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MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 Schistosoma mansoni e Fasciola hepatica Schistosoma mansoni Essa espécie de parasito causa a esquistossomose mansônica, uma parasitose que atinge o mundo inteiro, especialmente locais com saneamento básico deficiente. Morfologia Adulto É uma espécie dióica, ou seja, apresenta macho e fêmea. Ambos possuem corpo não segmentado com o tubo digestório incompleto. O macho mede cerca de 1cm, enquanto a fêmea mede cerca de 1,5cm Ovo Os ovos da S. mansoni possuem formato oval, casca transparente e espículo lateral. O que caracteriza um ovo maduro (encontrado nas fezes) é a presença de miracídio no interior do ovo. Miracídio A forma miracídea desse parasito apresenta uma forma cilíndrica. Além disso, ele apresenta células epidérmicas, nas quais possuem cílios que permite o deslocamento em meio aquático. Essa é a forma infectante para o molusco (hospedeiro intermediário). Outro ponto importante é que 1 miracídio infectante pode gerar até 300 mil cercarias dentro do hospedeiro intermediário. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 2 Cercária Essa é a forma infectante para o homem. Ela apresenta uma cauda bifurcada. Biologia Habitat Os vermes adultos vivem no sistema porta. Os esquitossômulos quando chegam ao fígado apresentam ganho de biomassa exponencial e após atingirem a maturidade sexual, eles migram para a V. mesentérica inferior. Ciclo biológico O ciclo biológico dessa espécie esta sintetizada na imagem a seguir. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 3 OBS! Os ovos liberados pela fêmea se depositam na corrente sanguínea, especialmente nos vasos do intestino. Lá elas geram um processo de reação inflamatória que leva ao adelgaçamento da parede do vaso e posterior perfuração dessa parede. Então eles penetram na luz do intestino e são eliminados junto com as fezes do hospedeiro. Hospedeiro intermediário Os hospedeiros intermediários do Schistosoma mansoni são caramujos da família planorbidae, mais precisamente três espécies: Biomfhalaria glabrata (hospedeiro intermediário mais importante), B. straminea e B. tenagophila (está presente no RS). Imunopatologia A esquistossomose mansoni é basicamente uma doença que decorre da resposta inflamatória granulomatosa que ocorre em torno dos ovos vivos do parasito. Esses ovos liberam antígenos chamados de Antigenos solúveis dos ovos (SEA), os quais induze a resposta imunológica humoral e celular, sendo elementos importantes para a reação granulomatosa e, portanto, da doença. Na fase aguda a reação granulomatosa é exacerbada e atinge um volume de até 100x o do ovo. Já na fase crônica, este granuloma atinge dimensões bem menos, constituindo uma vantagem para o hospedeiro. Em indivíduos imunocomprometido ocorre a necrose celular devido a enzimas proteolíticas que são mais prejudiciais que o granuloma, isso leva a um acumulo de ovos na parede intestinal, diminuindo a eliminação de ovos nas fezes. Imunidade Em zonas endêmicas os infectados apresentam imunidade parcial contra o parasito jovem (pele e pulmão), mas não apresentam contra adultos. No entanto, possuem carga parasitaria estável e poucos sintomas da infecção. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 4 Já em área livres da doença, os indivíduos que são infectados tendem a ficar gravemente doentes, podendo ocorrer o óbito desse hospedeiro. Patogenia A patogenia é variável e depende da resposta imune do hospedeiro, da cepa do parasito, da idade, do estado nutricional e da carga parasitária (acumula-se ao longo dos anos e quando há elevadas quantidades de ovos nas fezes ocorre a forma hepatoesplêcnica e pulmonar da parasitose). Para compreender a patogenia da esquistossomose mansônica é necessário compreender os efeitos de cada parte do desenvolvimento do parasito no hospedeiro. Cercárias: Causa dermatite cercariana quando penetra na pele do hospedeiro. Ela é caracterizada por um processo inflamatório, pois promove destruição de grande no de cercarias. Ocorre inicialmente prurido e erupção urticariforme e após 24h surge eritema, edema, pequenas pápulas e dor. Esse quadro é mais comum em reinfecções. Esquistossômulos: Cerca de 3 dias após a penetração das cercárias na pele, os esquistossômulos são levados aos pulmões. Após duas semanas podem ser encontrados nos vasos do fígado e posteriormente no sistema porta. Nessa fase, podem ocasionar febre, aumento do baço, linfadenite generalizada e sintomas respiratórios. Vermes adultos: Os vermes adultos vivos realizam espoliação sanguínea, enquanto os mortos são arrastados para o fígado, causando lesões hepáticas. Ovos: Os ovos são os elementos fundamentais da patogenia da esquistossomose. Quando apenas poucos ovos atingem a luz intestinal os danos são mínimos, mas quando em grande número pode provocar hemorragias, edemas da submucosa e fenômenos degenerativos. Os ovos que atingem fígado, SNC, pulmão e outros órgão a situação é pior, pois a reação granulomatosa leva a sintomas mais graves. Quadro clínico Esquistossomose aguda Os sintomas mais fortes da fase aguda ocorrem de 50 a 120 dias após a penetração das cercárias. Em geral, ela é assintomática, mas quando não é pode apresentar os seguintes sintomas: Hemorragias, edemas da submucosa e ulceras do IG, enterocolite aguda, febre, calafrios, sudorese, leucocitose com eosinofilia, hepatoesplenomegalia discreta, granulomas hepáticos (pode ser letal). Em indivíduos que se contaminam pela primeira vez ocorre a Febre de Katayama (surge entre 2 a 8 semanas após a penetração da cercaria). Ela apresenta: febre, calafrios, dores musculares, tosse seca, diarreia, cefaleia e eosinofilia. Em exames físicos é possível detectas aumento de gânglios e hepatoesplenomegalia. Ocorre uma reação imune a produção e migração dos ovos no organismo, causando a eosinofilia. Esquistossomose crônica Ocorre principalmente em áreas endêmicas e atinge vários órgãos do corpo. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 5 Intestino: Apresenta períodos normais intercalados com diarreia mucosanguinolenta, dor abdominal, tenesmo, fibrose da alça retossigmoide (ocasionando constipação) e falsos tumores. Fígado: Apresenta granulomas doloridos (ovos presos no espaço porta), endoflebite (fibrose periportal), obstrução dos ramos intra-hepáticos da V. porta, hipertensão portal, hepatoesplenomegalia (congestão V. esplênica), varizes esofagianas, ascite (barriga d’água, ocorre em casos graves de hepatoesplenicas mais graves e decorre das alterações hemodinâmicas, principalmente a hipertensão). Outros locais que localizam ovos: Pulmão, coração e SNC. Diagnóstico O diagnóstico clínico é difícil de ser realizado. Em geral, se realiza o diagnostico via exames laboratoriais, que podem ser: EPF: Realiza-se a pesquisa de ovos de no mínimo 5 amostras concentradas, realizando o acompanhamento pelo método de Kato Katz. Raspagem retal: Realiza-se uma biopsia para avalia a presente de ovos. Métodos imunológicos: Realizados quando o EPF dá negativo, usa-se o ELISA e o Imunofluorescência indireta (RIFI). Epidemiologia Profilaxia Medidas profiláticas: Saneamento básico; Tratamento em massa da população em zonas endêmicas; Educação sanitária: Não nadar, pescar ou entrar em contato com agua contaminada. Combate ao caramujo; Desenvolvimento e vacinas MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 6 OBS! Outras espécies de Schistosoma podem parasitar o ser humano. Isso pode ser visto naimagem a seguir. Fasciola hepática Essa espécie causa a fasciolose e é um parasito de canais biliares de ovinos, bovinos, caprinos, suínos e outros mamíferos, mas raramente infecta o homem. Morfologia Adulto É um parasito hermafrodita com corpo achatado, com ventosas e mede cerca de 2 a 3cm de comprimento, com o tegumento coberto de espinhos. Ovo O ovo tem formato elíptico e é operculado. É eliminado nas fezes. Biologia Habitat Normalmente a Fasciola hepática é encontrada no interior da vesícula biliar e nos canais biliares mais calibrosos de seus hospedeiros usais. No homem, que não é um hospedeiro habitual, pode ser encontrada nos alvéolos pulmonares e esporadicamente em outras partes do corpo. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 7 Ciclo biológico É um parasito do tipo heteroxênico, pois necessita de um hospedeiro intermediário. No Brasil esse hospedeiro, em geral, são os caramujos Lymnaea columela e L. viatrix. Os parasitos adultos põem os ovos operculados nos canais biliares e esses são levados pela bile até o intestino onde serão eliminados com as fezes. A massa de células dentro do ovo irá gerar um Miracídio, caso encontre condições ideias. Essa forma só ira sair do ovo caso encontre água e ocorra estimulo pela luz solar. O muco produzido pelos moluscos atrai o miracídio, que nada aleatoriamente na água. Assim pode penetrar em diversos moluscos aquáticos, porém só irão completar o ciclo se alcançarem a Lymnaea. Após o desenvolvimento dentro do molusco, ocorre a liberação de cercárias, essas nadam e aderem a algum tipo de superfície ou entra em contato com o oxigênio e sofre encistamento, transformando-se em metacercárias (forma infectante). Os humanos que ingerirem a água ou planta contaminada infectam-se. As metacercárias desencistam-se no intestino delgado, perfuram a parede, caem na cavidade peritoneal, perfuram a capsula hepática e começam a migrar pelo parênquima hepático. Dois meses depois estão nos ductos biliares. Transmissão Se dá pela ingestão de metacercárias presentes em legumes/verduras e na água. Patogenia A fasciolose gera processos inflamatórios no fígado (fase aguda) e nos ductos biliares (fase crônica). Fase aguda: É a fase de migração das formas imaturas (entre 7 dias e 7 semanas). Ocorre destruição das células hepáticas devido ao rastro do deslocamento das metacercárias, hemorragia no parênquima hepático, destruição de vasos sanguíneos (hipóxia), necrose dos lóbulos hepáticos, hepatomegalia (fígado mole e friável), anemia, fraqueza, perda de peso e fibrose no fígado. Quando há poucos parasitos é assintomática. Fase crônica: É a presença das formas adultas nos ductos biliares. Ocorre hipertrofia/hiperplasia dos ductos biliares, cicatrização com calcificação dos ductos, MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 8 neoformação de canalículos e o tamanho do fígado fica normal. Pode ocorrer ainda febre, icteria, eosinofilia, cálculos biliares e dores abdominais. Diagnóstico O diagnóstico clínico é difícil de ser realizado. O diagnóstico laboratorial é feito a partir do EPF (pesquisa de ovos em amostra de fezes). No entanto, quando o EPF dá negativo ainda são feitos exames de sorologia, o Elisa e ultrassonografia para confirmar. Epidemiologia Profilaxia
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