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Espectrometria de Absorção Molecular A espectrometria é a ciência que estuda a interação da luz com a matéria, estas interações são importantes no campo da análise química pois podem nos trazer informações qualitativas e quantitativas sobre a matriz de estudo. Está ciência possuem diversos tipos de técnicas, estes podem ser divididos principalmente na interação da luz com moléculas ou átomos, e estas interações podem ser de diversos tipos, principalmente absorção ou emissão de luz. A luz é um componente fundamental da espectrometria, e pode ser definida como uma radiação eletromagnética, que é uma onda de energia que se propaga através do espaço com propriedades de campo elétrico e também campo magnético, porém a luz também é definida como “dualidade onda-partícula”, na qual possui ao mesmo tempo propriedades de onda como de partícula, este é um aspecto importante dentro da espectrometria. Os seres humanos enxergam a luz em comprimentos de onda que vão aproximadamente de 380nm (luz violeta) a 780nm (luz vermelha), no entanto a faixa de radiação eletromagnética é muito mais extensa que estes valores, indo de raio gama com comprimentos de onda menores que 0,1nm até ondas de rádios com comprimentos de onda maiores que 1m. Como já mencionado anteriormente a luz interage de diversas formas com a matéria, porém, neste texto vamos focar na absorção. Está pode ser definida como a transferência de energia de um campo eletromagnético para a matéria (neste caso, moléculas), neste processo o feixe de luz alcança a molécula que está em seu estado fundamental, ou seja, em um estado de menor energia, ela promove para a um estado excitado, estado de maior energia, absorvendo um fóton de luz, este processo exige que o fóton tenha uma energia que seja exatamente igual a diferença de energia da molécula em seu estado fundamental e seu estado excitado. Através desta energia absorvida pela molécula pode ser observado uma diminuição na intensidade do feixe de luz inicialmente aplicado a amostra, a soma da energia transmitida (luz remanescente que atravessou a amostra sem sofrer alteração) com a energia absorvida pela amostra será o total de luz que originalmente aplicado a amostra. Vale a pena lembrar que a espectrometria molecular não afeta somente os estados de transições dos átomos, mas também pode promover alteração energética devido a transições vibracionais e rotacionais. Os dados gerados geralmente são apresentados em formas de espectro, relacionando em seu eixo X o comprimento de onda e no eixo Y a porcentagem de luz absorvida, ao analisarmos um espectro de absorção da clorofila a e clorofila b pode-se observar que a luz entre 500nm e 600nm não é absorvida, justamente os comprimentos de onda referentes as cores verde e amarelo, que dão estas tonalidades as plantas, então a cor de um objeto pode ser determinada através dos comprimentos de ondas transmitidos pela amostra. A espectrometria de absorção aplicada a química analítica de um ponto de vista mais prático, tem como principal aspecto comparar a quantidade inicial de luz (P0) que é aplicada a amostra com a quantidade que é transmitida pela amostra (P), de modo que com a absorção da luz temos P ≤ P0. Outra propriedade é a transmitância (T) que representa a razão entre P0 e P 𝑇 = 𝑃 P0 Está ainda pode ser representada em porcentagem com 100T. Embora T seja uma propriedade útil ela não representa de forma linear a concentração do analito na amostra. O termo que melhor se relaciona com a concentração de uma substancia absorvente é a absorbância (A) que pode ser obtida através da Lei de Beer-Lamber. Log (P0/P) = A = bC A lei de Beer requer algumas condições e possui limitações, ela estabelece que a absorbância é proporcional a concentração da espécie absorvente. Ela pode ser aplicada a maioria das substancias quando a radiação é monocromática (luz com um único comprimento de onda/cor) e as soluções estarem suficientemente diluídas (≤0,01 M). Em soluções concentradas as moléculas do soluto influenciam umas as outras devido a proximidade. Quando o soluto fica muito perto uma das outras, suas propriedades sofrem ligeiras modificações. As propriedades das moléculas não são exatamente as mesmas diluídas em diferentes solutos. Se uma molécula absorvente participa de um equilíbrio químico dependendo da concentração, a absortividade muda de acordo com a concentração. Por exemplo, um ácido draco, HA, tende a não se dissociar em uma solução concentrada, quando a solução é diluída a dissociação do ácido aumenta. Se a absortividade de A- não for a mesma do ácido HA, a solução não irá obedecer a lei de Beer quando for diluída. Por fim, a instrumentação básica de um espectrógrafo de absorção molecular conta com quatro itens principais: Fonte de luz, seletor de comprimento de onda, o recipiente da amostra e um detector. As fontes de luz mais comum baseiam-se na incandescência e são muito praticas no infravermelho e no visível, mas devem atuar em temperaturas elevadas na faixa do ultravioleta, são constituídas por filamentos de materiais que são excitados por descargas elétricas com elevada voltagem ou aquecimento elétrico. O seletor de comprimento de onda tem como função a seleção do comprimento de onda e que se tem interesse para a análise, é constituído de uma fenda de entrada de um elemento de dispersão de radiação e de uma fenda de saída. O elemento de dispersão pode ser um prisma ou uma rede de difração. Para o recipiente da amostra São cubas ou cubetas retangulares de vidro ou quartzo, uma cubeta ideal deve ter 1 cm, para simplificar os cálculos da lei de Beer. Os produzem um sinal elétrico quando é atingido por fótons, por exemplo, uma célula fotoemissiva emite elétrons a partir de uma superfície fotossensível negativamente carregada, quando atingida por radiação na região do visível, os elétrons se deslocam através do vácuo na direção de um eletrodo positivo, chamado de coletor, dando origem a uma corrente elétrica que é proporcional à intensidade de radiação incidente da molécula. Espectrometria de Absorção Atômica por Chama A espectrometria de absorção atômica pode ser definida como a medida de absorção da intensidade da radiação eletromagnética ou comprimento de onda, proveniente de uma fonte de radiação primaria, por uma espécie atomizada gasosa e em seu estado fundamental. Uma das técnicas mais utilizadas de absorção atômica é a Espectrometria de Absorção Atômica com Chama (FAAS, do inglês Flame Atomic Absorption Spectrometry), esta pode ser aplicada tanto para medidas quantitativas como qualitativas para a determinação de diversos elementos (metais, semi-metais e alguns não metais) em uma ampla gama de matrizes, como, águas, solos, sedimentos, plantas, alimentos, tecidos, etc. Assim como na espectrometria de absorção molecular a FAAS pode alterar transições eletrônicas nos átomos, porém, não são observadas alterações de energia devido a transições vibracionais ou rotacionais, isso faz com que os espectros obtidos sejam muito mais simples. O espectrômetro de absorção atômica é um equipamento que permite a análise química de elementos metálicos em soluções liquidas, gasosas e solidas. Onde todas as amostras solidas devem passar por processor de preparo de amostra para ser inserido ao sistema em meio liquido. Um espectrômetro de absorção atômico básico inclui como componentes principais fonte de radiação, sistema de atomização, conjunto monocromador, detector e processador. Para este tipo de técnica a fonte de radiação mais utilizada é a lâmpada de catodo oco. Este tipo de lâmpada possui um ânodo de tungstênio ou zircônio e um catodo cilíndrico selados em um tubo de vidro, contendo um gás inerte, como argônio. O catodo é um cilindro oco, revestido por um filme com o metal do analito. O funcionamento básico desta lâmpada consiste na aplicação de uma diferençade potencial entre o catodo e o anodo, promovendo uma descarga. A tensão aplicada geralmente é cerca de 300V e provoca a ionização do gás de enchimento. Se a diferença de potencial for suficientemente alta ocorre a pulverização catódica pela colisão dos cátions de argônio com o catodo arrancando átomos do metal e produzindo uma nuvem atômica. Os átomos excitados desta nuvem atômica emitem seus comprimentos de onda característicos e percorrem até a amostra de interesse. O monocromador tem a função de separar determinado comprimento de onda que for de interesse de outros valores emitidos pela fonte de radiação, geralmente são utilizados prismas ou rede de difração associados a duas fendas estreitas para a entrada e saída da radiação. O prisma, tradicionalmente de quartzo, irá decompor o feixe de radiação em discretos comprimentos de onda, com diferentes ângulos. Assim então é possível selecionar apenas o comprimento de onda desejado na fenda de saída do monocromador. O detector é um fotomultiplicador de elétrons, que consiste em um sistema composto por um catodo recoberto por uma camada sensível a luz e um anodo que circunda o catodo, fechados em um tubo de vidro mantido a vácuo. Quando ocorre a incidência de luz, na superfície fotossensível do catodo ocorre a emissão de fotoelétrons, estes fotoelétrons são atraídos e se chocam em uma serie de dinodos, provocando a multiplicação destes elétrons. Após multiplicados os elétrons chegam a um sistema de ampliação e a corrente gerada nesta ampliação pode ser medida. O sistema de atomização é um dos mais importantes em um equipamento de espectrometria de absorção atômica por chama, é neste sistema que serão gerados os átomos gasosos que absorverão a luz gerada pela fonte de radiação e consequentemente determinar a concentração do analito buscado. Este sistema consiste de um nebulizador, onde ocorre a dessolvatação da amostra, afim de retirar toda a água presente, seguido do processo de volatilização onde o analito passa para o estado de vapor. Assim a amostra passa do estado liquido para a forma de aerossol seco, este aerossol é constituído de pequenas gotículas que entram na câmara de nebulização, e chegam ao queimador arrastado pelos gases combustível e oxidante. A chama do queimador pode ser constituída de diversos gases, porem o mais comum é ar/acetileno, em uma proporção elevada de oxidante em relação ao combustível. Podem ser realizadas mudanças nesta mistura afim de melhorar a atomização de moléculas especificas, por exemplo uma chama redutora é obtida alterando a proporção da quantidade de acetileno em relação ao ar, facilitando a atomização de elementos com tendencias a formação de óxidos refratários. Já na chama ocorre a dissociação das moléculas vaporizadas, e nesta fase o elemento está apto a absorver a radiação de determinado comprimento de onda, possibilitando a determinação do analito de interesse. Um ponto a se destacar nesta técnica são interferências que podem acabar ocasionando sinal de fundo no espectro. Sinais de fundo são interferências no espectro que acabam mudando o padrão que seria característico do analito analisado, estes sinais podem apresentar bandas mais largas ou picos mais altos do original, dificultando assim a visualização real da intensidade de luz absorvida pelo analito. A absorção pelo atomizador de chama e também por outras substancias presentes no momento da atomização podem resultar em problemas no espectro é um exemplo de interferência passível de acontecer. Felizmente os equipamentos de absorção atômica atuais possuem corretores de fundo, para a técnica de chama o mais comum é a correção de fundo com fonte continua. Este esquema de correção funciona com uma lâmpada de catodo oco e uma de deutério, estas lâmpadas são dirigidas para o atomizador em momentos diferentes. A lâmpada de catodo oco irá medir a absorbância total, enquanto a lâmpada de deutério fornecera a absorbância do fundo, e o sistema calculara de forma automática a diferença entre as absorbâncias para corrigir o espectro Espectrometria De Emissão Ótica Com Plasma Indutivamente Acoplado Diferente das técnicas vistas nos textos anteriores, a espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES, do inglês Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry) tem como princípio a medição da radiação emitida quando átomos e íons excitados pela radiação de um plasma retornam ao seu estado fundamental. Uma das vantagens da técnica ICP-OES é que ela permite uma análise multielementar. Cerca de 70 elementos são passíveis de analise por ICP-OES, contudo existem alguns restritos, como por exemplo o argônio que entra naturalmente no plasma, elementos muito abundantes na atmosfera também apresentar limitações, como C,H,N,O. E ainda existe alguns elementos que podem ser analisados por essa técnica, porém apresentam um limite de detecção bastante elevado, oque torna a aplicação ineficiente na maioria destes casos. Assim como na Espectrometria de emissão com chama, na ICP-OES a intensidade do sinal é avaliada pela emissão de luz por átomos em estado gasoso, a energia térmica do plasma é usada tanto para os processos de atomização e ionização como para a excitação dos átomos e ions. Cada elemento possui varias linhas de emissão características, que são originadas das diferentes transições possíveis quando o átomo ou ion absorve a radiação do plasma. Os sinais das linhas de emissão de um mesmo elemento provem de transições distintas, com diferentes probabilidades de ocorrência. Contudo, o espectro de emissão proveniente do retorno do estado excitado para o estado fundamental das espécies é característica e permite a identificação e quantificação dos elementos presentes na amostra. Neste tipo de equipamento a amostra pode ser inserida em forma de aerossol, vapor gerado termicamente ou um pó finamente dividido. O nebulizador concêntrico Meinhard contudo é a forma mais usada, nele o gás flui por meio de uma abertura que envolve concentricamente o capilar, a amostra é então arrastada através deste capilar e encontra o gás em alta velocidade, onde é dispersa em forma de spray, névoa ou gotículas de pequenos tamanhos na câmara ciclônica, nesta câmara ocorrerá a separação dar partículas maiores que se chocaram com as paredes e somente as menores chegarão ao ICP. Os plasmas utilizados em ICP geralmente são gases ionizados altamente energéticos, com temperaturas em média de 6000K, mas podendo chegar a 10000K. produzidos geralmente de gases inertes, como o argônio, este que é o gás mais utilizado em equipamentos comerciais atualmente. Gases deste tipo de elemento são geralmente mais quentes do que fornos e chamas, e são utilizados não somente para dissociar a amostra, mas também para excitar. O plasma por acoplamento indutivo se da quando elétrons ejetados por uma faísca são acelerados por um campo magnético formado por uma corrente alternada na bobina de carga, que é uma bobina em espiral que rodeia a tocha (Fonte). Este processo é chamado de Bremsstrahlung inverso. O primeiro processo que ocorre no plasma de alta temperatura é a dessolvatação da amostra, onde todo solvente é retirado a apenas partículas solidas são mantidas. Após essas partículas sofrem a volatilização e se tornam um gás de moléculas individuais. Em seguida ocorre a dissociação dos átomos, ou a atomização. Estes processos ocorrem predominantemente na zona de pré-aquecimento, na saída do tubo central. Após o plasma tem a função de excitação, e para alguns elementos, ocorre a ionização e a excitação dos ions. Como a amostra geralmente é composta de mais de um elemento, estas espécies emitem diversos comprimentos de onda, a emissão é policromática e deve ser separada para a identificação de cada elemento. Para esta separação a luz passa do plasma para a ótica passando por umespelho que pode estar colocado na direção do eixo da tocha e que promove uma visão axial originada tocha ou na direção perpendicular, que dá a visão radial da radiação da tocha, e a principal diferença entre essas geometrias, conhecidas como visões, é o caminho ótico. Dentro da parte ótica, a radiação passa por um obturador que controla o tempo de exposição, depois para um colimador para obter feixe paralelo e atinge uma grade de difração, em que a radiação é separada. Existem dois arranjos óticos, monocromadores e policromadores. Os dois já foram discutidos anteriormente, em um monocromador apenas um comprimento de onda sai pela fenda de saída. E o policromador é um dispositivo capaz de aumentar bastante a resolução de separação, podendo diferencias comprimentos de onda na terceira casa decimal. O feixe de radiação é separado em um primeiro prisma para que seja direcionada a um novo prisma onde uma nova separação irá ocorrer. A detecção pode ser feita através de um tubo foto multiplicador (PMT) ou técnicas avançadas de detecção, como por exemplo, dispositivos a base de silício chamados de dispositivos de transferência de carga. Esses dispositivos são sensíveis a imagens e compatíveis com a emissão em 2D da grade echelle. Por fim, analises qualitativas e quantitativas podem ser realizadas através de equipamentos ICP, através da identificação da presença de linhas de emissão características do ou dos elementos de interesse. A quantificação de uma amostra desconhecida pode ser feita ao comparar as linhas de emissão encontradas na amostra com dados padrões de referência ou da literatura. Um ponto importante a se destacar é os interferentes que podem ocorrer assim como nas outras técnicas, uma forma de contornar estes interferentes sejam físicos, químicos ou espectrais é a checagem de spike de matriz ou material de referencia certificado, compatibilizar padrões de amostra e usar padrão interno.
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