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O cortisol O cortisol é considerado como o principal glicocorticoide sintetizado pelo organismo humano. Sua síntese ocorre na zona fasciculada do córtex da glândula suprarrenal. O seu precursor é o colesterol, que é captado pelas células da zona fasciculada a partir de receptores para LDL. Ao adentrar na célula, ele é esterificado e estocado em vacúolos citoplasmáticos. O principal estimulante para todo esse processo é o ACTH produzido pelos corticotrofos da adeno-hipófise. Esse hormônio estimula a esterificação do colesterol por estimular a enzima esterase de colesterol e inibindo a colesterol aciltransferase. Para o metabolismo do colesterol visando a produção de cortisol, é necessário que ele seja transferido para a membrana interna da mitocôndria e, para isso, há ação da proteína StAR, que possui sua transcrição gênica estimulada pelo ACTH. Na membrana interna da mitocôndria, a molécula de colesterol sofre clivagem da sua cadeia lateral e transforma-se em pregnolona pela ação da enzima CYP11A1. O restante do processo ocorre da seguinte maneira: 1.Síntese: A enzima que encerra o processo de síntese do cortisol é a 11β-hidroxilase, que transforma 11-desoxicortisol em cortisol. O cortisol apenas sintetizado na zona fasciculada pois na zona glomerulosa há ausência de CYP17 e na zona reticular há ausência de CYP11B1. Para a produção e liberação de cortisol há ação do ACTH, que é produzido pelos corticotrofos da adeno-hipófise a partir de estímulo do CRH produzido no hipotálamo. Nos corticotrofos, o CRH liga-se aos receptores CRH-R1 ou AVPR-3 para estimular a produção da POMC, que passa por diversas clivagens até formar o ACHT, que, por fim, estimula as células da zona fasciculada a produzirem cortisol. O cortisol, quando produzido, ainda pode atuar como regulador da produção de ACTH a partir de uma alça longa de feedback negativo tanto na hipófise quanto no hipotálamo. A produção de ACTH é estimulada pelo ritmo cicardiano pela ação do núcleo supraquiasmático do hipotálamo sobre a produção de CRH. O pico do ritmo cicardiano desse glicocorticoide ocorre em horários próximos ao despertar (entre 4-6h da manhã). Esse ciclo é dependente do ciclo dia-noite, do padrão sono- vigília e do hábito alimentar. 2.Regulação: O cortisol O estresse físico e psicológico, febre, hipotensão arterial e hipoglicemia são processos que estimulam a síntese e liberação de cortisol. Nas células da zona fasciculada, o ACTH regula a captação das lipoproteínas, aumentando a transcrição dos genes dos receptores de lipoproteínas. Ele também aumenta a síntese de StAR, bem como aumenta a proliferação das células dessa zona (atuando como um hormônio trófico). Logo, a produção excessiva de ACTH causa hiperplasia glandular. Esse processo hiperplásico ocorre a partir do estímulo à produção de fatores mitogênicos, fatores angiogênicos e aumento da expressão dos receptores de melanocortina 2 (MC2R), que é o receptor no qual o ACTH liga-se para produzir todos os seus efeitos na zona fasciculada. Cerca de 80% das concentrações séricas de cortisol estão ligadas à globulina transportadora de cortisol (CGB), que é sintetizada no fígado. O resto do cortisol está ligado à albumina ou está na forma livre. A bioatividade do cortisol é regulada pela ação das enzimas periféricas 11B-HSD1 e 11B-HSD2. A inativação do hormônio a partir de sua transformação em cortisona é feita pela isoforma 11B-HSD2 no fígado, rim, colo e glândula salivar. 3.Ações do ACTH: 4.Metabolismo do cortisol: A 11B-HSD2 também é expressa juntamente aos receptores de mineralocorticoides (MR), pois o cortisol também é capaz de ligar-se a eles, mas, para prevenir isso, essa isoforma inativa o glicocorticoide. Pessoas com deficiência congênita da 11B-HSD2 são acometidas por excesso aparente de mineralocorticoide (pois há grande ativação dos MR pelo cortisol) com hipopotassemia e hipertensão arterial (aumento do SRAA). Já a 11B-HSD1 é expressa no fígado, testículos, pulmão e tecido adiposo e atua na redução da cortisona em cortisol, ou seja, faz o processo inverso da 11B-HSD2. O cortisol e a cortisona são transformados no fígado em seus derivados tetrahidro e excretados na urina conjugados a glicuronídios. O cortisol age como um contrarregulador da insulina, ou seja, tem efeitos opostos aos dela pra proteger o organismo contra a hipoglicemia. Logo, ele estimula a gliconeogênese hepática (a partir do aumento da atuação da enzima PEPCK) e glicogenólise. O cortisol estimula a diferenciação de adipócitos, pois atua na ativação da lipase lipoproteica, glierol-3-fosfato desidrogenase e leptina, o que contribui para a obesidade visceral. 5.Ações sistêmicas do cortisol: a)Metabolismo dos carboidratos: b)Metabolismo lipídico: O cortisol O cortisol inibe a divisão de queratinócitos, bem como reduz a presença de ácido hialurônico na derme e diminui as mitoses epidérmicas. Devido a isso há presença de estrias violáceas em pacientes com hipercortisolismo. O cortisol leva a alterações catabólicas no tecido muscular, com inibição da síntese proteica e da captação de aminoácidos (devido ao aumento da gliconeogênese hepática). Há, então, quando em excesso desse hormônio, atrofia muscular mediada pelo sistema ubiquitina- proteassoma com estímulo de atrogenes, Além disso, há redução de IGF-I e aumento da miostatina, que induz a atrofia muscular. O cortisol leva ao estímulo da síntese de angiotensinogênio, aumenta a TFG e eleva o transporte de sódio no túbulo proximal. Ademais, por ser capaz de atuar nos MR, o excesso de cortisol leva ao aumento da reabsorção de sódio nas regiões distais do néfron e aumenta a excreção de potássio. c)Pele: d)Tecido muscular: e)Rins: O cortisol causa o aumento da responsividade aos fatores vasoativos (como a ANGII e a epinefrina). Isso ocorre devido o estímulo desse hormônio no aumento da transcrição dos receptores desses agentes. O cortisol também leva ao aumento das concentrações intracelulares de cálcio. O excesso de cortisol, devido aos seus efeitos nos MR, leva à HAS por saturação da atividade da 11B-HSD2 nesses receptores. Por fim, o cortisol inibe a síntese de óxido nítrico. A exposição crônica aos glicocorticoides leva à osteopenia ou até mesmo à osteoporose. Isso ocorre devido à inibição que esses hormônios fazem direcionada à atuação osteoblástica; além de inibirem a ação da vitamina D nos enterócitos (diminuição da absorção de cálcio no TGI). Ademais, os glicocorticoides em excesso amplificam a ação osteoclástica, pois diminui os níveis de osteoprotegerina (enzima que impede a reabsorção óssea) e aumentam o RANKL (proteína que incentiva a degradação óssea para aumento de cálcio no sangue). f)Sistema cardiovascular: g)Ossos:
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