; 2. For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo: por exemplo, não tolerar que o empregado se- quer fale dentro da empresa; 3. Correr perigo manifesto de mal considerável: pedir para o emprega- do não habilitado para tal serviço operar arma de fogo; 4. Não cumprir o empregador as obrigações do contrato: deixar de re- colher o FGTS do empregado; 5. Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama: ofensas verbais; 6. O empregador ou seus prepostos ofenderem o obreiro fisicamen- te, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem: ofen- sas físicas; 7. O empregador reduzir o seu trabalho, sendo esse por peça ou ta- refa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários: o empregador, por exemplo, pagava R$ 1,00 por peça produzida e começa a pagar a R$ 0,10. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 24 16. avisO préviO O Aviso Prévio está previsto no inciso XXI, do art. 7º da Constituição Federal, bem como na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, nos artigos 487 a 491. O Aviso Prévio é um comunicado prévio, ou seja, de forma antecipada, quando um empregado pede demissão ou é dispensado sem justa causa pelo empregador. 16.1. modalidade de aviso prÉvio e prazo para pagamenTo O aviso prévio pode ser concedido em duas modalidades: indenizado ou trabalhado: → O aviso prévio indenizado é aquele no qual não há prestação de serviços durante o tempo correspondente, o qual será totalmente pago como forma de indenização, ou seja, ele acontece quando o empregador desliga o funcionário imediatamente, efetuando o pa- gamento da parcela relativa ao respectivo período, sem que o co- laborador trabalhe para isso. Ele deve ser anotado na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Todas as verbas devem ser pagas até, no máximo, 10 dias da resci- são. Assim, na CTPS do empregado irá constar qual foi o último dia efetivamente trabalhado e o dia da rescisão contratual de trabalho, e essas datas não serão iguais. → O aviso prévio trabalhado, como o próprio nome diz, é o perío- do em que deve haver prestação de serviço, sendo o último dia da prestação aquele efetivamente trabalhado. O pagamento também deverá ocorrer até, no máximo, 10 dias após a rescisão contratual de trabalho. Nesse caso, o último dia trabalhado é o último dia do contrato de trabalho, e na CTPS não há diferença de datas. 16.2. o Tempo do cumprimenTo do aviso prÉvioComo já informado, o aviso prévio é o tempo que um empregado preci- sará trabalhar (aviso trabalhado) ou o valor que receberá (em forma de indenização), dependendo do que for acertado. O tempo trabalhado e o valor indenizado correspondem à, no mínimo, 30 dias, e o empregado receberá o pagamento dos valores em sua rescisão. Porém, a Lei nº 12.506/2011 estabeleceu que aos empregados dispen- sados sem justa causa e que tenham mais de um ano na empresa, serão acrescidos prazo mínimo – 30 dias – mais 3 dias a cada ano, somando no máximo o total de 90 dias. Essa regra de acrescentar mais 3 dias a cada ano de trabalho não é aplicável aos empregados que pedem demissão. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 25 A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. Se for o empregado que não deu o aviso prévio ao empregador, esse poderá descontar da sua rescisão contratual os valores correspondentes ao respectivo. 16.3. horário de Trabalho no cumprimenTo do aviso prÉvio O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de duas horas diárias, sendo facultado ao empregado trabalhar sem a redu- ção das 2 duas horas diárias ou por 7 (sete) dias corridos, sem prejuízo do salário integral (CLT - Art. 488 e § único). Já o empregado que pede demissão não terá direito a tal redução. parte 2 – previdênCia sOCial Antes de aprofundarmos sobre o assunto da Previdência social, como já mencionado, no início dessa Unidade de Aprendizagem, existe uma Re- forma da Previdência em curso, que ainda não foi aprovada, e portanto, quando isto ocorrer deverá ser feito uma revisão neste assunto. E ainda, vamos dar a definição de Seguridade Social, em que a Pre- vidência social está inserida. 2.1. conceiTo de seguridade social O Direito da Seguridade Social estabelece um sistema de proteção so- cial aos indivíduos em face das contingências sociais (doença, invalidez, morte, velhice, por exemplo, previstas no art. 201 da CF/88) que os impe- çam de prover as necessidades pessoais básicas suas e de suas famílias. A Seguridade Social tem seus princípios descritos no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal de 1988. São as principais leis da Seguridade Social: Lei 8.212/91 (custeio do sis- tema); Lei 8.213/91 (benefícios dos segurados), Lei 8.742/93 (da assistên- cia social) e Lei 8.080/90 (saúde). A Seguridade Social é o gênero que envolve: a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde (art. 194 da CF/88). A Previdência Social (art. 201 da CF/88) é política pública e visa man- ter a subsistência dos segurados e de seus familiares. Se a pessoa não contribuir ele não terá direito. Ele terá que estar obrigatoriamente filiado e contribuindo ou ter contribuído regularmente para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS). A Previdência Social é uma espécie de seguro obrigatório para o con- tribuinte, que terá vários benefícios e/ou poderá contar com a proteção dos benefícios previdenciários (auxílio doença, afastamentos, auxílio Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 26 maternidade, aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, pen- são por morte etc.). A Assistência Social (arts. 203 e 204 da CF/88) não é contributiva. Atende aqueles que não tem renda e nunca contribuíram ao sistema, e por isso não tem aposentadoria. Os serviços/benefícios de Assistência Social, como o BPC-LOAS (BPC - Benefício de Prestação Continuada contida na Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS - Lei Nº 8.742/1993) determina à pessoa com deficiência e ao idoso que demonstre necessidade, poder ter acesso ao benefício de 1 (um) salário-mínimo mensal, não havendo exigência de contribuição. A Saúde (arts. 196 a 200 da CF/88) ) não é contributiva e cuida da popu- lação em geral, sem se preocupara se ocorreu contribuição ou não. No artigo 196 da Constituição Federal, e diz que a saúde é direito de to- dos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Verificar ainda a Lei 8.080 de 1990 – Lei orgânica da Saúde - LOS. Vejamos um quadro exemplificativo: seguridade social seguridade social não contributiva previdência contributiva assistência social não contributiva Assegura o sustento de trabalhadores/ as e familiares, quando da incapacidade para o trabalho por motivos diversos. Desenvolve ações preventivas e curativas, visando a saúde física e mental dos cidadãos. Atende as necessidades básicas de proteção à família, à maternidade, à infância, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Fonte: https://images.app.goo.gl/uLTTPzpDdVmpRB74A saúde assisência social previdência social Art. 196 a 200; CF/1998 Art. 203 e 204, CF/88 Art. 201 e 202, CF/88 Não contributivo Não contributivo Contributivo Irrestrito Necessidade Filiação obrigatória SUS - Sistema Único de Saúde Serviços e benefícios Ministério da Previdência Social e INSS - Instituto Nacional do Seguro Social LOAS Fonte: https://images.app.goo.gl/8bAcX9Vwmdrrt6j79 Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 27 Nosso estudo sobre o assunto da Seguridade Social será focado na Previ- dência Social. 2.2. previdênCia sOCial Busca a Previdência Social, como o próprio nome indica, se prevenir das contingências sociais, mediante contribuição do segurado, manter a sub- sistência dos segurados e de suas famílias. Se o segurado não contribuir ele não terá direito. A Previdência Social é um seguro social que é pago para que você tenha uma renda no momento em que não puder trabalhar, por exemplo. 2.3. segUradOs da previdênCia sOCial Abaixo veremos os segurados da Previdência social: → Os empregados: registrados, com carteira assinada. Estão inclusos entre os empregados os trabalhadores temporá- rios, os diretores-empregados, entre outros. → O empregado doméstico: é o trabalhador que presta serviço na resi- dência de uma outra pessoa ou família, contanto que esse serviço sem fins lucrativos para a família. → O trabalhador avulso: são contratados por sindicatos ou órgãos gestores de mão-de-obra, para carregar e descarregar navios, por exemplo. São os estivadores, os carregadores, os amarradores de embarcações e etc. → O contribuinte individual: são aquelas pessoas autônomas que exer- cem atividade por conta própria. → O segurado especial: nesta categoria estão os trabalhadores rurais que produzem junto com suas famílias. → O segurado facultativo: são os maiores de 16 anos que não exer- cem atividade profissional, como, tais como as donas de casa e os estudantes. 2.4. beneFíCiOs dOs segUradOs As prestações da Previdência Social são em benefícios e em serviços. Benefícios são valores pagos em dinheiro aos segurados e seus dependentes. Serviços são a habilitação e reabilitação profissional e o serviço social, por exemplo, entre outros. São vários benefícios, como veremos a seguir. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 28 2.4.1. aposenTadoria por idade Os homens trabalhadores urbanos têm direito aos 65 anos. As mulheres trabalhadoras urbanas aos 60 anos. Os trabalhadores rurais homens, aos 60 anos. As mulheres trabalhado- ras rurais aos 55 anos. O tempo mínimo de contribuição para se aposentar, para todos, é de 15 anos. 2.4.2. aposenTadoria por idade da pessoa com deFiciência e aposenTadoria por Tempo de conTribuição da pessoa com deFiciência Definidas pela lei complementar nº 142, de 8 de maio de 2013, que regu- lamenta o § 1º do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à aposenta- doria da pessoa comdeficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social – RGPS. De acordo com a Lei complementar nº 142, de 8 de maio de 2013, res- tou estabelecido que no art. 2º que para o reconhecimento do direito à aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natu- reza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na so- ciedade em igualdade de condições com as demais pessoas. No artigo 3º da referida Lei complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 ficou assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, desde que atendidas estas condições: I. Aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; II. Aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com defici- ência moderada; III. Aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve; ou IV. Aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período. 2.4.3. aposenTadoria por invalidez É necessária que a invalidez seja declarada por perícia médica, que ocorre por motivo de doença ou acidente. Inicialmente o trabalhador que fica Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 29 doente ou sofre acidente recebe primeiro o auxílio-doença. Se não conse- guir retornar ao trabalho, aí sim, é aposentado por invalidez. 2.4.4. aposenTadoria por Tempo de conTribuição Para a aposentadoria por tempo de contribuição, os homens devem contribuir para a Previdência Social por no mínimo 35 anos e as mu- lheres 30 anos. Os professores da educação infantil, do ensino fundamental e do en- sino médio, se aposentam com 30 anos de contribuição e as professoras com 25 anos de contribuição. A lei nº 13.183, de 4 de novembro de 2015 acrescentou o art. 29-C à Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, criando o sistema de pontos (85/95), que tem a seguinte redação: Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade. § 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I - 31 de dezembro de 2018; II - 31 de dezembro de 2020; III - 31 de dezembro de 2022; IV - 31 de dezembro de 2024; e V - 31 de dezembro de 2026. § 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de con- tribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 30 § 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que tra- ta o caput e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo. Fator previdenciário é o cálculo criado com a finalidade de proporcio- nar equilíbrio econômico-financeiro aos sistema, de modo que quem se aposenta mais cedo, tem maior sobrevida e o fator previdenciário diminui o valor de benefício, enquanto quem se aposenta mais tarde, recebe um valor mais alto benefício, porque a sua sobrevida é menor, isto porque o benefício da aposentadoria por tempo de contribuição, previsto no Regime Geral da Previdência Social, não exige idade míni- ma para se aposentar. 2.4.5. aposenTadoria especial Concedida às pessoas que trabalham sob condições especiais, que preju- dicam a saúde ou a integridade física. Dependendo do risco a aposentadoria especial pode ocorrer, após tra- balhar e contribuir para a Previdência Social por 15, 20 ou 25 anos. 2.4.6. auxílio-doença O auxílio-doença é direito do trabalhador que ficar doente ou se aciden- tar e não puder trabalhar por mais de 15 dias seguidos. É necessário ser empregado, porque no caso, o empregador paga os primeiros 15 dias e a Previdência Social paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho. No caso do auxílio-doença acidentário a empresa fica obrigada a pagar o FGTS enquanto o empregado estiver afastado recebendo. 2.4.7. salário-maTernidade O salário-maternidade é pago às mulheres que contribuem para a Previ- dência Social. Têm direito ao salário-maternidade por 120 dias. O recebimento se dá 28 dias antes do parto e por 91 dias depois do parto. A Lei 11.770/08 criou o Programa Empresa Cidadã, destinado à pror- rogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal, para 180 dias (mas é obrigatório aderir, antes de conceder). 2.4.8. salário-Família O empregado recebe salário-família para cada um dos filhos de até 14 anos de idade, ou filhos inválidos de qualquer idade. Só têm direito os empregados e os trabalhadores avulsos. É pago ao empregado que ganha até certo valor que muda todos os anos. Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 31 2.4.9. auxílio-acidenTe O benefício de auxílio-acidente é pago quando o empregado sofre um acidente. O acidente pode ser fatal ou pode reduzir a sua capacida- de para o trabalho. É um direito concedido ao empregado registrado, ao trabalhador avulso e ao segurado especial. 2.4.10. auxílio-reclusão A família de um segurado da Previdência Social que for preso tem direito ao auxílio-reclusão até certo limite de valor. Busca-se proteger a família desta contingência. 2.4.11. pensão por morTe Se o empregado que estiver registrado e pagar a Previdência Social mor- rer, a sua família recebe a pensão por morte. Têm direito: o marido, a mulher, o companheiro(a), o filho não emanci- pado, menor de 21 anos ou inválido de qualquer idade, ou; pai e mãe, ou; irmão não emancipado, menor de 21 anos ou inválido de qualquer idade. O empregado doméstico só não faz jus aos benefícios de aposentado- ria especial, auxílio-acidente e salário-família. 2.5. aCidente dO trabalHO Todos os anos, segundo dados da OIT, ocorrem no mundo cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho. São relatados, ainda aproximadamente 160 milhões de casos de doen- ças ocupacionais, dados que comprometem 4% do PIB mundial. 2.6. deFiniçãO de aCidente dO trabalHO e base legal Acidente do trabalho é o infortúnio ocorrido em razão do trabalho que pode gerar incapacidade ou mesmo a morte. Acidente do trabalho é o infortúnio ocorrido em razão do trabalho que pode gerar incapacidade ou mesmo a morte. A Lei nº. 8.213/91 esclarece o que é acidente do trabalho nos artigos 19 e 20. O acidente do trabalho por equiparação está previsto no art. 21 da lei nº. 8.213/91. 2.7. aCidente dO trabalHO típiCO Acidente do trabalho típico foi definido no art. 19 da Lei nº. 8.213/91. Existem outras situações que são equiparadas a acidente do trabalho, como a doença do trabalho e a doença profissional.Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 32 2.8. CUstO dO aCidente de trabalHO O custo do acidente do trabalho é elevado frente aos mínimos custos e cuidados que devemos tomar para evitá-los. antena pArAbóliCA Biblioteca Mundial da Saúde2 Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e Dia Na- cional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 minei- ros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Em 2019, o even- to chama a atenção para um futuro de trabalho segu- ro e saudável. A data foi instituída no Brasil pela Lei nº 11.121/2005. Uma cultura nacional de segurança e saúde ocupacio- nal é aquela em que o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável é respeitado em todos os níveis, no qual governos, empregadores e trabalhadores partici- pam ativamente por meio de um sistema de direitos e responsabilidades definidos e onde a maior prioridade seja a prevenção. O qUe é adOeCimentO OCUpaCiOnal? É qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre no organismo em decorrência do exercício do trabalho. Pode ser consequência da ex- posição a riscos ambientais, tais como riscos químicos (ex.: poeiras, fumos, névoas, neblinas, vapores, gases e substâncias ou produtos químicos em geral), físicos (ex.: ruído, vibrações, radiações, frio, calor, umidade) e bioló- gicos (ex.: vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos e parasitas). Decorrem, também, de problemas na orga- nização do trabalho, ocasionando sobrecarga física ou mental. O qUe é aCidente de trabalHO? Conforme dispõe o Art. 19 da Lei nº 8.213/1991, “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do 2. Biblioteca Mundial da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/ultimas- noticias/2961-28- 4-dia-mundial- da-seguranca-e- saude-no-trabalho- e-dia-nacional- em-memoria-das- vitimas-de-acidentes- e-doencas-do- trabalho-2>. Acesso em: set. 2019. trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do tra- balho dos segurados referidos no inciso VII do Art. 11 dessa lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, per- manente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. → Doença profissional é a produzida ou desencade- ada pelo exercício do trabalho, peculiar a determi- nada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previ- dência Social; → Doença do trabalho é a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o traba- lho é realizado e com ele se relacione diretamente. e AgorA, José? Nesta unidade, você aprendeu sobre o Direito do Traba- lho e sobre a Seguridade Social com ênfase na Previdên- cia Social. A partir dessas bases, você terá maior facilidade para trabalhar com o patrimônio humano, respeitando e en- tendendo as normas trabalhistas e previdenciárias. Na próxima unidade iremos conhecer sobre o Direito Civil. Bom estudo! Direito Empresarial / UA 07 Noções de Direito Trabalhista e Previdenciário 35 glossário Revolução Industrial: o aparecimento da má- quina à vapor, como fonte energética, foi a principal causa econômica e técnica para o surgimento da Revolução Industrial. reFerênCiAs CARRION, V.; CARRION, E. �Comentários à con- solidação das leis do trabalho. 38. Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. GUEDES, MáRCIA NOVAES. �Terror psicológico no trabalho. 3. Ed. São Paulo, Ltr, 2008. MARTINS, S. P. �A terceirização e o direito do trabalho. 13. Ed. São Paulo: Jurídico Atlas, 2014. MARTINS, S. P. �Direito da Seguridade Social. 36. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016. NASCIMENTO, A. M. �Curso de Direito do Traba- lho. 29. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. NASCIMENTO, A. M. �Iniciação ao direito do tra- balho. 40. Ed. São Paulo: LTR, 2015. SAAD, E. G.; SAAD, J. E. D.; BRANCO, A. M. S. C. �CLT Comentada. 49. Ed. São Paulo: LTR, 2016. SANTOS, M. 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