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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS FACULDADE DE QUÍMICA LIBRAS ADRIANNY DA SILVA SODRÉ (202110840026) ESTEFANI JARDIM MIRANDA (201819840012) JOÃO GABRIEL AMORAS BARBOSA DOS SANTOS (201610940017) LEONARDO DA SILVA GOUVEIA (201410840031) PATRÍCIA BRITO DE SOUSA (202110840005) RUBENS COSTA DA SILVA (202110840043) TAIS SOUZA DE SÁ PEREIRA (201810840065) POLÍTICAS PÚBLICAS NO ÂMBITO NA SURDEZ BELÉM-PA 2022 ADRIANNY DA SILVA SODRÉ (202110840026) ESTEFANI JARDIM MIRANDA (201819840012) JOÃO GABRIEL AMORAS BARBOSA DOS SANTOS (201610940017) LEONARDO DA SILVA GOUVEIA (201410840031) PATRÍCIA BRITO DE SOUSA (202110840005) RUBENS COSTA DA SILVA (202110840043) TAIS SOUZA DE SÁ PEREIRA (201810840065 ) POLÍTICAS PÚBLICAS NO ÂMBITO DA SURDEZ Trabalho apresentado pelos discentes dos cursos de Licenciatura em Química e Química Industrial da Universidade Federal do Pará como requisito avaliativo para a disciplina de Libras. Profa. Me. Waldma Maira Menezes De Oliveira. BELÉM-PA 2022 RESENHA CRÍTICA O conceito de políticas públicas está atrelado às lutas sociais que garantem o acesso de grupos minoritários a direitos previstos na legislação. As políticas públicas educacionais promoveram avanços significativos no acesso de pessoas surdas à escola e ao mercado de trabalho no Brasil, mostrando cada vez mais sua importância, lembrando também de todo esforço realizado para haver cada vez mais espaço para o sujeito surdo na sociedade. De acordo com a Declaração Universal de Direitos Humanos, uma das suas garantias de fundamental importância ao cidadão é a de acesso à educação, e diversas ações e decisões foram postas e a acessibilidade à educação alcançou a sociedade surda. A educação especial foi desenvolvida através de diversas decisões sobre educação igualitária para todas as pessoas, daí surgiu também a proposta de educação inclusiva, que se trata de ações da educação especial em escolas de ensino regular. A proposta de Educação Inclusiva legitima o ingresso de alunos com deficiência em escolas de ensino regular, neste contexto também se inserem os alunos surdos. Porém, garantir direitos para a classe foi deveras penoso. Durante o século XX, a surdez era observada pelo panorama fechado e, clinicamente, não inclusivo, em que o indivíduo surdo era visto como incapaz de adquirir autonomia social e, por conseguinte, sujeito necessário de tutela para se enquadrar socialmente. Subsequentemente, obteve-se avanços quanto à compreensão da pessoa com surdez e da própria surdez como característica condicional, no entanto, em âmbitos como acadêmico, urbano e social há a preconização dessa condição, delimitando o surdo a luta pelo espaço. Nesse sentido, as Declarações Mundial De Educação Para Todos e de Salamanca são significativas para o movimento inclusivo, cujo Estado Brasileiro dá início ao processo legislativo nas divisões fundamentais da educação como gestão, currículo e avaliação, a fim de perpetuar a inclusão. Em relação ao legislativo, criou-se leis para garantir direitos ao surdo, exemplificando a Lei no 10. 436/2002 em que reconhece LIBRAS como meio legal de comunicação e expressão sendo, juntamente reconhecidos, recursos de expressão associados e, também, o Decreto no 5. 626 no que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade, dessa forma, assevera às pessoas surdas o direito à educação inclusiva, com adequações necessárias para o acesso à comunicação, à informação e à educação debruçando-se assim no artigo 205 da Constituição Federal, consequentemente, aumentou-se a demanda de alunos com surdez em salas de aula regulares nas instituições públicas de ensino. Nota-se que é imprescindível a promulgação para a inclusão de surdos, concedendo o direito à cidadania. Nesse sentido, pessoas com surdez deixaram de ser negligenciadas educacionalmente, culminando em ações conjuntas de grupos de trabalho que galgaram a instauração destas políticas públicas. Cabe ressaltar que existiam garantias não apenas no campo educacional, mas também nas áreas da saúde e na assistência social às pessoas com deficiência, em consonância com os ganhos educacionais. Em paralelo a esta questão, surgem as problemáticas de grupos sociais que resultaram no retrato em que a sociedade tem sobre assuntos, visto que os textos legais acompanham a evolução intelectual e social da humanidade, e, não diferente, ocorreu nas políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência. Nos dias de hoje, com uma maior racionalidade fortalecida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, as pessoas com deficiência foram vistas em paridade com aquelas que não tem nenhum tipo de impedimento sensorial, motor ou intelectual. Um dos motivos que impulsionou a Educação Especial, foi justamente a oferta de igualdade de oportunidades a todos, independentemente de suas necessidades educacionais. Isto fortaleceu a adaptação do atendimento Educacional Especializado nas escolas de ensino regular, isto pois nota-se uma necessidade intrínseca de que os alunos com necessidades educacionais especiais e os alunos regulares estejam no mesmo ambiente de ensino, realçando a teoria de interação social. Aliada à educação especial, está a Educação Inclusiva que tem o objetivo de fornecer situação de igualdade entre os alunos público-alvo dessa educação e os demais alunos, nesse sentido a educação inclusiva aproxima o aluno com necessidades educacionais especiais ao aluno regular. Nesse caso, as práticas de educação inclusivas são norteadas por textos que têm força de legislação e vão atuar com as equipes multiprofissionais norteando sobre as metodologias a serem aplicadas. A Educação inclusiva, no que tange a educação de pessoas surdas, vai ocorrer a partir do respeito às singularidades linguísticas das pessoas com impedimento sensorial auditivo, sejam elas surdas ou deficientes auditivas, e os princípios fundamentais para a educação de surdos vai além dos textos já mencionados acima que contemplam a Educação especial de modo geral, na Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 que legitima a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio de comunicação oficial das pessoas surdas, também do Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes para a educação de pessoas surdas, e ainda fornece garantias importantes no contexto social, educacional, saúde e assistencial. Diversas discussões sobre educação inclusiva foram feitas, o que deu origem a textos como o da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, que em resumo, tem força de uma legislação, que relaciona essa educação como peça fundamental para o respeito aos direitos humanos. O texto garante a “Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior” (BRASIL, 2008, p.14). No entanto, vale ressaltar que para efetivação da garantia dos direitos, deve-se haver a participação íntegra do Estado e da sociedade, ou seja, faz-se necessário articular políticas públicas educacionais elencadas aos elementos culturais, observando as particularidades do grupo em foco com intuito respeitar à diversidade, haja vista que a educação bilíngue deverá ser analisada não apenas sob o ângulo educacional, mas também político-social, em que o uso de práticas pedagógicas modeladas para surdos, visando o acesso ao conteúdo escolar se entrelaça com a falta de orientação ou a orientação unilateral, na qual aborda, unicamente, possibilidades de intervenções clínicas à surdez. Isso acentua a problemática de uma provável ausência de linguagem ou uma linguagem indefinida na criança surda, peculiaridade que futuramente é transferida aos sistemas de ensino - e é para isso que as políticas educacionais devem se atentar. Tal questão, por vezes, é a causa de impasses na Educação Inclusiva, que elege pelas políticas públicas convencionais, metodologias de educação, como o ensino de disciplinas interpretadasem Libras, com a expectativa de que esta seja a língua de uso da criança surda. Ademais, observa-se na prática a demora na contratação de profissionais intérpretes de Libras, por questões burocráticas da administração pública, e também a ausência de sala de recursos em algumas escolas, principalmente nas de ensino público, distanciando as políticas públicas educacionais do público em tela. Desde a promulgação da Constituição de 1988 no Brasil, diversos programas e medidas foram desenvolvidas, com objetivo de assegurar direitos à cidadania para os diversos grupos na sociedade. No entanto ressalta-se que desde de 1885 perpetuava-se uma das primeiras iniciativas na área da educação de surdos em que não há garantias de uma estabilidade no cenário atual, como pode-se observar os processos para a implantação de uma cultura de inclusão caminha a passos lentos, mas ainda assim apresenta grandes avanços em grande parte referente às políticas públicas educacionais de inclusão do surdo, principalmente nas últimas décadas e muito se deve ao reconhecimento legal da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como uma forma de comunicação e expressão, a qual não substitui a modalidade escrita da língua portuguesa. Há ainda uma problemática difícil de contornar, pois quando se trata de amparo do Estado, estabelece-se um limite para que, justamente, ninguém se sinta de alguma forma coagido, visto que cabe aos responsáveis tomar providências e decidir quais os meios que irão recorrer ou não, o que resulta numa grande parcela dessas pessoas que são esquecidas, como as crianças nos primeiros anos de vida que necessitam de direcionamento adequado, visto que em muitos casos quem necessita de orientação são os próprios pais ou responsáveis, que por vezes desconhecem as necessidades de uma criança com surdez. Ocorre que nos dias de hoje ainda se faz necessário um fortalecimento das políticas públicas à sociedade surda. Muito da área da educação ainda é falho, principalmente quando se trata de repassar conhecimentos ao aluno surdo. A inclusão também nos ciclos com alunos regulares é preocupante, o fato do aluno regular não entender a linguagem de sinal dificulta o entendimento do aluno surdo, o que acaba o afastando do ciclo regular. Sobre a concepção dos ouvintes de acreditarem que uma pessoa surda é incapaz de opinar e tomar decisões sobre seus próprios assuntos, a língua de sinais traz uma enorme importância em relação à educação dos surdos na sua vivência social, uma vez que promove um maior entendimento entre estes e os ouvintes. Mesmo com tantos avanços e conquistas, ainda é perceptível a cultura enraizada na sociedade que não entende e muita das vezes não procura entender de que modo poderia contribuir ou entender todas as comunidades, sejam elas de deficiências motoras, mentais ou sensoriais. O que se pode garantir de maneira geral é que, esforços são feitos, medidas são tomadas, com intuito de minimizar as lacunas deixadas entre as diversas percepções de pessoas tanto ouvintes como as não ouvintes e, por mais que as leis e decretos tenham por objetivo amparar e incluir pessoas surdas, as questões de interesse desse grupo em especial, que por muito tempo foi segregado pela maioria da sociedade que ouve, apresenta falhas e esbarra em um fator que é considerado essencial para a evolução do ser humano como pessoa: a comunicação. Ainda há muito a se construir se a verdadeira política for a chamada inclusão. É necessário assumir as rédeas da situação, abranger as leis para toda a sociedade, afetando todas as áreas a fim de que se consiga uma inserção mais abrangente de toda a comunidade surda e afins à sociedade brasileira. Diferentes definições explicam o que é política pública. Entretanto, os principais fundadores da área de políticas públicas como H. Laswell, H. Simon, C. Lindblom, D. Easton e demais autores convergem acerca de que a política pública intenciona as ações e análises das ações do governo, além de orientar mudanças nas práticas dessas ações, quando necessário. Assim, o desenvolvimento de políticas públicas ocorre quando os governos democráticos criam diretrizes de programas e ações com impactos na sociedade. As políticas públicas geralmente estão relacionadas a uma tendência política, direcionada ao interesse de um grupo particular, e a uma tendência administrativa, resultado dos impactos dessas ações políticas na sociedade. Uma vez que as políticas públicas educacionais são as principais responsáveis pelo desenvolvimento do país e o acesso à educação é uma das garantias fundamentais do cidadão, segundo a Declaração Universal do Direitos Humanos, as políticas públicas voltadas para a pessoa surda envolvem diversas ações para contemplar suas necessidades, entendendo socioantropológicamente o uso do termo “surdo” para o sujeito que não escuta, independente da dimensão de perda auditiva. Considerando que a problemática social da pessoa surda implica principalmente a diferença na forma de comunicação entre surdos e ouvintes, diferentes políticas públicas foram implementadas ao longo da história. Nesse sentido, as políticas educacionais num primeiro momento instruíam a oralização, a qual não contempla totalmente a natureza da comunicação dos surdos, e no decorrer das últimas décadas outras políticas foram desenvolvidas, como profissionais intérpretes de Libras, formação docente para surdos, Atendimento Educacional Especial e, principalmente, o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua. Entretanto, a comunicação é necessária em todos os âmbitos da vida da pessoa surda e não apenas no espaço escolar. Assim, é necessário também políticas de inclusão social. A cidadania da pessoa surda inclui que o poder público apoie dê meios para que o sujeito surdo tenha condições de desenvolver sua autonomia. Diante disto, o Artigo 26 do decreto nº 5.626/2005 que dispõe sobre garantir às pessoas surdas tradutor e intérprete de Libras nos serviços públicos, além de acesso às tecnologias, precisa ser enfatizado. Ademais, são necessárias mais políticas públicas para inclusão de surdos nos diferentes âmbitos sociais, inclusive no mercado de trabalho.