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1 Khilver Doanne Sousa Soares Afecções Benignas da Mama A maioria das afecções mamárias é benigna. A incidência das doenças benignas da mama começa a aumentar durante a segunda década de vida, com pico entre a quarta e a quinta década. A expressão “doença mamária benigna” engloba vários tipos de diferentes patologias e pode ser dividida em dois grupos: Alterações funcionais benignas da mama (AFBM): são variações do desenvolvimento normal da glândula mamária; Doenças mamárias propriamente ditas: patologias adquiridas, tais como infecções, que acometem a mama. A diferenciação entre essas situações é importante, pois, no caso das AFBM, p. ex., a paciente deve estar ciente de que esse caso não é verdadeiramente uma doença, e que a necessidade de tratamento não se aplica a todos os casos. Já as doenças que acometem a mama, correspondem, majoritariamente, aos processos inflamatórios e às neoplasias, devendo obrigatoriamente ser tratadas. Diferenciação entre mama normal, AFBM e doenças mamárias Os temas considerados mais relevantes são: Nódulo de mama; Dor mamária; Fluxo papilar; Processos inflamatórios da mama; Alterações do desenvolvimento; Lesões proliferativas. AFBM O termo alterações funcionais benignas da mama define condição clínica caracterizada por dor e/ou nodularidade mamária que aparece no começo do menacme (período em que a mulher se encontra em idade fértil), inicia-se ou intensifica-se no período pré-menstrual e tende a desaparecer com a menopausa. O primeiro diagnóstico diferencial que deve ser feito em caso de nódulo palpável é justamente o pseudonódulo mamário, representado principalmente pelas alterações funcionais benignas da mama. Mulheres no menacme, na segunda fase do ciclo, frequentemente se queixam e, por vezes, apresentam, de fato, nódulos palpáveis. De fato, o estímulo sinérgico do estradiol e progesterona na unidade ductal lobular terminal leva à proliferação do epitélio e do estroma, produzindo nodularidade e dor na fase pré-menstrual. No final da fase lútea, com a redução de níveis do estradiol e de progesterona, há regressão do epitélio lobular por apoptose e também do estroma intralobular, com melhora da sintomatologia no início do fluxo menstrual. Por isto, uma pergunta importante para a paciente é a data da última menstruação e, em 2 Khilver Doanne Sousa Soares caso de dúvida clínica, repetir o exame na primeira fase do ciclo. Estes nódulos geralmente apresentam-se com limites indistintos, podem ser uni ou bilaterais e são mais frequentes nos quadrantes laterais, muitas vezes dolorosos. Obs.: se a nodularidade unilateral permanecer por mais de 3 ciclos menstruais, estar atento ao diagnóstico diferencial de CA de mama ou fibroadenoma. Nódulo de Mama O nódulo de mama é a queixa mais comum nos consultórios de mastologia (até 50% dos pacientes). Define-se nódulo de mama por qualquer massa, palpável ou não, que esteja presente na glândula mamária. Podendo ter conteúdo sólido ou cístico. As causas mais frequentes de tumoração benigna da mama são os cistos e os fibroadenomas. Outras causas podem ser observadas, ainda que raramente, como tumor filoide, lipoma, neurinoma e hamartoma. Tumores benignos. Incluem papilomatose juvenil, fibroadenoma (mais comum), adenoma tubular, adenoma da lactação, adenoma papilar, tumor filoide, papiloma intraductal, lipoma, tumor das células da granular, hamartoma, leiomioma. A maioria dos nódulos sólidos é decorrente de lesões fibroepiteliais. O mais comum, o fibroadenoma (FAD), não deveria ser chamado de neoplasia, pois é histologicamente idêntico ao lóbulo hiperplásico, alteração vista na quase totalidade das mulheres – é mais correto considerá-lo como aberração do desenvolvimento. Essas alterações são hormônio dependente, ou seja: aumentam no período menstrual e gravídico- puerperal e involuem na pós-menopausa. A etiologia é incerta – anticoncepcionais? Presença do vírus Epstein-Barr? Fibroadenoma O fibroadenoma é a segunda neoplasia mais frequente da glândula mamária, precedida pelo carcinoma. É a afecção mamária benigna mais comum em mulheres com menos de 35 anos, assintomática em 25% dos casos e com múltiplas lesões em 13 a 20%. Pode ocorrer desde a menarca até a senectude, mas é mais comum entre 20 e 30 anos de idade. Em geral é autolimitado, não ultrapassando 3 a 4 cm de diâmetro. Algumas variações, como o tumor filoide e o fibroadenoma gigante apresentam maior celularidade do estroma e normalmente atingem tamanhos maiores. O diagnóstico é essencialmente clínico. Apresenta-se como tumor único ou múltiplo, móvel, bem delimitado, não fixo ao tecido adjacente, lobulado, de crescimento lento, com maior ocorrência no quadrante superolateral. Em geral é indolor, exceto durante a gravidez e lactação. A consistência é fibroelástica, mas, nas pacientes de maior faixa etária, pode haver deposição de calcificação distrófica no nódulo (“calcificação em pipoca”), e o nódulo passa a ter consistência endurecida. É mais frequente na terceira década e em mulheres negras. O tamanho médio é de 2 a 3 cm, mas pode alcançar até 6 a 7 cm, caracterizando o fibroadenoma gigante. A bilateralidade é da ordem de 10 a 15% e focos múltiplos na mesma mama, de 5 a 10% dos casos. A frequência de transformação maligna é muito baixa (0,1 a 0,3% dos casos), ocorrendo em faixa etária dos 40 aos 45 anos - o tipo histológico mais comumente envolvido é o lobular (65% dos casos). Quando o aspecto palpatório não é típico, recorresse à ultrassonografia, que evidencia imagem nodular circunscrita, ovalada, hipoecóide, com margens bem definidas e com maior eixo paralelo à pele (diâmetro anti-radial – largura, maior que o radial – altura). Pode ocorrer reforço 3 Khilver Doanne Sousa Soares posterior e sombras laterais, características sugestivas de benignidade, classificadas como BI-RADS 3. Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Fibroadenoma. A) aspecto mamográfico (à esquerda), evidenciando imagem ovoide, bem delimitada e circunscrita (seta), e aspecto ultrassonográfico (à direita), exibindo imagem ovoide, de contornos regulares e com diâmetro anti- radial (largura) maior que o radial (altura); B) Aspecto anatomopatológico, no qual se pode observar crescimento expansivo fibroepitelial. Por incidirem em mulheres na segunda e terceira décadas de vida, a mamografia não está indicada, pois o fibroadenoma apresenta a mesma textura radiológica do tecido mamário normal, que é exuberante nesta idade. Em faixas etárias mais elevadas, quando se indica a mamografia, apresenta-se como imagem nodular circunscrita, ovalada, de média densidade e eventualmente com calcificações grosseiras, com aspecto de “pipoca”, aspecto que tipifica o achado mamográfico como BIRADS 2. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Fluxograma de conduta nos nódulos mamários benignos palpáveis. Notas: *Características benignas: móvel, consistência fibroelástica ou elástica, margens bem definidas; **PAAF = punção aspirativa com agulha fina. A punção aspirativa com agulha fina é método diagnóstico importante, pois trata-se de uma das poucas lesões benignas da mama que está associada a diagnóstico citológico específico – no esfregaço, grupos celulares epiteliais em dedo de luva. A citologia, considerada isoladamente, tem valor elevado (70 a 90%). Já o tríplice diagnóstico (clínica, imagem e citologia) tem sensibilidade de 99,6%. Alguns estudos indicam o fibroadenoma como fator de risco para o desenvolvimento do carcinoma mamário, principalmente o fibroadenoma complexo, que é conceituado como aquele que possui alterações císticas, papilares, adenose esclerosante ou calcificações epiteliais no seu interior. Etiopatogenia: acredita-se que o fibroadenoma seja originado do lóbulo mamário, apresentando estreita dependência hormonal,aumentando na lactação e regredindo na pós-menopausa, e não sofrendo transformação maligna. Diagnósticos diferenciais: pseudonódulos das alterações funcionais benignas, cisto mamário e carcinoma circunscrito. O tratamento cirúrgico é indicado em tumores com diâmetros maiores que 2 cm e consiste na exérese simples - O objetivo principal é evitar deformidade futura, pois embora o crescimento do fibroadenoma seja lento, é progressivo. Fonte: Clínica Médica USP. 1 ed. A e B: Fibroadenoma (em B incisado medialmente). https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/ image/v34454274_pt https://silviobromberg.com.br/voce-ja-ouviu-falar-do- fibroadenoma/ O diagnóstico mamográfico conclusivo só é feito em caso de macrocalcificações no interior da lesão (“calcificações em pipoca” – BI-RADS 2). https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/image/v34454274_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/image/v34454274_pt https://silviobromberg.com.br/voce-ja-ouviu-falar-do-fibroadenoma/ https://silviobromberg.com.br/voce-ja-ouviu-falar-do-fibroadenoma/ 5 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Fibroadenoma. Punção aspirativa com agulha fina orientada pela ultrassonografia (1) e aspecto citológico arborescente característico, com projeções fibroepiteliais em dedo de luva (2). Cistos Já os cistos de mama são estruturas redondas ou ovoides, preenchidas por líquido. Derivam-se da unidade ducto lobular terminal, definidos como estruturas com diâmetro maior que 3 mm. Os cistos complexos correspondem a 5% dos tipos de cistos. O diagnóstico é feito através de ultrassonografia, pois possuem ecos internos ou septações no seu interior. Frente a uma massa palpável em exame ginecológico de rotina, deve-se considerar como primeira opção, por sua fácil execução, desconforto mínimo e baixo custo, a punção aspirativa com agulha fina. Este procedimento será diagnóstico e terapêutico, em caso de cistos mamários. A faixa etária em que mais comumente os cistos ocorrem é de 35 a 50 anos, coincidindo, pois, com a fase involutiva dos lóbulos mamários. Os cistos incidem em 7 a 10% da população feminina, podendo ser únicos ou múltiplos, uni ou bilaterais. Manifestam-se clinicamente como nódulos de aparecimento súbito, de contornos regulares, móveis e dolorosos. A consistência pode ser amolecida ou, quando o líquido intracístico encontra-se sob tensão, a sensação palpatória é fibroelástica. Fatores como menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade, oligoparidade ou primiparidade tardia e amamentação curta ou ausente são fatores agravantes na sua gênese. A mamografia é obrigatória nas pacientes com mais de 40 anos, podendo diagnosticar distintas alterações não palpáveis. A ultrassonografia a é o método mais sensível para o diagnóstico dos cistos mamários, com precisão de até 100%, detectando lesões a partir de 2 mm. Distingue ainda os cistos complicados (cistos com conteúdo espesso ou “debris” – pontos ecogênicos em suspensão) e os complexos (com septações espessas e/ou vegetações intracísticas). https://melhorcomsaude.com.br/dicas-prevenir-detectar- tempo-cistos-nos-seios/ A ultrassonografia é a forma mais simples de diagnóstico dos cistos, aparecendo na forma de nódulos extremamente escuros, descritos tecnicamente como nódulos ou cistos anecóicos. Quando aparecem na https://melhorcomsaude.com.br/dicas-prevenir-detectar-tempo-cistos-nos-seios/ https://melhorcomsaude.com.br/dicas-prevenir-detectar-tempo-cistos-nos-seios/ 6 Khilver Doanne Sousa Soares mamografia, não há como distinguir cistos de nódulos. Cistos são dilatações saculares repletas de líquido, benignos na enorme maioria dos casos. Normalmente são múltiplos e bilaterais, esparsos no parênquima mamário. http://www.alvo.med.br/blog/o-que- e-cisto-mamario.htm Cisto complexo: no interior do cisto, observa-se imagem nodular sólida (seta). Tumor Filóides O tumor filóides ou filodes (cystosarcoma phyllodes) apresenta-se como tumor móvel, lobulado e indolor. É muito raro, correspondendo a 2% dos tumores fibroepiteliais da mama, sendo mais comum após os 40 anos. Entretanto, apresenta alta tendência de recidiva local e pode sofrer degeneração maligna sarcomatosa. * também é denominado fibroadenoma hipercelular pela grande celularidade do estroma. A principal diferença clínica entre o tumor filóides e o fibroadenoma, é o seu crescimento rápido e a capacidade de atingir grandes volumes, por vezes ocupando toda a mama - a associação com fibroadenoma ocorre em 30% dos casos. O diagnóstico é clínico e a mamografia é inespecífica. A punção aspirativa com agulha fina e a biópsia percutânea com agulha grossa apresentam baixo valor preditivo, provavelmente pelo fato de o tumor ser bastante volumoso e apresentar com frequência, em seu interior, áreas de infarto hemorrágico, o que dificulta o diagnóstico. A biópsia com agulha grossa (core biopsy ou mamotomia) pode diferenciar o tumor filóides do carcinoma, mas, com frequência, não discrimina a variedade benigna da maligna, sendo necessária a avaliação anatomopatológica de todo o tumor. Diagnóstico diferencial: fibroadenoma juvenil, que também atinge grandes dimensões (costuma aparecer na adolescência). O tratamento cirúrgico consiste na tumorectomia com retirada de 1 a 2 cm de tecido mamário peritumoral macroscopicamente normal, para garantir margens cirúrgicas livres e diminuir a taxa de recorrência. Em tumores mais volumosos que compreendem toda a glândula mamária: pratica-se a mastectomia total ou a adenomastectomia, com reconstrução plástica imediata. A linfadenectomia axilar é desnecessária, uma vez que, quando a forma histológica for maligna, a disseminação faz-se por via hematogênica. Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Tumor filóides. A) Aspecto clínico: observa-se grande abaulamento, comprometendo toda a mama esquerda e provocando assimetria intensa; B) aspecto ultrassonográfico (esquerda), observando-se volumosa formação nodular circunscrita e hipoecóide (setas) e aspecto anatomopatológico (direita), demonstrando neoformação fibroepitelial com intensa celularidade do estroma. http://www.alvo.med.br/blog/o-que-e-cisto-mamario.htm http://www.alvo.med.br/blog/o-que-e-cisto-mamario.htm 7 Khilver Doanne Sousa Soares Papiloma O papiloma intraductal é neoplasia epitelial benigna que se desenvolve no lúmen de grandes e médios ductos subareolares, não formando massa palpável. O potencial de malignidade é baixo (risco relativo de 1,3). O seu principal sintoma é a descarga papilar hemorrágica, espontânea, uniductal e unilateral. O fluxo pode ser intermitente, com períodos de remissão, em função de necrose e eliminação de parte do papiloma junto com a secreção; entretanto, ao se regenerar a partir de sua porção basal, volta a produzir manifestação clínica. É mais frequente entre os 30 e 50 anos – em maiores de 50 anos com esta queixa deve-se afastar o diagnóstico de carcinoma papilífero e o ductal. O papiloma em geral é único e, no diagnóstico clínico, é importante a pesquisa do “ponto-gatilho”, que consiste na pressão dos pontos cardinais do complexo areolopapilar com dedo indicador, com o intuito de identificar qual ducto está comprometido. A mamografia fornece poucos subsídios, mas é realizada em função da faixa etária, pois o papiloma é mais prevalente nas quarta e quinta décadas. O tratamento consiste na exérese seletiva do ducto, também designada microductectomia, pela incisão transareolopapilar ou periareolar. A identificação do ducto comprometido é feita pela pesquisa do “ponto-gatilho”, que é cateterizado e dissecado distalmente. Quando não se identifica o ponto-gatilho, a ultrassonografia pode ser útil. Lipoma O lipoma que contém estruturas ductais é chamado de adenolipoma, e quando possui componentes vasculares e cartilagem madura,é denominado angiolipoma e condrolipoma, respectivamente. Já o hamartoma é lesão pouco observada, com perfil mamográfico peculiar de lesão circunscrita contendo gordura. Apresenta- se como nódulo de dimensões variadas (1 a 20 cm), amolecido e móvel. Esta afecção tem margens bem definidas, mas não possui cápsula verdadeira. É achado tipicamente benigno (BI- RADS 2) e não é obrigatória sua enucleação. Devem ainda ser destacados os adenomas mamários, classificados em adenoma tubular e da lactação. São clinicamente semelhantes aos fibroadenomas. Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Hamartoma. A) aspecto mamográfico: na incidência oblíqua, visibiliza- se imagem radiolucente que compromete toda a mama e rechaça o parênquima mamário superiormente (seta); B) aspecto anatomopatológico correspondente: tecido fibroglandular, estroma fibroso e tecido adiposo presentes em proporção variável. Fonte: Nazário ACP, Rego MF, Oliveira VM. Adenoma. A) aspecto ultrassonográfico: imagem nodular hipoecoica, bem delimitada, indistinguível do fibroadenoma; B) Aspecto anatomopatológico correspondente: observa-se proliferação epitelial proeminente, com estruturas glandulares muito próximas umas das outras e apresentando pequena quantidade de secreção no lúmen glandular. Derrame Papilar Derrame papilar pode ser definido como a eliminação de secreções por meio do óstio ductal, sem estar relacionado com o ciclo gravídico puerperal. Essa queixa representa a terceira causa de procura ao especialista e, como motivo de consulta e/ou achado clínico, pode exprimir: Fenômeno fisiológico (secreção mamária neonatal, telarca, menacme, climatério); 8 Khilver Doanne Sousa Soares Alterações iatrogênicas e patológicas do eixo neuroendócrino (medicações, hiperprolactinemia); Patologia intraductal. Rastreamento por Mamografia De 50 a 69 anos: o MS recomenda o rastreamento com MMG em mulheres com idade entre 50 a 69 anos (de 50 a 59 anos -recomendação favorável fraca: os possíveis benefícios e danos provavelmente são semelhantes; de 60 a 69 recomendação favorável fraca: os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos). Periodicidade O MS recomenda que a periodicidade do rastreamento com MMG nas faixas etárias recomendadas seja a bienal (recomendação favorável forte: os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos quando comparada às periodicidades menores do que a bienal). Mulheres com risco elevado para desenvolvimento de câncer de mama Mulheres com história familiar de, pelo menos, um familiar de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer da mama, abaixo dos 50 anos de idade; Mulheres com história familiar de, pelo menos, um familiar de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer da mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária; Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino; Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular insitu. Nas lesões palpáveis de mama, as recomendações são as seguintes: Mulheres com menos de 35 anos de idade: a US é o método de escolha para avaliação das lesões neste grupo etário. Mulheres com 35 anos de idade ou mais: a MMG é o método recomendado. O exame mamográfico pode ser complementado pela US em determinadas situações clínicas. A US complementar não deve ser solicitada nas lesões categorias 2 e 5 (BIRADS®, do inglês Breast Imaging Reporting and Data System). Nas lesões suspeitas palpáveis com imagem negativa (MMG e US), a investigação é mandatória com PAAF, punção por agulha grossa (PAAG) ou biópsia cirúrgica. Segundo a recomendação do USPSTF de 2013,11 as seguintes situações devem ser referenciadas para investigação genética (BRCA- 1, BRCA-2 e TP53): Familiares próximos (lado paterno ou materno) de mulheres com história de câncer de mama ou de ovário com alguma mutação conhecida. O MS recomenda contra o ensino do autoexame da mama como método de rastreamento do câncer de mama (recomendação contrária fraca: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios). Exames Complementares Mamografia A mamografia (MMG) é o principal método de diagnóstico por imagem na detecção, no diagnóstico e no planejamento terapêutico das doenças mamárias. A especificidade varia entre 94 e 97%, e a sensibilidade, entre 61 a 89%. A sensibilidade e a especificidade da MMG no rastreamento podem ser influenciadas por vários fatores ligados à paciente (idade, densidade radiológica do parênquima mamário e uso de terapia hormonal). Ultrassonografia das mamas A ultrassonografia (US) é o melhor método diagnóstico complementar à MMG, pois uma das 9 Khilver Doanne Sousa Soares maiores limitações que ela enfrenta para o diagnóstico é a mama densa, mesmo com a evolução tecnológica digital atual. A mama na mulher jovem é densa e, à medida que os anos avançam, ela involui, ocorrendo a substituição por tecido adiposo que a torna radiotransparente, facilitando, assim, o diagnóstico mamográfico. Quando a MMG mostra corpos glandulares radiotransparentes, a US não acrescenta dados ao diagnóstico. No entanto, quando as mamas são densas, a US é uma ferramenta importante no diagnóstico, embora seja um exame que dependa mais do operador do que os outros. Recomendação: a US deve ser utilizada como método complementar à MMG em mulheres de alto risco e em mamas densas, de jovens (em geral, menos de 35 anos), em grávidas e para diferenciar lesões sólidas de císticas. Alertas vermelhos na avaliação de sinais e sintomas em doenças de mama 10 Khilver Doanne Sousa Soares Alertas amarelos Categorias BIRADS® e condutas REFERÊNCIAS GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti; DIAS, Lêda Chaves. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. Nazário ACP; Rego MF; Oliveira VM. Nódulos benignos da mama: uma revisão dos diagnósticos diferenciais e conduta. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. São Paulo, v.29, n.4, p.211-9, 2007.
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