Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE E MODELAGEM DE PROCESSOS MICHELE DIPP U N I D A D E 4 Nesta unidade iremos lhe contar a história da evolução industrial, apresentando as quatro eras industriais. Você também irá aprender a diferença entre manufatura e processos, conhecerá as mudanças que estão ocorrendo nos processos de negócios e industriais e os desafios de implementação de novos processos. UNIDADE 4| INTRODUÇÃO 1. Conhecer as eras industriais e identificar a importância da indústria 4.0. 2. Identificar as diferenças entre manufatura e processo na indústria 4.0. 3. Relacionar como é realizada a gestão de processos na indústria 4.0. 4. Identificar os desafios na implementação de processos 4.0 e aprender a como lidar com eles. UNIDADE 4 | COMPETÊNCIAS Antes do início da Revolução Industrial, segundo Silva (2020), ocorrida no início do século XVIII, a produção ocorria de forma manual e o trabalhador realizava suas tarefas por meio da capacidade artesanal. HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO INDUSTRIAL Figura 1 – Linha do tempo da história das eras industriais Fonte: Elaborado pela autora (2020). Segundo Almeida (2019), em 1712, iniciou-se na Inglaterra, a Revolução Industrial que durou mais de 200 anos. Neste período, a fabricação que era de produtos inteiros, passou a ser realizada por parte dos produtos, iniciando o conceito de manufatura de linha de produção, na qual os profissionais passaram a produzir mais e pensar menos (trabalho mais mecânico e menos intelectual), o que também iniciou o conceito de “processo de produção.” Durante a segunda era industrial (1913 – 1969), Henry Ford criou o conceito de produção em massa, reduzindo os custos e popularizando os produtos, com a produção em larga escala. Neste período foi introduzido o uso da energia elétrica nos processos produtivos. O gerenciamento de processos então passou a contar com processos múltiplos (ou subprocessos) para a produção de um único produto. Na terceira era industrial, que durou de 1969 até 2010, foram implementados os sistemas computadorizados no chão de fábrica, iniciando o uso de controles eletrônicos, dispositivos e sensores capazes de gerenciar grandes quantidades de variações nos processos. Este período teve como característica mais qualidade dos produtos, maior produção, mais segurança na produção e a gestão de custos produtivos. A quarta era industrial, também chamada de Indústria 4.0, teve início na Alemanha, como um programa institucional de tecnologia, envolvendo empresas, universidade e governo, com o intuito de aumentar a competitividade da indústria alemã, modernizando-a. 4ª ERA INDUSTRIAL Figura 2 - Fundamentos da Indústria 4.0 Fonte: Elaborado pela autora (2020). Conforme o programa foi avançando, os sistemas de manufaturas que eram internos e integrados ao sistema da própria empresa, passaram a ser integrados a armazenamentos em nuvens de dados. Os sistemas utilizados passaram a ficar, cada vez mais, inteligentes e capazes de realizar previsões de produções e suprimentos e acompanhamento em tempo real. Conforme Vitalli (2018), os 10 fundamentos que servem como base para a Indústria 4.0 são: • Robôs autônomos, simuladores, integração de sistemas, internet das coisas, cibersegurança, computação em nuvem, impressão 3D, realidade aumentada, análise de dados e Big Data e ética. A manufatura é um produto industrial, ou seja, é a transformação das matérias-primas em um produto totalmente terminado que já está em condições de ser colocado à venda. MANUFATURA 4.0 X PROCESSO 4.0 A manufatura, também conhecida como Indústria da Transformação, conforme Venturelli (2019), tem como base a produção puxada e os seguintes objetivos: Transformar e agregar materiais. Fabricar componentes ou conjuntos. Construir um produto final ou subproduto. A manufatura tem sua produção centrada em tempos e movimentos, produzindo lotes para um nicho específico de cliente. Segundo Venturelli (2019), os desafios da manufatura, na Indústria 4.0, são a produção em baixa escala com custo competitivo de produtos especiais, a produção de produtos especiais em grande escala sob medida e eliminar o Lead Time da cadeia de fornecimento (desde o P&D até a venda do produto acabado). Outra grande mudança é que os processos tendem a mudar de produção empurrada, ou seja, cada processo produz uma determinada quantidade, independente do consumo do processo seguinte para uma produção puxada, que é um sistema de produção no qual cada ciclo da fabricação “puxa” a etapa do processo anterior, na qual a ordem de produção sai a partir da demanda dos clientes para só então ser produzida (MACHADO, 2019). Com a entrada da IoT e dados compartilhados em nuvem, os processos passaram a não ficar mais restritos a área interna da organização, sendo expandidos para interação por clientes, fornecedores, colaboradores externos à organização, entre outras partes interessadas. PRINCIPAIS DIFERENÇAS DO PROCESSO 4.0 PARA OS PROCESSOS ATUAIS Figura 3 - Sistema de produção empurrada Elaborado pela autora Adaptado de Voitto (2020) O aumento da automatização e autonomia de máquinas também são pontos de grande mudança, pois com a implementação de robôs e a realidade aumentada, conectados à sistemas integrados, afastam as pessoas do chão de fábrica, levando-as para posições de controle e análises de processos. Outra grande mudança é que os processos tendem a alterar de produção empurrada, ou seja, cada processo produz uma determinada quantidade, independente do consumo do processo seguinte, para uma produção puxada que é um sistema de produção no qual cada ciclo da fabricação “puxa” a etapa do processo anterior, na qual a ordem de produção sai a partir da demanda dos clientes para só então ser produzida (MACHADO, 2019). Segundo M. Júnior (2012), tanto a ISO 9000 e o Modelo de Excelência de Gestão (MEG) têm a mesma definição de processos: “Conjunto de atividades interrelacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).” GESTÃO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA 4.0. Fonte: Freepik Os processos estão presentes em diversos momentos de nossas vidas, não sendo exclusivos das organizações em que trabalhamos. Os processos tradicionais, ou seja, aqueles que estamos acostumados a trabalhar há décadas, são classificados, segundo M. Júnior (2012), em processos principais, processos de apoio e processos gerenciais. A gestão de processos tradicionais é realizada por meio da aplicação do ciclo de PDCA, implementação de controles de qualidade, como o uso de indicadores de gestão, checklists e listas de tarefas, realização de gestão de documentação, gestão de controles de mudanças e gestão de não conformidades. Os processos 4.0 trazem uma quantidade muito grande de dados gerados e compartilhados em tempo real, por meio de sistemas integrados e de computadores em nuvem. A aplicação de inteligência artificial para resolução de sistemas também é uma novidade que faz com que os processos estejam em constantes mudanças, gerando maior dificuldade a sua gestão. As principais mudanças ocorridas no sistema de gestão de processos, com os impactos nas ferramentas de gestão de qualidade são: o PDCA, gestão de informações, controles de mudanças e não conformidades. Com o aumento da tecnologia e a integração dos processos, as organizações utilizam sistemas de manufatura controlada ou corporativa, como ERP, MES e SCM para realizar a gestão de seus processos. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO Segundo Almeida (2019), dois fatores devem ser levados em consideração para utilização destes sistemas: É necessário que haja um método contínuo e sem amarras para gerenciamento do processo de aquisição de dados e transferi-los ao servidor central, no qual deve haver protocolos específicos efetivamente úteis. Os sensores selecionados devem ser apropriados, conforme tipo e especificação. Os principais sistemas de gestão de processos integrados utilizados pela Indústria 4.0 são: MES (gestão de manufatura), ERP (gestão de recursos) e SCM (gestão da cadeia de suprimentos).A implementação de tecnologias para evolução das indústrias, fazendo com que estas se enquadrem cada vez mais no conceito de Indústria 4.0, não é nada fácil. Requer muito estudo, muitas mudanças e quebra de barreiras até então desconhecidas. DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE PROCESSOS 4.0 Conforme a Voz da Indústria (2018), existem cinco principais desafios que ocorrem na fase de transição da indústria tradicional para a indústria 4.0. que são: falta de conhecimento, alto custo de implantação, qualificação de funcionários, ausência de infraestrutura e incentivos e inexperiência no processo de transição. A seguir vamos falar sobre estes desafios e como solucioná-los. Os processos 4.0 incorporam em seus mapeamentos uma grande quantidade de controles que não eram avaliados anteriormente. Os novos processos também requerem estruturas mais complexas e conhecimento para acessar tantas informações. DIFICULDADES DA IMPLANTAÇÃO DE PROCESSOS 4.0 Entre os desafios enfrentados no dia a dia dos processos, conforme Almeida (2019), estão : • Eficiência e qualidade. • Diminuição de estoques. • Redução do tempo de entrega. • Sustentabilidade e meio ambiente. • Menor uso de materiais, energia e recursos. • Utilização de robótica e transportes autônomos. • Inteligência Artificial e aprendizagem de máquina. • Nanotecnologia, impressão 3D e materiais avançados. • Realidade aumentada. • Biotecnologia e avanços na pesquisa genética. • Gestão operacional na na extração digital de conhecimento. • Utilização de Big Data e sistemas em nuvem. • Modelagem e simulação de processos, produtos e serviços. • Gestão on-line de ativos. Porém, além destes desafios, temos aqueles que devem ser enfrentados para realizar a transição dos processos tradicionais para os processos 4.0 e sua modelagem, sendo eles: alteração do perfil de qualificação dos funcionários, falta de foco no objetivo, visão sobre modelagem de processos pela organização. OBRIGADA !
Compartilhar