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Grandes Estruturas Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro • Exercitar o dimensionamento de armaduras; • Apresentar o uso das tabelas de Rüsch; • Apresentar a determinação dos esforços e envoltórias; • Apresentar o dimensionamento e detalhamento das armaduras. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Uso das Tabelas de Rüsch; • Determinação dos Esforços e Envoltórias; • Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Introdução As estruturas podem ser classificadas conforme a relação entre suas dimensões. Nessa classificação estrutural, as placas são definidas como sendo estruturas sólidas que são limitadas por duas superfícies simétricas em relação a uma superfície média plana, em que a distância entre essas duas superfícies, denominada espessura, é carac- terizada por ter uma dimensão bem menor que as dimensões das superfícies limítrofes. As placas são elementos de superfície que pertencem à família das lâminas planas e são denominadas lajes quando são constituídas de material litoide, isto é, que têm aparência ou constituição de rocha. Com relação às propriedades do material constituinte, as placas podem ser classi- ficadas em (Figura 1): • Anisótropa: Apresentam propriedades diferentes em qualquer direção; • Ortótropa: As propriedades são diferentes em direções ortogonais; • Isótropa: Possuem as mesmas propriedades em qualquer direção. Anisótropa Isótropa Ortótropa Classi�cação das placas conforme o material constituinte Figura 1 – Classificação das placas conforme o material constituinte Com relação à esbeltez (relação espessura/dimensão do menor lado = h/a), as placas podem ser classificadas em (Figura 2): • Placas muito delgadas: h/a <1/150; • Placas delgadas: 1/150 <h/a <1/10; • Placas espessas: h/a >1/10. Classi�cação das placas conforme sua esbeltez Placas muito delgadasPlacas delgadas Placas espessas Figura 2 – Classificação das placas conforme sua esbeltez 8 9 O cálculo dos esforços nas pontes e viadutos em laje pode ser feito por métodos elásticos ou pelo método de ruptura (Figura 3). Métodos elásticos Método de ruptura Métodos de cálculo dos esforçios em pontes de laje Figura 3 Os Métodos Elásticos para o cálculo de esforços em pontes e viadutos são baseados na Teoria das Placas de Kirchoff-Love, levando em conta a forma de distribuição das cargas do tráfego em retângulos ou em superfície (Figura 4). Figura 4 – Distribuição das cargas do tráfego – Teoria das Placas Kirchoff -Love O método de ruptura para o cálculo de esforços em pontes e viadutos é baseado na Teoria das Charneiras Plásticas, na qual é analisada a configuração de ruptura mais desfavorável. A dificuldade do cálculo é identificar a posição das cargas que produzem as solici- tações mais desfavoráveis na estrutura da ponte ou do viaduto. É possível utilizar soluções, como lajes sujeitas a cargas aplicadas em zonas retan- gulares, usando a superposição de efeitos para diversas soluções (Figura 5). 9 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Figura 5 – Lajes com cargas aplicadas em zonas retangulares Esse tipo de cálculo estrutural é demorado e trabalhoso. Por isso, foram desenvol- vidos outros procedimentos para facilitar uma sistematização do processo de encon- trar a posição mais desfavorável do trem-tipo, dentre os quais, pode-se citar o das superfícies de influência e o de Rüsch. Uso das Tabelas de Rüsch A maioria das estruturas é analisada com base nos seus comportamentos elásticos, mesmo nos casos em que ele apresenta algumas limitações de aplicação. O cálculo elástico das estruturas não permite que seja feita a determinação precisa da carga de ruína. Nessa condição, os materiais podem estar comportando-se plas- ticamente e, dessa maneira, a estrutura não mais apresenta o comportamento linear previsto no cálculo elástico. Nesse modelo de cálculo estrutural, a Teoria Elástica levaria a soluções que não são econômicas, pois além de não corresponder a suas bases teóricas, não seria obtida a distribuição real de momentos na estrutura. O cálculo estrutural com base na Teoria da Elasticidade descreve adequadamente o comportamento da estrutura em serviço, sendo apropriado para a análise das deformações e das fissuras, mas o cálculo elástico não permite a obtenção analítica da carga última. Os métodos de cálculo elástico e o plástico são muito importantes e se completam no cálculo estrutural, servindo cada um deles a objetivos diferentes. A Teoria das Charneiras Plásticas foi desenvolvida por Ingerslev em 1921 (Aage Ingerslev – Engenheiro Civil dinamarquês). Contudo, essa Teoria somente foi ade- quadamente desenvolvida de forma analítica após ensaios realizados em 1941. As lajes são elementos estruturais bidimensionais ou de superfície. Nos casos comuns, o cálculo das suas solicitações, geralmente, é feito com base na Teoria Clássica de Placas, supondo que são compostas de material elástico e isotrópico. 10 11 Para o cálculo de placas elásticas, existem diversas tabelas como, por exemplo, as Tabelas de Marcus e as Tabelas de Czerny, que são utilizadas no caso de carrega- mento distribuído na superfície das lajes, principalmente, para as lajes de edificações. No caso das pontes e viadutos, as cargas móveis das rodas dos veículos mais pe- sados atuam de forma concentrada e provocam solicitações que são preponderantes em relação às outras cargas atuantes. Para o cálculo de pontes e viadutos, na prática, é usual o emprego de outras Tabelas. As Tabelas mais conhecidas para o cálculo das lajes de pontes e viadutos foram desenvolvidas por H. Rüsch (Hubert Rüsch, Engenheiro Civil austríaco, 1904-1979). Ele desenvolveu suas Tabelas de Cálculo de lajes para o trem-tipo da norma alemã DIN-1072 (Pontes rodoviárias e passarelas; carregamentos – Road and foot bridges; design loads). Essas Tabelas são, geralmente,utilizadas no cálculo de lajes de pontes no Brasil porque a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) adotou em suas normas de cargas rodoviárias carregamentos com a mesma geometria das cargas de cálculo das normas alemãs. A principal dificuldade no cálculo das lajes de pontes e viadutos é encontrar as posições da carga móvel que provocam os esforços mais desfavoráveis. Essas solicitações mais desfavoráveis podem ser determinadas com auxílio das Superfícies de Influência (SI). As Superfícies de Influência (SI) representam uma extensão do conceito de Linhas de Influência (LI) do espaço unidimensional para o espaço bidimensional das lajes. O procedimento das Superfícies de Influência (SI) para as lajes é semelhante ao das Linhas de Influência (LI) nas estruturas de barras. Para dimensionar qualquer tipo de estrutura, é necessário calcular os esforços internos e avaliar, para cada seção transversal, a situação mais desfavorável, isto é, a posição e o valor da ação atuante que irá provocar os esforços máximos e mínimos. No caso das pontes e dos viadutos, devido à ação das cargas móveis, ocorre grande variabilidade dos esforços internos, que são gerados pelas movimentações das cargas. Assim, em pontes e viadutos, além da intensidade das cargas móveis, deve-se veri- ficar a posição em que se encontram, porque produzem valores máximos e mínimos dos esforços internos na seção transversal da estrutura. Para a determinação dos efeitos e dos esforços das cargas móveis e acidentais em pontes e viadutos, devem ser consideradas várias combinações de ações, em todas as posições possíveis, para, posteriormente, calcular os esforços solicitantes em todas as seções da estrutura. Com isso, seria possível determinar os valores extremos atuantes, máximos e mínimos, dos esforços internos solicitantes na estrutura das pontes e dos viadutos (envoltória de esforços). 11 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Esse trabalho é complexo e demorado. Por isso, é importante a utilização das Linhas de Influência (LI), que são muito úteis no cálculo desses esforços em pontes e viadutos. Com a utilização das Linhas de Influência (LI) de um elemento estrutural, é possível determinar a reação de apoio, força cortante e momento fletor em uma determinada seção. Com essa análise, é possível considerar de maneira rápida os locais em que a carga móvel gera as solicitações máximas e mínimas. A Superfície de Influência (SI) de um efeito elástico (E) (força cortante, momento fletor etc.) em uma determinada posição (S) da laje, representa o valor desse efeito elástico, naquele ponto (S) que é causado por uma carga concentrada unitária (P = 1) atuante em outro ponto (A) qualquer da laje. A Figura 6 apresenta a perspectiva da Superfície de Influência (SI) de um momento Mxm no centro de uma laje retangular, simplesmente apoiada em seu contorno. Figura 6 – Superfície de Influência (SI) de Mxm – Perspectiva A Figura 7 apresenta a planta baixa da Superfície de Influência (SI) de um momento Mxm no centro de uma laje retangular, simplesmente apoiada em seu contorno. Figura 7 – Superfície de Influência (SI) de Mxm – Planta Baixa 12 13 A. Pucher (Adolf Pucher, Engenheiro Civil austríaco – 1902-1968) realizou vários trabalhos teóricos para o cálculo de Superfícies de Influência (SI), que são muito utilizados no cálculo de pontes e viadutos. Os gráficos das curvas de nível representados nas Figuras 6 e 7 buscam obter, em um determinado local, o efeito considerado na análise. As ordenadas do gráfico da Superfície de Influência (SI), acima do plano de refe- rência utilizado, crescem indefinidamente. Isso é uma consequência da solução obti- da pela Teoria Elástica das Placas, que apresenta divergência no ponto de aplicação de cargas concentradas, que constituem locais de singularidade das soluções obtidas. Para melhor descrever o comportamento da Superfície de Influência (SI) nas ime- diações das singularidades, Pucher utilizou uma expressão resolvente para o deslo- camento da placa do tipo apresentado na Expressão (1). W (u, v, x, y) = W0(u, v, x, y) + W1(u, v, x, y) (1) Onde: • u, v: Coordenadas do ponto no qual é procurado o efeito (momento, força cortante); • x, y: Coordenadas dos pontos correntes da placa, em que se aplicam os carregamentos. A parcela W0 (u, v, x, y) é a parte singular da solução, e a parcela W1 (u, v, x, y) representa a parte regular da solução, destinada a atender às demais condições de cada problema. Esse processo é muito usado quando a geometria do veículo-tipo é bem diferente daquela existente nas normas alemãs e brasileiras. O cálculo das solicitações nas lajes usando as Superfícies de Influência (SI) é um procedimento considerado simples e geral, porém sua aplicação envolve um significativo trabalho de cálculo, porque para uma mesma laje, deve ser verifi- cadas as solicitações mais desfavoráveis em vários pontos, para dimensioná-la de maneira adequada. As cargas devidas ao tráfego dos veículos nas pontes e nos viadutos são fixadas por Normas Técnicas. Por isso é possível, por meio de trabalho sistemático, a partir das Superfícies de Influência (SI), gerar e tabelar resultados numéricos para os tipos de lajes mais frequentemente utilizadas nos tabuleiros de pontes e viadutos. No caso das lajes de pontes e de viadutos, Rüsch transformou as Superfícies de Influência (SI) em tabelas muito práticas, tendo como base o trem-tipo da norma alemã DIN-1072. Com a utilização das Tabelas de Rüsch, é possível a determinação das solicitações nas lajes que apresentam condições de contorno do tipo livres apoiados e engastados. Para a utilização das Tabelas de Rüsch, no caso de lajes retangulares, utiliza-se o Livro 1 (Rechtwinklige) e, para lajes esconsas, o Livro 2 (Schiefwinklige). 13 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Rüsch apresenta, também, os diagramas de cobrimento de momentos fletores em toda a superfície da laje, a partir de valores máximos calculados no centro e nos bordos. Para que fosse possível a utilização das Tabelas de Rüsch no cálculo das lajes de pontes e de viadutos no Brasil, as Normas Técnicas brasileiras de cargas adotaram veículos-tipo com dimensões e distribuição de carga nas rodas e em volta delas, iguais aos usados pela norma alemã. Para uso das Tabelas, deve-se, inicialmente, definir as condições de apoio e a relação entre os lados da placa, assim como a direção do tráfego. O mecanismo de aplicação das Tabelas de Rüsch permite acrescentar indicações sobre a influência de uma carga linear nos bordos não apoiados de placas com dois apoios, seja por meio de uma força cortante, ou de um momento fletor aplicado. A partir das limitações encontradas nos cálculos utilizando as Tabelas de Rüsch, surgiu a necessidade de métodos mais elaborados e que representassem melhor o comportamento real das estruturas, sendo um deles o Método dos Elementos Finitos (MEF). O Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste em discretizar os tabuleiros de pontes e viadutos por meio de elementos de barras, com os mesmos graus de liber- dade das grelhas, e elementos de placa e chapa. O MEF é uma ferramenta de cálculo estrutural mais versátil para a modelagem matemática de estruturas. Determinação dos Esforços e Envoltórias Para realizar o dimensionamento de uma estrutura, é necessário conhecer os esforços máximos e mínimos que ela será submetida, quando atuarem os diversos carregamentos possíveis, durante a sua vida útil. No caso de estruturas como pontes e viadutos, que são submetidos à ação de car- gas móveis, existe um diagrama denominado envoltória de esforços, que determina os valores limites, máximo ou mínimo, para as seções transversais dessas estruturas com cargas móveis. A Norma Técnica ABNT NBR 8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas – Procedimento, as ações atuantes nas estruturas, que são as causas que pro- vocam esforços ou deformações,podem ser classificadas segundo sua variabilidade no tempo em três categorias: • Ações permanentes; • Ações variáveis; • Ações excepcionais. As pontes e viadutos, rodoviários e ferroviários, ou pórticos industriais que suportam pontes rolantes para transporte de cargas, são também, sujeitas a cargas 14 15 móveis, que são ações variáveis previstas na norma técnica ABNT NBR 8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Os esforços internos nestes tipos de estrutura não variam apenas com a intensidade das cargas aplicadas, mas também com a posição de atuação das mesmas. O projeto de um elemento estrutural sujeito a ações de cargas móveis, como uma viga de ponte, envolve a determinação das posições das cargas móveis que pro- duzem valores extremos dos esforços nas seções do elemento analisado. No projeto de estruturas submetidas a cargas fixas, a posição de atuação de cargas acidentais de ocupação também influencia na determinação dos esforços de dimen- sionamento. Por exemplo, o momento fletor máximo em uma determinada seção de uma viga contínua com vários vãos não é determinado pelo posicionamento da carga acidental de ocupação em todos os vãos. Os valores limites dos esforços em uma determinada seção são obtidos a partir de posições selecionadas para a atuação da carga acidental. Para cada seção a ser dimensionada e para cada esforço, deve-se determinar as posições de atuação das cargas acidentais que provocam os valores extremos (máximos e mínimos) de um determinado esforço, com o auxílio da técnica das Linhas de Influência (LI). As envoltórias limites de um determinado esforço em uma estrutura descrevem, para um conjunto de cargas móveis ou acidentais, os valores máximos e mínimos desse esforço em cada uma das seções da estrutura, de forma análoga a que descreve o diagrama de esforços para um carregamento fixo. O objetivo da análise estrutural em situações que ocorrem cargas móveis ou aci- dentais é a determinação de envoltórias de máximos e mínimos de esforços (reações, forças cortantes, momentos fletores etc.), para que seja possível realizar adequada- mente o dimensionamento das peças estruturais. As envoltórias dos esforços são, em geral, obtidas por interpolação de valores máximos e mínimos, respectivamente, de esforços calculados em determinado número de seções transversais ao longo da estrutura. Exemplo de Cálculo de Envoltória de Esforços Solicitantes • Determinar a envoltória de esforços de força cortante e momento fletor para a viga biapoiada com balanços em ambas as extremidades, em que atuam, simultanea- mente, a carga permanente e a carga móvel (Figura 8). Na Figura 8, também, estão indicadas as seções adotadas para o cálculo dos valores limites das envoltórias. Observação: Devido à assimetria da estrutura em relação à seção (D), a obtenção dos valores limites será demonstrada apenas para as seções (A), (B), (C) e (D), visto que a envoltória da força cortante será antissimétrica e a de momento fletor será simétrica. 15 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Figura 8 – Viga e carregamento do exemplo Solução Carga Permanente O diagrama da força cortante e do momento fletor para a carga permanente estão apresentados na Figura 9; Figura 9 – Diagrama de força cortante e de momento fletor – Carga permanente Carga Móvel – Força Cortante Cálculo das forças cortantes máximas e mínimas devido à carga móvel para cada seção transversal adotada da estrutura é feito com o posicionamento do trem-tipo nas posições mais desfavoráveis. O posicionamento do trem-tipo é feito com o auxílio da Linha de Influência (LI) para determinar os valores limites em cada seção. 16 17 A Figura 10 apresenta a Linha de Influência (LI) da força cortante para a seção (A). Figura 10 – Força cortante mínima e máxima – Seção (A) • VA mínima = [20 × (–1,00)] = –20,00 kN; • VA máxima = 0 → não atua a carga móvel. A Figura 11 apresenta a Linha de Influência (LI) da força cortante para a seção (B) pelo lado esquerdo. Figura 11 – Força cortante mínima e máxima – Seção (B) pelo lado esquerdo • VBesquerda mínima = [20 × (–1,00) + 15 × (–1,00) + (10 × 3) × (–1,00)] = –65,00 kN; • VBesquerda máxima = 0 → não atua a carga móvel. 17 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro A Figura 12 apresenta a Linha de Influência (LI) da força cortante para a seção (B) pelo lado direito. Figura 12 – Força cortante mínima e máxima – Seção (B) pelo lado direito • VBdireita mínima = [20 × (–0,25) + (10 × 3/2) × (–0,25)] = –8,75 kN; • VBdireita máxima = [20 × (1,00) + 15 × (0,75) + (10 × 12/2) × (1,00) + (10 × 3/2) × (0,25)] = 95,00 kN. A Figura 13 apresenta a Linha de Influência (LI) da força cortante para a seção (C). Figura 13 – Força cortante mínima e máxima – Seção (C) • VC mínima = [20 × (–0,25) + (10 × 3/2) × (–0,25) + (10 × 3/2) × (–0,25)] = –12,50 kN; • VC máxima = [20 × (0,75) + 15 × (0,50) + (10 × 9/2) × (0,75) + (10 × 3/2) × (0,25)] = 60,00 kN. 18 19 A Figura 14 apresenta a Linha de Influência (LI) da força cortante para a seção (D). Figura 14 – Força cortante mínima e máxima – Seção (D) • VD mínima = [20 × (–0,50) + 15 × (–0,25) + (10 × 6/2) × (–0,50) + (10 × 3/2) × (–0,25)] = –32,50 kN; • VD máxima = [20 × (0,50) + 15 × (0,25) + (10 × 6/2) × (0,50) + (10 × 3/2) × (0,25)] = 32,50 kN. A Tabela 1 apresenta os resultados da força cortante máxima e mínima nas seções da estrutura devido a cada carregamento atuante e o valor final das envoltó- rias de força cortante. Tabela 1 – Envoltória da Força Cortante (kN) Seção Carga Permanente Carga Móvel Envoltórias Mínimo Máximo Mínimo Máximo A 0 − 20,00 0 − 20,00 0 Besq − 60 − 65, 00 0 − 125,00 − 60,00 Bdir + 120 − 8,75 + 95,00 + 111,25 + 215,00 C + 60 − 12,50 + 60,00 + 47,50 + 120,00 D 0 − 32,50 + 32,50 − 32,50 + 32,50 E − 60 − 60,00 + 12,50 − 120,00 − 47,50 Fesq − 120 − 95,00 + 8,75 − 215,00 − 111,25 Fdir + 60 0 + 65,00 + 60,00 + 125,00 G 0 0 + 20,00 0 + 20,00 Carga Móvel – Momento Fletor Cálculo do momento fletor máximos e mínimos devidos à carga móvel para cada seção transversal adotada da estrutura. É feito com o posicionamento do trem-tipo nas posições mais desfavoráveis. O posicionamento do trem-tipo é feito com o auxílio da Linha de Influência (LI), para determinar os valores limites em cada seção. 19 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro A Figura 15 apresenta a Linha de Influência (LI) do momento fletor para a seção (A): Figura 15 – Momento fletor mínimo e máximo – Seção (A) • MfA mínimo = 0 → não atua a carga móvel; • MfA máximo = 0 → não atua a carga móvel. A Figura 16 apresenta a Linha de Influência (LI) do momento fletor para a seção (B): Figura 16 – Momento fletor mínimo e máximo – Seção (B) • MfB mínimo = [20 × (–3,00) + (10 × 3/2) × (–3,00)] = –105,00 kNm; • MfB máximo = 0 → Não atua a carga móvel. 20 21 A Figura 17 apresenta a Linha de Influência (LI) do momento fletor para a seção (C): Figura 17 – Momento fl etor mínimo e máximo – Seção (C) • MfC mínimo = [20 × (–2,25) + (10 × 3/2) × (–2,25) + (10 × 3/2) × (–0,75)] = –90,00 kNm; • MfC máximo = [20 × (2,25) + 15 × (1,50) + (10 × 9/2) × (2,25) + (10 × 3/2) × (2,25)] = 202,50 kNm. A Figura 18 apresenta a Linha de Influência (LI) do momento fletor para a seção (D): Figura 18 – Momento fl etor mínimo e máximo – Seção (D) • MfD mínimo = [20 × (–1,50) + (10 × 3/2) × (–1,50) + (10 × 3/2) × (–1,50)] = –75,00 kNm; • MfD máximo = [20 × (3,00) + 15 × (1,50) + (10 × 6/2) × (3,00) + (10 × 6/2) × (3,00)] = 262,50 kNm. 21 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro A Tabela 2 apresenta os resultados do momento fletor máximo e mínimo nas seções da estrutura devido a cada carregamento atuante e o valor final das envoltórias de momento fletor. Tabela 2 – Envoltória do Momento Fletor (kNm) Seção Carga Permanente Carga Móvel Envoltórias Mínimo Máximo Mínimo Máximo A 0 0 0 00 B – 90 – 105,00 0 – 195,00 – 90,00 C + 180 – 90,00 + 202,50 + 90,00 + 382,50 D + 270 – 75,00 + 262,50 + 195,00 + 532,50 E + 180 – 90,00 +202,50 + 90,00 + 382,50 F – 90 – 105, 00 0 – 195,00 – 90,00 G 0 0 0 0 0 Conforme visto, para determinar os valores limites de esforços em uma seção transversal qualquer de estruturas sujeitas a cargas móveis, é necessário conhecer as posições de atuação do trem-tipo, que causam os esforços limites. Para casos mais simples de trem-tipo e Linhas de Influência (LI), como apresen- tado no exemplo anterior, é praticamente intuitiva a determinação dessas posições limites. Porém, para casos mais complexos, torna-se impossível essa determinação por simples observação. O problema da determinação das posições limites é um problema de otimização, em que o objetivo é minimizar e maximizar os valores dos esforços nas seções trans- versais dos elementos estruturais, em função da posição de atuação do trem-tipo. Entretanto, não existe uma função matemática que descreva a envoltória de esforços de uma estrutura, o que torna impossível o uso da maioria dos métodos clássicos de otimização para resolver esse tipo de problema, vez que muitos deles utilizam ajustes para a simplificação do cálculo estrutural. Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras O dimensionamento e o detalhamento das armaduras de pontes e viadutos devem seguir as prescrições da Norma Técnica brasileira ABNT NBR 6128:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Os aços devem ter coeficiente de ponderação de resistência γ = 1,15 e o concreto γ = 1,4. As ações devem ser ponderadas por coeficientes de ponderação próprio. 22 23 As estruturas sujeitas à flexão devem ser subarmadas e, para isso, devem trabalhar nos domínios 2 ou 3. A altura útil (d) é a distância entre o centro de gravidade da armadura tracionada, e a face comprimida da seção depende, principalmente, do cobrimento da armadura (Figura 19): Figura 19 – Altura útil de vigas Para a armadura longitudinal em uma única camada, a relação entre a altura total (h) e a altura útil (d) é dada pela expressão 2: ( )2 2 L th d C φφ= + + + (2) Onde: • h: Altura da viga; • d: Altura útil; • C: Cobrimento; • ϕt: Diâmetro da armadura transversal (estribos); • ϕL: Diâmetro da armadura longitudinal (armadura de flexão). O cobrimento (C) das armaduras depende da classe de agressividade do meio, que é indicada na Norma Técnica brasileira ABNT NBR 6128:2014 – Projeto de estrutu- ras de concreto – Procedimento. Afastamentos entre as Barras da Armadura Longitudinal Os afastamentos horizontais (ah) e verticais (av) entre as barras que compõem a armadura longitudinal são vistos na Figura 20. 23 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Figura 20 – Afastamentos entre as barras da armadura longitudinal Os afastamentos horizontais (ah) entre as barras que compõem a armadura longi- tudinal são apresentados na Expressão 3: ( ) , 20 ( ) 3 1,2 h máx agregado mm a diâmetro da barra longitudinal d φ → ≥ → → × (3) Os afastamentos verticais (av) entre as barras que compõem a armadura longitu- dinal são apresentados na Expressão 4: ( ) , 20 ( ) 4 0,5 v máx agregado mm a diâmetro da barra longitudinal d φ → ≥ → → × (4) O agregado graúdo (brita) tem seus diâmetros apresentados na Tabela 3: Tabela 3 – Diâmetros dos agregados graúdos Tipo de Brita Diâmetro – d (mm) Brita 0 4,8 a 9,5 Brita 1 9,5 a 19 Brita 2 19 a 25 Brita 3 25 a 38 Armadura de Pele A armadura de pele é uma armadura longitudinal posicionada na face das vigas, que tem como função aumentar a durabilidade das vigas de concreto armado, por meio do controle da fissuração por retração e do controle da abertura das fissuras da alma (Figura 21). Devem ser utilizadas armaduras de pele nas vigas com a condição da expressão 5: ( )60 5h cm≥ (5) 24 25 A armadura de pele também não é necessária nas vigas de concreto armado que tenham uma armadura superior a 5 cm2/m por face. A armadura de pele deve ser posicionada conforme a Figura 21: Figura 21 – Posicionamento da armadura de pele O afastamento entre as barras da armadura de pele é apresentado na Expressão 6: ( ), 20 6 3 15 máx agregado L mm d e φ → ≥ → → × (6) A área da armadura de pele é dada pela Expressão 7: ( ),, 0,10 7100 0,001 c alma s pele A A bh → ≥ → × (7) Armadura de Suspensão A armadura de suspensão é uma armadura longitudinal posicionada nas proxi- midades de cargas concentradas transmitidas à viga por outras vigas ou ele- mentos discretos que nela se apoiem ao longo ou em parte de sua altura, ou fiquem nela pendurados. A armadura de suspensão deve ser preferencialmente constituída de estribos, na altura completa da viga, concentrados na sua extremidade. Para execução das armaduras é necessário elaborar as Plantas de Armadura, que informam todas as barras de aço que são utilizadas para compor as vigas (Figura 22). 25 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Figura 22 – Planta de Armaduras de Vigas Cada barra longitudinal apresenta sua própria quantidade, número, bitola e com- primento. Os estribos apresentam a sua quantidade, número, bitola, espaçamento e comprimento de cada um. Na planta de armadura deve haver uma Tabela Resumo que indica, para cada tipo de aço utilizado na obra, o número da barra, a bitola, a quantidade, o comprimento unitário e o comprimento total para cada tipo de barra. 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura NBR 6118: Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimentos ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. NBR 6120: Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1980. NBR 6123: Forças Devidas ao Vento em Edificações ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1988. Análise Estrutural KASSIMALI, A. Análise estrutural. São Paulo: Cengage Learning, 2016. (e-book) Propriedades do Concreto NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5.ed. Porto Alegre Bookman, 2016. (e-book) 27 UNIDADE Dimensionamento e Detalhamento das Armaduras do Tabuleiro Referências NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. 2.ed. Porto Alegre: Bookman. 2013. (e-book) PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. RECENA, F. P. Retração do concreto. Dados eletrônicos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. 28
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