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Etologia (3)

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DESCRIÇÃO
Conceitos e práticas necessários ao funcionamento de um biotério e procedimentos associados à experimentação animal.
PROPÓSITO
Compreender a estrutura de um biotério, as normas de biossegurança, os sistemas de criação e controle de qualidade e as espécies animais convencionais e não convencionais mais
utilizadas, sua fisiologia e seu status sanitário e genético, além de métodos alternativos ao uso de animais, enriquecimento ambiental e analgesia, para aplicação dos manejos
sanitário, reprodutivo e nutricional adequados em biotérios, assim como a eutanásia e seus métodos pertinentes.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a estrutura, as normas e o funcionamento de um biotério
MÓDULO 2
Identificar espécies convencionais e não convencionais mais utilizadas em biotérios
MÓDULO 3
Descrever os métodos alternativos existentes, o enriquecimento ambiental e a analgesia
MÓDULO 4
Identificar os manejos sanitário, reprodutivo e nutricional e os métodos de eutanásia
INTRODUÇÃO
Bioterismo é a criação e manutenção de animais de laboratório para uso em ensino e pesquisa científica. Neste tema, vamos aprender como funciona um biotério e conhecer seus
equipamentos, os cuidados e os níveis de biossegurança e controle de qualidade destes locais. 
A seguir, vamos conhecer as espécies convencionais e não convencionais utilizadas na experimentação animal, a fisiologia dessas espécies e a classificação quanto ao status
genético e sanitário.
Vamos estudar sobre métodos alternativos, as práticas de enriquecimento ambiental e os métodos de analgesia.
Por fim, vamos aprender sobre o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional de animais de laboratório e os métodos de eutanásia existentes.
MÓDULO 1
 Identificar a estrutura, as normas e o funcionamento de um biotério
O QUE É UM BIOTÉRIO?
O biotério é uma instalação destinada à criação de animais que serão utilizados em pesquisas científicas. Deve suprir as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais
criados, para que estes forneçam resultados confiáveis e satisfatórios para as pesquisas às quais foram submetidos. Estão presentes em instituições de ensino e/ou pesquisa,
públicas ou privadas, e em indústrias que necessitam testar seus produtos antes de comercializá-los.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Camundongos criados em biotérios são amplamente utilizados em experimentos para o desenvolvimento de novos medicamentos.
 VOCÊ SABIA
Você sabia que os medicamentos que utilizamos, como analgésicos ou anti-inflamatórios, dentre muitos outros, foram previamente testados em animais antes de chegarem às
prateleiras das farmácias?
Um biotério pode ser de criação, manutenção ou experimentação, dependendo do objetivo pretendido:
 
Fonte: Shutterstock.com
BIOTÉRIO DE CRIAÇÃO
Destina-se à criação e reprodução de espécies e linhagens animais.
 
Fonte: Shutterstock.com
BIOTÉRIO DE MANUTENÇÃO
Como o nome diz, serve apenas para manter os animais, não necessitando de manejo reprodutivo da colônia.
 
Fonte: Shutterstock.com
BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO
É designado a experimentação e testes com animais.
COMO FUNCIONA UM BIOTÉRIO?
Para que um biotério funcione, é necessário que tenha uma estrutura física mínima que o componha, e essa estrutura deve estar alinhada com as normas que regulamentam o seu
funcionamento, visando à segurança, à saúde e ao bem-estar dos animais. O Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea) é o órgão do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Informação e Comunicação (MCTIC) responsável pela regulamentação de normas relacionadas à criação, à manutenção e à utilização de animais em ensino e pesquisa.
Esse órgão foi criado pela Lei 11.794/08, conhecida como Lei Arouca.
Deve, preferencialmente, ser construído em local livre de ruídos e poluição e ter área suficiente para a criação de diferentes espécies animais. Apresenta duas áreas, denominadas
limpa e suja, por onde circulam materiais e insumos esterilizados e contaminados, respectivamente. O biotério deve ter fluxo de circulação única de materiais e pessoas, a fim de
evitar a contaminação de materiais estéreis. As áreas de criação e experimentação animal devem estar afastadas entre si, para evitar contaminação cruzada. Piso, teto, portas e
bancadas devem ser confeccionados em materiais de fácil desinfecção.
A ESTRUTURA DE UM BIOTÉRIO DEVE CONTAR COM:
 
autor/shutterstock
 Biotério de experimentação animal.
Sala de criação de animais (e de experimentação, se necessário).
Sala de quarentena para isolamento de animais provenientes de outros biotérios.
Laboratório de experimentação animal (caso exista biotério de experimentação).
Corredor de distribuição (área limpa) e corredor de recolhimento (área suja) de material.
Área para eutanásia de animais, afastada das salas dos animais.
 
autor/shutterstock
 Biotério de experimentação animal.
Área de preparo de materiais.
Área de esterilização de materiais.
Área de materiais estéreis.
Depósito de insumos, ração e consumíveis.
Vestiários masculino e feminino para entrada na área de criação de animais (limpa).
Secretaria.
EQUIPAMENTOS DE UM BIOTÉRIO
Em um biotério, os equipamentos são utilizados com a finalidade de fornecer aos animais um ambiente propício ao seu desenvolvimento e à sua reprodução e que mimetize as
condições de vida na natureza minimamente.
Roedores (camundongos, ratos, cobaias e hamsters) e lagomorfos (coelhos) são as espécies mais comumente criadas em biotérios. Para acomodá-los, são utilizadas gaiolas de
material plástico autoclavável (para pequenos roedores) ou de metal (para cobaias e coelhos), com aramado para disposição de ração e bebedouro em plástico autoclavável com bico
de metal para o provimento de água. O material que compõe equipamentos e acessórios utilizados no biotério deve ser de fácil limpeza, desinfecção e/ou esterilização.
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Autoclave para esterilização de materiais utilizados no biotério. Fonte: Shutterstock.com
AUTOCLAVES DE BARREIRA OU DUPLA PORTA
São equipamentos fundamentais em um biotério, pois têm uma porta voltada para a seção de esterilização (área suja), por onde o material higienizado entra, e a outra voltada para a
área limpa, por onde o material estéril sai. Somente após a finalização de um ciclo de esterilização, a porta voltada para a área limpa pode ser aberta para retirada do material,
impedindo o contato entre as áreas suja e limpa e reduzindo riscos de contaminação.
 
Cabine de segurança biológica utilizada para manejo de animais criados em sistema fechado. Fonte: Shutterstock.com
CABINES DE SEGURANÇA BIOLÓGICA OU MÓDULOS DE TROCA
São utilizados no manejo dos animais durante a troca de gaiola, bebedouro e/ou ração, além do acasalamento de animais no manejo reprodutivo e do desmame e da sexagem de
ninhadas. Esses equipamentos têm filtros de ar de alta eficiência e fluxo de ar continuamente circulado e renovado e são utilizados durante o manejo de animais criados em sistema
fechado. Adicionalmente, as cabines de segurança e os módulos de troca têm lâmpada ultravioleta, a qual pode ser acionada após o uso a fim de esterilizar a superfície do
equipamento.
 
Rack ventilada, a qual fornece suprimento individual de ar filtrado por gaiola. Fonte: Shutterstock.com
RACKS VENTILADAS
Permitem a disposição de gaiolas de animais criados em sistemas fechados. Também são chamadas de isoladores ou mini-isoladores e fornecem injeção de ar filtrado através de
filtro HEPA de alta eficiência (elimina 99,9% de partículas do ar, incluindo vírus, bactérias e outros microrganismos). O ar é introduzido na gaiola por uma válvula que se fecha
automaticamente quando o isolador é retirado da rack, minimizando risco de contaminação. A rack tem dutos de exaustão para retirada do ar que circula dentro das gaiolas, a fim de
remover gases e odores.
 
Passadores para comunicação entre área limpa e corredor de recolhimento de material sujo. Fonte: EnsineMe.
PASSADORES OU PASS-THROUGHS
Sãopequenas câmaras que conectam as áreas limpa e suja. Os passadores são utilizados para que um material que não possa ser esterilizado em autoclave – como canetas,
papéis, pastas etc. – entre na área limpa. Os passadores são dotados de lâmpadas ultravioleta, as quais são automaticamente acionadas após o fechamento das portas, e têm um
timer para ajustar o tempo de ação dessas lâmpadas, além de intertravamento entre as duas portas. Os passadores podem ser utilizados também para retirada de material sujo
proveniente da área limpa.
Todos os equipamentos, acessórios, insumos e as práticas que possibilitam minimizar ou impedir riscos de contaminação externa são denominados barreiras sanitárias.Estas são
essenciais para a criação de animais em sistema fechado, devido ao rigoroso controle de qualidade para manutenção do padrão sanitário dos animais.
Outros equipamentos:
LAVADORA AUTOMÁTICA DE GAIOLAS
Para biotérios grandes, otimizando o serviço de higienização.
LAVADORA ULTRASSÔNICA DE BICOS
Permite a quebra de matéria orgânica de difícil remoção depositada nos bicos dos bebedouros.
FILTRO ULTRAVIOLETA OU EQUIPAMENTO DE ULTRAPURIFICAÇÃO DE ÁGUA
Serve como pré-filtragem, ainda que a água seja esterilizada antes do fornecimento aos animais.
 
Fonte: EnsineMe.
 Equipamento de osmose reversa, para purificação de água.
CABINE DE EXPURGO
Utilizada para descarte da cama (maravalha de madeira) das gaiolas sujas, para evitar a dispersão de aerossóis durante a limpeza das gaiolas.
 
Fonte: EnsineMe.
 Cabine de expurgo para dispensação da maravalha suja das gaiolas de animais.
HISTÓRICO DO USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTAÇÃO
O vídeo a seguir abordará, historicamente, 
a utilização de animais para experimentação até os tempos atuais.
BIOSSEGURANÇA EM BIOTÉRIOS
CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA
Biossegurança é um conjunto de procedimentos que tem como objetivo a prevenção, o controle, a redução ou a eliminação de riscos associados a uma atividade que possa
comprometer a saúde humana, animal ou do meio ambiente.
TIPOS DE RISCOS EM BIOTÉRIOS
Risco é a probabilidade de ocorrência de um acidente relacionado a um perigo potencial, inerente a materiais, equipamentos ou procedimentos de trabalho. Os riscos mais
importantes em biotérios são:
 
Fonte: Shutterstock.com
 Símbolo utilizado para representação 
de risco biológico, muito comum em biotérios.
RISCO DE ACIDENTES
RISCO FÍSICO
RISCO QUÍMICO
RISCO BIOLÓGICO
RISCO DE ACIDENTES
Uso indevido de EPIs (equipamentos de proteção individual, como luvas, avental e máscaras) ou EPCs (equipamentos de proteção coletiva, como cabines de segurança e extintores
de incêndio), uso e descarte incorreto de material perfurocortante, dentre outros.
RISCO FÍSICO
Calor proveniente de autoclaves, ruídos, temperatura, pressão, radiações ionizantes e não ionizantes (lâmpada ultravioleta).
RISCO QUÍMICO
Uso de produtos na desinfecção e higienização ambiental à base de cloro, quaternário de amônio ou peróxido de hidrogênio.
RISCO BIOLÓGICO
Contato com bactérias, fungos, vírus e outros microrganismos associados à manipulação de animais intencionalmente ou não infectados, além do risco de transmissão de zoonoses
(doenças transmissíveis de animais para o homem, e vice-versa).
Os técnicos que atuam em um biotério, também chamados de bioteristas, necessitam de capacitação técnica e treinamento constantes em boas práticas de laboratório (BPL) e
normas de biossegurança. Para atuar dentro dos critérios de biossegurança, a equipe de um biotério deve seguir algumas regras básicas, tais como:
Proibir a entrada de pessoas não autorizadas no biotério.
Não comer, beber ou fumar dentro do biotério.
Retirar todos os adornos, como alianças, brincos e relógios, antes de entrar na área limpa.
Tomar banho antes de entrar na área limpa e fazer uso de EPIs, como aventais estéreis, toucas, máscaras, óculos de segurança e luvas descartáveis.
Descartar adequadamente materiais, de acordo com sua natureza e seu risco.
Manipular animais conforme treinamento fornecido, fazendo uso de equipamentos de contenção animal e ambiental, como cabines de segurança.
Reportar ao médico veterinário responsável qualquer acidente ocorrido na manipulação de animais para que providências sejam tomadas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Técnico de biotério, utilizando os EPIs necessários ao trabalho.
O biotério deve contar com programas regulares de exames para atestar a saúde da equipe técnica, de acordo com os patógenos envolvidos no manejo dos animais, além de ter um
programa de combate a incêndios, treinamento para uso de equipamentos e para primeiros socorros.
NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA EM UM BIOTÉRIO
Um biotério é classificado quanto ao nível de biossegurança de acordo com o risco associado à atividade desenvolvida, no que se refere à biossegurança animal. Está diretamente
relacionado ao grau de risco que os animais infectados com agentes patogênicos apresentam para aqueles que os manipulam, para os animais criados no biotério e para o meio
ambiente.
Quadro com a classificação em diferentes níveis de biossegurança de um biotério, de acordo com os agentes patogênicos manipulados, apresentando os procedimentos adotados
para cada nível.
Nível de
biossegurança
Risco associado Práticas e técnicas Equipamentos de segurança necessários
Tipo de
instalação
1
Baixo risco individual
e comunitário. 
Manejo padrão para colônias
convencionais. 
 _______ Básica.
2
Moderado risco
individual e
comunitário, podendo
causar patologias ao
homem ou ao animal.
 
Uso obrigatório de jaleco e luvas,
descontaminação dos dejetos infectados e
das gaiolas dos animais antes da
higienização, acesso limitado e sinalização
para alerta de riscos. 
Barreira parcial (guichê de desinfecção), uso de EPIs
(máscara, óculos protetores etc.) para a manipulação de
agentes ou animais infectados que produzem aerossóis. 
Básica.
3
Risco individual
elevado, risco
comunitário baixo. 
Práticas do nível 2 mais: uniforme especial
e acesso controlado. 
Os do nível 2, porém, devem ser usados para todos os tipos
de manipulação com animais infectados. 
Alta
segurança.
4
Elevado risco
individual e
comunitário. 
Prática do nível 3 mais: troca de roupa de
rua por uniforme especial em vestiário,
ducha na saída, descontaminação de todos
os dejetos antes de sua retirada do
infectório. 
Barreiras máximas, isto é, classe III de segurança biológica,
ou barreira parcial em combinação com: proteção total do
corpo com uma peça única dotada de ventilação e pressão
positiva, gaiolas dotadas de filtros, estantes com fluxo
laminar etc.
Segurança
máxima.
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 SAIBA MAIS
Você sabia que, no filme Epidemia, de 1995, que trata da epidemia de infecção pelo vírus ebola, a equipe de cientistas utiliza macacões especiais com suprimento de ar individual e
chuveiros para descontaminação desses macacões após passarem por áreas contaminadas? Isso porque o vírus ebola corresponde à classe de risco 4, altamente contagioso e letal,
e a contenção na sua manipulação deve ser máxima.
SISTEMAS DE CRIAÇÃO EM BIOTÉRIOS
O sistema de criação adotado pelo biotério está diretamente relacionado ao padrão sanitário dos animais existentes. O padrão sanitário diz respeito à relação dos animais com seus
microrganismos associados (sua microbiota de origem), bem como com aqueles existentes no ambiente em que são criados.
Dependendo da finalidade do biotério e das pesquisas nele desenvolvidas, os animais podem ser criados em sistema denominado open cage, ou sistema aberto, em que as gaiolas
ficam dispostas em estantes abertas e são manipuladas em bancadas.
Um sistema de criação aberto é desprovido de barreiras sanitárias e apenas práticas simples de higiene são adotadas para desinfecção ambiental e dos materiais utilizados. Não há
necessidade de utilização de EPIs estéreis para manipulação de animais, sendo recomendada somente a troca do uniformeutilizado para o manejo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Gaiolas de coelhos em sistema aberto de criação.
No sistema fechado, conhecido como Individual Ventilated Cage (IVC), as gaiolas, também chamadas de isoladores ou mini-isoladores, são fechadas e dispostas em estantes ou
racks ventiladas. As estantes e racks têm mecanismo contínuo de insuflamento e exaustão de ar dentro dos isoladores. O ar insuflado é filtrado através de filtro de alta eficiência
para contenção de partículas, isolando os animais de possível fonte de contaminação pelo ar externo. O ar exaurido pelo equipamento evita que gases tóxicos, como amônia e gás
carbônico, acumulem-se no interior da gaiola, minimizando odores e conferindo proteção aos animais. O equipamento produz baixo ruído, o que reduz o estresse animal.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Microisolador para camundongos, disposto em rack ventilada.
No sistema de criação fechado, barreiras sanitárias são empregadas a fim de minimizar o risco de contaminação externa. As mais comuns são:
Autoclaves de barreira.
Cabines de segurança biológica.
Racks e estantes ventiladas.
Filtros de ar nas salas de animais.
Pressão diferencial de ar entre diferentes ambientes do biotério.
Higiene e uso de EPIs pelos bioteristas.
Produtos químicos utilizados na desinfecção ambiental.
CONTROLE DE QUALIDADE EM BIOTÉRIOS
Um rígido plano de controle ambiental e animal deve ser elaborado, com a finalidade de manter a qualidade e o padrão sanitário dos animais criados em um biotério. Os aspectos
macro e microambientais devem ser avaliados e comparados com os parâmetros de criação estabelecidos.
 
Em um biotério, o macroambiente abrange temperatura, umidade, incidência de luz, desinfecção ambiental, dentre outros. Fonte: Shutterstock.com
O macroambiente se refere ao ar, à umidade, à temperatura, à luz, à presença de vetores e aos agentes químicos utilizados na desinfecção de áreas. Testes microbiológicos e físico-
químicos devem ser realizados periodicamente para assegurar sua eficiência.

 
Cultivo por semeadura em meio sólido em placa, com amostra coletada do ambiente com uso de swab. Fonte: Shutterstock.com
Os testes são feitos com placas que contêm meio de cultivo, abertas em diferentes pontos das áreas a serem analisadas, além de swabs utilizados para colher material, o qual será
cultivado para conclusão dos resultados.
Desinfetantes e produtos químicos utilizados devem ter sua eficácia avaliada por meio de testes físico-químicos específicos.
Em biotérios de criação em sistema fechado, as práticas de controle de qualidade ambiental devem ser frequentes, a cada 15 ou 30 dias. Já nos biotérios que funcionam em sistema
aberto, tais práticas são recomendadas somente quando há desinfecção ambiental, a fim de confirmar a eficácia do desinfetante utilizado.
O microambiente engloba tudo o que está intimamente em contato com o animal, como ração, maravalha, água, odores produzidos por feromônios e pelas excretas dos animais,
bem como sua microbiota associada.
 
Fonte: Shutterstock.com
 O microambiente compreende a temperatura interna da gaiola, a umidade, a maravalha e os gases produzidos pelas excretas, dentre outros.
Testes microbiológicos devem ser periodicamente realizados para avaliar a qualidade da ração e da maravalha fornecidas aos animais.
Para atestar a saúde dos animais, deve ser estabelecida uma frequência de amostragem proporcional à quantidade de animais existentes na colônia, utilizando-se animais-sentinela.
Estes são criados com os animais da colônia e recebem, semanalmente, por no mínimo quatro semanas, uma porção de maravalha suja proveniente de gaiolas de outros animais,
para que entrem em contato com possíveis patógenos representativos da colônia.
Após o período mínimo, os sentinelas são avaliados clinicamente e passam por testes anatomopatológicos e laboratoriais para que se possa verificar a presença de agentes
patogênicos. Os microrganismos pesquisados são os de interesse para a qualidade sanitária dos animais criados e são geralmente recomendados por órgãos como a FELASA
(Federation of European Laboratory Animal Science Associations, ou Federação das Associações Europeias de Ciência de Animais de Laboratório).
 
Fonte: Shutterstock.com
 Sangue, órgãos e tecidos são analisados em laboratório para a pesquisa de agentes patogênicos em animais de laboratório.
Caso seja comprovada a contaminação da colônia, medidas de saneamento devem ser adotadas, como tratamento com medicamentos, derivação cesariana e revisão de barreiras
sanitárias, até que o agente patogênico não seja mais identificado em testes futuros.
Nos casos de contaminação por patógenos altamente contagiosos e sem tratamento conhecido ou eficaz, a eutanásia dos animais, a desinfecção ambiental e o repovoamento da
colônia com animais de origem externa são recomendados.
DERIVAÇÃO CESARIANA
A derivação cesariana é a retirada dos fetos com o útero proveniente de uma fêmea doadora contaminada, algumas horas antes do parto previsto. O útero é lavado em solução
antisséptica, posteriormente aberto, e os neonatos são retirados e animados. Depois, são colocados aos cuidados de uma fêmea receptora livre de contaminação, a qual fará
papel de ama de leite da ninhada. Todo o procedimento é realizado sob condições estritamente assépticas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. BIOTÉRIOS SÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA CIENTÍFICA. SOBRE SEU FUNCIONAMENTO,
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Apresentam fluxo de circulação cruzada de materiais e pessoas.
B) Devem suprir as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais criados.
C) Biotérios de experimentação e criação podem ser construídos próximos uns dos outros, para facilitar a distribuição e o recolhimento de material.
D) Bancadas para manipulação de gaiolas de animais podem ser confeccionadas em madeira.
E) Animais oriundos de outros biotérios devem ser alojados na sala de criação de animais.
2. A FIM DE MONITORAR A QUALIDADE SANITÁRIA DE UM BIOTÉRIO, UM PROGRAMA DE CONTROLE DEVE SER RIGOROSAMENTE
IMPLEMENTADO. SOBRE ESSE PROGRAMA, É CORRETO AFIRMAR:
A) Permite certificar o padrão genético dos animais nele criados.
B) Utiliza animais-sentinelas, os quais devem entrar em contato com maravalha suja proveniente de outros animais por período determinado pelo responsável técnico do biotério.
C) Deve assegurar o monitoramento do macro e do microambiente em que o animal vive, com testes físico-químicos e microbiológicos regulares.
D) Deve ser feito a cada 15 ou 30 dias para biotérios com sistema aberto de criação.
E) Desinfetantes e produtos químicos, por estarem registrados nos órgãos competentes, não fazem parte do programa de controle de qualidade.
GABARITO
1. Biotérios são de grande importância em instituições de ensino e pesquisa científica. Sobre seu funcionamento, marque a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
Para que um biotério funcione, as necessidades básicas de saúde e bem-estar dos animais criados no biotério, que são protegidas por lei, devem sempre ser respeitadas.
2. A fim de monitorar a qualidade sanitária de um biotério, um programa de controle deve ser rigorosamente implementado. Sobre esse programa, é correto afirmar:
A alternativa "C " está correta.
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Os aspectos macro e microambientais devem ser levados em consideração na elaboração de um plano de controle de qualidade, já que influenciam diretamente a saúde dos animais
criados no biotério. Testes físico-químicos e microbiológicos são necessários para que o controle de qualidade seja completo.
MÓDULO 2
 Identificar espécies convencionais e não convencionais mais utilizadas em biotérios
ESPÉCIES CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS DE ANIMAIS DE
LABORATÓRIO
Vamos conhecer as principais espécies criadas em um biotério e utilizadas em pesquisas e suas características fisiológicas, compreendendo como se classificam genética e
sanitariamente.
As espécies convencionais são aquelas maiscomumente criadas em biotérios e utilizadas em pesquisas. São elas:
Camundongo (Mus musculus domesticus).
Rato (Rattus norvegicus).
Cobaia ou porquinho-da-índia (Cavia porcellus).
Coelho (Oryctolagus cunicullus).
Hamster sírio (Mesocricetus auratus).
As espécies não convencionais são as menos utilizadas devido à complexidade de seus organismos. Sua utilização está condicionada, dentre outras exigências, à comprovação de
que a pesquisa não pode ser desenvolvida com uma espécie convencional. As mais comuns são:
Cão (Canis familiaris).
Macaco-rhesus (Macaca mulatta).
ESPÉCIES CONVENCIONAIS
CAMUNDONGOS (MUS MUSCULUS DOMESTICUS)
Os camundongos e o homem apresentam similaridade genética acima de 90%, o que faz desses roedores a principal espécie utilizada em pesquisas de possíveis terapias para
doenças que acometem o homem. Têm como características desejáveis seu tamanho pequeno, o curto período de gestação e a geração de proles grandes, além de serem
domesticáveis e de fácil manutenção.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Camundongo fêmea da espécie Mus musculus domesticus 
amamentando sua ninhada.
CARACTERÍSTICAS DOS CAMUNDONGOS
 
Fonte: Shutterstock.com
 Camundongos com aproximadamente três dias de idade.
Os camundongos nascem com aproximadamente 1g de peso, desprovidos de pelos, após 19-21 dias de gestação da fêmea. Uma ninhada pode apresentar de 6 a 12 filhotes. Os
pelos começam a aparecer em torno do quarto dia de vida, e os olhos se abrem por volta do décimo dia. Aos 12 dias, os filhotes já começam a se alimentar de sólidos, apesar de
ainda mamarem.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Camundongos adultos.
Aos 21 dias, ocorre a sexagem e o desmame, quando os camundongos têm, em média, 12g de peso. A maturidade sexual é alcançada no período de 50 a 60 dias de vida, quando
pesam em torno de 18g e já podem ser acasalados. Os camundongos permanecem se reproduzindo por aproximadamente um ano, quando o índice reprodutivo começa a cair. Um
macho adulto pode chegar a pesar 40g.
 
Fonte: Shutterstock.com
Os camundongos não têm glândulas sudoríparas e apresentam hábitos predominantemente noturnos, sendo necessário um período claro/escuro de 12/12 horas. A alimentação
acontece principalmente durante o período claro. Podem ser agressivos entre eles e praticar o barbering, ou barbeamento, quando o animal dominante arranca os pelos de outros
animais da gaiola.
RATOS (RATTUS NORVEGICUS)
Acredita-se que tenha sido a primeira espécie animal utilizada em pesquisa e foi padronizada para fins científicos nos Estados Unidos, tendo sido usada inicialmente em estudos
relacionados à nutrição.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Rato albino adulto com filhote.
CARACTERÍSTICAS DOS RATOS
Os filhotes nascem com um peso de 4g a 6g, também desprovidos de pelos, e alcançam a maturidade sexual no período de 40 a 70 dias de idade. A gestação dura em torno de 21
dias, e a ninhada pode apresentar entre 6 e 10 filhotes. O desmame ocorre também aos 21 dias de idade. Adultos jovens pesam entre 150g e 250g, podendo chegar a 300-350g.
Permanecem se reproduzindo até aproximadamente os nove meses de idade.
Assim como os outros roedores, não têm glândulas sudoríparas e apresentam crescimento contínuo dos dentes; para desgastá-los, estão sempre mastigando. Os ratos não têm
vesícula biliar, e a bile é lançada diretamente no duodeno.
COBAIA OU PORQUINHO-DA-ÍNDIA (CAVIA PORCELLUS)
Conhecida por representar simbolicamente os animais de laboratório, a cobaia tem sido usada em experimentos nas áreas de nutrição, na radiologia e em reações imunológicas,
dentre outras.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Cobaia adulta com seus filhotes.
CARACTERÍSTICAS DAS COBAIAS
São bastante dóceis, dificilmente mordem e se assustam com facilidade. Estressam-se facilmente com mudanças ambientais e com alterações na alimentação. Assim como os
primatas não humanos e o homem, necessitam de fonte externa de vitamina C.
Nascem com um peso de 8g a 10g, já cobertos com pelos e com os olhos abertos e a dentição completa. A ninhada pode apresentar até dois filhotes, após um período de gestação
de 59 a 72 dias. Os animais podem ser acasalados entre os 3 e 4 meses de idade. Começam a ingerir alimentos sólidos entre 3 e 5 dias, porém somente são desmamados entre 14 e
21 dias de idade. Os adultos podem atingir um peso entre 500g e 600g e são mantidos em reprodução até, aproximadamente, os 30 meses de idade.
COELHO (ORYCTOLAGUS CUNICULLUS)
O coelho foi um dos primeiros animais utilizados em pesquisas biomédicas. Por serem muito sensíveis, são utilizados em testes de hipersensibilidade a irritantes e alergênicos, bem
como em testes de capacidade pirógena (indução de febre) de fármacos e imunobiológicos, como vacinas.
 
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 Coelho adulto em biotério de experimentação 
para testes com desenvolvimento de medicamentos.
CARACTERÍSTICAS DOS COELHOS
São geralmente dóceis e se assustam com facilidade. São essencialmente herbívoros e alimentam-se de ração industrializada. Têm como hábito a coprofagia noturna (Prática de
ingestão de fezes.) , sendo as fezes fermentadas fontes de quantidades necessárias de vitaminas do grupo B. São muito sensíveis ao calor, e a temperatura deve estar bem ajustada
para prover-lhes bem-estar.
Os recém-natos, também chamados de láparos, pesam entre 60g e 80g, não têm pelos e nascem com os olhos fechados. A gestação completa dura entre 30 e 32 dias, e a ninhada
apresenta entre 6 e 8 filhotes. Os olhos deles se abrem por volta do décimo dia e se alimentam com sólidos aos 15 dias de idade. O desmame ocorre com, aproximadamente, 40 dias
de idade, quando os animais pesam entre 800g e 1.500g.
A puberdade ocorre entre os cinco e seis meses, e os animais adultos podem pesar entre 3kg e 6kg, dependendo da raça utilizada. São mantidos em reprodução na colônia até
atingirem a idade entre três e quatro anos.
HAMSTER SÍRIO (MESOCRICETUS AURATUS)
Os hamsters são animais de laboratório relativamente novos em pesquisas. Atualmente, são tão utilizados quanto cobaias e coelhos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Hamsters sírios adultos.
CARACTERÍSTICAS DOS HAMSTERS
São animais noturnos, geralmente agressivos, com pele extremamente flácida. Apresentam bolsas guturais no interior das bochechas, onde armazenam alimentos e nas quais a mãe
esconde os filhotes com a intenção de protegê-los. São sensíveis ao frio e podem hibernar em baixas temperaturas.
A ninhada, que pode apresentar uma média de oito filhotes, nasce sem pelos e com os olhos fechados, pesando em torno de 3g. Alimentam-se com sólidos com uma semana de
vida, por já nascerem com os dentes incisivos. O desmame ocorre aos 21 dias de idade, quando pesam de 25g a 30g. O acasalamento ocorre no desmame, para evitar episódios de
agressividade entre machos e fêmeas. Quando adultos, pesam em torno de 100g e permanecem em reprodução até um ano de idade. O período gestacional é de aproximadamente
16 dias.
ESPÉCIES NÃO CONVENCIONAIS
CÃO (CANIS FAMILIARIS)
A natureza sociável fez dos cães uma espécie apropriada para estudos nas áreas de cirurgia experimental, técnicas de anestesia e na produção de alguns medicamentos, como a
insulina. Em experimentação animal, a raça mais utilizada é a beagle, por apresentar temperamento dócil e porte médio e por constituir uma raça padronizada.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Cão da raça beagle, a mais utilizada em pesquisas.
CARACTERÍSTICAS DOS CÃES
Necessitam socializar, e esse aspecto deve ser levado em consideração para redução do estresse devido ao confinamento. É necessário, ainda, que vacinação e vermifugação
estejam atualizadas, a fim de conservar seu estado de saúde satisfatório, e que rotinas e áreas para alojamento desses animais estejam bem definidas.
As fêmeas alcançam a puberdade entre os 6 e os 14 meses de idade, e a gestação dura de 58 a 64 dias. Os filhotes devem ser mantidos aquecidos pela mãe nos primeiros sete dias
de vida, e o período de amamentação deve ser de no mínimo 30 dias. Um cãobeagle adulto pesa entre 10kg e 25kg.
MACACO-RHESUS (ESPÉCIE MACACA MULATTA)
Os primatas não humanos são divididos de acordo com sua origem. O macaco-rhesus pertence à categoria de macacos do Velho Mundo, originários da África e da Ásia, assim como
os gorilas e chimpanzés. Já os micos-de-cheiro ou saimiris pertencem ao grupo originário do Novo Mundo, mais precisamente da América Latina.
 
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 Macacos rhesus vivem geralmente em grupo, em sistemas de harém.
O macaco-rhesus é a espécie de primata não humano mais comumente utilizada e contribuiu para as pesquisas de desenvolvimento de vacina contra raiva, poliomielite e febre
amarela, assim como na descoberta do fator sanguíneo Rh. Também colaborou com o estudo de medicamentos contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
CARACTERÍSTICAS DOS MACACOS-RHESUS
As fêmeas parem apenas um filhote por vez, pesando cerca de 400g, após período de gestação de 165 a 175 dias. O acasalamento ocorre de forma sazonal, geralmente nos meses
mais frios do ano. A puberdade ocorre por volta de dois anos de idade, e o primeiro filhote nasce quando a mãe está com quatro anos de idade, em média. Um adulto em cativeiro
pode atingir o peso de 6kg a 10kg.
Primatas não humanos devem ser utilizados em pesquisa somente quando o uso de outra espécie não fornecer resultados satisfatórios, e o número mínimo de animais deve ser
preconizado. Assim como os cães, não devem ser eutanasiados ao fim do experimento, a não ser que essa etapa configure parte da pesquisa.
A tabela a seguir apresenta alguns parâmetros fisiológicos das espécies criadas em biotério e estudadas até o momento.
Espécie
Batimentos cardíacos (bpm)
(Batimentos por minuto.)
Frequência respiratória (rpm)
(Respirações por minuto.)
Temperatura retal (°C)
(Graus Celsius )
Estimativa de
vida (anos)
Camundongo 325 a 780 84 a 230 35,2 a 37,9 1,5 a 3,0
Rato 261 a 600 70 a 150 36,5 a 38,5 2,5 a 3,5
Cobaia 230 a 380 40 a 100 37,2 a 39,5 4 a 5
Coelho 150 a 300 30 a 60 38,3 a 39,5 6 a 9
Hamster 250 a 500 35 a 135 37,0 a 38,0 1,5 a 2,0
Cão 70 a 160 10 a 40 37,5 a 39,5 12 a 15
Macaco-
rhesus
149 a 207 31 a 43 36,7 a 37,6 27
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CLASSIFICAÇÕES GENÉTICA E SANITÁRIA EM BIOTÉRIOS
Para que as pesquisas desenvolvidas com animais produzam resultados satisfatórios, é necessário preservar a qualidade genética e sanitária da colônia.
Os animais criados em um biotério são classificados de acordo com seu padrão genético e sanitário. Neste estudo, vamos priorizar os biotérios de pequenos roedores (camundongos
e ratos), onde essa padronização é mais aplicada.
Os animais de laboratório podem ser classificados, de acordo com seu padrão ou status sanitário, como:
GNOTOBIÓTICOS
Animais que apresentam microbiota associada conhecida, criados em sistema de barreiras sanitárias absolutas, dentro de isoladores. São representados tanto por aqueles que não
apresentam nenhum microrganismo associado bem como pelos que estão contaminados por um ou mais microrganismos conhecidos e detectáveis.
GERM-FREE
Animais isentos de qualquer tipo de microrganismo, também chamados de axênicos. Para obtenção primária de animais germ-free, é necessário que eles sejam obtidos por técnicas
de derivação cesariana (cesárea asséptica) de uma fêmea doadora, cujos filhotes não se contaminam devido à presença da barreira placentária e por não atravessarem o canal do
parto. Uma fêmea germ-free deve servir como ama de leite. O parto desta última deve ocorrer próximo à data da cesárea asséptica da fêmea doadora, a fim de que a ama de leite
aceite os filhotes como se fossem dela. A criação de animais germ-free se dá em isoladores rígidos estéreis, e todo o material que entra em contato com eles deve ser também estéril
(água, ração, maravalha etc.)
 
Fonte: Revista de Manguinhos, 2003
 Isolador rígido utilizado no procedimento de cesárea asséptica, 
para obtenção de animais germ-free.
SPECIFIC PATHOGEN FREE (SPF)
Animais isentos de agentes patogênicos específicos, podendo apresentar outros microrganismos não patogênicos, também chamados de heteroxênicos. Para obtenção de uma
colônia SPF, é necessário infectar animais germ-free com uma flora conhecida e não patogênica. São criados em sistema de barreiras sanitárias rigorosas, dentro de isoladores. Todo
o material que entrar em contato com animais SPF deve ser previamente esterilizado.
CONVENCIONAIS
Animais que apresentam microbiota associada indefinida e desconhecida, criados em ambientes livres de barreiras sanitárias, ou seja, sistemas abertos. A manipulação desses
animais requer apenas práticas básicas de higiene, não sendo necessário o uso de material estéril.
Os animais de laboratório podem ser classificados, de acordo com seu padrão ou status genético, como:
 
Rato da linhagem heterogênica Wistar. Fonte: Shutterstock.com
NÃO CONSANGUÍNEOS, OUTBRED OU HETEROGÊNICOS
Animais com taxa de heterozigose de cerca de 99%, com grande diversidade genética, representando as populações que normalmente encontramos na natureza.
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Camundongo da linhagem isogênica C57BL/6. Fonte: Shutterstock.com
CONSANGUÍNEOS, INBRED OU ISOGÊNICOS
Animais obtidos após 20 gerações de cruzamentos entre irmãos ou entre pais e filhos, dando origem às linhagens de camundongos. Desta forma, 98,6% dos genes estão em
homozigose, com animais os mais idênticos possíveis, e variações mínimas ao longo das gerações. São os animais mais utilizados em pesquisas, por fornecerem resultados
homogêneos reprodutíveis.
HETEROZIGOSE
A heterozigose ocorre quando os alelos de um gene que é responsável por determinada característica são diferentes.
ALELOS
Alelos são variações específicas de um mesmo gene, ocupando o mesmo espaço em cromossomos homólogos (que têm genes para expressar a mesma característica).
Significa dizer que o mesmo gene pode se apresentar de forma modificada de acordo com o alelo que carrega, alterando, assim, as características apresentadas. Alelos
dominantes de um gene são representados por letras maiúsculas, enquanto os recessivos são representados por letras minúsculas. Por exemplo: “A” (alelo dominante) e “a”
(alelo recessivo).
HOMOZIGOSE
A homozigose ocorre quando os alelos nos cromossomos são iguais, ou seja, a composição cromossômica é idêntica.
A partir dos animais isogênicos, são obtidos:
HÍBRIDOS
MUTANTES
CONGÊNICOS
COISOGÊNICOS
TRANSGÊNICOS
HÍBRIDOS
Provenientes do primeiro cruzamento (geração F1) entre animais de duas linhagens isogênicas. Utilizados no estudo de pares de genes alelos em heterozigose para as duas
linhagens de origem. São animais com maior vigor e prole grande, quando comparada à de animais isogênicos.
MUTANTES
Provenientes de mutações espontâneas ocorridas em animais de linhagens isogênicas. Com o intuito de avaliar se essa mutação pode ser interessante em estudos, cruza-se esses
animais com outros de linhagem isogênica e, dependendo do tipo de mutação, dominante ou recessiva, esquemas diferentes de acasalamento são realizados.
CONGÊNICOS
Quando uma mutação é transferida de uma linhagem isogênica para outra, após sucessivos acasalamentos entre uma linhagem doadora (da mutação ou gene) com outra receptora.
Após a décima geração, os animais mutantes passam a ser acasalados entre si.
COISOGÊNICOS
Quando se admite que o alelo mutante substituiu o alelo original. Os novos acasalamentos podem ser feitos entre camundongos irmãos mutantes ou com o acasalamento de um não
mutante da linhagem original com um animal da nova linhagem mutante.
TRANSGÊNICOS
Obtidos por meio da introdução de um fragmento de DNA no genoma de um animal, o qual é transmitido aos seus descendentes.
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GENES ALELOS
Alelos são variações específicas de um mesmo gene, ocupando o mesmo espaço em cromossomos homólogos (que têm genes para expressar a mesma característica).
Significa dizer que o mesmo gene pode se apresentar de formamodificada de acordo com o alelo que carrega, alterando, assim, as características apresentadas. Alelos
dominantes de um gene são representados por letras maiúsculas, enquanto os recessivos são representados por letras minúsculas. Por exemplo: “A” (alelo dominante) e “a”
(alelo recessivo).
 
Fonte: Shutterstock.com
 VOCÊ SABIA
Você sabia que a maioria dos animais utilizados em pesquisas são mutantes ou transgênicos?
Dessa forma, é possível selecionar os genes de interesse para o estudo pretendido. Como exemplo, temos os camundongos da linhagem NUDE, que nascem sem pelos e têm timo
rudimentar, com deficiência na produção de linfócitos T. Por esse motivo, são amplamente utilizados em enxertos, por não rejeitarem transplantes de outras linhagens, além de serem
altamente suscetíveis a infecções, tornando-se objetos de estudos de resposta imune para muitas doenças.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Camundongo da linhagem NUDE.
USO DO ZEBRA FISH EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL
Conheça as vantagens da utilização do zebra fish e sua aplicabilidade em pesquisa e no sistema de criação assistindo ao vídeo a seguir.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANIMAIS CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS SÃO UTILIZADOS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS HÁ MUITOS ANOS. SOBRE SUAS
CARACTERÍSTICAS, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Camundongos são animais de hábitos diurnos e passam boa parte do período claro do dia se alimentando.
B) Coelhos são muito sensíveis ao frio e, portanto, devem permanecer em ambiente aquecido.
C) Cobaias necessitam de fonte externa de vitamina C.
D) Ratos têm glândulas sudoríparas, assim como outros roedores.
E) Recomenda-se que macacos-rhesus sejam eutanasiados após o término do experimento, a fim de evitar sofrimento desnecessário.
2. A CLASSIFICAÇÃO SANITÁRIA DE UMA COLÔNIA É FUNDAMENTAL PARA PADRONIZAR O MANEJO E A UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS EM
PESQUISA. SOBRE ELA, É CORRETO AFIRMAR:
A) Animais germ-free são aqueles isentos de microrganismos.
B) Animais SPF são também chamados de isogênicos.
C) Animais convencionais são aqueles criados em sistema de barreiras sanitárias.
D) Animais gnotobióticos são aqueles que têm microbiota indefinida.
E) A criação de animais SPF deve seguir procedimentos básicos de higiene.
GABARITO
1. Animais convencionais e não convencionais são utilizados em pesquisas científicas há muitos anos. Sobre suas características, marque a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
Cobaias necessitam de fonte de vitamina C, pois não a sintetizam.
2. A classificação sanitária de uma colônia é fundamental para padronizar o manejo e a utilização dos animais em pesquisa. Sobre ela, é correto afirmar:
A alternativa "A " está correta.
Animais germ-free são livres de microbiota, ou seja, vírus, bactérias, fungos ou parasitas.
MÓDULO 3
 Descrever os métodos alternativos existentes, o enriquecimento ambiental e a analgesia
MÉTODOS ALTERNATIVOS
A partir de agora, discutiremos os métodos alternativos ao uso de animais em experimentação, as práticas de enriquecimento ambiental e a analgesia.
São todos aqueles utilizados com a finalidade de substituir, reduzir ou refinar o uso de animais em pesquisas científicas. De acordo com a Lei 11.794/2008, que regulamenta o uso
científico de animais, caso exista um método alternativo cientificamente validado, a pesquisa com a utilizando animais fica proibida.
PRINCÍPIO DOS 3 RS
A aplicação de métodos alternativos é baseada no princípio dos 3 Rs, descritos por Russel e Burch na década de 1950:
REDUÇÃO
Recomenda que o número de animais utilizados em pesquisa deve ser reduzido ao mínimo necessário capaz de produzir resultados confiáveis.

REFINAMENTO
Diz respeito à aplicação de procedimentos que minimizem o sofrimento, a dor ou o estresse animal, quando a utilização de animais for imprescindível.

SUBSTITUIÇÃO (REPLACEMENT, EM INGLÊS)
Orienta que, no caso de existência de método alternativo validado, o uso de animais não é justificável.
No mundo, existem inúmeros métodos alternativos validados. No Brasil, as Resoluções Normativas n° 18/2014, n° 31/2016 e n° 45/2019, do Concea, apontam os métodos alternativos
validados e reconhecidos para uso substitutivo de animais de laboratório. Após reconhecimento de um método alternativo pelo Concea, o laboratório responsável pelo teste realizado
em animais tem o prazo de cinco anos para adequação de sua estrutura e capacitação técnica, a fim de substituir em definitivo o experimento em animais.
Como exemplos de métodos alternativos, existem modelos computacionais, cultivo celular in vitro e alguns mais complexos, como o organ on a chip, uma tecnologia que simula um
órgão humano em um chip, e a pele 3D, dentre outros.
No Brasil, a Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama) é o órgão do MCTIC responsável pela validação de métodos alternativos, contando com infraestrutura laboratorial e de
recursos humanos para isso. É estruturada por laboratórios centrais e associados. O processo de validação dos métodos alternativos propostos e/ou desenvolvidos pela Renama
deve ocorrer no âmbito do Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM).
IN VITRO
In vitro significa “fora do organismo vivo”, ou seja, dentro de um tubo de ensaio, em uma placa de cultivo etc.
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O Brasil conta com 22 métodos alternativos validados e recomendados pelo Concea. Alguns desses testes substituem por completo o uso de animais; outros recomendam a utilização
de um número reduzido, mas que seja suficiente para produzir resultados satisfatórios. Os métodos alternativos são normalmente utilizados para testes de cosméticos, produtos de
higiene pessoal, produtos químicos e de limpeza e medicamentos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Cultivo celular in vitro para testes.
VAMOS CONHECER ALGUNS DESSES MÉTODOS?
MÉTODO OECD TG 439
Teste de irritação cutânea in vitro: método de reconstrução da epiderme humana. Baseia-se no sistema de teste in vitro da epiderme humana reconstruída, que imita as propriedades
bioquímicas e fisiológicas da camada superior da pele humana, isto é, a epiderme.
MÉTODO OECD DT 429
Sensibilização cutânea: ensaio do gânglio linfático local. Testa substâncias de sensibilização cutânea, com a indução da proliferação de linfócitos nos gânglios linfáticos que drenam o
local de aplicação da substância. Utiliza animais, porém em número reduzido: quatro camundongos por grupo, para pelo menos três concentrações da substância testada, e um grupo
controle (sem administração da substância).
MÉTODO OECD TG 423
Toxicidade aguda oral: indicado para avaliação de riscos de uso de substâncias com doses predefinidas. São utilizados três animais (ratos) do mesmo sexo para cada passo do teste,
totalizando de dois a quatro passos.
MÉTODO OECD DT 491
Método de teste in vitro de exposição em curto prazo para identificação de I) substâncias químicas que produzem danos graves ao olho; e II) produtos químicos que não requerem
classificação para irritação ocular ou dano sério ao olho. Avalia o potencial de risco ocular de uma substância química, com base na sua capacidade de induzir toxicidade celular no
Teste de Exposição Curta (ensaio in vitro em uma monocamada de células de córnea de coelho).
MÉTODO OECD DT 487
Teste de micronúcleos em células de mamíferos in vitro. Método para investigação do potencial de dano aos cromossomos in vitro, durante ou após a exposição à substância química
testada.
Você sabia que algumas indústrias de cosméticos e produtos de higiene anunciam no rótulo de seus produtos que não realizam testes em animais?
Como essa informação não é de cunho obrigatório, você também pode ligar para o SAC da empresa para obtê-la.
 
Fonte: Shutterstock.com
BEM-ESTAR ANIMAL
O conceito de bem-estar animal está relacionado ao equilíbrio entre os meios interno (temperatura, conteúdo hídrico etc.) e externo (temperatura, ruídos, convívio social etc.) capazes
de gerar homeostase. A Lei 11.974/2008 normatizou a discussão sobre bem-estar animal, obrigando as instituiçõesque utilizam animais a promover o seu equilíbrio físico e mental
com o ambiente. O enriquecimento ambiental é uma das formas de se promover o bem-estar.
 
Fonte: Shutterstock.com
CONCEITO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL (EA)
Enriquecimento ambiental é o conjunto de procedimentos que proporcionam melhor qualidade de vida aos animais criados fora de seu habitat natural, mimetizando seu ambiente e
modo de vida na natureza, permitindo aos animais expressarem seu comportamento natural e atingirem níveis maiores de bem-estar.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Rolo de papelão utilizado como enriquecimento 
ambiental para camundongos e ratos.
PREVISÃO LEGAL PARA USO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
A Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais em Atividades de Ensino ou de Pesquisa Científica (DBCA), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicação, preconiza o uso do enriquecimento ambiental, o qual deve ser adequado às necessidades de cada espécie.
Vamos, então, verificar de que forma podemos promover o bem-estar animal utilizando o enriquecimento ambiental para cada espécie anteriormente estudada.
CAMUNDONGOS
Blocos de madeira para desgaste dos dentes, canos de PVC ou papelão para servirem de abrigo e esconderijo, trapézio em metal para ficarem suspensos, folhas de papel-toalha,
feno e algodão para construção de ninhos, semente de girassol e feno para alimentação.
 
Fonte: EnsineMe.
Papel-toalha e rolo de papelão para enriquecimento ambiental em gaiola de camundongos.
 
Fonte: EnsineMe.
Máscara cirúrgica utilizada como “rede” para abrigo de camundongos. Fêmeas prenhes costumam fazer ninho dentro da máscara.
RATOS
Caixas rígidas para servir de plataforma, canos de PVC para esconderijo, folhas de papel-toalha ou tiras de papel kraft para confecção de ninho.
COBAIAS
Iglus de papelão e plástico, abrigos feitos com palha, para variação na alimentação, papel-toalha para construção de ninhos, fornecimento de feno e hortaliças.
 
Fonte: EnsineMe.
 Iglu de material plástico. Como o camundongo não enxerga a cor vermelha, é possível observá-lo dentro do iglu, sem que haja alteração de seu comportamento.
COELHOS
Colocação de caixas 20cm acima do piso da gaiola, bolas de propileno e correntes de metal suspensas com pedaços de madeira penduradas, caixas de papelão, galhos e gravetos
para roerem, oferta de capim ou feno no topo da gaiola para que fiquem “de pé”.
HAMSTERS
Escadas e rodas para exercícios, feno e papel-toalha para construção de ninhos, tubos para se esconderem, blocos para roer, oferta de frutos secos e vegetais frescos.
 
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 Roda para exercícios utilizada para enriquecimento ambiental de hamsters.
CÃES
Jogos, brincadeiras e exercício físico diário em área própria para a prática, inclusão de brinquedos e plataformas nas gaiolas, contato social diário com pessoas e outros cães.
 
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 Brinquedos para enriquecimento ambiental em canis.
MACACOS-RHESUS
Plataformas, corredores, brinquedos e poleiros simulando atividades arborícolas na natureza, caixas-ninho, piso de espuma e borracha para animais senis, bolas plásticas com
orifícios para alimentos, materiais espelhados para estímulo visual e sinos de vento para estímulo auditivo, oferta de frutas, legumes e larvas de insetos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Caixa contendo alimentos utilizada como enriquecimento ambiental para primatas não humanos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Balanço feito com pneu utilizado em sistemas de criação de primatas não humanos.
 ATENÇÃO
É importante lembrar que o enriquecimento ambiental tem por objetivo tirar o animal da monotonia gerada em consequência da criação fora de seu ambiente natural. Portanto, o
enriquecimento deve sofrer um rodízio, ou seja, deve ser estipulada uma frequência de troca dos brinquedos, itens e alimentos ofertados, a fim de garantir a “renovação” do espaço
onde o animal vive.
ANALGESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO
CONCEITO DE ANALGESIA
O termo “analgesia” significa ausência de dor. Quando falamos de ausência de dor em animais de laboratório, devemos considerar que cada espécie expressa sinais de dor e/ou
sofrimento de forma diferente, o que requer conhecimento técnico sobre o comportamento natural de cada uma.
A dor, quando constatada, deve ser imediatamente minimizada com uso dos fármacos recomendados em guias oficiais para cuidados com animais, garantindo o seu bem-estar.
 
Fonte: Shutterstock.com
PREVISÃO LEGAL DA ANALGESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO
De acordo com a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos, do Concea (2013), projetos de pesquisa devem ser planejados para
evitar ao máximo a dor em animais. Se isso não for possível, o projeto deve ser justificado e embasado cientificamente para ser aprovado. Ademais, a dor e o distresse devem ser
minimizados.
BEM-ESTAR E COMPORTAMENTO NATURAL DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES CRIADAS
EM BIOTÉRIO
O vídeo a seguir abordará a importância de se ter conhecimento a respeito do comportamento natural das espécies, a fim de identificar mudanças comportamentais indicativas de dor
e sofrimento, visando ao bem-estar animal. Para saber mais, assista!
AVALIAÇÃO DA DOR
As espécies animais criadas em biotérios apresentam diferentes sinais que expressam dor e desconforto. Portanto, pesquisador, técnicos e médico veterinário devem conhecer seus
comportamentos naturais e avaliar os animais frequentemente a fim de detectar sinais de sofrimento de forma precoce. Animais com dor podem se apresentar letárgicos, apreensivos,
agressivos ou com hipersensibilidade.
Parâmetros fisiológicos são alterados quando o animal está com dor. Frequência respiratória, batimentos cardíacos, dosagem de catecolaminas (adrenalina, por exemplo) devem ser
analisados. Entretanto, nem todos os biotérios têm o aparato necessário para esse tipo de avaliação. Nesses locais, a observação diária do animal na busca de sinais é a melhor
forma de prevenir a dor e o sofrimento.
O site do Centro Nacional para Substituição, Refinamento e Redução de Animais em Pesquisas (NC3Rs), situado em Londres, disponibiliza escalas de dor validadas (Grimace scales)
para avaliação de camundongos, ratos e coelhos. A seguir, vamos explicar os sinais mais comuns nas espécies estudadas.
CAMUNDONGOS
Redução na ingestão de água e alimento, eriçamento dos pelos, coluna arqueada, perda de equilíbrio. Há fechamento de pálpebras, aumento na protuberância do focinho e das
bochechas, posicionamento das orelhas para trás, deslocamento das vibrissas (ou “bigodes”) para trás, deitadas sobre as bochechas, ou para frente, como se estivessem de pé.
RATOS
Redução na ingestão de água e alimento, eriçamento dos pelos, coluna arqueada, espasmos musculares, perda do equilíbrio, abdômen próximo ao chão o ao caminhar. As orelhas
podem se dobrar para dentro e se inclinar para frente, ampliando o espaço entre as duas. Os bigodes tendem a se inclinar para baixo e para trás.
COBAIAS
Debilidade e paralisia de membros, perturbações digestivas, inapetência (Falta de apetite.) .
COELHOS
Estreitamento da área orbital (fechamento das pálpebras), achatamento das bochechas (a face fica menos arredondada), direcionamento da ponta do nariz para baixo, em direção ao
queixo, vibrissas enrijecidas e “em pé” inicialmente, movendo-se para baixo na presença de sofrimento aumentado, orelhas mais dobradas e voltadas para trás ou para baixo (lateral
do corpo).
HAMSTERS
Agressividade ou letargia (Prostração, abatimento.) , anorexia (Redução do apetite.) , sensibilidade aumentada e recusa em ser manipulado.
CÃES
Agressividade ou letargia, perda de peso, apatia, isolamento.
MACACO-RHESUS
Inatividade, isolamento, automutilação (Comportamento agressivo direcionado ao próprio corpo.) , coprofagia, agressividade, inapetência, perda de peso e desidratação.
AGENTES ANALGÉSICOS ADMINISTRADOS EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO
A utilização de analgésicos deve ser avaliada quando o projeto de pesquisainclui procedimento cirúrgico e, quando não for indicada, deve ser amplamente justificada. Quando ocorrer
procedimento cirúrgico invasivo (como cesariana, transplante de órgãos, procedimento ortopédico etc.), a analgesia/anestesia deve sempre compor o protocolo de pesquisa, e o
analgésico deve ser administrado logo após o procedimento para aliviar a dor de forma imediata, e também a médio prazo, até a recuperação do animal. O agente analgésico deve
ser administrado de acordo com a espécie, na dosagem e via de administração recomendadas.
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são recomendados para dor leve a moderada, e agentes opioides são indicados em casos de dor moderada a severa.
 ATENÇÃO
É importante lembrar que um animal em situação de dor e estresse apresenta seus parâmetros fisiológicos alterados, podendo influenciar os resultados do experimento. Logo, aliviar
a dor significa não somente usar o animal dentro de princípios éticos, mas também dentro de uma racionalidade experimental.
A tabela a seguir indica alguns dos agentes analgésicos utilizados, de acordo com a espécie animal, o grupo farmacológico, a dosagem, a via de administração e a frequência de
administração.
Grupo / Espécie AINES Opioides
Camundongo
Aspirina 120 mg/kg VO – 4h 
Carprofeno 5 mg/kg SC – 12h 
Paracetamol 1-2 mg/ml na água
Morfina 2-5 mg/kg SC – 2-4h 
Buprenorfina 0,05-2,5 mg/kg SC/IP – 6-12h
Rato
Aspirina 100mg/kg VO – 4-8h 
Flunixim meglumine 1,1-2,5mg/kg SC/IM – 12h 
Cetoprofeno 5 mg/kg VO/IM – 24h
Morfina 2-5 mg/kg SC – 2-4h 
Buprenorfina 0,02-0,5 mg/kg SC/IV/IP – 6-12h 
Cobaia
Cetoprofeno 1 mg/kg SC/IM – 12-24h 
Carprofeno 4 mg/kg SC – 24h
Butorfanol 0,2-2 mg/kg SC/IM/IP – 2-4h 
Buprenorfina 0,05-0,1 mg/kg SC – 6-12h
Coelho
Dipirona 6-12 mg/kg VO – 9-12h 
Meloxicam 0,2 mg/kg SC – 24h
Morfina 2,5 mg/kg IM/SC – 2-4h 
Meperidina 10-20 mg/kg IM/SC 2-3h
Hamster
Aspirina 100 mg/kg VO – 4-8h 
Cetoprofeno 5 mg/kg SC – 12-24h
Butorfanol 1,5 mg/kg SC – 4h 
Morfina 2-5 mg/mg SC/IM – 2-4h
Cão
Meloxicam 0,2 mg/kg IV/ SC/IM/VO – 24h 
Carprofeno 2,2 a 4,4 mg/kg IV/ SC/IM/VO 24h
Buprenorfina 0,02 mg/kg IM, IV, SC – 6h 
Morfina 0,5 mg/kg IV/IM – 2h
Macaco-rhesus Meloxicam 0,2 mg/kg VO – 24h Buprenorfina 0,01- 0,03 mg/kg IM – 6-12h
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 VO – via oral; SC – via subcutânea; IP – via intraperitoneal; IM – via intramuscular; IV – via intravenosa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MÉTODOS ALTERNATIVOS SÃO IMPORTANTES FERRAMENTAS PARA O USO RACIONAL DE ANIMAIS DE LABORATÓRIO. MARQUE A
OPÇÃO CORRETA SOBRE ESSE TEMA:
A) Podem ser utilizados de forma opcional, quando validados e recomendados.
B) Substituem totalmente o uso de animais em experimentação.
C) A Renama é o órgão responsável pela fiscalização de biotérios que não utilizam métodos alternativos validados e recomendados.
D) Cultivo celular in vivo é uma das técnicas utilizadas como método alternativo.
E) Sua aplicação é baseada nos princípios dos 3 Rs: redução, refinamento e substituição.
2. A AVALIAÇÃO DA DOR EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO, COM POSTERIOR UTILIZAÇÃO DE MEDIDAS PARA REDUÇÃO DO SOFRIMENTO,
É UMA DAS FORMAS DE PROMOÇÃO DE BEM-ESTAR. MARQUE A OPÇÃO QUE INDICA UM SINAL DE DOR VISUALIZADO NA ESPÉCIE EM
QUESTÃO:
A) Coelhos apresentam debilidade e paralisia de membros.
B) Cães apresentam coprofagia e automutilação.
C) Camundongos apresentam as orelhas dobradas e voltadas para baixo ou para a lateral do corpo.
D) Hamsters apresentam sensibilidade aumentada e recusa em serem manipulados.
E) Camundongos apresentam achatamento das bochechas.
GABARITO
1. Métodos alternativos são importantes ferramentas para o uso racional de animais de laboratório. Marque a opção correta sobre esse tema:
A alternativa "E " está correta.
Os princípios dos 3 Rs, descritos por Russel e Burch na década 1950, foram norteadores para o surgimento de métodos alternativos, já que possibilitam a redução ou a substituição
de animais de laboratório em experimentos.
2. A avaliação da dor em animais de laboratório, com posterior utilização de medidas para redução do sofrimento, é uma das formas de promoção de bem-estar. Marque a
opção que indica um sinal de dor visualizado na espécie em questão:
A alternativa "D " está correta.
Hamsters são normalmente bastante agressivos, e essa reação pode ficar exacerbada em situações de estresse.
MÓDULO 4
 Identificar os manejos sanitário, reprodutivo e nutricional e os métodos de eutanásia
MANEJO SANITÁRIO EM BIOTÉRIOS
Para entender o funcionamento de um biotério, vamos conhecer os procedimentos de manejos sanitário, reprodutivo e nutricional dos animais de laboratório, bem como as técnicas
de eutanásia recomendadas.
Um manejo sanitário adequado é realizado por meio de procedimentos padronizados com objetivo de garantir a qualidade sanitária do animal utilizado para experimentação. Para
isso, devem ser realizados exames sorológicos (para pesquisa de vírus), bacteriológicos, parasitológicos e anatomopatológicos, de forma periódica, conforme recomendações de
órgãos internacionais, como a Federação das Associações Europeias de Ciência de Animais de Laboratório (Felasa).
De acordo com a Felasa (2014), o biotério deve ter um programa trimestral de avaliação sanitária para colônias de pequenos roedores e semestral para colônia de coelhos. Uma
amostragem de animais é retirada da colônia para análise, e os resultados obtidos são representativos do plantel.
 SAIBA MAIS
Existem diferentes formas de se calcular a amostragem de animais para controle sanitário, de acordo com o critério adotado em cada biotério. Essa amostragem pode representar,
por exemplo, uma unidade de rack ventilada contendo vários isoladores, uma sala de criação ou, ainda, uma espécie, raça ou linhagem. O importante é que a amostragem seja
dimensionada de forma a representar sanitariamente o quantitativo total de animais da colônia.
Animais imunodeprimidos não devem ser incluídos na amostragem, pois, apesar de serem mais suscetíveis a infecções, não apresentam produção de anticorpos eficiente que possa
ser detectada em testes. Nesse caso, ou ainda se houver número insuficiente de animais no biotério, devem ser utilizados animais-sentinelas, de linhagens imunocompetentes, os
quais devem entrar em contato com a maravalha suja contendo fezes e urina dos animais que se deseja avaliar, por um período de 10 a 12 semanas, até que sejam enviados para
testes de controle sanitário.
Os microrganismos pesquisados nas amostras de sangue e tecidos dos animais selecionados para controle sanitário irão depender do local onde o biotério está instalado (alguns
vírus e agentes patogênicos são endêmicos em determinadas áreas, e é muito provável que o teste apresente resultado positivo para esses agentes) e também do tipo de barreira
sanitária utilizada ou da suspeita de contaminação na colônia.
 
Fonte: Shutterstock.com
A Felasa apresenta listas de microrganismos patogênicos e oportunistas para avaliação em controle sanitário. Lembrando que as listas servem apenas como recomendação, devendo
o responsável técnico pelo biotério planejar os testes para os agentes mais convenientes.
Com o resultado das análises em mãos, elabora-se um plano de ação a fim de eliminar ou reduzir a contaminação da colônia, dependendo da virulência do agente e da existência de
tratamento eficaz.
Alguns vírus, como o Mycoplasma pulmonis, ou vírus Sendai, que afetam o trato respiratório de roedores e coelhos, são altamente contagiosos e não têm protocolo de tratamento
eficiente. A derivação cesariana diminui os níveis da infecção, mas o agente permanece na colônia. Nesse caso, somente a seleção de animais livres desses vírus, com
monitoramento contínuo, é capaz de garantir que a colônia esteja livre do agente.
Outros vírus, como o da hepatite murina, têm o camundongo como seu hospedeiro natural, sendo a fêmea mais suscetível que o macho. Como, aparentemente, não é transmitido
pela placenta,a derivação cesariana e a seleção de animais negativos é o método eleito para eliminação do agente na colônia.
Protozoários como Giardia muris e Tritrichomonas muris e o nematódeo Syphacia obvelata, quando encontrados nos ensaios de controle sanitário, podem ser eliminados da colônia
com antiparasitários administrados na água oferecida aos animais no bebedouro, conforme protocolo terapêutico.
Nos coelhos, a bactéria Pasteurela multocida causa conjuntivite e rinite, podendo evoluir para broncopneumonia. Vacinas preventivas podem ser utilizadas, mas somente a eutanásia
dos animais, a desinfecção geral das instalações e o repovoamento com novos indivíduos com teste negativo para o agente são capazes de prevenir a pasteurelose na criação.
VIRULÊNCIA
Virulência é a capacidade de um agente se multiplicar no organismo hospedeiro e provocar doença.
A mixomatose, doença causada por um vírus do grupo da varíola, apresenta mortalidade de 100% para coelhos e é transmitida por um vetor artrópode (pulga, piolho, ácaro, mosca ou
mosquito). Causa tumorações em diferentes partes do corpo do animal e não apresenta tratamento disponível. A eutanásia dos animais e o controle de vetores são os procedimentos
adequados para a eliminação do vírus.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Coelho com mixomatose, apresentando nódulos nas orelhas.
Em cães, que são geralmente criados em ambientes desprovidos de barreiras sanitárias, assim como os macacos, a vermifugação e a vacinação periódicas contra raiva, parvovirose,
cinomose, leptospirose, dentre outras doenças, com posterior avaliação da resposta imunológica, são as melhores formas de controlar sanitariamente uma colônia.
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Fonte: Shutterstock.com
 A vacinação periódica é a forma mais eficaz de evitar doenças em canis destinados à experimentação animal.
Em macacos, as doenças virais são as mais preocupantes, principalmente as zoonoses, que trazem risco de contaminação para os tratadores desses animais. A infecção pelo vírus
da Herpes B (Herpesvirus simiae), por exemplo, pode passar despercebida por ser benigna em macacos. Estes apresentam, algumas vezes, pequenas feridas na boca, similares às
causadas pela herpes humana. Entretanto, no homem, o vírus da herpes B é altamente letal, produzindo sintomatologia neurológica. Sua transmissão se dá pela mordida ou
arranhadura dos animais.
A tuberculose é a doença bacteriana mais importante nos macacos devido à sua alta transmissibilidade. Para prevenção, o teste de tuberculina deve ser realizado periodicamente. Os
animais positivos devem ser retirados do plantel, e suas carcaças devem ser incineradas. A equipe técnica também deve ser regularmente avaliada, por se tratar de zoonose.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Imagem tridimensional do Mycobacterium tuberculosis, um dos agentes causadores da tuberculose em macacos.
Como pudemos ver, algumas doenças podem acometer o homem, levando-o à morte ou incapacitando-o para o trabalho de forma temporária. Portanto, é necessário atentar para as
normas de biossegurança no manejo da colônia.
MANEJO REPRODUTIVO EM BIOTÉRIOS
O acasalamento de animais de forma programada, com a técnica adequada e na idade correta, associado a outras técnicas de manejo no biotério garantem os altos índices
reprodutivos da colônia e o fornecimento organizado de animais para as pesquisas necessárias.
A primeira colônia a ser formada dentro de um biotério de pequenos roedores é a colônia de fundação ou de matrizes, na qual os acasalamentos são monogâmicos, possibilitando
o rastreamento de ancestrais e a seleção dos descendentes. A partir daí, formam-se as colônias de expansão e produção, em maior número e com acasalamentos monogâmicos
ou poligâmicos.
SISTEMAS DE ACASALAMENTO
Animais de laboratório podem ser classificados geneticamente como não consanguíneos ou heterogênicos, ou como consanguíneos ou isogênicos. Para a manutenção do status
genético da colônia, é necessário que o sistema de acasalamento seja definido e preservado.
ACASALAMENTO AO ACASO
Sistema utilizado para acasalamento de animais heterogênicos, no qual um macho qualquer é acasalado com uma fêmea qualquer da colônia. Quanto maior o número de casais se
reproduzindo nesse sistema, maior será o índice de heterozigose.
Em uma colônia que tenha de 10 a 25 casais, cada macho acasalado irá contribuir com um macho, e cada fêmea acasalada irá contribuir com uma fêmea para a próxima geração, a
fim de manter o grau de homozigose baixo, em torno de 1%. Para que o sistema funcione, os animais devem ser acasalados ao mesmo tempo, sem sobreposição de gerações.
Para colônias com número de casais entre 25 e 100, o sistema rotacional é o mais indicado, evitando-se o acasalamento entre parentes próximos. Os acasalamentos são arranjados
de forma sistemática, e a colônia é dividida em subgrupos. Como exemplos de sistemas rotacionais, temos:
MÉTODO POILEY
MÉTODO FALCONER
MÉTODO POILEY
Uma fêmea proveniente de um casal irá acasalar com um macho proveniente de outro casal, formando um novo grupo. Esses grupos são embaralhados para formar novos
acasalamentos. O número de grupos deve permanecer constante ao longo das gerações.
Fêmea Macho Grupo a ser formado
1 2 3
2 3 1
3 1 2
MÉTODO FALCONER
Em vez de rotacionarmos os dois sexos, formando novos grupos, um dos sexos é fixado e o outro rotaciona.
Fêmea Macho Grupo a ser formado
1 2 1
2 3 2
3 1 3
Para colônias com grande número de casais, acima de 100, é possível também realizar o método ao acaso, no qual os animais são escolhidos aleatoriamente para acasalamento.
Alguns parentes podem acabar sendo acasalados, mas, como o número de casais é elevado, o índice de homozigose não aumenta de forma rápida.
ACASALAMENTO CONSANGUÍNEO
A fim de manter a consanguinidade da colônia, o acasalamento entre irmãos é o mais indicado. Este se inicia com um único casal, e seus descendentes são acasalados entre si
(irmãos), em todas as ninhadas. A colônia cresce até atingir 20 casais e, a partir deste ponto, novos casais somente serão formados se houver morte de animal, ou em função de
descarte pela idade. Então, após a terceira geração consecutiva, escolhe-se um novo casal para rederivar a colônia no intuito de preservar o ancestral comum. Esse tipo de
acasalamento deve ter um pequeno número de casais na colônia de fundação, a fim de evitar que possíveis mutações oriundas da consanguinidade sejam fixadas na linhagem.
PARTICULARIDADES DO MANEJO REPRODUTIVO NAS DIFERENTES ESPÉCIES
Vimos anteriormente como são realizados os sistemas de acasalamento em colônias heterogênicas e/ou isogênicas. Veremos, agora, algumas particularidades de cada espécie, que
devem ser consideradas para o sucesso do manejo reprodutivo.
CAMUNDONGOS E RATOS
As fêmeas são poliéstricas (com vários ciclos por ano), e ambas as espécies apresentam ciclo estral com duração de 4 a 5 dias, dividido em proestro, estro, metaestro e diestro, e a
ovulação ocorre entre 8 e 11 horas após o estro. Os acasalamentos podem ser monogâmicos ou poligâmicos, e a cópula acontece de madrugada. Por volta de seis horas depois, é
possível identificar o tampão (ou plug) vaginal, que é o depósito de sêmen do macho na vagina da fêmea.
Após o período gestacional, de 19 a 21 dias, as fêmeas apresentam um cio pós-parto fértil, o qual pode ser aproveitado para acasalamento e nova gestação. Uma fêmea apresenta
bom índice reprodutivo até o sexto parto, aproximadamente, quando esse índice começa a diminuir, devendo ser considerada a substituição.
Em camundongos, o ciclo estral pode ser afetado pelas condições de alojamento das fêmeas. Fêmeas agrupadas sem a presença do macho não apresentam ciclo estral, fase essa
denominada de anestro. Quando expostas à presença do macho, devido ao contato com feromônios, voltam a ciclar após 48 horas. Esse fenômeno é denominado de efeito Whitten.
Caso uma fêmea gestante seja exposta a outro macho ou aos seus feromônios dentro de 24 horas após o início da gestação, pode ocorrer reabsorção deembriões. Esse fenômeno é
conhecido como efeito Bruce.
 
COBAIAS
As fêmeas são poliéstricas, e seu ciclo estral dura entre 12 e 18 dias, com ovulação ocorrendo em torno de 10 horas após cio ou estímulo sexual. Em sistemas poligâmicos, um
macho pode cobrir entre 5 e 12 fêmeas. O tampão vaginal nesta espécie é visível de 24 a 48 horas após a cópula. O cio pós-parto também pode ser aproveitado, e ocorre cerca de
duas horas após o parto.
É recomendado que o primeiro parto ocorra até os seis meses, pois, após essa idade, pode ocorrer calcificação das articulações da pelve, gerando estreitamento do canal do
nascimento, o que resulta em partos distócicos (bloqueio da saída do feto pelo canal do parto).
COELHOS
As fêmeas não apresentam ciclo regular e devem ser cobertas dentro dos 12 dias de seu ciclo estral, que dura até 16 dias. Para isso, o aspecto de sua vulva deve ser observado, a
qual se apresenta aberta e de coloração avermelhada no período fértil. A ovulação é induzida pela cobertura do macho, ocorrendo em torno de 10 horas após esta. Um macho pode
cobrir até 12 fêmeas da colônia. A fêmea deve ser levada à gaiola do macho, e a cópula ocorre alguns minutos depois. A presença do líquido seminal atesta que a cópula ocorreu, e a
fêmea deve, então, ser retirada da gaiola do macho. Novo acasalamento pode ser realizado geralmente após 30 dias decorridos do parto.
HAMSTERS
As fêmeas são poliéstricas, e seu ciclo estral dura quatro dias. O estro tem duração de 12 horas, e a ovulação ocorre oito horas após o início do estro. O acasalamento pode ser
monogâmico, mas geralmente a fêmea é levada à gaiola do macho para cobertura e retirada em seguida, devido à agressividade natural da espécie. Um único macho pode cobrir
entre 2 e 12 fêmeas de uma colônia.
CÃES
Fêmeas são monoéstricas ou diéstricas, e o ciclo é composto pelas fases de proestro, estro, metaestro e anestro, sendo que este último tem duração variável, de alguns meses. O
ciclo reprodutivo dura cerca de seis meses, com um parto ao ano. O ciclo estral é de nove dias, quando as fêmeas podem ser cobertas pelo macho. Normalmente, o primeiro e o
segundo cios não são aproveitados, pelo fato de a cadela não ter, ainda, maturidade sexual. Para garantir a gestação, é necessário que ocorra mais de uma cobertura, e essa pode
ser feita colocando-se a fêmea em contato com o macho a cada dois dias, por até três vezes consecutivas.
MACACOS-RHESUS
Nos primatas, o período de acasalamento é sazonal e dependente de fatores externos, tais como temperatura, umidade, iluminação e disponibilidade de alimentos. O gênero Macaca
mulatta acasala geralmente no outono e no inverno, períodos mais frios do ano, quando os ciclos menstruais nas fêmeas e a espermatogênese nos machos são mais frequentes. O
ciclo reprodutivo nas fêmeas dura entre 26 e 30 dias, com menstruação de cerca de 4 a 5 dias. As fêmeas desse gênero podem apresentar o fenômeno denominado sex skin,
caracterizada por uma vermelhidão da pele, passando pelo púbis e pela cauda, pela parte interna da coxa e pelo caudal do dorso, devido ao aumento dos níveis dos hormônios
sexuais.
O sistema de acasalamento pode ser no formato de harém, com um macho para um número de 3 a 12 fêmeas, ou com múltiplos machos, de acordo com o espaço destinado à
espécie. No sistema de criação individual, as fêmeas são alojadas em pequenos grupos e levadas até o macho para acasalamento. Nesse sistema, os dados reprodutivos podem ser
registrados de forma eficiente, o que não é possível nos sistemas de harém.
Espécie Idade para reprodução 1a ovulação Duração do ciclo estral em fêmeas Duração da gestação
Camundongo 6 a 8 semanas 35 dias 4 a 5 dias 19 a 21 dias
Rato 8 a 10 semanas 38 a 71 dias 4 a 5 dias 20 a 22 dias
Cobaia 3 meses 139 dias 12 a 18 dias 59 a 72 dias
Coelho 6 a 9 meses 139 dias 16 dias 30 a 32 dias
Hamster 6 a 8 semanas 28 a 30 dias 4 dias 15 a 18 dias
Cão 6 a 14 meses 6 meses 9 dias 58 a 64 dias
Macaco-rhesus 3 anos 30 meses 26 a 30 dias (ciclo menstrual) 165 a 175 dias
฀ Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
MANEJO NUTRICIONAL EM BIOTÉRIOS
O manejo nutricional adequado assegura que cada espécie será atendida em sua necessidade básica quanto à ingestão diária de nutrientes e que a resposta dos experimentos
desenvolvidos com a espécie não será influenciada por dieta inadequada ou desnutrição. A qualidade e quantidade da dieta fornecida são importantes, e o alimento ofertado deve ser
livre de contaminantes, pesticidas e outras substâncias químicas.
As rações peletizadas próprias para cada espécie são as mais utilizadas em biotérios, e sua qualidade nutricional e sanitária deve ser atestada por meio de análises físico-químicas e
microbiológicas. A ração deve ser estocada em ambiente com controle de temperatura, umidade e vetores, a fim de se garantir sua qualidade.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Pellets de ração para roedores.
Para os pequenos roedores, a ração deve ser oferecida ad libitum (à vontade), em tempo integral, devendo ser trocada entre uma e duas vezes na semana, devido à perda de
vitaminas e à queda na palatabilidade. Para coelhos, a oferta de alimento deve ser feita uma vez ao dia, para evitar o aumento excessivo de peso, o que prejudica a reprodução. Já
para cães e macacos, a ração deve ser oferecida pelo menos duas vezes ao dia.
A oferta de água limpa ou estéril (dependendo do sistema de criação) deve ser feita em tempo integral.
ALGUMAS ESPÉCIES APRESENTAM PARTICULARIDADES QUANTO À NECESSIDADE NUTRICIONAL,
COMO VEREMOS A SEGUIR.
 
Fonte: Shutterstock.com
COBAIAS
Têm incapacidade de sintetizar vitamina C, que deve ser suplementada na ração, na quantidade de 10-30mg/kg, ou na água do bebedouro, na quantidade de 300mg/litro. No último
caso, a água deve ser trocada diariamente. Podem também ser ofertados legumes e verduras ricos em vitamina C.
 
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CÃES
A ração deve ser oferecida de acordo com a idade, a fase de desenvolvimento e o nível de atividade. Devem ser alimentados individualmente ou em grupo de dois. A alimentação
pode ser estimulada pelo fornecimento de brinquedos alimentícios e produtos próprios para cães.
 
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MACACO-RHESUS
A ração ofertada deve ter alta palatabilidade. As necessidades dessa espécie variam de acordo com a idade e a fase reprodutiva. Além da ração, devem ser ofertados, de forma
esporádica, frutas variadas, cereais, grãos, sementes, legumes e verduras previamente higienizados, além de alimentos vivos (larvas de insetos). A ração, por conter maior teor de
energia, proteína e gorduras, deve ser oferecida pela manhã. Os macacos também não sintetizam o ácido ascórbico, por isso a ração deve ser suplementada com vitamina C.
MANEJO ROTINEIRO DE COLÔNIAS DE ROEDORES EM BIOTÉRIOS DE CRIAÇÃO
Assista ao vídeo seguir para compreender assuntos como: o manejo rotineiro de colônias, abordando temperatura ambiental, umidade, desmame e sexagem; manejo de neonatos;
marcação de animais; descarte de carcaças, entre outros.
EUTANÁSIA
O termo “eutanásia” significa morte sem dor ou sofrimento. É prevista legalmente e praticada nos biotérios quando existem animais doentes sem possibilidade de cura, quando
atingem a idade-limite para reprodução, quando se apresentam fora do padrão genético ou sanitário, quando há excesso de estoque ou ao fim de um experimento. A eutanásia pode
também ser indicada como ponto-final humanitário de um experimento, a fim de evitar dor, desconforto e distresse (Estresse negativo.) animal.
 
Fonte: Shutterstock.com
 O crescimento exagerado de um tumor pode determinar o ponto-final humanitário de um experimento.
O Concea regulamenta os métodos de eutanásia para cada espécie animal, que devem ser indolores, rápidos e sem sofrimento mental. Devem ser executados por profissional
habilitado sempre acompanhado por médico veterinário, em local separado da área de alojamento dos animais.
 ATENÇÃO
No momento da eutanásia, devem ser minimizados

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