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AULA 5 – DIREITO DO TRABALHO TEMA: Extinção do contrato de trabalho PROFESSORA MONITORA: Renata Japiassu (@re.japiassu) Oie, OABeiros, tudo bem? Revisão imprescindível e focada nos detalhes, como sempre. Não esqueçam de cuidarem da saúde mental, aproveitar as pausas e descansar o suficiente. Força nessa reta final e vamos pra aula. 1. MODALIDADES DE RESCISÃO CONTRATUAL A princípio, vamos tirar a parte complicada do caminho e estudar quais são as verbas rescisórias devidas em cada hipótese de rescisão contratual, bem como uma breve explicação de cada. 1.1. ATO VOLUNTÁRIO IMOTIVADO A demissão por ato voluntário imotivado ocorre quando o empregado ou o empregador utilizam do seu direito de encerrar o contrato de trabalho a qualquer tempo. Nesse sentido, ela pode ocorrer com o pedido de demissão do empregado, no qual as verbas devidas serão o saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, e décimo terceiro salário proporcional. Também poderá ocorrer pela dispensa sem justa causa, sendo as verbas devidas o saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio (trabalhado ou indenizado), multa de 40% do FGTS, saque do FGTS e guias do seguro desemprego. 1.2. ATO VOLUNTÁRIO MOTIVADO Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Sob outro prisma, a rescisão contratual pode se dar por ato voluntário motivado, observado quando uma das partes, ou até mesmo ambas, incorrem em falta grave que enseja a resolução do vínculo empregatício. Nessa ótica, a demissão pode ser por justa causa, quando o empregado pratica conduta faltosa, e as verbas devidas serão o saldo de salário e as férias vencidas. Ademais, poderá ser por rescisão indireta, ou seja, quando o empregador é quem descumpre obrigações contratuais, no qual as verbas devidas serão o saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio (trabalhado ou indenizado), multa de 40% do FGTS, saque do FGTS e guias do seguro desemprego. Ainda nesse assunto, a rescisão pode ocorrer por culpa recíproca — quando ambos empregado e empregador têm culpa na extinção do contrato —, sendo as verbas rescisórias o saldo de salário, férias vencidas, metade do aviso prévio, metade do décimo terceiro salário proporcional, metade das férias proporcionais, metade da multa do FGTS e saque do FGTS. 1.3. FATO INVOLUNTÁRIO A terceira categoria de hipóteses de rescisão contratual são aquelas por fato involuntário, ou seja, foram provocadas por ato alheio à vontade dos contratantes. Destarte, poderá ser por nulidade, nos casos de trabalho ilícito ou trabalho proibido, já estudados anteriormente. Outrossim, ocorre nos casos de força maior, quando um acontecimento inevitável impossibilita a continuação da relação de trabalho, sendo devidos o saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio (indenizado ou trabalhado), saque do FGTS, metade da multa de 40% do FGTS, e guias do seguro desemprego. Ainda nesse tópico, a rescisão pode se dar pelo fato do príncipe, quando a paralisação temporária ou definitiva decorrer de ato do poder público, sem concorrência do empregado, gerando as seguintes verbas Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br rescisórias: saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio (trabalhado ou indenizado), saque do FGTS, guias do seguro desemprego e multa de 40% do FGTS, sendo essa última devida pela Administração Pública. A morte do empregado também se encaixa aqui, devendo ser pago o saldo de salário, as férias vencidas e proporcionais, e o décimo terceiro salário; bem como a morte do empregador, extinção da empresa ou falência, na qual as verbas devidas são o saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio (trabalhado ou indenizado), multa de 40% o FGTS, saque do FGTS e guias do seguro- desemprego. 1.4. DISTRATO Por fim, a última espécie de rescisão contratual é o comum acordo entre as partes, também chamado de distrato, que o próprio nome explica. As verbas devidas são metade do aviso prévio, se indenizado, metade da multa rescisória do FGTS e levantamento de 80% dos depósitos do FGTS, sendo que as demais verbas serão pagas na integralidade. 2. RESCISÃO POR JUSTA CAUSA Sem dúvidas é a hipótese de demissão mais discutida, em razão do rol de faltas graves presentes no art. 482 da CLT. Cuidado para não confundir: a justa causa é a forma de extinção do contrato, enquanto a falta grave é a conduta irregular do empregado que enseja esse tipo de rescisão. 2.1. REQUISITOS De início, vamos estudar os requisitos para que a justa causa seja válida, que se dividem em três grupos. O primeiro deles é refere-se aos requisitos objetivos, acerca da conduta do empregado, quais sejam: Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Tipicidade: a conduta precisa estar taxativamente prevista em lei, ou seja, o empregador não pode inventar um motivo para configurar a justa causa. Gravidade da falta: a conduta irregular precisa ser muito grave, capaz de romper a confiança entre as partes. Relação entre a falta e o trabalho: a conduta irregular do empregado deve repercutir no cumprimento de suas funções. Quanto aos requisitos subjetivos, relacionados com o envolvimento do empregado com a falta grave, esses são: Autoria: o empregado precisa praticar a conduta ou contribuir com ela. Culpa ou dolo: precisa o empregado agir com dolo, ou com culpa, nas modalidades de negligência, imprudência ou imperícia. Por fim, os requisitos circunstanciais serão: Nexo causal. Proporcionalidade: a punição não pode ser excessiva e exagerada, devendo observar os limites da CF e da lei infraconstitucional. Imediatidade ou atualidade: a punição só ocorrerá caso a conduta do empregado seja atual, caso contrário, se observará o perdão tácito do empregador. Singularidade da punição: o empregador não poderá aplicar mais de uma sanção para a mesma falta, pois configuraria bis in idem. Não discriminação: não poderá o empregador aplicar punições diferentes para empregados que cometerem a mesma falta grave. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Vinculação aos motivos da punição: o empregador precisa informar os motivos que culminaram na punição do empregado, não podendo substituí-los posteriormente. 2.2. HIPÓTESES O art. 482 elenca o rol de faltas graves que podem culminar na rescisão do contrato por justa causa. Vamos ao estudo de cada uma delas, para não confundir numa possível questão da OAB. Ato de improbidade: refere-se aos atos que atentem ao patrimônio do empregador, por exemplo, danificar materiais da empresa de forma dolosa. Incontinência de conduta ou mau procedimento: a primeira trata dos atos sexuais obscenos ou libidinosos, enquanto o segundo refere-se ao procedimento em desacordo com as regras naturais de convívio. Negociação habitual: para que configure falta grave, precisa ser habitual, ou seja, constar mais de uma conduta desse caso. Condenação criminal: precisa haver trânsito em julgado da decisão penal, bem como a reclusão penal, que impossibilite o empregado de comparecer ao emprego. Desídia: é o desleixo, corpo mole, quando o empregado não cumpre suas funções de maneira correta. Embriaguez habitual ou em serviço: duas faltas graves presentes na alínea. A jurisprudência entende que para caracterizar falta grave na embriaguez habitual precisa de outros requisitos, como a consequência para o trabalho, os riscos para os demais empregados, a existência de punições anteriores, o histórico funcionaldo empregado e o tempo no emprego. Violação de segredo da empresa: caso o empregado divulgue segredo da empresa, haverá falta grave. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Indisciplina ou insubordinação: a primeira trata de descumprimento de ordens gerais de serviço, enquanto a segunda refere-se a descumprimento de uma ordem pessoal específica. Abandono de emprego: quebra da habitualidade, se houver expectativa de retorno d empregado e ele não o fizer, no prazo de 30 dias, ficará configurado o abandono (Súmula 32 do TST). Ato lesivo à honra e à boa fama e ofensa física praticada contra empregado: deverá ocorrer no horário de serviço ou no âmbito da empresa, à exceção da legitima defesa própria ou de terceiros. Ato lesivo à honra e à boa fama e ofensa física praticada contra empregador: em qualquer horário ou local, à exceção da legitima defesa própria ou de terceiros. Prática constante jogos de azar: o jogo precisa estar ligado a dinheiro, precisa ocorrer em horário de serviço ou no âmbito da empresa, bem como precisa ser ilegal. Perda da habilitação por dolo: se o empregado, por dolo, perder habilitação exigida para o exercício da profissão, poderá ter seu contrato rescindido por justa causa. Além disso, existem outras hipóteses presentes fora do art. 482 da CLT, quais sejam: Lei de Greve (Lei nº 7.738/89): caso seja considerada a greve como abusiva, em razão dos requisitos legais, poderá o empregado que contribuir para ela incorrer em falta grave. Decreto-lei nº 95.247/87: o art. 7º, §3º desse Decreto-lei que regulamenta o vale transporte prevê que a declaração fraudulenta de itinerário configura falta grave. Art. 158, parágrafo único, ‘b’ da CLT: a recusa injustificada do EPI caracteriza demissão por justa causa. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Art. 240, PU da CLT: a recusa injustificada na prestação de serviço extraordinário pelos ferroviários. 3. RESCISÃO INDIRETA As hipóteses que possibilitam ao empregado considerar a rescisão indireta — falta grave do empregador — estão elencadas no rol do art. 483 da CLT, quais sejam: Forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato: não é apenas força física, mas também intelectual. For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo: quando o empregador tem rigor com determinado empregado, mas com outro não tem a mesma conduta. Correr perigo manifesto de mal considerável: se verifica quando o empregador obrigar o empregado a trabalhar em um local que irá agravar um mal que esse já possui. Não cumprir o empregador as obrigações do contrato: ocorre quando o empregador descumpre alguma cláusula contratual, como por exemplo, se esse atrasar o salário do empregado. Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama, bem como ofensas físicas. O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. Atenção, pois nas hipóteses de descumprimento das obrigações do contrato, bem como de redução dos salários, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br indenizações, permanecendo ou não no serviço até a final decisão do processo. 4. AVISO PRÉVIO De acordo com o art. 487 da CLT, o aviso prévio é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes — empregado ou empregador —, que decide extingui-lo, com antecedência mínima de 8 dias para os que recebem pagamento por semana ou tempo inferior, ou de 30 dias, para os demais. Nesse sentido, a Lei nº 12.506/2011 prevê que ao aviso prévio previsto serão acrescidos 3 dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de até 90 dias. Ou seja, se o empregado trabalhar até 11 meses e 29 dias, ele terá direito ao mínimo de 30 dias de aviso prévio. Se trabalhou um ano, terá direito a 33 dias; dois anos, de 36 dias, e assim pro diante. A equação aplicada aqui é a 30 + (número de anos completos trabalhados x 3). Cuidado, pois os empregados demitidos antes da publicação dessa lei não possuem direito ao acréscimo, por força da Súmula 441 do TST. Caso o aviso prévio seja concedido pelo empregador, ele poderá ser trabalhado ou indenizado, nesses moldes: Aviso prévio trabalhado: é aquele que o empregado trabalha no curso do aviso prévio. O art. 488 da CLT possibilita ao empregado optar por trabalhar duas horas a menos por dia, ou trabalhar sem redução da jornada e faltar 7 dias corridos ao final. Ademais, a Súmula 276 do TST possibilita que o empregado renuncie ao aviso prévio, caso comprove a obtenção de um novo emprego. Aviso prévio indenizado: caso o empregador queira desligar imediatamente o empregado, deverá pagar a ele o valor referente ao tempo que teria de cumprir o aviso prévio. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Por outro lado, o aviso prévio concedido pelo empregado também poderá ser trabalhado ou indenizado, todavia, esse não terá direito a redução da jornada de trabalho, uma vez que a intenção dessa é que o empregado encontre novo emprego. Ademais, em relação ao aviso prévio proporcional, esse só valerá se for a favor do empregado, portanto, caso o aviso prévio seja dado por esse, nada há que se falar da Lei 12.506/2011. E, por fim, quanto à estabilidade, a Súmula 348 do TST não permite a concessão do aviso prévio na fluência do prazo de garantia do emprego. --- Espero que tenham gostado de todas as aulas! Estou disponível para dúvidas e sugestões, tanto no meu Instagram, quanto no meu e- mail, até a data da prova, sobre qualquer assunto de Direito do Trabalho. Leiam os artigos e resolvam os exercícios, com o tempo vocês vão se sentir confiantes na matéria, prontos para gabaritar a prova da OAB! Agradeço a todos por terem acompanhado as aulas até aqui e me auxiliado nessa jornada tão importante! Boa sorte a todos e se cuidem! Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Caso prefiram, meu e-mail é rejapiassu@hotmail.com. Bons estudos! Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br
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