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579314074-Biblia-e-Historia-de-Israel-1

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INTRODUÇÃO GERAL À BÍBLIA E 
HISTÓRIA DE ISRAEL
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Introdução Geral à Bíblia e História de Israel – Prof.ª Dra. Elisa Rodrigues e Prof.ª Ms. 
Elizangela Soares
Meu nome é Elisa Rodrigues, natural de Osasco-SP. Sou bacha-
rel em Teologia e doutora em Ciências da Religião, na área de 
Literatura e Religião do Mundo Bíblico, pela Universidade Me-
todista de São Paulo. Também sou bacharel em Sociologia e 
Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São 
Paulo e doutoranda em Ciências Sociais, na área de Cultura e 
Política, pela Universidade Estadual de Campinas. Pesquiso te-
mas relacionados à religião, especialmente a hermenêutica de 
textos sagrados (judaico-cristãos) e a recepção dessa literatura 
pelos protestantismos, neopentecostalismos e catolicismos. 
Além de artigos publicados em periódicos especializados em 
Teologia e Religião, sou uma das autoras do livro intitulado Palavra de Deus, palavra da 
gente: as formas literárias na Bíblia, publicado pela Editora Paulus, e escrevi o livro O que 
é teologia?, publicado pela MK Editora.
E-mail: e_rodrigues@yahoo.com
Meu nome é Elizangela Aparecida Soares, natural de Divino de 
São Lourenço-ES. Sou mestre em Ciências da Religião e gradua-
da em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo. Tam-
bém sou redatora da revista Oracula, uma publicação do Grupo 
Oracula de Pesquisa em Apocalíptica Judaica e Cristã, do qual 
sou membro desde 2004. Minhas pesquisas estão voltadas, es-
pecialmente, para literatura e religião no mundo bíblico, histó-
ria cultural e história das ideias no judaísmo antigo e cristianis-
mo primitivo. 
E-mail: elizangela.soares@metodista.br
INTRODUÇÃO GERAL À BÍBLIA E 
HISTÓRIA DE ISRAEL
Prof.ª Dra. Elisa Rodrigues
Prof.ª Ms. Elizangela Aparecida Soares
Caderno de Referência de Conteúdo
© Ação Educacional Claretiana, 2008 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)
Cursos: Graduação
Disciplina: Introdução Geral à Bíblia e História de Israel
Versão: jul./2013
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EAD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão
Felipe Aleixo
Rodrigo Ferreira Daverni
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Centro Universitário Claretiano 
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais/SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA ............................................ 11
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 34
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO GERAL À BÍBLIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 35
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 35
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 36
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 36
5 AS LÍNGUAS ORIGINAIS E OS PRIMEIROS LIVROS ......................................... 38
6 AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA ........................................................... 44
7 O DEBATE SOBRE AS AUTORIAS DA BÍBLIA E SEUS LOCAIS DE ORIGEM ..... 51
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 58
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 59
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 60
UNIDADE 2 – ASPECTOS LITERÁRIOS DA BÍBLIA E A FORMAÇÃO DO 
ANTIGO TESTAMENTO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 61
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 61
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 62
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 63
5 FORMAS E GÊNEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA ................................................. 63
6 O QUE SÃO FORMAS E GÊNEROS LITERÁRIOS? ............................................. 68
7 OS GÊNEROS MAIORES NA BÍBLIA .................................................................. 78
8 VISÃO GERAL SOBRE O ANTIGO TESTAMENTO ............................................. 80
9 ABORDAGENS SOBRE O A "TORAH" OU O "PENTATEUCO" .......................... 95
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 97
11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 98
12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 99
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 99
UNIDADE 3 – ANTES DA MONARQUIA: O PERÍODO DAS TRIBOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 101
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 101
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 102
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 102
5 INTRODUÇÃO GERAL AO TRIBALISMO ........................................................... 103
6 PATRIARCA ABRAÃO E HISTÓRIA DE ISRAEL .................................................. 107
7 TRIBOS E OS AGRUPAMENTOS ........................................................................ 116
8 ESTABELECIMENTO DAS TRIBOS ..................................................................... 121
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 123
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 123
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 124
12 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 125
UNIDADE 4 – ISRAEL PRÉ-MONÁRQUICO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 127
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 127
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 127
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 128
5 UM ISRAEL PRÉ-ESTATAL .................................................................................. 129
6 DE PRÉ-ESTATAL A SISTEMA MONÁRQUICO .................................................. 132
7 CRISE TRIBAL E AS ORIGENS ESTATAIS DE ISRAEL ......................................... 134
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 137
9 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 137
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 138
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 138
UNIDADE 5 – MONARQUIAS: ISRAEL E JUDÁ
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 139
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 139
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 140
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 140
5 "DÁ-NOS UM REI... COMO AS OUTRAS NAÇÕES" ......................................... 141
6 PROBLEMA DA SUCESSÃO DINÁSTICA ........................................................... 154
7 ISRAEL, REINO GLORIOSO: O GOVERNO SOB SALOMÃO .............................. 155
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 169
9 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 169
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 170
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 171
UNIDADE 6 – DE NABUCODONOSOR A ALEXANDRE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 173
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 173
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 174
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 174
5 NABUCO QUEM? .............................................................................................. 175
6 ORIGEM DA HISTÓRIA DO CATIVEIRO DOS JUDEUS NA BABILÔNIA ........... 176
7 VÃO-SE OS BABILÔNIOS, VÊM OS PERSAS ..................................................... 181
8 SAI A PÉRSIA, ESTABELECE-SE O PERÍODO HELENÍSTICO ............................. 186
9 DEPOIS DE ALEXANDRE ................................................................................... 188
10 REVOLTA DOS MACABEUS .............................................................................. 189
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 197
12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 197
13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 198
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 199
UNIDADE 7 – ANTIGO TESTAMENTO COMO FONTE PARA O ESTUDO DA 
HISTÓRIA DE ISRAEL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 201
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 201
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 202
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 202
5 HISTÓRIA DE ISRAEL OU "HISTÓRIAS" DE ISRAEL? ....................................... 203
6 NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A HISTÓRIA DE ISRAEL .................................. 204
7 LEITURA DO ANTIGO TESTAMENTO ............................................................... 206
8 O ANTIGO TESTAMENTO COMO FONTE: DO COTIDIANO ÀS GRANDES 
QUESTÕES POLÍTICAS ...................................................................................... 208
9 LEGISLAÇÃO E ORDENAÇÃO SOCIAL ............................................................. 213
10 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 217
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 218
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 219
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Panorama sobre as línguas, materiais, autores, divisão e traduções. Compre-
ensão da Bíblia e seu conteúdo: cânon e visão geral do Antigo Testamento. O 
processo formador do cânon e dos livros bíblicos, gêneros literários e condiciona-
mentos da Bíblia. Experiência fundante do povo hebreu no seu contexto histórico 
e geográfico. Formação dos textos bíblicos como testemunho da experiência da 
fé hebraica, da sua noção de sagrado e de especificidades dadas a partir das 
suas relações sociais, culturais e geopolíticas. História: diferentes etapas da for-
mação do povo, desde o período patriarcal até o período helenístico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Primeiramente, o estudo da disciplina Introdução Geral à Bí-
blia e História de Israel consiste na apresentação da literatura bíbli-
ca como fonte, segundo a historiografia, bem como parte do com-
plexo conjunto de documentos (os canônicos) que dizem respeito 
ao judaísmo antigo. Em segundo lugar, essa disciplina concede tra-
tamento à história da Israel com base nas narrativas e depoimen-
tos fornecidos pelos livros que compõem o Antigo Testamento.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel10
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Os conteúdos apresentados a seguir visam propiciar o en-
tendimento de que a Bíblia é um livro formado por muitos outros 
livros. Essa diversidade literária se reflete nas diversas narrativas, 
poemas, cânticos, profecias, crônicas e outras formas e gêneros li-
terários distribuídos entre o Novo e o Antigo Testamento. Por essa 
razão, a historiografia e outras disciplinas das Ciências Humanas 
têm se apropriado desse material como fonte de conhecimento 
para a pesquisa sobre judaísmos e cristianismos na Antiguidade.
Diante desse contexto, a tarefa de quem lê, traduz e inter-
preta os textos da Bíblia (o exegeta e ou hermenêuta) é a de reco-
nhecer o formato, as características e o tipo de utilização que os 
autores dos tempos bíblicos fizeram dessas memórias, registradas 
conforme demandas e questões que se impunham aos escritores 
no período de redação. 
Nessa disciplina, verificaremos que o ambiente e as inten-
ções de cada autor contribuíram e, em certo ponto, determinaram 
o ato da comunicação das memórias, das lembranças e das histó-
rias do povo de Deus relacionadas na Bíblia. Desse modo, é possí-
vel afirmar que entre o ambiente e o texto existe influência, visto 
que a maneira de se comunicar algo indica, também, o "olhar"de 
alguém sobre certa realidade, sua própria experiência e repertó-
rio. 
Essa compreensão é relevante, pois indica-nos que o cami-
nho para conhecer a Bíblia tem como estágio compreendê-la como 
um conjunto de elementos ligados intimamente: as línguas origi-
nais dos escritos bíblicos, os povos e suas culturas narradas nos 
textos, a geografia dos locais por onde estes andaram, residiram, 
guerrearam, amaram e cultuaram ao seu Deus, Lahweh. Cada um 
desses elementos constitui a Bíblia, fonte histórica e Livro Sagrado 
para judeus e cristãos.
Em Introdução Geral à Bíblia e História de Israel, trataremos, 
fundamentalmente, da história de Israel. Contudo, antes de en-
trarmos no quadro histórico do povo de Deus, serão apresenta-
das informações necessárias à compreensão dessa fonte e de seu 
11© Caderno de Referência de Conteúdo
processo de constituição. Com isso, pretende-se demonstrar que 
a literatura bíblica propõe um complexo conjunto de documentos 
que exigem ser considerados à luz de sua escrita, da cultura das 
pessoas que a escreveram e da memória do povo de Israel.
Após essa introdução aos conceitos principais da disciplina, 
apresentamos, no tópico a seguir, algumas orientações de caráter 
motivacional, bem como dicas e estratégias de aprendizagem que 
poderão facilitar o seu estudo.
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA
Abordagem Geral da Disciplina
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os 
assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá 
a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada 
unidade. 
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá-
sico necessário para que você possa construir um referencial teó-
rico com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro 
exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti-
va, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura 
pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que funda-
mentam esta disciplina. 
Antes de iniciarmos o estudo da disciplina Introdução Geral 
à Bíblia e História de Israel, devemos nos atentar para o fato de 
que existe uma ampla bibliografia disponível sobre os conteúdos 
que serão estudados. Portanto, tudo o que for apresentado é pas-
sível de discussão e de crítica.
Em princípio, deve-se compreender que a história de Israel 
Antigo é sempre uma "nova" história de Israel antigo. Tal afirma-
ção não é descabida, visto que é com base nos livros colecionados 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel12
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
pelo Antigo Testamento que reconstruímos a história de Israel, a 
qual, de fato, está distante de nós, intérpretes modernos, há cerca 
de dois mil anos. Logo, o que temos é uma construção idealizada 
de sua história.
Assim, cabe-nos compreender que, ao construirmos um 
quadro histórico acerca de alguém, de um acontecimento passa-
do ou de qualquer coisa, sempre nos valemos do conjunto de co-
nhecimentos e de experiências que temos à nossa disposição. Isso 
significa que, ao relatarmos uma história, discorremos a partir de 
vocabulários específicos, ideologias e metodologias que estão ao 
nosso alcance.
Para ilustrar esse ponto, basta pensar em uma cena históri-
ca ocorrida há décadas. Agora, imagine que é necessário recontar 
essa história muitos anos depois e com os recursos literários dis-
poníveis nesse período. Obviamente, desde que o primeiro relato 
sobre o fato foi tecido, algum tempo se passou e se acumularam 
pesquisas, documentos e descobertas. Portanto, experiência, co-
nhecimento, vocabulário, metodologia e outros elementos impor-
tantes cooperam para a construção de um discurso. 
Esse conjunto de informações e de elementos está circuns-
crito por uma historicidade, que é diferente da historicidade da-
queles primeiros homens e mulheres que relataram os episódios 
da história. Com isso, a história de Israel, por exemplo, sempre 
será nova a partir do ponto de vista de quem constrói o relato his-
toriográfico. 
Quando Martin Noth escreveu sobre Israel como uma "con-
federação de tribos", e Albrecht Alt, em 1944, escreveu que o rit-
mo da história de Israel tinha relação com a situação geográfica e 
climática do Antigo Oriente Próximo, ambos falavam e interpreta-
vam documentos do mesmo Israel. 
Todavia, os próprios contextos de pesquisa, os interesses 
e as metodologias conduziram a diferentes perspectivas sobre a 
história de Israel, pois, a cada década, novas descobertas arqueo-
13© Caderno de Referência de Conteúdo
lógicas, novas evidências e novos documentos indicam diferentes 
rumos para a pesquisa. Portanto, o que sabemos hoje é um pouco 
mais em relação ao que sabíamos no começo do século 20, mas, 
possivelmente, pode ser menos do que o futuro nos reserva.
Isso nos conduz à afirmação não dogmática de que a histó-
ria de Israel está mudando. O consenso que havia até meados da 
década de 1970 foi despedaçado; hoje, o racionalismo positivista 
que entendia somente o texto bíblico como base, como o único 
manual sobre a história de Israel, tem sido ampliado nos meios 
acadêmicos e nos círculos de leitura da Bíblia. Já são muitas as pu-
blicações de documentos e de descobertas de manuscritos antigos 
que fornecem ricas informações sobre a história do povo de Israel, 
suas tradições, crenças e símbolos. 
A sequência patriarcal, antes vista como única possibilidade 
histórica para Israel, isto é, José no Egito, a escravidão, o êxodo, 
a conquista da terra, a divisão em tribos, os impérios de Davi e 
de Salomão, a divisão dos reinos em Norte e Sul, o exílio e a volta 
para a terra prometida, hoje tem sido revista à luz das descobertas 
arqueológicas, da comparação de fontes e da metodologia da his-
tória comparada das religiões. 
O uso exclusivo dos textos bíblicos como única fonte para a 
história de Israel tem sido questionado por muitos. A arqueologia 
ampliou as perspectivas sobre as etapas da formação de Israel, e, 
nesse sentido, a "arqueologia bíblica" tornou-se uma chave geral, 
pois hoje se sabe que existem ramos da pesquisa mais especiali-
zados, como a "arqueologia da Palestina", a "arqueologia da sírio-
-palestina" e, ainda, uma "arqueologia do Levante Sul". 
Mesmo a crítica literária, uma escola de investigação que se 
ocupa de examinar os textos bíblicos nos níveis da história da tra-
dição, da redação e das formas, já tem apontado para a perspec-
tiva de que os gêneros literários que formam o complexo bíblico 
não são predominantemente históricos; existem mitos, fábulas, 
etiologias, parábolas, sátiras, lamentos e tantas outras formas de 
redação que o material bíblico evoca para si um olhar atento, mi-
nucioso, quase que investigativo. 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel14
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Essa perspectiva nos convida a examinar os textos bíblicos 
como se tivéssemos uma lupa em punho, um instrumento que é 
necessário para a identificação de vestígios e pistas que possam nos 
ajudar a montar esse "quebra-cabeça" que é a história de Israel. 
Nesse sentido, é cada vez mais atrativa a elaboração de uma 
"história de Israel" que considere o material bíblico, a arqueologia 
e os documentos extrabíblicos. 
A construção de um relato histórico, isto é a compreensão 
de Israel, inicialmente, à parte de chaves teológicas familiares que, 
muitas vezes, nos impedem de ver o povo hebreu, as tribos, o es-
tado monárquico e outros episódios da história de Israel como a 
história de um povo que contraiu e desfez alianças políticas, que 
lutou pela posse da terra no Oriente Próximo Antigo e que, em 
razão desses acontecimentos, desenvolveu intercâmbios culturais 
com os povos vizinhos, pode nos ajudar a ver Israel a partir de ou-
tro prisma, que não apenas a perspectiva do "povo escolhido" ou 
do "povo de Deus". 
O que a arqueologia e a historiografia contemporâneas pre-
tendem é construir uma história de Israel e dos povos vizinhos ou,quem sabe, uma história da Síria/Palestina.
Controvérsias na História de Israel
A partir de 1967, o norte-americano Thomas L. Thompson, 
ao pesquisar sobre os textos do Gênesis, sobre os patriarcas e os 
paralelos com os costumes de Nuzi, chegou à conclusão que o am-
biente adequado para as tradições patriarcais era o primeiro milê-
nio AEC. 
Contrariamente ao que a maioria dos pesquisadores disse, 
até então, Thompson descartou o segundo milênio como ambien-
te das tradições sobre os patriarcas. Em 1974, com o lançamento 
de seu livro, houve grande reboliço entre os pesquisadores do An-
tigo Testamento. 
15© Caderno de Referência de Conteúdo
Décadas depois, em 1987, Thompson examinou a questão 
das origens de Israel e retomou os argumentos da década de 1970, 
na qual localizou as origens de Israel em uma região montanhosa, 
ao Norte de Jerusalém, e durante o século 9 AEC. Essa conclusão 
propunha que não poderia haver monarquia unida sob Davi e Sa-
lomão em Jerusalém, no século 10 AEC. 
Quando, mais tarde, em 1992, a tese de Thompson foi publi-
cada, a reação ao seu livro foi bastante explosiva, o que o fez ser 
afastado da universidade onde lecionava e desenvolvia pesquisas, 
nos Estados Unidos, e convidado a trabalhar no Departamento de 
Estudos Bíblicos da Universidade de Copenhague. Mas essa não foi 
a única controvérsia em torno da história de Israel.
Ainda na década de 1960, o canadense John Van Seters revi-
sou, criticamente, a Hipótese Documentária do Pentateuco e exa-
minou as tradições sobre Abraão. Como se sabe, desde que foi de-
senvolvida, no século 18, a Hipótese Documentária afirmava que 
o Pentateuco foi elaborado em etapas, em momentos distintos e 
conforme diferentes tradições.
A Teoria Documentária do Pentateuco surgiu no século 18 e 
tem passado por diversas fases. Julius Wellhausen é o nome clás-
sico dessa teoria e publicou suas obras de referência em 1878 e 
1883. Esse estudioso se baseou em uma filosofia evolucionária 
naturalista da história e da religião de Israel, de acordo com a ten-
dência racionalista típica de seu tempo. 
A expressão clássica dessa teoria afirma o Pentateuco como 
obra bem posterior a Moisés, constituída de quatro documentos, 
que pode ser resumida da seguinte forma: 
1) "J": o nome de Deus é sempre escrito como JHVH e 
transliterado como Javé.
2) "E": o nome de Deus é sempre apresentado como Elo-
him (Hebraico para Deus ou poder).
3) "D": escreveu o livro de Deuteronômio, os livros de Jo-
sué, de Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel16
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
4) "P": material sacerdotal (em inglês priestly). Usa Elohim 
e El Shaddai como nomes de Deus.
Desse modo, é formada a sigla JEDP. 
As fontes javista, eloísta, deuteronômio e sacerdotal foram 
elaboradas desde o século 10 AEC, na corte davídico-salomônica, 
até o século 5 AEC, com Esdras, na Jerusalém pós-exílica. 
Porém, Van Seters concluiu que a fonte J deveria ser conside-
rada como tradição pós D; por isso, toda a Hipótese Documentária 
deveria ser examinada novamente. A pesquisa de Van Seters foi pu-
blicada em 1975, e, nos anos subsequentes, 1976 e 1977, duas ou-
tras pesquisas sobre o mesmo tema foram publicadas; desde então, 
a teoria clássica das fontes do Pentateuco nunca mais foi a mesma, 
conforme verificamos no emblemático título da pesquisa publicada 
pelo prof. Walter Kaiser Explodindo a teoria JEDP, de 1991.
Segundo Van Seters, em 1992 e 1994, a tradição javista é 
uma obra unificada que se estende da criação do mundo até a 
morte de Moisés, e, portanto, os javistas elaboraram uma obra his-
toriográfica, que Van Seters compara à obra do historiador grego 
Heródoto. Para tanto, a tradição J teria se baseado tanto na tradi-
ção oral quanto na escrita, mas teria concedido especial atenção a 
uma construção teológica e unificadora para Israel. 
Assim, o objetivo da obra J era corrigir o nacionalismo e o 
ritualismo da tradição deuteronômica; por isso, o Javista era pos-
terior ao Deuteronômio e contemporâneo ao Dêutero-Isaías, que 
tinha afinidades com Jeremias e com Ezequiel. Contudo, a tradição 
J deveria ser considerada anterior à tradição sacerdotal, P, que, 
por sua vez, não seria uma obra independente, mas uma série de 
suplementos pós-exílicos ao deuteronomistas e javistas. Por fim, a 
tradição eloísta, E, não se sustentaria como documento indepen-
dente e desapareceria. 
Pode-se perceber, dessa forma, que a pesquisa sobre a his-
tória de Israel tem um leque de investigações, perspectivas e me-
todologias muito amplo, mas, nem sempre, consensual, o que, a 
17© Caderno de Referência de Conteúdo
despeito do que possa parecer, não é ruim; antes, demonstra que 
há espaço para diferentes abordagens e posturas sobre Israel, sua 
religião, expressão cultural e literatura.
O Antigo Israel 
Mas, então, onde fica o Antigo Israel?
Em 1992, o professor Philip Davies, da Universidade de She-
ffield, no Reino Unido, publicou um interessante e provocador li-
vro sobre o Antigo Israel . Nessa obra, Davies argumentou que a 
expressão "Antigo Israel" era um construto erudito elaborado pe-
los estudiosos, a partir da imagem de um Israel bíblico e de alguns 
dados arqueológicos. 
Entretanto, esse Israel não era o Israel histórico, e, assim, 
seria necessária uma busca pelo "Antigo Israel", imerso e esque-
cido na construção ideal de um Israel comunitário e escolhido por 
Deus. A imagem de um Israel bíblico era mais um problema do que 
um dado, e a correção desse problema se daria com a exclusão da 
literatura bíblica, isso porque as definições de "Israel", dos "cana-
neus", do "exílio" e do "período persa" apresentadas pelo material 
bíblico não ofereciam um retrato suficientemente claro para que 
se pudesse reconstituir Israel. Para Davies, o historiador precisa 
investigar a história real, independentemente do conceito bíblico. 
Davies questionou a continuidade étnica entre os exilados 
judaítas do século 6º e os que vieram da Babilônia na época persa 
para repovoar Judá. Ele afirmou que a literatura bíblica foi inventa-
da nas épocas persa e grega, com o objetivo de formar um quadro 
cultural para exportação, entendeu que as histórias foram criadas 
e colecionadas na sequência que hoje conhecemos e, por fim, su-
geriu que o estado asmoneu (ou macabeu) é que tornou possível a 
transformação do Israel literário em um Israel histórico.
Importa-nos que as possibilidades de compreensão da his-
tória de Israel são muitas e, algumas delas, bastante controversas, 
mas, para nós, pesquisadores de religião e de teologia, são válidas 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel18
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
como arsenal metodológico e, sobretudo, como recursos para re-
pensar nossos próprios pressupostos.
Outra discussão muito interessante está relacionada às ori-
gens dos estados israelitas.
Em 1996, foi publicado um livro, editado por Volkmar Fritz 
e Philip R. Davies, denominado As origens dos antigos estados is-
raelitas, no qual os autores discutem a existência ou não de uma 
monarquia unida em Israel e, especialmente, de um império daví-
dico-salomônico. 
O sempre polêmico Philip Davies, logo na introdução do li-
vro, lembrou que o debate sobre a formação dos estados israelita 
e judaico já existia desde longa data e que ele havia significativa-
mente esquentado com a descoberta, em 1993, da inscrição de Tel 
Dan.
Desde 1966, Avraham Biran escavava o sítio arqueológico de 
Tel Dan. Foram vários anos de trabalho até que a descoberta mais 
importante ocorresse, finalmente, em 1993, ocasião em que sua 
equipe removia o entulho da área do portão da cidade. Parte da 
muralha, destruída em 733-732 AEC, continha um fragmento de 
um monumento inscrito. 
Por se tratar de um fragmento, a mensagem estava incom-
pleta. Havia 13 linhas incompletas escritas em hebraico arcaico, a 
escrita usada antes do exílio, em 586 AEC. As palavras eram sepa-
radas por pontos e a inscrição reza como segue: 
(1) ...meupai subiu
(2) ...e meu pai morreu, ele foi para...
(3) real outrora na terra de meu pai...
(4) Eu (lutei contra Israel?) e Hadad foi diante de mim...
(5) ...meu rei. E eu matei de (entre eles) X infantes, Y char-
(6) retes e dois mil cavaleiros...
(7) o rei de Israel. E matou (...o parente)
19© Caderno de Referência de Conteúdo
(8) g da casa de Davi. E eu pus...
(9) sua terra ...
(10) outro...(ru)
(11) conduziu contra is(rael...)
(12) sítio contra... 
Nessa polêmica inscrição, alguns especialistas leem um par 
de palavras como uma referência a um rei da "casa de Davi" – o 
que faria dessa inscrição a primeira e, até agora, única referência 
extrabíblica a Davi e ao seu reino; outros, porém, preferem negar 
qualquer apoio desse texto à existência de um reino davídico na 
região da Palestina. 
A partir dessa descoberta arqueológica, Davies pergunta: O 
que teria sido esse primeiro "estado israelita"? Um reino unido 
composto pelas tribos de Israel e Judá que dominou todo o terri-
tório da Palestina e, em seguida, foi dividido em reinos do "Norte" 
e do "Sul"? Ou seria tudo isso mera ficção? O que teria acontecido 
na região central da Palestina nos séculos 10 e 9 AEC?
Uma possibilidade de resposta a essas perguntas foi pro-
posta por Christa Schäfer-Lichtenberger, da Alemanha. De acordo 
com sua perspectiva, muitos autores atualmente defendem uma 
reconstrução da sociedade israelita do século 10 apenas com o uso 
da arqueologia e das fontes do Antigo Oriente Médio. 
Todavia, ao contrário do texto bíblico, o silêncio dessas duas 
fontes leva tais autores: 
• à negação da existência de um estado israelita no século 
10; 
• à afirmação de que esses primeiros reis e sua organização 
política nada mais eram do que projeções pós-exílicas. 
Portanto, antes de falar da emergência do estado israelita, 
seria necessário fazer algumas considerações sobre sua situação.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel20
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
A ausência de documentos escritos no Antigo Oriente Médio 
sobre Israel na Idade do Ferro I (1200-900 a.C.) pode ter quatro 
causas, uma independente da outra: 
1) Não existiu uma entidade política de nome Israel nessa 
época. 
2) Síria/Palestina, Egito e Assíria não conseguiram hege-
monia política sobre essa região nessa época e, por isso, 
nada registraram. 
3) Os textos não sobreviveram porque foram registrados 
em papiros. 
4) Os escritos ainda não foram encontrados. 
Christa Schäfer-Lichtenberg assegura que a ausência de mo-
numentos e inscrições dessa época indicam que não devemos co-
locar Judá (reino de Israel) no mesmo nível do Egito ou da Assíria, 
pois esses impérios, por sua grandeza, teriam deixado vestígios de 
sua época na mesma proporção de sua importância; portanto, es-
tados com estruturas menores ou menos representativas em rela-
ção ao Egito e à Assíria não poderiam ser medidos com os mesmos 
critérios usados para os grandes impérios. 
E mesmo que inscrições em monumentos tenham existido, 
elas estariam em Jerusalém, onde dificilmente teriam sobrevivido 
às reformas religiosas de reis como Josias – isso porque continham 
os títulos de outras divindades que não Javé – ou às maciças des-
truições militares de que a cidade foi vítima. 
Christa encerra sua abordagem concluindo que a arqueolo-
gia não possui todas as chaves para a elaboração da história de Is-
rael e que esse debate é predominantemente teórico; em seguida, 
ela propõe uma perspectiva teórica, que tem início com a discus-
são sobre a noção do Estado como forma de organização política. 
Para tanto, entre outros teóricos, ela usou a abordagem sociológi-
ca de Max Weber ao compreender Israel a partir da categoria de 
estado primitivo.
Niels Peter Lemche, da Dinamarca, introduziu o conceito de 
"sociedade patronal" ("patronage society") para explicitar a varie-
21© Caderno de Referência de Conteúdo
dade social da Síria e, especialmente, da Palestina, no período do 
Bronze Recente (1500-1200 AEC).
Esse modelo, frequentemente chamado de "sistema social 
mediterrâneo", parece ter sido onipresente em sociedades com 
certo grau de complexidade, mas que não constituíam, ainda, es-
tados burocráticos. Aqui, Lemche também parece lançar mão da 
sociologia weberiana para estudar o estado de Israel, cuja organi-
zação vertical ele definiu, porém, como típica de uma sociedade 
patronal, isto é, no topo, encontramos o patrono, um membro de 
uma linhagem líder, e, abaixo dele, deparamos-nos com seus clien-
tes, normalmente homens e suas famílias. 
Lemche explicou que a ligação entre patrono e cliente é pes-
soal, com juramento de lealdade do cliente ao patrão e de prote-
ção do patrono ao cliente. Assim, em tal sociedade, códigos de leis 
não seriam necessários, pois ninguém diria ao patrono como jul-
gar. O problema dessa abordagem é que Lemche não considera o 
sistema de patronagem uma espécie de código, mas uma espécie 
de nomos que ordena e impõe limites ao comportamento social.
Seguindo Lemche, a crise da Palestina pode ser explicada a 
partir desta realidade: os senhores das cidades-estado palestinas 
interpretavam o faraó como seu patrono e requeriam proteção em 
nome de sua fidelidade; todavia, o estado egípcio não reconhe-
cia os israelitas do mesmo modo e, por isso, os tratava de modo 
impessoal, segundo normas burocráticas. Em decorrência disso, a 
percepção era a de que os pequenos reis das cidades de Canaã 
foram abandonados pelo faraó. 
Nota-se, portanto, que os estudiosos lançam mão de dife-
rentes instrumentais e metodologias para a construção de suas 
abordagens. Tanto a pesquisadora alemã quanto o estudioso di-
namarquês empregaram os conceitos e o modelo weberiano de 
análise sociológica. 
Todavia, os resultados foram diferentes pela própria natu-
reza do interesse de cada estudioso, o que nos mostra o quanto 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel22
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
a história de Israel pode ser uma nova história. Para nós, é muito 
importante dedicar especial atenção à identificação dos referen-
ciais teóricos e ideológicos de cada autor que estudamos. Qual é 
a tese central dos autores que lemos? Quais são os argumentos 
relacionados que visam legitimar a tese apresentada? Como cada 
autor constrói sua história de Israel?
Essas perguntas são muito relevantes, tendo em vista que, 
a partir delas, podemos nos afastar de abordagens fundamenta-
listas, utópicas e/ou românticas demais. Isso não quer dizer que 
podemos contar a verdadeira história de Israel, mesmo porque 
estamos anos-luz dos acontecimentos, da cultura e das condições 
que o rodearam; mas a atenção ao que lemos e o olhar crítico po-
dem nos facultar aproximações honestas do que teria sido o Israel 
tribalista, monárquico, dividido e dominado.
É possível a escrita de "uma" história de Israel? 
Esse questionamento nos leva à observação de que, assim 
como nos estudos sobre o Jesus histórico e sobre as origens da 
cristandade, parece cada vez mais comum a pesquisa na área de 
Literatura Bíblica, que valoriza a pluralidade e a diversidade no ju-
daísmo antigo. 
Se, de um lado, durante muito tempo, os estudiosos da Bí-
blia se esforçaram para construir um quadro retilíneo e uniforme 
da história de Israel até Jesus e seu movimento, com a finalidade 
de manter certa unidade no cristianismo, hoje em dia, por outro 
lado, a tendência da pesquisa tem sido conduzida, justamente, 
para o lado oposto. 
Isto é, a exegese, amparada por outras disciplinas das Ciên-
cias Humanas, como a antropologia social e a história cultural, tem 
buscado interpretar o material bíblico a partir dos detalhes e das 
peculiaridades da cultura de Israel. Segundo essa abordagem da 
história, às vezes, pequenos gestos revelam mais do que qualquer 
atividade formal cuidadosamente preparada por algum redator. 
23© Caderno de Referência de Conteúdo
Essa é a proposta de um método interpretativo centrado so-
bre os resíduos, sobre os dados marginais, considerados revelado-
res de um gruposocial, de uma religião, de uma cultura.
Atualmente, existe um grupo de pesquisadores que se reú-
nem com o intuito de discutir a metodologia histórica. Esse grupo 
surgiu com o objetivo de abordar, de maneira sistemática, as ques-
tões centrais da história de Israel, tendo como coordenador Lester 
L. Grabbe, professor de Bíblia hebraica e judaísmo antigo.
Para ele, o debate sobre o modo como a história de Israel 
tem sido escrita está se tornando cada vez mais complexo nas últi-
mas décadas, pois alguns pesquisadores julgam perigosos o deba-
te e suas conclusões mais recentes. 
Basicamente, existem duas posturas que necessitam ser es-
pecificadas: a primeira, chamada maximalista, defende que tudo 
o que, nas fontes, não é falso deve ser aceito como histórico; já a 
segunda, chamada minimalista, propõe que tudo o que não pode 
ser legitimado por evidências que corroborem para sua autentici-
dade deve ser descartado. 
Desde 1996, o grupo tem apresentado suas conclusões para 
discussão, e, nesses encontros, os debates giram em torno das se-
guintes perguntas: é possível a escrita de uma história de Israel? 
Como? Nesse empreendimento, qual é o papel dos escritos do An-
tigo Testamento?
Em um dos relatórios, os pesquisadores admitiram que al-
gumas posturas são irreconciliáveis; contudo, todos concordaram 
que a história da Antiga Palestina e da Síria deve considerar toda a 
região do Mediterrâneo, bem como as trocas simbólicas e os po-
vos que nela viveram. Tratar a história de uma nação específica 
como a história de "todo o Oriente próximo" parece ser um erro, 
especialmente quando essa história traz elementos de outros po-
vos, relatos de conflitos e de divisões.
Relegar os intercâmbios e as relações que existiram entre 
Israel e os povos vizinhos, bem como escrever uma história do an-
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel24
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
tigo Israel, seria como corroborar para a escrita de uma história 
fictícia. Com isso, os pesquisadores não negaram a existência de 
um reino de Israel, assim como de um reino de Judá, testemunha-
dos pela Assíria. 
Todavia, os membros desse seminário fizeram objeções a 
duas concepções correntes:
• o construto literário "Israel bíblico" pode ser diretamen-
te traduzido em termos históricos. A ideia é que essa 
expressão não dá conta da complexidade de Israel, con-
siderando as várias etapas de sua formação. Assim, não 
teria existido apenas um Israel, mas vários, e não teria 
existido apenas um judaísmo, mas diferentes judaísmos 
propiciados pelos contatos étnicos e processos de cons-
trução identitária.
• Israel deve canalizar e dominar o estudo da região na 
Antiguidade. Os membros do seminário consideraram 
que a história de Israel não se circunscreve ao universo 
de acontecimentos ocorridos com os israelitas, mas que 
esses fatos estavam inseridos num lastro histórico muito 
mais amplo, que envolve o conhecimento de outros po-
vos, como os egípcios, os babilônios, os persas, os gregos, 
os romanos etc.
Após esse acirrado debate, alguns pesquisadores, imbuídos 
pelo espírito pós-moderno, cogitaram a impossibilidade de se fa-
zer história. Mas essa postura, segundo a qual "tudo é interpre-
tação", parece não ter cedido espaço aos anseios de muitos dos 
pesquisadores, os quais ainda reconhecem na Bíblia uma podero-
sa fonte de informações e de dados antigos a serem investigados 
e interpretados. 
Talvez, em face desse debate, a postura mais adequada seja 
a honestidade quanto a nós mesmos, nossos pressupostos, ideo-
logias e lentes, as quais colocamos com a finalidade de achar no 
texto o que queremos. Se pudermos identificar essas motivações 
25© Caderno de Referência de Conteúdo
nem sempre adequadas, porventura possamos escrever e recons-
truir não a história de Israel, mas uma história de Israel, sempre 
atentos aos limites de nossas propostas.
Glossário de Conceitos 
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados na disciplina Introdução Geral à 
Bíblia e História de Israel. Veja, a seguir, a definição dos principais 
conceitos desta disciplina: 
1) Anacronismo: trata-se da atribuição de data, período 
ou época incorretos. Quando há erro cronológico. Por 
exemplo: atribuir a um acontecimento moderno uma 
datação antiga, quando tal acontecimento não poderia 
ter ocorrido.
2) Anômalo, anomalia: a anomalia pode ser entendida 
como aquilo que escapa à norma ou ao conjunto de leis 
que servem para classificar em ordens específicas. Para 
a antropologia, anômalo é o comportamento, a condi-
ção, a pessoa ou o objeto considerado inadequado em 
relação ao compêndio de elementos rejeitados de certo 
sistema ordenado. A antropóloga Mary Douglas chama 
a atenção para a diferença entre os termos "anomalia" e 
"ambiguidade", embora tanto um quanto o outro apon-
tem uma espécie de inadequação. Anômalo é aquilo que 
foge a certos padrões; ambíguo é o que apresenta pos-
sibilidade de duas interpretações: "[...] uma anomalia é 
um elemento que não se ajusta a um dado conjunto ou 
série; a ambigüidade é um tipo de afirmação sujeita a 
duas interpretações. Mas a reflexão sobre certos exem-
plos mostra que há pouca vantagem em se distinguir en-
tre estes dois termos na aplicação prática. O melaço não 
é sólido nem líquido; pode-se dizer que nos dá uma im-
pressão sensorial ambígua. Pode-se dizer também que o 
melaço é anômalo na classificação de líquidos e dos só-
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel26
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
lidos, não estando nem em um nem em outro conjunto" 
(DOUGLAS, 1966, p. 53).
3) Apócrifo: para a tradição judaico-cristã, os livros apócri-
fos são considerados textos não inspirados, assim como 
os pseudoepígrafos, coleções judaicas do mesmo perío-
do cujos autores reais são desconhecidos. Em geral, es-
ses textos recebiam nomes de autores conhecidos, mas 
não há evidência de que tenham sido realmente escri-
tos por eles. Conjectura-se que essa tenha sido a forma 
encontrada por editores menores para que seus textos 
fossem aceitos.
4) Cânon: (kanón) palavra grega originária de um emprés-
timo semítico "הנק" (kanê), cujo sentido é "junco" que 
passou a designar "vara de medir" e, posteriormente, 
"regra", "padrão" ou "norma". Tardiamente, adquiriu o 
significado de "lista" ou "tabela". Durante os séculos 2 e 
3, o vocábulo referiu-se ao conteúdo normativo doutri-
nário e ético da fé cristã e, por volta do século 4, passou 
a designar lista de livros que constituem o Antigo e o 
Novo Testamento. Atualmente, o sentido mais comum 
corresponde à coleção encerrada de documentos que 
formam a Bíblia.
5) Concílio: em sentido religioso, esse termo diz respeito 
à assembleia realizada pelo alto clero, a fim de elaborar 
decisões doutrinárias, disciplinares ou relacionadas à fé.
6) Copta, escrituras gnósticas, gnosticismo: esses três con-
ceitos estão relacionados; o copta é uma língua africana 
usada na redação dos textos chamados gnósticos; gnos-
ticismo é o movimento formado por judeus convertidos 
ao cristianismo e espalhados pelo império até o Norte 
da África que mesclava as culturas judaicas, gregas e 
coptas. O que se sabe dos gnósticos ainda é pouco e o 
conhecimento que se tem atualmente veio por meio da 
pesquisa em textos gnósticos, datados, aproximadamen-
te, entre os séculos 1 e 4, e descobertos na região de 
Nag Hammadi (Egito), em 1945. Dentre os textos gnós-
ticos mais conhecidos, está o Evangelho de Tomé (EvT), 
escrito em língua copta.
27© Caderno de Referência de Conteúdo
7) Dialética: "Em grego, a palavra dia quer dizer dois, du-
plo; o sufixo lética deriva-se de logos e do verbo legin 
(cujo sentido estudamos nos capítulos dedicados à lin-
guagem e ao pensamento). A dialética, como já vimos, 
é um diálogo ou uma conversa em que os interlocutores 
possuem opiniões opostas sobre alguma coisae devem 
discutir ou argumentar de modo a passar das opiniões 
contrárias à mesma idéia ou ao mesmo pensamento so-
bre aquilo que conversam. Devem passar de imagens 
contraditórias a conceitos idênticos para todos os pen-
santes. A dialética platônica é um procedimento intelec-
tual e lingüístico que parte de alguma coisa que deve ser 
separada ou dividida em dois ou duas partes contrárias 
ou opostas, de modo que se conheça sua contradição e 
se possa determinar qual dos contrários é verdadeiro e 
qual é falso. A cada divisão surge um par de contrários, 
que devem ser separados e novamente divididos, até 
que se chegue a um termo indivisível, isto é, não for-
mado por nenhuma oposição ou contradição e que será 
a idéia verdadeira ou a essência da coisa investigada. 
Partindo de sensações, imagens, opiniões contraditórias 
sobre alguma coisa, a dialética vai separando os opostos 
em pares, mostrando que um dos termos é aparência 
e ilusão e o outro, verdadeiro ou essência. A dialética é 
um debate, uma discussão, um diálogo entre opiniões 
contrárias e contraditórias para que o pensamento e a 
linguagem passem da contradição entre as aparências à 
identidade de uma essência. Superar os contraditórios 
e chegar ao que é sempre idêntico a si mesmo é a ta-
refa da discussão dialética, que revela o mundo sensí-
vel como heraclitiano (a luta dos contrários, a mudança 
incessante) e o mundo inteligível como parmenidiano 
(a identidade perene de cada idéia consigo mesma)" 
(CHAUI, 2000, p. 229).
8) Dialógica, dialogismo: o princípio da dialógica e do dia-
logismo, fundamentalmente desenvolvidos na obra de 
M. Bakhtin, relaciona-se à concepção de linguagem, mas 
também de mundo e de vida. Essa concepção se opõe 
ao monologismo da cultura moderna do relativismo, de 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel28
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
um lado, e do dogmatismo, do outro. O dialogismo pres-
supõe interação, deslocamento da noção de sujeito que 
tem ação sobre o objeto, como se fossem domínios se-
parados. Assim, o princípio constitutivo do pensamento 
dialógico é a descentralização, isto é, o "[...] sujeito per-
de o papel de centro e é substituído por diferentes (ain-
da que duas) vozes sociais, que fazem dele um sujeito 
histórico e ideológico. Em outros termos, concebe-se o 
dialogismo como o espaço interacional entre o eu e o tu 
ou entre o eu e o outro" (BARROS, 2003, p. 2-3). Trata-se 
do espaço criado entre ambos. 
9) Diáspora: trata-se do movimento mundial de dispersão 
dos judeus no decorrer dos séculos.
10) Endogamia: termo originário de endo (dentro) e gamia 
(casamento). Refere-se a casamentos entre membros de 
um mesmo grupo social, seja família, linhagem ou clã.
11) Epônimo: palavra originária do grego epónymos, cujo 
significado aponta para o que cede seu nome a alguém 
ou a alguma coisa.
12) Exegese: disciplina por meio da qual se elabora uma in-
terpretação, comentário ou explicação de literatura reli-
giosa como a Bíblia. Envolve procedimentos gramaticais, 
filológicos, históricos, geopolíticos e culturais.
13) Exogamia: termo originário de exo (para fora) e gamia 
(casamento). Refere-se a casamentos realizados entre 
pessoas de famílias, linhagens ou clãs diferentes. 
14) Helenismo, helenização: termos usados quando nos 
referimos à cultura e a um modo de vida que se segui-
ram às conquistas de Alexandre. Para M. Hengel e J. G. 
Droysem, por exemplo, o helenismo define-se como o 
sincretismo entre culturas gregas e orientais. De fato, a 
definição desse conceito é mais complexa do que a sua 
abstração; mas, por ora, importa-nos apenas ter em 
mente que o helenismo estava relacionado, essencial-
mente, às questões de cunho cultural.
15) Mediterrâneo: trata-se de um mar interior do Atlânti-
co Oriental, localizado entre a África Setentrional, a Ásia 
Ocidental e a Europa Meridional. A extensão do mar 
29© Caderno de Referência de Conteúdo
abrange cerca de 2,5 milhões de km2, o que o torna o 
maior mar continental do mundo.
16) Nômades: povos, grupos sociais ou tribos caracterizados 
por não fixarem moradia em lugares específicos. O com-
portamento nômade é marcado por ser itinerante e pela 
mobilidade.
17) Prescrição: em sentido jurídico, trata-se de ordem for-
mal e explícita. Também significa preceito.
18) Pseudoepígrafo: os livros pseudoepígrafos são assim 
designados porque possuem autoria e autenticidade 
questionáveis. Portanto, tanto títulos quanto autores 
são falsamente atribuídos com o propósito de terem au-
toridade legitimada.
19) Satrapias: denominação para a divisão do antigo impé-
rio persa.
20) Seminômades: povos, grupos sociais ou tribos caracte-
rizados por fixarem moradia em determinados lugares 
temporariamente. Apesar da possibilidade de mobilida-
de, esse traço não é acentuado, visto que lugares que 
apresentam condições satisfatórias podem ser escolhi-
dos para fixar moradia e desenvolver outras atividades 
relacionadas à vida social e econômica do grupo. Um 
clérigo ou monarca exerce poder em governos de cará-
ter teocrático.
21) Teocracia: do grego "téo" (Deus, divino) e "cracia" (go-
verno). Portanto, significa governo de Deus ou instituído 
por Deus. Um governo teocrático é caracterizado por ser 
centrado em uma autoridade legitimada pelo divino, ou 
seja, o poder emana de Deus. 
22) Vernáculo: trata-se da língua própria de um país ou de 
uma região; língua nacional, idioma, vernáculo.
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é 
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel30
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você 
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a 
partir de suas próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conheci-
mento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógi-
cos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é 
você o principal agente da construção do próprio conhecimento, 
31© Caderno de Referência de Conteúdo
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in-
ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob-
jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o 
seu conhecimento sistematizadoem conteúdo curricular, ou seja, 
estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co-
nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo 
(adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto-
ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 
11 mar. 2010). 
Processo 
de redação
Bíblia 
(Antigo 
Testamento)
Fonte do 
período
Esfera 
histórico- 
-política
Esfera sócio-
-cultural
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Introdução Geral à 
Bíblia e História de Israel. 
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre 
os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para 
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel32
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como 
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, 
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino de Introdução Geral à Bíblia 
e História de Israel pode ser uma forma de você avaliar o seu co-
nhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes 
ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação fi-
nal, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privile-
giada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação 
sólida para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo vi-
sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
33© Caderno de Referência de Conteúdo
Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar, de forma 
mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser 
humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, 
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica-
ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, 
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, per-
mite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a 
ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, 
portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu-
ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau-
las. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel34
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Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto 
para ajudar você. 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARROS, D. L. P.; FIORIN, J. L. (Org.). Dialogismo, polifonia, intertextualidade: em torno de 
Mikhail Bakhtin. São Paulo: Edusp, 2003.
CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. 
DOUGLAS, M. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1966.
1
EA
D
Introdução Geral à 
Bíblia
1. OBJETIVOS
• Reconhecer e analisar a Bíblia como um conjunto de li-
vros que versam a respeito da história de Israel em duas 
etapas: Antigo e Novo Testamento.
• Conhecer aspectos relacionados à formação do cânon bí-
blico, as tradições que o constituem e suas traduções.
• Interpretar o processo de elaboração da Bíblia como fru-
to de um longo processo histórico, do qual participaram, 
ativamente, homens e mulheres.
2. CONTEÚDOS
• As línguas originais dos textos bíblicos.
• Os primeiros livros bíblicos e as primeiras traduções.
• As origens dos autores e dos escritos bíblicos.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel36
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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Ao estudar esta unidade, tenha uma ou mais versões da 
Bíblia, a fim de identificar, na fonte, as citações bíblicas 
que serão apontadas e comparar os textos. Sugerimos as 
traduções: Bíblia de Jerusalém e/ou Bíblia Sagrada, tra-
duzida por João Ferreira de Almeida (versão atualizada).
2) Outros recursos como dicionários, dicionários de termos 
em grego e mapas também são úteis para a compreen-
são dos conteúdos a seguir. 
3) Leia esta unidade e as próximas sem perder de vista que 
os textos do Antigo e do Novo Testamento constituem 
literatura matizada num período histórico específico e, 
como toda produção literária, também falam a respeito 
do seu tempo, da cultura da época, de costumes, de prá-
ticas e ideias típicas desse período.
4) Observe que usaremos a seguinte forma de citar os ca-
pítulos e versículos:
a) a vírgula separa capítulos de versículos (por exemplo: 
Gn 1,3);
b) o ponto separa versículos (por exemplo: Gn 24,25.32);
c) o hífen une versículos (por exemplo: Gn 24,28-32);
d) o travessão une capítulos (por exemplo: Gn 47—50). 
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE 
Ao iniciarmos o estudo desta unidade, é muito importante 
que compreendamos a origem da palavra "Bíblia". Isso equivale à 
pergunta: qual a etimologia da palavra "Bíblia"?
A palavra "Bíblia" é originária da língua grega: "τὰ βίβλια" 
("tá bíblia"), plural de "βίβλιον", cuja transliteração é "bíblion", e 
significa:
37© Introdução Geral à Bíblia
• "os livros";
• "a coleção de livros". 
Trata-se, portanto, de uma "biblioteca", geralmente conhe-
cida pelo seu caráter de texto religioso central para o judaísmo e 
para o cristianismo, mas é, também, uma fonte primária de inves-
tigação e de estudos do Mediterrâneo Antigo.
A Bíblia é constituída por dois blocos literários: 
• O Antigo Testamento: que conta a história do povo de Is-
rael, suas crenças, costumes e memórias; bloco literário 
conhecido como Primeiro Testamento.
• O Novo Testamento: que apresenta Jesus de Nazaré, sua 
vida, obra e ministério na terra. Esse conjunto de livros é 
também conhecido como Segundo Testamento.
Além de ser conhecida como Bíblia, essa bibliotecade textos 
sagrados também é denominada "Sagrada Escritura", "Palavra de 
Deus", "Sagradas Letras", "Livro da Aliança" e "Livro Sagrado". 
O termo "Testamento", oriundo da língua hebraica e que 
traduzimos por "aliança", é aplicado à Bíblia porque, na tradição 
judaica e cristã, esse conjunto de livros é entendido como docu-
mento que expressa a vontade de Iahweh para seu povo. 
Em função dessa relação entre Iahweh, o povo de Israel e as 
comunidades cristãs, manifestada por intermédio das suas tradi-
ções e memórias registradas na Bíblia, a população hebraica mere-
ceu ser chamada "Povo do Livro" durante muito tempo. 
Hoje, a Bíblia é um dos livros mais procurados, seja para lei-
turas devocionais entre fiéis, seja para literatura ou fonte de es-
tudos históricos e exegéticos; trata-se de um livro que, além de 
expressar a vida religiosa de judeus e cristãos, contém prescrições 
morais e éticas usadas por esses grupos, que contribuíram para 
a sua organização social e, ainda hoje, servem como parâmetros 
para a religiosidade de diversos grupos religiosos ou não.
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel38
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
A Bíblia migrou do Oriente para o Ocidente e foi traduzida 
para vários idiomas. Apropriada por diferentes expressões religio-
sas, é lida, interpretada e ensinada em igrejas cristãs, em grupos 
religiosos diversos, em pastorais, grupos de oração, grupos inde-
pendentes de estudo, centros de pesquisa etc. Inquirida, investi-
gada e questionada, trata-se de uma literatura importante para a 
compreensão dos aspectos que tangem à religiosidade cristã, bem 
como para o entendimento de traços que constituem o pensa-
mento e as sociedades modernas.
Em razão disso, nesta unidade, será feita uma breve intro-
dução à Bíblia e seu processo de redação e transmissão, com a 
finalidade de fornecer referências básicas sobre essa importante 
literatura de caráter religioso, histórico e cultural.
5. AS LÍNGUAS ORIGINAIS E OS PRIMEIROS LIVROS
No tempo em que os hebreus iniciaram a redação da Bíblia, 
o sistema de escrita silábica cedeu lugar ao alfabeto, que usava dez 
vezes menos sinais. Anteriormente, eram utilizados, pelo menos, 
300 sinais, e, com a simplificação proporcionada pelo alfabeto, na 
segunda metade do segundo milênio a.C., quando se presume que 
Moisés libertou os israelitas da dominação egípcia, torna-se mais 
fácil o acesso à leitura e à escrita; todavia, essas práticas não eram 
para todos. Ler e escrever eram privilégios geralmente atribuídos 
a sacerdotes, escribas e pessoas ligadas à nobreza. 
Originalmente, a Bíblia foi escrita em três línguas: 
• hebraico;
• grego;
• aramaico. 
É importante saber que o hebraico e o aramaico eram lín-
guas com certa semelhança. A língua hebraica é composta, basica-
mente, de consoantes que, desde os séculos iniciais de nossa era, 
passaram a ser acompanhadas pelas vogais, sob a forma de um 
sistema de pontos e grifos.
39© Introdução Geral à Bíblia
Enquanto o hebraico constituía a primeira língua, o aramaico 
correspondia à língua popular, por meio da qual os hebreus se co-
municavam cotidianamente. Pode-se dizer que o aramaico era um 
tipo de dialeto que descendia do hebraico e que teria assimilado 
um pouco da lógica da língua grega, bem como o uso de alguns de 
seus termos.
Portanto, era comum, no tempo de Jesus, falar aramaico, es-
crever em hebraico e arriscar algumas sentenças em grego. Essa 
dinâmica foi possibilitada pelo intercâmbio político e cultural do 
período, dado em função do governo romano, mas também em 
razão das relações de comércio que permitiram a construção de 
estradas e rotas que favoreceram o circuito de viajantes, comer-
ciantes, artesãos, civis em geral e soldados. Desse modo, podemos 
entender o processo de influência de uma língua sobre a outra em 
razão das demandas políticas e sociais da época.
O processo de redação do Antigo ou Primeiro Testamento 
deu-se em hebraico, com algumas exceções:
• Em aramaico, foram escritas as passagens de Esdras 4,6—
6, 18; 7,12-26; Daniel 2,4-7.28; duas palavras em Gênesis 
31,47; uma frase em Jeremias 10,11.
• Em grego, foram escritos os livros de 2 Macabeus, Sabe-
doria e Eclesiástico (embora o original desse último seja 
hebraico).
• Escritos parcialmente em grego foram os livros Ester, Ju-
dite, 1 Macabeus, Tobias, além de partes de Daniel (3,24-
90; 13-14), Baruc e Carta de Jeremias (C.Jr).
• O Novo ou Segundo Testamento foi todo escrito em grego 
κοινῆ (koiné = comum).
Koiné ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A koiné pode ser considerada um tipo de linguagem grega coloquial e popular 
com influências semíticas. Com a expansão do império grego e, posteriormente, 
do romano, o mundo tornou-se helenista e bilíngue, devido a isso, sabemos que 
os judeus falavam tanto a koinê quanto a sua língua nativa. Já na segunda meta-
de do século 2 d.C. (após 150 d.C.), o grego suplantou todos os outros dialetos. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel40
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Materiais usados na confecção dos escritos
Acerca do material empregado para o registro dos escritos 
bíblicos, sabemos que os mais primitivos e comuns para o registro 
escrito eram:
• a pele crua, comumente de carneiro;
• o papiro, comum no Egito e usado desde 3000 a.C.;
• o pergaminho, pelo ano 100 a.C., oriundo de Pérgamo, na 
Ásia Menor, de onde proveio sua denominação;
• outros materiais como pedra, metal, tijolo, cerâmica e ós-
traca (concha de ostra). 
Os primeiros livros eram muito diferentes da aparência que 
tem a Bíblia hoje. Na Babilônia, por exemplo, quando desejavam 
registrar algo (como a narrativa sumeriana do dilúvio, datada de 
2.100 a.C.), o material usado era o barro moldado em forma de 
placas (ou pranchas), que eram levadas ao forno e secas. Desse 
modo, adquiriam a necessária resistência para as longas jornadas.
Ao final do século 2 a.C., a composição do Antigo Testamen-
to, como o conhecemos, foi encerrada, embora ainda houvesse 
alguma diferença na ordem dos livros, que foram escritos em rolos 
de pergaminho. No hebraico moderno, o termo que significa "li-
vro" possuía o sentido de "rolo" no hebraico bíblico. 
Após a escrita 
No terceiro milênio a.C., é provável que os egípcios já empre-
gassem o papiro para o registro de documentos, cartas e tratados. 
O papiro (P) era extraído de uma planta que se desenvolvia às mar-
gens do delta do Rio Nilo; era um material produzido, basicamen-
te, pelos egípcios. O caule que chegava a 6 metros de altura era 
cortado em lâminas bem finas, por meio de um instrumental espe-
cial desenvolvido pelos egípcios; após as lâminas serem cortadas, 
eram dispostas lado a lado, verticalmente, e, a seguir, sobre essa 
fila disposta, eram colocadas outras lâminas na posição horizontal, 
41© Introdução Geral à Bíblia
formando um ângulo reto, as quais eram molhadas, prensadas e 
polidas; após secas, eram utilizadas para a escrita.
Entende-se que a cor desse material era amarelo ou cinza claro, 
mas o tamanho variava conforme a necessidade. Há papiros de até 
45 metros de comprimento. As obras gregas alcançavam entre 10 
e 12 metros de extensão. Sabe-se que os gregos importavam esse 
material do Egito, provavelmente, desde meados do V século a.C. 
(BITTENCOURT, 1993, p. 66).
A face em que os escritos apareciam nos papiros se chamava 
recto, e as colunas possuíam cerca de 7cm de largura (entre linhas 
de 1,5 a 2,0cm para as anotações). Tratava-se de um material para 
redação precioso e frágil, que, em temperaturas altas, se tornava 
quebradiço. Em função do difícil manuseio, no começo do século 
2, começou a ser substituído pelos cadernos. Não se sabe se os 
cadernos foram inventados por cristãos, mas foram seguramente 
colocados em uso por eles. 
Com seu uso frequente, percebeu-se que o espaço que os 
rolos requeriam era demasiado grande, o que tornava ainda mais 
difícil o seu manuseio. Isso pode ser ilustrado pelo códicede Ches-
ter Beatty, formado por três papiros que contêm diferentes tre-
chos bíblicos:
1) Papiro Chester Beatty nº 1 (P45) − os quatro evangelhos 
(Mateus, Marcos, Lucas e João) e Atos.
2) Papiro Chester Beatty nº 2 (P46) − Romanos, Primeira Co-
ríntios, Segunda Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossen-
ses, Gálatas, Primeira Tessalonicenses e Hebreus. 
3) Papiro Chester Beatty nº 3 (P47) − Apocalipse – primeira 
metade do século 1.
No século 3 d.C., havia um códice formado por quatro evan-
gelhos e pelo livro de Atos. Assim como no caso mencionado ante-
riormente, esses livros, na forma de rolos, formaram um conjunto 
de cinco rolos separados, o que causava alguma dificuldade no 
manuseio dos textos.
Quando os copistas iniciavam uma obra (códice), tinham de 
calcular o tanto de material que iriam necessitar, e, por isso, alguns 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel42
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
papiros eram usados frente e verso. Quando usados no verso, a lei-
tura tornava-se mais difícil; por vezes, todo o trabalho era efetuado 
em apenas um único caderno, como é o caso do P75 (Lucas e João). 
Os primeiros cadernos reunidos em livros tinham de oito a 
dez folhas e, mesmo assim, continham muito conteúdo. Segundo 
Peter Katz "parece verossímil de que foram os cristãos gentios que 
adotaram a forma de códice para as Escrituras para diferenciarem-
-se do uso feito pelos judeus na sinagoga". 
Já por volta do século 4 d.C., o material que passou a ser 
utilizado foi o couro dos cordeiros (dos currais) e das gazelas (dos 
campos). Assim, surgiram os pergaminhos.
Modo de preparo dos pergaminhos:
• O pelo era removido e o interior raspado com pedra-po-
mes.
• Depois, era purificado com um tipo de material seme-
lhante a cal e, assim, tornava-se branco, de grande du-
rabilidade e de fácil escrita; poderia receber tinta preta e 
outros motivos decorativos.
• O lado usado para a escrita era aquele cujos pelos foram 
raspados.
O pergaminho, entre judeus e cristãos, era conhecido antes 
do século 4; há pergaminhos datados dos séculos 2 e 3. Na litera-
tura não religiosa, sabe-se de seu uso bem mais cedo, por volta do 
século 1, todavia, este só superou o papiro por volta dos séculos 
3 e 4.
A escrita sobre os pergaminhos era inicialmente realizada 
com penas metálicas e, posteriormente, com penas de ganso so-
bre linhas feitas com estilete. A delicadeza e a arte empregadas na 
redação desses pergaminhos podiam ser notadas no uso de moti-
vos coloridos e letras douradas e prateadas; mas, em geral, usava-
-se tinta preta e vermelha. Como esse material era caro, poderia 
ser reutilizado, e, se caso um pergaminho fosse reaproveitado, as 
palavras eram raspadas, e o material, novamente usado.
43© Introdução Geral à Bíblia
Essa prática foi condenada pelo Concílio de Trullo (692 d.C.), 
mas, dos 297 manuscritos que se conhece, 52 são os palimpsestos 
(pergaminhos nos quais, por meio da raspagem, se faz desapare-
cer a primeira escrita para, então, a sua reutilização). Por vezes, a 
primeira escrita pode ser recuperada com o auxílio de processos 
químicos, e, atualmente, o uso de raio ultravioleta tem servido à 
leitura desses textos raspados.
O uso do pergaminho só diminuiu por volta do século 12, 
quando começou a ser substituído pelo papel. O papel foi inventa-
do pelos chineses no século 1 d.C., mas passou a ser utilizado pelo 
mundo árabe apenas no século 8. Dos 5.300 manuscritos (MSS) do 
Novo Testamento, sabemos que 1.250 foram escritos em papel, 
que era uma imitação do pergaminho. 
Quanto à escrita, nas inscrições, usavam-se letras altas e re-
gulares; os MSS mais antigos possuíam apenas letras maiúsculas, 
que se diferenciavam das outras maiúsculas por serem mais re-
dondas e sem separação muito definida. Essas letras eram chama-
das unciais e se caracterizavam por serem um tipo de texto contí-
nuo. Somente após o século 11, a escrita passou a ser contínua e 
em letra minúscula, passando a se chamar cursiva.
Os manuscritos mais antigos não tinham elementos para 
auxiliar o leitor. O sistema de separação mais antigo pode ser 
encontrado no Códice Vaticano, que é o mais antigo dos Unciais 
(325-350 d.C.), e, até 1475, não se tinha conhecimento dele. Ao 
ser catalogado na biblioteca do Vaticano, descobriu-se que esses 
manuscritos continham grande parte do Antigo Testamento (ver-
são LXX), alguns apócrifos e o Novo Testamento em grego.
Há, também, o sistema criado por Eusébio de Cesareia para 
a localização de trechos dos evangelhos: os cânones eusebianos. 
Vírgula e ponto não eram sinais comuns nos escritos originais; 
eles somente passaram a ser utilizados por volta do século 4 d.C. 
para indicar uma frase simples ou uma pequena frase de senti-
do completo. Tampouco existia, também, a divisão dos textos em 
© Introdução Geral à Bíblia e História de Israel44
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
capítulos e versículos; essa organização foi elaborada por Estêvão 
Langton, arcebispo de Cantuária (1226-1228), e, posteriormente, 
aplicada pelo frei Sante Pagnini ao Antigo Testamento.
6. AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA
Atualmente, é comum a publicação e o comércio de Bíblias 
de diferentes tradutores e editores. Há versões em diferentes lín-
guas, com traduções em linguagem popular e anotações direcio-
nadas para os públicos adulto, jovem e infantil. Nas traduções mais 
confiáveis, contudo, o texto de referência é o escrito original em 
língua hebraica, conhecido por Bíblia hebraica (BH) ou texto mas-
sorético (TM) e os originais em grego.
Traduções do Antigo Testamento 
A fim de melhor entender esse tópico, vamos começar defi-
nindo o termo "cânon". 
Cânon ("κανών" − kanón) é uma palavra grega originária de 
um empréstimo semítico הנק (kanê), cujo sentido é "junco", que 
passou a designar "vara de medir" e, posteriormente, "regra", "pa-
drão" ou "norma". Tardiamente, adquiriu o significado de "lista" 
ou "tabela"; durante os séculos 2 e 3, o vocábulo referiu-se ao con-
teúdo normativo doutrinário e ético da fé cristã e, por volta do 
século 4, passou a designar lista de livros que constitui Antigo e o 
Novo Testamento. Atualmente, o sentido mais comum correspon-
de à coleção encerrada de documentos que formam a Bíblia.
O cânon da BH, como o da Bíblia protestante, não contém os 
chamados livros apócrifos. Para a tradição judaico-cristã, os livros 
apócrifos são considerados textos não inspirados, assim como os 
pseudoepígrafos, coleções judaicas do mesmo período cujos auto-
res reais são desconhecidos. Em geral, esses textos recebiam no-
mes de autores conhecidos, mas não há evidência de que tenham 
sido realmente escritos por eles. Conjectura-se que essa tenha 
45© Introdução Geral à Bíblia
sido a forma encontrada por editores menores para que seus tex-
tos fossem aceitos. 
Os sete livros deuterocanônicos adotados pela Septuaginta 
(LXX) são: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e 
Baruc. Esse cânon corresponde ao reconhecido pelos rabinos em 
Jamnia (90 d.C.). 
O arranjo da BH (cânon hebraico, judaico ou texto massoréti-
co) corresponde a 24 livros. São eles:
a) A Torá (a Lei): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deu-
teronômio. 
b) Os Profetas:
• os Anteriores: Josué, Juízes, Samuel (1 e 2 considera-
dos em conjunto) e Reis (1 e 2 em conjunto);
• Os Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e o Rolo dos 
Doze: Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, 
Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Mala-
quias.
c) Os Escritos:
• Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó;
• Os Cinco Rolos (Megilot), usados por ocasião de uma 
festa específica: Cântico dos Cânticos (Festa da Pás-
coa), Rute (Festa dos Pentecostes), Lamentações (9 
do mês de Abibe), Eclesiastes ou Coélet (Festa dos Ta-
bernáculos) e Ester (Festa do Purim).
• História: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas (1 e 2 em 
conjunto).
Esse conjunto de livros é conhecido, também, sob o título 
de Livros Protocanônicos (Próteros + kanón), pois corresponde à 
primeira lista de livros

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