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DESIGN EDITORIAL PROF. RENAN FERREIRA VENANCIO Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Heber Acuña Berger Leonardo Mateus Gusmão Lopes Márcio Alexandre Júnior Lara Pedro Paulo Liasch Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4 1 - DEFINIÇÃO DE LAYOUT ........................................................................................................................................5 1.1. COMO TRABALHAR COM PÁGINAS ..................................................................................................................10 1.2. PRINCÍPIOS DE DESIGN APLICADOS A PUBLICAÇÕES .................................................................................19 O LAYOUT E AS PUBLICAÇÕES PROF. RENAN FERREIRA VENANCIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESIGN EDITORIAL 4WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos abordar a de� nição de layout, entendendo o que é e para que serve tal ferramenta de design. Iremos realizar uma contextualização mercadológica do papel do designer, nesse contexto de editorial, aprendendo qual é a real função do designer grá� co ao realizar um projeto de design editorial, bem como quaisquer outros tipos de projetos. Iremos, também, aprender como devemos iniciar um projeto editorial, determinando quais são os primeiros passos para se iniciar o projeto, bem como as boas práticas para se evitar refacções e erros durante o projeto. A partir disto, iremos abordar os elementos mais técnicos do layout, como quais tipos de layout existem e como identi� ca-los, também quais ferramentas de organização existem, para trabalharmos mais e� cazmente nossos layouts. Por � m, iremos entender o que exatamente é um grid, a partir de alguns exemplos de projetos, e também, aprender a como trabalhar sem o grid, utilizando a ferramenta de layout por caminho para garantir uma boa experiência de leitura ao leitor. 5WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - DEFINIÇÃO DE LAYOUT Ao discutirmos sobre design editorial, invariavelmente acabamos falando de layout. Independentemente da mídia ou do intuito da mensagem, seja para uma capa de livro ou uma brochura institucional, o layout é a principal preocupação de qualquer designer dentro do projeto grá� co. Dentro de nosso mercado, ao longo do território nacional (e também internacional), existem inúmeras formas de empregar o termo layout, entretanto, muitas delas são equivocadas e só são replicadas por motivos de tradição ou de falta de informação. Mas, antes de discutirmos sobre o layout em si, é preciso entender um ponto importante sobre o Design, em especial quanto ao Design Grá� co. É muito comum que amadores e designers autointitulados (como publicitários) acreditem que a função do Design se resume em construir coisas “bonitinhas”, mesmo existindo inúmeras fontes teóricas que mostram como essa visão é errada, super� cial e descartável para o mundo e para o mercado. Paul Rand, um grande designer, autor e professor americano do século XX, a� rma que fazer design é muito mais que simplesmente juntar, organizar, ou até mesmo editar, é adicionar valor e signi� cado, iluminar, simpli� car, clari� car, modi� car, digni� car, dramatizar, persuadir e até mesmo divertir. De maneira puramente técnica, a função do Design Grá� co é a comunicação de mensagens a partir da justaposição de palavras e � guras, independentemente da mídia e técnica utilizada. Entretanto, isso não expressa como o Design é capaz de ser tátil, ambiental e interativo. O Design Grá� co se estende em uma experiência cultural e fala para a sociedade em um nível pratico, emocional e intuitivo. Ele é capaz de afetar as experiências humanas de maneiras extraordinárias, sendo capaz de educar, inspirar, entreter, informar e encorajar. O Design transmite e in� ama atitudes e emoções (CULLEN, 2007). Figura 1 - Trabalho de Paul Rand para IBM. Fonte: Phaidon (2019). Desta forma, como a� rma Cullen (2007), o designer, durante todo o processo de produção de qualquer peça grá� ca, assume múltiplas personalidades: analista, estrategista, tomador de decisão, gestor. Tudo isso, enquanto articula as soluções do problema e se prende em pensamentos conceituais e simbólicos. Muitas vezes, também atua como escritor e editor, ou até mesmo um antropólogo cultural e sociólogo. Ser designer exige uma ampla gama de habilidades para se resolver efetivamente, os problemas de comunicação visual, assim como gerar impacto com suas soluções. 6WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Conhecer sobre cores, formas, espaços, estruturas, hierarquias, tipogra� as, estratégias corporativas, mercado e sociedade – tudo isso faz parte dos requisitos para qualquer projeto de design. A responsabilidade de qualquer designer é a de criar fortes experiências comunicativas que apoiam a função do projeto realizado em nome do cliente para o espectador. O designer possui um papel importante no mercado. Transformar dados brutos (como texto e � guras) em experiências marcantes e emocionantes é algo complexo que exige muita teoria aliada à prática. Mas é importante lembrar que o designer projeta e controla a apresentação visual de informações para possibilitar a compreensão e acessibilidade de tais informações. É papel do design ser acessível, visualmente efetivo e servir sua função como peça, de acordo com os interesses do projeto, e não ser “bonitinho” de acordo com a vontade e gosto do designer (CULLEN, 2007). A principal ferramenta utilizada pelos designers para se atingir todos esses objetivos é o layout. De maneira simples, o layout é qualquer disposição de qualquer elemento dentro de um espaço, de acordo com um design ou plano. Então, qualquer projeto de design envolve layout, até mesmo projetos de design industrial ou design de moda. Mas, em nosso âmbito editorial, tomamos design como a disposição de elementos textuais e imagéticos dentro de um design, ou seja, um design que determina a maneira como tais elementos são posicionados, tanto em relação um com o outro quanto no espaço e projeto como um todo. Estadisposição afeta o modo como o leitor recebe o conteúdo, bem como sua reação emocional ao design. O layout permite ou impede a recepção das informações apresentadas no projeto, dependendo de seu design. Layouts criativos e ousados criam diferenciação e valor para a peça, enquanto layouts mais sutis e contidos permitem que o conteúdo se expresse sozinho (AMBROSE; HARRIS, 2012). Também podemos chamar o design de “gestão da forma e do espaço”, pois seu principal objetivo é apresentar os elementos de uma maneira que o leitor os receba fazendo o mínimo de esforço. Um bom layout permite ao leitor navegar facilmente por informações complexas, independentemente do tipo de mídia, seja impressa ou digital. (AMBROSE; HARRIS, 2012) Em um aspecto mais técnico, Ambrose e Harris (2012) a� rma que o layout aborda os aspectos práticos e estéticos do projeto, levando em consideração onde e como o conteúdo será visto e qual será o formato (revista, site, jornal, embalagem). Não existe uma ou outra regra indiscutível quando falamos de criação de layouts, entretanto, existe uma verdade indiscutível: o conteúdo vem sempre em primeiro lugar. Ou seja, o conteúdo determina todo o projeto. Um layout para um dicionário não funciona para uma brochura de uma empresa de turismo. Layouts não são transferíveis entre si: em cada projeto exige um layout especi� co. É comum associar layout a grid, estrutura, hierarquia, medidas e relações entre elementos dentro de um design. Isso implica dizermos que o layout é, efetivamen- te, um controlador ou ordenador de informação. Entretanto, além disso, ele é e deve ser usado como suporte da criatividade. 7WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Layout de vidros para realização de uma janela. Fonte: Pexels (2019). Dentro do mundo editorial existem inúmeras variações de formatos e tamanhos, desde livros de bolso até mesmo diagramações de informações em paredes inteiras, mas também existem as mídias virtuais, como celulares, monitores, TVs e displays eletrônicos. Em cada um desses formatos, a área do layout é pré-determinada, tirando raras exceções. Em quase todo contexto de design, o designer necessita ajudar corretamente a página ou a área do layout, de acordo com o formato pretendido, sendo, geralmente, feito em so� ware como InDesign, Illustrator ou CorelDraw. Talvez a primeira, ou uma das primeiras, decisão(ões) a ser(em) realizada(s) para qualquer layout é a margem que será necessária para tal. Qual é a largura da margem superior e inferior? E das laterais direita e esquerda? Este layout terá colunas? Se sim, quantas? Quantas páginas serão necessárias para o projeto? Quando todas estas decisões forem feitas, a estrutura base das páginas pode ser � nalmente con� gurada (GORDON; GORDON, 2005). Entretanto, todas estas decisões partem de pensamentos prévios. O designer deve, antes de abrir qualquer so� ware, sentar e rascunhar. Desenhar e re� etir, analisar e planejar suas ações dentro do projeto. Muitos tipos de projetos editorais são relativamente mais extensos e complexos que peças mais simples e super� ciais como anúncios. É necessário disciplina e organização (tanto mental quanto material) para conseguir concretizar um projeto editorial dentro de prazos curtos, que são cada vez mais comuns em nosso mercado, sem acabar com um produto de aparência barata e super� cial. 8WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Por isso, antes de tomar tais decisões, tenha certeza de determinar quais são as diretrizes e estratégias de seu projeto com o cliente. O brief é a ferramenta ideal para coletar tais tipos de informações, mas existem coisas que só são alcançadas com muita pesquisa e observação por parte do designer. Se, antes de mesmo de realizar qualquer sketch para seu projeto, o designer já possui as diretrizes e os conteúdos necessários (como textos, títulos, � guras e legendas), o projeto correrá de maneira suave e harmoniosa, evitando surpresas desagradáveis durante e após o projeto. Depois de coletadas as informações necessárias, e re� etido os caminhos a serem tomados no projeto, o designer pode realizar sketches com total con� ança, até encontrar uma solução adequada e partir para os so� ware de diagramação. Uma das boas práticas sugeridas por muitos pro� ssionais é a hierarquização e estruturação do layout logo de início. Ao compreender o conteúdo a ser transmitido, o designer é capaz de determinar qual será a hierarquia mais adequada para as informações que precisam ser transmitidas e, portanto, já está apto para pensar em estruturas visuais, ou até mesmo no grid a ser utilizado. Estas estruturas visuais, ou grids, são pensados para possibilitar o máximo de � exibilidade sem perder a continuidade da atenção do leitor (GORDON; GORDON, 2005). Figura 3 - Exemplo de grid para cartaz horizontal. Fonte: Elam (2014, p. 69). Arntson (2007) a� rma que layouts, tanto de impressos quanto de telas, exigem um habilidoso equilíbrio de elementos visuais diversos por todo um design. Múltiplas páginas e, algumas vezes, múltiplos documentos precisam ser integrados um com outro, a partir de uma repetição e variação de diretrizes visuais e conceituais. 9WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A autora entende seu pensamento, a� rmando que o design de layouts é um ato de equilíbrio em dois sentidos, um primeiro que se relaciona com diversos elementos em uma página, de modo que seja possível comunicar algo de maneira estética, tendo como objetivo último a forma valorizando a comunicação; E um segundo sentido, como em todo o Design, em que cada elemento na página afeta como os outros elementos são percebidos, ou seja, design de layouts não é apenas a adição de fotos, textos ou ilustrações, é a cuidadosa integração de todos os elementos dispostos. Figura 4 - Exemplo de capa, ou uma página simples, para revista. Fonte: Vetle Majgren, Hanne Ârsnes e Geelmuy- den Kiese (2019). 10WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Exemplo de uma página dupla para revista, nesse caso uma página de expediente e outra de sumário. Fonte: Vetle Majgren, Hanne Ârsnes e Geelmuyden Kiese (2019). Uma boa relação entre � gura e funda é essencial para um bom layout. A cuidadosa conformação do espaço em branco (ou espaço negativo) da página é capaz de garantir coesão e unidade aos elementos dispostos na mesma. Nenhum “resto de espaço” deveria ser deixado sem ser pensado, pois o espaço negativo é também um elemento ativo de todo o design. Um contraste bem pensado dentro da página garante dinamismo e energia que irá atrair o olhar dos leitores. (ARNTSON, 2007) 1.1. Como trabalhar com páginas Quando trabalhamos com editoriais, sempre acabamos trabalhando com uma ou mais, muito mais, páginas. Mas, o que realmente é uma página? Qual propósito do layout de uma página? Uma página é um espaço onde se apresenta imagens e texto e, para fazer isso de modo e� caz, é necessário considerar o objetivo e o segmento de público da obra em questão. Aspectos do formato como o tipo de impressão e as especi� cações dos acabamentos são considerações imprescindíveis. Não existem regras rígidas para isso, mas algumas perguntas são necessárias para determinar diversos aspectos: A publicação deve abrir por completo? Deve ser lida de perto? Deve ser lida de longe? É um livro de romance ou de referência? (AMBROSE; HARRIS, 2012). 11WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O layout é guiado por diversas linhas invisíveis e a maioria dos layouts só irá se tornar visível quando analisarmos uma sequência de páginas. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2012). Independentemente da natureza do projeto e quais decisões o designer realizar para tal, existem alguns termos que dizem respeito às páginas que são necessários atenção. A intensidade diz respeito aonúmero de elementos dispostos em um design, à ocupação de espaço pelos elementos inseridos, bem como ao espaço que envolve tais elementos afeta o impacto visual do design. Uma baixa intensidade pode proporcionar um campo aberto de espaço em branco, fortalecendo o impacto visual (AMBROSE; HARRIS, 2012). O reto e o verso são dois termos muito comuns no ambiente editorial. Elas se referem às páginas de um livro aberto. O reto é a página ímpar, que é a página à direita, enquanto o verso é a página par, ou a página à esquerda (AMBROSE; HARRIS, 2012). Figura 6 - Exemplo de página dupla para revista. Fonte: Vetle Majgren, Hanne Ârsnes e Geelmuyden Kiese (2019). Ao se trabalhar com páginas dentro de um projeto editorial, é necessário pensar na imposição das páginas logo no início do projeto. A imposição é o arranjo de todas as páginas de uma publicação na sequência e posição que elas irão aparecer ao serem impressa, antes do corte, das dobras e dos re� les. 12WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA É importante saber desse tipo de informação antes de iniciar o layout da página, pois permite ao designer entender de antemão quais páginas irão receber tratamento especial. Dessa forma, o designer é capaz de posicionar as páginas que mais se bene� ciaram de tal tratamento de maneira correta na publicação. (AMBROSE; HARRIS, 2012) Existem diversos tipos de informações que podem afetar a imposição. Desde o tipo de papel utilizado para cada caderno, reserva de tinta especial, revestimento especial como verniz ou demais acabamentos. Figura 7 - Exemplo de uma imposição de um livro. Fonte: Ambrose e Harris (2010, p. 13). A reserva de cor especial é a utilização de uma ou mais tintas de cor especial que fogem da quadricromia tradicional (CMYK – Cyan, Magenta, Yellow e Black ou Cia- no, Magenta, Amarelo e preto). 13WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O papel, propriamente dito, possui diferentes tipos com diferentes atributos, diferenciando- os entre si, o que garante uma ampla gama de escolhas. Aspectos como visual, tato, textura, longevidade, robustez, propriedades de uso, durabilidade, resultado das dobras, qualidade da reprodução de imagens e preço são levados em consideração na hora de escolher o papel para um projeto. Atualmente, as considerações ambientais e sustentáveis são muito importantes, em especial para grandes e médias empresas, obrigando os designers a se aprofundarem nos detalhes dos diversos papéis disponíveis no mercado (AMBROSE; HARRIS, 2010). Figura 8 - Aspectos do papel. Fonte: Ambrose e Harris (2010, p. 187). Quando falamos de tamanho de papel, existem dois padrões que são difundidos ao redor do mundo: o Norte Americano e o Internacional (ISO). O padrão Norte Americano é caracterizado por trabalhar em polegadas e direcionar o tamanho dos papéis para obter o mínimo de desperdício possível. O padrão ISO é baseado em 1m², abrangendo todos os tipos e gramaturas de papel e pranchas, consistindo em cinco séries de tamanhos: A, RA, SR, B e C. A característica desse padrão é que, em cada série, cada folha é o dobro do tamanho da próxima folha menor e a metade do tamanho da próxima mais larga (EVANS E SHERIN, 2013). 14WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 - Padrão americano de papéis. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 68). Figura 10 - Padrão ISO A de papéis. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 69). 15WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 11 - Padrão ISO B de papéis. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 70). Figura 12 - Padrão ISO C de papéis. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 71). 16WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Outro ponto que é necessário ressaltar sobre papéis, é sobre sua dobra e sua encadernação. O processo de construir formas e objetos com papel é chamado de Paper Engineering, ou engenharia em papel, mas também é conhecido como dobradura, em nosso país. Por ser complexo, é algo mais difícil de ser encontrado, e quando encontramos este tipo de projeto para peças comerciais, geralmente é uma cópia ou réplica de formas já produzidas por demais pro� ssionais. Mas utilizar engenharia em papel permite ao designer não se limitar ao papel plano, construindo formas que valorizem o projeto e a marca do cliente de maneiras singulares (quando originais). Um tipo bastante comum é o a dobra sanfona, que permite uma grande quantidade de informação ser apresentada em etapas, de acordo com a interação do leitor com a peça (AMBROSE; HARRIS, 2010). Figura 13 - Brochura com dobras em sanfona. Fonte: Ambrose e Harris (2010, p. 188). Já em relação às encadernações, Evans e Sherin (2013) apresentam em sua obra um diagrama com os tipos mais comuns de encadernações. Cada tipo tem seu apelo estético, seu custo e sua durabilidade especi� cas. Entender os tipos de encadernações é importante, pois a encadernação escolhida irá determinar o tamanho da margem interna necessária das páginas da publicação. Figura 14 - Perfect binding. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 80). 17WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O perfect binding, ou a encadernação tradicional, utiliza cola quente para � xar diversos cadernos de folhas dobradas em uma espinha. A capa é adicionada enquanto a cola ainda está quente e, logo após, o livro é re� lado (EVANS E SHERIN, 2013). Figura 15 - Case binding. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 80). O case binding, ou lombada canoa, envolve a costura dos papéis em uma extremidade. Então, o bloco de papel costurado é colado na espinha e re� lado; e o bloco já re� lado, é colado em uma capa externa, que é feita separadamente (EVANS; SHERIN, 2013). Figura 16 - Saddle stitch binding. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 80). A saddle stitch binding, ou encadernação com grampos, é bastante simples. Os cadernos são montados, a capa externa é dobrada junto com os cadernos, e utiliza-se um grampeador de longo alcance para grampear no centro do bloco, para depois re� la-lo (EVANS E SHERIN, 2013). 18WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 17 - Encadernação espiral ou wire-o. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 81). A encadernação espiral ou wire-o exige que as folhas sejam perfuradas em uma extremidade, para então serem espiraladas por uma peça de plástico ou metal (EVANS E SHERIN, 2013). Figura 18 - Encadernação por anel. Fonte: Evans e Sherin (2013, p. 81). A encadernação por anel exige que as folhas sejam perfuradas em posições especi� cas, para depois serem juntas por um anel. Os anéis abrem e fecham, permitindo a inclusão ou subtração de folhas quando necessário (EVANS; SHERIN, 2013). 19WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2. Princípios de Design aplicados a publicações Um layout bem projetado garante que a comunicação visual ocorra de maneira lógica e coerente, destacando os principais elementos. Princípios básicos de boa composição são as ferramentas mais importantes no processo de construção de peças grá� cas. E em relação à composição visual, podemos trabalhar com dois tipos: layout simétrico e layout assimétrico. Cada tipo possui uma abordagem diferente para a construção de seu grid, mas vamos nos focar nos aspectos mais super� ciais desses layouts por enquanto (DABNER; STEWART; ZEMPOL, 2014). O layout simétrico é mais tradicional, de modo que o design é estruturado a partir de um eixo central, sendo mais comumente utilizado em livros e publicações com maior número de páginas. Este tipo de layout se manteve como padrão por muito tempo, atingindo seu ápice de popularidade nos séculos XV e XVI. Entretanto, atingir um equilíbrio visual na composição dentro de um layout simétrico não é tão fácil quanto parece. A escolha tipográ� ca deve ser muitocuidadosa, e o espaçamento entre cada linha deve ser considerado. O ajuste � no de espaçamento horizontal das linhas é crítico. Tudo isso deve ser feito enquanto se mantém o equilíbrio simétrico e a harmonia da composição (DABNER; STEWART; ZEMPOL, 2014). Figura 19 - Layouts simétricos não precisam ser chatos e engessados. Fonte: Morocho Estudio (2019). Por volta de 1920 e 1930, em especial na escola alemã Bauhaus de Design, artistas e designers, como Kurt Schwitters, � eo van Doesburg e Herbert Bayer, começaram a experimentar com layouts baseados em um eixo fora de seu centro, o que garantia tensão e dinamismo às composições. Neste tipo de layout, o texto é primariamente alinhado à esquerda, e o alinhamento à direita é reservado para poucas linhas, já que a cultura ocidental lê da esquerda para a direita. Este tipo de layout serviu para impulsionar a rejeição do movimento modernista pelo ornamento, o que impulsionou a valorização das fontes sem serifas nas composições da Bauhaus (DABNER; STEWART; ZEMPOL, 2014). 20WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 20 - Exemplo de layout assimétrico. Repare como o layout é composto de 3 colunas, bem como as margens esquerdas e direitas são as mesmas nas duas páginas da página dupla apresentada. Fonte: Maximus Chatsky (2019). Na contemporaneidade, os designers aprendem ambas teorias de organização espacial e selecionam um ou outro tipo para aplicar nas peças de acordo com as necessidades do projeto. Como designers, necessitamos entender ambos os tipos de layout, bem como seus contextos históricos. Isto garante que possamos fazer uma escolha mais adequada e e� caz para cada tipo de projetos que nos envolvermos. A grande di� culdade em se encontrar o equilíbrio adequado, segundo Arntson (2007), está em despertar a sensibilidade para as proporções, ou seja, a organização de múltiplas coisas em relação aos seus respectivos tamanho, quantidade e ângulo. Na história da arte, podemos encontrar a valorização do senso de proporção desde muitos séculos atrás. O Parthenon, na Grécia, expressa o senso de proporção dos gregos daquela época, sendo baseando em um princípio matemático que é comumente chamado de secção áurea. Entretanto, nenhuma fórmula ou princípio matemático pode tomar o lugar da intuição e do olhar humano sobre proporção, bem como nosso senso de tenção e energias em contraste. Nós costumamos utilizar palavras como grande ou pequeno para indicar o tamanho das coisas ao nosso redor, entretanto, sem um ponto de referência, essas palavras são vazias. Uma palavra impressa em uma página A4 com corpo 72pt pode parecer grande, mas em um outdoor de 9x3m, será minúsculo. Devemos entender a relação de proporção dos elementos entre si, do espaço ao seu redor e da área que será utilizada para a peça grá� ca. Um elemento grande em relação aos demais elementos em uma página cria um impacto visual e, potencialmente, um forte ponto focal. Não tenha medo de utilizar elementos realmente grandes em suas composições, muitas revistas utilizam este recurso para criar dinamismo e movimento em suas diagramações. Uma outra abordagem muito utiliza por designers e artistas é a de confundir nossos sentidos de escala ao manipular elementos que deveriam ser pequenos para seu contexto, mas que são apresentados de maneira gigante, e vice-versa. Aparentemente, nós não nos importamos em ver os objetos sendo reduzidos em peças grá� cas, a� nal, ninguém estraria uma foto da estátua da liberdade do tamanho de um A4, a� nal de contas é uma foto. Mas, quando realizamos o inverso, como por exemplo, uma foto de uma mosca ampliada em 20 vezes o tamanho real do inseto, nossos sentidos começam a se atentar muito mais à composição (ARNTSON, 2007). 21WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A escala, propriamente dita, refere-se ao tamanho dos elementos dentro do layout, bem como do próprio material que o layout será impresso. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2012) Figura 21 - Exemplo de diagramação que utiliza escala para determinar hierarquia entre os elementos. Fonte: Ma- ximus Chatsky (2019). Outra importante consideração a ser tida ao se projetar um layout é o ritmo visual, ou só ritmo. A natureza em si é baseada em ritmo, existindo ritmos para o passar dos dias e das estações. O ritmo visual pode ser tido como a repetição de formatos, cores, texturas, � guras e textos. O espaço entre cada elemento e a repetição deles faz com que um padrão visual surja, ou o ritmo. Pode ser animado e vívido até mesmo solene e apático (ARNTSON, 2007). O ritmo é um padrão visual marcante, constante e repetitivo, como toque de tambores ou gotas de chuva. A utilização do ritmo por designers para a construção de imagens estáticas garante mais movimento e energia a composição. Quando falamos de design de livros, por exemplo, existe uma variedade de escalas e valores tonais ao longo das páginas ao mesmo tempo que se preserva uma unidade estrutural comum. O ritmo trabalhar junto com o equilíbrio para a construção de peças vivas e surpreendentes (LUPTON E PHILLIPS, 2014). 22WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 22 - Exemplo de trabalho com ritmo visual. Fonte: Arntson (2007, p. 129). Outra característica dos elementos de um layout que ajudam na construção de ritmo e equilíbrio é a orientação. Ela refere-se à direção que os elementos são organizados, ou seja, textos e imagens são geralmente con� gurados para uma visualização horizontal da esquerda para a direita, ao se utilizar demais orientações, como vertical ou diagonal, o designer é capaz de atingir resultados mais dinâmicos e surpreendentes. A utilização de orientações diferentes estima o leitor a girar a publicação, estimulando-os a prestar mais atenção. Entretanto, isto também pode causar o efeito inverso, fazendo-os perder o interesse por completo (AMBROSE; HARRIS, 2012). O ritmo visual pode ser atingido de diversas maneiras, entretanto, a mais comum e, talvez, melhor maneira de se alcançar esse ritmo em uma publicação inteira, é a utilização de um grid. O grid, grade ou grelha, é uma estrutura invisível interna da página, servindo como guia para o posicionamento de elementos do layout (ARNTSON, 2007). Figura 23 - Exemplo de utilização de grid básico, nesse caso os pontos indicam as intersecções entre as múltiplas linhas do grid, criando pequenas células que são utilizadas para determinar a espessura e posicionamentos dos ele- mentos visuais dessa composição. Fonte: Samir SR (2019). 23WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Grids são capazes de garantir continuidade para os elementos separados de um design, sendo muito útil para atribuir uma unidade organizada para uma publicação como um todo, e não apenas uma única página. Layouts que utilizam de grids tendem a ser tão � exíveis e criativos quanto o designer que os criou. Muitos acusam o grid de ser chato e padronizado, entretanto, isto demonstra que tais pessoas utilizam o grid de maneira incorreta. A utilização correta dessa poderosa ferramenta é capaz de ajudar o designer a projetar peças distintas e dinâmicas, permitindo experimentação com todos os elementos de um layout. Pense no grid como um instrumento musical: o piano possui um número limitado de teclas, que são � xas em posição e tom; entretanto, é possível tocar o piano de inúmeras maneiras diferentes, criando composições singulares a partir de diferentes ritmos, conceitos e ênfases (ARNTSON, 2007). Como iremos dedicar uma unidade inteira para nos aprofundarmos nos grids, iremos partir para uma outra abordagem de construção de layout, o Path Layout, ou layout por caminho. Arntson (2007) de� ne Path Layout como um método de construção de layouts que rejeita a ideia de uma estrutura uni� cadora, como o grid. Em vez disso, o designer utiliza o papel em branco para visualizar diferentes arranjosde todos os elementos com intuito de construir um caminho para os olhos do leitor. Essa abordagem complexa pode gerar resultados bastantes empolgantes, já que a união dos elementos depende diretamente da posição de todos os elementos igualmente, o que inclina este tipo de layout para a utilização de um grande ponto focal. O objetivo é construir habilidosamente o caminho que o olho irá percorrer ao se debater com a peça. Este tipo de layout depende muito de seu ponto de entrada, ou ponto focal. E também exige que exista uma clara ligação entre um elemento e o próximo elemento na hierarquia, e assim por diante, até que todos os elementos tenham se conectado por um único caminho (ARNTSON, 2007). O grid é uma ferramenta e assim como qualquer ferramenta é quem a utiliza que determina o resultado que ela trará. Um martelo na mão de uma criança pode signifi car perigo, mas na mão de um marceneiro pode signifi car um trabalho bem feito. Sempre se lembre: software, grids, imagens, ilustrações, etc., são todas fer- ramentas para que você, designer, alcance um resultado de uma qualidade deter- minada. Nunca deixe suas ferramentas determinarem a qualidade de seu trabalho. 24WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 25 - Exemplo de layout por caminho. Fonte: Arntson (2007, p. 127). 2525WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................26 1 - COLUNAS, CALHAS E MARGENS ........................................................................................................................27 2 - ALINHAMENTO HORIZONTAL E VERTICAL ......................................................................................................28 3 - IMAGENS E FIGURAS ......................................................................................................................................... 30 4 - HIERARQUIA ........................................................................................................................................................34 OS ELEMENTOS DA PÁGINA PROF. RENAN FERREIRA VENANCIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESIGN EDITORIAL 26WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Para esta unidade, iremos entender os elementos existentes dentro de um layout, que nos permitirá compreender mais facilmente como utilizá-los em nossos trabalhos no dia-a-dia. Dentro do design editorial, trabalhamos muito com grandes quantidades de textos e, algumas vezes, � guras. Para realizarmos isso de maneira mais e� ciente, é necessário entendermos essas ferramentas, bem como sabermos as possibilidades que elas proporcionam. Iniciaremos entendendo o que exatamente são as colunas, as calhas e as margens. Estes elementos primordiais do layout são ferramentas indispensáveis para qualquer designer que deseja se aventurar pelo meio do design editorial. Não apenas no impresso, mas também no digital, já que qualquer peça grá� ca está sujeita a possuir colunas e margens. Logo após, veremos como alinhar elementos nas colunas. O alinhamento é um aspecto muito importante dos textos, afetando nossa legibilidade e leiturabilidade. Saber como utilizar o alinhamento para valorizar a mensagem a ser transmitida, sem deixar que aspectos super� ciais entrem na frente da boa função do design, é algo que todo designer deve se focar em qualquer projeto. Partindo para o universo das � guras, iremos entender como trabalhar com esses importantes elementos de design dentro de editoriais. Sua presença nos projetos grá� cos garante vida e dinamismo, mas, para atingirmos seu real potencial, existem muitos detalhes e preocupações que precisamos abordar em todos nossos projetos. Por � m, mas não menos importante, iremos estudar sobre a hierarquização de elementos. Sendo está a principal questão de qualquer projeto que envolva informações, a hierarquia é uma ferramenta que deve ser dominada pelo designer a qualquer custo. Só ela garante a real transmissão da mensagem, bem como evita contradições e confusões no produto � nal do projeto. 27WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - COLUNAS, CALHAS E MARGENS Dentro de um layout, em especial nos layouts para projetos editoriais, as colunas e as calhas realizam um papel indispensável e insubstituível. Elas fazem parte do grupo de elementos mais básicos para se encaixar textos e � guras em qualquer layout. Colunas podem ser consideradas como caixas verticais que são utilizadas para conter a tipogra� a, ao mesmo tempo que servem de guia para o posicionamento das � guras. Entre as colunas existe um espaçamento, que é chamado de calha, ou espaço entre colunas. Esse espaço, além de separar as colunas, também descreve a área interna das páginas em uma página dupla, sendo chamada nesse caso de calha central (AMBROSE; HARRIS, 2012). As colunas existem dentro das margens de um layout. As margens de� nem os limites do conteúdo, sendo o espaço em branco acima, abaixo, à esquerda e à direita da página. Elas funcionam como molduras para o conteúdo visual e textual, especi� cando as áreas vivas da página, bem como os limites destas áreas. Ao trabalhar com livros e revistas, as margens internas das páginas recebem uma atenção especial, pois é necessário deixar um espaço adicionar para a colagem do material. Quando um layout é bem feito, as margens são capazes de garantir harmonia a composição, garantindo apelo visual ao conteúdo (LANDA, 2011). Figura 25 - Elementos de um layout. Fonte: Ambrose e Harris (2012, p. 66). 28WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O número de colunas dentro de um layout está muito relacionado ao espaço existente para este, bem como o espaço que será utilizado como margens. Mas, o principal determinante desse número é o conceito e o propósito da publicação. A utilização de mais de uma coluna pode implicar na variação de seus tamanhos ou não. Existem diversas combinações possíveis: uma coluna maior pode ser utilizada para texto, enquanto uma menor para legendas; duas colunas de mesmo tamanho podem ser utilizadas para texto e posicionamento e escalonamento de imagens; entre outras in� nitas variações (LANDA, 2011). 2 - ALINHAMENTO HORIZONTAL E VERTICAL Ao explorar as possibilidades que as colunas nos fornecem, precisamos manter em mente a questão do alinhamento dos elementos. O alinhamento é a posição de um bloco de texto no plano horizontal e no plano vertical. Esse “bloco” de texto pode ser tanto uma única palavra, ou única linha até mesmo um ou mais parágrafos inteiros (AMBROSE; HARRIS, 2012). O alinhamento vertical se caracteriza por alinhar o texto dentro de um determinado campo nas con� gurações: centralizado, alinhado pela margem superior, alinhado pela margem inferior. Enquanto o alinhamento horizontal, que é muito mais conhecido e muitas vezes sendo chamado apenas de alinhamento, determina a posição do texto dentro de um campo, podendo ser: alinhado à esquerda, alinhado à direita, centralizado ou blocado (AMBROSE; HARRIS, 2012). Em páginas duplas de uma publicação, a calha central costuma ser deixada em branca, apesar de ser possível imprimir conteúdo em tal área. Acontece que, ao se utilizar esse espaço, parte das imagens impressas não serão visualizadas, por conta da colagem do material. Além disso, é comum as imagens não se alinharem corretamente na vertical, já que esse alinhamento depende de muitos fatores fora do controle do designer. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2012) 29WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 26 - Exemplos de alinhamentos horizontais e verticais. Fonte: Ambrose e Harris (2012, p. 76). A escolha do alinhamento também afeta a leiturabilidade do texto. Ao lermos qualquercomprimento de texto, nossos olhos geralmente movem mais confortavelmente ao voltar para o limite esquerdo do texto. Entretanto, pequenos agrupamentos de texto podem ser lidos em qualquer tipo de alinhamento. “Justifi cado” é uma tradução errada de justify. O termo correto a ser utilizado é blocado: blocado à direita, blocado à esquerda, blocado ao centro. Este erro se di- fundiu com uma tradução errada do software Microsoft Word 95, se perpetuando até então. Fonte: Lupton (2010) 30WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Os blocos de textos blocados (que forçam os caracteres a criarem linhas verticais retas tanto na esquerda quanto na direita) não são recomendados para textos pequenos, pois blocos de espaço irão intercalar pequenos blocos de textos, criando os chamados “dentes de cavalo”. As con� gurações blocadas também afetam a maneira como os so� ware irão realizar a hifenação e o espaçamento entre as palavras, podendo resultar em visuais desastrosos (GORDON; GORDON, 2005). Ambrose e Harris (2010) a� rmam que designers utilizam o alinhamento para trabalhar o formato criado pelo bloco de texto em suas extremidades. Existem inúmeras con� gurações em so� ware de diagramação que permitem ajustes � nos ao tipo de silhueta resultado de cada alinhamento. Então, não se preocupe em utilizar apenas o alinhamento automático, mas também se aperfeiçoe nesses detalhes � nos para conseguir um melhor resultado para seus designs. 3 - IMAGENS E FIGURAS Imagens servem para dar vida a um determinado design. Tanto trabalhando como o foco principal da página. Quanto sendo um elemento secundário, as imagens são vitais para a comunicação de uma mensagem, contribuindo para a identidade visual do projeto como um todo (AMBROSE; HARRIS, 2012). De maneira geral, todos os blocos de texto que possuem principal função a leitu- ra, devem ser alinhados à esquerda, já que é o mais confortável e rápido de ser lido. Alinhamentos blocados resultam em arestas retas e atraentes, entretanto, prejudicar a leitura do leitor para ter uma linha reta “bonitinha” não é um argumen- to válido. Alinhamentos blocados devem ser utilizado quando forem necessários, seguindo a estratégia defi nhada para o projeto, e não por motivos ornamentais. O mesmo vale para os demais tipos de alinhamento. Alinhamentos centralizados, por exemplo, são muito simétricos e atraentes, mas em um texto em diversas linhas, se torna uma tortura para o leitor conseguir absorver as informações ali contidas. Imagine uma brochura institucional, de algumas páginas, que utilize de ilustra- ções para transmitir seu conteúdo. Parece algo normal e cotidiano, entretanto, muitas das publicações que encontramos no mercado comete um pecado fatal, que transforma qualquer projeto em uma peça com aspecto amador: a utilização de ilustrações contraditórias a mensagem. Parece algo relativamente simples de se fazer, entretanto, utilizar uma ilustração para fortalecer uma mensagem não en- volve apenas o conteúdo superfi cial da ilustração, mas todo seu valor conceitual e simbólico. O estilo, os traços, as feições dos personagens (quando há), as cores, as texturas, todos os detalhes devem se alinhar a mensagem. 31WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA E em um nível ainda mais crítico é quando ilustrações de estilos diferentes são utilizadas em um mesmo material, transparecendo que estão ali apenas por estar, sem nenhuma ligação com a mensagem maior do projeto. O mesmo vale para fo- tografi as, apensar de ser mais simples harmonizar diferentes fotos, a linguagem utilizada para cada foto deve ser coerente com as demais. Podemos incorporar � guras em nossas de diversas formas. Podemos sangrá-las totalmente, ou seja, utilizar a área toda do papel (até mesmo que será cortado fora no � nal do processo de impressão), podemos emoldura-las com uma margem ou até mesmo um passepartout, e ainda podemos dispô-las com a utilização do grid de nosso layout. Os princípios básicos da construção de layouts também valem para as imagens, garantindo que elas interajam com harmonia com os demais elementos de um design (AMBROSE; HARRIS, 2012). Figura 27 - Tradicionalmente o passepartout é deixado intacto, entretanto, alguns designers utilizam essa área para adicionar pequenas informações, como se emoldurassem a foto ou composição. Fonte: Boris Volkhouse (2019). Passepartout é uma borda utilizada para emoldurar uma imagem ou qualquer ou- tro elemento. Ela adiciona um leve toque decorativo, defi nindo claramente os can- tos do elemento graças ao contraste de cor, já que é tipicamente branca. Pode ser utilizada, também, para padronizar a apresentação de diferentes tipos de ima- gens. É muito utilizado em fotografi a. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2010) 32WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 28 - Exemplo de imagem sangrada na página direita desta página dupla. Fonte: Matos (2019). Quando trabalhamos com imagens em uma publicação, é comum o cliente prover ao designer um grupo de fotos ou imagens que deverão fazer parte do projeto, o que deixa o designer sem muita voz para a escolha do conteúdo de tais imagens. Entretanto, é possível controlar como tais imagens são utilizadas no projeto e, algumas vezes, até mesmo selecionar quais das imagens entregues serão utilizadas de fato no projeto. O papel do designer, nessa seleção, é, invariavelmente, garantir que as imagens selecionadas contem a história apropriadamente (GORDON; GORDON, 2005). Ao selecionarmos imagens, uma das coisas que devemos manter em mente é o impacto inicial. Apesar de que, muitas vezes, chamar a atenção do leitor a partir de um nível secundário de interesse funciona até melhor do que a imagem como ponto principal. O que importa, nesse quesito, é como as imagens selecionadas irão contribuir para a mensagem geral do design. Elas podem esclarecer, contrastar e aperfeiçoar um texto, ou outros elementos, quando bem utilizadas. Imagens nunca devem ser tratadas como “ornamentos” ou “detalhes” em um design. Sua contribuição para a mensagem é grande demais para permitir que elas sejam caladas quando lidas pelo leitor (GORDON; GORDON, 2005). Figura 29 - Exemplo de imagem pequena em uma página dupla. Fonte: Democràcia Estudi (2019). 33WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Quando falamos de imagens, invariavelmente iremos acabar na questão da fotogra� a. O designer, como comunicador por excelência, deve se aprofundar no estudo da boa fotogra� a, para aprender como utilizá-la da melhor forma possível ao seu favor. No Design Grá� co como um todo, redatores, fotógrafos e designers dependem das habilidades uns dos outros. Uma bela foto pode ser arruinada por um layout mal projetado, ou até mesmo por uma legenda descontextualizada (ARNTSON, 2007). Fotos dinâmicas e fortes ajudam muito no processo de design, em especial quando existe a presença humana na fotogra� a. Este tipo de foto pode atribuir um sentimento mais vivo e humano ao projeto como um todo. Utilizar fotogra� as em um projeto também implica escolher bem o papel que seria utilizado. Um papel colorido pode arruinar as cores da foto, um papel muito brilhante pode atrapalhar a visualização de detalhes, mas um papel muito fosco pode apagar as cores (sumindo com os detalhes em alguns casos). Outro ponto importante de se notar ao utilizar fotos é o contraste de tamanho. Quando duas fotos estão do mesmo tamanho em um layout, elas competem por atenção, ou seja, o olho não irá ser atraído por nenhuma delas. Outros elementos também podem distrair o olhar do leitor, fazendo com que ele não experimente a foto por completo (ARNTSON, 2007). Figura 30 - Exemplo de páginas duplas de um catálogo. Fonte: Boris Volkhouse (2019). Quando falamos de imagens em um projeto de design, quase 100% das vezes elas serão entregues ou selecionadas com arquivos digitais.A produção de imagens nos dias contemporâneos é muito mais facilitada e rápida por conta da informática. E para nós, designers, utilizarmos tais possibilidades de maneira correta e melhor possível, precisamos entender alguns conceitos básicos de arquivos de imagens que existem. 34WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA As imagens raster, também chamadas de bitmap, são compostas de uma grade de pixels, onde cada pixel contém infamação de cor para a reprodução da imagem em questão. Imagens raster possuem resolução � xa, ou seja, o aumento de uma imagem raster signi� ca a queda de qualidade do resultado � nal (AMBROSE; HARRIS, 2008); e geralmente são utilizadas em arquivos .TIFF ou .JPG para impressão e .JPG ou .GIF quando utilizadas para web (AMBROSE; HARRIS, 2010). As imagens em vetor, por sua vez, possuem objetos escalonáveis que são determinados por fórmulas matemáticas, ao invés de pixels. Vetores são independentes de resolução, podendo ser escalonados para tamanhos gigantescos ou minúsculos sem a perda de qualidade. São muito utilizados para a produção de logos e demais grá� cos que precisam ser portáteis, mas não alteráveis por so� ware não-especializados (AMBROSE; HARRIS, 2008). O tamanho dos arquivos em vetor tende a ser pequenos, mas não é possível se reproduzir � guras detalhadas, como fotogra� as, nesse tipo de arquivo. Outro aspecto deste tipo de arquivo é que, para utilização digital, o vetor deve ser transformado em um arquivo raster (como .PNG ou .JPG), pois os navegadores de web não suportam este tipo de arquivo, com exceção do .SVG (AMBROSE; HARRIS, 2010). 4 - HIERARQUIA Lupton (2014) apresenta hierarquia como a ordem de importância dentro de um determinado grupo qualquer. Em um corpo de texto, por exemplo, ela aparece como capítulos e subcapítulos de um livro. A organização hierárquica está presente em tudo que conhecemos, desde nossa família, trabalho até mesmo na religião e política. Como designers, expressar uma ordem é algo primordial para concretizarmos nossos objetivos nos projetos que nos envolvemos. A hierarquia visual é capaz de controlar como a mensagem será transmitida, bem como o impacto que ela irá causar. Sem a existência de hierarquia, qualquer comunicação grá� ca é confusa e inavegável. Ela pode ser simples ou complexa, rígida ou � exível, independentemente de seu aspecto, ela deve trabalhar com claras separações de informação para sinalizar mudanças de um nível para o outro (LUPTON, 2014). Landa (2011) a� rma que o proposito primário de um design grá� co é a comunicação de informação, sendo a hierarquia visual a forca primaria para organização de informações e esclarecimento de mensagens. Guiar o leitor exige do designer a utilização de hierarquia visual, ou seja, o arranjo de todos os elementos de um layout de acordo com sua importância. Isso implica destacar determinados elementos sobre outros, exibindo uma clara ordem de subordinação entre eles. De uma maneira bem simplista de se descrever, é a de� nição de qual elemento o leitor irá ver primeiro, e segundo, e terceiro, e aí por diante. 35WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 31 - Exemplo de hierarquia visual. Fonte: Samir (2019). É importante lembrar que se o designer der destaque para todos os elementos em um design, nenhum elemento será realmente destacado, resultando em um produto caótico e desconfortável de ser lido. Dar destaque, ou enfatizar, está diretamente relacionado a estabelecer um ponto focal, que é a parte do design que é mais acentuada e valorizada. A posição, o tamanho, o formato, a direção, a matriz, a saturação, a textura, todos os aspectos grá� cos de todos os elementos contribuem para fazer o ponto focal se destacar (LANDA, 2011). 36WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 32 - Exemplo de diferentes hierarquias textuais. Fonte: Lupton (2014, p. 118). 37WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 33 - Exemplo de hierarquia textual em websites. Fonte: Lupton (2014, p. 124). 3838WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................39 1 - DEFINIÇÃO E FUNDAMENTOS DO GRID .......................................................................................................... 40 2 - TIPOS DE GRID ....................................................................................................................................................43 3 - A UTILIZAÇÃO DO GRID ...................................................................................................................................... 50 TRABALHANDO COM GRIDS PROF. RENAN FERREIRA VENANCIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESIGN EDITORIAL 39WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nessa unidade vamos estudar os grids, ou as grades. Iniciando por sua de� nição e fundamentos, vamos entender um pouco do aspecto histórico dessa importante ferramenta de design. Analisando alguns exemplos históricos e re� exões a respeito da proporção áurea, iremos perceber como a ideia de se existir uma lógica matemática por trás de qualquer obra é algo milenar. Partindo para os tipos de grids, poderemos entender exatamente qual é a vantagem e a desvantagem de cada tipo, o que nos permitirá escolher com mais assertividade em nossos projetos se nosso layout usará um grid simétrico, assimétrico ou modular. Saber das consequências de nossas ações como designers dentro de um projeto comercial é, ou deveria ser, uma habilidade natural do designer, mas exige um certo nível elevado de consciência para se conseguir atingir esse patamar. Por � m, veremos o grid em ação, entendendo visualmente o que realmente implica um grid, bem como quais as consequências de cada tipo de grid. Iremos analisar alguns exemplos comerciais de grids, com foco especial na área de design editorial. Mas, é preciso expor que o grid é, também, uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer campo de qualquer área do design. 40WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - DEFINIÇÃO E FUNDAMENTOS DO GRID Quando falamos de grids, também chamadas de grades, invariavelmente, vamos entrar no mundo da geometria e das proporções geométricas. Estas relações geométricas estão presentes por toda civilização humana, sendo que algumas são tão utilizadas e conhecidas que recebem nomes e símbolos especiais para sua representação. Mas ainda hoje existem muitos pro� ssionais e aspirantes de design que acreditam em mitos e algumas bobagens sobre, em especial, a proporção áurea. Elam (2014) a� rma que já se comprovou a preferência cognitiva dos seres humanos por artefatos baseados em proporção áurea. Podemos encontrar o emprego do retângulo áureo (aquele que conta com uma proporção de 1:1,618 entre seus lados) nas estruturas de Stonehenge, que foi erguida entre 2450 e 1600 a.C. Também encontramos tais proporções documentadas nos textos, artes e arquiteturas dos gregos antigos, do século V a.C. Tais proporções gregas foram utilizadas por artistas e arquitetos renascentistas para aplicar em suas obras de escultura, pintura e arquitetura. Gustav Fechner, no � nal do século XIX, estudou a preferência pela proporção áurea e o modo como as pessoas reagiam a suas qualidades estéticas. Sua abordagem foi aprofundada e longa, entretanto não tão cienti� ca, mas algum tempo depois, Charles Lalo, em 1908, repetiu seus experimentos com maior rigor cienti� co, chegando em resultados similares (ELAM, 2014). É importante lembrar, porém, que não só os humanos possuem uma preferência pela proporção áurea: ela está presente nos padrões e proporções de crescimento dos seres vivos,como plantas e animais. Existem alguns exemplos mais famosos, como o náutilo, mas o padrão de crescimento das conchas é em espiral logarítmica de proporção áurea (ELAM, 2014). Para nós, como designers grá� cos, a proporção áurea é uma ferramenta de construção. E pode ser utilizada, em especial, para a construção de relações entre elementos. A real consequência da utilização da proporção áurea em um projeto não é uma estética “misticamente perfeita” ou “magicamente linda”. Este tipo de crença apenas limita os pro� ssionais, deixando que as ferramentas determinem seus trabalhos, transformando-os em repetidores de falsas crenças. O padrão de crescimento de conchas, como as do náutilo e de outros moluscos, nunca apresenta a proporção áurea exata, mas sim a tentativa de se alcançar a proporção áurea exata. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2009) 41WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 34 - Exemplo de proporção áurea em uma truta. Fonte: Elam (2014, p. 11). Ao trabalharmos qualquer tipo de proporção geométrica em um design (isso mesmo, qualquer tipo, não apenas a proporção áurea), obtemos um resultado racionalmente mais acessível e palatável. O leitor irá compreender a razão por trás dos posicionamentos, escalonamentos, cores e quaisquer outros elementos compositivos de nosso layout, acessando as informações de uma maneira intuitiva e agradável, o que transforma a peça em algo estético. Isso não ocorre como uma mágica, mas sim pelo simples fato de que ao utilizarmos uma lógica para construir o espaço onde informações serão absorvidas, estamos facilitando o ato de se ler uma obra qualquer de design. E, obviamente, não importa qual lógica utilizamos, se não soubermos priorizar e hierarquizar o conteúdo, o resultado será desastroso igual. No caso da proporção áurea, o designer estará trabalhando com uma lógica já presente na natureza. Ou seja, no processo de absorção de informação de um layout, por exemplo, o leitor não irá precisar “aprender” qual é a lógica por trás dos posicionamentos e escalonamentos dos elementos. Este aprendizado será “pulado”, garantindo que o leitor tenha um contato maior e mais profundo com as informações ali presentes e, consequentemente, possa construir um laço emocional a partir de sua experiência com a peça. No � nal das contas, nosso trabalho, ao utilizarmos qualquer tipo de proporção, é simpli� car ao máximo o processo de “aprendizado” sobre aquela peça para que o usuário possa utilizá-la com con� ança e instintividade para absorver as informações ali dispostas, por mais que seja apenas um folheto ou cartão de visitas. O grid nos ajuda exatamente nisso: ele fornece uma estrutura para todos os elementos de design de um layout, facilitando e simpli� cando o processo de criação e de tomada de decisão para o designer. Sua utilização aumenta a precisão e a consistência da localização dos elementos e fornece a estrutura necessária para um layout de alto nível de criatividade. Isso ajuda o designer a ser mais consciente sobre seu tempo e trabalho em relação ao projeto (AMBROSE; HARRIS, 2009). Unir o grid à uma proporção geométrica é um feito relativamente complexo, mas muito útil que traz resultados surpreendentemente criativos e e� cientes. A ideia do grid, ou da proporção geométrica, não é, e nunca foi engessar os layouts e projetos. Pelo contrário, ao saber como utilizar o grid, o designer pode � nalmente se livrar de inúmeras restrições existentes no ato de se projetar uma peça grá� ca, mas não apenas por “rebeldia”, mas sim por entender o que exatamente ocorre dentro do layout e o que ocorrerá quando o leitor encontrar o layout em questão. A função básica do grid é, em si, organizar informação em um layout. Como realizar e alcançar isso foi desenvolvido e aperfeiçoado ao longo da história. Entretanto, por mais que tenha evoluído bastante, os princípios básicos que sustentam seu conceito permaneceram intactos por séculos (AMBROSE; HARRIS, 2009). 42WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Todo o grid trabalhar em mérito de valorizar a hierarquia, que é o guia visual, or- ganizado a partir de uma lógica, que indica os diferentes níveis de importância de conteúdo. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2009). De maneira geral, é necessário entendermos a maneira como o leitor acessa e percorre a página. Qualquer página possui os chamados elementos ativos e os elementos passivos, que dependem da natureza do conteúdo e de como nosso olho percorre a página para localizar as informações ali presentes. Esse caminho faz com que certas áreas da página sejam apresentadas com mais ou menos importância, ou seja, mais ou menos ativas (AMBROSE; HARRIS, 2009). Figura 35 - Diagrama de leitura de uma página, iniciando da parte mais importante para a parte menos importante. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 14). Nosso olho está acostumado a correr do lado superior esquerdo, percorrer o layout na diagonal, chegando até o canto inferior direito. O foco também se dispersa, sendo mais forte no ponto inicial (superior esquerdo) e mais fraco no ponto � nal (inferior direito) (AMBROSE; HARRIS, 2009). 43WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Apesar de o grid geralmente permanecer invisível ao leitor, alguns elementos são utilizados para tornar sua visualização mais fácil. É o caso dos Fios Scotch, que são as linhas (grossas ou fi nas) utilizadas para separar diferentes colunas ou ele- mentos textuais. Estes fi os são comuns em jornais até os dias de hoje, separando as colunas de textos. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2009) Outro ponto muito importante de se lembrar é de que apesar de nossa pro� ssão exigir que levemos em consideração as limitações físicas e as exigências da mídia utilizada, a forma de qualquer design deve complementar a sua função. E a forma de um projeto varia de acordo com seu público-alvo. É importante ver o grid como uma ferramenta, e como uma ferramenta ele é algo adaptável e � exível, e não algo inviolável ou ditatorial. A forma do grid deve ser ditada por sua função, e a sua função está relacionada ao público-alvo do projeto. Quem utilizará o material? Como utilizará? Onde utilizará? Essas, entre outras várias perguntas, devem fazer parte da mente do designer ao se projetar o grid (AMBROSE; HARRIS, 2009). Em um aspecto mais técnico, podemos de� nir grid como linhas verticais e horizontais que indicam divisões de espaços e permitem o designer determinar como as proporções interiores de um layout deverá ser utilizado. Eles são utilizados para organizar tanto texto quanto imagens, permitindo diversos elementos composicionais existem em ordem e harmonia visual (EVANS E SHERIN, 2013). O sistema de grid pode ser utilizado para determinar inúmeras variáveis dentro de um layout, mas no projeto editorial, podemos destacar as variáveis: tamanho da margem, proporção da área ativa da página, número de colunas, tamanho das colunas, posição das imagens, posição dos fólios, tamanho da mancha (ou corpo de texto), entre outros. A utilização de grids bene� cia diversos tipos de projetos, em especial os editoriais, como livros, revistas, sites, anuários, relatórios, brochuras, cartazes, catálogos, sinalizações, e muitos outros (EVANS E SHERIN, 2013). O principal benefício da utilização dos grids é que eles criam um senso de continuidade por entre as páginas de uma publicação, ou por entre os diversos itens de uma papelaria corporativa, ou até mesmo as diversas peças de anúncio de uma determinada marca. Mas outro grande benefício é a rapidez: seu guia lógico é poderoso para auxiliar o designer a posicionar os elementos composicionais em diversos tipos de formatos diferentes, sem perder a coerência visual entre eles. Entretanto, peças de páginas únicas, como folhetos e cartazes, também se bene� ciam do grid, pois ele serve para criar uma harmonia visual e estética para os elementos presentes no layout(EVANS E SHERIN, 2013). 2 - TIPOS DE GRID Os grids existem em diferentes formas, podendo ser criados a partir da intuição do designer ou a partir de uma base geométrica mais rígida (como a utilização de formatos como quadrados e círculos) (EVANS E SHERIN, 2013). O que importa é que o grid é uma determinada con� guração de linhas, e em geral essas linhas podem ser escalonadas de diferentes formas, por mais que tenham sido construídas utilizando medidas absolutas. 44WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA O tipo mais comum de grids faz uso de linhas horizontais e verticais, entretanto, eles também podem contar com linhas diagonais. Sua versatilidade garante que ele seja utilizado por muitos designers e artistas como uma forma racional e universal de organização, sendo independente de seu produtor (LUPTON, 2014). O grid, como ferramenta, possui uma longa história de permitir a construção de formas. É possível construir composições e layouts facilmente ao se dividir um determinado espaço em campos e preenchendo-os com conteúdo. Por exemplo, a página de um livro comum é con� gurada com um grid de uma única coluna cercada pelas margens. Entretanto, as bíblias por séculos utilizaram grids de duas colunas, separando seus textos ao meio dentro da página. Já livros didáticos, dicionários e manuais (que possuem uma maior quantidade de texto), costumam utilizar grids com duas ou mais colunas, apresentando seu enorme conteúdo de maneira menos intimidadora para os leitores (LUPTON, 2014). Figura 36 - Exemplo de estudos de grids para páginas. Fonte: Lupton (2014, p. 176). Como podemos perceber, cada tipo de publicação exige um tipo diferente de grid. E são vários os tipos de grids disponíveis para utilizarmos em nossos projetos. Sua posição, como elemento estrutural que agrega noção de ordem ao projeto, traz consigo consistência e e� ciência ao processo de design. Para isso, eles servem muitos objetivos diferentes, cada qual mais adequado para um determinado tipo de projeto (AMBROSE; HARRIS, 2009). Embora o grid seja invisível para o leitor no projeto pronto, a in� uência deste importante elemento é evidente e facilmente visualizada ao analisarmos posicionamentos e escalonamentos dos diferentes elementos de um design. É comum que grids relativamente simples, como o de 4 colunas, proporcionem � exibilidade o su� ciente para o designer realizar variedade de páginas e composições criativas (AMBROSE; HARRIS, 2009). 45WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Quanto às classi� cações de grids, Ambrose e Harris (2009) as lista como: • Simétrico: utilizado em páginas duplas (ou spreads), possui as páginas reto e verso espelhadas, ou seja, as margens internas e externas possuem o mesmo tamanho. Este tipo de grid atribui uma aparência mais coerente ao projeto. Entretanto, um grid equilibrado como o simétrico, ao ser utilizado em muitas páginas sucessivas, pode se tornar repetitivo e entediante. Mas, ainda assim, é possível contornar essa situação ao se adicionar criativamente fólios, legendas, marginalia e imagens. • Assimétrico: utilizado em páginas duplas, possui páginas reto e verso com layout idêntico. Permite um tratamento criativo a determinados elementos, sem perder a consistência e ritmo do design. Geralmente, possuem margens internas e externas de tamanhos diferentes, sendo que uma das margens tende a ser maior que a outra. • Modular: os módulos são unidades discretas (separadas) dentro do grid, sendo utilizadas para agrupar elementos de texto ou de imagem. A utilização desse tipo de grid cria diferentes blocos que poderão ser utilizados para criar formas e ritmos diferentes dentro do layout. A combinação de diferentes módulos gera áreas mais amplas e importantes na página, não existindo um limite para a quantidade de módulos horizontais ou verticais dentro do grid. Este tipo de grid pode resultar tanto em layouts simétricos quanto em layouts assimétricos. Alguns termos frequentes no contexto de grids: • Marginalia é o texto que aparece nas margens da página. Geralmente o uso des- se tipo de bloco de texto implica em margens mais generosas. • Discreto é um termo, quando utilizado no contexto de grids, que signifi ca separa- do e destacado individualmente, e não o adjetivo discreto, que signifi ca “cuidado- so e circunspecto”. • O alinhamento transversal é o alinhamento de blocos de texto pelo uso do grid de linhas de base. • Eclético diz respeito a composição que utiliza de elementos de várias fontes e estilos diferentes. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2009) 46WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 38 - Exemplos de grids assimétricos. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 61). 47WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 39 - Exemplos de grids modulares. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 62). Figura 38 - Exemplos de grids assimétricos. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 61). 48WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 40 - Exemplos de grid com coluna e grid base do so� ware InDesign. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 65). 49WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 41 - Exemplo de grid composto. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 68). 50WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 42 - Exemplo de grid modular. Fonte: Ambrose e Harris (2009, p. 71). 3 - A UTILIZAÇÃO DO GRID Ambrose e Harris (2009) a� rmam que o grid permite o designer a trabalhar com as considerações práticas existentes em um design, que pode incluir a utilização e con� guração de vários idiomas ou até mesmo apresentar diferentes tipos de informações (como dados numéricos) em um mesmo layout. Entretanto, as possibilidades permitidas pelo grid são inúmeras. Saber utilizar a geometria dentro de uma página qualquer de maneira criativa pode nos ajudar a construir soluções inesperadas e surpreendentes. Entender que o grid também funciona como organizador e ordenador do � uxo de informação dentro de um layout, havendo determinados pontos de entrada bem como o deslocamento do design por conta de um eixo visual e a interação do espaço em branco ao redor, permite ao designer a ver os grids como estruturas � exíveis e criativas, ao contrário de rígidas e limitantes (AMBROSE; HARRIS, 2009). 51WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 43 - Grid utilizado em uma ilustração para capa de jornal realizada pelo Vermelho Panda® Design + Branding para o Jornal Rascunho. Fonte: Vermelho Panda® Design + Branding (2019). 52WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 44 - Resultado da ilustração para capa de jornal realizada pelo Vermelho Panda® Design + Branding para o Jornal Rascunho. Fonte: Vermelho Panda® Design + Branding (2019). Apensar do grid ser popular por conter os elementos em uma composição e suas áreas, ele também gera um padrão visível que pode ser utilizado como elemento impresso do design � nal. A utilização do grid para a criação de um padrão visual geralmente se dá a partir do uso do grid modular, onde diversas células, colunas e linhas são criadas e preenchidas das mais variadas formas. Tipicamente estas células não seriam preenchidas, mas nesse caso, a estrutura invisível por traz do projeto é trazida como elemento visual ativo da composição (AMBROSE; HARRIS, 2009). 53WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 45 - Esse outdoor criado pelo designer Sean Ford utiliza um grid modular para separar diversos pedaços de comunicação, envolvendo lettering, chamadas textuais e até mesmo parágrafos de textos. Fonte: Ford (2019). O grid geralmente é utilizado como uma linha guia invisível por traz de um design,mas ele também pode ser um elemento visível e proposital de uma composição, assim como qualquer outro elemento grá� co. Utilizar o grid visível permite trabalhar ainda mais criativamente a posição dos elementos, pois é possível trabalhar de duas formas com o grid visível: aquela onde as linhas do grid são impressas realmente (colunas, margens, linhas de base, etc.) e aquela onde o grid é percebido, mas não impresso (AMBROSE; HARRIS, 2009). Ao se trabalhar com o grid percebido, o grid se torna tão importante que sua estrutura � ca aparente a partir dos limites de todos os elementos dentro da composição. Em alguns casos, pode-se utilizar até mesmo as dobras do material para construir essa sensação de grid ao leitor de maneira física. 54WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 46 - Exemplo de grid aparente na composição de um cartaz. Fonte: Blogto (2019). 55WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Existe uma linha invisível de equilíbrio, ou também chamado de tensão, que atravessa todos os designs. E esse eixo está diretamente relacionado ao posicionamento dos elementos desse design. E o grid, consequentemente, afeta diretamente o eixo dos layouts (AMBROSE; HARRIS, 2009). Para se criar um eixo é necessário decidir qual o foco ou o deslocamento que deve ocorrer no layout em questão e, a partir disso, os elementos são distribuídos no layout a partir dessa linha imaginária. Realizar esse eixo de antemão permite ao designer o controle da linha de visão do leitor, bem como a ordem que as informações serão obtidas e lidas. Os deslocamentos mais comuns para o eixo são os alinhados à esquerda e ao central (AMBROSE; HARRIS, 2009). Figura 47 - Exemplo de eixo centralizado para capa de revista, realizado pelo estúdio Sociedad Anonima para a revista Animal. Fonte: Sociedad Anonima (2019). Figura 48 - Exemplo de eixo deslocado à esquerda em página dupla de revista, realizado pelo estúdio Sociedad Ano- nima para a revista Animal. Fonte: Sociedad Anonima (2019). 56WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Por � m, mas não menos importante, uma boa habilidade com o grid afeta diretamente nosso controle do espaço em branco. O famoso espaço em branco, ou espaço negativo, pode ser tido como qualquer espaço vazio, ou seja, não impresso ou utilizado, que circunda os elementos visuais em um design (AMBROSE; HARRIS, 2009). Ao se trabalhar com espaços negativos, devemos pensar realmente em positivo e negativo. Ao aplicar elementos positivos (como imagens e textos) estamos adicionando cor a página, enquanto o espaço negativo se responsabiliza de trazer dinamismo. Podemos testar nossas composições (e seu espaço negativo) ao realizarmos uma miniatura do layout e inverter as cores. Isso nos permite visualizar de maneira mais tangível o espaço em branco como elemento ativo. É importante lembra que a falta de espaço negativo resulta em designs de difícil leitura, já que cria pontos de acesso confusos e emana falta de coerência e narrativa (AMBROSE; HARRIS, 2009). Figura 49 - Páginas duplas de catálogo para marca Everest Isles, feitas pelo estúdio Studio Newwork, de Nova Iorque. Fonte: Studio Newwork (2019). 5757WWW.UNINGA.BR UNIDADE 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 58 1 - FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA ...................................................................................................................... 59 2 - A LETRA, A TIPOGRAFIA, O LETTERING E A CALIGRAFIA .............................................................................. 65 3 - ELEMENTOS DA TIPOGRAFIA ........................................................................................................................... 69 TRABALHANDO COM TIPOGRAFIA PROF. RENAN FERREIRA VENANCIO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESIGN EDITORIAL 58WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Aqui iremos estudar os fundamentos e conceitos da tipogra� a necessários para construção de projetos de design editorial. É essencial sabermos as particularidades e especi� cidades do universo da tipogra� a, que devem ser levados em conta na hora de projetarmos qualquer peça grá� ca, em especial quando falamos de editorial. Portanto, iniciando com os fundamentos da tipogra� a, vamos abordar suas diferentes classi� cações, estudando a diferença entre tipogra� as serifadas e não-serifadas, abordar as classi� cações baseadas na história da tipogra� a, como humanistas, transicionais, modernas e egípcias, entre demais classi� cações importantes. Também discutiremos sobre o que exatamente é uma letra, bem como a diferença entre caligra� a, lettering e design de tipos, termos muito confundidos em nosso mercado. Finalmente, iremos abordar os elementos tipográ� cos que devemos manter em mente ao projetarmos quaisquer peças editorais: a anatomia dos tipos, as medidas absolutas e relativas, as versais e versaletes, os numerais e a pontuação. Esta base teórica lhe permitirá abordar projetos grá� cos que envolvam tipogra� a com muito mais con� ança e assertividade, mantendo em mente as peculiaridades e armadilhas de muitas ferramentas tipográ� cas. 59WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA Para que nós designers entendamos muitas das peculiaridades do universo tipográ� co, é necessário bastante atenção aos detalhes e uma boa imersão histórica. Lupton (2010) descreve diversas classi� cações de tipos e também distingue as chamadas typefaces (faces tipográ� cas). Então, já iniciando com o contexto histórico, houve no século XIX, a procura pelos impressores por analogias entre a história da arte e as tipogra� as criadas até aquele momento. Isto resultou no sistema básico de classi� cação de tipos: letras humanistas são conectadas à caligra� a e ao movimento da mão; tipos transicionais e modernos possuem um aspecto mais abstrato, sendo menos orgânicos. Esses três principais grupos (humanistas, transicionais e modernos) correspondem, à grosso modo, aos períodos Renascentista, Barroco e Iluminista da história da arte. A partir daí, historiadores e críticos de tipogra� a elaboraram alguns modelos mais elaborados para encaixar toda a diversidade das letras que existem. Mesmo assim, os designers ainda continuaram (e continuam) a projetar novos tipos a partir de classi� cações históricas. Já pela parte etimológica, é importante fazermos algumas distinções. Apesar de typeface (face de tipos) e font (fonte) serem utilizadas muitas vezes como sinônimos, cada termo possui um signi� cado distinto. Uma typeface é uma coleção de caracteres que possuem um mesmo design. A fonte é o meio físico pelo qual a typeface é reproduzida – seja em um fotolito, um � lme litográ� co, uma peça de metal ou até mesmo um código de computador. Pense na typeface como um produto resultado de um molde, e este molde sendo a font. (AMBROSE; HARRIS, 2006) De forma mais detalhada, Ambrose e Harris (2006) explicam que, a fonte é o meio físico utilizado para se criar uma face de tipos, seja ela uma máquina de escrever, uma régua de estêncil, um bloco metálico de letterpress ou um código PostScript. Já a face de tipos é uma coleção de caracteres, letras, números, símbolos, pontuações, entre demais tipos de sinais grá� cos, que possuem em comum um mesmo design. Dois termos que são comuns no meio tipográ� co e que devem ser sempre lembrados pelos designers, são a Legibilidade e a Leiturabilidade. Cada termo diz respeito a uma determinada característica da mancha, ou corpo, de texto. A Legibilidade é mais conhecida, sendo o nível de facilidade do reconhecimento de cada letra individualmente, tendo intima relação com o contorno, ângulos,largura, estilo, espacejamento, cor, fundo e demais aspectos. Já a Leiturabilidade, menos conhecida, é o nível de facilidade em reconhecer as palavras como inteiras, bem como linhas e parágrafos, tendo relação com o comprimento das linhas, do espaçamento entre as linhas (leading), do alinhamento (esquerda, direita ou blocado), do espaçamento entre letras (kerning), tamanho dos tipos, utilização de capitulares ou de minúsculas, entre demais aspectos. Então, é importante ressaltar que uma legibilidade não garante uma boa leiturabilidade, e vice-versa (SADAO, 2018). Por último, é necessário entender a ideia de família tipográ� ca. Uma família incorpora as variações de uma typeface, geralmente sendo composta por diversos pesos, larguras e itálicos. Trabalhar com uma única família é algo bastante comum, já que (dependendo da família selecionada) elas apresentam diferentes opções se perder a coerência do design das letras (AMBROSE; HARRIS, 2011). Então temos, até então, uma font (fonte), que é o meio físico de reprodução de uma typeface (face de tipos). A typeface é uma coletânea de caracteres que compartilham um mesmo design e, por sua vez, é organizada com suas variações (Light, Bold, Extended, Condensed, Italic, etc.) dentro de famílias tipográ� cas. 60WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Agora, com essa leve introdução histórica e etimológica, podemos nos atentar a duas categorias de tipos que são muito mais amplas: os tipos serifados e os tipos sem serifa. Segundo Ambrose e Harris (2006), uma face de tipos serifada possui pequenas linhas cruzadas ao término de seus diferentes traços, enquanto as sem serifas não apresentam essas linhas. Essas pequenas linhas são, muitas vezes, quase imperceptíveis ao leitor, mas elas ajudam o leitor a reconhecer os caracteres e guia o olhar entre a página mais facilmente. Por isso, tipos serifadas são, geralmente, de mais fácil leitura do que tipos sem serifas. Os traços limpos dos tipos sem serifas são considerados modernos, já as serifadas são tidas como mais antigas e tradicionais. Figura 50 - Helvetica (sem serifas) e Mrs Eaves (serifada). Fonte: Lupton (2010, p. 35). Ambrose e Harris (2011) a� rmam que a partir de uma simpli� cação da história dos tipos de tipogra� a criados, é possível se encontrar quatro grupos principais de tipos: as góticas, as romanas, as grotescas e as escriturais. • Góticas quebradas (broken) ou de forma (block) também são chamadas de blackletter, apenas black ou old english. Elas se focam no estilo ornamental dominante na Idade Média. Atualmente esse tipo de letra apresentam um maior peso, pois são difíceis de se ler quando em blocos de texto e possuem aparência antiquada (AMBROSE; HARRIS, 2011). • Romanas são serifadas e possuem suas letras e serifas projetadas para serem proporcionalmente espaçadas entre si. Seu nome já revela, este tipo se originou a partir das inscrições romanas. Este é o tipo mais legível e mais utilizado para longos textos. E ainda apresenta diversos outros grupos de tipogra� a dentro de seu espectro (AMBROSE; HARRIS, 2011). • Grotescos ou sem serifa, também chamadas de lineares ou bastão, não possuem os detalhes decorativos marcantes nos tipos romanos, as serifas. São mais limpas e simples, o que as torna ideal para títulos. Porém, a leitura deste tipo tende a ser difícil quando em textos longos (AMBROSE; HARRIS, 2011). • Letras Escriturais são projetadas para imitar a letra de mão, para que, quando forem impressos, existir a união entre os caracteres. Assim como na escrita à mão, algumas faces desse grupo podem ser de mais fáceis de leitura do que outras (AMBROSE; HARRIS, 2011). 61WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Dentro da classi� cação Romana, Lupton (2010) elenca os seguintes grupos de tipos: • Humanistas (ou estilo antigo – old style) – os tipos romanos do século XV e XVI que emulavam a caligra� a clássica. Jan Tschichold projetou a Sabon, em 1966, inspirando-se nas tipogra� as de Claude Garamond, do Século XVI. • Transicionais – apresentam serifas mais a� adas e um eixo mais vertical do que as Humanistas. No século XVIII, John Baskerville apresentou seus tipos de alta precisão e contraste, sendo considerados chocantes naquela época. • Modernas (ou classicistas/imperiais) – apresentam serifas retas e � nas, o eixo vertical e um forte contraste entre traços grossos e � nos. Giambattista Bodoni, que trabalhou no � nal do século XVIII e início do século XIX, foi um dos maiores designers desse tipo de tipogra� a. • Egípcias (ou slab serif/serifas quadradas) – possuem serifas pesadas e retangulares. Muitos tipos do século XIX possuíam serifas decorativas e pesos carregados, sendo muito utilizados para publicidade. Figura 51 - Tipos de faces serifadas. Fonte: Lupton (2010, p. 42). 62WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 52 - Comparação de diferentes tipos serifados de mesmo tamanho de corpo (14pt). Fonte: Lutpon (2010, p. 43). Assim como existem subclassi� cações dos tipos Romanos, existem dentro da classi� cação Grotesca mais alguns tipos de faces que devemos nos atentar. Ambrose e Harris (2011) os elencam em: • Grotescas: possuem formas mais condencasadas que as neogrotescas. O “g” se apresenta com dois andares ao invés de uma cauda, enquanto o “G” possui queixo. • Neogrotescas: possuem formas mais amplas do que as grotescas. O “g” possui cauda e o “G” possui queixo. • Quadradas: apresentam seu per� l quadrado e não arredondado. O “g” possui cauda, o “Q” possui cauda que atravessa seu bojo e o “G” não possui queixo. A fonte Clarendon é uma subclasse das serifas egípcias, possuindo apoios mais sutis. Esse tipo de fonte possui um maior contraste entre traços fi nos e grossos em relação às faces de serifa egípcias originais, o que é especialmente visível nas serifas dos caracteres. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2011). 63WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA E ainda, dentro das Grotescas, podemos encontrar diferentes classi� cações históricas. Lupton (2010) as apresenta como” • Sem serifas Humanistas: mantém as variações caligrá� cas nos pesos e tracos das letras. Eric Gill, em 1928, desenho a Gill Sans, sendo esta uma das mais famosas fontes dessa classi� cação. • Sem serifas Transicionais: possui visual uniforme e ereto, sendo similar as serifadas transicionais, mas sem serifas. A Helvetica, criada por Max Miedinger em 1957, é um dos tipos mais populares e utilizados do mundo. • Sem serifas Geometricas: possui círculos perfeitos e cantos a� ados, sendo construídos a partir de formas geométricas. A Futura, de Paul Renner, criada em 1927, possui triângulos a� ados nos topos das letras “A” e “M”. Figura 53 - Tipos de faces sem serifa. Fonte: Lupton (2010, p. 42). Figura 54 - Comparação de tipos sem serifa de mesmo tamanho (14pt). Fonte: Lupton (2010, p. 43). 64WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Ainda dentro dos tipos Grotescos, há as variações arredondadas, ou rounded. Essas variações apresentam tipos com extremidades arredondadas, apresentando um visual mais relaxado e atraente. Esses tipos geralmente são projetados a partir de uma fonte grotesca normal, tendo como resultado uma aparência mais aberta e espaçosa que a original. Quando estamos trabalhando com tipogra� a é importante entender que ela possui um grande poder de afetar a percepção do leitor a respeito da mensagem que está sendo retratada. Ambrose e Harris (2011) organizaram seis diferentes tipos de categorias, que podem ser retratadas com algumas faces famosas. O quadro apresentado abaixo se foca no signi� cado e sentimento que tais grupos de faces transmitem, ao invés de seu contexto histórico. Figura 55 - Exemplo de categorias de signi� cado atribuído à determinadas faces de tipos. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p.15). Por último, ainda temos o detalhe das itálicas e obliquas a serem abordadas. Embora sejam diferentes, muitos designers não sabem que são coisas diferentes, ou as tratam como iguais. Não existem regras que proíbam a utilização de nenhuma delas, mas é importante lembrar que qualquer escolha dentro do projeto de design deve ser feita com base em conceitos e estratégias muito bem elaboradas a respeito do porquê tal escolha funciona melhor para a � nalidade desejada que as demais opções. E no caso do design editorial cada escolha tipográ� ca possui importância ainda mais especial. O Itálico verdadeiro diz respeito a face desenhada com base em um eixo inclinado entre 7 e 20 graus, possuindo um etilo caligrá� co. Ele pode ser projetado de forma mais compacta, por conta do uso das muitas ligaturas possíveis. E, geralmente, os tipos itálicos são baseados em fontes serifadas (AMBROSE; HARRIS, 2011). A confusão com o itálico e o obliquo começou quando diversas faces de tipos foram apresentadas com o nome de itálicas incorretamente, como é o caso da Helvetica Neue 76 Italic. 65WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 56 - Itálico verdadeiro. Fonte: Ambrose e Harris (2001, p. 20). O Oblíquo surgiu no século XX, quando tipógrafos iniciaram a pratica de projetar versões inclinadas de caracteres romanos, de forma especial para as faces sem serifas. Essa prática iniciou-se, pois os tipos itálicos eram considerados inapropriados para o design industrial e não caligrá� co dos tipos sem serifa. Dessa forma, as tyefaces obliquas começaram a ser projetadas, entretanto, o desenho de seus caracteres é uma versão inclinada de suas equivalentes romanas. Figura 57 - Obliquo ou falso itálico. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p. 20). Como designers, precisamos conhecer e reconhecer as diversas classi� cações de tipos existentes, pois isto facilita tanto na realização de escolhas mais e� cientes para nossos projetos, quanto na procura por conceitos e teorias que nos ajudem a construir estratégias de design mais bem fundamentadas. Conhecendo as semelhanças, diferenças e histórias de cada classi� cação (e subclassi� cação) tipográ� ca, podemos ter uma intenção e mensagem muito mais perceptível dentro de nossos projetos. 2 - A LETRA, A TIPOGRAFIA, O LETTERING E A CALIGRAFIA Para continuarmos a nos aprofundar no universo tipográ� co, é necessário realizarmos algumas re� exões e distinções antes de abordarmos assuntos mais técnicos, em especial sobre o que é realmente a letra. Podemos separar, de maneira bastante simplista, o universo tipográ� co em algumas áreas, como mostram Henestrosa, Meseguer e Scaglione (2014): • Escritura, do latim scriptura: sistema de sinais utilizados para escrever, como escritura alfabética, silábica, ideográ� ca e hieroglí� ca. Pode ser tida também como a arte de escrever. 66WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA • Caligra� a, de origem grega: se refere ao conjunto de traços que caracterizam a escritura de uma pessoa. Pode se referir também à maneira “devidamente formada” de escrever, portanto, a maneira correta da escrita. E essa maneira “correta” nos ajuda a entender os princípios da forma de cada letra, suas estruturas e também sua construção. • Lettering: termo que se refere a execução de letras como desenho e não como escrita. Enquanto o termo Caligra� a é empregado para formas produzidas pela escrita manual, e o Lettering, por sua vez, é empregado para formas obtidas a partir de desenhos. • Design de tipos: termo que diz respeito ao design de todos os caracteres de um determinado alfabeto, não levando em consideração o método utilizado para tal. Essas diferenciações são importantes para entendermos suas aplicações em quaisquer projetos de design, em especial projetos editoriais. A utilização de uma caligra� a ou lettering em um projeto pode, drasticamente, direcionar a emoção e mensagem transmitidas para caminhos indesejados caso o designer confunda estes dois termos. Figura 58 - Exemplo de Design de tipos. Fonte: Behance (2018). 67WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Mas como podemos perceber, todos os termos dizem respeito a letra. Na tipogra� a, a letra e sua forma, sua construção e aparência determinam a maneira como a mensagem é transmitida e recebida. Nosso papel como designers é, à grosso modo, garantir que as letras (tipogra� a) utilizadas em nosso projeto garantam a integridade da mensagem. E, dessa forma, atingir estratégias de marca e de mercado para nossos clientes. Já a respeito da letra e seu papel fundamental no design, é necessário realizarmos algumas re� exões a respeito. Horcades (2004) descreve uma visão bastante � losó� ca sobre letras, realizando uma comparação entre as abelhas e as letras. Segundo o autor, cada abelha, ao estar sozinha, pode ser considerada um simples inseto irracional, entretanto, ao observamos uma colmeia e seu funcionamento, logo percebemos uma complexidade e estruturação bastante evidentes com suas operárias, soldados, babás, faxineiras, zangões e rainha. Esses supostos “primitivos insetos” são capazes de realizar funções muito bem determinadas e especi� cas em sua sociedade, de maneira organizada e precisa. Ou seja, uma abelha não apresenta uma inteligência individual, mas sua colmeia possui uma inteligência coletiva. E, no universo das letras, isto também pode ser considerado verdade. Ou seja, uma letra sozinha não possui tanto valor assim, mas ao se juntar com mais letras, elas são capazes de formarem palavras. E tais palavras são capazes de expressar e representar pensamentos e ideias no � nal das contas. Já Ambrose e Harris (2011) apresentam a tipogra� a como à disposição de letras em um determinado espaço. Sendo muito utilizada para � ns de impressão, mas não se limitando apenas nisso. A enorme variedade de faces de tipos existentes e as diferentes formas que os tipos podem ser utilizados nos projetos de design ajudam a intensi� car ou alterar ainda mais o signi� cado das palavras que ali estão dispostas. Nossa percepção sobre as ideias é alterada pelo jeito que as letras são projetadas e, também, como elas nos são apresentadas. O que realmente é uma letra? Elas devem possuir diferenças entre si, porque se fossem todas iguais não seria possível a leitura. Mas, letras ainda devem ser pare- cidas, todas as letras de um mesmo alfabeto devem apresentar um determinado estilo e grafi smo que as identifi ca como um alfabeto, ou seja, como uma “família”. Entretanto, acima destas questões, uma letra deve, acima de tudo, a letra tem função primordial de informar: sem leiturabilidade ou legibilidade ela é apenas um borrão no papel, ausente de maior signifi cado. Quando as letras se juntam, elas formam alfabetos e são capazes de registrar nossas ideias, portanto, é obrigação da letra de dar conforto ao leitor, garantindo que sua leitura seja facilitada e sua estética agradável. Ela deve ser o casamento entre a técnica e a estética, que é celebrado pela inteligência humana. As letras são como o cavalo que transporta a inteligência. Fonte: Hordaces (2004). 68WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 59 - Letras são como abelhas. Fonte: Pexels (2019). A tipogra� a está em todo canto de nosso mundo civilizado, desde produtos que compramos, páginas impressas que lemos, paredes corporativas, placas e sinalizações de ruas, etc. A in� nda variedade de tipos, mas ainda sim cada um deles possui uma personalidade distinta. Algumas são formais, outras mais autoritárias; algumas mais relaxadas, outras menos estruturadas. O que importa é que a escolha tipográ� ca do designer pode e vai informar o leitor tanto sobre o autor da mensagem em questão quanto sobre a mensagem propriamente dita (AMBROSE; HARRIS, 2011). Imagine um quadro preto pequeno com escrituras realizadas à mão, posicionadasna frente de um restaurante. A maneira que as letras são realizadas pode indicar que o cardápio ou as promoções do estabelecimento mudam regularmente. Entretanto, se forem realizadas com desleixo e sem cuidado, esse mesmo quadro irá transmitir a ideia de que este restaurante realizava as coisas de maneira desleixada e desajeitada, algo que não é positivo para qualquer restaurante. Figura 60 - Lettering em quadro preto em um café. Fonte: Pexels (2019). 69WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA A tipogra� a está em toda parte, e nós, como designers, temos o papel de garantir que toda palavra ou frase composta reforce a mensagem intendida, e não o contrário. Utilizar tipogra� as tradicionais para empresas jovens e modernas, ou vice-versa, não apenas irá atrapalhar a leitura ou algo do tipo, mas irá, com certeza, atrapalhar a percepção do leitor/consumidor sobre a real personalidade da empresa retratada por tal mensagem. 3 - ELEMENTOS DA TIPOGRAFIA Com a compressão do que exatamente é a tipogra� a, as letras, e as classi� cações principais existentes dentro desse universo, podemos nos atentar agora a alguns detalhes técnicos bastante relevantes para a construção de qualquer projeto de design editorial. A primeira questão que devemos nos preocupar, em especial para projetarmos títulos mais e� cientes, é a anatomia dos tipos. Ao selecionarmos uma família tipográ� ca, o design que une todas as faces dessa família garante que cada elemento anatômico de cada um dos caracteres desta família tenha um visual uniforme de acordo com algum determinado conceito ou intenção. Identi� car tais elementos da anatomia dos tipos nos permite visualizar melhor, o que exatamente está fora de nossas expectativas ou está indo contrário a mensagem desejada. Em caso de títulos curtos, podemos alterar os tipos em questão, mas, em caso de textos longos, não existe uma alternativa tão fácil assim. Lupton (2010) apresenta um diagrama bastante simples, focando nas principais características dos tipos a serem considerados pelos designers: Figura 61 - Diagrama da anatomia dos tipos de Ellen Lupton. Fonte: Lupton (2010, p. 32). 70WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Já Ambrose e Harris (2011) trazem um diagrama que complementa o de Lupton (2010). Os autores utilizam as faces Hoe� er, Plantin, Avenir e Geo Slab para apresentar as diversas peculiaridades de cada classi� cação tipográ� ca: Figura 62 - Diagrama de anatomia - parte 1. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p. 26). 71WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 63 - Diagrama de anatomia de tipos - parte 2. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p. 27). 72WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Além desses detalhes bastante especí� cos de cada caractere, ainda temos a questão da escala e do tamanho dos tipos. A medida dos tipos, assim como em muitos outros projetos de Design Grá� co, conta com uma escala absoluta e uma escala relativa. E, no universo tipográ� co, devemos aprender como trabalhar com ambas escalas para conseguir projetarmos mensagens mais e� cientes e e� cazes. As medidas absolutas são mais simples de serem compreendidas, já que dizem respeito a valores � xos. Um elemento de 1 milímetro é precisamente 1/10cm, e não deixará de possuir 1mm mesmo quando alterarmos sua posição no layout. Mas, dentro da tipogra� a, utilizamos algumas outras medidas para determinados os tamanhos com escalas absolutas. As mais importantes e principais medidas tipográ� cas são os pontos e as paicas. Os pontos são unidades de medida que regulam a dimensão de uma face. Por exemplo: 7pt Times New Roman – esta medida explicita a altura do bloco de tipos, e não da letra em si. O ponto é equivalente a 0,35mm e foi inventada por Sébastien Truchet (1657 – 1729). Entretanto, apenas posteriormente com o desenvolvimento tipográ� co de Pierre Fournier e Fançois Didot, no século XIX, que o ponto foi determinado como 1/72 de uma polegada. Já a paica é uma unidade de medida absoluta que mede 12 pontos, ou 12pt. A paica é muito utilizada para medir linhas de tipos e sua medida absoluta em milímetros é 25,4 (AMBROSE; HARRIS, 2006). Já para as medidas relativas, Ambrose e Harris (2011) a� rmam que tais medidas são relativas ao corpo do tipo projetado. Ou seja, nenhuma medida dessas possui seu tamanho absoluto. E na tipogra� a, existem o quadratim (ou eme) e o meio-quadratim (ou ene). Essas duas medidas são uteis para se de� nir espessura de traços e espaçamentos, o que as transforma em medidas muito importantes, já que ao se aumentar o tipo, os espaçamentos e traços irão acompanhar tal escalonamento. Por exemplo: um quadratim de um tipo com 60pt mede, exatamente, 60pt. Já o meio-quadratim desse mesmo tipo de 60pt, mede 30pt. Figura 64 - Exemplo da área Eme das faces Futura e Bembo. Fonte: Ambrose e Harris (2006, p. 57). Figura 65 - Exemplo da área Ene das faces Futura e Bembo. Fonte: Ambrose e Harris (2006, p. 57). 73WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA O hífen é uma medida relativa, medindo, geralmente, um terço do comprimento de um eme. É empregado para separar partes das palavras compostas, ligar as palavras de uma frase na hifenização adjetiva e conectar sílabas de uma palavra dividida em linhas separadas. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2011). Figura 66 - Comparação da área Eme, Ene e Hífen. Fonte: Ambrose e Harris (2006, p. 57). O espaçamento de palavras, por exemplo, é de� nido por uma percentualidade do valor de um eme, por exemplo. Isto faz com que tal espaçamento seja relativo ao tamanho do tipo que esteja sendo utilizado. Diferentes faces possuem diferentes espaçamentos padrões entre palavras, uns mais apertados e outros mais espaçados. E esse valor, apesar de � xo nos códigos da fonte, pode ser controlado por diversos so� ware para uma melhor hifenização e blocagem (AMBROSE; HARRIS, 2006). Outra medida relativa, que é bastante perceptível e importante, é a altura-x. Ambrose e Harris (2011) de� nem altura-x como a distância entre a linha de base e a linha média dos caracteres não ascendentes ou letras minúsculas. A letra “x” é o principal indicador dessa medida, já que esse caractere é plano tanto no topo quanto na base. Assim como as outras medidas relativas, cada face possui sua altura-x especi� ca. 74WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 67 - Diagrama comparando diversas faces e suas respectivas alturas-x. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p. 29). 75WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA A altura-x da tipografi a utilizada em uma determinada época pode ser comparada com o comportamento das saias da moda: o comprimento varia com os tempos e tendências. Mesmo assim, a maior parte das faces são generosas com a medida reservada para as ascendentes e descendentes, em especial quando a legibilida- de é imprescindível. Fonte: AMBROSE; HARRIS (2006). As demais medidas relativas que se comportam como linhas dentro da tipogra� a são a linha de base, linha média, altura das capitulares, altura das ascendentes e altura das descendentes. Em soma com a altura-x, elas de� nem a altura do tipo. Muitas vezes a altura das ascendentes e a altura das capitulares são iguais, mas é comum, também, que a altura das ascendentes seja um pouco maior (AMBROSE; HARRIS, 2011). Figura 68 - Diagrama das linhas que de� nem a altura dos tipos. Fonte: Lupton (2010, p. 33). Além da anatomia dos tipos e das medidas absolutas e relativas, existem alguns tipos de caracteres que são especialmente importantes para projetos editoriais. Os versais, os versaletes, os numerais e as pontuações representam boa parte dos caracteres das faces tipográ� cas. É importante, como designers, entendermos suas funções, bem como suas limitações. A letramaiúscula, também chamada de versal ou capitular, apresenta um visual EXAGERADO quando utilizado dentro de um bloco de texto, podendo receber até mesmo o adjetivo de HISTÉRICO QUANDO UTILIZADO EM SENTENÇAS RELATIVAMENTE LONGAS DENTRO DE BLOCOS DE TEXTOS. Os versaletes, também conhecidos como small caps, são projetados para se alinhar com a altura-x das minúsculas, resolvendo assim esse aspecto “histérico”. Os versaletes são muito utilizados para destacar blocos de textos, subtítulos, convites, cardápios e diversos outros materiais. Entretanto, uma coisa que precisamos prestar atenção, como designers, é de não misturar versais e versaletes. Ao invés de misturar os dois, o recomendado é utilizar apenas versaletes, assim cria-se uma linha regular sem nenhum elemento ascendente. So� ware (como InDesign) permitem utilizarmos os chamados “falsos versaletes”, que são letras versais forçadas a se encaixarem nas proporções de uma minúscula. Todavia, os traços dos versais serão reduzidos visualmente, criando a aparência de um caractere � no e frágil. Ou seja, utilizar “falsos versaletes” é a forma errada de se atingir o visual destacado que os verdadeiros versaletes proporcionam. Sendo assim, o recomendado é utilizar famílias e faces tipográ� cas que proporcionem os versaletes, ao invés de simula-los. 76WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 69 - À esquerda a versão errada, emulada por so� ware. À direita a versão correta, utilizando verdadeiros versaletes. Fonte: Lupton (2010, p. 48). Figura 70 - Exemplo de falsos versaletes e versaletes verdadeiros em ação. Fonte: Lupton (2010, p. 48). Entretanto, encontrar verdadeiros versaletes é algo bastante difícil. Portanto, ao encontra- los, devemos fazer questão de utilizar as possibilidades proporcionadas por tais caracteres (HOCHULI, 2013). Já Strizver (2006) apresenta uma técnica pouco ortodoxa para se contornar essa situação de escassez das versaletes: ao usar o falso versalete dos so� ware, faça questão de utilizar um peso maior da face escolhida. Ou seja, se seu texto estiver con� gurado em Light, utilize o peso Medium. Desta forma, é possível adaptar de forma mais harmônica visualmente os traços da letra reduzida. Mas é importante lembrar que um falso versalete nunca será melhor que um versalete verdadeiro para fazer seu papel. É muito fácil, ao falarmos de alfabetos, nos atentarmos apenas às vogais e consoantes. Entretanto, os algarismos, ou numerais, também fazem parte de nossos alfabetos. Segundo Ambrose e Harris (2011), quando falamos de tipogra� a, os algarismos possuem duas classes distintas: o estilo antigo, ou caixa-baixa; e o alinhado, ou caixa-alta. Os alinhados apresentam a mesma altura e se alinham à linha de base, os de estilo antigo não apresentam tais características, o que pode prejudicar a leitura em alguns casos. 77WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Dentro do escopo dos algarismos, podemos apontar em especial os de faces mono espaçadas. Seus caracteres possuem a mesma largura e em alguns con- textos isso gera um espaço adicional grande, atrapalhando a leitura (em especial quando se trata do caractere 1). Esse espaço adicional deve ser compensado ma- nualmente com ajustes de kerning, que é o espaçamento entre caracteres. Estes caracteres mono espaçados são recomendados para dados tabulados, e não para blocos ou linhas de textos. Os algarismos de estilo antigo são desenhados para se alinharem melhor com as letras minúsculas, todavia, o número 6 e 8 se alinham à linha de base e chegam até a altura das capitulares. Já o 1 e o 2 se alinham à linha de base, mas chegam até a linha de altura-x (AMBROSE; HARRIS, 2011). Figura 71 - Comparação entre os algarismos alinhados e os de estilo antigo. Fonte: Ambrose e Harris (2011, p. 75). Para Lupton (2010), os algarismos alinhados utilizam largura de espaço mais uniformes, que ajudam os números a se alinharem quando tabulados em colunas. Esse tipo de algarismo foi apresentado no início do século XX, atendendo as necessidades dos negócios modernos. Já sobre os de estilo antigo, eles possuem numerais também chamados de numerais de texto, onde cara algarismo possui sua largura de composição própria. Figura 72 - Comparação de algarismos alinhados e não alinhados. Fonte: Lupton (2010, p. 52). 78WWW.UNINGA.BR DE SI GN E DI TO RI AL | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA A pontuação dentro da tipogra� a varia entre as diferentes línguas do mundo. Na convenção francesa existem as guillemets, ou aspas francesas. Além de variações em sinais grá� cos, existem detalhes de escrita que afetam o visual do bloco ou linha de texto. Tanto na França quanto na Inglaterra utiliza-se um espaço antes e depois de determinadas pontuações (AMBROSE; HARRIS, 2011). Aprender as diferentes convenções tipográ� cas e dominar as regras gramaticas de pontuação é uma tarefa complexa, mas obrigatória aos pro� ssionais de Design. Figura 73 - Diagrama demonstrando a diferença de uso entre plicas, aspas e aspas duplas. Fonte: Lupton (2010, p. 54). No design editorial, além de conhecer as regras gramaticas, existem também a maneira correta de utilização das plicas e aspas para inícios de parágrafos. Lupton (2010) apresenta este erro muito comum: inserir as aspas como um caractere alinhado ao limite esquerdo do parágrafo. A forma correta de uso é alinhar a primeira letra à borda esquerda do bloco de texto, ignorando as primeiras aspas. Figura 74 - Uso incorreto de aspas à esquerda. Uso correto de aspas à direita. Fonte: Lupton (2010, p. 54). 79WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS AMBROSE, G.; HARRIS, P. � e Fundamentals of Typography. Suíça: AVA Publishing SA, 2006. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Tipogra� a. Porto Alegre: Bookman, 2011. AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Grids. Porto Alegre: Bookman, 2009. AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Layout. Porto Alegre: Bookman, 2012. AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. � e Production Manual*: *a graphic design handbook. Suíça: AVA Books, 2008. AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. � e Visual Dictionary of Pre-Press & Production. Suíça: AVA Books, 2010. AMBROSE, Gavin. Fundamentos do design criativo. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. ARNTSON, Amy E. Graphic Design Basics. Belmont, Califórnia, Estados Unidos da América: � omson Wadsworth, 2007. BRINGHURST, R. Elementos do estilo tipográ� co. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. CLAIR, Kate; BUSIC-SNYDER, Cynthia. Manual de tipogra� a: a história, a técnica e a arte. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. CULLEN, Kristin. 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