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Anna lillian canuto bittencourt • Definição (IASP): é uma experiência emocional adversa ao prazer, associada a lesão tecidual presente, potencial ou descrita como tal; - Não precisa de lesão ou estímulo!!!!!! • A dor pode ser consequência de uma disfunção neurofisiológica; • A dor inclui componentes: - Sensitivos-avaliativos, como nociceptivos, neuropáticos e nociplásticos; - Motores; - Neurovegetativos, como fadiga e alterações do sono; - Psicossociais, como cognitivo-avaliativos, afetivo-motivacionais, comportamentais e sociais. • A dor mal controlada é uma das mais importantes fontes de sofrimento e limitação. • Definição: é uma resposta fisiológica, normal e previsível aos estímulos térmicos, químicos ou mecânicos adversos, caracterizada por curta duração e reversão total do fenômeno coma interrupção do estímulo; • É resultado da estimulação somatossensorial por estímulos nociceptivos de elevada intensidade exercidos em receptores com limiar de excitabilidade alto; • É preciso de um sistema somatossensorial intacto; • Resulta em reações de hiperatividade autonômica, como: - Hipertensão arterial; - Taquicardia; - Vasoconstrição; - Sudorese; - Alterações respiratórias (taquipnéia ou apnéia). • Caracteriza-se por um estado patológico bem definido, ou seja, uma disfunção do sistema somatossensorial, que persiste além da solução do processo etiológico da mesma; • A dor crônica é por si só uma doença; • A cronicidade se dá a partir da persistência da sintomatologia além de 03 meses. • A dor pode ser dividida em dois grupos: - Adaptativa: dor que contribui com a preservação da integridade do organismo humano por proteção contra os estímulos agressivos; - Não-adaptativa: é a expressão de uma situação patológica do sistema somatossensorial, não estando necessariamente ligado a um estímulo nociceptivo evidente ou a uma lesão tecidual identificável. Abordagem à dor na APS IDEIAS GERAIS DOR AGUDA DOR CRÔNICA CLASSIFICAÇÃO Anna lillian canuto bittencourt Dor nociceptiva • Tipo ADAPTATIVO; • É a dor que apresenta a característica de transitoriedade na resposta aos estímulos nociceptivos bem definidos; • Ex: pós-operatória, queimadura, etc; •É descrita como bem localizada; • O sistema somatossensorial é apenas ativado e, quando o estímulo desaparece, ele volta a funcionar normalmente, não apresentando nenhum tipo de disfunção. Dor inflamatória • É a transição do tipo adaptativo para o não adaptativo; • É uma dor caracterizada como espontânea e/ou pela presença de hipersensibilidade ao estímulo nocicpetivo, associada à lesão tecidual acompanhada de reação inflamatória; • Neuromediadores inflamatórios (liberados por macrófagos, mastócitos, células endoteliais ou nervos periféricos lesados) – acetilcolina, bradicinina, leucotrieno, substância P, fator de ativação plaquetário, prostaglandinas, inerleucinas, tromboxano, entre outros; • Os neuromediadores ativam os nociceptores, propiciando a condução nociceptiva; • A depender da intensidade e/ou do tempo de permanência da condução nociceptiva, pode aparecer alterações da fisiologia normal do sistema somatossensorial periférico e central; - Isso pode levar à hiperalgesia. • Há uma queda no limiar da fibra nociceptiva (hiperalgesia) e uma resposta exacerbada aos estímulos supralimiares dolorosos (alodinia); • A presença de hiperalgesia pode caracterizar uma fase inicial do processo de disfunção do sistema somatossensorial, ou seja, a transição de dor aguda para a dor crônica. Dor neuropática • Tipo não adaptativa; • É a dor do tipo patológica e espontânea acompanhada de hipersensibilidade após estimulação não-nociceptiva, sendo resultante de lesão tecidual com predominante componente neuronal; • Pode ser secundária às lesões do SNP, como nos casos das polineuropatias periféricas; • Pode ser consequentes ao comprometimento do SNC, como no caso de lesões medulares, esclerose múltiplas ou das sequelas de AVC; • É normalmente desencadeada durante a estimulação nociceptiva intensa e prolongada exercida sobre os nociceptores periféricos de alto limiar de excitibilidade; • Há influência genética. Anna lillian canuto bittencourt Dor funcional • Tipo não adaptativa; • É uma forma de hipersensibilidade secundária a um processamento anormal da aferência nociceptiva pelo SN, na ausência de déficits neurológicos ou anormalidades periféricas; • Há um aumento na atividade ou na sensibilidade do sistema nervoso sensorial, resultando na amplificação dos sintomas; • Ex: fibromialgia, síndrome do cólon irritável, cefaleias tensionais. • O controle da dor frequentemente é inadequado, devido a: - Subvalorização da queixa; - Má adesão ao tratamento; - Escolha inadequada da droga ou prescrição de doses subterapêuticas. • O tratamento farmacológico da dor compreende não apenas drogas analgésicas, mas também medicamentos que alteram a sensibilidade central ao estímulo nociceptivo, o comportamento afetivo emocional e as respostas reflexas à estimualação nociceptiva. Analgésicos • AINES – analgésicos “fracos” e de ação periférica; • Opioides – analgésicos fortes e de ação central, com elevado risco de depressão respiratória e dependência. 01. Analgésicos antiinflamatórios: • Propriedade analgésica e antiinflamatória moderada, antipirética e antitrombótica; • O paracetamol é uma exceção, não tendo efeito antiinflamatório, nem antitrombótico ou irritante gástrico; • Mecanismo: inibição da cicloxigenase (COX), inibindo a produção de prostaglandinas e, consequentemente, impedindo a reação PG- dependente; • Os inibidores não seletivos da COX usualmente acarretam irritação gástrica com epigastralgia, náusea e vômito, podendo levar à erosão da mucosa gastroduodenal e sangramento digestivo; • Cuidado com uso dos inibidores seletivos de COX-2 (coxibes) em pacientes com doença cardiovascular, devido a efeitos trombóticos; TRATAMENTO Anna lillian canuto bittencourt • Efeito teto - após alcançar determinado nível de efeito analgésico, o aumento da dose dos AINES não traz alívio adicional; - Não bloqueiam a gênese ou a transmissão dos impulsos nociceptivos, mas apenas o desenvolvimento da sensibilização e da facilitação inflamatória. • Possuem atividade anti-inflamatória inferior aos corticoides, já que não interferem na produção ou ação de outros mediadores inflamatórios, como a bradicinina, leucotrienos; • Os AINES são mais eficazes em casos de mediação principal PG-dependente, como processos osteoarticulares, espasmos das vias urinárias, traumatismos, entre outros. 02. Opioides: • Apresentam propriedades tranquilizantes (sedativa-hipnótica) e analgésica potente; • São medicamentos de ação primariamente central; • Utilizados no controle da dor aguda de grande intensidade, refratária aos antiinflamatórios, e no controle da dor crônica de natureza neoplásica; • O uso de opioides de baixa potência associado aos AINES nos casos de dor moderada a intensa é de grande utilidade devido à interação sinérgica entre esses medicamentos; • Nas doses usuais e por via sistêmica, os opioides alteram principalmente o sofrimento, a ansiedade e a intranquilidade, produzindo sedação e aumentando a tolerância à dor; • Efeitos colaterais de risco: - Dependência física; - Depressão da consciência; - Depressão dos reflexos neurovegetativos, com hipotensão postural e depressão respiratória. Relaxantes musculares • Nos casos em que há espasmo muscular importante, o diazepam, o clonazepame os agonistas a2 , com o a tizanidina e a ciclobenzaprina (VO), são os relaxantes musculares mais eficazes; • Em dores de origem miofascial com componente de espasmo muscular a associação de um relaxante muscular a um AINE aumenta a resposta analgésica. Anna lillian canuto bittencourt Antidepressivos • Os antidepressivos tricíclicos talvez sejam as drogas coadjuvantes mais usadas no tratamento da dor crônica; • Drogas como a amitriptilina, a clomipramina e a nortriptilina reconhecidamente exercem, em doses baixas, efeito analgésico na dor crônica, além de potencializarem a analgesia dos AINES e dos opioides; • A amitriptilina (na dose d e 25 a 75 mg/dia) possui ação analgésica independentemente de seus efeitos antidepressivos; • Os novos inibidores duais da captação de noradrenalina e serotonina, como a duloxetina e a venlafaxina, parecem ter efeito analgésico na dor crônica; - São melhor toleradas e constituem-se em alternativa à amitriptilina naqueles pacientes intolerantes aos seus efeitos colaterais (efeito atropínico, sedação). • Devem ser introduzidos gradativamente, tentando-se minimizar seus efeitos colaterais. Corticoides • Os corticoides, por sua ação mais ampla bloqueando a formação e a liberação de citocinas e derivados de fosfolipídeo, são muito eficazes nos casos de dor inflamatória; • Devem ser usados nos casos em que não se obtêm resultados satisfatórios com os AINES, em que há importante incapacidade física pela dor e em que há risco de agravamento do quadro inflamatório e degenerativo; •Efeitos colaterais: erosão digestiva, osteopenia, edema, ganho de peso corporal, HAS; • Para uso oral em geral, a prednisona é preferível. Como escolher? • A escolha do analgésico mais adequado deve basear-se em: - Intensidade da dor: nas dores de pequena a moderada intensidade, é preferível os AINES, enquanto nas de maior intensidade, os opioides de baixa potência com AINE ou opioide de alta potência; - Natureza da dor: dores de origem inflamatória respondem melhor aos AINES, a dor neuropática é tratada com um antidepressivo tricíclico (amitriptilina); >> Os opioides potentes, como a morfina e a metadona, só devem ser usados para controle dos surtos de agudização ou no controle crônico de pacientes selecionados que tenham se mostrado refratários às demais formas de tratamento. - Riscos: pacientes com história de abuso de drogas, inclusive alcoolismo ou tabagismo, são pacientes de risco para desenvolvimento de vício aos opioides. ALVES NETO, Onofre et al. Dor: princípios e Prática. In: Dor: princípios e prática. 2009. FUCHS, F. D. et al. Medicina ambulatorial: condutas clínicas em atenção primária. 1990. REFERÊNCIAS
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