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aula 05

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CONTABILIDADE AMBIENTAL 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ana Lizete Farias 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Em nossa aula vamos acrescer mais elementos para pensar a 
Contabilidade Ambiental envolvendo a nossa sociedade e sua gestão. 
Inicialmente, vamos analisar a importância da divulgação e transparência das 
informações socioambientais. Será que o cidadão comum tem acesso e 
compreensão sobre as decisões que impactam a sua vida em nível 
governamental? Vamos entender esse ponto. No mesmo sentido, também 
iremos compreender a forma como as empresas estão evidenciando as 
informações ambientais sobre suas operações. Na sequência, iremos analisar o 
que é um balanço ecológico, e como isso se relaciona à contabilidade ambiental. 
Por fim, vamos estudar os Estudos de Impacto Ambiental (EIA), o que são 
e como são se constituem, assim como o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) 
que é forma comunicar à sociedade as conclusões do EIA. 
E para dar início a este encontro, partiremos de um texto que mostra a 
relação entre a responsabilidade socioambiental e a transparência de um 
importante banco público, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e 
Social – BNDES, no caso da hidrelétrica de Belo Monte. 
Vamos começar! 
CONTEXTUALIZANDO 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é legalmente 
corresponsável pelos impactos socioambientais da usina hidrelétrica (UHE) Belo Monte. 
Financiador de aproximadamente 80% dos custos do empreendimento, estimados em R$ 28,9 
bilhões, o banco viabilizou a construção da UHE, ao emprestar ao consórcio Norte Energia S.A. 
o valor total de R$ 25,4 bilhões, entre dois empréstimos-ponte (de R$ 1,1 bilhão e R$ 1,8 bilhão, 
respectivamente) e o financiamento principal, de R$ 22,5 bilhões, por um prazo total de 30 anos. 
O financiamento de Belo Monte não só é o maior da história do banco para um único projeto, 
como é, sem dúvida, um dos mais arriscados que já operou. [...] O empréstimo de longo prazo 
prevê investimentos em ações ambientais e sociais (relacionadas ao Projeto Básico Ambiental - 
PBA e ao cumprimento de outras condicionantes de licenças ambientais) na ordem de R$ 3,2 
bilhões, assim como a destinação pelo empreendedor de R$ 500 milhões ao Plano de 
Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX). Quando o BNDES assinou o 
empréstimo principal com a Norte Energia, ela já tinha acumulado R$ 7 milhões em multas, 
impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA), devido ao descumprimento de condicionantes socioambientais; era ré em pelo menos 
15 ações judiciais do Ministério Público Federal (MPF), em 21 ações propostas pela Defensoria 
Pública e em 18 ações de organizações da sociedade civil, que questionavam a legalidade das 
autorizações ambientais existentes, apontavam irregularidades nos processos de 
reassentamento, ou levantavam demandas por reconhecimento de impactos. [...] Desde o início 
do envolvimento do BNDES em Belo Monte, houve diversos pedidos por parte de organizações 
da sociedade civil para acessar as informações básicas sobre o processo de tomada de decisão 
do banco com relação ao gerenciamento dos riscos socioambientais inerentes ao 
 
 
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empreendimento, a grande maioria das vezes sem sucesso, a despeito da Lei de Acesso à 
Informações (Lei nº 12.527/2011), que obriga as entidades públicas a prestarem informações, a 
qualquer cidadão, sobre suas atividades. Em praticamente todos os requerimentos, o BNDES 
tem recusado o acesso às informações solicitadas, utilizado argumentos sobre o sigilo bancário 
– mesmo em casos relativos exclusivamente a dados sobre cumprimento de obrigações 
socioambientais do beneficiário do empréstimo. [...] A ausência de informação primária de fontes 
independentes relativas ao atendimento e à efetividade das medidas de mitigação é o principal 
desafio do licenciamento ambiental e do acompanhamento de obras de alto risco socioambiental 
para o BNDES. [...] Belo Monte é um caso emblemático para análise e debate público sobre 
importantes aspectos da atuação do BNDES como instituição financeira pública. [...] A atual 
política de responsabilidade socioambiental do BNDES não foi capaz de identificar e equacionar 
adequadamente os riscos socioambientais de Belo Monte, nem durante sua fase de análise 
prévia, nem ao longo de sua execução e do acompanhamento do financiamento pelo banco. Ao 
aprovar a concessão do financiamento, a diretoria do banco subestimou os problemas desse 
megaempreendimento, como, por exemplo, os impactos sobre as comunidades pesqueiras e 
tradicionais no entorno da UHE. Se todos esses problemas ocorrem em um caso que deveria ser 
exemplo de aplicação da política de responsabilidade socioambiental do BNDES, então, o que 
podemos esperar de sua aplicação e eficiência em casos de menor visibilidade? (ISA, 2015). 
TEMA 1 – DIVULGAÇÃO E TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES 
SOCIOAMBIENTAIS 
Com base em nosso texto inicial, podemos ver que a questão da 
divulgação e da transparência é um elemento urgente e necessário quando se 
trata de informações socioambientais, mas que ainda representa um problema 
no âmbito do cidadão comum, ou seja: nem todas as informações públicas estão 
disponíveis para nossa análise e compreensão. Nesse sentido, é senso comum 
que não somente as atividades empresariais, mas também os serviços públicos 
influenciem o desenvolvimento da sociedade, influência essa que se manifesta 
pela forma de condução das políticas pública e pelo impacto causado pelos 
processos produtivos, seja positiva ou negativamente. 
As informações no Brasil são disponibilizadas para a sociedade através 
do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima), instituído 
como um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente em 1981 (Brasil, 
2019). O Sinima é uma plataforma elaborada com vistas à integração e 
compartilhamento de informações entre os diversos sistemas que já existem, ou 
que vão ser construídos no âmbito do Sisnama (Lei n. 6.938/81), segundo a 
Portaria n. 160, de 19 de maio de 2009, que atua sob a forma de três eixos 
estruturantes (Brasil, 2019): 
• Inventário de dados: tem por finalidade divulgar uma listagem com todas 
as bases de dados produzidas pelo Ministério do Meio Ambiente; 
 
 
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• Indicadores ambientais: estatísticas selecionadas que representam ou 
resumem alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos recursos 
naturais e de atividades humanas relacionadas. 
• Plano de Dados Abertos (PDA-MMA): representa o instrumento de 
planejamento, coordenação e disseminação das informações 
sistematizadas para diferentes tipos de usuários, orientando as ações de 
racionalização, implementação e promoção de abertura de dados, 
incluindo os geoespacializados, permitindo com isso maior transparência 
das informações e reutilização dos dados públicos pela sociedade. 
Por outro lado, ainda que não houvesse exigência legal quanto à 
divulgação das informações ambientais, as instituições são contínua e 
crescentemente instadas a informarem sua política ambiental, por meio das mais 
recentes normas e sistemas de gerenciamento ambiental, além de Relatórios de 
Impactos Ambientais, como veremos em nossa aula. 
Outro instrumento jurídico de grande importância, citado no texto da nossa 
contextualização, é a Lei da Transparência, que entrou em vigor em maio de 
2012, permitindo que todo cidadão tenha direito de acessar as contas de 
qualquer repartição federal, estadual ou municipal. 
Saber o que acontece com o dinheiro público é um grande avanço, e os 
efeitos se farão sentir à medida que os diversos atores sociais e a cidadania em 
geral passem a utilizar desse instrumento legal, pois sabemos que não basta terinformações sobre o dinheiro público, pois é igualmente importante saber o que 
acontece exatamente com o dinheiro do público. Exatamente no caso do BNDES 
e de Belo Monte, a sociedade civil exige saber que, além do financiamento, é 
preciso saber, cada vez mais, como e a que custo foi efetivado esse empréstimo, 
ou seja, é preciso conhecer o processo. Vemos então a importância da pressão 
da opinião pública, que pode influenciar significativamente governos e empresas 
na construção de estratégias de investimentos, o que inclui necessariamente a 
demanda por transparência em todos os âmbitos da vida em sociedade. 
É dessa forma que, como bem nos ensina o Instituto Ethos (2010), 
a transparência, como princípio ético, delimita os espaços das 
informações de tudo aquilo que, no plano empresarial afetem 
significativamente os interesses dos diversos públicos envolvidos. Por 
sua vez esse público, sem dúvida, bem informado, tem as melhores 
condições de analisar os riscos a que estão submetidos. 
 
 
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Ainda segundo o Instituto Ethos (2010) a transparência só é completa 
quando envolve a franqueza, ou seja, é preciso expor, na comunicação 
institucional, tanto os dados positivos como os negativos relativos a 
desempenho, tais como problemas identificados e pendentes de solução, metas 
estratégicas não alcançadas, além de variações negativas em alguns 
indicadores operacionais ou financeiros. Quedas de produção, vendas e 
margens de lucro são exemplos comuns de variações negativas; até há alguns 
anos, essas estatísticas raramente seriam citadas nos informes distribuídos 
pelas empresas envolvidas. 
Quando lemos um relatório anual e só encontramos fatos positivos, 
dificilmente escapamos de dúvidas: se os fatos estão sendo escondidos, se há 
problemas ignorados, e assim por diante. 
Em termos de visibilidade, as empresas modernas estão expostas por um 
incomparável instrumental de comunicação, que começa pelos profissionais 
especializados, como o de relações com investidores (RI). Há também 
sites bem-estruturados, com Relatórios Anuais e/ou de Relatório de 
Sustentabilidade, que direcionam informes sobre o exercício, em retrospectiva 
completada pela análise das tendências e perspectivas, com relação a todos os 
aspectos da atividade empresarial – legal, administrativo, operacional e 
econômico-financeiro (Ethos, 2010). 
A partir dessa realidade, se percebe que os relatórios anuais publicados 
são os veículos mais completos de comunicação em qualquer tipo de entidade, 
porque abrangem um exercício completo e todas as atividades básicas 
desenvolvidas. Por isso, as informações contidas devem ir além do que a lei e 
os regulamentos impõem, incluindo qualquer dado que, embora não obrigatório, 
possa afetar os interesses do leitor. Por isso, empresas, instituições 
governamentais, e mesmo membros da sociedade civil buscam divulgar suas 
ações de forma clara e transparente, de modo que seus valores sejam 
percebidos como positivos pela sociedade, buscando garantir sua longevidade. 
De outra forma, tornam-se frágeis, sem competitividade, e ficam suscetíveis a 
riscos de imagem e reputação. 
TEMA 2 – FORMAS DE EVIDENCIAÇÃO 
A transparência das operações socioambientais, incluindo aí o mercado 
financeiro, é um tema cada vez mais importante nos dias de hoje, pois permite 
 
 
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aos cidadãos comuns terem conhecimento dos impactos que afetam a natureza, 
assim como da qualidade de suas vidas. Dado que a contabilidade está 
relacionada de forma inerente ao patrimônio, há a necessidade de se registrar e 
prestar informações de todos os fatos referentes ao meio ambiente, uma vez que 
esse patrimônio pertence à sociedade. Além disso, é dever do contador ter uma 
compreensão sobre as questões ambientais, para relatá-las adequadamente, 
aproximando a linguagem contábil da linguagem dos ambientalistas. 
Atualmente, no caso do Brasil, têm sido utilizadas três importantes formas 
de evidenciar as informações perante organismos internacionais, mercado 
financeiro e ONGs: Balanço Social, relatórios de sustentabilidade no modelo GRI 
e indicadores Ethos. 
2.1 Balanço Social 
O Balanço Social é um demonstrativo, através do qual as empresas 
podem apresentar à sociedade informações sobre seus investimentos internos 
e externos, nas ações de responsabilidade social empresarial. Esse modelo foi 
lançado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em 
1997 (Ibase, 2019), constituindo-se de planilhas nas quais são apresentados 
indicadores quantitativos referentes a informações sobre investimentos 
financeiros, sociais e ambientais, coletáveis no sistema contábil e de gestão de 
pessoas da empresa. Em relação à forma como a empresa faz a gestão das 
ações de responsabilidade social, os resultados são apresentados por meio de 
indicadores qualitativos, de múltipla escolha. 
Os indicadores para divulgação são apresentados em sete grupos, na 
forma de um modelo que, segundo o próprio Ibase, é essencialmente uma 
ferramenta de transparência e prestação de contas. Nesse sentido, as 
empresas que fizerem a opção por divulgá-lo entendem que o estão fazendo 
para apresentar suas ações periodicamente à sociedade, e como elas estão 
evoluindo em temas relevantes, como educação, saúde, promoção da 
diversidade, preservação do meio ambiente, contribuições para a melhoria da 
qualidade de vida e de trabalho dos funcionários, participação em projetos 
comunitários, erradicação da pobreza e criação de postos de trabalho. O modelo 
Ibase, por fim, não exige nenhuma metodologia específica para levantamento de 
dados nem que as informações passem por uma auditoria prévia (Ibase, 2019). 
 
 
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2.2 Relatórios de sustentabilidade do Global Reporting Initiative (GRI) 
O Global Reporting Initiative (GRI) é uma rede de empresas e 
organizações sociais responsável pelo desenvolvimento de um padrão 
internacional para relatórios de sustentabilidade de empresas. O objetivo é fazer 
com que os relatórios de sustentabilidade se orientem por padrões de qualidade 
técnica, credibilidade e relevância. São integrantes dessa rede, além de 
empresas globais, organizações da sociedade civil, organizações de 
trabalhadores e instituições profissionais. 
O relatório segundo o modelo GRI é visto muito mais como uma 
ferramenta de gestão corporativa constituída por um diagnóstico a partir de uma 
série de indicadores previamente estabelecidos pelo modelo. 
O GRI não é uma certificação, mas um acordo voluntário e interno, focado 
na publicação de práticas e ações relacionadas aos principais impactos da 
empresa nos pilares ambiental, social e econômico – pilares que formam o Tripé 
da Sustentabilidade. Além disso, objetiva abordar temas que sejam prioritários e 
relevantes, não só para a empresa, mas também para os seus stakeholders, ou 
públicos envolvidos e prioritários. 
2.3 Indicadores Ethos 
Desenvolvidos em 2000 pelo Instituto Ethos, os indicadores são 
considerados, além de uma forma de evidenciação, também uma ferramenta de 
gestão que visa apoiar as empresas na incorporação da sustentabilidade e da 
responsabilidade social empresarial (RSE) em suas estratégias de negócio, de 
modo que venha a ser sustentável e responsável (Instituto Ethos, 2019). 
Os indicadores são apresentados na forma de um questionário: a 
empresa realiza ela mesma o autodiagnóstico da sua gestão, em um sistema 
totalmente on-line. Além disso, podem ser integrados com os relatórios da Global 
Reporting Initiative (GRI), bem como com a Norma de Responsabilidade Social 
ABNT NBR ISO 26000. 
2.4 Relato Integrado 
Apesar de ainda não ser um modelo amplamente utilizado, é importante 
trazermos algumas consideraçõessobre o Relatório Integrado (RI). Esse modelo 
é a tendência mais atual de apresentação de informações relacionadas às 
 
 
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empresas e suas operações, sendo uma das suas características a estrutura 
concisa das informações e a exposição da forma como a empresa atua a sua 
cadeia de valor. O Relato Integrado busca mostrar a governança, a gestão e o 
modelo de negócios a partir de riscos e oportunidades, pensando no 
desempenho da organização. 
2.5 Ferramentas 
Esse conjunto de ferramentas nos mostra que não há uma única forma de 
apresentação de informações à sociedade, uma vez que as empresas são 
regidas e orientadas segundo o seu modelo de gestão, que por sua vez busca 
atender a um nicho de mercado. Além disso, o suporte para cada uma dessas 
ferramentas é realizado por organizações diferentes: para os Relatos Integrados, 
a assistência é a International Integrated Reporting Council (IIRC); para os 
Relatórios de Sustentabilidade, é a Global Reporting Initiative (GRI), referência 
na orientação de padrões e princípios de qualidade e abrangência do relatório; 
no caso do Balanço Social, a orientação vem do Instituto Ethos de 
Responsabilidade e/ou, complementarmente, pelo Instituto Brasileiro de 
Análises Sociais e Econômicas (Ibase). 
Concluindo, podemos dizer efetivamente que as formas de relato 
comunicam as ações de forma transparente, com compromissos e metas que 
são adotadas pelas companhias, que já compreenderam a importância 
estratégica dessas comunicações, haja vista que a globalização tem tornado os 
consumidores cada mais conscientes do papel das empresas em prol da 
sustentabilidade. 
TEMA 3 – BALANÇO ECOLÓGICO E CONTABILIDADE AMBIENTAL 
No tema anterior, pudemos entender quais as são as formas usuais com 
que as empresas relatam os aspectos pertinentes ao seu desempenho 
operacional. Vimos que todas essas formas incluem os aspectos ambientais, que 
também podem ser chamados de “ecológicos“, lembrando que a ecologia é a 
parte da Biologia que se preocupa com o estudo das relações estabelecidas 
entre os seres vivos, e destes com o meio ambiente em que vivem. 
Dessa maneira, podemos assumir que o Balanço Ecológico pode ser 
entendido como o aspecto da contabilidade ambiental que está relacionado aos 
 
 
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gastos da empresa na apropriação de recursos ambientais para o 
desenvolvimento de suas operações e/ou processos produtivos. 
 Existem atualmente diversas ferramentas que podem auxiliar empresas 
a comporem as informações que subsidiarão o levantamento das informações 
para o Balanço Ecológico. Dentre elas, estão os indicadores do GRI, como vimos 
anteriormente. Quadro 1, seguem alguns exemplos desses indicadores. 
Quadro 1 – Exemplos de indicadores 
EN3 Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária 
EN4 Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária 
EN8 Total de retirada de água por fonte 
EN9 Adic. Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água 
EN10 Adic. Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada 
EN13 Adic. Habitats protegidos ou restaurados 
EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso 
EN21 Descarte total de água, por qualidade e destinação 
EN22 Peso total de resíduos, por tipos e métodos de disposição 
EN28 
Valor monetário de multas significativas e número total de sanções 
não monetárias resultantes de não conformidade com leis e 
regulamentos 
Fonte: GRI, 2019. 
A norma ISO 14000 traz vários documentos que podem contribuir para o 
Balanço Ambiental, como ISO 14001 e 14004, que estabelecem padrões de 
gestão ambiental; 14010, 14011 e 14012, que estabelecem padrões de auditoria 
ambiental, e 14031, que trata da avaliação de desempenho ambiental. 
Para a escolha do melhor método de levantamento das informações para 
compor o Balanço Ecológico, o primeiro passo é realizar uma avaliação dos 
impactos atuais, potenciais, positivos e negativos que as atividades produtivas 
têm em toda a cadeia de valor. A partir desse diagnóstico, os indicadores a 
serem escolhidos devem expor, de forma clara e objetiva, qual a relação entre 
as atividades relacionadas ao processo operacional da empresa e uma 
 
 
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promoção positiva para um desenvolvimento sustentável. Além disso, esses 
indicadores devem ser passíveis de serem monitorados ao longo do tempo. 
Muitas vezes, o maior impacto social e ambiental de uma organização 
pode estar além do escopo dos ativos que detém ou controla. Por isso, é 
recomendável que a contabilidade considere toda a cadeia de valor – desde a 
base de abastecimento e logística de entrada, passando pela produção e 
operações, até a distribuição, uso e fim da vida dos produtos – como o ponto de 
início para a avaliação do impacto e a definição de prioridades. 
TEMA 4 – ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) 
Os temas anteriores de nossa aula trouxeram questões importantes sobre 
transparência e suas ferramentas de divulgação, assim como os elementos 
ambientais que compõem um Balanço Ecológico. Além disso, vimos como é 
decisiva a participação da sociedade em todos esses processos. 
É a partir desse cenário que agora podemos abordar alguns aspectos dos 
Estudos de Impacto Ambiental (EIA), os quais, sem dúvida, contribuem para a 
efetivação de uma perspectiva de desenvolvimento verdadeiramente 
sustentável. Seja em empreendimentos da iniciativa privada ou do governo, o 
EIA permite uma análise da viabilidade ou não de uma atividade, encontrando 
ao mesmo tempo alternativas que podem ser adotadas para minimizar os 
impactos negativos ao meio ambiente. 
Adotados em vários países, o EIA de impacto ambiental tem a função de 
ser um mecanismo de proteção e defesa do meio ambiente, fator de importância 
que levou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Sustentável, Rio-92, dispor o Princípio n. 17 da Declaração da 
Conferência da ONU do Rio de Janeiro (Ramid; Ribeiro, 1992): 
Princípio 17. – A avaliação de impacto ambiental, como instrumento 
nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que 
possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente 
e que dependam de uma decisão da autoridade nacional competente. 
O desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental deve ocorrer 
antes da execução de uma grande obra ou empreendimento. De uma maneira 
geral, deve ser dividido em duas etapas: o diagnóstico, quando são considerados 
todos os efeitos positivos e negativos associados ao projeto, como um todo; o 
prognóstico, que avalia alternativas durante a implantação; e o desenvolvimento 
 
 
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do projeto, visando gerar o menor número possível de efeitos sociais e 
ambientais negativos, tornando-os aceitáveis pela sociedade, que deve 
participar da decisão. 
De acordo com o art. 2° da Resolução Conama 237/1997, a elaboração 
de estudo de impacto ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto 
Ambiental (Rima), a serem submetidos à aprovação do órgão estadual 
competente, e do Ibama em caráter supletivo, devem ser realizados para o 
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente. Ela vale para os 
seguintes casos (Conama, 1986): 
I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
II – Ferrovias; 
III – Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do 
Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; 
V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários 
de esgotos sanitários; 
VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
VII – Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais 
como: barragem para fins hidrelétricos,acima de 10MW, de 
saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, 
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras 
e embocaduras, transposição de bacias, diques; 
VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
IX – Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código 
de Mineração; 
X – Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos 
tóxicos ou perigosos; 
Xl – Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de 
energia primária, acima de 10MW; 
XII – Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, 
siderúrgicos, cloro químicos, destilarias de álcool, hulha, extração e 
cultivo de recursos hídricos); 
XIII – Distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI; 
XIV – Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima 
de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em 
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; 
XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas 
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos 
municipais e estaduais competentes; 
XVI- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou 
produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia; 
XVII – Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 
ha ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em 
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, 
inclusive nas áreas de proteção ambiental. 
O EIA na Legislação Federal, portanto, é referente a um projeto específico 
a ser implantado em determinada área ou meio, e para tal é um estudo prévio 
que serve de instrumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões 
políticas na implantação da obra. Além disso, um EIA é interdisciplinar, ou seja, 
 
 
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deve ser realizado por uma equipe de diferentes profissionais, de diferentes 
áreas abrangidas, independentemente do proponente do projeto. 
Dentro da perspectiva da legislação, a responsabilidade de cada membro 
da equipe multidisciplinar, ou da equipe como um todo (sendo ou não pessoa 
jurídica), também é especificada, pois nesse aspecto a conduta dos profissionais 
que atuam em um EIA pode configurar crime de falsidade ideológica. Um 
exemplo seria a omissão de documentos importantes para o processo decisório. 
Nesses casos, a pena pode ser de reclusão e/ou multa. 
Os estudos são realizados de forma a apresentar a compartimentação do 
meio ambiente, ou seja, os meios físico, biológico e socioeconômicos, com um 
roteiro que contempla desde informações sobre a localização do 
empreendimento e sua área de influência, até a caracterização, com 
planejamento, implantação, operação e desativação completa. Numa segunda 
etapa, é realizado o Diagnóstico Ambiental, que definirá um cenário ambiental 
da área antes da implantação do empreendimento, além da Qualidade Ambiental 
da região, de forma a especificar as interações e inter-relações entre os 
componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema. Somente a partir disso 
é que são realizadas as Análises dos Impactos Ambientais nas diferentes fases 
do projeto. Por fim, após essa análise, serão propostas Medidas Mitigadoras – 
medidas que minimizam os impactos adversos – constando sua natureza, 
período de adoção, prazo de duração, fator ambiental a que se destinam, e quem 
deve ser responsável pela sua implantação. 
É importante ressaltar que todos os documentos gerados pelos Estudos 
de Impactos Ambientais são públicos, estando acessíveis a qualquer cidadão e 
devendo conduzir à prevenção de danos e riscos ambientais não toleráveis, 
exatamente ao encontro da execução da Política Ambiental brasileira. 
TEMA 5 – RELATÓRIO RIMA 
Após a elaboração do EIA, é elaborado o Relatório de Impacto Ambiental 
(Rima), que deve apresentar uma linguagem simples e objetiva, formalizando 
para o Poder Público e a sociedade as conclusões obtidas por meio dos Estudos 
de Impacto Ambiental. Dessa forma, o EIA apresenta uma abrangência maior, 
de forma a englobar o Rima em seu conteúdo, ressaltando-que é ilegal 
estabelecer parte transparente das atividades (o Rima) e partes que não serão 
publicadas. 
 
 
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A linguagem para apresentação deve ser objetiva, concisa e clara, 
permitindo a compreensão de informações complexas que foram elaboradas 
para o EIA; ou seja, o formato deve ser adequado aos seus leitores, para que 
entendam as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as 
consequências ambientais de sua implementação. 
Segundo a legislação vigente, ou seja, a Resolução Conama n. 001/1986, 
o Rima deve conter os seguintes itens (Conama, 1986): 
I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade 
com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; 
II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e 
locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de 
construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-
de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os 
prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos 
diretos e indiretos a serem gerados; 
III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental 
da área de influência do projeto; 
IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e 
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os 
horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os 
métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, 
quantificação e interpretação; 
V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de 
influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e 
suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; 
VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas 
em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não 
puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; 
VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões 
e comentários de ordem geral). 
TROCANDO IDEIAS 
Em janeiro de 2019, o então presidente em exercício, Hamilton 
Mourão, publicou um decreto que altera a regulamentação da Lei de Acesso à 
Informação (LAI), prevendo que a classificação “ultrassecreta” de dados poderá 
ser delegada a altos cargos, comissionados com o DAS 6, e também a dirigentes 
máximos de autarquias, fundações, empresas públicas e de sociedades de 
economia mista. Considerando o que vimos em aula, como você classificaria 
essa decisão? Qual o impacto que isso pode causar em relação às questões 
socioambientais? Tome como exemplo uma área que tem um grande depósito 
de um bem mineral, ou ainda os casos de desmatamento da Floresta Amazônica. 
 
 
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NA PRÁTICA 
Leia o artigo "Johnson & Johnson é condenada a pagar US$ 5 bi por talco 
com amianto", produzido pelo New York Times e publicado pelo Estadão em 
13/07/18, e disponibilizado em <https://economia.estadao.com.br/noticias/nego
cios,johnson-e-johnson-e-condenada-a-pagar-us-5-bi-por-talco-com-
amianto,70002401624> (acesso em: 9 set. 2019). 
O exemplo da Johnson & Johnson vem ao encontro de tudo o que vimos 
em aula acerca da importância da transparência das informações, com as 
consequências não somente ambientais, mas também sociais dos processos 
produtivos das indústrias. Além disso, aponta uma tendência de cunho 
irreversível: a demanda e a capacidade da população de exigir cada vez mais os 
seus direitos. 
FINALIZANDO 
Começamos a nossa aula estudando a importância da divulgação e da 
transparência em relação às informações de cunhosocioambientais que 
envolvem os projetos de desenvolvimento sustentável. Na sequência, 
aprendemos sobre as formas mais atuais de evidenciação e divulgação, a saber: 
modelo Ibase, ou Balanço Social, relatório de sustentabilidade no modelo GRI, 
e Indicadores Ethos. Depois, conhecemos o Relato Integrado, que já havia sido 
mencionado em nossas aulas anteriores. Aprendemos também sobre o Balanço 
Ecológico e sobre o EIA-Rima, e seu respectivo relatório de comunicação à 
sociedade. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Informações ambientais. Disponível em: 
<http://www.mma.gov.br/informacoes-ambientais.html>. Acesso em: 8 set. 2019. 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 01, de 23 de 
janeiro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986. 
DISCOVER the GRI Standards. GRI – Global Reporting Initiative. Disponível em: 
<https://www.globalreporting.org/standards/getting-started-with-the-gri-
standards/>. Acesso em: 8 set. 2019. 
GUIA de elaboração do balanço social e relatório de sustentabilidade. Instituto 
Ethos, 2007. Disponível em: <https://www.ethos.org.br/cedoc/guia-de-
elaboracao-do-balanco-social-versao-2007/#.XF6FnFxKg2w>. Acesso em: 8 
set. 2019. 
IBASE e BS. Ibase. Disponível em: <http://ibase.br/pt/balanco-social/>. Acesso 
em: 8 set. 2019. 
ISA – Instituto Socioambiental. Dossiê Belo Monte, 2015. Disponível em: 
<https://www.socioambiental.org/pt-br/dossie-belo-monte>. Acesso em: 9 set. 
2019. 
JOHNSON & JOHNSON é condenada a pagar U$5 bi por talco com amianto. 
Estadão, 13 jul. 2018. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticia
s/negocios,johnson-e-johnson-e-condenada-a-pagar-us-5-bi-por-talco-com-
amianto,70002401624>. Acesso em: 8 set. 2019. 
RAMID, J.; RIBEIRO, A. Declaração do Rio de Janeiro. Estudos Avançados, v. 
6, n. 15, 1992. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n15/v6n15a13.pdf>. 
Acesso em: 8 set. 2019. 
VALORES, transparência e governança. Instituto Ethos, 2013. Disponível em: 
<https://www.ethos.org.br/conteudo/gestao-socialmente-responsavel/valores-
transparencia-e-governanca/#.XF6FQlxKg2w>. Acesso em: 8 set. 2019. 
 
 
 
	Conversa inicial
	Contextualizando
	Na prática
	Leia o artigo "Johnson & Johnson é condenada a pagar US$ 5 bi por talco com amianto", produzido pelo New York Times e publicado pelo Estadão em 13/07/18, e disponibilizado em <https://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,johnson-e-johnson-e-conde...
	O exemplo da Johnson & Johnson vem ao encontro de tudo o que vimos em aula acerca da importância da transparência das informações, com as consequências não somente ambientais, mas também sociais dos processos produtivos das indústrias. Além disso, apo...
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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