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Avaliação Auditiva Infantil Fanni Hamphreis Sabe-se da importância da audição na comunicação humana e das dificuldades que uma perda auditiva infantil pode acarretar na aquisição da linguagem/fala e, ainda, no desenvolvimento emocional, social e educacional. Para minimizar estas possíveis alterações o ideal seria realizar um diagnóstico precoce de deficiência auditiva que possibilitasse uma intervenção antes dos seis primeiros meses de vida (mais recomendado por volta do terceiro ou quarto mês de vida do bebê). Para tal, a triagem auditiva neonatal universal é indicada pois pode avaliar todos os recém-nascidos e não somente os bebês com algum tipo de risco para perda auditiva. Há dois tipos de avaliações: as técnicas comportamentais, que avaliam aspectos como o tipo e grau das perdas auditivas e as eletrofisiológicas, que são mais indicadas para avaliarem a fisiologia e o local da alteração. A Triagem Auditiva Comportamental é um instrumento para a avaliação de aspectos da acuidade auditiva e do processamento auditivo em recém- nascidos e crianças pequenas, que possibilita observar respostas comportamentais a estímulos sonoros. Observa-se se o recém-nascido reage aos sons por meio de respostas reflexas e automáticas inatas. São usados brinquedos sonoros e instrumentos que apresentam diferentes intensidades e frequências sonoras. No Brasil foi criado um KIT SONORO para avaliação de bebês em maternidades. Esta avaliação deve ser realizada em ambiente silencioso (campo livre) e os estímulos devem ser dados em ordem crescente de intensidade, no plano lateral, a uma distância de 20 cm da orelha do bebê, com dois segundos de duração e mantendo-se um intervalo de 30 segundos entre as apresentações. O bebê deve estar em repouso, no berço. Este instrumento de avaliação auditiva apresenta algumas limitações porque só conseguirá identificar crianças com formas mais graves de perda auditiva. Devido ao uso do campo livre é possível que a perda auditiva neurossensorial unilateral (de apenas uma das orelhas) não seja detectada. Além da triagem e da avaliação auditiva por meio de observações do comportamento¹ da criança há, também, os exames objetivos. O registro das Emissões Otoacústicas² (EOA) é o método mais utilizado atualmente para a detecção de alterações auditivas de origem coclear. Ao contrário da triagem auditiva comportamental (onde o examinador depende da resposta da criança), a EOA é um método objetivo, rápido, não invasivo e pode ser realizado em qualquer faixa etária, ressaltando-se sua aplicação em recém-nascidos. O registro das EOA é conhecido, no Brasil, como “Teste da orelhinha”², é indolor, realizado com o bebê dormindo (sono natural) e não tem contraindicações. Normalmente, é feito no segundo ou terceiro dia de vida e consiste na colocação de um fone na orelha do bebê acoplado a um computador que emite sons e recolhe as respostas que a cóclea do bebê produz. Cabe ressaltar que estas técnicas de avaliação auditiva são complementares e não equivalentes. A Triagem auditiva é entendida como um processo que possibilita aos pais e ao recém-nascido um acompanhamento, desde as orientações antes da triagem propriamente dita, até a intervenção e acompanhamento da criança diagnosticada com a perda auditiva. No entanto, ainda há muitos desafios a serem enfrentados como a implantação de um Programa de Triagem Auditiva Neonatal com a cooperação das maternidades, tanto da parte administrativa quanto dos profissionais envolvidos na assistência com os recém-nascidos; e o seguimento e o acompanhamento efetivo dos recém-nascidos que falharam na triagem ou apresentaram indicadores de riscos para a deficiência auditiva. Nesta perspectiva, é possível, minimizar o número de evasão dos bebês nos retornos e identificar as perdas auditivas de início tardio. Embora os avanços tecnológicos possibilitem a detecção da deficiência auditiva a partir das primeiras 24 horas de vida, ainda se observa atraso significativo na suspeita e no diagnóstico da surdez. Isto ocorre por pouca valorização da prevenção primária e secundária, falta de conscientização e informação da população acerca do papel da detecção precoce da surdez infantil, entre outros; embora haja uma lei federal 12.303/2010 que garanta à população o direito a esta avaliação. Lei Federal 12.303, de 2 de agosto de 2010 - Teste da Orelhinha O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o É obrigatória a realização gratuita do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas, em todos os hospitais e maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências. Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 2 de agosto de 2010; 189o da Independência e 122o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Referências: FILHO, Otacílio Lopes. Tratado de Fonoaudiologia . S.P., Editora Roca,1997 FROTA, Silvana. Fundamentos em Fonoaudiologia. Audiologia. Riode Janeiro. Guanabara Koogan, 1998 SCHOCHAT, Eliana. Processamento Auditivo. S.P., Lovise,1996. LEMES, Valderez Prass e SIMONEK, Maria Cristina. Surdez na Infância - Diagnóstico e Terapia . R. J., Soluções Gráficas Design Studio, 1996. http://guiadobebe.uol.com.br/avaliacao-da-audicao-em-bebes/ http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S180886942011000600015&script=sci_artt ext http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/6169?mode=full http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/12123/12123_1.PDF