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Dificuldade de Aprendizagem Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Priscila Alvarenga Cardoso Gimenes Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia • Transtornos específicos de aprendizagem: Dislexia; • Aspectos Gerais sobre o Processo de Alfabetização e Dificuldades Comuns Neste Processo; • Dislexia: Conceito, Etiologia e Características. • Compreender alguns aspectos do processo de alfabetização, bem como as difi culdades de aprendizagem mais comuns deste processo; • Distinguir os principais conceitos, a etiologia, características da Dislexia; • Refl etir sobre possíveis formas de avaliação e intervenções pedagógicas com alunos com Dislexia. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Transtornos Específi cos de Aprendizagem: Dislexia Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia Introdução Nesta unidade abordaremos a dislexia, definida como um transtorno (ou distúr- bio) específico de aprendizagem que envolve dificuldades nas habilidades relaciona- das à linguagem, sobretudo à leitura. Figura 1 – Albert Einstein Fonte: Wikimedia Commons Figura 2 – Tom Cruise Fonte: Wikimedia Commons Figura 3 – Wall Disney Fonte: Wikimedia Commons Importante! Você sabe o que estes homens têm em comum além da fama? Eles foram diagnosticados com Dislexia! Vamos conhecer melhor este transtorno que acomete tantas pessoas? Você Sabia? A dislexia é um dos transtornos de aprendizagem mais comuns encontrados na escola, entretanto seu diagnóstico exige atenção tanto da equipe escolar, quanto dos profissionais da equipe multidisciplinar que avaliam e acompanham a criança, pois durante o período de alfabetização podem ser observadas dificuldades carac- terísticas do transtorno, que com o tempo são superadas. A este respeito, Sampaio (2011) afirma que antes do diagnóstico de dislexia é pre- ciso considerar os fatores que podem desencadear prejuízos na leitura e na escrita, tais como: carência de estímulos, dificuldades emocionais, métodos de aprendizagem e estratégias didáticas que não contemplam a individualidade dos alunos, problemas de saúde ou nos órgãos dos sentidos, deficiências, imaturidade (neurológica e emo- cional), entre outros, sobretudo no período de aquisição da língua escrita. A autora aponta ainda que muitas crianças enfrentam dificuldades quando estão aprendendo a ler e a escrever e um diagnóstico errado e precipitado pode levar ao rótulo de dislexia. Nesse sentido, é fundamental, antes de abordar a dislexia, refletir sobre o pro- cesso de alfabetização e algumas dificuldades comuns enfrentadas pelas crianças neste processo para que estas dificuldades ou falhas no processo de alfabetização não sejam erroneamente classificadas como dislexia. 8 9 Aspectos Gerais sobre o Processo de Alfabetização e Dificuldades Comuns Neste Processo Como já vimos nas unidades anteriores, a aprendizagem é um processo comple- xo que envolve diversas variáveis tanto intrínsecas quanto extrínsecas à pessoa. Em se tratando da alfabetização, estas variáveis definem como a criança vivenciará este processo e quais dificuldades poderá encontrar. Figura 4 Fonte: Getty Images Para Soares (2017), a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas e vice versa que envolve a compreensão/expressão de significados por meio do código escrito (alfabetização e letramento). Este processo sofre inter- ferência de questões ambientais, culturais, sociais, sociolinguísticas e linguísticas e precisa ser compreendido a partir de diversas facetas, tais como a psicológica, eco- nômica e política. A autora aponta ainda que a alfabetização se refere não somente a uma habilidade, mas sim ao conjunto de habilidades, o que a caracteriza como um fenômeno multifacetado e de natureza complexa. De forma geral, a construção da base para o processo de alfabetização se inicia nos primeiros meses de vida do bebê, quando ele começa a se apropriar das infor- mações referentes a sua língua materna e a interagir com as pessoas com quem convive. A princípio, por meio de vocalizações que com o tempo se aproximam de palavras possibilitando a criança de dois a três anos ser capaz de se comunicar. Estas informações servirão de referência para o desenvolvimento da linguagem oral e posteriormente à linguagem escrita. É válido ressaltar a importância de um desenvolvimento adequado da lingua- gem oral para posterior sucesso no processo de aprendizagem da língua escrita. 9 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia Neste sentido, quando são identificados transtornos da comunicação (déficits na linguagem, na fala ou na comunicação) é fundamental que a família busque aten- dimentos necessários para minimizar os impactos desses transtornos no processo de alfabetização. Nestes casos, é preciso atenção, pois embora uma das características da dislexia seja a dificuldade na aquisição da linguagem oral, muitas crianças apresentam difi- culdades de linguagem, fala ou comunicação, porém não possuem dislexia. Para conhecer mais sobre os transtornos da linguagem e da comunicação, leia o capítulo 10 - intitulado: Transtornos da linguagem do livro: Transtornos de aprendizagem: abordagem neurobiológica e Multidisciplinar, organizado por Newra Rotta, Lygia Ohlweiler e Rudimar Riesgo (2016) - disponível na Biblioteca Virtual - Minha Biblioteca. Neste capítulo você co- nhecerá aspectos neurobiológicos dos transtornos de linguagem. Também busque o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-V (2014) - capítulo que aborda os Transtornos da comunicação. Este manual apresenta considerações importantes e constitui uma referência para profissionais da saúde identificar estes transtornos. Ex pl or Mesmo antes de iniciar o processo formal de alfabetização, a criança formula hi- póteses sobre a escrita e sua função social. Dependendo do estímulo que recebem, muitas já estabelecem relações importantes com o código de escrita. Uma das primeiras etapas da alfabetização é a representação da escrita por meio de desenhos, posteriormente as crianças utilizam rabiscos, diferenciando odesenho da “escrita”. Conforme ampliam seus conhecimentos sobre o alfabe- to, começam a substituir os rabiscos por letras ou tentativas de grafar as letras. Inicialmente as letras não correspondem aos sons que compõe a palavra, tam- pouco apresentam relações com as sílabas (número de letras ou sílabas). Con- forme compreende as relações entre as sílabas, o som das letras e a construção das palavras, começa a atribuir uma letra para cada sílaba ou som da palavra, inicialmente sem correspondência sonora e na sequência com os referidos sons. Em um próximo passo as crianças começam a utilizar duas letras, ou mais, para representar uma sílaba e em seguida já conseguem compreender a utilização adequada das letras para a construção das palavras, demonstrando possuir a consciência fonológica. De acordo com Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984), estas fases pelas quais as crianças passam no início do processo de alfabetiza- ção são denominadas: • Hipótese pré-silábica: que engloba as formas de representação escrita que vão desde o desenho, o rabisco e o início da utilização de letras (sem que sejam estabelecidas as relações sonoras). • Hipótese silábica: diz respeito às formas de representação de escrita em que a criança começa a compreender que precisa utilizar uma letra para represen- tar cada som, inicialmente sem estabelecer relações sonoras e posteriormente atentando-se ao som de cada sílaba, utilizando as letras correspondente a ele; Entre a Hipótese silábica e a alfabética há um nível intermediário em que a 10 11 criança começa a utilizar duas ou mais letras em algumas sílabas, mas ainda não compreende o sistema de escrita; • Hipótese alfabética: a criança passa a utilizar as letras correspondentes aos sons de cada sílaba, demonstrando compreensão do princípio alfabético. Figura 5 Fonte: Getty Images Ao alcançar a hipótese alfabética, a criança passa a ser capaz de produzir frases e textos, podendo dar sequência ao seu processo de alfabetização. As fases descritas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984) representam a progressão nos níveis de orga- nização conceitual e a ampliação dos conhecimentos da criança sobre a língua escrita. Muitas crianças encontram dificuldades em seu processo de construção de conhecimentos sobre a língua escrita. E você? Lembra-se de como foi o seu processo de alfabetização? Re- corda quais eram as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores para assegurar que você e sua turma aprendessem a língua escrita? Tem lembrança de algum colega que não se alfabetizou como os demais? Qual o papel da sua família neste processo? Suas recordações são, em sua maioria, positivas ou negativas? Ex pl or Ao descrever os primeiros passos da construção da língua escrita, parece tratar- -se de uma sucessão de aquisições que ocorre de forma tranquila para todas as crianças, como a aprendizagem da linguagem oral. Entretanto, muitas crianças encontram inúmeras barreiras para chegar à hipótese alfabética. Em relação às diferenças entre a aquisição da linguagem oral e escrita, Cagliari afirma que: Se refletirmos, por algum momento, sobre o processo de aquisição da linguagem oral, veremos que as crianças aprendem a falar naturalmente. Dotada de características genéticas para falar, em contato com o modelo, a criança em pouquíssimo tempo adquire o domínio verbal de sua língua. Neste contato, tem a oportunidade e a liberdade de atuar sobre o objeto (a fala), de formular hipóteses sobre suas formas, de tentar generalizações, de errar (por que não?) na busca dos caminhos permitidos pelo modelo. 11 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia Quando suas tentativas não são bem-sucedidas, os falantes adultos, de vários modos, atuam como mediadores entre a criança e o modelo, de tal modo que ela acaba construindo naturalmente o seu sistema linguístico de forma adequada. (CALIGARI, 2009, p.85-86) O autor aborda que a mesma naturalidade não ocorre com a aquisição da língua escrita, em que é imposto à criança um modelo que na maioria das vezes (depen- dendo dos métodos pedagógicos utilizados) não permite a experimentação, tentati- vas e descobertas, limitando-se a cópias e repetições de tarefas, que em sua maioria não faz sentido para a criança e não possibilita que ela avance em seu processo de construção da linguagem escrita. Nesse sentido, a utilização de propostas pedagógicas adequadas e a atuação pontual do professor como mediador (atendendo às necessidades específicas de cada aluno) são fundamentais para que as crianças sejam motivadas a vencer os obstáculos presentes no processo de alfabetização. Também precisam ser compreendidos como barreiras ou obstáculos os diversos fatores que interferem negativamente no processo de aprendizagem, tais como problemas nutricionais, doenças crônicas, comprometimentos físicos ou nos órgãos dos sentidos (exemplo: baixa audição ou visão), dificuldades emocionais, traumas, motivação pessoal e autoestima baixas, pouca expectativa dos familiares em rela- ção ao processo de aprendizagem da criança, carências culturais e sociais e de es- tímulos para a aprendizagem e desenvolvimento, ausências contínuas das aulas, condições físicas e recursos materiais inadequados das instituições escolares. Entre- tanto, é válido pontuar que estas dificuldades, na maior parte dos casos, afetam todo o processo de aprendizagem da criança e não somente a alfabetização. Por se tratar de um processo complexo que envolve diversos fatores, os docu- mentos oficiais do Ministério da Educação consideram que a criança tem até o final do sétimo ano para se apropriar da língua escrita. Após esta idade, desde que sejam ofertadas as condições mínimas de escolarização e não sejam observados os obstáculos citados acima, é esperado que o alu- no domine o código de escrita e comunique-se por meio desta linguagem. Caso ela ainda não tenha adquirido esta habilidade, é importante que sejam realizadas avaliações a fim de identifi- car as causas da não aprendizagem. Ao longo do processo de alfabetização, algu- mas dificuldades são comuns e estão relacionadas a dificuldades na memorização das letras, ao esta- belecimento das relações entre letras e sons ou na construção das sílabas, na superação da ideia que a escrita representa (exatamente) a fala, na fluên- cia da leitura, entre outros. Sampaio (2011, p. 111) afirma que durante o processo de aprendizagem da leitura e da escrita é comum e esperado que ocorra Figura 6 Fonte: Getty Images 12 13 a omissão, inversão, inclusão ou troca de letras na escrita. Para a autora: “[...] Algumas crianças invertem as letras b, d, p; outras, ao ler trocam as letras de lugar, por exemplo: falam seta ao invés de esta.” Quando há intervenção pontual do docente, esta fase é pas- sageira. Entretanto, se mesmo com a atuação precisa e atenta do professor ou de outros especialistas as dificuldades persistirem, pode tratar-se de um caso de dislexia. Embora a dislexia seja diagnosticada na maior parte dos casos a partir dos oito anos, muitas características são observadas desde os primeiros anos de vida da criança. A seguir, conheceremos estas características. Dislexia: Conceito, Etiologia e Características O primeiro estudo a utilizar o termo dislexia foi registrado em 1872 por Berlin e Kerr. Posteriormente, em 1896, Morgan publicou o “[...] caso de um adoles- cente com incapacidade para ler, embora, se avaliado cognitivamente, deveria ter condições de fazê-lo” (ROTA; PEDROSO, 2007, p.151), esta condição recebeu o nome de ‘cegueira verbal’. Em 1907, Stevenson registrou o caso de seis pessoas, da mesma família, com ‘cegueira verbal’. Em 1917, Hinshelwood voltou a utilizar a expressão dislexia, porém creditou sua causa a um comprometimento no cérebro que afetava a memória visual. Posteriormente, devido aos avanços nos estudos, constatou-se que não se tratava de dificuldades relacionadas à capacidade visual, mas sim ao funcionamento de áreas cerebrais responsáveispela linguagem. Figura 7 Fonte: Getty Images Em meados da década de 1930, Orton desenvolveu diversas pesquisas tendo como foco as dificuldades de leitura, sendo que inicialmente creditou as dificulda- des a distorções percepto-linguísticas específicas e posteriormente a questões ge- néticas. Outros autores buscaram explicar a origem da dislexia a partir da matu- ração psiconeurológica ou dificuldades na dominância lateral. Em 1950, Hallgério publicou o primeiro estudo clínico e genético sobre a dislexia, colaborando para a superação da compreensão da origem da dislexia a partir da maturação cerebral, aspectos psicológicos e adversidades sociais. A partir desta publicação, diversos 13 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia autores se preocuparam com a definição correta da dislexia e sua relação com alterações no funcionamento cerebral. Com a evolução nos exames eletrencefalo- gráficos, após a década de 1990, estes estudos foram aprimorados, possibilitando compreender e definir a dislexia a partir de alterações anatômicas e funcionais no cérebro. Embora ainda não exista uma definição clara sobre a origem da dis- lexia, dado o avanço nas ciências e nos equipamentos de neuroimagem e demais recursos tecnológicos, atualmente é possível identificar e localizar as alterações no desenvolvimento e funcionamento cerebral, bem como as alterações cromos- sômicas vinculadas a este transtorno. De acordo com o DSM-V, a dislexia faz parte dos transtornos de aprendizagem, definida como: [...] um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem bioló- gica que é a base das anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão. (DSM-V, 2015, p.68) Para Rodrigues e Ciasca (2016), a dislexia é definida como um transtorno espe- cífico de aprendizagem que acomete pessoas de todas as origens e níveis sociais, caracterizando-se por: “dificuldade na precisão (e/ou fluência), no reconhecimento de palavras e baixa capacidade de decodificação e de soletração” (RODRIGES; CIASCA, 2016, p.87). Para as autoras, estas dificuldades estão relacionadas a dé- ficits no processamento fonológico, resultando em reduzida experiência de leitura e dificuldades na compreensão do que foi lido. Já Lima, Salgado e Ciasca (2011, p.756) afirmam que “indivíduos com dislexia apresentam déficits específicos nas funções neuropsicológicas, tais como no processamento visual e auditivo, no siste- ma fonológico da linguagem, na atenção e nas funções executivas”. É importante ressaltar que para a realização de um diagnóstico é fundamental considerar o potencial intelectual, a ausência de déficits sensoriais e instrução edu- cacional adequada. Outro aspecto relevante é que embora o transtorno se torne evidente no período escolar, ele acompanha a criança ao longo de seu desen- volvimento, sendo possível identificar dificuldades associadas ao quadro, desde os primeiros anos de vida, como é o caso de dificuldades na linguagem e comprome- timentos na orientação espacial. A dislexia acomete de 3% a 10% dos alunos em idade escolar. Destes, a maior parte é do sexo masculino, pois este transtorno tem predomínio em meninos em uma proporção de 5:1 (enquanto cinco meninos são diagnosticados com dislexia, apenas uma menina recebe este diagnóstico). Há estudos apontando que mais de 50% das crianças com dislexia possuem algum familiar que também apresenta o transtorno, ressaltando a presença do componente genético na origem deste transtorno. Ex pl or 14 15 As principais características da dislexia, de acordo com o DSM - V e sistematiza- da por Rodrigues e Ciasca (2016, p.88) são: • Leitura de palavras é feita de forma imprecisa ou lenta, demandando muito esforço. A criança pode, por exemplo, ler palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta (ou lenta e hesitante); frequentemente, tenta adivinhar as palavras e tem dificuldade para soletrá-las; • Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Pode realizar leitura com precisão, porém não compreende a sequência, as rela- ções, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido; • Dificuldade na ortografia, sendo identificado, por exemplo, adição, omissão ou substituição de vogais e/ou consoantes; • Dificuldade com a expressão escrita, podendo ser identificados múl- tiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprego ou orga- nização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza. O manual (DSM-5)7 considera que, além dos sintomas mencionados, deve-se levar em consideração os seguintes critérios: • Persistência da dificuldade por pelo menos 6 meses (apesar de inter- venção dirigida); • Habilidades acadêmicas substancial e qualitativamente abaixo do es- perado para a idade cronológica (confirmado por testes individuais e avaliação clínica abrangente); • As dificuldades iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências acadêmicas exce- dam a capacidade limitada do indivíduo, como, por exemplo: baixo desempenho em testes cronometrados; leitura ou escrita de textos complexos ou mais longos e com prazo curto; alta sobrecarga de exigências acadêmicas; • As dificuldades não são explicadas por deficiências, transtornos neu- rológicos, adversidade psicossocial, instrução acadêmica inadequada ou falta de proficiência na língua de instrução acadêmica. A dislexia pode ser classificada de várias formas, dependendo da concepção do pesquisador, sendo uma das classificações proposta por Myklebust e Jonhson na qual distinguiram a dislexia visual e dislexia auditiva. A auditiva está relacionada a dificuldades significativas na discriminação de sons de letras e palavras, memoriza- ção de padrões de sons, sequências de palavras, instruções e histórias. Já a dislexia visual se refere a dificuldades em seguir e memorizar as sequências visuais e na integração visual de imagens. Frequentemente, nestes casos, as crianças apresen- tam inversões, reversões, omissões, distorções e substituições de letras e palavras. Confundem letras e palavras na leitura e na escrita, sendo a leitura lenta e vacilante. Em muitos casos, as crianças apresentam as duas formas de dislexia. Outra possibilidade de classificação é a proposta por Border, na qual apresenta a dislexia disfonética, a diseidética e a mista. Para o autor, a dislexia disfonética está relacionada a dificuldades com a análise e síntese das palavras desencadeando com- 15 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia prometimento na leitura de palavras desconhecidas. Nestes casos, é comum que no momento da leitura a criança recorra a leitura sem fluência. Rotta e Pedroso (2006, p.161) afirmam que a criança com a dislexia disfonética começa e realizar a leitura, mas: “[...] em seguida passa a adivinhar algumas palavras, considerando partes delas, por exemplo: lê “medida por menina”. Comete erros na leitura e na escrita, do tipo inversão, omissão ou agregação de fonemas ou de sílabas, por exemplo: “lata por alta””. A dislexia diseidética é caracterizada por dificuldades na leitura lenta, a partir da decomposição da palavra em partes ou sílabas, pois apresenta a dificuldades na realização da leitura global (lexical). Este padrão de leitura prejudica a compreensão do que é lido. Neste caso também são observadas inversões de letras e falhas na escrita. É considerada a dislexia mista quando as alterações ou dificuldades estão associadas as duas formas apresentadas, podendo ser observadas em diferentes combinações e intensidades. Também pode ser classificada considerando as vias que possibilitam o reconhe- cimento de uma palavra escrita (via léxica ou direta, ou via fonológica, indireta), proposto por Jorm e Share em que a dislexiaé classificada em fonológica (sublexi- cal ou disfonética), Lexical (ou de superfície) e Mista. Para mais informações sobre as características da dislexia, leia o capítulo: Perfil ortográfico de um disléxico, que compõe o livro: A escrita ortográfica na escola e na clínica: teoria, avalia- ção e tratamento, de Sônia Maria Pallaoro Moojen (disponível na Biblioteca virtual Pearson). Ex pl or Avaliação e intervenções pedagógicas em casos de Dislexia Após abordar as características da dislexia, é importante compreender como avaliar uma criança que apresenta as características descritas e como o professor pode intervir com alunos que apresentam estes distúrbios, lembrando que o profes- sor não é responsável pelo diagnóstico, tampouco pelos atendimentos específicos. O papel do professor é observar as dificuldades, realizar algumas avaliações da leitura e escrita e encaminhar para os profissionais específicos, como psicopedago- go, fonoaudiólogo, psicólogo, pediatra, neurologista, oftalmologista, otorrinolarin- gologista, entre outros, a depender de cada caso. Deve-se realizar intervenções em sala de aula para possibilitar que o aluno construa conhecimentos, pois é dever da escola possibilitar o sucesso no processo educacional de todas as crianças, indepen- dentemente de suas características. Em se tratando da avaliação de alunos com suspeita de dislexia, é importante recor- rer aos critérios apresentados no DSM-V (2015) para orientar o processo de avaliação deste aluno, mas alguns aspectos também podem contribuir com este processo. Den- tre eles, é de grande relevância considerar na avaliação o contato com a família para conhecer algumas informações sobre o desenvolvimento da criança, com destaque para a linguagem oral e informações sobre sua trajetória escolar. Também é importan- te verificar se na família há pessoas com dificuldades graves de alfabetização. 16 17 Figura 8 Fonte: Getty Images De acordo com Rotta e Pedroso, na sala de aula o professor deve observar a produção escrita da criança (observar as escritas no caderno e produções espontâ- neas - textos ou palavras) e verificar se há: • leitura e escrita muitas vezes incompreensíveis; • confusões de letras com diferente orientação espacial (p/q; b/d); • confusões de letras com sons semelhantes (b/p; d/t; g/j); • inversões de sílabas ou palavras (par/pra; lata/alta); • substituições de palavras com estruturas semelhantes (contribuiu/construiu); • supressão ou adição de letras ou de sílabas (caalo/cavalo; berla/bela) • repetição de sílabas ou palavras (eu jogo jogo bola; bolo de chococolate) • fragmentação incorreta (querojo garbola/ quero jogar bola) • dificuldade para entender o texto lido. (ROTTA e PEDROSO, 2006) Além destes aspectos apontados pelos autores, pode ser observado também: • escrita com letras espelhadas ou em posição diferente do convencional; • ao realizar a leitura não segue a sequência, pula linhas, volta para a anterior; • leitura lenta para a idade utilizando-se da soletração (reconhece letras isoladas ou lê sílaba por sílaba; palavra por palavra) com pouca - ou nenhuma compreensão; • dificuldades em tarefas que exijam habilidades fonológicas como rimas; • déficits em atividades que envolvem nomeação rápida; • dificuldades com memória verbal de curto prazo; • dificuldades para identificar direita e esquerda e orientar-se no espaço, com dificuldade também para compreensão de mapas ou outras represen- tações espaciais; • geralmente utilizam os dedos para realizar contagens; 17 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia • dificuldades para memorizar sequências como letras do alfabeto, dias da se- mana, meses do ano, leitura de horas, ordem cronológica de fatos de uma história, sequência de parlendas, músicas ou poemas; • dificuldades para memorizar objetos, nomes, sons, palavras. Sampaio (2011) aponta que muitas crianças com dislexia demonstram insegu- rança e baixa autoestima, sentem-se tristes e culpadas pelas dificuldades que apre- sentam, fazendo com que muitos se recusem a realizar as atividades de escrita, com receio de mostrar os erros e repetir o fracasso, sendo de grande importância que o professor compreenda este contexto de fragilidade emocional da criança para conduzir as atividades de escrita em um clima de respeito, confiança e afabilidade. Para obter mais informações sobre a dislexia, conheça o site da Associação Brasileira de Dislexia – ABD no endereço: https://bit.ly/2Eg0nl4 e o site da Associação Internacional de Dislexia – International Dyslexia Association no endereço: https://bit.ly/2JNaCkw Ex pl or Ao constatar as dificuldades citadas anteriormente em algum aluno e analisando os fatores que precisam ser considerados para descartar a dislexia, o professor deve procurar a equipe da escola para conversar com a família e solicitar as avaliações de especialistas. Independentemente do resultado das avaliações (muitas vezes o diagnóstico de- mora a chegar às mãos do professor), é fundamental que se inicie, durante as aulas, um processo de intervenção junto à criança, buscando minimizar as dificuldades verificadas e quiçá superá-las. As atividades devem ser planejadas de acordo com as características, necessida- des e interesse do aluno, adaptando-as para as atividades que estão sendo desen- volvidas com os demais alunos da turma (é fundamental que o aluno com dislexia trabalhe com as mesmas propostas dos colegas de classe) e quando necessário, em casos específicos, propor atividades individualizadas. Também é possível propor atividades que a princípio seriam destinadas para o aluno com dislexia, para toda a turma, tendo em vista que dependendo da atividade todos serão beneficiados. Como uma das características principais da dislexia é o déficit nas habilidades relacionadas ao processamento fonológico, memória e organização espacial, estes aspectos precisam nortear as intervenções e atividades propostas. De acordo com Rodrigues e Ciasca (2016, p.91): Inicialmente, é importante que se tenha percepção de que na compreen- são da leitura múltiplos processos cognitivos estão envolvidos, ou seja, primeiro é preciso que se reconheça as palavras e as associe aos concei- tos armazenados na memória. Paralelamente, se desenvolve ideias signi- ficativas do texto e se extrai a conclusão, fazendo-se a relação entre o que foi lido e o que se sabe até então. Funções corticais (tais como atenção e memória), cognitivo-linguísticas e afetivos (autoconceito, autoestima, mo- tivação etc.) também intervém nesse processo e, por essa razão, devem ser considerados ao se elaborar proposta de intervenção. 18 19 É fundamental que estas propostas propiciem uma experiência prazerosa e ins- tigante para o aluno, possibilitando que ele se sinta encorajado a enfrentar as difi- culdades que possui e queira/tenha o desejo de encontrar-se com a leitura e com a escrita. Para tanto, é válido considerar que, embora crianças apresentem o mesmo diagnóstico de dislexia, precisam de estímulos e estratégias diferenciadas planejadas de forma individual. Embora o planejamento das intervenções e a seleção das atividades sejam rea- lizados de forma específica para cada aluno, serão apresentadas a seguir algumas propostas gerais que poderão ser ajustadas de acordo com cada caso. Será dado enfoque para atividades que trabalham com a consciência fonológica para auxiliar a criança a construir a consciência das diferentes unidades fonológicas da linguagem (sílabas, fonemas, entre outros), relacionando ao grafema correspondente, visando auxiliar a criança a desenvolver a leitura pela via lexical e compreender o texto lido. Estratégias: • propor jogos, brincadeiras e atividades lúdicas em que a criança seja estimula- da a perceber o som das palavras, a desenvolver a atenção e a concentração; • identificar e denominar de sons diversos (naturais ou gravados), associando-os a sua fonte/origem; • separar oralmente os sons das palavras (sílabas), realizandoanálise e a conta- gem dos fonemas; • identificar a sequência, ausência ou acréscimo de sons na sequência; • trabalhar com rimas, aliterações, identificação de sufixo e prefixo; • explorar músicas e parlendas com rimas ou aliterações • incentivar as crianças a prolongar os sons das palavras para identificar as letras; • acrescentar e subtrair sílabas às palavras; • utilizar cartões com as imagens, palavras ou letras, em brincadeiras para com- preensão do sistema alfabético; • utilizar materiais que permitam a visualização para acompanhar a leitura de textos (figuras, gráficos e ilustrações); • formar e completar frases, transformar figuras em frases, identificação de fra- ses sem sentido; • criar situações de leitura em colaboração com colegas mais experientes; • solicitar que o aluno realize leitura silenciosa para reconhecimento prévio do texto; • estimular a leitura automática das palavras; • associar frases a parágrafos e representações gráficas; • evitar cópias de textos longos; • permitir o uso da calculadora e gravador de voz ou vídeo para a realização de registros; 19 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia • realizar, sempre que possível, avaliações orais registradas com o gravador; • Evitar a utilização de testes de múltipla escolha em que o aluno tenha que rea- lizar a leitura com autonomia; • trabalhar com atividades diversas que estimulam o desenvolvimento da aten- ção, concentração e memória. Complementando estas estratégias, é interessante recorrer também às interven- ções propostas pela International Dyslexia Association que foram apresentadas por Rodrigues e Ciasca (2016, p.94-95, com supressões). • dar tempo extra para completar as tarefas; • modificar trabalhos e pesquisas, segundo a necessidade do aluno; • esclarecer ou simplificar instruções escritas, sublinhando ou destaca- do partes importantes para o aluno; • reduzir a quantidade de texto a ser lido; • bloquear estímulos externos, aumentar o tamanho da fonte e/ou au- mentar o espaçamento entre as linhas; • destacar (com caneta apropriada) as informações essenciais em tex- tos e livros, se o aluno tiver dificuldade em encontrá-las sozinho; • proporcionar atividades práticas que incluam exercícios práticos; jo- gos instrutivos, atividades de ensino em duplas, programas de com- putador etc.; • fornecer glossário dos conteúdos e guia para ajudar o aluno a com- preender a leitura. • usar dispositivo de gravação. textos, livros, histórias e lições específi- cas podem ser gravadas; • utilizar tecnologia assistiva e meios alternativos, como “tablets”, leito- res eletrônicos, dicionários, audiolivros, calculadoras, papéis quadri- culados para atividades matemáticas etc.; • repetir as instruções e orientações; • manter rotinas diárias, pois muitos alunos com problemas de apren- dizagem têm dificuldade em organizar-se com autonomia; • escrever pontos ou palavras-chave no quadro-negro, antes de uma apresentação; • equilibrar as apresentações orais, informações visuais e atividades participativas, o que inclui equilíbrio das atividades (em grupo, geral e individual); • utilizar dispositivos mnemônicos para ajudar os alunos a se lembra- rem de informações chave; • enfatizar revisão diária. este tipo de estratégia pode ajudar os alunos a fazerem ligações com conhecimentos prévios; • variar os modos de avaliação, ou seja, apresentações orais, partici- pação em discussões, avaliações escritas, provas com múltiplas es- colhas etc.; 20 21 • estimular e ensinar o uso de agendas, calendários e organizado- res. com isso, o aluno poderá estar atento a datas e prazos de atividades escolares; • graduar os conteúdos a serem tratados, em um nível crescente de dificuldade. Muitas outras estratégias podem ser utilizadas, a depender das necessidades de cada criança. Para a definição e planejamento das ações a serem desenvolvidas por professores com alunos com dislexia em sala de aula, é importante que seja estabelecida parceria da escola com os demais profissionais responsáveis por re- alizar atendimentos clínicos com o aluno, sendo mais comum a psicopedagogo e fonoaudiólogo. Também é de grande relevância o papel da família no tratamento da dislexia, tanto para a realização de atividades fora do contexto escolar, orientados por professores ou demais profissionais, quanto para garantir que o aluno participe dos atendimentos necessários. Como abordado anteriormente, a dislexia não é uma doença, portanto, não há cura, entretanto, com intervenções específicas e contínuas visando o desen- volvimento da linguagem e o tratamento das comorbidades, é possível conquistar grande melhora no quadro apresentado, minimizando os impactos negativos do transtorno nos diversos campos da vida da pessoa com dislexia. 21 UNIDADE Transtornos Específicos de Aprendizagem: Dislexia Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros A escrita infantil: o caminho da construção SABER, M. G. A escrita infantil: o caminho da construção. São Paulo: Scipione, 2009. (disponível na Biblioteca Virtual Pearson). Neste livro, a autora apresenta com detalhes aspectos da teoria proposta por Emília Ferreiro sobre a construção que a criança realiza ao apropriar-se do sistema de escrita. Vídeos Você sabe o que é dislexia? https://youtu.be/toSveL3JpAQ 12 sinais sugestivos de dislexia https://youtu.be/zUXcq8Q8sgc Dicas para trabalhar com crianças com deislexia https://youtu.be/lY5I5Rg03sw Filmes Como estrelas na terra KHAN, Aamir. 2007. Como Estrelas na Terra – Toda criança é especial. Índia: Estúdio/ Distrib: Aamir Khan Productions. Neste filme, de grande sensibilidade, são abordadas as dificuldades enfrentadas por um menino com dislexia, as reações da família e de grande parte dos professores frente às características da criança e como um professor, com olhar diferenciado, pôde contribuir para uma mudança radical na vida da criança, de sua família e da escola. Leitura Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervenção Neste artigo, as autoras apresentam de forma clara e objetiva aspectos fundamentais da dislexia e diversas possibilidades de intervenção em áreas específicas que geralmente se mostram em defasagem em crianças com dislexia https://bit.ly/2HpXfFh Dislexia: como estimular a leitura com jogos https://bit.ly/2JNpaQU 22 23 Referências AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM - V [Recurso eletrônico]. Trad. Maria Inês Corrêa Nascimento et. al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: <https:// books.google.com.br/books?id=QL4rDAAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=:+D SM-5&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiMttCkkIzgAhXaIrkGHdR9DLIQ6AEIMT AB#v=onepage&q=%3A%20DSM-5&f=false>. Acesso em: 26 jan. 2019. CAGLIARI, L. C. Alfabetização & linguística. São Paulo: Scipione, 2009. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. MOOJEN, S. M. P. A escrita ortográfica na escola e na clínica: teoria, ava- liação e tratamento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009 p. 126, disponível na Biblioteca Pearson. RODRIGUES, S. D.; CIASCA, S. M. Dislexia na escola: identificação e possibilida- des de intervenção. Rev. psicopedag., São Paulo , v. 33, n. 100, p. 86-97, 2016. Dis- ponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- -84862016000100010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 22 fev. 2019. ROTTA N. T.; PEDROSO, F. S. Transtornos da linguagem escrita-dislexia. In: ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. (Orgs.) Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. SAMPAIO, S. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujei- to, família e escola. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011. SOARES, M. Alfabetização e letramento. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2017. 23