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HOOKS, Bell. Espiritualidade: o amor divino. In: __________. Tudo sobre o amor: Novas perspectivas. trad. BORGES, Stephanie. São Paulo: Elefante, 2021 Hooks aponta que a cultura do amor só pode ser ressuscitada pelo despertar espiritual. A crise na vida estadunidense não parece ser causada por falta de interesse na espiritualidade, mas esse interesse é influenciado pelo materialismo e o consumismo hedonista. A religião tem falhado em acabar com a fome espiritual pois tem se acomodado a demandas seculares, interpretando a vida espiritual de formas que sustentam os valores de uma cultura centrada na produção de mercadorias. Pensadores fundamentalistas usam a religião para justificar o apoio ao imperialismo, ao militarismo, ao machismo, ao racismo e à homofobia. Eles negam a mensagem unificadora de amor que está no coração de todas as principais tradições religiosas. Não surpreende que muitas pessoas que dizem acreditar em ensinamentos religiosos não permitam que seus hábitos reflitam suas crenças.Esse é apenas um exemplo da forma como as religiões organizadas veneram corruptos e violam princípios religiosos sobre como deveríamos viver no mundo e como deveríamos agir uns em relação aos outros. Ao nos sentirmos vazios espiritualmente, tentamos nos preencher com o consumismo. Podemos não ter amor o suficiente, mas sempre podemos comprar. Flagrantes usos equivocados da espiritualidade e da fé religiosa poderiam nos levar ao desespero em relação à vida espiritual se não estivéssemos testemunhando, ao mesmo tempo, uma preocupação genuína com o despertar espiritual expressa pela contracultura, essas manifestações de prática amorosa renovam nossas esperanças e restauram a alma. A teologia da libertação oferece aos explorados e aos oprimidos uma visão de liberdade espiritual ligada às lutas pelo fim da dominação. Estar completamente vivo é agir. […] Contudo, conforme agimos, não apenas expressamos o que está em nós e ajudamos a moldar o mundo; nós também recebemos o que está fora de nós e remodelamos nosso eu interior. (Parker Palmer). “Compromisso com a vida espiritual exige que façamos mais que ler um bom livro ou ir a um retiro restaurador. Demanda prática consciente, uma disposição de unir a forma como pensamos e a forma como agimos. A vida espiritual tem a ver, em primeiro lugar, com o compromisso com uma forma de pensar e agir que honre os princípios de interconexão e simbiose. Quando falo do espiritual, me refiro ao reconhecimento dentro de cada um de que existe um lugar de mistério na nossa vida onde forças que estão além do desejo ou da vontade humana alteram as circunstâncias e/ou nos guiam e nos direcionam… Algumas pessoas chamam essa presença de alma, de Deus, de Amado, de consciência elevada ou de poder superior.” Apesar da cultura do desamor, nós ainda buscamos conhecer o amor… “Conhecer o amor ou a esperança de conhecer o amor é a âncora que nos impede de cair num mar de desânimo profundo”, pois “espiritualidade e a vida espiritual nos dão forças para amar”. Para muitos, a igreja foi o lugar onde ouvimos pela primeira vez uma contranarrativa a respeito do amor, que diferia das mensagens confusas aprendidas em famílias disfuncionais. Hooks diz que se interessar pelo amor foi crucial para minha sobrevivência acadêmica. Quando o ambiente no qual você vive e que conhece mais intimamente não valoriza o amor, a vida espiritual oferece um lugar de conforto e renovação. Quando começamos a experimentar o sagrado em nossa vida diária, trazemos para as tarefas mundanas um tipo de concentração e envolvimento que eleva o espírito. Muitas pessoas se voltam para o pensamento espiritual apenas quando vivenciam problemas, na esperança de que a tristeza e a dor desaparecerão milagrosamente. O sofrimento quando é aceito e acolhido, se torna um lugar de paz e de possibilidade de um novo crescimento. “Aprender a acolher nosso sofrimento é um dos dons oferecidos pela vida e pela prática espirituais”. Para ser significativa, a prática espiritual não precisa estar conectada à religião organizada, precisam honrar os ecossistemas que mantêm a vida. “Todo despertar para o amor é um despertar espiritual.”
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