Prévia do material em texto
Degradação dos habitats A degradação do habitat de uma espécie é alteração da composição física, química e biológica de um ecossistema de tal forma que a espécie já não é capaz de sobreviver. Isto pode ocorrer por efeitos directos, como o ambiente se tornar tóxico, ou indiretamente, porque a espécie fica incapacitada de competir eficazmente por causa da diminuição dos recursos ou contra uma nova espécie concorrente (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Exemplo de habitats degradados 2.1.1.Factores destrutivos dos habitats Segundo HERO & RIDGWAY (2006), os principais factores destrutivos dos habitats, advêm da acção directa do Homem, exercida na ânsia da ocupação e aproveitamento do espaço, para implantação das suas inúmeras actividades ou da apropriação indevida dos recursos que um determinado habitat integra. As maiores pressões exercidas sobre os habitats, estão relacionadas com o turismo, a expansão urbana e o lazer, nesse sentido os habitats que integram os ecossistemas litorais são sem dúvida os mais ameaçados. A construção de estruturas em cimento em pleno sistema dunar (casas, bares, hotéis, etc), passando pela extracção de areias até à circulação impune de viaturas todo-o-terreno nas praias. São inúmeras as ameaças a que estão sujeitos estes habitats, conduzindo à sua degradação e consequente destruição. Os incêndios independentemente da sua origem e as queimadas, são também uma forma de destruição dos habitats, uma vez que destroem a componente biológica do habitat, desencadeando fenómenos erosivos. Causas da degradação dos habitats A destruição de habitat destaca-se entre os fatores que desencadeiam a diminuição da dxvbiodiversidade: Urbanização e do desmatamento para aumento das áreas agropecuárias e desenvolvimento de grandes obras; Aquecimento global; Destruição física dos nichos; Introdução das substâncias tóxicas (contaminação). Abate das árvores; Desfloração; Queimadas descontroladas; NB: A degradação do habitat através da toxicidade pode matar uma espécie muito rapidamente, por matar todos os membros ou por que através da contaminação os indivíduos tornam-se estéreis. Também pode ocorrer durante longos períodos de tempo uma toxicidade em menores níveis afetando a vida, a capacidade reprodutiva ou a competitividade. Consequências da degradação dos Habitats Como os habitats são destruídos, várias espécies muitas vezes são obrigadas a migrar para outras áreas, enfrentando perigos e a incerteza da sobrevivência. Já aquelas espécies que são incapazes http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/habitat-nicho-ecologico.htm de procurar outro local para estabelecerem-se, como as plantas, acabam tendo sua população reduzida ou até, muitas vezes, extinta. Outra forma de degradação dos habitats naturais, muitas vezes com consequências dramáticas para as populações vegetais e animais deles directamente dependentes, é a introdução de plantas ou de animais estranhos a esses habitats, provenientes de locais distantes, com condições ecológicas por vezes distintas. A inexistência dos factores de controlo e dos competidores naturais com essas espécies introduzidas, pode provocar desequilíbrios significativos, adquirindo pragas, que acabem por aniquilar ou reduzir drasticamente as populações naturais pré-existentes. Fragmentação dos Habitats A fragmentação se refere às alterações em um habitat original, terrestre ou aquático. Trata-se de um processo no qual um habitat contínuo é dividido em manchas, ou fragmentos, mais ou menos isolados. A fragmentação de habitat é o processo de divisão e modificação das áreas de ocupação de uma espécie. É definida, por conceito, como o conjunto de mecanismos que levam a descontinuidade na distribuição espacial dos recursos e condições presentes em uma área, em escala, que afeta a ocupação, reprodução e sobrevivência de uma espécie. Os efeitos da fragmentação sofrem forte influência do tipo de matriz não natural que se instala entre os fragmentos. A fragmentação ocorre, em termos gerais, atrelado a uma perda de habitats, onde a soma de seus fragmentos é menor do que a paisagem original. Essas mudanças na composição da paisagem levam a um empobrecimento na qualidade dos habitats dependendo principalmente do tamanho atual de cada fragmento. Exemplo de uma área fragmentada Causas de fragmentação dos habitats As causas da fragmentação, em geral, são resultantes de mecanismos de perturbações ambientais, com alterações físicas, químicas e biológicas. Esses mecanismos podem ser naturais (desastres naturais) ou antropogénicos (como exploração madeira, agricultura, estruturas lineares e ocupação humana). NB: A identificação das causas da fragmentação é um ponto-chave para a Biologia da Conservação, especialmente se as causas são antropogénicas. As diferentes causas levam a diferentes formas de modificação e fragmentação da paisagem, e a matriz não-natural deve ser levada em consideração para efeito dos cálculos de conservação. Tipos de fragmentação São tipos de fragmentação: fragmentos florais, fragmentação natural e fragmentos antropogénica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Estruturas_lineares Fragmentos florais Fragmentos florestais: os mais notórios, são áreas de vegetações naturais interrompidas por barreiras antrópicas (criadas por ação humana) ou naturais, capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais. Fragmentação Natural A fragmentação pode ser produzida por vários processos naturais, que muito se distinguem daqueles resultantes da ação humana. Ambientes isolados naturalmente podem conter espécies endêmicas devido ao longo tempo de isolamento, o que os torna prioritários para conservação. A fragmentação natural causa isolamento de populações, o que pode levar à diferenciação genética e especiação, importantes elementos na geração da diversidade biológica. Fragmentos naturais surgem por fatores e processos, isolados ou combinados, tais como: Flutuações climáticas, que podem favorecer determinados tipos de vegetação em detrimento de outros; A heterogeneidade de solos, que também favorecem vegetações restritas a tipos específicos de solos; A topografia, que pode formar ilhas de tipos específicos de vegetação em locais elevados; Os processos de sedimentação e hidrodinâmica em rios e no mar; Os processos hidrogeológicos que produzem áreas temporariamente ou permanentemente alagadas, onde ocorrem tipos particulares de vegetação. Fragmntação Antrópica Ao lado dos factores naturais, está a interferência humana. A identificação do quanto interferem no processo de fragmentação ambiental é um desafio em razão da falta de dados, resultado da pouca prática do monitoramento permanente de habitats. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrogeologia São as maiores causas humanas de fragmentação de habitat: Extração de madeira; Supressão da floresta por meio de queimadas; Substituição da cobertura florestal nativa por reflorestamento com espécies exóticas; Exploração agropecuária, que substitui os remanescentes florestais por pastagens e áreas de cultivo; Práticas agrícolas cada vez mais mecanizadas; Padrão da estrutura fundiária existente que dificulta a proteção das florestas e propicia ações que geram perturbações nas áreas dos remanescentes florestais; Urbanização desordenada; Pressão de turismo; Caça e captura de animais silvestres e Implantação de infraestrutura de transportes, energia e saneamento. Efeitos da Fragmentação Este processo cria habitats precários para espécies na área fragmentada. Quanto menos áreas naturais, menores são os espaços para as espécies viverem e se reproduzirem. Isso provoca uma redução no número de plantas, animais e microrganismos que conseguem viver naquele lugar. Embora nem todas as espécies sejam afetadas da mesmaforma - áreas negativas para uma espécie podem ser de boa qualidade para outras, o processo altera os habitats disponíveis e, portanto, todas as comunidades são afetadas (WEY DE BRITO, 1998). Uma espécie que mantém relações de dependência com outras, pode ser extinta e, em tempo, também desaparecerão várias outras com as quais ela interagia. Outras consequências possíveis da fragmentação de florestas são: redução do tamanho da população; inibição ou redução da migração; imigração de espécies exóticas para as áreas desmatadas circundantes e para o fragmento. Medidas mitigatórias Segundo HERO & RIDGWAY (2006), medidas mitigatórios são medidas que ajudam a prevenir impactos negativos ou reduzir a magnitude dos mesmos, sejam organizadas por ação directa ou indiretamente praticadas ou provocadas por indivíduos ou organizações. Corredores ecológicos O corredor ecológico é um instrumento de gestão em situações críticas, com o objetivo de garantir a manutenção dos processos ecológicos em áreas fragmentadas ou em unidades de conservação, como uma conexão, permitindo a dispersão de espécies, a recolonização de áreas degradadas, o fluxo gênico e a viabilidade de populações que demandam mais do que o território de uma unidades de conservação para sobreviver. Trampolins (Stepping-stones) São pequenas áreas de habitat dispersas pela matriz que podem conectar fragmentos isolados, facilitando, para algumas espécies os fluxos entre manchas. Esse intercâmbio pode auxiliar uma espécie com o aumento na variabilidade genética, na busca por alimentos e na dispersão de sementes . Zonas de amortecimento São áreas no entorno de fragmentos protegidos destinados a minimizar as consequências do efeito borda ao estabelecer uma gradatividade na separação entre os ambientes da área protegida e da matriz. Também impede que atuações antrópicas interfiram prejudicialmente na manutenção da diversidade biológica. Manejo da paisagem O manejo das áreas protegidas e de reserva legal pode ser feito em conjunto, com a integração dos gestores e donos das terras. Quando há consenso quanto a melhor forma de manejo dos fragmentos, estes tendem a tornarem-se maiores e mais eficientes no que diz respeito a conservação da biodiversidade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Corredor_ecol%C3%B3gico https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_g%C3%AAnico Replantio O replantio da vegetação nativa é, sem dúvidas, uma medida eficiente a longo prazo, porém de alto custo. Não há medida que seja mais eficiente para manutenção da biodiversidade local do que recuperar a área em sua composição anterior as modificações antrópicas. Poluição X Degradação Alterações na fauna e flora, com eventual perda da biodiversidade tanto terrestre como aquática, são causadas pela degradação ambiental que está associada à poluição (causada pela ação humana) (Figura 5), e também a própria evolução do ecossistema pode levar à degradação ambiental por meios naturais. Como agente poluidor, inúmeras fontes podem ser citadas como exemplo, a mineração, desmatamento, construção de ferrovias e rodovias, crescimento populacional, resíduos radiativos, ameaça nuclear, indústrias, entre muitos outros. Os problemas de poluição X degradação nem sempre são observados, medidos ou mesmo sentidos pela população, isso porque muitos deles são cumulativos e somente sentidos a longo prazo. Além disso, o agravamento em curto período de tempo do aquecimento do planeta, das chuvas ácidas, dos dejetos lançados em rios e mares, entre outros, tem merecido atenção especial no mundo inteiro, e com certeza causando profundas alterações em todos os seres vivos e até mesmo levando a perda da diversidade. INTRODUÇÃO DE ESPECIES EXOTICAS De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, "espécie exótica" é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. "Espécie Exótica Invasora", por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas, hábitats ou espécies. Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de inimigos naturais, têm capacidade de se proliferar e invadir ecossistemas, sejam eles naturais ou antropizados. As espécies exóticas invasoras são beneficiadas pela degradação ambiental, e são bem sucedidas em ambientes e paisagens alteradas. Além disso, o seu potencial invasor e a severidade dos impactos causados pelas invasões podem ser intensificados em razão das mudanças climáticas. A destruição das barreiras biogeográficas por meio da ação antrópica provocou uma forte aceleração no processo de invasões biológicas. À medida que novos ambientes são colonizados e ocupados pelo homem, plantas e animais domesticados são transportados, proporcionando, para diversas espécies, condições de dispersão muito além de suas reais capacidades. Atualmente, graças aos meios de transporte aéreo, o fenômeno da dispersão de espécies ganhou velocidade e intensidade. Com a crescente globalização e o consequente aumento do comércio internacional, espécies exóticas são introduzidas, intencional ou não intencionalmente, para locais onde não encontram inimigos naturais, tornando-se mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos. Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, o que ocasiona o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e até mesmo a extinção de espécies nativas. Espécies exóticas invasoras têm invadido e afetado a biota nativa de, praticamente, todos os ecossistemas da Terra. Espécies exóticas invasoras foram reconhecidas em todos os grandes grupos taxonômicos, incluindo os vírus, fungos, algas, briófitas, pteridófitas, plantas superiores, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos. Espécies exóticas invasoras representam uma das maiores ameaças ao meio ambiente, com enormes prejuízos à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas naturais, além dos riscos à saúde humana. São consideradas a segunda maior causa de perda de biodiversidade, após as perda e degradação de habitats. Em virtude da agressividade e capacidade de excluir as espécies nativas, diretamente ou pela competição por recursos, as espécies exóticas invasoras apresentam o potencial de transformar a estrutura e a composição dos ecossistemas, homogeneizando os ambientes e destruindo as características peculiares que a biodiversidade local proporciona. As espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde o ano 1600, com 39% de todos os animais extintos, cujas causas são conhecidas (CDB). Mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos foram introduzidas nos Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Índia, África do Sul e Brasil (Pimentel et al., 2001). Tendo em vista o número de espécies que já invadiram esses seis países estudados, estima-se que um total aproximado de 480 mil espécies exóticas já foram introduzidas nos diversos ecossistemas da Terra. Aproximadamente 20 a 30% dessas espécies são consideradas pragas e são responsáveis por grandes problemas ambientais (Pimentel et al., 2001). Isto indica o enorme desafio que deverá ser enfrentado para o controle, monitoramento e erradicação das espécies exóticas invasoras. Os custos da prevenção, controle e erradicação de espécies exóticas invasoras indicam que os danos para o meio ambiente e para a economia são significativos. Neste contexto, levantamentos realizados nos Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil atestam que as perdas econômicas anuais decorrentes das invasões biológicas nas culturas, pastagens e nas áreas de florestas ultrapassa os 336 bilhões de dólares (Pimentel et al., 2001). Tendo em vista a complexidade dessa temática, as espécies exóticas invasoras envolvem uma agenda bastante ampla e desafiadora, com ações multidisciplinarese interinstitucionais 2.4.Tipos de introdução Introdução voluntária BIONDI (2003) afirma que introdução voluntária ocorre quando há a intenção no transporte e/ou soltura da espécie num local diferente da sua distribuição natural. Frequentemente a introdução voluntária de uma espécie exótica pode levar à introdução acidental de outras espécies a ela associada, como é o caso de parasitas que chegam junto com peixes introduzidos para actividades de piscicultura (tilápias, bagres, carpas, etc.). Nesse sentido, um importante problema ambiental relacionado à introdução de espécies na piscicultura é o comprometimento da sanidade dos organismos e a introdução de novas doenças a ecossistemas naturais. Introduções intencionais de espécies São motivadas por diversas razões que tangem fins sociais, económicos e até ambientais. Espécies foram e são introduzidas para embelezar praças e jardins, para uso na agropecuária, para amenizar a pressão sobre recursos naturais, como alternativa de renda e subsistência para populações de baixa renda, para controlo biológico de outras pragas e por muitas outras razões. Introdução involuntária Quando a introdução ocorrer acidentalmente, como no caso de pragas agrícolas e vectores e agentes causadores de doenças, como vírus e bactérias. a) Directas – são aqueles que utilizam seus próprios recursos locomotores. Ex: Invasão de animais através do voo, do caminhamento, nadando, rastejando, etc. b) Por animais – entre os animais é um tipo de invasão que é feita através do uso de um hospedeiro que transporta o organismo que invade para outro hospedeiro. (Ex: carrapatos, pulgas). Este tipo de invasão ocorre também nas plantas, onde, principalmente insectos e pássaros transportam sementes para locais. c) Pelo vento – actuação do vento como agente “carregador”. Comum na invasão de sementes de plantas. d) Pela água – semelhante à invasão pelo vento, neste caso a água é o agente encarregado pela dispersão “carregamento”. Espécies contidas São as espécies cujo potencial de invasão é reconhecido pelo histórico de invasão em outros locais, porém que se encontra com a dispersão limitada em função do uso a que se destina, por controlo humano. Invasoras São espécies introduzidas que se estabelecem, dominam novas áreas, formam grandes populações e causam a perda da biodiversidade. Exóticas ou Introduzidas São aquelas espécies introduzidas em ambientes diferentes do qual são originárias, atravessando fronteiras ou outros biomas dentro de limites geopolíticos estabelecidos. Naturalizadas São espécies introduzidas que se adaptam ao novo ambiente e passam a se reproduzir sem a intervenção direta do homem, mantendo populações não dominantes. Problemas causadas por espécies exóticas invasoras . Nativas São espécies que se desenvolvem naturalmente no ambiente do qual são originárias e ao qual estão adaptadas. Ruderais São espécies que ocorrem espontaneamente em ambientes urbanos ou modifi cados pelo homem sem que tenham sido cultivadas. Geralmente são pioneiras e possuem ampla distribuição geográfica, podendo ser naturalizadas ou nativa. 2.5.Problemas causadas por espécies exóticas invasoras As invasões biológicas podem se originar de introduções intencionais ou não intencionais, e causam danos ecológicos, económicos, culturais e sociais. Ao longo dos últimos séculos muitas espécies foram intencionalmente introduzidas pelo homem a novos ambientes. As introduções são realizadas sempre com boas intenções. Em muitos casos elas são benéficas, a exemplo da maioria das espécies cultivadas, de muitas plantas ornamentais e de alguns organismos para controlo biológico. Muitas espécies, entretanto, se tornam invasoras, cujos impactos são negativos. As espécies exóticas invasoras produzem mudanças e alterações nas propriedades ecológicas do solo, na reciclagem de nutrientes, nas cadeias tróficas, na estrutura, dominância, distribuição e funções de um dado ecossistema, na distribuição da biomassa, na taxa de decomposição, nos processos evolutivos e nas relações entre polinizadores; As espécies exóticas invasoras podem produzir híbridos ao cruzar com espécies nativas e eliminar genótipos originais, ocupar o espaço de espécies nativas levando-as a diminuir em abundância e extensão geográfica, aumentando os riscos de extinção de populações locais; Em ecossistemas pobres em nutrientes, a presença de espécies invasoras cria, muitas vezes, condições favoráveis para o estabelecimento de outras espécies invasoras, que normalmente não se estabeleceriam. As plantas invasoras, em seu processo de ocupação, aumentam sua área de ocorrência e dominam e eliminam a flora nativa por competição directa. Os animais são eliminados ou obrigados a sair do local à procura de alimentos, antes abundantes pela diversidade de espécies existentes. Assim, lentamente as invasões biológicas vão promovendo a substituição de comunidades com elevada diversidade por comunidades mono específicas, compostas por espécies invasoras, ou com diversidade reduzida, (CARNEIRO & DECHOUM, 2009:177). Um ecossistema passa pelo processo de contaminação biológica quando sofre danos causados por espécies introduzidas. Estas espécies se estabelecem, disseminam-se e provocam alterações ou desequilíbrios, gerando impactos ambientais negativos, não permitindo a recuperação natural .Os problemas mais frequentes causados por essas espécies envolvem a interferência no desenvolvimento das espécies nativas (deslocação de nichos), podendo ocasionar extinções locais ou regionais, descaracterização e homogeneização de ecossistemas, alteração nos ciclos ecológicos, mudanças no regime de incêndios naturais e rebaixamento do lençol freático. Os impactos econômicos causados por espécies invasoras, tanto animais quanto vegetais, são igualmente expressivos, com o desprendimento de somatórias da ordem de bilhões de dólares anuais. Na agricultura, por exemplo, estima-se que 30 a 40% da redução na produtividade mundial está associada à interferência de plantas invasoras e daninhas, além de aumentar os custos de produção e colheita. Esta interferência promove também a perda da qualidade do produto e a consequente perda de valor no mercado, disseminação de pragas e doenças, e danos à saúde, tanto do homem quanto de seus animais domésticos (PASTORE; etall, 2012) 2.6.Controle das espécies exóticas invasoras Existem três métodos principais de controle de espécies invasoras que requerem o máximo possível de conhecimento técnico e científico para sua aplicação Controle mecânico: envolve directamente a remoção física das espécies por escavação, corte ou por máquinas adequadas. Por vezes o controle mecânico pode ser utilizado em conjunto com o controle químico. Controle químico: utilizam-se herbicidas, inseticidas, raticidas e até aplicação de hormônios para inibir o desenvolvimento da espécie invasora e sua população. A utilização do método químico deve ser rigorosamente controlada a fi m de que não seja nocivo às espécies nativas da comunidade. Controle biológico: são introduzidas populações de inimigos naturais da espécie invasora a fi m de que haja competição pelos recursos ambientais, fazendo com que sua população entre em declínio, (PASTORE; etall, 2012). 2.7.Potencial invasivo da espécie: Dinâmica populacional do invasor (número grande de descendentes, períodos juvenis curtos); Capacidade de dispersão (alta taxa de reprodução e crescimento populacional); Resistência do invasor mudanças das condições climáticas; Grande produção de sementes pequenas e de fácil dispersão; Alta taxa de germinação dessas sementes; Maturação precoce das plantas já estabelecidas; Alto potencial reprodutivo por brotação; Ausência de inimigos naturais; 2.8. Objectivos introdução das espécies de interesse: Alimentação; Lazer; Produçãode celulose e papel; Obtenção de madeira; Turismo; Vedação; Medicinal; Outros. 2.9. Plantações de algumas espécies exóticas em Moçambique Plantações de espécies exóticas forma estabelecidas em Moçambique a partir dos anos 20 com objectivo de protecção, produção de materiais de construção, lenha, carvão e matéria-prima para industria. No período colonial estimava-se cerca de 20000ha de plantações florestais com espécies exóticas maioritariamente de Eucalyptussaligna,Eucalyptusgrandis, Pinuspatula e Casuarina equisitifolia estabelecidas na nas províncias de Manica, Niassa, Zambezia, Maputo, Gaza e Inhambane. Antes de independência foram estabelecidas plantações com espécie de rápido crescimento para o abastecimento de lenha e carvão as populações dos centros urbanos. O Pinuspatula é uma espécie nativa do México, de grande valor como produto de madeira de alta resistência e qualidade para o processamento mecânico e de alto rendimento em celulose. Tornou-se conhecida por sua bem sucedida introdução em numerosos países tropicais e subtropicais, (BIONDI, 2003:168). O Pinuscaribaea é uma espécie originária da América Central com o potencial para produção de madeira, resina e para reflorescimento. Tem tido de grande interesse mundial devido ao rápido crescimento e sua adaptabilidade à maioria dos tipos de solo. Nome: Mangueira Nome científico:Mangifera indica Distribuição natural: Ásia Objectivo: Alimentação. Impacto: A invasão da espécie no ambiente ciliar está gerando alteração do pH da água por apodrecimento das folhas e frutos Nome: sisal Distribuição natural: América do Sul e América Central Nome científico: Furcraea foetida Objectivo: Económico Impacto: Avança sobre áreas rupestres, deslocando bromélias e vegetação rupestre. Quando em alta densidade impede o deslocamento da fauna. Nome comum: Goiabeira Distribuição Natural: América Tropical (sul do México e norte da América do Sul) Nome científico:Psidiumguajava Objectivo: Alimentação e económico Distribuição natural: América Tropical (sul do México e norte da América do Sul) Impacto:Invade áreas em vários graus de perturbação e forma densas touceiras, eliminando a vegetação nativa e exercendo dominância. 2.10. Animais exóticos invasores em Moçambique Nome comum: Camarão-branco-do-pacífico, camarão-cinza Nome científico: Litopenaeusvannamei Distribuição natural: Costa oriental do Oceano Pacífico, abrangendo desde a costa da Califórnia, nos Estados Unidos, até a costa de Tumbes, no Peru. Objectivos: Estabelecida em Moçambique, bastante utilizada em viveiros comerciais. Actualmente, L. vannamei constitui o essencial da produção Moçambicana de camarões marinhos cultivados. Também é comercializada para servir de isca viva. Impacto: O sistema de cultivo em viveiros também pode deteriorar regiões estuarinas e manguezais. Possível transmissor da Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM), que pode trazer sérios riscos a crustáceos nativos, e portador do vírus da Mancha Branca. No cultivo de camarão, a construção dos viveiros revolve os sedimentos onde estão precipitados metais pesados, disponibilizando-os na cadeia alimentar. Consequentemente, os caranguejos do manguezal que recebem as águas dos tanques são contaminados com os metais pesados, contaminando também os pescadores que se alimentam desses caranguejos. Nome comum: Cachorro Nome científico: Canisfamiliaris Distribuição natural: Considerada espécie cosmopolita, mas seu ancestral directo, Canis lupus, é originário do Hemisfério Norte. Objectivos: guarnecer a casa, lazer, caçar. Impacto: Causa grande impacto na fauna nativa, sendo predador de mamíferos terrestres. Nome comum: Pombo-doméstico Nome Cientifico: Columba livia Objectivos:Introdução voluntária. Espécie com preferência por áreas próximas a habitações humanas. Os custos para o controle são altos em áreas urbanas, assim como para o tratamento de problemas de saúde pública em função da transmissão de doenças a pessoas. Invasora em mais de 90 países Impacto: Competição com espécies nativas por alimento. Veiculação de zoonoses. Está sendo observada a formação de híbridos entre Columba liviae as espécies nativas do género Columba, inclusive com a espécie Columba picazuro. Transmissora de ornitose, encefalite, doença de Newcastle, virose corrente em galinheiros, cryptococose, toxoplasmose, intoxicação por salmonela e diversas outras doenças, (BIRDLIFE, 2008:67). Nome comum: Rato-de-casa, rato-preto, guabirú Nome científico: Rattusrattus Impacto:É omnívoro e capaz de comer uma grande variedade de plantas e alimento dos animais nativos. É capaz de prezar ovos e jovens de aves florestais. Frequentemente desloca espécies de ratos nativos, ocupando o seu nicho. Provavelmente foi causador da extinção de um grande rato endémico (Noronhomysvespucci) Considerada uma das 100 piores espécies invasoras no mundo. Adapta-se a praticamente qualquer tipo de ambiente. Tem causado directamente, ou indirectamente, a extinção de várias espécies ao redor do mundo. 2.11.Os objectivos maiores de uma estratégia estadual para espécies exóticas invasoras Prevenir a entrada de novos organismos potencialmente perigosos (tanto por meio de introduções intencionais legais ou ilegais, quanto de introduções acidentais como, por exemplo, via água de lastro de navios); Criar um programa permanente de controlo e manejo de espécies exóticas invasoras já estabelecidas e também das recém-detectadas, com destaque para as unidades de conservação; Desenvolver programas e actividades de educação formal, informação e conscientização públicas; Criar um arcabouço legal que normalize as acções propostas nos mais diversos níveis, incluindo a regulamentação para actividades económicas baseadas no cultivo, na produção e/ou na comercialização de espécies exóticas invasoras; e Desenvolver capacidade técnica e estrutura institucional necessárias ao planejamento e à implementação das acções. O desenvolvimento das acções acima propostas requer uma abordagem ampla e sistémica, de modo que é essencial a composição de um Comité Estadual de gestão representado pelas das áreas de meio ambiente, agricultura, saúde e educação da esfera governamental, bem como por representantes da sociedade civil que possam aportar conhecimento especializado. Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) AMABIS & MARTHO (2004) organismos geneticamente modificados são aqueles cujo material genético tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética ou seja são organismos produzidos em laboratórios a partir da introdução de genes de outras espécies com o fim de atribuir a estes organismos características não possuídas por eles e que de forma 2.1.Vantagens dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) Velocidade: uma característica desejada pode ser estabelecida em apenas uma geração, enquanto através da reprodução convencional dos animais são necessárias muitas gerações. Flexibilidade: existe a possibilidade de criar novas características (cruzamento de espécies) e Economia: pode-se introduzir características desejadas em animais para que os mesmos tenham uma necessidade menor de suplementos alimentares e de tratamento veterinário. Biossegurança sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs) Segundo CAMPOS (2007), biossegurança é um conjunto de políticas, normas e procedimentos adotados para a precaução em distúrbios que possam ocorrer a nível da interacção entre os OGM com os nativos também constitui a aplicação de princípios científicos que dirige a forma rigorosa de avaliar os possíveis novos perigos derivados da adopção da biotecnologia. A biossegurança propõe os métodos eficazes para a prevenção e mitigação de potenciais impactos negativos que poderiam derivar desta tecnologia (CAMPOS,2007). Avançando CAMPOS (2007), o objectivo fundamental de um sistema de biossegurança e prevenir, manejar, mitigar, minimizar ou eliminar os perigos a saúde humana e animal e proteger o meio ambiente de danos devidos a agentes biológicos utilizados em pesquisa e no comercio. Os OGM foram submetidos a rigorosas avaliações de risco relacionadas ao uso como alimento ou a sua liberação no ambiente previamente a sua comercialização. Principais normas avaliadas na biossegurança GODARD (2001) para a introdução de um OGM num ambiente com a predominância de seres nativos é necessário o conhecimento dos seguintes aspectos: Metas de protecção: conhecer o seu impacto no meio inserido Biologia do Organismo: saber a composição biológica do organismo Ambiente receptor: estudar o ambiente que ira de ser introduzido Estimação de risco: conhecer o nível de risco para com o meio Determinação da aceitabilidade do risco: reconhecer a responsabilidade dos danos por estes causados. Interacção dos Organismos Geneticamente modificados com o meio Os organismos geneticamente modificados podem promover a redução da biodiversidade uma vez inseridos no meio ambiente. Uma hipótese sustenta que a partir de um primeiro cenário, de interacção apenas entre as variantes transgénica e original pode se concluir que sendo competidoras puras, mesmo no caso de coexistência estável entre as variantes, haveria decréscimo de produção mais severo para a variante natural (GODARD, 2001). Na interacção dos OGMs com o meio podem provocar: Contaminação genética: devido às características de polinização do arroz estudos apontam que o cruzamento entre as variedades transgénica e convencional é possível o que resultaria na contaminação genética de diversas variedades. A contaminação genética ameaça a biodiversidade do arroz e também a produção dos agricultores que optarem por plantar um arroz convencional(GODARD,2001). Surgimento de ervas daninhas resistentes: o arroz transgénico pode realizar cruzamentos com outras variedades como o arroz vermelho. A propriedade de resistência ao glufosinato de amônio também poderá ser transmitida, com isso variedades convencionais poderão adquirir a resistência ao glufosinato, criando as condições para que o agrotóxico seja mais e mais usado no campo oferecendo risco aos agricultores ao meio ambiente e à saúde dos consumidores (GODARD,2001). Perigoso ao meio ambiente: por conta da inevitável e incontrolável contaminação genética os impactos no meio ambiente são imensos como da perda de biodiversidade, estão em risco insectos e plantas, fungos e bactérias o que reduziria a fertilidade do solo, alterando ciclos de nutrientes e facilitando o aparecimento de doenças em novas safras (GODARD, 2001). 2.5.Os Impactos dos organismos geneticamente modificados sobre a biodiversidade Podem se alistar os seguintes impactos: O desenvolvimento biológico indesejado de algumas espécies e a posterior alastramento de seus efeitos lesivos O aumento do uso de herbicidas e agrotóxicos e o aparecimento de pragas mais resistentes chamadas de superpragas O aparecimento de traços patógenos em humanos, animais ou vegetais como alergias e o aumento da resistência aos antibióticos A contaminação genética com o cruzamento dos OGMs com a biodiversidade natural A diminuição da biodiversidade e A perda de variação genética.