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Capítulo 14 - Como interpretar o exame audiológico Teresa Maria Momensohn-Santos Lopes Filho O (ed), Campiotto AR, Levy CCAC, Redondo MC, Anelli W. Novo tratado de Fonoaudiologia, 3a. edição. Barueri, SP : Manole, 2013. ISBN 978-85-204-3805-3 Introdução Tal como na nossa vida, tomar decisões faz parte do nosso trabalho clínico. Ao aplicar um exame audiológico ou decidir com que tipo de aparelho auditivo o cliente será beneficiado, o examinador/fonoaudiólogo, de alguma forma, tomou decisões clínicas: que tipo de exame será aplicado? Qual o melhor teste? De que forma será aplicado? Que informação é necessária coletar? Que conduta tomará o clínico a partir desse dado? Ao interpretar os resultados de uma avaliação audiológica, novamente, o clínico precisa tomar decisões: o que significam esses dados? Em que critérios se baseia ao interpretar esses resultados? Outra questão a ser pensada é a da prática baseada em evidências (PBE). O acesso à internet tem permitido ao nosso paciente entender os procedimentos e saber da vulnerabilidade de cada um deles; isso tem feito com que os profissionais da saúde, cada vez mais, apliquem a PEB nos procedimentos de diagnóstico e avaliação. Por definição, PEB significa a integração das melhores evidências de pesquisa com o melhor conhecimento clínico e com os valores do paciente. Dessa forma, a PEB envolve um processo pelo qual a efetividade da prática clínica é validada por estudos e análises cuidadosas. Antes de se iniciar qualquer bateria de testes audiológicos, é importante estabelecer contato com o paciente e aprender alguma coisa sobre ele. Nessa entrevista, o clínico poderá observar o cliente e, a partir desse momento, começar a tomar suas decisões clínicas. Por exemplo, se o cliente fala muito alto ou apresenta distorções articulatórias, isso pode significar que apresenta perda auditiva e, ao começar a audiometria tonal, o clínico deverá fazê-la em intensidade elevada. Esse momento também permitirá ao clínico estabelecer um ambiente mais relaxado, o que pode deixar o paciente menos ansioso durante o exame. A interpretação dos testes que compõem uma avaliação audiológica é importante para todos os profissionais que trabalham com pessoas com transtornos auditivos. A correta interpretação dos exames audiológicos é de grande importância para os fonoaudiólogos que atuam na habilitação e reabilitação dos pacientes, bem como de grande importância para os médicos que, a partir da análise dos resultados, podem determinar qual a melhor conduta a ser tomada. O papel do examinador/fonoaudiólogo, durante a realização de qualquer teste, é o de evitar que erros possam comprometer a qualidade do exame audiológico, observando meatos acústicos externos em condições técnicas adequadas à realização do exame; colocação dos fones de ouvido e do vibrador ósseo; calibração dos equipamentos e da sala de exame; controle do ruído, da temperatura e da umidade da sala de exame; condições psicológicas, neurológicas e cognitivas do paciente, entre outros. Para a maioria das pessoas, os testes audiológicos são usados no diagnóstico e tratamento de um problema auditivo; uma bateria de testes é necessária por diversas razões. O sistema auditivo é composto por diferentes níveis (por exemplo, orelha externa ou média, a cóclea, o oitavo par craniano, o tronco encefálico baixo e os centros nervosos superiores). Um transtorno auditivo pode ocorrer em qualquer desses níveis ou em mais de um deles, ao mesmo tempo. Por exemplo, o primeiro sintoma de um problema de orelha média é uma diminuição da sensação de intensidade; por outro lado, um problema de tronco encefálico pode mostrar uma perda auditiva mínima e, ao mesmo tempo, uma dificuldade severa para entender a fala, seja no silêncio ou em presença de ruído. Esses exemplos enfatizam a necessidade de que, em uma bateria audiológica, sejam incluídos testes que avaliem os diferentes níveis que compõem o sistema auditivo; a segunda razão para a necessidade de uma bateria de testes é a de se confirmar os resultados de um teste isolado aplicando-se pelo menos outro procedimento. Todos os testes são sujeitos a algum grau de erro, que pode ser minimizado quando os resultados de diversos procedimentos levam à mesma conclusão. Portanto, os resultados dos testes devem ser consistentes entre si. Esse conceito é denominado princípio do cruzamento; o terceiro motivo para se realizar uma bateria de testes audiológicos é identificar quais clientes necessitam de um teste mais eficaz, para determinar uma dada doença/patologia. Por exemplo, o teste mais determinante para diagnosticar um problema retrococlear é, em geral, um procedimento radiológico, normalmente precedido por uma pesquisa de potenciais evocados auditivos do tronco encefálico (PEATE). Entretanto, nem sempre é possível encaminhar todos os pacientes suspeitos para fazer exames radiológicos, e nem todas as clínicas têm o equipamento para fazer o PEATE. Portanto, é necessário que testes audiológicos mais sensíveis sejam aplicados, para que seja possível identificar os pacientes que realmente necessitam de testes mais sofisticados; o quarto motivo tem a ver com o que vai acontecer com o cliente após a avaliação audiológica, tem a ver com qual será a conduta tomada para que o problema auditivo possa ser resolvido. O que fazer se esse problema não for passível de solução cirúrgica ou medicamentosa? Baseando-se nos resultados das baterias de testes audiológicos, o fonoaudiólogo pode planejar de que forma poderá resgatar a qualidade de vida dessa pessoa. O Conselho Federal de Fonoaudiologia reconhece a Audiologia como área de especialidade da Fonoaudiologia desde 1995. A Audiologia é o campo da Fonoaudiologia voltado para promoção, prevenção, diagnóstico, acompanhamento e reabilitação da função auditiva periférica e central e da função vestibular, incluindo estudo e pesquisa. O objetivo principal da Audiologia é garantir a comunicação e a qualidade de vida do indivíduo, por meio da otimização de suas habilidades auditivas. O principal objetivo dos serviços de Audiologia deve ser o de otimizar e melhorar a habilidade de ouvir e de se comunicar de um indivíduo em sua vida diária. Dentre as atividades do fonoaudiólogo/examinador, podem ser encontradas as seguintes tarefas: identificar, avaliar, diagnosticar, administrar e interpretar resultados de testes relacionados à audição, ao equilíbrio e a outros sistemas nervosos humanos. Para garantir a qualidade do seu exame, é importante que as condições técnicas necessárias estejam presentes. Por essa razão, o uso do otoscópio é primordial. Por meio do exame otoscópico prévio à realização dos procedimentos audiológicos, o examinador pode conferir se há ou não algum tipo de impedimento ou obstrução no meato acústico externo, que pode produzir algum tipo de erro ou de artefato em seu exame. A presença de secreção, rolha de cerume ou corpo estranho precisa ser descartada, antes que o exame seja iniciado. Faz parte do âmbito da prática do fonoaudiólogo/examinador conduzir e interpretar métodos comportamentais, fisiológicos e eletrofisiológicos usados na avaliação do sistema auditivo, do equilíbrio e nervoso; fornecer atenção auditiva ao selecionar, avaliar, adaptar e facilitar a adaptação a aparelhos auditivos, tanto como comercializar aparelhos auditivos, auxiliares sensoriais, sistemas de telecomunicações e alerta; avaliar a possibilidade de um paciente ser candidato a implante coclear ou fornecer o programa de adaptação, programação e uso do implante coclear (IC); fornecer reabilitação audiológica incluindo-se leitura labial, métodos de comunicação, desenvolvimento de linguagem, desenvolvimento de habilidades auditivas e aconselhamento para o ajustamento psicossocial para pessoas com perda auditiva ou para seus responsáveis; assessorar educadores na qualidade de membros de uma equipemultidisciplinar, em questões relacionadas aos métodos de comunicação, implicações educacionais da perda auditiva, programas educacionais, acústica de sala de aula e sistemas de amplificação para áreas grandes, para crianças com perda auditiva; atuar na prevenção e conservação auditivas a partir da elaboração, implementação e coordenação de programas de identificação e conservação auditiva em comunidades, escolas e indústrias; assessorar e prover a reabilitação de pessoas com problemas de equilíbrio, usando a terapia da habituação, exercícios e retreinamento; elaborar e conduzir a pesquisa audiológica básica e aplicada, no sentido de desenvolver novos métodos e programas e determinar a eficácia de avaliação e tratamento de paradigmas; disseminar achados de pesquisa para outros profissionais e para o público. A prática do profissional que atua na Audiologia inclui tanto a prevenção quanto a avaliação e habilitação/reabilitação e a manutenção de pessoas com problemas nas áreas auditiva e/ou vestibular. O objetivo da oferta dos serviços de Audiologia deve ser o de otimizar e melhorar a habilidade de um indivíduo para ouvir, comunicar-se no seu dia a dia ou em seu ambiente natural. O objetivo geral dos serviços de Audiologia é melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2001) desenvolveu um sistema de classificação conhecido como Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF). O propósito desse sistema de classificação foi o de providenciar uma linguagem e um quadro que pudesse descrever as questões da funcionalidade e da saúde. O quadro do CIF é útil para descrever o papel dos fonoaudiólogos na prevenção, na avaliação e na habilitação/reabilitação dos problemas auditivos, vestibulares e das restrições ou limitações do seu funcionamento. O CIF é organizado em duas partes. A primeira trata de funcionalidade e deficiência, enquanto a segunda trata dos fatores contextuais. Componentes de funcionalidade e deficiências 1. Funções e estruturas do corpo: as funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas do corpo e as estruturas são compostas pelas partes anatômicas. Deficiências são limitações ou variações nas funções e/ou estruturas do corpo, como desvios ou perdas. Um exemplo de função que pode ser avaliada pelo fonoaudiólogo é a sensibilidade auditiva. A aplicação da timpanometria é o exemplo de como avaliar uma estrutura do corpo. 2. Atividade/participação: no CIF, atividade e participação são realizadas como uma só. Atividade refere- se à execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. Participação é o envolvimento em uma situação de vida. As limitações das atividades são dificuldades que um indivíduo pode viver enquanto executa uma determinada atividade. As restrições da participação são dificuldades que podem limitar o envolvimento de um indivíduo em situações da sua vida diária. O construto atividade/participação representa, dessa maneira, os efeitos que as deficiências auditiva, vestibular e outras relacionadas podem ter na vida de uma pessoa. Esses efeitos podem incluir a habilidade para manter conversação, participar em esportes, frequentar eventos religiosos, entender o professor na sala de aula e subir/descer escadas. Componentes dos fatores contextuais 1. Fatores ambientais: os fatores ambientais são constituídos pelos ambientes físicos, sociais e atitudinais nos quais as pessoas vivem e conduzem suas vidas. Exemplos desses fatores ambientais, relacionados à Audiologia, incluem as propriedades acústicas de um determinado espaço e o tipo de tecnologia de auxílio ao deficiente auditivo (por exemplo, sistema FM de transmissão). 2. Fatores pessoais: os fatores pessoais são compostos pelas influências internas no funcionamento de um indivíduo, se a deficiência não é parte de sua condição de saúde. Esses fatores podem incluir, mas não estão limitadas, a idade, gênero, classe social e profissão. O funcionamento e a deficiência são processos interativos e evolutivos. Cada componente do CIF pode ser expresso em uma função contínua. Em uma extremidade está a função intacta, no lado oposto está a função completamente comprometida. Os fatores contextuais (pessoal e ambiental) podem interagir com qualquer dos componentes do funcionamento e da deficiência, podem agir como facilitadores ou barreiras para o funcionamento. A atuação do fonoaudiólogo na área da Audiologia engloba todos os componentes do CIF. Durante a fase de avaliação, o fonoaudiólogo realiza testes que estudam as funções e estruturas do corpo (otoscopia, audiometria tonal, timpanometria, medida das emissões otoacústicas e logoaudiometria). As limitações e restrições das atividades/participações são, muitas vezes, detectadas pelo fonoaudiólogo por meio das entrevistas, das histórias do caso, dos questionários e dos aconselhamentos por meio de, por exemplo, perguntas como: “você tem dificuldade para entender ao telefone?” ou “você pode me descrever quais as dificuldades que sente ao conversar com alguém que não lhe é familiar?” Além disso, os fatores pessoais e ambientais também necessitam ser levados em consideração pelos fonoaudiólogos que reabilitam indivíduos com problemas auditivos e/ou vestibulares. Por exemplo, nas questões anteriores, se o fator ruído for acrescentado, passa a representar a influência que o efeito ambiente tem na vida dessa pessoa. Questões como a origem cultural de um paciente podem exemplificar a influência dos fatores pessoais que muitas vezes explicam sua reação ao uso de aparelhos auditivos ou implante coclear. O uso desse modelo, CIF, pode ajudar o fonoaudiólogo a abrir suas perspectivas em relação às necessidades do seu paciente ou sobre estabelecer e providenciar serviços necessários ao seu cliente. Acima de tudo, o fonoaudiólogo trabalha para melhorar a qualidade de vida, reduzindo as deficiências das funções e estruturas do corpo, as restrições das suas atividades e participações em vista das barreiras ambientais e pessoais de cada indivíduo. Avaliação audiológica O sistema auditivo dos mamíferos é extremamente sensível e mostra uma habilidade para extrair sinais de interesse em um ambiente ruidoso. Nos humanos, ele é capaz de detectar mudanças na pressão sonora que são discretamente maiores do que o limite estabelecido pelo movimento browniano das partículas de ar e é capaz de detectar e processar sons extremamente intensos (130 dB NPS). O sistema auditivo não é somente sensível, mas também muito seletivo. Por exemplo, no meio de uma festa ruidosa, os ouvintes normais conseguem sintonizar em uma conversação particular e, rapidamente, mudar para processar outra fonte acústica que subitamente se torna mais interessante ou importante. Para determinar a localização de um som em um ambiente, um ouvinte precisa ser capaz de detectar pequenas diferenças no tempo de chegada dos sons às duas orelhas, diferenças tão pequenas quanto 10 a 20 μs. Audiologia é a ciência da audição, a arte da avaliação audiológica e da habilitação e reabilitação dos indivíduos com problemas auditivos. A audiometria de tons puros é considerada o padrão-ouro dos testes audiológicos para diagnóstico. A partir das medidas da condução aérea e da condução óssea, informações como grau ou magnitude de perda auditiva, configuração e tipo de perda auditiva podem ser determinados. Os resultados da audiometria de tons puros são também usados para determinar parâmetros e para ajudar na interpretação de resultados de testes diagnósticos adicionais. Diversos testes comportamentais adicionais baseiam seus níveis de apresentação nos resultados da audiometria tonal. A configuração do audiograma é um importante fator a ser considerado quando se interpreta testes diagnósticos. Nem sempre é possível determinar a causa de uma perda auditiva apenas analisando o tipo e a configuração dessa perda, mas existem algumas condições que apresentamachados quase que estereotipados. Por exemplo, as perdas auditivas por exposição a ruído. O propósito da audiometria tonal é medir a sensibilidade auditiva em função da frequência; essa medida da sensibilidade para diferentes frequências pode mostrar que uma pessoa consegue ouvir bem alguns sons, mas apresenta perda auditiva para outros. A aplicação da audiometria tonal pode ser realizada para a obtenção dos limiares de sensibilidade para tons puros, tanto da condução aérea como da condução óssea. Para obter os limiares por via aérea, o estímulo sonoro é apresentado por meio de fones. Para obter os limiares por via óssea, o estímulo sonoro é apresentado por meio de vibradores ósseos. A medida dos limiares auditivos, por via aérea e óssea, constitui o teste mais básico da sensibilidade auditiva e permite estabelecer o audiograma para tons puros. A análise do conjunto da avaliação audiológica básica, pesquisa dos limiares tonais, logoaudiometria e medidas da imitância acústica, permite a classificação da perda auditiva segundo o local da lesão no órgão auditivo, o grau da deficiência auditiva, a configuração da curva audiométrica, a habilidade de reconhecimentos da fala e suas prováveis implicações no processo de comunicação do paciente. O audiograma é o gráfico em que os limiares para tom puro são registrados (Figura 1). De acordo com a recomendação ANSI S3.21-1978-R-1986, o audiograma deve ser uma grade com frequências em Hertz (Hz), representadas em escala logarítmica nas abscissas, e o nível de audição (NA), em decibéis (dB) representados nas ordenadas. Uma oitava na escala de frequência deve ser equivalente em extensão a 20 dB na escala do NA. Figura 1 Modelo de audiograma de acordo com a recomendação ANSI S3. 21-1978-R-1986. Os símbolos audiométricos são apresentados na Figura 2 e foram selecionados usando-se o seguinte critério: Figura 2 Símbolos recomendados para notação gráfica dos limiares obtidos nas diferentes condições de exame. • desenhos simples, fáceis de desenhar e de boa reprodução ao serem fotocopiados ou escaneados; • mutuamente exclusivos e internamente consistentes com outros símbolos no sistema; • permitem o delineamento, sem o recurso de código de cores, das seguintes distinções: – orelha esquerda da orelha direita; – condução aérea da condução óssea; – condição não mascarada da condição mascarada; – resposta presente e ausência de resposta; – transdutor usado (fones, vibrador, alto-falante) para apresentar o estímulo; – permitir múltiplas notações em um mesmo nível, no audiograma. Os símbolos recomendados são os especificados nos padrões ANSI S3.21-1978-R-1986; ANSI S3.39-1987. A partir do audiograma de tom puro, o fonoaudiólogo/examinador pode inferir os prováveis efeitos da perda auditiva sobre o comportamento auditivo do paciente. A determinação dos limiares tonais por via aérea e o limiar de reconhecimento de fala (LRF) analisam a sensibilidade auditiva, demonstrando o grau de perda auditiva. Os limiares tonais por via óssea, quando comparados com os de via aérea, diferenciam o tipo de perda: condutiva, neurossensorial ou mista. As medidas da imitância acústica fornecem informações sobre a natureza da perda condutiva e sobre o funcionamento da orelha média, além de auxiliar no diagnóstico diferencial nas perdas neurossensoriais. Os resultados do índice de reconhecimento de fala (IRF) permitem uma estimativa dos problemas de comunicação esperados, em função da perda auditiva. O que é audição normal? Observa-se, na prática audiológica, uma grande confusão entre dois importantes conceitos: audição normal e grau de audição normal. Segundo Sataloff e Sataloff e Hodgson, os valores de referência para determinação da audição normal foram obtidos a partir dos resultados de um estudo realizado por Beasley em uma grande amostra de indivíduos jovens, com idades entre 20 e 29 anos. Todos foram submetidos à medida do limiar mínimo de sensibilidade auditiva em várias frequências e para valores de decibel, nível de pressão sonora. A partir desse estudo, foi estabelecido nos Estados Unidos o primeiro padrão de referência para audiômetros-padrão ASA 1951. Beasley constatou que havia uma variabilidade de limiares em torno de -25 dB, mesmo em indivíduos com audição normal. Estabeleceu um valor médio de 0 dB de audição, porém observou que alguns indivíduos ouviam melhor que 0 dB; muitos conseguiam ouvir o sinal (tom) em valores de -10 dB; outros não conseguiam ouvir a não ser que esse sinal fosse amplificado a um nível entre 0 e 15 dB. Segundo o autor, essa variação indica que o campo da audição normal, para pessoas jovens, está entre -10 e +15 dB. Esse mesmo campo é recomendado para a via óssea. Isso significa que, ao interpretar um exame audiométrico, temos que ter sempre em mente que o conceito de audição normal está relacionado aos achados de Beasley, que estudou a audição de população jovem, ouvinte normal, para estabelecer os menores níveis de intensidade, em função de cada frequência examinada, que conseguiam detectar. É importante ressaltar que esses valores se aplicam tanto às medidas da via aérea quanto da via óssea. O conceito de grau de audição normal significa que esse indivíduo, quando comparado aos achados de uma população, apresenta média tonal liminar dentro dos parâmetros considerados normais. Silman e Silverman consideram que os limiares ósseos estão normais quando são iguais ou melhores que 15 dB NA. Portmann e Portmann estabeleceram o valor de normalidade de 20 dB para a via óssea. Greenbaum et al. publicaram estudos sobre a determinação dos limiares auditivos normais por condução óssea. Interpretação dos audiogramas A audiometria tonal permite observar as respostas auditivas dos pacientes/clientes para sinais cuidadosamente controlados e inferir dessas respostas a integridade do sistema auditivo. Os resultados desses procedimentos nos permitem especificar o grau e o tipo de perda auditiva. Hodgson estabelece que: • A interpretação da bateria de testes/exames audiológicos requer o entendimento dos propósitos dos testes realizados, como foram administrados e o que significam. Requer o conhecimento dos fatores auditivos e não auditivos, que combinados com a eventual perda auditiva, podem determinar o handicap resultante. […] Requer conhecimento sobre como classificar a perda auditiva segundo tipo, magnitude e configuração […] requer conhecimento sobre a inter-relação dos testes e sobre como resolver e detectar resultados incoerentes. • O fonoaudiólogo/examinador, ao interpretar uma bateria audiológica, deve apresentar conhecimento e experiência para examinar cuidadosamente os resultados, verificando se todos os achados estão compatíveis entre si e com o desempenho auditivo, comunicativo e social do paciente. Lloyd lembra que o grau de perda auditiva é o resultado do grau de desvio da audição (sensibilidade e/ou outras habilidades auditivas) interagindo com uma série de outros fatores, por exemplo, idade em que a perda auditiva se instalou, idade em que foi detectada e em que se iniciou a intervenção, a duração do problema, o tipo de doença e os fatores associados a ela, fatores familiares e a resiliência das habilidades compensatórias ou adaptativas. • As medidas dos limiares para tom puro por condução aérea e do limiar de reconhecimento de fala permitem estabelecer a sensibilidade auditiva, revelando a magnitude da perda auditiva. • Os limiares da condução óssea, quando comparados com os resultados da condução aérea, permitem diferenciar perdas auditivas condutivas, neurossensoriais e mistas. As medidas da imitância acústica trazem informações adicionais sobre a natureza das perdas condutivas ou neurossensoriais. • Os testes de logoaudiometria, em conjunto com as medidas de sensibilidade, permitem uma estimativa das dificuldades de comunicação que podem ser esperadas, a partirda perda auditiva. • A interpretação da bateria de testes e a observação do comportamento auditivo podem indicar a necessidade de testes adicionais, como testes supraliminares para topodiagnóstico, testes eletroacústicos e eletrofisiológicos. Fatores não auditivos que interferem na magnitude do efeito da perda auditiva A literatura é unânime em apontar a necessidade de se considerar a influência dos fatores não auditivos sobre a magnitude da perda auditiva. Myklebust já comentava que: A importância prática de se realizar o diagnóstico correto dos diferentes tipos de problemas que uma criança pode apresentar está no fato de que suas necessidades variam de forma significante e quando um diagnóstico diferencial não é feito, suas potencialidades podem ser perdidas. Essa afirmação se aplica a qualquer paciente, seja ele criança ou adulto, pois permite que seja visto a partir da sua individualidade e receba atenção, aconselhamento, orientação e intervenção de acordo com suas necessidades específicas. Dentre os fatores não auditivos considerados na literatura, podem-se citar: idade em que a perda auditiva se instalou – congênita, adquirida no período prévio à aquisição da linguagem ou posterior a esse período, na infância ou na idade adulta, entre outros; forma como se instalou – súbita, progressiva, unilateral, bilateral; desenvolvimento cognitivo; motivação pessoal para o exame; treinamento prévio para realizar o exame; outras condições ou déficits associados; demanda auditiva do paciente e apoio familiar. Fatores auditivos que influenciam a magnitude do efeito da perda auditiva Os fatores não auditivos apresentados previamente neste capítulo influenciam, de maneira óbvia, as implicações psicossociais de uma dada perda auditiva. Muitas pessoas com as mesmas características audiométricas não exibem as mesmas dificuldades na vida diária e essa é a importância de se usar o CIF para determinar o impacto dessa deficiência, na vida daquela pessoa em especial. A avaliação de uma pessoa com perda auditiva deve ser feita levando-se em conta tanto os fatores não auditivos como os auditivos, dessa forma, podem-se estimar os efeitos da perda auditiva na vida social, educacional e profissional. Pode-se também prever a necessidade e a efetividade da reabilitação. A partir dos testes auditivos da bateria básica, podem ser obtidas informações sobre (1) tipo de perda auditiva, (2) magnitude ou grau da perda, (3) configuração da perda e (4) habilidade de reconhecimento da fala. Esses fatores auditivos influenciam a magnitude do efeito da perda auditiva, pois são inter-relacionados e sofrem influência entre si, mesmo que sejam analisados separadamente. O Conselho Federal de Fonoaudiologia publicou um manual de orientações quanto a aspectos legais para emissão de laudos, registro de resultados no audiograma e formulação de parecer fonoaudiológico, ao realizar a audiometria tonal, a logoaudiometria e as medidas da imitância acústica. Tipo de perda auditiva Ao comparar os limiares de condução aérea e condução óssea, três tipos de perdas auditivas orgânicas podem ser definidas: condutiva, neurossensorial e mista. As Figuras 3, 4 e 5 permitem visualizar esses tipos de perda auditiva, baseadas no local anatômico onde ocorre o problema. Além dessas perdas de origem orgânica, outras classificações podem ser feitas: pseudohipoacusia ou perda auditiva funcional/não orgânica, transtornos do processamento auditivo, surdez cortical e neuropatia auditiva. Perdas auditivas condutivas As perdas auditivas condutivas são, em geral, potencialmente corrigidas e mostram perdas apenas na sensibilidade auditiva sem problemas associados à habilidade de reconhecimento de fala. Ocorrem em qualquer lugar da orelha externa e/ou média, podem ser causadas por fixação da cadeia ossicular, desarticulação da cadeia ossicular, efusão na orelha média, disfunção da tuba auditiva sem efusão de orelha média, tumor de orelha média e malformações, entre outras. Figura 3 Exemplo de audiograma em quadro audiométrico do tipo condutivo. Figura 4 Exemplo de audiograma em quadro audiométrico do tipo neurossensorial. Figura 5 Exemplo de audiograma em quadro audiométrico do tipo misto. Em geral, pessoas portadoras de perda auditiva condutiva podem ser diferenciadas de pessoas com problemas neurossensoriais ou mistos por dois sintomas: não relatam dificuldade para ouvir/entender em ambiente ruidoso; apresentam efeito de oclusão permanente, o que os faz relatar que sentem a fala dentro da própria cabeça, ou do lado da orelha afetada (Prescod, 1978). Silman e Silverman estabelecem que uma perda auditiva condutiva está presente quando os limiares de condução óssea estão dentro dos limites de normalidade (0 a 15 dB), existe um gap aéreo/ósseo de 15 dB ou mais e os limiares de condução aérea estão acima dos limites normais (25 dB NA para adultos e 15 dB NA para crianças). Alguns clínicos consideram que os limiares de condução óssea são normais quando mostram valores de 25 dB NA ou menos. Para Silman e Silverman, os limiares de condução óssea são normais quando se encontram em 15 dB NA ou menos. Essa posição é reforçada pelos estudos feitos por Beasley e pelas propostas de Clark e Goodman, para classificação do grau de perda auditiva. Dessa forma, pode-se dizer que uma perda condutiva é caracterizada por: bons limiares de condução óssea (≤ 15 dB NA), sinalizando a ausência de problemas nos mecanismos neurossensoriais; gap aéreo-ósseo significativo, mas que não excede 70 dB (segundo Sataloff e Sataloff, Liden, Liden et al. e Zwislocki, estímulos com intensidade superior a 60 dB produzem vibração dos ossos do crânio e são conduzidos diretamente à cóclea); limiares alterados na condução aérea (≥ 25 dB NA), sinalizando que o problema se encontra na orelha externa e/ou média; índice de reconhecimento de fala bom ou excelente; timpanogramas alterados e quando não é possível obter o registro dos reflexos acústicos, ou esse só é registrado para níveis de intensidade elevados; grau de perda que pode variar de leve a moderadamente severo; casos bilaterais, em que a pessoa tende a falar em voz baixa, pois se ouve de forma muito clara pela via óssea – devido ao efeito de oclusão que o problema condutivo produz; quando o teste de Weber audiométrico lateralizar para a orelha onde a cóclea se apresenta em melhores condições e/ou para a orelha que apresentar maior componente condutivo; quando o teste de Bing audiométrico mostrar que não existe mudança no limiar ósseo, nas frequências de 500 e 1.000 Hz, na condição óssea absoluta e óssea relativa (COA = COR). Perdas auditivas neurossensoriais As perdas auditivas neurossensoriais ocorrem quando a lesão/doença acomete as estruturas da orelha interna (cóclea, nervo auditivo) e são, em geral, irreversíveis e permanentes. Podem ser unilaterais, bilaterais, simétricas, assimétricas, flutuantes, progressivas ou súbitas. Suas causas são as mais diversas e podem ter sua origem em lesões da cóclea, do VIII nervo craniano e/ou do núcleo coclear. O quadro audiológico desse paciente pode ser bastante variado, em termos de magnitude e configuração, mas permanece fixo em todos os casos em que há redução dos limiares de condução óssea (≥ 15 dB NA), sinalizando a presença de problemas nos mecanismos neurossensoriais; com gap aéreo-ósseo pequeno, que não exceda 10 dB; com limiares alterados na condução aérea (≥ 25 dB NA), sinalizando que o problema se encontra na orelha interna; com índice de reconhecimento de fala não previsível, pois depende da época de instalação do problema, da causa do problema, do local afetado, da magnitude da perda, entre outros fatores; com timpanogramas normais ou alterados, mas, em geral, espera-se que o timpanograma esteja normal. O registro dos reflexos acústicos pode se mostrar ausente nos casos em que o limiar aéreo encontra-se acimade 35/40 dB NA; presente, nos casos em que o limiar aéreo é pouco alterado (30 dB ou menos); presente, nos casos em que a diferença entre o limiar aéreo e o limiar de reflexo acústico contralateral é ≤ 60 dB NA (recrutamento positivo na prova de Metz); com presença de decay patológico, sugerindo que a fibra nervosa do VIII par não consegue manter a estimulação em presença de estímulo sonoro contínuo; o grau de perda pode variar de leve a moderadamente severo; nos casos bilaterais, a pessoa tende a falar em voz alta, pois perde a capacidade de realizar o monitoramento da própria voz; quando o teste de Weber audiométrico lateralizar para a orelha onde a cóclea se apresenta em melhores condições, quando o teste de Bing audiométrico mostrar que existe mudança, no limiar ósseo, nas frequências de 500 e 1.000 Hz, na condição óssea absoluta e óssea relativa (COA > COR). Isso significa que o efeito de oclusão ocorreu e permitiu que a pessoa detectasse sons de intensidade inferior às detectadas na condição convencional de exame (vibrador ósseo na mastoide e meato acústico externo aberto). Perdas auditivas mistas Quando os limiares da condução aérea e da condução óssea se mostram reduzidos, mas os valores da condução óssea são melhores que os da condução aérea, o audiograma é classificado como do tipo misto. Isso significa que o paciente apresenta perda auditiva que é parcialmente neurossensorial e parcialmente condutiva. Esse achado sugere que ocorreu algum tipo de lesão às estruturas das células ciliadas ou às suas terminações nervosas, causando uma redução nos limiares da condução óssea que é adicionada à redução dos limiares da condução aérea, decorrentes da doença ou do mal funcionamento da orelha média. O quadro audiológico caracteriza-se por: redução dos limiares de condução óssea (≥ 15 dB NA), sinalizando a presença de problemas nos mecanismos neurossensoriais; gap aéreo-ósseo pequeno, maior que 10 dB; limiares alterados, na condução aérea (≥ 25 dB NA), sinalizando que o problema está afetando a orelha interna; índice de reconhecimento de fala bom ou excelente, pois no quadro geral o paciente se comporta ainda como um paciente condutivo; timpanogramas em geral alterados; registro dos reflexos acústicos que podem se mostrar ausentes ou presentes, mas para valores elevados. Acrescente a esses dados que o grau de perda pode variar de leve a moderadamente severo e, nos casos bilaterais, a pessoa tenderá a falar em voz alta, pois perderá a capacidade de realizar o monitoramento da própria voz. Além disso, no teste de Weber audiométrico, espera-se lateralizar para a orelha onde a cóclea se apresenta em melhores condições e no teste de Bing audiométrico mostrar que não existe mudança no limiar ósseo, nas frequências de 500 e 1.000 Hz, na condição óssea absoluta e óssea relativa (COA = COR). Isso significa que o efeito de oclusão não ocorreu e não permitiu que a pessoa detectasse sons de intensidade inferior às detectadas na condição convencional de exame (vibrador ósseo na mastoide e meato acústico externo aberto). Pseudo-hipoacusia O diagnóstico da pseudo-hipoacusia é realizado quando um indivíduo se queixa de perda auditiva, mas os resultados dos exames audiológicos são discrepantes entre si e, quando comparados ao comportamento, também não mostram coerência. Isso significa que ou o indivíduo não tem perda auditiva, ou não é tão intensa quanto relata. A análise dos resultados de cada teste aplicado mostra incoerência. Por exemplo, o indivíduo não responde a nenhum som, mesmo na saída máxima do audiômetro, mas apresenta reflexo acústico do músculo estapédio presente em níveis normais (80 dB NA) na via aferente contralateral. Transtornos de processamento auditivo O transtorno de processamento auditivo (TPA) ocorre quando existe deficiência no processamento da informação auditiva que não pode ser atribuído a problemas no mecanismo auditivo periférico ou a problema de ordem cognitiva, psíquica ou mental. Alguns princípios básicos devem ser aplicados no diagnóstico de um transtorno de processamento auditivo. Dentre eles, temos: relação existente entre as habilidades auditivas centrais e a linguagem, a aprendizagem e o comportamento; áreas específicas do sistema nervoso auditivo central (SNAC) que realizam funções auditivas específicas; procedimentos específicos podem ser usados para estudar essas funções auditivas. Os resultados desses testes podem trazer informações sobre a integridade do sistema auditivo e sobre a competência funcional da criança, mas nenhum teste consegue avaliar uma habilidade auditiva isolando-a completamente das outras. Ao mesmo tempo, nenhum teste isolado consegue avaliar todas as habilidades do processamento auditivo, assim, um diagnóstico de TPA não deve ser feito sem a inclusão de testes específicos para a função auditiva central. São requisitos para avaliação comportamental da audição central que o paciente tenha: • audição periférica suficiente; • linguagem receptiva e expressiva suficiente; • função cognitiva suficiente; • idade: questão neuromaturacional, normatização – dados normativos são recomendados para a faixa entre 5 e 60 anos de idade; • avaliada a questão sociocultural. Recomenda-se que sejam encaminhadas para avaliação de processamento auditivo crianças em idade pré- escolar que apresentem os seguintes sintomas: dificuldade para aprender a falar, entender a linguagem falada, separar os sons com significado do ruído de fundo, lembrar histórias e músicas, manter a audição focalizada na voz de uma pessoa, aumento da sensibilidade para ruído, que confundem palavras com sons similares, têm dificuldade para entender a fala. Da mesma forma, recomenda-se que sejam encaminhadas para avaliação de processamento auditivo as crianças em idade escolar que apresentem as seguintes dificuldades: lembrar e seguir ordens verbais, lembrar os nomes das pessoas, emitir palavras novas, que parecem ignorar os outros quando envolvidos em uma atividade não verbal, com dificuldade de entender pessoas que falam muito rápido, de encontrar as palavras certas, quando estão falando. Adolescentes ou adultos que apresentem comportamentos como: falar mais alto do que o necessário, lembrar uma lista ou sequência, sempre precisar que as palavras e as sentenças sejam repetidas, tenham habilidade ruim para memorizar a informação, interpretar as palavras ao pé da letra, ter dificuldade para ouvir claramente em ambientes ruidosos, também devem ser encaminhados para avaliação de processamento auditivo. Surdez cortical A perda auditiva central é uma forma de perda neurossensorial causada por lesão/disfunção das vias auditivas. Quando a lesão/disfunção ocorre no córtex auditivo primário, é denominada surdez cortical. Segundo Hain, o diagnóstico em geral não é feito pelo audiograma de tons puros, que costuma mostrar-se normal. Muito pelo contrário, os pacientes costumam apresentar baixos índices de reconhecimento de fala e desempenho ruim em procedimentos que usam material de fala. A inconsistência entre o reconhecimento de fala e os limiares na audiometria é um achado a ser valorizado. Pacientes com perda auditiva central costumam apresentar comportamento auditivo inconsistente, o que pode levar ao diagnóstico errôneo de distúrbios funcionais ou psicogênicos. Os pacientes com surdez cortical podem apresentar reações a sons ambientais e, ao mesmo tempo, não reagir para sons intensos. Neuropatia auditiva ou dessincronia auditiva A neuropatia auditiva é um termo relativamente novo no diagnóstico clínico que é usado para descrever indivíduos com transtorno auditivo em razão da disfunção da sinapse das células ciliadas internas e/ou no nervo auditivo propriamente dito. Diferentemente dos pacientes que apresentam perda auditiva sensorial que mostram evidências clínicas de mau funcionamento das células ciliadas externas, pacientes comneuropatia auditiva mostram evidências clínicas de funcionamento normal dessas células. Indivíduos com esse quadro costumam apresentar dificuldade para compreensão de fala, mostram resultados de audiometria tonal e de detecção de fala que podem variar de normais a severamente alterados. Tem sido demonstrado que, nesses pacientes, sua habilidade para processar mudanças rápidas no sinal acústico pode estar prejudicada. Os testes da função coclear mostram-se normais (emissões otoacústicas presentes e/ou microfonismo coclear presente) e os resultados do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) mostram-se anormais ou alterados a partir da onda I. Classificação do audiograma, segundo a configuração da curva audiométrica O audiograma pode e deve ser classificado segundo suas características gerais e não apenas baseado em limiares de duas ou três frequências. O traçado obtido no gráfico representa a audição do paciente para frequências que variam de 250 a 8.000 Hz. A análise da configuração audiométrica permite uma melhor avaliação da interferência da perda auditiva sobre a habilidade de reconhecimento de fala do paciente. Carhart estabeleceu que, embora houvesse uma grande variedade de audiogramas, existe a necessidade de que esses exames sejam classificados de uma maneira ao mesmo tempo precisa e flexível. Cada curva audiométrica deve ser classificada de uma maneira distinta, para que, após a classificação, o método, como um todo, possa permitir que os audiogramas sejam colocados em tais agrupamentos. Carhart comentou que um método de classificação de audiogramas foi desenvolvido para atender às necessidades da Clínica de Acústica do Hospital Geral de Deshon. O objetivo era conseguir uma codificação que poderia ser inclusiva na sua prática e universal na sua aplicação. Segundo o autor, o sistema de classificação de Deshon define um pequeno número de tipos básicos de curvas audiométricas, selecionadas de tal forma que englobariam a maior parte dos padrões audiométricos encontrados no dia a dia da clínica, e representa a severidade da perda auditiva de forma independente da categoria básica. O sistema utiliza um método simples para indicar os desvios dessa categoria básica. Esse método indica tipo de desvio, posição do desvio e magnitude do desvio. Os audiogramas podem ser classificados segundo sua configuração ou tipo de curva – desenho estabelecido após a notação gráfica dos limiares aéreos para cada frequência. Carhart estabeleceu 5 categorias básicas: as perdas auditivas horizontais, as perdas auditivas nas frequências altas, as perdas auditivas para frequências baixas, as perdas auditivas com forma de calha ou com entalhe e as perdas auditivas irregulares. É importante lembrar que nem todos os audiogramas se encaixam nessas categorias e alguns se encaixam em mais de uma. Silman & Silverman propuseram uma adaptação à proposta de Carhart e de Lloyd e Kaplan, adicionando algumas outras descrições (Tabela 1). Uma das perguntas mais frequentes que encontramos está relacionada ao entalhe. Como o caracterizar? Segundo Coles et al., o entalhe pode ser determinado quando ocorre uma diferença de pelo menos 10 dB entre os limiares das oitavas adjacentes a 4.000 Hz, ou seja, 2.000 e 8.000 Hz. Hodgson também apresentou uma proposta de classificação das curvas audiométricas que pode ser vista na Tabela 2. Descreve as características de cada uma das curvas da forma como se vê a seguir: 1. Configuração horizontal: audiogramas com essa configuração podem ter sua origem em problemas condutivos ou neurossensoriais. 2. Configuração frequência alta: mais comum em problemas neurossensoriais, pode também indicar problemas técnicos na realização do exame (colabamento do meato acústico externo, por exemplo). As pessoas com esse tipo de curva audiométrica costumam dizer que “ouvem, mas não entendem”, têm dificuldades para ouvir em ambiente ruidoso, costumam demorar a ser diagnosticados. 3. Configuração frequência baixa: em geral, está associada a problemas condutivos decorrentes de aumento de rigidez do sistema tímpano-ossicular. 4. Configuração em U: nesse caso, os limiares auditivos das frequências médias encontramse piores do que para as frequências baixas e altas. Essa configuração está, em geral, associada a problemas neurossensoriais. 5. Configuração irregular: aqueles audiogramas que não se encaixam em nenhuma das categorias descritas podem ser classificados como irregulares e, portanto, podem ser constituídos por um grupo heterogêneo. 6. Perdas auditivas unilaterais: uma pessoa com audição normal em uma orelha e uma perda significativa na outra pode apresentar problemas que nem sempre são reconhecidos ou compreendidos. Em geral, queixam-se de problemas para entender quando o falante está localizado do lado da pior orelha, especialmente em situações acústicas desfavoráveis, dificuldade para entender fala no ruído ou em condições de escuta ruins e alguma dificuldade para localizar a fonte sonora. Roeser e Stach concordam em uma proposta de classificação que pudesse ser usada na maior parte dos casos. Sugerem que as curvas audiométricas sejam classificadas da seguinte forma: acrescentam os tipos: 1. configuração em canto ou fragmentar – quando os limiares são registrados apenas na área das frequências baixas; 2. entalhe em 4 a 6 kHz – quando os limiares dessas frequências apresentam piora acentuada e ocorre recuperação nas frequências próximas; 3. entalhe de Carhart – quando os limiares da via óssea estão normais em todas as frequências, com piora acentuada na frequência de 2.000 e 4.000 Hz. Em frequências altas, a perda auditiva está limitada às frequências acima da área da fala (3.000 Hz). Classificação do audiograma, segundo a magnitude da perda auditiva Após a realização de uma avaliação audiométrica em adequadas condições acústicas, os valores em dB NA obtidos são comparados com um valor de referência – 0 dB NA – padrão ISO ou padrão ANSI. Quirós e D’elia enfatizam que o 0 dB NA, padrão ISO ou ANSI, é um zero de referência e não um nível de audição, pois a audição normal não é um valor único, mas um critério estabelecido estatisticamente. Bess e Humes orientam que, após o registro dos resultados em um audiograma, esses dados podem ser usados para classificar a extensão da dificuldade do paciente. Essa informação é importante para se determinar as necessidades de habilitação ou reabilitação que uma pessoa com perda auditiva pode apresentar. Os sistemas de classificação que usam o audiograma de tons puros como base apoiam-se no fato de que existe uma estreita relação entre os limiares para as frequências importantes para o reconhecimento da fala (500, 1.000 e 2.000 Hz) e o menor nível de intensidade em que a fala pode ser reconhecida em 50% das vezes. Segundo Hodgson, é necessário ter algum método para se selecionar um número do audiograma, para representar o quadro da perda auditiva. O procedimento mais tradicional e comum tem sido o estabelecimento da média dos limiares tonais da via aérea, para um dado grupo de frequências. Existem diversos critérios de classificação do grau da perda auditiva. A proposta de Lloyd e Kaplan pode ser vista na Tabela 3, é a mais utilizada na audiologia brasileira e se baseia nos valores da média do limiar aéreo, de cada orelha, para as frequências de 500, 1.000 e 2.000 Hz, sendo recomendada para crianças maiores de 7 anos e para adultos. Northern e Downs se baseiam no critério de classificação de Lloyd e Kaplan, mas consideram normal quando a média dos limiares aéreos das frequências de 500 a 4.000 Hz se encontra ≤ 15 dB NA, em crianças com até 12 anos de idade (Tabela 4). Na Europa, uma associação constituída por representantes de diversas sociedades profissionais da área da fonoaudiologia – Bureau International d’Audiophonologie (BIAP) – tem como objetivo estabelecer recomendaçõespara o exercício profissional e publicou em outubro de 1996 a recomendação 02/1 bis (Tabela 5). Esse documento trata da classificação audiométrica das perdas auditivas. Apresenta alguns critérios que podem auxiliar o fonoaudiólogo/examinador a resolver alguns dilemas no momento de interpretar o audiograma de um paciente. O BIAP recomenda que o total da perda auditiva seja calculado e dividido por 4, arredondado para a unidade imediatamente acima. Nos casos de perda auditiva assimétrica, para que se possa estimar o impacto real da perda auditiva sobre a vida do indivíduo, o cálculo deve ser feito da seguinte maneira: o valor médio obtido expresso em dB é multiplicado por 7, para os valores da orelha melhor, e por 3, para a orelha pior. O total é então dividido por 10. No exemplo que se segue, é possível visualizar essa orientação. Uma pessoa é portadora de perda média na orelha direita (OD) de 65 dB NA – perda de grau moderado II –, e na orelha esquerda (OE) de 40 dB NA – perda de grau leve. No entanto, no seu dia a dia suas dificuldades de comunicação não se encaixam em nenhuma das duas classificações. Ao usar o critério sugerido nessa recomendação do BIAP, constata-se que o impacto dessa assimetria de perdas auditivas equivale ao de uma perda de grau moderado I. OD (65 × 3) = 195 OE (40 × 7) = 280 195 + 280 = 475 475/10 = 47,5 dB NA Silman e Silverman propuseram uma modificação no sistema de classificação da perda auditiva que se baseia na sensibilidade auditiva tanto para as frequências altas como baixas. Acreditam que, dessa maneira, superam o problema de se subestimarem as dificuldades auditivas em audiogramas de configuração descendente acentuada ou em rampa e nos audiogramas de configuração ascendente citados por Hodgson. Recomendam que a magnitude da perda auditiva seja determinada para as frequências baixas e médias (500, 1.000 e 2.000 Hz) e para as frequências altas (3.000 e 4.000 Hz) (Tabela 6). Efeitos da perda auditiva sobre a habilidade de reconhecimento da fala Embora o sentido da audição seja utilizado para múltiplos propósitos, sua função comunicativa é ainda a mais importante para o homem. Virtualmente, toda a nossa natureza social está baseada em interação verbal. O sistema auditivo realiza um trabalho maravilhoso ao converter variações da pressão sonora em uma sequência de elementos ricos em significado que compõem a linguagem. As dificuldades resultantes do déficit para entender, discriminar e reconhecer a fala são muito difíceis de serem previstos, pois existe grande variabilidade de índices, de materiais e de formas de apresentação que podem interferir no desempenho de um paciente. Carhart foi um dos grandes estudiosos da área da logoaudiometria, mostrou que mais do que o grau da perda, a configuração audiométrica da perda auditiva podia ser um fator determinante para o desempenho de um paciente em uma situação de comunicação. Em publicação realizada por Carhart, o autor estima que se uma pessoa apresenta índices de reconhecimento de fala melhores que 80%, provavelmente terá habilidade adequada para as condições de escuta na sua vida diária. No documento do Conselho Federal de Fonoaudiologia, é afirmado que o objetivo principal da Audiologia é garantir a comunicação e a qualidade de vida do indivíduo, por meio da otimização de suas habilidades auditivas. A audiometria tonal pode dizer muito sobre o funcionamento do sistema auditivo, mas não permite que o examinador tenha uma medida precisa das habilidades da pessoa em entender a fala. A logoaudiometria, ou audiometria vocal, é uma técnica desenhada para avaliar a habilidade de uma pessoa em ouvir e entender a fala e se tornou um instrumento básico na avaliação do handicap auditivo. Na Tabela 7, é possível visualizar a possível relação entre o índice de reconhecimento de fala e as dificuldades de comunicação esperadas no paciente. Na Tabela 8, Bess e Humes mostram a relação entre o grau de perda auditiva e a provável dificuldade para ouvir a fala que o paciente terá. Os efeitos da perda auditiva em relação às frequências afetadas foram demonstrados em um estudo realizado por Goetzinger, e podem ser visualizados na Figura 6. Figura 6 Máximo de reconhecimento para sílabas apresentadas nas condições de filtro: A) passa-baixo; B) passa-alto. Fonte: adaptada de Goetzinger, 1978. Já em 1929, Fletcher relatava que a média dos limiares das frequências de 512, 1.024 e 2.048 Hz poderia ser usada para predizer a sensibilidade de uma pessoa para a fala. Carhart mostrou correlação de 0,69 entre a média tritonal e o limiar de reconhecimento de fala (LRF/SRT). Estudando a correlação entre o LRF e a configuração audiométrica, Carhart apresentou correlações de 0,79 para configurações horizontais, 0,75 para configurações descendentes acentuadas e 0,29 para configurações descendentes em rampa. Em outro estudo, publicado em 1950, Fletcher relatou que a média dos dois melhores limiares entre as três frequências mostrava melhor correlação com o LRF do que a média tritonal. Para Ventry e Chaiklin, o LRF é compatível com a média tritonal quando os limiares nessas frequências não diferem entre si mais do que 5 dB. O LRF é compatível com a média das duas melhores frequências quando os limiares de duas dessas frequências diferem por 10 dB ou mais. Consideraram o LRF compatível com a média tritonal se houver diferença menor que 12 dB entre essas medidas (LRF x média tritonal). Nos casos de configuração audiométrica em rampa (diferença de limiar de pelo menos 25 dB entre 500 e 1.000 HZ), consideraram compatível quando a diferença não excede 25 dB. Silman e Silverman recomendam que se use a média tritonal como um bom previsor de LRF, exceto nos casos de audiometria com configuração em rampa. Nesses casos, há maior possibilidade de acerto se o LRF for previsto a partir da média das duas melhores frequências (500, 1.000 ou 2.000 Hz). Em casos em que a perda auditiva ocorre de forma acentuada já em 1.000 Hz, o LRF pode estar correlacionado com o limiar auditivo de 500 Hz. Relatório audiológico O propósito de um relatório audiológico é a interpretação, não a repetição dos resultados dos testes realizados. Os objetivos de um bom relatório são: interpretar os resultados, fazer recomendações, baseando- se nos resultados dos testes, e realizar um registro claro e preciso no prontuário do paciente. A escolha da forma e da natureza do relatório variará de acordo com as circunstâncias e os objetivos desse documento. Independentemente da forma, alguns itens devem ser contemplados em um bom relatório: os resultados devem ser interpretados de forma precisa, breve e clara, com terminologia que seja conhecida para quem o relatório se destina e as recomendações apropriadas devem ser feitas. Alguns itens devem fazer parte desse relatório, como informações de identificação, nome, idade, endereço, telefone; data da avaliação e nome do examinador, fonte de referência/encaminhamento – nome do profissional e motivo do encaminhamento, história relacionada ao encminhamento para avaliação auditiva, comportamento do paciente durante o teste, descrição dos achados, baseando-se nos testes realizados: grau, tipo, configuração, compatibilidade de resultados. Caso não haja compatibilidade, por que isso não ocorreu, descrição dos achados da imitância acústica, descrição de testes especiais que foram usados, por que e como foram usados, recomendações – outros testes auditivos? Aparelho auditivo? Encaminhamento a outros profissionais? Orientações à escola? Conclusão A interpretação da bateria básica de testes audiométricos requer a compreensão do propósito dos testes realizados, como foram administrados e o que significam. Requer entender que muitos fatores, auditivos e não auditivos, se combinam entre si para determinar o quanto de handicap resultou da perda auditiva e os meios de que se podedispor para reduzi-lo. O fonoaudiólogo/examinador deve saber como explicar os resultados dos testes, suas implicações e as recomendações que o paciente necessita e para quem encaminhou o paciente. A explicação deve ser correta, clara, concisa e convincente. Leitura recomendada American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). 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